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És a nossa Fé!

Tudo ao molho e FÉ em Deus - Televisão e outras cenas

O futebol português é um negócio sui-generis, onde os estádios estão às moscas e os cafés, pastelarias, bares e tascas enchem à hora dos jogos. Neste ramo de actividade, e sem que a Liga ligue o suficiente ao que se passa, os consumidores de futebol não dão dinheiro aos clubes, mas sim ao sector de restauração e bebidas. (Às televisões também, embora mesmo assistindo do sofá contribuam indirectamente para os proveitos dos clubes via valor da venda dos direitos de transmissão televisiva.)

 

O público que aí se concentra funciona como caixa de ressonância do que se passa num campo por vezes distante em muitas centenas de quilómetros. De facto, há todo um mimetismo a acompanhar este fenómeno: uma grande penalidade a favor da nossa equipa é usualmente comemorada com um “penalty” numa taça de vinho branco - a sua concretização merece logo um golo num cálice de Brandymel (o Santo Graal do “merchandising da bola” no seu estado líquido) - e o seu grau de conformidade, que no estádio envolve a figura do VAR, pode ser atestado por uma visita de um perito da ASAE. E todo o adepto impersonifica o treinador sentado no banco e emite comentários mais ou menos doutos e elaborados sobre o que vê e o que é preciso fazer, como se o simples acto de escovar os dentes e neles passar fio dentário numa base diária lhe desse automaticamente qualificação como estomatologista. Isto não acontece por acaso: é que, de todas as ciências, o futebol é a mais intuitiva, aquela em que o conhecimento se democratizou e se estendeu ao homem comum. Por exemplo, no que concerne aos sportinguistas, toda a gente sabe que em cada um de nós há um treina-(a)-dor. Também “olheiro”, ou membro do Scouting como agora pomposamente se diz, aparentemente qualquer um pode ser. Proponho até que se passe a designar de “zarolho”, principalmente a partir do momento em que um clube do sul de Itália (Nápoles) ultrapassou os nossos e foi o primeiro a ver valor num tal de Carlos Vinícius que jogava no Real (Massamá) e agora anda por aí, emprestado ao Rio Ave, a levantar as redes adversárias, perante alguns defesas que mais valia se dedicarem à pesca, de tal maneira são infernizados em terra por esse dianteiro brasileiro.

 

Tal como nos filmes, é da ilusão de se estar lá dentro que se faz o sortilégio do futebol. Disso e de se fazer parte de algo grandioso, maior do que nós e do que as nossas vidas, razão pela qual em Portugal (Guimarães talvez seja a excepção) quase todos escolhem um “grande” como clube da sua paixão (razão?), mesmo que o estádio do clube da nossa cidade esteja ali ao virar da esquina.

Passada esta introdução, esta noite o Sporting desloca-se a Tondela, uma cidade do distrito de Viseu com cerca de 29000 habitantes e um clube na Primeira Liga. Ao contrário da época de 2016/17, em que após uma viagem acidentada de carro, que envolveu o rebentamento de um pneu a cerca de 200 km/h (os senhores da Brigada de Trânsito queiram fazer o favor de saltar esta parte) e a concomitante impossibilidade de degustação prévia de um leitãozinho, ainda assim observei os leões a vencerem ao vivo os tondelenses, em Aveiro, com um golo marcado nos últimos minutos por Adrien e, no fim, celebrei…a vida - e de uma noite longa (golo de Coates aos 98 minutos) na temporada passada em que acabei com um nó no estômago e quase agarrado ao desfibrilador - , desta vez o jogo disputar-se-á no estádio João Cardoso, em Tondela, e eu, com essas emoções fortes ainda bem presentes (e de novo sem leitão), irei optar pelo conforto do sofá cá de casa para acompanhar a partida através das imagens, que não os sons, que me chegarão por via da SportTV. Que venha a décima (vitória de Keizer)!

Tudo ao molho e FÉ em Deus - Pirilampo vermelho

Alguém explique ao Rui Vitória que o objectivo (goal, em inglês) do jogo é o golo, não o auto-golo. Não é normal, é paranormal, caso suficiente para convocar (S)vilar (dois golos na Champions de 2017/18) das Perdizes, a fim de esconjurar o mal, pelo menos enquanto não surge uma solução das Arábias. Vitória com Abel foi um monstro, com José esteve para ir de Mota e em Portimão viu fazerem-lhe a Folha. Por isso, estou em crer que, a acender e a apagar desta forma, se calhar a luz que Luis Filipe Vieira viu foi a de um pirilampo. Em todo o caso, termino, desejando um bom ano de 2029 (estão 10 anos à frente) a todos os benfiquistas!

Tudo ao molho e FÉ em Deus - Jogo da Glória

O jogo iniciou-se com o Sporting a jogar a passo e o Aves de Mota a voar baixinho. Com Wendel e Bruno Fernandes muitas vezes em linha, aos centrais e a Gudelj faltava um médio que se aproximasse da bola e ajudasse na construção, a sua ausência fazendo com que o jogo fosse constantemente lateralizado e longe dos princípios impostos pelo novo treinador leonino. O jogo a um/dois toques não aparecia - bitoque de menos e bife nervoso e muito mastigado de mais - e o Aves aproveitava para contra-atacar sempre com grande velocidade, explorando preferencialmente o lado direito da defesa leonina e as costas de Bruno Gaspar (em tempo natalício, um Rei Mago sempre pronto a distribuir presentes). É que Marcel Keizer tentara criar um “joker” no meio-campo com o adiantamento do lateral, mas a estratégia estava a ter um efeito “boomerang”. Não surpreendeu assim que os avenses se tivessem adiantado no marcador, seguindo a velha máxima futeboleira de que melhor Defendi é (n)o ataque. Valeu que, na hora H, a Amilton faltou a consoante para dilatar o marcador. Já Renan foi herói, resistindo a cair, evitando que lhe picassem a bola por cima do corpo.

 

O Sporting sentia muitas dificuldades em ligar o seu jogo, mas um penálti desnecessário cometido por Vitor Costa sobre Diaby permitiria a Dost equilibrar as contas. Nesse transe, Mota perdeu os travões e deixou a sua equipa apeada. Coates – já ficara mal no golo - não se conformou, e acometido de uma recorrente gripe das aves (ainda consequência de um anterior contacto com o "galo" Griezmann em Madrid) isolou um avançado adversário. Desta vez, o lance acabaria nas malhas…laterais da baliza à guarda de Renan. A partida caminhava para o fim da primeira parte, quando Nani tirou um coelho da cartola e aplicou uma folha seca muito indigesta e que trouxe água no bico ao guardião das Aves, adiantando o Sporting no marcador.

 

O reatamento viu o Sporting fazer o terceiro: Bruno Fernandes rodopiou entre dois adversários e junto à linha lateral do lado esquerdo do ataque leonino centrou de canhota para Dost (goleadores assim são espécies em via de extinção) bater as Aves no seu habitat natural. Logo de seguida, Acuña foi expulso por acumulação de amarelos, ele que no primeiro tempo tinha mostrado ainda precisar de algumas lições adicionais de controlo de raiva, certamente a serem leccionadas numa viagem mais longa do que aquela entre Vila do Conde e o José Alvalade.  Curiosamente, em inferioridade numérica o Sporting jogou melhor, com maior aproximação entre os sectores e mais trocas de bola rápidas. Num desses lances, Bruno Fernandes (médio completo, outra ave rara) isolou Diaby sobre a direita e este teve tempo para flectir para dentro e assinar uma obra de arte digna do Renascimento de um grande Sporting, o quarto dos leões e que sentenciou a partida.

 

O Sporting pareceu estar a disputar o Jogo da Glória: ontem caímos num poço e só começámos a jogar depois de sermos ultrapassados no marcador. Ainda assim, a morte esteve ali bem perto. Depois, empatámos e lá voltámos à casa de partida (1-1), pela quarta vez desde que Keizer é o nosso treinador (a primeira em que saímos atrás). Os dados estavam lançados e fomos bonificando e avançando mais ainda. Até que, ultrapassados o Inferno e o Purgatório, já era certo que atingiríamos a Glória. Por fim, já sem emoção, desligámos e limitámo-nos a aguardar pelo inevitável desfecho. Mas atenção: o nosso peão chegou à frente, mas não passou a ser um camPEÃO. Todavia, o que se pode dizer quando o pior Keizer da época se traduz num triunfo por 4-1 contra a equipa que, por via de um Jamor de perdição, há meses atrás sovou a prima do mestre-de-obras que andou lá por Alvalade a que era amante de arte românica? Uma palavra final para José Mota: utilizou bons ingredientes e o cozinhado teria sido de primeira se não lhe tivesse faltado a mão (de Ronny?) no tempero. É o que dá abusar da canela(da)...

 

Tenor “Tudo ao molho...”: Bas Dost

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - Arco do triunfo

O Sporting deslocou-se a Vila do Conde e logo se inspirou com os Arcos do estádio do Rio Ave. Os vilacondenses bem tentaram absorver o futebol de (bi)toque do Sporting, mas a digestão revelou-se difícil - o problema terá sido do ovo a cavalo (ovo=huevo, em castelhano, alcunha argentina de Acuña, que após cavalgar todo o campo ofereceu a Dost o golo que repôs o Sporting na frente do marcador) - e no final a vitória foi dos suspeitos do costume, os pupilos de Keizer (Soze?). O arco do triunfo começou a ser erigido logo aos 8 minutos, quando Bruno Fernandes - lançado por Coates - tabelou com Nani e acabou a finalizar na área de pé esquerdo. Infelizmente, pouco tempo depois, num livre directo em que a barreira pareceu mal definida, o Rio Ave empatou. O jogo estava bom e em três minutos o Sporting teve quatro oportunidades: Dost (por cima), Bruno Fernandes (enorme defesa de Leo Jardim), Diaby (outra vez Leo) e Dost (outra vez por cima). Até que, ao quarto desses alucinantes minutos (entre os 18 e os 22), Bas Dost marcou (grande centro de Acuña). Todos os jogadores jogavam mais a dois do que a um toque, mas Diaby cometia a proeza de dar dois toques num, com a bola invariavelmente a ressaltar-lhe do pé esquerdo para a canela direita e a perder-se. Em cima do intervalo, os vilacondenses podiam ter empatado após um momentâneo lapso de razão, eufemismo para paragem cerebral, de Renan.

 

Ao intervalo, soube-se uma coisa do arco da velha (senhora): a Bola de Ouro de 2018 não havia sido atribuída a Cristiano Ronaldo, preterido por Modric. Parabéns ao France Football por ter adoptado a causa da diversidade, dado que o conjunto de votantes formou o arco do cego. Bom, na verdade, invisuais não eram, pois estes têm os (outros) sentidos bem despertos e isso teria sido suficiente para uma boa decisão. Apenas não quiseram vêr o óbvio, o que não fez qualquer sentido. Enfim, anda um homem a fazer acrobacias com uma bicicleta, a 2 metros de altura, para isto...

 

O Sporting reentrou bem no segundo tempo e marcou imediatamente, mas Bas Dost estava ligeirissimamente adiantado em relação ao passe de Acuña e o golo foi invalidado. Este viria a ser rendido à hora de jogo por o nosso "mona lisa" ter temido que o argentino (já amarelado) lhe estragasse a obra-prima de Mestre. O pior foi que entrou Jefferson e com ele o cabo dos trabalhos. Valeu o "arqueiro" (guarda-redes brasileiro) Renan, já recomposto da comoção da primeira parte, que evitou por duas vezes o golo do empate, primeiro, e mais tarde a reentrada no jogo dos vilacondenses (negando o golo a Coentrão que ainda recargou perante a apatia do lateral esquerdo leonino). Mas o Sporting jogava melhor, agora com a preocupação de privilegiar só um toque e com a entrada de Jovane (saída de Diaby) viria a sentenciar a partida. O ala formado em Alcochete, de fora da área, fez tiro ao arco com o seu pé esquerdo e a bola entrou como uma flecha "lá onde a coruja dorme" (ângulo superior). Uma obra de arte digna de figurar na ArCo.

 

Com alguns aspectos ainda a corrigir, a equipa leonina continua a ganhar e ontem superou aquilo que os doutos comentadores do televisivo ludopédio luso chamavam de "prova de fogo". Como se já não bastasse este escriba tratar o Keizer como um personagem de ficção cinematográfica ou uma figura do Renascimento, agora é bombeiro...

 

No Sporting, destaque para Bruno Fernandes e Coates, este último um muro de betão onde embateram e se esbateram todas as ofensivas vilacondenses. Nani também esteve bem, apoiando atrás e à frente, apenas com o senão de por vezes ter temporizado sem sentido (ao contrário da leitura correcta da desmarcação de Acuña no lance do 2º golo). Gudelj continua a subir de rendimento e Wendel trabalhou muito, embora tenha sido menos vistoso que anteriormente. Renan, que me fez exasperar no primeiro tempo, acabou por ser providencial. Bas dostou e ofereceu-se ao jogo, tanto em largura como em profundidade. E claro, last but the least, uma menção especial para o jovem Cabral. No geral, os jogadores foram menos felizes que no jogo anterior nos movimentos de aproximação à bola (desgaste do jogo europeu) e, quando em posse, demoraram mais o passe. Adicionalmente, nem sempre a pressão alta foi bem executada, pois algumas vezes as linhas média e defensiva não acompanharam os avançados, estabelecendo-se espaço por onde o Rio Ave assustou o nosso último reduto. Ainda assim, jogámos bem (face ao passado é um nirvana), ganhámos, temos 13 golos marcados em 3 jogos com Keizer, e continuamos a perseguir o pote de ouro no fim do arco-iris. FIM.

 

P.S. Que tal um estádio cheio para receber a equipa no próximo Domingo?

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes

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Tudo ao molho e Fé em Deus - Ecletismo

Este fim-de-semana mostrou que não só o Sporting é um clube eclético como as modalidades são ecléticas entre si. Inclusivamente, com jogadores merecedores de (forte) nota artística, à semelhança do que é prática comum na Ginástica Desportiva ou Rítmica, nos Saltos para a Água e na Patinagem Artística (quem não se lembra daquele momento "fünf komma sechs"???). Assim, o andebolista Carlos Ruesga executou um afundanço ("slam dunk") digno de fazer corar de inveja a futura equipa profissional de basquetebol, enquanto o hoquista Ferran Font marcou um golo com aquele movimento em concha típico da Pelota Basca, como se tivesse na ponta do stick uma cesta de vime. É caso para dizer que, cestos ou cestas, e sendo certo que até ao lavar dos cestos é vindima, nas modalidades quem se atravessa no nosso caminho leva um cabaz.

 

Ruesga "SLAM DUNK"

 

Tudo ao molho e FÉ em Deus - Arte traiu Viriatos

Em terras de Viriato, os irredutíveis lusitanos lutaram para defender o seu território frente a um adversário mais poderoso e que estreava o Professor Marcel ao comando. De um lado, os lusitanos, ostentando a Cruz de Cristo ao peito, do outro, os leões na era depois de Jesus mas com um Diaby capaz de dar cabo da paciência a um santo adepto. Para infelicidade dos viriatos, habituados históricamente a bater o pé à influência da Roma antiga (agora deslocada para o Oriente), as tácticas italianas do seu opositor haviam sido abandonadas. Agora imperava a escola holandesa, (re)conhecida pelo fomento das suas artes - onde o mecenato a terceiros não vai além da oferta da sua parte da receita do jogo -, mas também dada a alguns excessos burgueses como se viu durante a primeira parte. Assim, depois de uma Primavera/Verão marcada literal e metaforicamente pelo triângulo das bermudas – dentro e fora do campo –, após o Black Friday o estilista Keizer estreava a tendência de moda guerreira para a estação Outono/Inverno: os losangos (os neerlandeses são vizinhos dos exóticos "diables rouges" e sua extravagante indumentária), um futebol jogado a 1/2 toques, preferencialmente pelo centro e de apoio frontal e lateral ao portador da bola. 

 

O Sporting iniciou o jogo com Renan na baliza e Coates e Mathieu como centrais. Nas laterais, Gaspar e Jefferson (um dos melhores em campo), este último o primeiro a beneficiar do período de Renascimento que se vive entre os leões. Meio-campo a 3 linhas, com Gudelj mais recuado e a novidade de Bruno Fernandes jogar nas costas de Wendel. Diaby e Nani dividiam as alas e Bas Dost era o ponta-de-lança. A primeira imagem deste novo Sporting surgiu quando Wendel, Bruno Fernandes e Jefferson combinaram e Dost empurrou para as redes desertas. A segunda imagem mostrou a má reacção à perda de bola característica das equipas de Keizer: Bruno Fernandes perdeu a bola e Nani e Jefferson ficaram a ver jogar até a bola chegar a Diogo Brás, que não perdoou. A segunda parte começou no tom lento da primeira. Estávamos nisto até que Bruno Fernandes deu duas pinceladas de Rembrandt e marcou o segundo para o Sporting. Logo de seguida, Jefferson, a passe de Bruno Fernandes, traçou o azimute para Dost e o holandês dostou como de costume. A catarse prosseguiu quando Bruno Fernandes primeiro tabelou com Dost, depois com Nani, e o ala serviu no centro, onde Diaby assinou o quarto. Entraram ainda Bruno César, Jovane e Petrovic, este último (mal entrou) capaz de protagonizar uma entrada a pés juntos enquanto o Diaby esfregava um olho. Pobre rapaz, que pode ter levado a mal(i)...

 

Parece um paradoxo, mas logo agora que se deslocaram à terra do campeoníssimo atleta Carlos Lopes, os jogadores leoninos não se limitaram a correr os 10 km do costume, também jogaram à bola. Afinal, parece que não é tão difícil, pois não?

 

Nada mal para estreia, Varandas e companhia (os Keizer Chiefs) devem ter ficado contentes.

 

Tenor "Tudo ao molho": Bruno Fernandes

 

P.S. Ao vencer o Besiktas por 34-28, o Sporting protagonizou um feito histórico do andebol português, por ser a primeira equipa lusa a apurar-se para a fase final da Liga dos Campeões (desde que esta tem este formato), quando ainda falta uma jornada para terminar a fase de grupos, facto só possível devido à expressiva derrota da equipa eslovaca (louca?) do Presov na Rússia, frente ao Chekhovskiye  (é mesmo verdade) Medvedi.

P.S.2: A Formação do Sporting aplicou um "correctivo" de 4-0 à Formação do Benfica, em jogo a contar para a segunda fase do campeonato nacional de iniciados. Lá se vai a teoria do caos. Pedro Pontes (infantis, Torneio da Pontinha), Pedro Coelho (campeão em título de iniciados), João Couto (multi-campeão nacional pelo Sporting) e José Lima (campeão de juniores pelo Sporting e pelo...Alverca) estão de parabéns pelo trabalho que diariamente realizam em prol do Sporting Clube de Portugal. Que se criem condições para que todo o talento gerado não se perca num fúnil demasiadamente apertado aquando da passagem para os seniores. As nossas finanças agradecerão.

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - Notas do Professor Marcel

Mal o jogo se iniciou, ambas as equipas mostrarem tendências suicidas: um flaviense confundiu um colega com uma bola de futebol e Mathieu atrasou uma bola venenosa para o seu guarda-redes. O Sporting apresentou-se com 3 médios de perfil, em bloco médio-alto, procurando o "campo pequeno", a fim de chegar mais facilmente em defensores de Chaves. 

 

A meio da primeira parte, quando se sucediam os passes falhados, na intersecção entre a linhas lateral e divisória do meio-campo Bruno Fernandes encontrou Acuña isolado pela esquerda. O argentino fez uma recepção orientada, centrou com régua e esquadro para a cabeça de Bas Dost e o holandês voador não perdoou. O Sporting poderia ter resolvido o jogo ainda no primeiro tempo mas, tal como a bola, o último passe nunca entrou.

 

O segundo tempo seguia numa toada morna até que Daniel Ramos lançou Niltinho na partida. Com a entrada do brasileiro, os flavienses encontraram as Chaves do Areeiro que lhes permitiram arrombar a trave (fechadura) da baliza leonina. O jogo aproximava-se do fim, não sem que antes o árbitro marcasse um penalty favorável ao Sporting. Na conversão, o suspeito do costume dostou, garantindo assim uma vitória e a ultrapassagem ao Braga para o segundo lugar do campeonato nacional.

 

No Sporting, Bas Dost e Acuña foram os melhores. Miguel Luís voltou a ser titular e mostrou consistência no passe, embora não tenha arriscado passes de ruptura. Gudelj continua a crescer defensivamente, mas dá pouco ao jogo a nível ofensivo. Nani e Bruno Fernandes alternaram boas cantorias com momentos dignos de ópera bufa e Jovane mostrou bons pormenores, no que terá sido um dos seus melhores jogos partindo de títular. Diaby, entrado em "modo morto de sono" a substituir o cabo-verdiano, foi a nulidade a que já nos habituou.

 

Marcel Keizer assistiu de camarote a esta partida cinzenta e algumas notas terá tirado. Em noite de Tiagos, um despediu-se a chorar e o outro deve estar a chorar a esta hora para não ser despedido. É que, sem que o (Bruno) Gallo já pudesse cantar, Tiago Martins (e o VAR), hoje muito infeliz nas decisões, renegou a (boa) arbitragem por duas vezes. Mais uma e o homem do apito ainda teria de mudar o nome para Pedro... Enfim, alguma vez haveria de "tocar" a nós...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bas Dost (lapidar no fim do jogo: "agora mais futebol, depois o título")

 

P.S. Diálogo mantido com um amigo benfiquista que me telefonou após o jogo:

- "Então o que `passou-se`?" -, perguntou-me ele como quem não quer a coisa, esboçando umas lágrimas de crocodilo.

- "Não sei, vocês é que estão (mal) habituados a isto..." -, retorqui-lhe eu, sem ponta de emoção (já chegava de choradeira por uma noite...).

 

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - Canhões de pólvora seca

Grande jogo, Skok em grande na segunda parte e brilhante vitória (24-31) em Skopje, frente ao Metalist, a quinta a contar para a Champions nesta época. Ah, andebol mão, futebol pé? Peço desculpa...

"Now for something completely different"! Rebobina...

 

A actuação do Sporting, ontem no Emirates, podia resumir-se a duas frases feitas e a uma metáfora: não encheu o olho, o resultado foi bem melhor que a exibição e executar 3 passes consecutivos pareceu missão mais espinhosa que os 12 trabalhos de Hércules. Não fizemos boa figura, mas fizemos uma figura de estilo...

 

Tiago Fernandes até mostrou boas ideias: procurou sair com a bola desde trás e usou 3 linhas no meio campo (com o estreante a titular Miguel Luis mais perto de Gudelj do que de Bruno Fernandes). É certo que nem todos podem acrescentar neologismos ao dicionário como Peseiro e o seu trivote, mas Tiago tentou, pelo menos, jogar à "grande". O que falhou, então? Face a uma equipa do Arsenal que só manteve 2 jogadores (Holding, premonitoriamente "aguentando" em inglês, e Mkhitaryan) do onze titular do último Sábado contra o Liverpool, a equipa leonina mostrou ausência de rotinas, condição física deficiente e um meio campo sem intensidade competitiva que não conseguiu dar fluidez nem controlou os momentos do jogo, com um Gudelj de menos na construção, um jovem ainda muito verde e pouco rodado e um Bruno completamente "fora dela". Assim, em vez de escondermos as deficiências dos nossos jogadores, ainda as expusemos mais, fazendo-os parecer piores do que na realidade são. Prefiro assim, antes cair por tentar andar do que gatinhar toda a vida.

 

Embora se possa questionar a não presença de Bas Dost no onze titular, preterido por um inoperante Montero, a escolha de Diaby - já tinha passado ao lado do jogo nos Açores - em detrimento de Jovane Cabral foi a opção mais discutível do interino treinador dos leões: é que se a ideia era ter um velocista, talvez tivesse sido melhor contratar Usain Bolt, pois assim sempre teríamos dinheiro a entrar (patrocinadores) e não a sair. Mais concretamente, cinco milhões e meio de euros pela borda fora. Sim, porque não é preciso ser Brugge para ver o que irá acontecer.

 

Os "Gunners" (canhões) jogaram o suficiente para ganharem, nunca pondo demasiada intensidade no jogo, o qual por vezes se assemelhou a um meinho, com os nossos à rabia. Tiveram 64% de posse de bola, 12 remates (contra 1), 568 passes completos (183) e 7 cantos a favor (1). Infelizmente, este nosso cantinho de Londres não foi o de Morais, mas sim curto como o jogo do Sporting. Salvou-nos um intratável Coates e um indomável Acuña, sul-americanos de raça, bem como a deficiente finalização dos londrinos. E Mathieu, que se sacrificou pela equipa, após o que teria sido uma genial assistência de Bruno Fernandes - um general preso no seu próprio labirinto (quiçá psicológico) - para Aubameyang, não fosse o caso do gabonês jogar pelo Arsenal, no que terá sido a desforra por o maliano Diaby ter desviado um remate seu que teria sido o único a constar da estatística como direccionado para a  baliza do Arsenal. Africanices...

 

O resultado acabou por ser bem interessante, pondo-nos em posição privilegiada para seguir em frente na Liga Europa. Agora venha a pré-época com Keizer, treinador que tem uma boa e ousada ideia de jogo, privilegiando sempre a saída de bola pelo centro do terreno, com os centrais (e não o trinco) a conduzirem a bola. Terá jogadores para isso? O risco que coloca no jogo resistirá à falta de rotinas iniciais? Haverá paciência para com ele nas derrotas? A sua falta de currículo pesará se as coisas começarem mal? É aqui que, mais do que um Keizer, vai ser necessário um Kaiser, alguém que para além de não ler blogues também não "leia" lenços brancos e que se mantenha firme nas suas convicções (já que o escolheu). Isso e uma equipa técnica muito solidária, que alerte o nóvel técnico para as manhas do futebol português, a sagacidade táctica dos seus treinadores e a precaridade da transição defensiva dos seus princípios de jogo, a qual pode resultar em outra transição...de treinador. Em entrevista recente, Keizer disse que precisou de 4 meses para dar rotinas à equipa do Ajax que o deixassem satisfeito. Que lhe demos esse tempo antes de um primeiro julgamento, até porque já temos todos saudades de ver bom futebol, algo que não tem abundado em Alvalade desde a primeira época de JJ. 

 

Uma última palavra para os incansáveis adeptos leoninos que se fizeram bem ouvir ontem nos Emirates. Pelo menos esse jogo dominámos, com muita alma e sem recorrer a entradas a pés juntos. À Sporting !!!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Coates

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - Sarilhos pequenos (os leões, um a um)

Renan Ribeiro - Vendo Santa Clara a debater-se com o vento, usou de caridade cristã e ofereceu uma esmola aos açorianos. Na etapa complementar, manteve-se recluso no seu Mosteiro, dada a pobreza franciscana das ofensivas insulares. 

Nota: Mi

 

Bruno Gaspar - Tem nome de Rei Mago (Gaspar, não Bruno), mas continua muito contido, meio envergonhado e ansioso, como um miúdo antes de um primeiro exame. E que exame! É que o peso da listada verde-e-branca não é para qualquer um, facto que é do "incenso" comum para Gaspar. 

Nota:

 

Coates - Cumpriu sem brilhantismo, mas teve uma preocupação com a segurança digna de um Ministro da Defesa, solenidade que o fez aventurar-se menos em terrenos inimigos.

Nota: Sol

 

Mathieu - No lance do golo açoriano, procurou o "pas de deux" com Coates e deixou entrar Zé Manuel nas suas costas. Inconformado, realizou algumas investidas ao último reduto adversário e distribuiu jogo essencialmente pela esquerda, fixando o ala insular e procurando a posição mais avançada de Lumor em relação à restante defesa leonina. 

Nota:

 

Lumor - Enganado pelo vento ou confiante de que Renan far-se-ia à bola, deixou Zé Manuel entrar pela sua frente no lance do golo do Santa Clara. Insuperável nos duelos individuais pelo chão (10 em 10), procurou sempre municiar o ataque. Mostrou velocidade e remate potente. Tem g(h)ana de vencer, o miúdo.

Nota:

 

Battaglia - "Gone with the wind". Uma lástima para a equipa. Que volte depressa e bem!

Nota:

 

Bruno Fernandes - Anda com a transmissão avariada. Patina, quando põe a mudança e as suas desmultiplicações não saem. Não está a ficar bem no retrato ou, no caso, no PASSE-partout...

Nota: Mi

 

Acuña - Cresceu muito no segundo tempo. Com o argentino em campo, o Rei Leão entoou "Acuña" (no original, Hakuna) Matata, que em dialecto suaíle significa "sem problemas".

Nota: Lá (Melhor em campo)

 

Nani - Procurou o espaço entrelinhas e deixou a sua marca no jogo (e não, não me refiro só às pernas de Mamadu). Foi um verdadeiro capitão e nunca se rendeu.

Nota:

 

Diaby - No "Convento" de Santa Clara não há lugar para o Diaby...

Nota: (u)

 

Bas Dost - Procurou a bola em toda a primeira parte e, quando ela finalmente lhe chegou, deslumbrou-se e falhou um golo fácil. Dostou exemplarmente de (re)paradinha, após "(re)falta" (foram dois insulares...) cometida sobre ele. 

Nota: Sol

 

Gudelj - Entrou ainda na primeira parte para render Batman e o mínimo que se pode dizer é que fez jus à condição de novo Vigilante dos de Alvalade. Necessita de maior tracção à frente.

Nota: Sol

 

Jovane - Já se sabia que Cabral era nome de navegador intrépido e Jovane não foge à regra. Mudou por completo o cariz do jogo, descobrindo novos caminhos para a nau leonina, entre ventos e marés adversos. 

Nota:

 

Miguel Luís - Tempo apenas para se estrear pelo Sporting em jogos a contar para o campeonato nacional.

Nota:

 

(notas de Dó Menor a Dó Maior)

 

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - (Estoril) Praia em dia de chuva

Estoril Praia em dia de chuva e frio é coisa para dar cabo da saúde a qualquer um e o Sporting não foi imune a isso. A visita dos canarinhos à mina de carvão em que está transformado o Estádio de Alvalade veio revelar que o ar está saturado, pelo que o perigo de derrocada da equipa é iminente.

 

No fim do jogo, Peseiro criou uma realidade alternativa. Nessa narrativa, o Sporting teria feito uma boa exibição - o que estabelece um novo paradigma para quem durante um jogo inteiro não consegue fazer uma jogada com princípio, meio e fim contra uma equipa da 2ª Liga - e tinha o jogo controlado até, pequeno pormenor, ter sofrido os dois golos do Estoril. Se sobre a qualidade da nossa actuação, o melhor será usar um eufemismo e dizer que Peseiro faltou à verdade, já em relação à máxima de "ter o jogo controlado" importa dizer que se trata de uma expressão da mitologia do ludopédio que é, obviamente, uma falácia e consiste em ficar na retranca e deixar de pressionar o portador da bola. Tal como a saúde, um estado transitório que não augura nada de bom. Ou uma Boa Morte, que foi o que aconteceu, mesmo que não tenha sido o Ailton a assinar a certidão de óbito. E depois, quando foi necessário o "chuveirinho", já lá não estava Bas Dost para ressuscitar a equipa. 

 

Falemos agora de Jefferson, um jogador que deveria ter saído 62 minutos antes. Dir-me-ão que sofremos os golos após já não estar em campo, o que não deixa de ser verdade, embora os dois erros que André Pinto cometeu tenham sido semelhantes aos que Jefferson fez na primeira parte e na mesma jogada. Simplesmente, graças a Salin, não deram em golo. Analisemos o jogo do brasileiro: logo de início, isolado por Mané, em vez de acelerar para a baliza, engrenou a marcha-atrás; aos 13 minutos, servido por Wendel, inexplicavelmente deixou a bola sair pela linha lateral; no supracitado lance foi ultrapassado duas vezes por Ailton Boa Morte, valendo o nosso guarda-redes; aos 20 minutos, após excelente abertura de Petrovic, cruzou para trás da baliza estorilense, a chamada assistência para o apanha-bolas; aos 43 minutos, teve uma recepção de bola desastrosa; finalmente, aos 55 minutos, Petrovic veio à lateral esquerda, em esforço, cortar de carrinho, enquanto Jefferson lá seguia no seu traje de passeio. Escusado será dizer que pelos padrões do treinador leonino terá realizado uma boa exibição. Dado o contexto. O contexto ou com texto de Jefferson é levar sempre o guião errado para campo ou então ser um mau aluno.

 

Diz Peseiro que há jogadores que não têm jogado e que é natural que acusem um pouco. Terá sido o caso de Wendel, que acusou no marcador, obtendo o único golo do Sporting na partida, ou de Lumor, que no último minuto avançou em velocidade pelo seu flanco, driblou dois adversários e colocou a bola na área, algo que, está bom de ver, Jefferson nunca conseguiu.

 

É difícil destacar algum jogador no Sporting. No entanto, pelas movimentações verticais durante o jogo, recuperação de bola e remate no lance do golo escolheria Wendel, dando também nota positiva a Petrovic, Mané, Salin e Bas Dost. No plano oposto, continuo a não perceber o que Peseiro vê em Gudelj. Diaby continua a ser demasiadamente inconsequente, embora tenha registado mais um bom centro atrasado, à semelhança do ocorrido no domingo. André Pinto, que até está rodado e habitualmente é pendular, teve um jogo para esquecer. Bruno Fernandes entrou apático e Montero movimentou-se, mas nunca foi servido em condições. Quanto a Peseiro, integrou-se bem no espírito da noite, contou-nos umas histórias assustadoras e dirigiu um filme de terror, enfim, pregou-nos (mais) uma verdadeira partida de Halloween.

 

Tenor "tudo ao molho...": Wendel

 

P.S. Parece que a altas horas, madrugada adentro, José Peseiro foi despedido. Teve a coragem de pegar no leme numa hora difícil e terá dado o seu melhor nessas circunstâncias, o que, infelizmente para todos, não foi o suficiente. Bem sei que amanhã é Dia de Finados, mas é chegada a hora de cuidar dos "vivos". O Sporting necessita e com urgência. O meu desejo é que Frederico Varandas cumpra a sua promessa de que não mudaria por mudar e que só substituiria o treinador por alguém indubitavelmente melhor.

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - Coroa de Loures

Numa realidade alternativa, uma figura  da mitologia cintrense como o Rei Peseiro terá duas qualidades: o toque de Midas e a sua magnanimidade. A primeira deriva da sua capacidade como alquimista, expressa na forma como vai fazendo progredir os comuns mortais jogadores que tem a seu cargo. Por exemplo, Bruno Fernandes é hoje uma mistura de Zidane (vejam lá, até falha penáltis) com Platini - quando não deriva para a ala esquerda (moda Outono/Inverno do "estilista", a da Primavera/Verão incluía um pivô com umas calças boca de sino) e veste o fato de um Bruno...Conti - , Ristovski e Bruno Gaspar estão entre um Cancelo e dois Gentile ("ma non troppo") e o Batman do Sporting é muito melhor que o Battaglia da Argentina. Só é pena lhe faltar o Careca, que finalmente daria razão ao seu mentor, afirmando-se nas suas mãos conhecedoras como uma mistura do Eusébio com o Pelé. A segunda tem a ver com a grandeza do seu discurso e a coerência das opções que toma. Desse modo, o internacional italiano Viviano não joga porque não está em condições ("só" está há mais de 3 meses em Alvalade), mas Gudelj é titular desde que chegou, ele que estava parado (e parecendo um bidon no campo, assim continua) desde Abril, após passagem pelo intensíssimo campeonato chinês. Na mesma lógica, com pesar não deu minutos a Miguel Luís, em Poltava, porque o jogo não estava a correr bem e ontem, contra o poderoso Loures, colocou-o em campo em cima do fecho da partida, depois de se ter apanhado a ganhar por 2-0 desde os 56 minutos. Também não lhe ficou mal dar a nonagésima terceira oportunidade de carreira ao goleador Castaignos (Dala foi estender as redes para Vila do Conde, que até é um sítio ideal para tal actividade) ou conceder a primeira possibilidade a Lumor de se sentar no banco de suplentes. Estou certo de que este último ficou com g(h)anas de lhe agradecer, enquanto observava o matraquilho Jefferson a não falhar uma oportunidade de acertar com a bola no defesa contrário mais à mão. Adicionalmente, tirou dois alas e colocou um "6" (a juntar a outro que já por lá andava) e um "8" em campo, a fim de obedecer a uma lógica filantrópica, destinada a engrandecer o valor do seu adversário, ainda que humildemente, no fim do jogo, tenha afirmado não ter percebido porque a sua equipa recuara no relvado. Para finalizar, deu azo a que o filho (Juninho) do ex-leão Mário herdasse a tendência paterna para herói da Taça e marcasse, a fim de todas as partes saírem contentes. Bravo!

 

Tudo isto é lindo e o único inconveniente é haver um conjunto de irredutíveis adeptos, de todas as idades e classes sociais e unidos pelo amor ao Sporting, que se recusam a aceitar esta realidade e que prefeririam que o clube vivesse sob o lema do seu fundador, aliás um dos grandes culpados de só agora estarmos a trilhar o caminho correcto. Confusos? Não. Para quê esforço, dedicação e devoção, quando a glória está ali ao alcance de um toque que tudo transforma em prosperidade? Ontem uma coroa de Loures, amanhã uma palma de ouro...

 

(Segue-se o Arsenal. O do Alfeite daria jeito. Sempre se repararia qualquer coisita, não é?)

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes (tudo somado, o algodão engana menos que o ouro). Notas positivas para Nani e Jovane.

 

(Nota: é assustador ver que Marcelo e André Pinto não podem jogar com a defesa adiantada, sob pena de virmos a sofrer grandes dissabores. Ontem, mesmo em bloco médio, com uma recuperação defensiva digna de um cágado, por duas vezes permitiram que avançados do Loures surgissem isolados na cara de Renan, guarda-redes que não se destacou pela segurança nos cruzamentos por alto.) 

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - PES 2018

A generalidade dos homens tinha 3 certezas na vida: a morte, os impostos e a hora de início dos jogos europeus. Como a UEFA ainda não conseguiu influenciar as duas primeiras, restou-lhe o exotismo de marcar um jogo da Liga Europa, a meio da semana, para as 17h55. E assim, eram 5 para as 6 da tarde em Lisboa, começou a partida.

 

O desafio pareceu disputar-se num sintéctico, dado o piso duro e a relva muito cortada. A bola saltava bastante, facto que também não pode ser dissociado das irregularidades do terreno. Não que isso desculpe totalmente a exibição muito pouco conseguida, mas as condições do relvado também não ajudaram. Valeu ao Sporting a estrelinha da sorte. Aqui reside a verdadeira mudança de paradigma entre o actual PESeiro Evolution Soccer (PES 2018) e o PES 2004 de má memória. Outrora Pé Frio, e quase a ser PéZERO nesta partida, acabou a ganhar os 3 pontos e o dinheiro da vitória. Um Pe$eiro. Felizmente!

 

O Sporting iniciou o jogo com 5 alterações face ao "onze" exibido contra o Marítimo: Bruno Gaspar ligou o complicómetro durante todo o jogo e Jefferson mostrou a displicência habitual, quando aos 81 minutos, na sequência de um livre a favor do Vorskla, ficou a contemplar o esplendor da relva, em lance que nos poderia ter custado a derrota. Nani nada fez de relevante, para além de ter desperdiçado um golo cantado e Mané pareceu ter uns tijolos nos pés, enfiando um pastél com (a) canela por cima da barra. Finalmente, Diaby teve um único lance de registo (túnel a um defesa). Dos outros, André Pinto e Bruno Fernandes estiveram muito abaixo das suas possibilidades e Petrovic parado (um candeeiro, tipo PETROmax), não deu ritmo ao jogo. Salin ainda tocou, mas não conseguiu impedir a bola chutada por um ucraniano de encontrar as malhas, pelo que Sebastián Coates e Acuña foram os únicos, dos que entraram de início, num plano aceitável. Logo aos 5 minutos, Diaby, desmarcado por um passe de 50 metros de Bruno Fernandes, poderia ter marcado. Tal poderá ter dado a ilusão de facilidade, mas o facto é que só voltaríamos a criar perigo já em cima do intervalo, quando Nani teve uma clara oportunidade de golo e, logo de seguida, cabeceou por cima da barra. Pelo meio, golo dos ucranianos, após um desvio incompleto de André Pinto para a entrada da área, zona onde Petrovic ou Acuña não estavam. 

 

Eis então que Montero, Raphinha e Jovane Cabral entram em campo. O colombiano começou a segurar a bola lá na frente, algo até aí não visto. Num desses lances, assistiu para uma sua própria bicicleta, que quase resultava em golo. Simultaneamente, Raphinha semeava o pânico pela banda direita. Mas o golo não aparecia. Até que Jefferson descobriu, no Google Earth, Montero num molho de jogadores, direccionou para lá o pontapé e o colombiano calculou com precisão geométrica o ponto de queda da bola enviada da linha de meio-campo, parou-a com categoria no peito, rodopiou e tirou com o pé direito um adversário do caminho e, com o pé esquerdo, rematou em banana para o ângulo inferior esquerdo do impotente guardião ucraniano. Iniciava-se o tempo de compensação e este golo entusiasmou a equipa, ao mesmo tempo que desmoralizou o adversário. Num rápido contra-ataque pela direita, Raphinha centrou com régua e esquadro para um isolado Bruno Fernandes. O maiato atrapalhou-se, chocou com o guarda-redes, mas a bola sobrou para um até aí quase incógnito Jovane, que não perdoou. 

 

Incrível como uma equipa com individualidades tão superiores, é obrigada a sofrer desta maneira, vencendo da forma mais difícil e quando já quase ninguém acreditava. Na PlayStation não se arranjaria um final mais dramático... 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Fredy Montero (pela segunda vez consecutiva)

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - Medo de ser feliz!?

O Sporting bateu o Marítimo, num jogo em que Peseiro experimentou duas tácticas: primeiro, a do Pudim Molotov, com um buraco no meio (espaço compreendido entre Bruno Fernandes e o duplo-pivô) e as zonas envolventes todas cobertas de jogadores; depois, a das Chaves do Areeiro, com trinco, tranca e cadeado. 

 

A primeira táctica tem o seu quê de soviética, na medida em que herda o seu nome de um antigo ministro dos negócios estrangeiros (Vyacheslav Molotov) no tempo de Estaline, famoso pelo pacto de não-agressão que assinou com Joachim Von Ribbentrop, ministro das relações externas da Alemanha nazi. Ora, como sabemos, o sistema económico/político da antiga União Soviética colapsou devido ao excesso de burocracia, má alocação de recursos humanos e contínuo investimento em sectores deficitários, algo que tem paralelismo com o que vem sendo a actuação do Sporting em campo devido ao uso do mal-amado duplo-pivô. Já a segunda táctica é um neomodernismo de inspiração tipicamente portuguesa, que diz que a igualdade é contraditória, remete para um passado que já tem 13 anos e se traduz na interpretação literal do velho adágio popular "depois de casa roubada, trancas à porta".

 

Os leões entraram bem, com Montero a mostrar uma maior amplitude de movimentos e logo a criar problemas à defesa insular. O colombiano começou por cabecear ligeiramente por cima e por roubar uma bola em zona proibida e sacar um cartão amarelo a um maritimista. Aos 12 minutos, Jovane Cabral rasgou a defesa da Madeira com um passe perpendicular que deixou Raphinha isolado perante Amir, num duelo Brasil-Irão de onde resultou uma grande penalidade superiormente transformada por Bruno Fernandes. Assistir a um golo madrugador do Sporting é um privilégio tão raro como ver Petrovic executar com sucesso uma roleta à saída da sua área, mas acreditem, ou não, ambas as situações ocorreram ontem, no espaço de poucos minutos, em Alvalade. Ainda na primeira parte, uma carambola às três tabelas possibilitou a Fredy "Theriaga" Montero dar a estocada final. A tacada original foi de Raphinha. Caminhava a partida para o intervalo quando Ristovski voltou a não ser capaz de fechar por dentro, abrindo uma autoestrada por onde entrou, isolado perante Salin, um maritimista. Passe de morte para a esquerda, mas apareceu Acuña a salvar miraculosamente um golo cantado. Grande garra do argentino!

 

O segundo tempo começou de forma auspiciosa, com o Sporting a dominar a seu bel-prazer. Acuña rematou ao lado, Montero teve um toque de habilidade para Bruno Fernandes que lançou o perigo, uma combinação entre Raphinha e Bruno quase dava o terceiro da noite e Montero (sempre ele!) ainda sacou um livre na meia-lua da área insular. Eis que Peseiro decide mexer e tira Jovane. Esperava-se que fosse a oportunidade de Mané ter minutos no regresso à competição, ou mesmo que Diaby pudesse finalmente mostrar a sua anunciada velocidade, mas o treinador leonino, pouco preocupado com o deleite dos espectadores, optou por dar mais uma volta à fechadura e lançou Misic, alterando o 4-2-1-3 (e não 4-2-3-1) para um 4-3-0-3 (e não 4-3-2-1). Afinal, estavamos a jogar com o Real... Marítimo. A verdade é que, se antes havia um buraco no meio, passou a haver um fosso. Caso insólito, o Sporting alinhava, então, com duas equipas: a dos "retranqueiros", composta por 8 jogadores, confortavelmente instalados na sua trincheira, e o movimento dos não-alinhados (Raphinha, Montero e Bruno Fernandes), deixados sózinhos na frente, isolados, contra o mundo. Bruno, já outrora obrigado a pressionar alto sem bola e a baixar com bola para diminuir a distância para Gudelj e Petrovic, ocupava agora uma nova posição, a de ala esquerdo. É a isto que deveremos chamar de "gestão de plantel". (Ainda o haveremos de ver a jogar com uma máscara de oxigénio e um desfibrilador.) 

 

Salin - Esteve bem, sempre que chamado à acção, entendendo-se aqui acção como uma hipérbole não denotativa da necessidade de um duche após o jogo. 

Nota: Sol

 

Ristovski - Voltou a demonstrar ter "mais olhos que barriga", ou seja, teve olho na bola e pouco estômago para absorver o espaço e os adversários em redor. Como se já não bastasse o buraco a meio campo, também ele, qual toupeira, volta não volta vai escavando roços para os centrais.

Nota:

 

Coates - Imperial, para ele foi apenas mais um dia no escritório em que despachou com brilhantismo todo e qualquer contencioso que lhe passou pela frente. O Ministro da Defesa!

Nota:

 

André Pinto - O Bastos Lopes teve o Humberto Coelho, o Lima Pereira teve o Eurico, o André Pinto tem o Coates. Ontem, foi o Secretário de Estado da Defesa.

Nota: Sol

 

"Muttley" Acuña - Um jogo feito de garra. Morde os calcanhares aos adversários e ainda arranja tempo para solicitar o ataque. Providencial no final da primeira parte.

Nota:

 

Petrovic - Alguns bons cortes na primeira parte e um pormenor com nota artística. Revelou tendência para se encostar a Coates, assim como que a pôr-se a jeito para um cargo de assessor ministerial.

Nota: Sol

 

Gudelj - Como diria o Gabriel Alves, não jogou bem nem mal, antes pelo contrário. 

Nota:

 

Bruno Fernandes - Pode jogar bem ou mal, mas o seu compromisso com a equipa é enorme. No campo, corre quilómetros e dá o exemplo. Marcou um golo de grande classe, a mesma que revelou ao (re)endereçar o prémio de melhor em campo ao regressado Mané. Solidário, não perdeu a oportunidade e mostrou poder vir a ser um bom capitão.

Nota:

 

Raphinha - Estava o jogo ainda no início quando foi derrubado pelo "fundamentalismo" islâmico, ou melhor, por um guarda-redes iraniano que julgou fundamental dessa forma evitar um golo certo. Ainda na primeira parte, esteve na origem do segundo golo. Quase assistiu Bruno, no segundo tempo. De destacar ainda a forma como, com um toque subtil, deu boa sequência a uma bola difícil, comprida e que lhe chegou pelo ar, revelando excelente técnica.

Nota:

 

Jovane - O passe com que rasgou a defensiva insular na jogada do primeiro golo foi a sua afirmação iluminista na defesa da liberdade de criação e da livre posse da bola.

Nota: Sol

 

Montero - Quando o "Cool Dude" se transforma num frio "assassino". Não deu descanso à defesa maritimista. O seu futebol de filigrana ganha fulgor quando a confiança e a capacidade física aumentam. Aí, torna-se uma dor de cabeça para os adversários, impotentes face ao seu futebol feito de toque, refinada técnica e inteligência, ingredientes bem presentes no seu golo. Nesse lance não precisou de rebentar as malhas, fez apenas um passe para a baliza. Subtil.

Nota:

 

Misic - Completou a balcanização do meio campo do Sporting. Como o Melhoral, não fez bem nem fez mal.

Nota:

 

Diaby - Dizem que é rápido, mas com tão poucos minutos, ainda não deu para ver se tem o Diaby no corpo.

Nota: - 

 

Mané - Entrou para o aplauso, naquilo que foi um feliz reencontro com Alvalade. Que seja o (re)início de uma grande amizade!

Nota: - 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Fredy Montero

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - O bom Jesus está em Braga

O fim-de-semana havia sido marcado por épicos regressos à ribalta:

  • Milhares de pessoas percorreram o "green" atrás de Tiger Woods, após este vencer o Tour Championship (80ª vitória da carreira), cinco anos depois do seu último triunfo;
  • Old Trafford aplaudiu de pé o regresso de Sir Alex Ferguson, felizmente já recuperado de um AVC quase fatal;
  • "Spiderman" Ruesga voltou ao estrelato (campeão mundial em 2013), após um golo decisivo pelo Sporting que só se julgava ser possível de ver no Cartoon Network.

 

Com estes exemplos bem presentes, desenvolvi uma fézada de que o homem dado como dispensável, acabado, finito diria Tomislav Ivic, destruiria o sonho adolescente do jovem treinador Abel. Bastas vezes acusado de se desligar do jogo, de ser demasiado frio e relaxado, nesse transe pensei que o "Cool Dude" Montero daria lugar ao impiedoso assassino Fred(d)y Krueger, protagonizando o Pesadelo na Pedreira. Mas por mais que este adepto possa viver realidades paralelas, o que o jogo mostrou foi algo completamente diferente. 

 

Montero nunca conseguiu ser influente na área. Também, é difícil sê-lo quando a bola lá não chega. Apesar disso, logrou duas penetrações pela direita, uma em cada parte, ambas concluidas com perigosos centros para o segundo poste. Na segunda, Bruno Fernandes foi egoísta (tinha Raphinha isolado no meio) e rematou a rasar o poste, repetindo a pontaria de um anterior tiro de longa distância. Foi o momento do jogo. Como quem não mata morre, pouco depois sofremos o golo. Numa transição rápida, o recém entrado Eduardo centrou junto à linha de fundo - a bola passou por debaixo das pernas de Coates - , Ristovski preocupou-se mais em esconder os braços do que em reagir com os pés e assim, ao contrário de Duarte de Almeida, o Decepado, estendeu o nosso estandarte ao adversário, no caso Dyego Sousa, que começou a sentenciar a batalha.

 

Em sequência, Peseiro mexeu. Positivamente, quando lançou (tarde?) Jovane , embora tivesse saído Nani, o qual tinha protagonizado a jogada de maior perigo da primeira parte (cabeceamento para fantástica defesa de Tiago Sá); negativamente, ao trocar Montero por...Castaignos. Oh Diaby, não se compreende tanto enfoque na compra de um ponta-de-lança (pretendeu-se dois) para depois o maliano entrar apenas a 5 minutos do fim, preterido na ordem de entrada pelo holandês. Eventualmente, melhor teria sido efectuar apenas uma substituição, trocando Gudelj por Jovane, recuando Bruno Fernandes para o lugar do sérvio e assumindo Nani a posição "10".

 

Os últimos 15 minutos ficaram marcados pela falta de eficácia de ambas as equipas. Com o Sporting a falhar mais. Raphinha esteve em excelente plano (uma vez mais) e tentou visar a baliza bracarense por inúmeras vezes, ficando sempre a escassos centímetros de ser feliz. Adicionalmente, o jovem Cabral sacou um coelho da cartola (que porém não entrou na "gaiola"): "matou" no peito, evitando a carga de dois defesas que chocaram entre si (momento "Candid Camera"), e depois foi driblando todos os adversários (3) que lhe apareceram pela frente, até se decidir por um remate parado com muita dificuldade e alguma sorte por Tiago Sá. Um momento mágico na Pedreira. Do outro lado, Salin continuou irrepreensível, defendendo tudo o que tinha hipótese de ser parado.

 

O Sporting não foi feliz - afinal o Bom Jesus, ou o "bom Jesus" (Abel), está em Braga - e perdeu um jogo que até podia ter ganho, mas isso não nos inibe de reconhecer algumas deficiências. Individualmente, a maior delas todas será Ristovski. Esforçado, mas com péssimo domínio de bola e bastas vezes vidrado no esférico, ignorando assim o espaço circundante (remember João Félix?), o macedónio é o elo mais fraco da equipa, agora que "Muttley" Acuña estabilizou a ala esquerda da defesa, substituindo Jefferson. Para ter um jogador assim, com tantas dificuldades com e sem bola, mais vale apostar já em Thierry Correia, jovem da nossa Formação e português. Ou então, avance o Gaspar: sempre podíamos esperar um presente no Natal. (Se bem que, mais do que um Rei Mago, precisavamos era de um Rei Magos, audacioso, assim ao jeito de Allison.) Imaginem o que seria Raphinha se tivesse por trás alguém que efectivamente o ajudasse...Colectivamente, o Sporting causa mais perigo quando tem, simultaneamente, o ex-vimaranense e Jovane em campo. Com estes alas, o jogo é mais rápido, imprevisível e objectivo e as equipas adversárias sofrem mais, pois não andamos a fazer pastéis de massa tenra a meio campo. Concomitantemente, precisamos de mais presença nas imediações da área adversária, pois a falta de concretização deve-se mais ao modelo de jogo do que propriamente a Montero, que tem muito pouco apoio frontal. (Os alas jogam invertidos, supostamente para promoverem o jogo interior, mas a maioria dos seus movimentos visam remates à baliza e não tabelinhas com o ponta-de-lança.) Para isso, temos de abandonar o duplo-pivô e jogarmos num 4-3-3 com os médios a jogarem de perfil, à semelhança do Porto de Mourinho (Costinha, Maniche, Deco). Em Alvalade, na maioria dos jogos, os 3 do meio poderiam ser Battaglia, Bruno Fernandes e Nani. Fora, Battaglia, Gudelj (Wendel) e Bruno Fernandes. Caso contrário, iremos continuar a perder mais pontos e a ouvir a ladainha da falta de concretização.

 

Ontem, em Braga, vimos o primeiro lugar por um canudo. Um jogo que pode (ou não) ser alegórico da nossa luta pelo campeonato. Um caso de pé frio, mas também de falta de mão nas substituições. Para além das tácticas conservadoras. Uma equipa que se quer campeã não fica à espera que a sorte lhe venha bater à porta, precipita os acontecimentos. É dos livros e os sportinguistas têm memória de elefante: cada vez que deixamos correr o marfim, acabamos a ficar de trombas. Se Peseiro nada mudar, ficaremos assim a modos como a atirar a rasar ao título. Aonde é que eu já vi isto???

 

Tenor "tudo ao molho...": Raphinha

 

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - Cara baga?

O jogo iniciou-se à hora do jantar e o primeiro prato não deixou grandes recordações. O Sporting apresentou-se em campo com Gudelj a formar com Battaglia o tão odiado (não estão em causa os jogadores) duplo-pivô de meio campo - Bruno Fernandes adianta-se para pressionar a saída de bola e fica um buraco no centro do terreno, onde os adversários jogam à vontade - e Acuña no lugar habitualmente ocupado por Jefferson, este último facto saudado pelos adeptos presentes no estádio como se o referendo popular tivesse finalmente vencido. De regresso esteve Ristovski, o qual continua a entrecortar grande voluntarismo com uma recepção orientada de bola digna dos distritais. Apesar do controlo das operações por parte dos leões, os azeris foram conseguindo neutralizar o perigo junto da sua área, inclusivamente quase marcando após uma desatenção de Coates, o nosso Ministro da Defesa, que em cada edição da Liga Europa vai demonstrando propensão para o hara-kiri. Do nosso lado, de real perigo, apenas de destacar uma brilhante incursão de Mathieu, que investido de ala esquerdo picou a bola sobre um defesa e foi buscá-la à frente, concluída com um habilidoso toque de calcanhar de Montero que quase surpreendia o nosso velho conhecido Vagner (ex-Boavista e Estoril). Depois de muita parra e pouca uva, foi preciso esperar pela sobremesa para que a equipa leonina pudesse saborear uma primeira baga azeri. Um fruto pequeno para tanta lavoura, mas ainda assim suficiente para deixar um travo doce na boca de jogadores e espectadores: Bruno Fernandes caminhou frontalmente à baliza, abriu na direita para Nani e este tirou um centro rasteiro, com uma curva geométrica tão perfeita (para o segundo poste) que Gauss teria usado para enunciar o seu teorema da curvatura das superfícies. Raphinha empurrou para as redes. 

 

Com o golo, o Sporting tomou definitivamente o controlo das operações, algo só fugazmente colocado em causa quando Gudelj tentou imitar Coates e ofereceu um golo de bandeja aos azeris. Valeu, nesta e na outra ocasião, o guarda-redes Salin. À medida que o sérvio ia declinando fisicamente, mais aparecia Battaglia. Batman, o vigilante de Alvalade City, foi enorme nesta fase, recuperando inúmeras bolas e logo avançando para o ataque. Pena que o seu tempo de passe tenha um fuso horário diferente do resto da equipa... Começando na direita, Raphinha acabou por ser decisivo pela esquerda. Após ter marcado o primeiro golo, assistiu primorosamente o talismã Jovane para o segundo e último da noite. Destaque para a recuperação de bola e o túnel de calcanhar que Montero aplicou ao defesa azeri, no início da jogada. 

 

No Sporting, Raphinha - o seu "ph" causa tanta acidez nos adversários que se recomenda uma ida à pharmácia - e "Muttley" Acuña estiveram muito bem. O argentino foi imperial em terrenos mais recuados e mostrou a garra habitual que o fez subir amiúde no terreno. Além disso, variou muito mais do que Jefferson as acções pelo flanco esquerdo, nomeadamente procurando combinações e jogo interior, em detrimento de centros à toa para uma grande área habitualmente muito pouco povoada de jogadores leoninos. Bem, estiveram Battaglia (um Exterminador Implacável, mesmo com o tal "passe com jet lag"), Bruno Fernandes - aquele túnel que sofreu foi algo tão anti-natura que fez lembrar aquele antigo anúncio do Restaurador Olex - e Nani, embora este, esgotado fisicamente, devesse ter saído mais cedo, à semelhança de Gudelj (fez os 90 minutos). O sérvio impôs-se nos primeiros 15 minutos, mas depois foi caindo. Montero, pelas movimentações e participação no segundo golo, Jovane por ter protagonizado mais um momento decisivo (dois minutos após ter entrado em campo) - leva dois golos, uma assistência, dois penáltis sofridos e uma outra participação em golo em apenas 149 minutos jogados(!!) - e Mathieu também merecem realce. Pena que o gaulês tenha abandonado o terreno de jogo por lesão, o que presumivelmente o afastará do jogo em Braga. Saiu cara a baga extraída da equipa (Qarabag) que vinha do Azerbeijão...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Raphinha (sempre entre os melhores nos últimos 3 jogos)

 

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - De volta!

Com o regresso das competições de clubes - ontem, iniciámos a defesa da Taça da Liga -, voltou também o melhor Bruno Fernandes. No entanto, na primeira parte, foi Raphinha que dançou o Bailinho da Madeira. O brasileiro começou por rematar às malhas laterais, prosseguiu ao partir os rins e rasgar os olhos a Fábio...China, incrédulo com o seu movimento junto à linha de fundo insular, e acabou por descobrir o caminho Marítimo para a baliza de Charles, após assistência de Fredy Montero e excelente recuperação de Jovane Cabral. Mesmo ao cair do pano do primeiro tempo, e depois de um pontapé de canto superiormente executado por Jefferson, Coates ainda perderia, de cabeça, o segundo golo.

 

Na segunda parte, Bruno Fernandes, hoje investido como capitão da nau leonina, mostrou a gama de instrumentos de navegação (com bola) que possui. Só não precisou do astrolábio - o astro principal não estava no Céu, mas sim no relvado -. nem do quadrante (quarto-de-círculo), pois Peseiro insistiu para ser Jefferson a marcar os cantos. Mas usou muito a bússola e mapas, e assim, encontrou o rumo para (a baliza) Norte. Antes, o jovem Cabral voltou a ser protagonista, ao serpentear entre dois adversários, em lance em que foi carregado em falta dentro da área. Na conversão da grande penalidade, Bruno, com a sua habitual semi-paradinha, começou a deixar a sua marca no marcador. O Marítimo tentou reagir e, após um atraso precipitado do meio-campo do Sporting, marcou mesmo, num golo de Correa.

 

Não deu para grandes ansiedades, tanto dos jogadores como dos adeptos, pois na jogada seguinte o Sporting voltaria a obter uma vantagem de dois golos. Uma combinação entre Montero e Bruno Fernandes deixou o maiato em posição frontal e, com um remate seco e colocado ao primeiro poste, estabeleceu o terceiro da noite para a equipa leonina.

 

Ainda houve tempo para as estreias de Gudelj e de Diaby (o maliano jogou apenas escassos minutos) e para o regresso de Wendel. O sérvio foi, aliás, protagonista de uma roleta de belo efeito. Que seja sinónimo de sorte ao jogo! Menos afortunado seria o brasileiro, nocauteado por um compatriota (Lucas Áfrico) com jeito e nome de kickboxer.

 

No Sporting, destaque para Bruno Fernandes e Raphinha. Jovane e Montero estiveram em dois golos. Os restantes estiveram em plano regular, com Jefferson melhor do que nos últimos tempos.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - Eleições

Contagem dos votos - O voto electrónico é já uma figura da mitologia leonina, um placebo para o sócio do Sporting se sentir melhor, uma espécie de máquina de fazer "plim", imortalizada pelos Monty Python em "O sentido da vida". Na verdade, e  após sucessivas Noites Longas Eleitorais, os sportinguistas chegaram à conclusão de que não temos sistema informático, temos ábacos. Bom, dirão vocês, antes ábacos do que ácaros ("hackers"), do Benfica. É que, concomitantemente, não havendo email, e tendo de comunicar por Post-Its, também não nos violam a correspondência. Mas estamos bem assim. E mantemos semelhanças com o rival: se o Benfica tem o Varandas Fernandes, nós agora temos o Varandas mais a Papelaria Fernandes.

 

Jaime Marta Soares - "Marta attack" no seu melhor. Nem uma palavra (sobre o atraso na contagem) aos sócios durante a Noite Longa Eleitoral. Apareceu após as 02:30 e achou conveniente dissertar para um pequeno grupo de sócios com insónias. Como, enquanto bombeiro, está sempre a pedir chuva, demorou-se a explicar como um candidato com mais votantes pode não ser o que tenha mais votos. 

 

Rui Jorge Rêgo - Teve uma excelente ideia ao convidar um lateral esquerdo para Director Desportivo, mas enganou-se na escolha. Assim, ficou sem votantes ou cem votantes (exactamente 98). Trouxe um tal de Roberto Carlos, mas Jefferson teria sido uma melhor opção. Sempre nos víamos livres dele, no campo.

 

Tavares Pereira - Teve três vezes e meia menos votantes do que tem funcionários. Bastaria ter tornado sócios todos os seus funcionários para ter ficado à frente de Dias Ferreira, pelo menos no número de votantes. Um ano de quotas pago a todos, a doze euros a peça, ter-lhe-ia custado a módica quantia de 109 200 euros, bem menos do que se ouve falar que custaram algumas campanhas de comunicação. Menos ainda, se fossem apenas sócios correspondentes. Num país que muitas vezes não valoriza os seus, merece todo o respeito e admiração pelo empresário que é, mas parece ter corrido sempre por fora. E por escolha própria, ao que consta.

 

Dias Ferreira - O maior paradoxo eleitoral. O candidato com mais idade, mais anos de militância leonina e mais cargos no Sporting teve a sua base de apoio no voto dos associados mais jovens. O problema é que foram tão poucos que cabiam todos nas matinés do Teatro Maria Matos.

 

José Maria Ricciardi - O seu número de votantes não deu para encher o (Pavilhão) João Rocha, mas ontem já se deve ter equipado para amanhã, ou seja, hoje, visto termos jogo de andebol com o ABC. 

 

João Benedito - Se o processo eleitoral fosse a Miss Universo, ele teria sido a Miss Simpatia. À entrada da última semana e à frente nas sondagens, faltou-lhe "killer instinct" para explorar a divulgação de uma certa peça de áudio. Habituado a defender, faltaram-lhe rotinas de avançado. Não que isso seja necessariamente um ponto negativo, bem pelo contrário, a sua postura institucional foi um exemplo nestas eleições. Curiosamente, rematou com chave d`ouro a sua participação nestas eleições, com um discurso agregador e de apoio ao novo presidente. Chapeau!

 

Frederico Varandas - Alto e pára o baile, que agora falamos a sério. É o novo presidente do Sporting e, como tal, o meu presidente. Desejo-lhe as maiores felicidades e a máxima inspiração. Terá todo o meu apoio e lealdade, o que não deverá confundir com comportamento acrítico. Porque é tempo de o clube se voltar de novo, realmente, para os sócios. De os escutar, reter as suas impressões, fazê-los sentirem-se, efectivamente, parte de um todo. Não vendo em cada opinião divergente uma potencial oposição, algo que infelizmente se foi acentuando nos últimos anos. Só assim se conseguirá unir a briosa família leonina. O sucesso de Frederico Varandas será o meu sucesso, o nosso sucesso. Todos desejamos um clube tão grande quanto os maiores da Europa e todos temos consciência da dificuldade dos tempos que se avizinham. Que o momento histórico, que ontem Frederico disse estar a viver, seja também um momento histórico para o centenário Sporting Clube de Portugal. E que honra e privilégio deverá ser servir um clube com esta grandeza... Oxalá, portanto, seja feliz na(s) estratégia(s) que implementará. May the force be with you!

Tudo ao molho e FÉ em Deus - Impressões


  1. Contrariando a doutrina da OMS, está provado que Salin a mais não faz mal à saúde.

  2. "Muttley" Acuña ou Lumor de perdição para a lateral esquerda, já!

  3. Este Raphinha não tem "PH" neutro. Pelo contrário, promete causar muita acidez aos adversários.

  4. Em período de PREC, valha-nos um Ministro da Defesa como Coates.

  5. O tempo das Castaignos é no Outono. Há que esperar, portanto.

  6. O cabo-verdeano Jovane Cabral é o líder do novo PAIGC (Partido dos Alas Influentes com Golo e Corrida). Tem o desassombro e a inconsciência de um Garrincha: pode o adversário chamar-se Paolo Maldini ou Marcelo, ele parte para cima dele como se estivesse numa pelada de bairro. Para já, é a alegria do povo. Do not disturb!

  7. Bruno Fernandes, o mais influente do ranking GAP em 17/18, ainda está em modo férias. Um mergulho a mais para a piscina aqui, um petisquinho a mais ali. Mas o algodão não engana. Ele vai voltar. Aguardem!

  8. Dizem que o Diaby veste Prada, mas o Dost agasalha-nos (a alma) com golos.

  9. Depois de Baltasar (futebolista, anos 70) e de Belchior (futebol de praia), eis que chega (Bruno) Gaspar. A triologia dos Reis Magos fica completa, mas Jesus já não mora aqui. Ainda assim, o lateral direito do meu incenso comum.

  10. Antes um GUDelj que um BADelj. 

  11. "Chamava-se Nani, vestia de organdi(?) e jogava (jogava). Fintava só p`ra mim, uma dança sem fim e eu olhava (olhava)..." - (adaptação livre). Na realidade, veste um poliéster da Macron, mas o seu futebol é feito de organdi (musseline) ou seda, se preferirem. Um luxo!

Tudo ao molho e FÉ em Deus - O jovem Cabral

Ontem, em Alvalade, o Sporting mostrou os problemas já habituais, que nos fazem antecipadamente rezar um terço composto por cinquenta avé-marias intercaladas por cinco padre-nossos, face a um treinador do Feirense que com um orçamento para aí umas dez vezes inferior, mesmo numa noite quente, soube estender a Manta o mais que pôde, sem entrar em "burn-out". Manietados os nossos dois laterais, que revelaram as dificuldades já conhecidas em dar profundidade ao jogo ofensivo, e sem Bas Dost para ocorrer aos cruzamentos de Nani, Raphinha ou Bruno Fernandes, a equipa leonina não mostrou soluções alternativas de jogo interior (combinações 2x1, usando Montero) que permitissem encontrar espaços na área feirense. Restou o remate de fora da área, mas a mira esteve desafinada.

 

O nosso meio campo teve grandes dificuldades na organização do jogo: Bruno Fernandes, chegado mais tarde, está fora dela, "Muttley" Acuña, embora "morda as canelas" aos adversários, é mais jogador de passe e centro do que do arrastamento de bola típico de um box-to-box e Battaglia tem muita vontade, presença física, mas não tem "timing" de passe. Mais uma vez, os centrais tentaram compensar, nomeadamente André Pinto (agradável exibição), que nunca se coibiu de subir no terreno.

 

No ataque, Raphinha criou mais dificuldades à equipa fogaceira que Nani, mostrando velocidade e maior imprevisibilidade de movimentos, mas foi Jovane Cabral - um produto da nossa Formação -, saído do banco (substituiu o inoperante Jefferson, recuando Acuña para lateral), que acabaria por resolver o jogo, correspondendo a um bonito detalhe técnico de Raphinha, bem complementado por uma assistência de Ristovski, numa das poucas vezes que o macedónio se libertou. 

 

No final da partida, Peseiro, em conferência de imprensa, usou uma versão pós-moderna da "palavra" inspirada em alguns versículos bíblicos dedicados aos jovens, nomeadamente estes: "é bom que o homem suporte o jugo enquanto é jovem" (lamentações 3:27) e "ninguém o despreze pelo facto de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza" (Timóteo 4:12).

"Dão tudo e não escrevem nada", dito por três vezes, foi a frase encontrada pelo coruchense para, simultaneamente, elogiar o jovem Cabral e dar uma alfinetada a outros produtos da nossa Formação. Mesmo repetida é bem mais económica que o terço, que ameaça vir a ser um rosário, orado pelos adeptos sempre que se avizinham de Alvalade. Parece que Jovane não escreve. Não que não tenha formação para isso. Mas não escreve. Ainda. Estivesse ele há 4 anos para ter uma oportunidade na equipa principal como Palhinha ou Geraldes e, se calhar, até escreveria alguma coisita. Para já, escreve no campo e ajuda a aquecer a garganta de José Peseiro - que tem o mérito de nele ter apostado - da mesma forma que Palhinha também vai escrevendo em Braga. E, se pensarmos bem, se um Jovane ajuda muita gente, mais Jovanes ajudariam muito mais. 

 

P.S.: Parece que para alguns, querer Palhinha e Geraldes significa não querer Battaglia ou Bruno Fernandes. Nunca ouvi tal entre amigos e sportinguistas em geral, mas já li por aí. Se quisermos dividir, é um bom caminho. A verdade é que a maioria dos sportinguistas quer apostar na Formação, na medida em que é o único caminho possível para garantir a sustentabilidade do clube, algo que funciona como um axioma, isto é, de tão evidente nem necessita de ser provado. Mas também quer Batta, Bruno e todos os bons jogadores que nos possam ajudar, obviamente. O que não quer são desperdícios e acumulação de stocks de jogadores não muito bons, contratados por treinadores que querem os cromos todos e acabam por não ter uma equipa e que desprezam a nossa cantera e deixam os cofres do clube depauperados. E não, a nossa Formação não é de Marte. Até porque Marte, para quem não sabe, é o planeta vermelho, da cor das camisolas daquele clube que nos últimos anos lançou Ederson, Lindelof, Ruben Dias, Renato Sanches, Gedson e João Felix, entre outros. Não, a nossa Formação é da Terra. E, um dia, quem tiver os pés bem assentes na Terra vai ter de apostar nela. Rather sooner than later, I hope...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Jovane Cabral (Raphinha seria uma boa alternativa)

jovanesportingfeirense.jpg

 

Tudo ao molho e FÉ em Deus - As bruxas de Salin

Se o futebol é o ópio do povo, um derby em casa das "papoilas saltitantes" é o expoente máximo do género. Nesse transe, quem se deslocou ontem à Luz teve a alucinação de que a baliza do Sporting estava encantada, pois Salin e as suas bruxas da fortuna foram adiando o golo do Benfica até ao limite do coeficiente de medo do treinador leonino, o qual, com mão nula e péZERO nas substituições, acabou por desfazer o feitiço. 

 

De facto, com a entrada de Petrovic (e concomitante saída de Bruno Fernandes), Peseiro pretendeu construir uma torre de Babel, dando o toque a rebate que conduziu ao aquartelamento da equipa leonina no seu próprio meio campo. A partir daí, só houve uma equipa em campo. 

 

O jogo até começou de forma auspiciosa, com José Peseiro a prescindir do mal amado duplo-pivô e Batman, sozinho, a conseguir dar conta do recado, vigiando as movimentações de Gedson. Pelo meio, ainda tinha tempo para petiscar um(a) Pizzi. Marcus "Muttley" Acuña, numa posição interior, assegurava ligação e sarcasticamente colocava a bola no chão, já previamente limpa na batalha das "máquinas voadoras" do centro do terreno e Bruno Fernandes procurava fazer a diferença. Nas alas, Raphinha dava velocidade e Nani alardeava classe. Montero, isolado na frente, procurava manter-se de pé, tentando spbreviver, nem sempre com sucesso, às sucessivas infrações de Ruben Dias. Os centrais, Coates e André Pinto (que substituiu o lesionado Mathieu), pareciam concentrados e os laterais, mais contidos, negavam a profundidade ao adversário.

 

Com Salin a negar tudo, o Sporting foi ganhando confiança e crescendo no jogo. No entanto, faltava sempre uma melhor definição no último passe. Bruno Fernandes, irreconhecível, definia sempre mal, como foi o caso da última jogada da primeira parte quando, com um mau passe, desperdiçou uma jogada de ataque em que a superioridade da equipa leonina era de três para um. 

 

A toada manteve-se na segunda parte. O Benfica, mais incisivo, era mais perigoso, mas Salin, uma e outra vez, ia adiando o inevitável. Até que Bruno Fernandes, num centro raso da direita do seu ataque, encontrou Montero na área e Ruben Dias aplicou-lhe uma chave de pernas. A precisar de reforçar o seu ecletismo, com um golpe de judo excepcionalmente não ignorado pelo olhar de Luís Godinho, a equipa encarnada dava aos seu adversário a possibilidade de se adiantar no marcador. Sem Bas Dost em campo, para surpresa de muitos, foi Nani (e não Bruno Fernandes) chamado a marcar a penalidade e não perdoou.

 

A partir daí, só deu Benfica. Peseiro trocou Bruno por Petrovic e iniciou a marcha-atrás. Mais tarde, ainda viria a chamar Bruno Gaspar, mandando Raphinha para o banho, para além da inócua substituição de Montero por Castaignos. Depois de muita pressão, Jefferson abriu uma auto-estrada pela esquerda da nossa defesa que permitiu a Rafa centrar à vontade. Os nossos centrais esperaram no meio a entrada de Seferovic, mas Ristovski não fechou bem por dentro (aspecto onde Piccini era muito forte) e, num vôo apardalado de costas, deu azo à entrada do jovem João Félix, que não falhou. Golo do Benfica e vitória da Formação ... do Benfica. 

 

Empate lisonjeiro para o Sporting, mas muito importante numa fase em que se procura recuperar a confiança. Nas nossas cores, Salin (magnífico), Coates e Battaglia foram os melhores. À terceira jornada, continuamos imbatíveis. E lideramos o campeonato. O caminho faz-se caminhando.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Romain Salin (extraordinário!!!)

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