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És a nossa Fé!

2023 em balanço (6)

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DESPEDIDA DO ANO: UGARTE

Todos gostaríamos que tivesse passado mais tempo connosco. Acabou por saber a pouco, naquelas duas épocas entre Agosto de 2021 e Junho de 2023. Mas valeu a pena vê-lo de verde e branco: é um futebolista cheio de classe, muito acima da média. Titular absoluto desde a partida de João Palhinha no Verão de 2022, destacou-se de modo irrepreensível. Merecia ter ficado num período de melhor rendimento global da equipa, em vez de pontificar num campeonato em que nos quedámos no quarto posto.

O uruguaio Manuel Ugarte Ribeiro, hoje com 22 anos, não tem culpa disso. Ele cumpriu a parte que lhe cabia, na posição de médio defensivo. Sempre disponível para as dobras dos colegas mais recuados, tanto no corredor central como nas alas. Com inegável capacidade de luta, visão de jogo, robustez física e comprovada capacidade técnica, confirmou em Alvalade a impressão muito positiva que já causara antes, no Famalicão. 

Em boa hora foi contratado ao emblema minhoto. Chegou por 12,5 milhões de euros, brilhou de leão ao peito e rumou há sete meses ao Paris Saint-Germain, que lhe adquiriu o passe por 60 milhões. Tornou-se assim o segundo jogador que mais dinheiro proporcionou aos cofres leoninos, apenas superado pelos 65 milhões de euros gerados na saída de Bruno Fernandes para o Manchester United, em Janeiro de 2020. 

As suas excelentes prestações no Sporting valeram-lhe ser distinguido para o onze ideal da Liga 2022/2023 por votação dos treinadores e capitães das equipas que participaram na prova. Os números atestaram o seu desempenho: participou em 31 desafios, conseguiu 189 recuperações de bola e protagonizou 122 desarmes - neste caso atingindo novo recorde na competição máxima do futebol português. Ganhou fama como especialista em roubo de bolas - no melhor sentido da expressão.

Estava ainda entre nós quando se estreou como internacional A pelo seu país após ter integrado as equipas sub-20 e sub-23 do Uruguai. Ponto alto, até agora, nesta carreira pela selecção: a convocatória para o Mundial-2022, no Catar. Bem merecida.

Continuamos a acompanhar a carreira dele à distância. O que facilmente se compreende: ele será sempre um dos nossos. Deixou saudades: é a melhor carta de recomendação.

 

Despedida do ano em 2012: Polga

 Despedida do ano em 2013: Wolfswinkel

Despedida do ano em 2014: Leonardo Jardim

Despedida do ano em 2015: Marco Silva

Despedida do ano em 2016: Slimani

Despedida do ano em 2017: Adrien

Despedida do ano em 2018: Jorge Jesus

Despedida do ano em 2019: Bas Dost

Despedida do ano em 2020: Bruno Fernandes

Despedida do ano em 2021: Nuno Mendes

Despedida do ano em 2022: Palhinha

Rescaldo do jogo de ontem

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Edwards felicitado pelos colegas após ter marcado o segundo - seu golo de estreia na temporada

Foto: José Sena Goulão / Lusa

 

Gostei

 

De vencer mais um jogo, desta vez contra o Rio Ave. Derrotámos a simpática equipa de Vila do Conde (2-0), com resultado construído ao intervalo em Alvalade. Pela quinta vez consecutiva: desde Setembro de 2019 que dominamos sempre este adversário. Foi o nosso sexto triunfo em sete desafios da temporada em curso. Continuamos invencíveis.

 

Da vitória sem sofrer golos. Mantivemos a nossa baliza inviolada: há três jogos seguidos que não permitimos às equipas adversárias fazerem o gosto ao pé em nossa casa. Mérito absoluto do trio de centrais composto por Coates, Gonçalo Inácio e Diomande.

 

Da primeira parte. Nível muito elevado: talvez os melhores 45' iniciais do Sporting até ao momento nesta Liga 2023/2024. Muita dinâmica, muito jogo colectivo, muita bola trocada ao primeiro toque. Equipa confiante. Jogadores concentrados, solidários. Contínua mobilidade do trio da frente. O rolo compressor leonino funcionou quase na perfeição neste período da partida.

 

De Edwards. Grande partida do inglês, a sua melhor até agora na temporada em curso. Rúben Amorim apostou nele como titular - e fez bem. O ex-Tottenham, acutilante e desequilibrador, participa na construção do primeiro golo e foi ele próprio a marcar o segundo, aos 26' - um golaço, fuzilando o guarda-redes de ângulo muito apertado após fazer um túnel ao defesa que tentava segurá-lo. Estreia a marcar em 2023/2024. O melhor em campo. 

 

De Morita. Pêndulo da equipa. Fôlego impressionante, controlo total do meio-campo em parceria quase perfeita com Morten. Assegura equilíbrios defensivos sem nunca tirar os olhos da baliza adversária. Foi assim que iniciou a construção do primeiro golo, em contra-ataque rápido, sendo ele também a fazer a assistência para Paulinho a meter lá dentro, logo aos 10'. Decisivo.

 

De Paulinho. Abriu o marcador, aos 10', encostando a bola após cruzamento perfeito de Morita. Já leva cinco marcados à sexta jornada - tantos como os que assinou em todo o campeonato anterior. Que diferença.

 

De Nuno Santos. Outra grande partida do nosso ala esquerdo, cada vez mais criativo e acutilante. Quase marcou aos 14' e aos 56' - de trivela, neste último lance. Nunca vira a cara à luta. Incorpora como poucos o espírito leonino. Anda a fazer tudo para ser chamado à selecção.

 

De rever Ugarte em Alvalade. Desta vez só na tribuna, assistindo ao jogo - entre os 34.355 que compareceram no estádio. Mas é um sinal inequívoco da excelente atmosfera no balneário do Sporting sob o comando técnico de Amorim. Sente saudades, deixou saudades.

 

De termos conquistado 16 pontos em 18 possíveis. Mais seis do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos. Estamos no topo da Liga, à sexta jornada.

 

De termos cumprido outro jogo sem perder. Se somarmos o de ontem às 14 rondas finais da Liga 2022/2023 e aos desafios das cinco jornadas iniciais deste campeonato, mais o da Liga Europa na Áustria, já levamos 21 sem conhecer o mau sabor da derrota em partidas oficiais. 

 

De ver o Sporting no comando da Liga. Seguimos com os mesmos pontos do que o FC Porto, mas com melhor relação entre os golos marcados e sofridos (12-4 nós, 10-5 eles). A fazer lembrar a nossa dinâmica vitoriosa que nos levou à conquista do título em 2021.

 

 

Não gostei

 

Da ausência de Gyökeres. Após seis jogos a titular, o internacional sueco desta vez ficou de fora. Ainda com queixas musculares originadas no lance do golo que marcou na Liga Europa. O treinador, por precaução, manteve-o no banco de suplentes. Fez bem. De caminho, demonstrou que a equipa não treme sem aquele que tem sido o mais influente dos nossos jogadores.

 

Da lesão de Diomande. O jovem internacional marfinense viu-se forçado a abandonar o relvado com problemas de mobilidade, felizmente mesmo à beira do fim do jogo (90'+2, substituído por Neto). Oxalá não seja nada de grave.

 

Dos desperdícios de Pedro Gonçalves. Foi batalhador, abriu espaços, trabalhou para a equipa, pôs em prática o chamado "jogo invisível". Só pecou na finalização, ao contrário daquilo a que habituou os adeptos. Aos 30', atirou à barra. Isolado por Edwards, falhou por pouco aos 33'. Aos 45'+4 voltou a ser perdulário, rematando por cima (novamente servido pelo inglês). Rasou a trave aos 60'. Queria muito marcar, não conseguiu. Esforço inglório.

 

De Trincão. Outra exibição falhada: ainda não acertou uma na época actual. Substituiu Edwards aos 67', mostrando os defeitos do costume: perde-se em fintas inconsequentes, sem a noção do jogo colectivo, dá sempre um toque a mais na bola, é desarmado com excessiva facilidade, torna-se inofensivo. Até chegou a ouvir assobios num desses lances, aos 86': não havia necessidade.

 

Do golo anulado a Costinha, do Rio Ave. Por 6 centímetros, aos 49' - assim decidiu o vídeo-árbitro Nuno Almeida. Sejamos prejudicados ou beneficiados, direi sempre isto: é ridículo inutilizarem golos por uma distância equivalente ao do tamanho médio de um caracol. São decisões que lesam esta modalidade desportiva que tanto nos apaixona.

Ugarte ainda sem sucessor

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A 11 de Maio - há 75 dias - ficou claro, pelas palavras do seu empresário, que Manuel Ugarte sairia do Sporting no final da época. As palavras foram públicas e não deixaram dúvidas a ninguém.

A 27 de Maio - há 59 dias - Ugarte fez o último jogo de verde e branco, defrontando o Vizela. Era ponto assente que rumaria a um clube que batesse a cláusula dos 60 milhões de euros.

A 15 de Junho - há 40 dias - o presidente do Sporting assumiu, em entrevista à televisão do clube, que o internacional uruguaio iria mesmo sair «para um de dois grandes clubes europeus».

A 7 de Julho - há 18 dias - Ugarte foi oficialmente apresentado como reforço do Paris Saint-Germain para a nova temporada.

 

Hoje, 25 de Julho, à hora a que escrevo, o talentoso médio defensivo ainda não tem sucessor no plantel do Sporting. Apesar de a sua posição ser nevrálgica em qualquer equipa que ambiciona conquistar títulos e troféus.

A nova temporada está à porta.

Quantos mais dias teremos de esperar?

Balanço (12)

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O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre UGARTE:

 

- Edmundo Gonçalves: «Perdeu a maior parte das disputas, inclusive a que deu o segundo golo do Marselha.» (4 de Outubro)

Eu: «Missão de sacrifício do jovem internacional uruguaio, que se bateu como verdadeiro Leão contra os adversários no corredor central. Recuperações e cortes de bola providenciais. Apoiou a defesa sem descurar a construção ofensiva. Um poço de energia do princípio ao fim.» (16 de Janeiro)

Luís Lisboa: «Dá tudo dentro do campo.» (12 de Fevereiro)

- Paulo Guilherme Figueiredo: «Pote e Ugarte foram provavelmente os jogadores mais influentes da equipa desta época. São dois craques. Mas vamos ter que fazer vendas e são os jogadores que mais podem render.» (23 de Abril)

- Vítor Hugo Vieira: «Sendo um grande jogador ao nível defensivo, que aparece principalmente nos jogos com grandes equipas, tem algumas lacunas ao nível do passe longo, progressão com bola e finalização (só tem um golo em duas épocas de Sporting) que o tornam um pouco redundante nos jogos com equipas fechadas, que acabam por ser a maioria dos jogos que fazemos, que o tornam mais um central, numa equipa que já joga com três, do que num elemento de meio-campo que pode contribuir no ataque.» (11 de Maio)

Reforços a caminho?

Dois jovens jogadores podem estar a caminho de Alvalade, incluídos no negócio com o PSG para a transferência de Ugarte. 

São Bitshiabu, central franco-congolês canhoto de 19 anos, com 1,96m, e Hugo Ekitike, ponta-de-lança francês com origem nos Camarões, de 21 anos.

Confesso que não os conheço. Tenho, portanto, dificuldade em pronunciar-me sobre este cenário. E até a antecipar que possam mesmo ser reforços.

Estranhos adeptos estes

Há uma espécie de adeptos que elogia sempre quem não joga e enaltece sempre quem não está. É fatal como o destino.

Basta revisitar os arquivos deste blogue.

O que escreveram aqui sobre Palhinha e Matheus Nunes e João Mário, só para citar três exemplos... Ineptos, volta e meia, para tantos que por cá passaram a botar comentário quando estes jogadores vestiam de verde e branco

Idem, para Ugarte. Fartou-se de levar bordoada aqui no início. Que «não era um Palhinha», longe disso. Que estava a milhas do antecessor, etc.

Daqui a uns dias já se torna o maior. Não devia ter saído, etc, etc.

O Sporting também é feito disto. Estranhos adeptos estes: nunca cesso de me espantar.

Ugarte na hora do "adiós"

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Apenas pela terceira vez na história do nosso clube, tanto quanto me lembro, vemos um jogador nosso sair pela cláusula de rescisão: o Chelsea adquiriu o passe de Manuel Ugarte por 60 milhões de euros - oferecendo ao Sporting mais 5 milhões em objectivos.

Confirma-se assim o cenário que equacionei há seis dias: em menos de cinco anos, sob o mandato de Frederico Varandas, conseguimos fechar os nossos cinco mais lucrativos negócios de sempre. Depois do que aconteceu desde Janeiro de 2020 com Bruno Fernandes, Nuno Mendes, Matheus Nunes e Pedro Porro.

O que pensam desta saída do internacional uruguaio, que aos 22 anos deixa Alvalade após 85 jogos em que marcou um golo, contribuiu para a conquista de uma Taça da Liga e foi titular absoluto como médio defensivo na época 2022/2023?

Soma e segue

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Foto: Gerardo Santos / Global Imagem

 

Nenhum treinador do Sporting, tanto quanto me lembro, valorizou tanto os jogadores como Rúben Amorim. A confirmar-se a saída de Manuel Ugarte por 60 milhões de euros, para o Chelsea ou para o PSG, esta será uma das raras vezes que um dos nossos sai pela cláusula de rescisão - durante anos havia apenas o registo da transferência de Nani para o Manchester United, em 2007, por 25,5 milhões de euros.

Se isto ocorrer, como tudo indica, o internacional uruguaio torna-se, ao fim de apenas 21 meses em Alvalade, o segundo jogador mais rentável de sempre para o nosso clube - só ultrapassado por Bruno Fernandes, que saiu em Janeiro de 2020 e já nos rendeu 65 milhões de euros.

Os outros três que integram a lista dos cinco mais valiosos para os cofres leoninos, tal como sucedeu com Ugarte, são produto directo do trabalho de Rúben: Nuno Mendes (valeu 45 milhões de euros), Matheus Nunes (45 milhões + 10% de uma futura transferência) e Pedro Porro (45 milhões, rumando ao Tottenham também pela cláusula).

São dados factuais. Que aqui deixo à consideração daqueles que passam o tempo a desconsiderar e a rebaixar o nosso treinador. Saudosos nem sei bem do quê.

Vence os grandes, Rúben, vence os grandes

Sporting, 2 - Benfica, 2

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Nuno Santos em duelo aceso com Grimaldo: imagem emblemática deste clássico

Foto: José Sena Goulão / EPA-Lusa

 

Precisávamos de ganhar este jogo. Não para salvar a época, que já estava perdida, mas mantermos acesa uma ténue esperança de ainda atingirmos a pré-eliminatória da próxima Liga dos Campeões, entregue ao Braga.

Estivemos quase a conseguir o triunfo. Infelizmente, como tantas vezes tem acontecido nesta época, estragámos tudo já no tempo extra concedido pelo árbitro, estavam decorridos 90'+4. O golo é precedido de fora-de-jogo de Florentino, que bloqueia a acção de Coates, e devia portanto ter sido invalidado. Aqui o erro não foi do suspeito do costume - o apitador João Pinheiro - mas do vídeo-árbitro, Hugo Miguel.

Mas só podemos queixar-nos de nós próprios. Competia-nos metê-la lá dentro, traduzindo em golos a claríssima superioridade exibida em campo no primeiro tempo deste clássico disputado na noite de anteontem no nosso estádio. Trincão fez o que lhe competia, inaugurando o marcador aos 39'. Diomande seguiu-lhe o exemplo cinco minutos depois - de cabeça, após canto. Na sua estreia como artilheiro leonino.

Ao intervalo vencíamos 2-0. Registou-se ainda uma perdida escandalosa de Pedro Gonçalves, que aos 21' falhou a emenda à boca da baliza, imitando o Bryan Ruiz do Sporting-Benfica de 2016. E Vlachodimos fazia a defesa da noite aos 32', voando para travar um remate cheio de força e pontaria saído do pé direito de Esgaio, um dos melhores em campo.

Nesse tempo também brilharam Ugarte (homem do jogo), Nuno Santos, Morita e Diomande. Deslumbrando os adeptos leoninos.

 

A segunda parte foi a antítese da primeira. Inverteram-se os papéis: o Benfica passivo e encostado às cordas dos 45' iniciais tornou-se um conjunto dominador, com o Sporting a consentir domínio evidente do adversário.

Como sabemos, um 2-0 provisório é um dos momentos mais traiçoeiros do futebol. Nada recomendável, portanto, começar a defender tal resultado ao minuto 46, muito menos quando o adversário se chama Benfica, virtual campeão nacional. Nem é prudente recuar tanto as linhas com fizeram os nossos jogadores, aparentemente a mando do treinador após palestra ao intervalo no balneário. Este recuo deu moral aos encarnados, com o treinador Roger Schmidt a refrescar a equipa muito antes da nossa e a dominar pela primeira vez nas alas, aproveitando o espaço que lhe oferecíamos.

As coisas pioraram quando Amorim decidiu trocar Edwards por Paulinho aos 54'. Se a presença do inglês, mesmo longe das suas melhores exibições, bastava para fixar um lateral e um central a policiá-lo na nossa ala direita, o ex-Braga foi sempre incapaz de pôr a defesa adversária em sentido, dada a sua insólita tendência de aparecer mais vezes em zonas recuadas do que em terreno ofensivo. 

É certo que Paulinho esteve quase a ser o herói do jogo. Teria acontecido se marcasse o seu sexto golo deste campeonato, numa oportunidade soberana aos 86', apenas com Vlachodimos à sua frente. Mas claudicou no momento da decisão, permitindo que o guarda-redes defendesse, mesmo em desequilíbrio. Aliás falhou duplamente pois tinha a seu lado Matheus Reis, totalmente livre de marcação, e optou por não lhe endossar a bola. 

 

Muitos dos 39 mil espectadores presentes nas bancadas de Alvalade pressentiam que os três pontos ainda não estavam garantidos quando Pinheiro concedeu oito minutos de prolongamento. Nessa altura já a nossa equipa defendia de qualquer maneira, com chutões para fora da área que permitiam ao Benfica recuperar de imediato a posse de bola e acelerar de novo rumo à nossa baliza, aproveitando a velocidade de Aursnes e Bah. 

Adivinhava-se o empate - e chegou mesmo. Num golo irregular, sim, mas nada fizemos para o evitar. Nem para ampliar a vantagem que esteve em larga medida do nosso lado. Do mal, o menos: pelo menos o SLB não fez a festa do título no nosso estádioo. Mas voltámos a revelar-nos incapazes de vencer um adversário histórico: neste campeonato perdemos os dois embates com o FC Porto e empatámos com o Benfica.

Dez pontos perdidos.

Se os tivéssemos, a Champions estava mais do que garantida. E talvez até o título fosse nosso: chegaríamos aos 81 pontos - 84, se derrotarmos o Vizela na ronda que ainda falta. Apenas menos um do que os da Liga 2020/2021, quando nos sagrámos campeões.

«Come chocolates, pequena, come chocolates», escreveu Álvaro de Campos no célebre poema "Tabacaria". Se eu fosse pessoa para dar conselhos, diria ao nosso treinador, parafraseando o poeta: vence os grandes, Rúben, vence os grandes. Verás que tudo se torna mais fácil a partir daí.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel - Segundo jogo no campeonato, estreia num clássico, substituindo Adán, ausente por castigo. Mostrou-se seguro e tranquilo, bom jogo de pés. Sem culpa nos golos sofridos.

Diomande - O jovem marfinense pegou como titular e estreou-se a marcar pelo SCP neste desafio - num cabeceamento perfeito. Alheou-se do lance no primeiro golo encarnado. (71').

Coates - Capitão com cortes providenciais. Aos 35', anulou uma acção de Rafa. Aos 90'+2 voltou a desfazer uma jogada de perigo. Bloqueado por Florentino no segundo golo do SLB.

Gonçalo Inácio - É ele a iniciar, com um passe bem medido para Nuno Santos, o lance do nosso primeiro golo. Algo intranquilo no segundo tempo, acusando fadiga.

Esgaio - A melhor primeira parte do ala direito. Centro com selo de golo para Pedro Gonçalves falhar escandalosamente (21'). Aos 32', um tiro à baliza: Vlachodimos evitou in extremis.

Ugarte - Campeão das recuperações, senhor absoluto do meio-campo no primeiro tempo. Aos 55', protagonizou um slalom de 40 metros com bola que merecia melhor desfecho.

Morita - Complemento ideal do uruguaio: enquanto Ugarte anula, o japonês constrói. Combinam muito bem. Aos 77', esteve quase a cobrir-se de glória num remate frontal que rasou a trave.

Nuno Santos - Dono do nosso corredor esquerdo, pareceu robustecer-se com os assobios da claque encarnada. Assistiu nos dois golos. Termina a época em excelente forma. 

Edwards - Muito policiado, teve o mérito de prender dois defesas que lhe faziam cobertura. Soltou-se aos 21' num primoroso passe de calcanhar para Esgaio que esteve quase a dar golo.

Pedro Gonçalves - Muito desgastado fisicamente, o que lhe rouba lucidez no plano táctico. Foi tentando fazer a diferença em lances individuais, sem sucesso. Perdida incrível aos 21'.

Trincão - Foi dele o primeiro remate enquadrado do clássico, logo aos 7'. Aos 39', levou a melhor no confronto com António Silva e rematou para golo. Com o seu pior pé, o direito.

Paulinho - Entrou aos 54', para render Edwards. Com ele em campo, a equipa caiu a pique. Teve o golo à sua mercê, aos 86', mas permitiu a defesa de Vlachodimos. Como se fosse principiante.

Matheus Reis - Entrou aos 72', por troca com Trincão. Sem rasgo nem ousadia, talvez para cumprir instruções do técnico. Reclamou passe de Paulinho aos 86', isolado perante a baliza.

Bellerín - Substituiu um Esgaio já esgotado aos 72'. Cumpriu bem a missão de ala, no plano ofensivo. Com dois centros perfeitos - para Morita (77') e Paulinho (86'). 

Arthur - Rendeu Nuno Santos aos 79'. Perdeu mais uma oportunidade para se mostrar como alternativa ao nortenho. Tem boa técnica, mas isso não basta.

Dário - Coube-lhe substituir Morita aos 79'. Ainda controla mal a força física e calcula de modo deficiente o tempo de intervenção. Aliviou mal no segundo golo do Benfica.

O dia seguinte

O resumo do dérbi de ontem é simples:

Uma primeira parte muito bem preparada por Rúben Amorim e executada pela equipa, com domínio total sobre o Benfica, um Israel em descanso e um 2-0 inteiramente merecido.

Uma segunda parte com o Benfica a correr e pressionar e o Sporting a encostar atrás, cada vez com mais dificuldade a sair a jogar, o 2-1 acontece por volta dos 70 minutos, as substituições foram ocorrendo dos dois lados, com vantagem para o Benfica, e o jogo ficou numa corda bamba, entre o 3-1 e o 2-2. Acabou por acontecer o 2-2, num lance em que Coates sofre uma carga dum jogador que sai de posição de fora de jogo. Mais uma Pinheirada.

Melhor em campo? Ugarte, mesmo com aquele passe para golo desperdiçado. Dos suplentes, Bellerín demonstrou a sua qualidade.

Quem viu este jogo e viu todos os outros do Sporting, como eu, encontra facilmente as razões para o relativo insucesso desta época:

1. A falta que fez Matheus Nunes. Se num 8, ou box-to-box, a capacidade física é fundamental, a diferença entre Matheus e Morita é abissal. Enquanto o primeiro aguentava a bom ritmo 120 minutos se preciso fosse, Morita "fica" no intervalo. Pior que isso, enquanto o primeiro passava toda uma temporada sem lesões, com o japonês, também pelos compromissos com a sua selecção, não é assim. E depois, quando não está disponível, recua Pedro Gonçalves, ou seja destrói-se fisicamente o melhor jogador e melhor avançado do plantel, com impacto directo no seu instinto goleador. Ontem Morita desapareceu na 2.ª parte, o suplente Tanlongo está na selecção argentina de sub20, Sotiris não se adaptou, Daniel Bragança cumpre a sua penosa via-sacra, sobrou hoje um Essugo ainda muito verde para estas andanças.

2. A falta que fez um Bölöni. O livro que publicou descreve o processo e todos os que treinaram com ele confirmam, ainda agora Paito confessou isso, o cuidado que o romeno colocou na preparação física e que esteve na base do sucesso da temporada. Neste plantel do Sporting há demasiados jogadores que não aguentam os 90 minutos a bom ritmo, como Morita, Trincão e Edwards, e este Benfica treinado por um alemão tipo Bölöni, que foi pondo toda a carne no assador, pôs isso a nu. Muito tinha a ganhar Amorim com um Bölöni a seu lado.

3. A falta que fez um "artilheiro". Se Paulinho, muito castigado pelas lesões, esteve muito abaixo do que pode e sabe, Pedro Gonçalves a mesma coisa pelos motivos atrás referidos. Ontem um e outro, pela enésima vez esta época, falharam golos que não se podem falhar. Que custaram muito em termos da temporada.

Concluindo, soube a pouco este empate concedido ao cair do pano ao futuro campeão nacional. Mas não foi nos jogos com os grandes que perdemos a temporada, foi mesmo com os pequenos.

SL

Rescaldo do jogo de ontem

 

Não gostei

 

Do empate. Tivemos o pássaro na mão e deixámos fugir a vitória. Contra o Benfica, em Alvalade, repetindo o resultado da primeira volta (2-2). Com a diferença, desta vez, de termos sido totalmente dominantes na primeira parte, com reflexos no marcador: ao intervalo estava 2-0. Fez mal aos jogadores a prelecção do treinador no balneário. A nossa equipa entrou irreconhecível no segundo tempo, concedendo todo o domínio de jogo ao adversário. 

 

Das substituições. Em equipa que ganha não se mexe, diz o adágio futebolístico. Rúben Amorim não o seguiu: fez várias trocas, quando vencíamos por duas bolas de avanço, e a equipa foi piorando com todas elas. Recuando sempre, deixando de causar perigo, perdendo ligação entre os sectores, defendendo aflitivamente a vantagem - que começou por ser confortável, tornou-se tangencial e deixou de ser vantagem ao sofrermos o segundo golo, já no tempo extra.

 

Da entrega do meio-campo ao Benfica. Ao desfazer o duo Ugarte-Morita, que brilhara no primeiro tempo, Amorim abdicou do domínio dessa decisiva faixa de terreno, confiando-a à equipa visitante. Algo inexplicável, tal como ordenar a saída de Nuno Santos (79'), o nosso jogador que melhor cruza, quando tinha optado pouco antes por plantar um avançado de referência na área (Paulinho). O homólogo alemão, treinador dos encarnados, deve ter agradecido.

 

De dois golos desperdiçados à queima-roupa. Aos 21', Pedro Gonçalves imitou Bryan Ruiz, falhando a dois metros da baliza escancarada após centro perfeito de Esgaio. Aos 86', Paulinho limitou-se a ser Paulinho: mais um falhanço na sua longa lista, quando tinha tudo para a meter lá dentro, só com Vlachodimos de permeio. 

 

Da segunda parte de Diomande. Amorim apostou nele como titular, mas o jovem marfinense - um dos heróis da primeira parte - enterrou a equipa nos dois golos encarnados. No primeiro, aos 71', atirou-se para o chão e lá ficou, imóvel, aguardando a marcação de uma falta que não aconteceu e deixando a equipa em inferioridade numérica. No segundo, aos 90'+4, foi incapaz de aliviar a bola após sucessivos remates encarnados. Está ligado ao melhor e ao pior desta partida.

 

De termos dito adeus à Liga dos Campeões. O Braga empatou no Bessa, poderíamos ter reduzido distância, ainda com possibilidade aritmética de atingir a liga milionária. Mas voltámos a ser incapazes de aproveitar um tropeção da turma minhota. Permanecemos isolados no quarto lugar: resta-nos a Liga Europa.

 

De termos sido incapazes de vencer novamente o SLB em casa. Nas últimas doze épocas, já contando com estas, só triunfámos duas vezes como anfitriões neste dérbi lisboeta: em 2011/2012 (1-0, golo de Wolfswinkel, com Ricardo Sá Pinto) e em 2020/2021 (1-0, golo de Matheus Nunes, com Rúben Amorim).

 

De termos sido incapazes de vencer um só jogo contra os nossos maiores rivais. Dois empates com o Benfica, duas derrotas contra o FC Porto. Estes pormenores contam - e de que maneira - numa prova de continuidade como é o campeonato nacional de futebol. Dez pontos perdidos.

 

 

Gostei

 

Do nosso primeiro tempo. Marcámos dois (Trincão, 39', e Diomande, 44'), não sofremos nenhum. Demos espectáculo em Alvalade, perante 39 mil espectadores. Pressionámos o Benfica, impedimos a saída de bola adversária, neutralizámos jogadores como João Mário, Rafa e Gonçalo Ramos. Com fio de jogo, olhos na baliza, impecável organização colectiva. Remetendo o rival ao seu reduto defensivo. Uma das melhores primeiras parte do Sporting nesta temporada. Os números ajudam a compreender esta diferença: nove remates nossos, apenas dois do SLB. Há 22 anos que não chegávamos ao intervalo a vencer 2-0 num confronto com o Benfica para o campeonato.

 

De Ugarte. O melhor em campo. Impecável nas recuperações, funcionou como pêndulo da equipa não apenas na organização defensiva mas também na ligação com o sector ofensivo. Exímio no passe e nos confrontos individuais. Ninguém como ele merecia tanto a vitória que nos fugiu mesmo ao cair do pano.

 

Da primeira parte de Diomande. O jovem marfinense, que pegou de estaca como titular do trio de centrais, estreou-se como artilheiro de verde e branco. Num cabeceamento perfeito na sequência de um canto. Fez levantar os adeptos no estádio em celebração festiva, confirmando o domínio leonino na primeira parte. Pena tudo ter-se desmoronado no recomeço da partida. Aquele intervalo fez mal aos nossos jogadores. Diomande foi um dos mais afectados, como se viu.

 

De Nuno Santos. Exibição brilhante durante todo o primeiro tempo, vencendo todos os duelos com João Mário no nosso corredor esquerdo. Centrou várias vezes com qualidade. Fez duas assistências: é dele que sai a bola para o golo de Trincão, que supera António Silva e à segunda tentativa a mete lá dentro; foi também ele a marcar o canto de que resultou o golo de Diomande. Termina a época em excelente forma. Se sair, a equipa vai ressentir-se. Matheus Reis não tem a mesma energia, a mesma garra, a mesma entrega ao jogo.

 

De termos cumprido o 13.º jogo seguido sem perder. Se todo o nosso campeonato tivesse sido como está a ser esta segunda volta, agora quase no fim, teríamos garantido pelo menos o acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara, Casa Pia, V. Guimarães, Famalicão, Paços de Ferreira e Marítimo, empatámos com Gil Vicente, Arouca e ontem com o Benfica. 

 

Da homenagem inicial a Manuel Fernandes. Foi excelente vermos no relvado, além dele, vários outros nossos antigos capitães, desde Hilário a Nani. Passando por Carlos Xavier, Iordanov, Oceano, Pedro Barbosa e Daniel Carriço. E outros craques que jogaram com o "Manel" na década de 80: Litos, Nogueira, Barão e António Oliveira.

 

De ver Matheus Nunes e Pedro Porro na tribuna. É sempre bom recebermos as visitas de ex-campeões nossos. Estes saíram há pouco tempo e já temos saudades deles.

As exigências de Rúben

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É fundamental planificar desde já a próxima época. Rúben Amorim está a trabalhar nesse sentido, até no plano táctico - como ficou patente no modo como dispôs a equipa num inédito (para ele) 4-4-2 no quarto de hora final do jogo em Paços de Ferreira.

Bom sinal? Seguramente. Para mim, sem sombra de dúvida.

Falta o mais importante: saber quem fica e quem sai do actual plantel. O treinador já exigiu três reforços a Frederico Varandas: um lateral direito (Bellerín não permanecerá em Alvalade), um médio ofensivo e um avançado.

Suprindo assim lacunas óbvias no núcleo de jogadores titulares.

 

Entre as incógnitas que subsistem, destacam-se as possíveis saídas de Ugarte (cobiçado pelo Liverpool) e Nuno Santos.

Se assim for, o caderno reivindicativo do técnico leonino amplia-se: precisará também de um novo médio defensivo e de um novo ala esquerdo. 

Veremos o que acontece. Para já, confirma-se algo já esperado: Rúben está consciente de que houve erros de planificação da época prestes a terminar. Erros de quantidade (o plantel era demasiado curto) e de qualidade (houve posições fundamentais que ficaram desguarnecidas com as saídas de Sarabia, Palhinha, Matheus Nunes e Tabata, além da lesão prolongada de Daniel Bragança).

Sinal positivo, pois. Gosto de ver o copo meio cheio. E é mesmo assim que o encaro.

O dia seguinte

Se houvesse necessidade de explicar a alguém o que tem sido esta época do Sporting, nada melhor do que fazê-lo assistir a este Sporting-Famalicão.

Desde o ataque móvel interpretado por avançados expectantes que não davam linhas de passe ao portador da bola, passando pelo desperdício de situações claras de perigo e de golo por falta de articulação entre os três atacantes e terminando na oferta dum golo ao adversário pelo capitão. Quantos golos já ofereceram Adán, Esgaio e Coates aos adversários esta época? E assim transformámos uma vitória fácil numa sofrida, como já transformámos empates em derrotas, e até vitórias em derrotas.

Tirando isso foi um jogo à medida dos mais vendáveis, Ugarte e Edwards, que referi no meu post de ontem. Os dois fizeram os possíveis para justificarem a ida para a Premier League e os observadores saíram de Alvalade com muitos elogios no bloco de apontamentos.

Também foi um jogo em que Rúben Amorim mexeu bem com as substituições. Diomande estava a quebrar e o Pote nunca entrou no jogo, talvez diminuido por lesão. Chermiti entrou muito bem e demonstrou a necessidade dum ponta de lança. Tanlongo foi competente, depois Bellerín também.

 

Mais uma vitória do Sporting numa segunda volta apenas com uma derrota e dois empates, bem diferente da primeira que nos colocou fora de muita coisa.

Melhor em campo ? Ugarte, depois dele Edwards, Chermiti e Nuno Santos.

Prémio dedicação ? Ricardo Esgaio, merecia mesmo aquele golo por tudo o que passou esta época. Que seja a porta para o regresso daquele Esgaio que foi o melhor marcador da melhor equipa B de sempre do Sporting, do tempo do Godinho Lopes.

O árbitro ? O árbitro do Porto, necessariamente próximo da máfia local, não faço ideia de qual a profissão e de quantas visitas já teve dos Superdragões, com um ou outro erro manteve um critério coerente, pelo que só temos de agradecer.

SL

O dia seguinte

Depois duma primeira parte com muita cacetada da equipa da casa e pouco futebol, e que ia terminando muito mal com um golo anulado a essa equipa por poucos centímetros, a segunda foi toda nossa.

Contra estas equipas muito fechadas e a aguardar a sorte do jogo, é crucial marcar primeiro. O Sporting marcou a abrir a 2.ª parte e logo o jogo se tornou de sentido único: a equipa atacava e ia desperdiçando ocasiões de golo, o V. Guimarães tentava sair depressa e logo perdia a bola para novo ataque do Sporting. Ainda deu para Coates ter um golo anulado e Arthur marcar num meio frango do guarda-redes adversário.

Melhor em campo? Ugarte, mas também Diomande, Nuno Santos e Morita estiveram muito bem.

Este jogo foi mais uma prova de que o modelo de jogo em 3-4-3 de Rúben Amorim continua a ser mais-valia, propicia muito jogo de ataque e poucas ocasiões de golo ao adversário, o Adán hoje não sujou os calções. Mas indica também que está dependente da qualidade dos jogadores à disposição. Existem claramente posições deficitárias que importa preencher.

Por último, o campeonato não está terminado. Faltam cinco jornadas para cumprir com cinco jogos todos dificeis para ganhar. Para isso o onze tem de ser sempre o melhor disponivel. Não é o momento para fazer experiências.

SL

Sérgio Conceição queria estes três

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Bruno Prata, que tenho visto apontado como simpatizante do FC Porto, revelou quinta-feira, na sua página de opinião do Record, alguns dos motivos que têm levado Sérgio Conceição a exprimir insatisfação cada vez mais pública (e mais vociferante) perante as condições que lhe são propiciadas pela administração das Antas.

Entre esses motivos, destaca-se um relacionado com o Sporting: o técnico portista fez um pedido expresso à SAD azul e branca para contratar três jogadores que acabaram por rumar a Alvalade: Nuno Santos (vindo do Rio Ave), Ugarte (que actuava no Famalicão) e Pedro Gonçalves (também oriundo do Famalicão). Com a agravante, do ponto de vista dele, de Nuno Santos ter feito boa parte da sua formação - seis anos - no FCP.

Pinto da Costa recusou fazer-lhe a vontade e Frederico Varandas não tardou a trazer para o Sporting este excelente trio de jogadores - dois dos quais contribuíram para a conquista do campeonato em 2021. 

Sérgio Conceição ficou com isto sempre atravessado. Cheio de azia, para usar uma expressão a que ele recorre com frequência.

Outro jogador que constava da sua lista e que a administração da SAD igualmente lhe negou foi André Almeida, então no V. Guimarães e entretanto transferido para o Valência.

Deram-lhe David Carmo (20 milhões de euros), que quase ainda não calçou no Dragão, Veron (apenas um projecto de jogador por 10 milhões de euros) e um guarda-redes de que ele não precisava, Samuel Portugal (4 milhões de euros), até agora apenas aproveitado durante 360 minutos.

Bruno Prata conclui que a azia já vem de longe. Dos que constavam da lista do treinador, nas últimas três épocas, apenas chegou Taremi como «único reforço significativo da equipa». Muito pouco para quem tanto queria.

Isto num clube que, desde que Sérgio Conceição assumiu o comando da equipa, encaixou 280 milhões de euros em receitas da Liga dos Campeões e 453 milhões de euros brutos em transferências de jogadores. Nada disto evitou que o passivo portista aumentasse, para impensáveis 481 milhões de euros, e registe agora 178,9 milhões de euros em capital próprio negativo. Quadratura do círculo, mesmo com a UEFA a fiscalizar-lhe de perto as contas.

Bloco central

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Foto: Miguel A. Lopes / EPA

 

Houve a dupla Lennon-McCartney. E o duo Simon & Garfunkel. Sem esquecer a extraordinária parceria Vinicius-Jobim. Isto na música.

No futebol leonino, tivemos grandes duplas no meio-campo nas duas épocas anteriores: Palhinha-João Mário e Palhinha-Matheus Nunes.

Nesta temporada, sobretudo na volta agora em curso, outro duo se vai impondo no nosso bloco central: Ugarte-Morita. Dois internacionais - um pelo Uruguai, outro pelo Japão. Ambos estiveram no Campeonato do Mundo.

É caso para dizer: por eles, não tem Rúben Amorim nada que recear. Esperemos que esta dupla se consolide. E possa brilhar muito mais na época que vai seguir-se.

Rescaldo do jogo de ontem

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Nuno Santos, figura do jogo, marcou aos 17' um belíssimo golo que fez levantar o estádio

Foto: Manuel de Almeida / Lusa

 

Gostei

 

Da nossa quarta vitória consecutiva. Triunfo claro, categórico, indiscutível, do Sporting em casa frente ao Boavista: 3-0. Com golos aos 17', 43' (autogolo de Salvador Agra) e 90'+3. Foi também o terceiro desafio seguido na Liga sem sofrermos golos. E não perdemos há cinco jogos em mais do que uma competição. Merece registo: estamos na melhor fase da época.

 

De Nuno Santos. O homem do jogo. Marcou um golaço, daqueles de levantar um estádio. Golo de letra, a merecer nota artística e a ovação da noite. Um dos melhores golos que tenho visto em Alvalade desde sempre. Foi ele a iniciar a vitória, valendo-nos os três pontos. É ele a "assistir" Agra no autogolo que ampliou a nossa vantagem mesmo à beira do intervalo. Aos 10', já tinha dado o aviso com um belo passe de trivela a isolar Esgaio, que permitiu a intervenção do guarda-redes Bracalli. Infatigável, ainda fez um excelente centro aos 90'. 

 

De Ugarte. Regressou ao onze após um jogo de castigo e fez uma partida quase perfeita, recuperando tudo quanto havia para recuperar (26', 38', 54'). Corte providencial aos 61', quando a bola se dirigia para a baliza após perda de Gonçalo Inácio. Tem uma intuição rara na ocupação do espaço do nosso meio-campo defensivo. Dá a impressão de crescer de jogo para jogo.

 

De Morita. O japonês teve fôlego para o desafio inteiro: grande capacidade física do princípio ao fim, como médio de transição em parceria exemplar com Ugarte. Aos 89' ainda tentou o golo num remate rasteiro a sair bem perto do poste. Muito forte também nas recuperações (20', 24', 54'). As dúvidas de alguns adeptos já foram dissipadas: é um dos nossos grandes reforços desta época.

 

De Esgaio. Fez um dos melhores jogos desde que regressou ao Sporting. Muito activo no corredor direito, com propensão atacante enquanto Diomande lhe garantia as dobras defensivas, teve a baliza à sua mercê aos 10' quando surgiu com perigo no segundo poste. Aos 52', culminou um excelente lance individual com forte remate que fez a bola embater na barra. É dele a assistência para o nosso terceiro, marcado por Paulinho no penúltimo minuto do tempo extra.

 

De Diomande. Voltou ao onze inicial, actuando como central à direita na ausência de St. Juste. Missão cumprida. Transmite a sensação de já jogar há muito no Sporting: nem parece ter chegado só neste mercado de Inverno nem ser tão jovem: apenas 19 anos. Transmite segurança e confiança à equipa.

 

De Paulinho. Entrou apenas aos 72', substituindo Chermiti, e voltou a fazer o gosto ao pé encostando após centro milimétrico de Esgaio para fixar o resultado. Apenas o seu quarto golo no campeonato 2022/2023, mas a verdade é que marca há três jogos seguidos. Teremos goleador enfim?

 

Da nossa capacidade física. Nem parecia que tínhamos jogado três dias antes, também em casa, contra o Arsenal. Primeira parte muito intensa, em velocidade acelerada, transições muito rápidas, quase todo esse período disputado no meio-campo do Boavista. Nos 15 minutos iniciais já havíamos registado três oportunidades claras (duas por Chermiti, uma por Esgaio). Atitude forte, níveis de movimentação elevados. A merecer aplauso dos adeptos.

 

De termos mais oito pontos do que na primeira volta em jogos com as mesmas equipas. É caso para dar razão ao Pedro Boucherie Mendes: desta vez fomos, em boa parte, vítimas dos caprichos do calendário.

 

 

Não gostei

 

Da ausência de Adán. Pela primeira vez num desafio deste campeonato, o nosso guarda-redes titular esteve ausente. Poupado por queixas musculares. Resta ver se recupera a tempo do Arsenal-Sporting. Mas Franco Israel - na sua estreia como titular da nossa baliza em desafios do campeonato - pareceu sempre bem entre os postes, embora com pouco trabalho: raras vezes a equipa adversária o incomodou. 

 

Do árbitro João Pinheiro. Nunca desilude: é sempre muito mau. Desta vez, aos 59', fez vista grossa a um claro derrube de Trincão em falta para penálti, dentro da área, poupando Malheiro, do Boavista, ao correspondente cartão vermelho nessa jogada promissora para golo quando o nosso avançado só tinha o guarda-redes pela frente.

 

Do Boavista. Nenhuma oportunidade de golo, nem um remate digno desse nome: a turma treinada por Petit parece ter pedido emprestado o "nome de guerra" do técnico. Há oito épocas consecutivas que não nos marca um só golo para o campeonato em Alvalade. Só custa perceber como perdemos com esta equipa na primeira volta, no estádio do Bessa.

 

De só haver 27.353 espectadores em Alvalade. Os horários, associados aos preços dos bilhetes, continuam a afugentar público do nosso estádio - mesmo havendo qualidade do espectáculo garantida, como sucedeu nestes dois mais recentes desafios. Temos sido claramente penalizados na marcação dos jogos no confronto com os nossos maiores rivais. Não faz sentido isto continuar assim.

 

De não termos encurtado distâncias. Como as equipas situadas à nossa frente também venceram, continuamos 15 pontos abaixo do Benfica, sete pontos abaixo do FC Porto e cinco pontos abaixo do Braga à 24.ª jornada.

Quente & frio

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Coates festeja no último lance: golo caído do céu salva naufrágio em Alvalade

Foto: Lusa

 

Gostei muito de dois jogadores do Sporting - ambos uruguaios, ambos dignos de envergar o símbolo do Leão ao peito. Sebastián Coates e Manuel Ugarte. O primeiro pelo exemplo de tenacidade que dá aos colegas, tanto à frente como atrás - com cortes providenciais perante ataques promissores do adversário, como aconteceu aos 7', 20' e 87' (este valeu-lhe um amarelo) e sobretudo pelo modo como superou o cansaço e foi de novo capaz de se transfigurar nos minutos finais, recriando-se como ponta-de-lança. O segundo pela eficácia e capacidade de resistência que revela como médio mais recuado, trabalhando por dois, quase sempre sem apoios nem dobras, vital na recuperação de bola - assim foi aos 27', 36' e 62'. Fizeram ambos tudo para conseguirmos a vitória no desafio de ontem, frente ao Midtjylland. Sem eles, nem ao empate (1-1) teríamos chegado numa partida que soava a derrota até aos 94'.

 

Gostei do golo alcançado na nossa única verdadeira oportunidade nesta partida da Liga Europa. Golo com um toque miraculoso, no último momento do desafio, com uma recarga de Coates como ponta-de-lança improvisado num lance que o fez entrar na baliza junto com a bola após centro de Edwards que carambolou em Gonçalo Inácio dentro da área e um primeiro remate que foi devolvido ao nosso capitão agora em estreia como artilheiro na época em curso. Já vai tarde, mas soube muito bem este golo do empate que pareceu caído do céu aos 90'+4, segundos antes do apito final, e mantém a eliminatória em aberto. Após uma repescagem para a Liga Europa em que nos qualificámos, vindos da Liga dos Campeões, graças a um golo no último minuto marcado pelo Tottenham em Marselha. Entre tanta mediocridade, parece que pelo menos a estrelinha de Rúben Amorim voltou a acender-se.

 

Gostei pouco da nossa confrangedora incapacidade para superar o vice-campeão dinamarquês, que só cumpriu agora, em Alvalade, o primeiro jogo oficial após um longo interregno: não competia desde 13 de Novembro devido ao Mundial e à paragem de Inverno no futebol do seu país. O Midtjylland, que em Agosto havia sido goleado duas vezes pelo Benfica nas pré-eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões, impôs o seu jogo em largos momentos desta partida e abriu mesmo o marcador, por Ashour, aos 77', após monumental fífia de Adán. Foi a primeira vez que a turma dinamarquesa - em sétimo no campeonato do seu país - conseguiu pontuar em cinco jogos europeus disputados em Portugal. E este foi o quinto jogo seguido do Sporting sem vencer em desafios europeus. Dado factual preocupante, entre tantos outros.

 

Não gostei do onze escalado por Rúben Amorim para este jogo europeu do Sporting. Sinal errado transmitido à equipa, uma vez mais, com dois jogadores que têm demonstrado uma vez e outra a sua inutilidade, por motivos diferentes. Ricardo Esgaio, o ala direito que não cria desequilíbrios nem cruza com perigo, e Paulinho, o avançado-centro que passa jogos consecutivos sem rondar o golo. Chermiti estranhamente no banco após três partidas com bons números: dois golos e uma assistência. St. Juste, desta vez titular num constante entra-e-sai que não confere a menor estabilidade ao reduto defensivo. Matheus Reis sempre fora de posição (actua como central quando é lateral de raiz). Pedro Gonçalves, o jogador leonino com mais golo, novamente empurrado para longe da baliza. Ugarte quase sempre só no meio-campo. Equívocos em catadupa presenciados ao vivo por uma das mais fracas molduras da temporada: apenas 23 mil em Alvalade. Os primeiros assobios aconteceram ao intervalo. Nos minutos finais, sobretudo após o golo dinamarquês, já não eram só assobios: choviam insultos das bancadas. Quase um filme de terror. Que felizmente não atemorizou o nosso capitão.

 

Não gostei nada de Adán: está sem condições para garantir tranquilidade e segurança à baliza leonina. Precisa de concorrente: nunca o teve, foi-se desleixando. "Despediu" Luís Maximiano, levando a SAD a contratar Franco Israel. Mas o jovem uruguaio, de apenas 22 anos, nunca conseguiu uma verdadeira oportunidade para mostrar o que vale: passa o tempo no banco. Se não tem qualidade, para que o foram buscar? A verdade é que o espanhol enterrou a equipa na derrota sofrida no Dragão (0-3) no início do campeonato, no duplo desaire contra o Marselha na Liga dos Campeões (1-4 lá, 0-2 em Alvalade) e na recente final da Taça da Liga perdida frente ao FC Porto (0-2). Ontem, numa péssima reposição, ofereceu de bandeja a bola a Ashour, que não perdeu a oportunidade. É excessivo, é de mais. Custará assim tanto ao treinador perceber que este já não é o guarda-redes campeão? Custará assim tanto ao treinador perceber que Paulinho (substituído por Chermiti só aos 79') é um fracasso como avançado-centro? Custará assim tanto ao treinador perceber que Trincão (substituiu Arthur aos 65') é uma inutilidade em campo? Custará assim tanto ao treinador perceber que os mesmos processos conduzem fatalmente aos mesmos tristes resultados quando qualquer equipa de vão de escada já está farta de saber como o Sporting se movimenta em campo e quais são os nossos pontos fracos mais notórios?

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