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És a nossa Fé!

O dia seguinte

Foi ontem a apresentação aos sócios da equipa de futebol do Sporting no agora magnífico relvado de Alvalade. E mais uma vitória clara por 3-0 frente a uma das melhores equipas da liga espanhola e que joga um futebol próximo do Barcelona. Um “tiki taka” de atracção /explosão que corre riscos atrás para chegar à frente com capacidade para resolver.

Depois do jogo contra o Villarreal ouvi Rúben Amorim dizer que andou desde Março atrás deste sueco, felizmente tem um presidente que entende o que quer e vai atrás. E o sueco veio. Dizem que agora virá um dinamarquês para o meio-campo. Pois se for como este sueco, é para ontem.

Obviamente que antes de pensar no sueco Amorim fez um balanço bem negativo do que foi a primeira metade da época passada. Foi atrás de Diomande para estabilizar a defesa e depois pensou no ataque. E o ataque precisava duma locomotiva que Paulinho não é, um jogador poderoso que verdadeiramente incomode os defesas contrários, que os force à falta em zonas perigosas e liberte os baixinhos mais ou menos geniais do onze. Com Trincão ou Paulinho próximos, Gyökeres torna-se um avançado muito difícil de parar. E tendo um ataque assim, não vale mesmo a pena gastar tempo atrás a construir desde o guarda-redes. O futebol do Sporting tornou-se mais simples e directo do que na época passada, sem prejuízo da eficácia. Muito mais de acordo com os objectivos desta época.

 

Foi uma 1.ª parte aberta com muitas bolas perdidas pelos dois lados no meio-campo que davam origem a contra-ataques perigosos e oportunidades para os dois lados. Valeu o rasgo do pior em campo até ao momento, Edwards, para chegarmos ao intervalo em vantagem.

A 2.ª parte começou com um festival de posse por parte dos espanhóis, com o Sporting a assistir de poltrona, até que mais um contra-ataque encontrou Pedro Gonçalves no sítio em que é letal.

Depois vieram as substituições em massa dos dois lados, e ainda houve tempo para um estádio em delírio a cantar a canção do Paulinho.

Coates e Pedro Gonçalves foram os heróis da noite, Gyökeres encantou as bancadas, Edwards e Paulinho marcaram belos golos, mas gostei muito de ver um Catamo muito focado e perigoso a ala direito. Simplesmente extraordinário e merecedor de todos os elogios o trabalho de Amorim em recuperar jogadores da casa que vêm de maus momentos, como o próprio Catamo, Quaresma, Jovane e Bragança.

E agora? É ter calma e deixar Amorim e a estrutura trabalhar.

 

Infelizmente o bom desempenho no óptimo relvado de Alvalade da equipa de Amorim não foi acompanhado por um desempenho análogo na organização do evento, e particularmente no acesso e usufruto do estádio, digamos que o New Era 2.0 ficou a 0.8, pior do que antes. Uma confusão na informação recebida nos mails de subscrição da Gamebox, uma confusão nas filas para as portas, uma confusão nos torniquetes devido às avarias de alguns e das particularidades do código QR, uma confusão nos lugares com o desaparecimento das marcações nos degraus (pintados de cinzento cor de rato morto) e passagem das mesmas para as cadeiras (algumas erradas).

Tudo isto originou uma apresentação do plantel a bancadas semi-vazias, e depois com um estádio cheio a uns 70/80% veio o anúncio que estavam 30 mil pessoas.

Bom, se o outro punha mais 10 mil em cima para animar a malta que lá ia e criar o apetite nos outros, este “artista” 2.0 tira 10 para deprimir quem lá esteve e para dizer a quem não vai que não merece a pena por lá os pés.

A reorganização dos espaços das claques também levanta muitas interrogações, os descontos a quem foi forçado a trocar de lugar face aos restantes também, os espaços de restauração parece que deixaram muito a desejar, enfim toda uma confusão sem qualquer justificação.

Se eu fosse o presidente diria das boas ao “artista”. Amorim, a equipa, os sócios e adeptos que quase encheram o estádio mereciam bem melhor. 

SL

Já temos plantel, falta definir o onze

Sporting, 3 - Villarreal, 0 (Troféu Cinco Violinos)

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Pedro Gonçalves, muito batalhador e eficaz marcador: novamente o melhor em campo

Foto: António Cotrim / Lusa

 

Grande espectáculo, grande moldura, grande ambiente, grande jogo, grande resultado.

Conclusão a que cheguei após observação atenta do plantel leonino para 2023/2024: tem qualidade, combina jogadores que se complementam muito bem, faz-nos renascer a esperança na conquista de títulos e troféus.

Falta ainda definir o onze-base da nova temporada. Desde logo porque se fala na chegada iminente de Pedro Neto, do Wolverhampton, por empréstimo. E da possivel vinda de André, do Fluminense.

Não adianto prognósticos, mas se aparecerem ficaremos com uma equipa de luxo. Em todas as posições.

 

Ontem, em Alvalade, com as bancadas muito bem compostas apesar da hora tardia a que começou o jogo e das dificuldades que milhares de adeptos tiveram para entrar no recinto, os nossos jogadores cumpriram. Tanto com o equipamento tradicional, na primeira parte, como com o equipamento alternativo, na etapa complementar: branco com listas verdes.

Vencemos e convencemos. Desta vez o Villarreal, equipa que se classificou na quinta posição da Liga espanhola 2022/2023 e acabara de empatar 1-1 com o Feyenoord. Agora, em Alvalade, derrotada por 3-0 - a mesma marca do nosso triunfo anterior, frente à Real Sociedad, que ficou em quarto no campeonato do país vizinho.

Balanço destas duas partidas: marcámos seis golos, não sofremos nenhum.

Com a diferença, quanto ao desafio de ontem, que nos valeu um troféu. Um dos que mais estimamos, por motivos óbvios: o Cinco Violinos.

Com 30.103 adeptos nas bancadas - número oficial. Mas a contabilidade peca por defeito: a partir de certo momento, face à enorme procura e à longa espera, os torniquetes foram levantados e deixou de haver registo.

 

Desta vez Rúben Amorim recuperou sem hesitar o sistema 3-4-3 que introduziu em 2020 no Sporting. Com uma alteração digna de registo: deixámos de sair com a bola daquela forma lenta e facilmente anulável pelas equipas adversárias que estudam bem a nossa. Agora somos mais rápidos, objectivos e aptos a queimar linhas na construção ofensiva, explorando a profundidade. Suprindo uma lacuna que começava a tornar-se incómoda.

Onze inicial ontem em campo: Adán; Eduardo Quaresma, Coates, Gonçalo Inácio; Esgaio, Morita, Pedro Gonçalves, Matheus Reis; Edwards, Trincão e Gyökeres. Principal novidade: a inclusão de Eduardo, elemento da nossa formação.

Outros jovens nascidos para o futebol em Alcochete viriam a actuar mais tarde: Geny, Daniel Bragança e Jovane. Com Rodrigo no banco - outra feliz notícia. Ainda bem.

 

Ouviu-se O Mundo Sabe Que em modo artístico, ao som de violino real: bom auspício para o que iria seguir-se. 

A verdade é que houve alguns lances a pedir música da melhor. Os nossos três golos, por exemplo. 

O primeiro, fruto da inspiração individual de Edwards, que pareceu ter despertado da letargia galgando muitos metros com a bola dominada no corredor central e acabou por rematar com êxito após deixar para trás vários adversários. Um quase-golo à Maradona, estavam decorridos 44 minutos. Assim, com 1-0, se foi para o intervalo.

O segundo, obra e graça de Pedro Gonçalves, marcando de pé esquerdo: assim coroou de êxito exibição de classe no corredor central. A veia goleadora dele permanece, agora incentivada por ter nas costas o n.º 8, que pertenceu a Bruno Fernandes.

O terceiro, aos 83', teve assinatura de Paulinho, que saltou do banco aos 53'. Ao primeiro toque, à ponta-de-lança, correspondendo com eficácia a um centro de régua e esquadro de Geny numa boa jogada colectiva iniciada nos talentosos pés de Daniel Bragança. Impecável a jogar de frente para a baliza.

 

Este Sporting está bem e recomenda-se. Faltam acertos pontuais. Falta recuperar St. Juste, há quase um mês no estaleiro. Falta saber se a lesão de Nuno Santos, ontem ausente do tapete verde de Alvalade, será debelada em breve.

Falta saber se ainda há reforços a caminho.

Falta, sobretudo, ter a certeza de que nenhum dos nossos melhores irá sair. Há um ano, por alturas da terceira jornada da Liga 2022/2023, a partida de Matheus Nunes desestabilizou a equipa ao ponto de ela nunca mais se ter reencontrado.

Nenhum de nós quer que este filme se repita.

 

Breve avaliação dos nossos:

Adán. Grande defesa aos 24', negando o golo à turma espanhola. Saiu aos 65', cedendo protagonismo entre os postes ao jovem Israel. 

Eduardo Quaresma. Titular: prova de que o treinador confia nele. Causou dois calafrios na primeira parte, melhorou na segunda. Até sair, aos 85'.

Coates. O melhor do nosso reduto defensivo, confirmando-se como comandante. Cortes providenciais aos 9' e 48'. Saiu aos 65', entregando a braçadeira.

Gonçalo Inácio. Mais contido do que nos jogos anteriores, sem sair com a bola dominada. Foi capitão entre os minutos 65' e 85'.

Esgaio. Voluntarioso. Bons centros aos 28', 41' e 45'+2. Mas sem fazer a diferença, ao contrário das partidas anteriores.

Morita. Trabalhador incansável, aguentou 90 minutos em campo. Fez de médio defensivo, preocupado sobretudo com a recuperação de bolas. De uma delas nasce o segundo golo.

Pedro Gonçalves. Melhor em campo. Volta a ser o mais influente. Assistiu Edwards no nosso primeiro golo e marcou ele próprio o segundo, aos 72'. Quase repetiu a proeza aos 80'.

Matheus Reis. Subiu de rendimento em relação ao desafio anterior, desta vez actuando como ala esquerdo. Esta subida no terreno potencia as suas melhores características.

Edwards. Parecia alheado do jogo quando pega na bola e galga terreno com ela dominada, dribla vários e marca o nosso primeiro. Inventou golo que mal festejou. Nota artística.

Trincão. Protagonizou grande arrancada aos 9, ceifado em falta - com cartão amarelo para o adversário. Substituído por Daniel aos 65'.

Gyökeres. Combativo, sem fugir aos duelos. Na zona de tiro, obrigou Jorgensen a grande defesa (18'). Sacou um amarelo (22'). Com ele, o futebol leonino fica mais acutilante e vertical.

Geny. Dinâmico, substituiu Esgaio aos 57'. Foi dele a assistência para o nosso terceiro golo. Amorim parece contar com ele.

Paulinho. Ponta-de-lança sem golos é como jardim sem flores. O minhoto, por troca com Edwards (57'), marcou o terceiro (75'). E ainda atirou a roçar a barra (83'). Desta vez cumpriu.

Israel. Substituiu Adán aos 65'. Sem trabalho intenso quase até ao cair do pano. Defesa aparatosa aos 90'+4.

Daniel Bragança. Quem sabe,  nunca esquece. Parecendo totalmente recuperado da grave lesão do Verão passado, substituiu Trincão aos 65'. Inicia construção do terceiro golo.

Diomande. Mostrou o que vale - e é muito. Em cortes e recuperações, como central improvisado à esquerda, a partir do minuto 65', quando rendeu Coates.

Neto. Entrou aos 65', para o lugar de Eduardo Quaresma. Passando a ostentar a braçadeira de capitão, após Coates e Gonçalo Inácio. Com todo o mérito.

Jovane. Gyökeres saiu aos 85', recebendo calorosos aplausos da massa adepta. O caboverdiano entrou para o seu lugar, sem comprometer. Marcou livre a rasar a trave (89').

Regresso a Alvalade!

Esta coisa das claques, mudanças de lugar com passagem para a bancada A e a confusão gerada com tudo isto, deixou-me um tanto apreensivo e sem vontade de ir ao jogo.

O problema é que na família há mais malta e por vezes, qual tsunami futebolístico, sou literalmente arrastado para os jogos. Algumas vezes venho de lá feliz, outras nem tanto, mas isso faz parte desta (boa) doença a que muitos chamam de paixão clubística.

Já saímos tarde de casa. Pelo caminho e através de muitas fotos fomos percebendo as dificuldades para entrar no estádio. Uma desorganização... organizada! Também é necessário mérito para isto.

Quando chegámos à nossa actual porta de acesso, que por acaso é a mesma do ano passado, demos conta de que não havia fila nem confusão para entrar. Então nos torniquetes aquilo deu logo verde.

- Boa - pensei! Mas fiquei a pensar se a coisa não fora alterada para entrarmos mais depressa, Digo eu!

A moldura humana presente era já razoável, mas o meu lugar... mesmo sendo mais perto do relvado e dos jogadores, não era o meu preferido. Lá em cima na B, mesmo por detrás da baliza, saberia-me muito melhor. Mas enfim...

Não falo do jogo (outros muuuuuuuuuuuuuuuuuuito melhor que eu por aqui saberão explicar o que se passou em campo), mas assumo que no fim gostei do resultado, dos miúdos e essencialmente da assistência ao meu redor... Muitas adeptas! Ferverosas, frenéticas e conhecedoras do plantel leonino!

Repito... gostei! Porque o futebol é cada vez mais um desporto para todos e todas!

Ainda por cima não me posso esquecer que tenho duas netas!

Ainda falta muita coisa para afinar

Sporting, 1 - Sevilha, 1 (Troféu Cinco Violinos)

 

Péssima primeira parte, muito razoável segunda parte - quase a compensar a confrangedora exibição dos 45 minutos iniciais. Rúben Amorim deve ter dito das boas aos jogadores no intervalo. Mesmo assim, neste confronto com o Sevilha, só conseguimos equilibrar a partida e até ficar por cima depois de o treinador espanhol, o nosso conhecido Julen Lopetegui, desatar a fazer substituições, desarticulando todo o seu onze titular. 

Convém reconhecer mérito ao adversário. O Sevilha ficou em quarto lugar na Liga espanhola, vai disputar a Liga dos Campeões e tem um plantel qualificado - basta dizer que actuou com Corona, Acuña, Fernando, Ratikic, Jesús Navas e Óliver Torres, entre outros.

Mas vários problemas persistem nesta equipa do Sporting. Escassa produção ofensiva, fraca pontaria no momento do remate, incapacidade de progredir com a bola controlada no corredor central, que deixamos ao domínio adversário. Acrescidos agora da ausência de Palhinha, que funcionava como tampão e municiador precisamente na zona mais desguarnecida, e pela manifesta falta de articulação entre Ugarte e Matheus Nunes nessa área.

 

O nosso primeiro remate enquadrado surgiu quando já se haviam esgotado os 45 minutos iniciais, num pontapé de raiva de Nuno Santos para defesa muito apertada do guarda-redes. Os jogadores rumaram ao balneário com resultado desfavorável: aos 15' o Sevilha tinha aberto o marcador, aproveitando muito bem uma falha colectiva da nossa defesa - incluindo má reposição de bola de Adán, ontem intranquilo, o que nele não é habitual.

Ao contrário de Lopetegui, Amorim mexeu pouco: percebe-se que este onze será o titular. Única mudança aos 23', com troca de Ugarte (magoado) por Morita, que pode fazer a posição 6 mas não é um trinco puro até por morfologia física. O japonês acabou por ser um dos melhores em campo: muito móvel, com precisão de passe e boa visão de jogo. 

Trincão foi o único reforço leonino no onze inicial. Ainda com manifesta falta de articulação com os colegas, o que se compreende, e alguma tendência para "adornar os lances", o que aumenta os aplausos nas bancadas mas diminui a nossa eficácia colectiva. Está longe de ser o único com tal tendência, muito cultivada por Matheus Nunes e que parece até ter afectado Porro e contaminado Coates - este em jogada no nosso meio-campo ofensivo que gerou perda de bola.

 

A pressão leonina acentou-se: percebia-se que a equipa procurava o empate. Mas faltava mexer na "casa das máquinas": foi o que Amorim fez ao trocar Matheus Nunes por Edwards e Trincão por Rochinha. Principal efeito destas substituições: o recuo de Pedro Gonçalves, que passou a jogar sempre de frente para a baliza e funcionou como nosso principal distribuidor de jogo. Aos 75', ofereceu um golo a Edwards que o canhoto inglês desperdiçou com o pé direito. Aos 82', novo brinde - desta vez tendo como destinatário Paulinho, que lhe deu a melhor sequência, com um tiro certeiro. Selando o empate que se manteve até ao fim.

Como estava em jogo o Troféu Cinco Violinos, agora na décima edição, havia que desatar o nó nas grandes penalidades. Todas muito bem convertidas, de um lado e do outro, até o recém-entrado Fatuwu (reforço ganês só com 18 anos mas já internacional pelo seu país) fazer disparar a bola com estrondo à trave. O troféu ficou para a equipa sevilhana, onde actuaram dois nossos velhos conhecidos: Acuña e Gudelj. O primeiro viria a sair sob uma chuva de insultos e vaias - numa confirmação de que muitos sportinguistas tratam mal aqueles que honraram e serviram a verde e branca.

Nada de novo. Tanto se fala na ingratidão dos jogadores: devíamos reflectir mais na ingratidão dos adeptos. 

 

Algo que começa a tornar-se frequente também em todos os nossos jogos: houve sururu e chega-p'ra-lá junto à linha. Mesmo nos supostos "amigáveis". Mesmo nos chamados "jogos de preparação". É uma tendência que espero não ver prolongada, mas sou capaz de apostar que veio para ficar, acompanhando a progressiva radicalização dos adeptos bem patente ao menor pretexto nas redes sociais e num canal de TV que se alimenta disto com quatro ou cinco mecos aos berros serão após serão.

Não levámos o troféu, não vencemos o jogo, mas termino com algumas notas positivas: boa "moldura humana" em Alvalade (éramos 31.075 no estádio), relvado em excelente condição e desta vez não houve petardos nem tochas. E temos pelo menos cinco eficazes marcadores de penáltis: Porro, Pedro Gonçalves, Rochinha, Tabata e Edwards. Na época passada, o agora ausente Sarabia encarregou-se de convertê-los quase todos.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Teve responsabilidade no golo sofrido, ao entregar a bola numa reposição. Não conseguiu defender nenhum dos penáltis no fim.

Gonçalo Inácio - Regressou à posição que já bem conhece - central do lado direito. Actuação certinha. Boa capacidade de passe longo.

Coates - Causa calafrios quando improvisa, saindo de posição, o que nos custou um golo contra a Roma. Repetiu a proeza duas vezes, desta vez sem estragos.

Matheus Reis - Apanhado em contrapé no lance do golo, deu a sensação de que podia ter feito melhor. Rende mais como lateral do que como central à esquerda.

Porro - Oscilou muito, como a própria equipa. Perdeu vários duelos, falhou vários passes, mas foi sempre dos mais inconformados.

Ugarte - Má abordagem no lance do golo, deixando Óliver Torres antecipar-se e tocar para Corona. Saiu pouco depois, aos 23'.

Matheus Nunes - Parece andar com a cabeça algures. Ontem quase nada lhe saiu bem, nem no passe nem na criação de lances. Saiu demasiado tarde, aos 72'.

Pedro Gonçalves - Melhor em campo. Fabuloso passe a isolar Paulinho (52'), outro para Edwards (75'). Assistência no golo (82'). Tentou ele próprio marcar (59' e 80').

Trincão - Bons apontamentos quando jogou do lado direito do ataque, com Acuña pela frente, mas ainda não criou automatismos. Substituído aos 72'.

Nuno Santos - Cruzou algumas vezes, mas ninguém dava sequência aos passes. Foi o primeiro a tentar o golo (45'+1). Saiu aos 85'.

Paulinho - Nem remates, nem capacidade para abrir espaços. Andava perdido até ao momento culminante: um grande golo aos 82'. Saiu logo a seguir, para os aplausos.

Morita - Em campo desde o minuto 23. Revela boa técnica, domínio de bola, visão de jogo, capacidade de passe. Pode ascender ao onze titular. 

Rochinha - Único reforço dextro numa equipa cada vez com mais canhotos, entrou aos 72 para criar desequilíbrios. Mas ficou aquém do pretendido.

Edwards - Em campo desde os 72'. Desperdiçou um golo "cantado" aos 75'. Aos 88', tentou cavar um penálti sem ser tocado, iludindo o árbitro (mas não o VAR).

Tabata - Rendeu Paulinho aos 85'. Pouco tempo para mostrar o que vale - apesar dos 6' de tempo extra concedidos. Converteu muito bem o penálti final.

Fatawu - O mais jovem reforço leonino, em campo desde os 85' (substituiu Nuno Santos). Procurou agitar o jogo, como extremo esquerdo. Pena ter falhado o penálti.

Polvo à Amorim


Devo dizer que Amorim é o treinador que mais me impressionou desde sempre. Pela primeira vez, verifico factualmente que é a mão de alguém exterior (ele e a sua equipa técnica) quem torna homens mais ou menos comuns numa equipa eficiente, competitiva e objetiva. Se há equipa onde se vê "treino" é nesta do Sporting. 

Também é a primeira vez que verifico que uma pré-época é mesmo para preparar - e não para mostrar, rodar, dar oportunidade a novos, velhos e assim-assim, fazer vibrar o coração do adepto ou faturar em camisolas. É ver como as substituições de ontem tiveram um propósito, não serviram para dar minutinhos a este ou aquele. É assinalar como Bragança não entrou nos descontos como "prémio" de uma coisa qualquer. É de sublinhar que Max não jogou a segunda parte para "qualquer eventualidade".

Não sei se vamos vencer a Supertaça (o sortilégio do futebol é a sua magia), mas sei que Carvalhal deve ter dormido mal esta noite. A dinâmica da equipa do SCP, o trabalho coletivo, o posicionamento de vários jogadores, a quantidade de soluções que há no banco são impressionantes. A equipa funciona como um polvo, cheia de tentáculos que pressionam, roubam bolas, passam, desmarcam, executam e se ajudam. E nada parecem temer.

A imagem que guardo de ontem é do melão de RA quando sofremos o segundo. Foi um golo bem trabalhado pelo Lyon, excelente passe, bela desmarcação de Slimani - que estava na zona morta entre a defesa e o meio campo – e boa execução do argelino, mas Amorim estava pior que estragado. Porque uma pré-epoca é para preparar e não para entusiasmar a malta.

Se estou a ver bem, este foi o adversário mais forte que o SCP defrontou em muito tempo. Certamente a melhor equipa não portuguesa. Há um ano levamos quatro de uns austríacos bem organizados. Agora foi quase ao contrário. São tempos estranhos, estes de ver o nosso Sporting tão determinado, sem que possamos dizer que temos lá um craque daqueles que valem um alqueire de dezenas de milhões e sem o qual tudo desmorona. Dentro do campo, quero dizer, porque cá fora temos.

O dia seguinte

O Sporting conquistou ontem o Troféu 5 Violinos, vencendo com tranquilidade uma das melhores equipas de França, e apresentando um onze já próximo da qualidade necessária para enfrentar uma época exigente a todos os níveis.

Este jogo fechou uma pré-época muito bem conseguida. Por um lado promovendo a participação duma base alargada de jovens que continuarão a competir ao longo da época nas diferentes equipas do clube ou que serão emprestados a clubes da 1.ª Liga, por outro entrosando todo o plantel num modelo de jogo cada vez mais aperfeiçoado e onde todos se sentem confortáveis a jogar quando são chamados.

Assim é possível ver um Jovane ou um Matheus Nunes muito mais jogadores de equipa do que na temporada passada, cumprindo diferentes funções em diferentes pontos do terreno, um Esgaio e um Vinagre a fazerem esquecer os titulares das posições e um Tabata a cumprir na posição de box-to-box.

 

Voltando ao jogo de ontem, depois de algum sofrimento contra uma equipa que acelerava em cima da defesa do Sporting, com Feddal e Nuno Mendes (este ainda em jet-lag da vertigem do Euro) com muitos problemas e Coates a tentar resolvê-los sem o conseguir, a partir do golo sofrido a equipa pegou no jogo com Paulinho como pivot ofensivo em torno do qual todo o jogo fluia. As oportunidades de golo foram-se sucedendo, chegámos ao ao intervalo em vantagem no marcador.

No segundo tempo, também porque o Lyon quebrou um pouco, o Sporting foi ganhando embalagem e teve momentos de elevada nota artística, como dizia o outro, com a bola a circular rápido e a chegar com critério à área adversária para o remate com sucesso, como foi o caso do terceiro golo.

Vieram depois as substituições e o grande leão Slimani entrou a tempo duma grande desmarcação e um golo muito bem conseguido. Um lance parecido com alguns outros que o Lyon foi tentando, muitos a terminar em fora-de-jogo.

 

Que dizer mais ? Este Sporting está num nível bem superior àquele que iniciou a época passada, o estatuto de campeão traduz-se em determinação e confiança, o modelo de jogo do Amorim está muito mais interiorizado e aperfeiçoado, e muita gente, especialmente os mais jovens, conheceram uma evolução tremenda.

Um guarda-redes sóbrio e seguro, seja Adán ou Max, alas muito completos ofensiva e defensivamente, um trio de centrais com um Coates imperial e um "Benkenácio" a caminho, um "polvo" Palhinha complementado com um box-to-box Matheus Nunes ou Tabata a acelerar jogo pelo meio, um pivot de grande classe que até marca golos, Paulinho e um pequeno mágico, Pedro Gonçalves, que vai por ali andando sem se dar por ele até marcar golos ou dar a marcá-los, enquanto um interior, como Nuno Santos, Jovane ou Plata assume o papel de desestabilizador da defesa contrária.

Com mais um ou outro que ficaram no banco, temos um plantel muito equilibrado. Nota-se um grande ambiente e espírito de equipa.

 

O fecho do mercado ainda vem longe e o Sporting terá de ser sempre um clube vendedor, o que não pode mesmo é comprar caro e pior do que vende a preço de saldo. A venda de Rosier e a não continuidade de João Mário equivalem de algum modo ao reforço de Esgaio, Vinagre e Ugarte, mas são precisas mais vendas para equilibrar as contas.

No meu entender, as vendas daqueles que fazem mais falta deveriam ficar para o ano, depois de outra boa época. Convinha encontrar outras fontes de financiamento para segurar o barco até lá. A saúde financeira não existe sem sucesso desportivo, e é neste que é indispensável apostar. Com este (brilhante) treinador e este plantel, além de todas as dificuldades que enfrentam os dois rivais, temos uma oportunidade de ouro que não pode ser desperdiçada.  

O primeiro troféu da época está ganho. Vamos ao segundo, segue-se a Supertaça. 

 

#OndeVaiUmVãoTodos

 

PS: Alvalade está ficar a pouco e pouco como o Pavilhão Rocha, a libertar-se da piroseira e mosaicada e a adoptar uma estética que prestigia o clube. Como ficou o espaço entre os dois, só vendo ao vivo para ter opinião. Que saudades de lá voltar, a um e a outro. E enquanto o equipamento principal se estranha, o alternativo depressa se entranha.

SL

Pré-época começou bem e acabou melhor

Sporting, 3 - Lyon, 2 (Troféu Cinco Violinos)

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Paulinho em foco: bisou frente ao Lyon

 

Terminamos da melhor maneira a pré-época. Com uma vitória sobre o Lyon - quarto classificado do campeonato francês - alcançada ontem em Alvalade, num estádio infelizmente ainda sem público. Um triunfo que nos permitiu conquistar o Troféu Cinco Violinos pela sétima vez em nove edições. 

Os franceses abriram o marcador logo aos 8', numa boa jogada pelo seu flanco direito. Mas o Sporting reagiu muito bem: antes do intervalo já tínhamos virado o resultado a nosso favor, com golos de Paulinho (31') e Pedro Gonçalves (35'). Após o intervalo acentuou-se o domínio leonino, coroado com o nosso terceiro golo, aos 49', apontado também por Paulinho - desta vez o melhor de verde e branco. Do lado francês, brilhou um guarda-redes bem nosso conhecido: Anthony Lopes, que evitou por quatro vezes o golo.

Mesmo ao cair do pano, na última jogada do encontro, oportunidade também para brilhar uma figura muito familiar entre os sportinguistas: Islam Slimani, que fixou o resultado com um excelente chapéu a Adán. Foi o reencontro do argelino com Alvalade, onde se destacou como goleador em três épocas, entre 2013 e 2016. Desta vez marcou contra nós, mas merece aplauso à mesma.

Balanço desta pré-temporada: oito vitórias e apenas um empate. Positivo, claro. Começou bem e acabou melhor. Com os campeões nacionais confirmando os predicados anteriores e os reforços já a darem um ar da sua graça.

A partir de agora será a sério: no sábado joga-se a Supertaça.

 

Análise muito sumária do desempenho dos jogadores:

ADÁN. Noite de pouco trabalho para o espanhol, isento de culpa no primeiro golo. No segundo, Slimani apanhou-o adiantado. Dois lapsos na saída com a bola a jogar com os pés.

GONÇALO INÁCIO. Teve um momento precioso na assistência para o nosso segundo golo, com um passe vertical de 50 metros. Reforça a posição como central do lado direito.

COATES. Regressou enfim, após férias tardias no rescaldo da Copa América em que alinhou pela selecção do Uruguai. Voltou em forma: foi vital em vários cortes. Saiu aos 69'.

FEDDAL. Central à esquerda, terminou o jogo ao meio, após a saída de Coates. Falhou algumas dobras a Nuno Mendes e podia ter feito melhor no lance do primeiro golo.

ESGAIO. Boa condição física: o corredor direito foi todo dele, parecendo totalmente ambientado. Único reforço que alinhou como titular. Deu nas vistas com um par de centros.

PALHINHA. Melhorou imenso desde a partida frente ao Angers. Tanto na recuperação como no passe. Nunca dá um lance por perdido. Substituído aos 69'.

MATHEUS NUNES. Parece o principal candidato a ocupar o lugar que João Mário deixou vago. Cumpriu no essencial, articulando bem com Palhinha.

NUNO MENDES. Exibição irregular. Perdeu vários duelos na ala esquerda, onde várias vezes foi apanhado em contrapé. Viu amarelo aos 23'. Saiu tocado, aos 63'.

PEDRO GONÇALVES. Quando menos se espera, tira um coelho da cartola. Participou no primeiro golo, marcou o segundo e assistiu no terceiro. É isto que se quer dele. Saiu aos 57'.

JOVANE. O treinador apostou nele como titular. E decerto não se arrependeu. Inicia o primeiro golo num magnífico passe de trivela. Excelentes lances ofensivos aos 46' e 56'. Saiu aos 69'.

PAULINHO. Os adeptos exigem-lhe golos - e ele está a corresponder. Desta vez com um bis, à ponta-de-lança. Boas movimentações na área. Saiu aos 69', com missão cumprida.

NUNO SANTOS. Entrou aos 57', substituindo Pedro Gonçalves. Encostado à ala, revelou-se menos dinâmico do que noutros desafios. Está a competir com Jovane para extremo titular. 

VINAGRE. Entrou aos 63', para o lugar de Nuno Mendes. Dinâmico, veloz, competente a cruzar. Aos 71' assistiu para um golo de Tiago Tomás, anulado por deslocação. 

PLATA. Primeiros minutos do jovem equatoriano nesta pré-temporada. Substituiu Jovane aos 69', alinhando como extremo direito. Discreto, não causou desequilíbrios.

TABATA. Rendeu Palhinha aos 69', confirmando que actua melhor no corredor central. Aos 82', excelente passe a isolar Nuno Santos. Marcou muito bem um livre aos 90'+3.

TIAGO TOMÁS. Entrou para o lugar de Paulinho, aos 69'. Deu muito trabalho à defesa adversária. Ainda marcou, mas estava adiantado. Anthony Lopes impediu-lhe o golo aos 77'.

MATHEUS REIS. Central à esquerda a partir dos 69'. Distinguiu-se num passe certeiro, aos 77', para Tiago Tomás. Prestação positiva.

 

Notas finais:

- Mantém-se acesa a disputa pela posição 8, vaga com a saída de João Mário. Matheus Nunes e Tabata são os principais candidatos. Daniel Bragança, que ontem não calçou, perde terreno.

- Também interessante, o duelo entre Jovane e Nuno Santos para uma das posições de extremo. Rúben Amorim parece ter renovado a confiança no luso-caboverdiano, que vai progredindo no capítulo táctico.

- Nuno Mendes ainda não reeditou as exibições da temporada anterior. Saiu tocado, suscitando alguma preocupação. Na posição dele, vai-se exibindo Rúben Vinagre.

- A partir do minuto 69 passámos a jogar com três centrais esquerdinos: Gonçalo Inácio, Feddal e Matheus Reis. Facto raro, mas que não parece afectar o equilíbrio da equipa.

Tudo é incerto

O Sporting-Gil Vicente - nosso jogo inaugural da Liga 2020/2021, agendado para o próximo sábado - deverá ser adiado. Por evidente motivo de força maior: dez jogadores do clube de Barcelos estão infectados com Covid-19 e provavelmente seis elementos do plantel leonino também terão acusado positivo no teste feito ao novo coronavírus.

Borja, Nuno Santos e Rodrigo Fernandes incluem-se entre os já confirmados no momento em que escrevo estas linhas. 

 

As infecções agora detectadas forçaram ontem o cancelamento do Troféu Cinco Violinos, que este ano contaria com a participação do Nápoles. Recorde-se que Vietto já havia sido infectado com Covid-19, há cerca de um mês, durante o período de férias que gozou em Espanha. 

Isto não augura nada de bom neste regresso à principal competição do futebol português - na sequência do que já sucedeu no escalão secundário, com dois jogos entretanto adiados para data que ninguém consegue antecipar.

O calendário pode tornar-se caótico em função de sucessivos adiamentos. Em alternativa, corre-se o risco de acumulação de derrotas por falta de comparência de determinadas equipas, impossibilitadas de reunir os jogadores necessários. Pelo menos dois clubes europeus - o Slovan Bratislava, da Eslováquia, e o Prishtina, do Kosovo - já foram afastados das competições europeias por este último motivo.

 

Tudo é incerto. Num momento como este, qualquer previsão torna-se mais frágil que nunca.

 

ADENDA: Mais quatro casos confirmados, a somar aos três identificados ontem: também Gonçalo Inácio, Max, Pedro Gonçalves e Renan têm Covid-19.

Cinco Violinos

Nos poisos do costume, o habitual coro de órfãos e viúvas apressou-se a celebrar com júbilo a derrota do Sporting, por 1-2, frente ao Valência, vangloriando-se de ver na televisão o «estádio vazio» por alegada ausência de adeptos em Alvalade nesta mais recente edição do Troféu Cinco Violinos.

Um desses órfãos até veio aqui lembrar, por alegado contraste, as putativas «casas cheias» de outros tempos. 

A este e outros desmemoriados, lembro os números de espectadores presentes no nosso estádio nas últimas seis edições deste troféu.

2014: 31 mil espectadores
2015: 38 mil espectadores
2016: 30 mil espectadores
2017: 37 mil espectadores
2018: 18 mil espectadores
2019: 32 mil espectadores

Breves conclusões:

  • Este ano estiveram (estivemos) mais 14 mil do que no ano passado. Quase o dobro.
  • No tempo anterior, nunca se registou «casa cheia» no Cinco Violinos.
  • Desta vez houve mais espectadores nas bancadas do que em 2014 e 2016, anos ainda sem órfãos nem viúvas.
  • Mesmo em tempo de "pós-verdade", convém não formular opiniões com base em aldrabices nas redes que são facilmente desmentidas pelos factos.

Xutos e Pontapés

Terminaram ontem as Festas de Loures. Desculpem puxar a brasa à minha sardinha, mas é um dos maiores acontecimentos culturais da área metropolitana de Lisboa, talvez do país. Terminaram com chave de ouro, com um enorme concerto dos Xutos, agora sem Zé Pedro fisicamente, mas lá de cima a controlar os ânimos e as emoções, bem patenteadas em Tim quando o evocou com três temas emblemáticos e se mostrou bastante comovido. Um alinhamento como é habitual, interventivo e engajado, que entusiasmou os milhares que, gratuitamente, tiveram acesso a mais uma intensa performance da banda que até tem estúdios no concelho, onde ensaia. Estavam portanto a jogar em casa e não desmereceram do apoio inequívoco e incondicional de quem ali se deslocou para os apreciar e às suas músicas, novas e menos novas. Tive o imenso privilégio de lá estar e vibrar também.

Três horas antes, praticamente com a mesma linha e precisamente no mesmo registo de (quase) sempre, assisti a outro espectáculo onde a qualidade esteve arredia e onde, salvo as raras excepções do costume e o também apoio incondicional e inequívoco, não passou mesmo de um espectáculo de chutos e pontapés, a maior parte deles para a bancada. Safou-se mesmo o homem do leme, que nunca verga e nunca desiste e se ele cai, a vida pode ser malvada e o tempo pode ser um mar de Outono e o mundo pode virar-se ao contrário. Que ele não seja o único, é o que desejo, mas parece-me que a coisa será mesmo à sua maneira. No circo de feras que é hoje o futebol, convém saber quem é quem e remar, remar e também voar. E dar Xutos a sério para chegar na frente ao dia de são receber. Como ontem, dificilmente sairemos da nossa casinha.

Vamos ver dia 4, se eles respondem ao nosso se me amas e nos presenteiam finalmente com um concerto digno desse nome! E não serão precisos contentores de golos. Basta um a mais que o adversário e, falo por mim, ficaremos felizes para sempre.

 

Os destaques: Bruno, Idrissa, Thierry

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Terminamos a pré-temporada sem uma vitória. Nem ao menos o Troféu Cinco Violinos conseguimos ganhar no nosso estádio. Ontem defrontámos o Valência - detentor da Taça de Espanha e quarto classificado no mais recente campeonato do país vizinho - e até começámos a vencer, logo aos 4', mas acabámos derrotados por 1-2. E ainda vimos Renan defender um penálti, algo em que já se especializou.

Destaque para a entrada de Thierry como titular na lateral direita: o ex-campeão europeu sub-17 e sub-19 deu boa conta do recado. Bruno Fernandes foi remetido para a ala esquerda, o que funciona nele como um espartilho, para ceder protagonismo a Vietto no corredor central. Foi uma experiência para esquecer: nem o capitão rende aquilo de que a equipa necessita encostado à linha nem o argentino conseguiu demonstrar até agora que é um verdadeiro reforço neste Sporting 2019/2020.

Aspecto mais positivo: o grande golo de Bas Dost, culminando um eficaz lance colectivo em que avultou um soberbo passe de ruptura de Bruno Fernandes, variando o flanco, seguido de boa recepção de Raphinha, que tocou para o holandês potenciar o pé canhão - sem defesa possível para o guardião Domenech. Exibições muito positivas de Idrissa, que parece ter agarrado a posição de médio mais recuado, e do regressado Acuña, que só jogou no segundo tempo. O melhor em campo, embora longe do brilhantismo a que já nos habituou, voltou a ser o capitão da equipa.

Destaque, pela negativa, para Borja - com responsabilidade evidente no primeiro golo espanhol - e para a incapacidade finalizadora de Vietto. Nas substituições, Diaby (outro regresso) e Luiz Phellype nada acrescentaram. E é inaceitável a tremideira que se apodera do onze leonino nas bolas paradas defensivas, uma das quais resultou em golo nesta partida presenciada ao vivo por mais de 32 mil adeptos. Também inaceitável é continuamos a sofrer, em média, dois golos por jogo: uma equipa que aspira a títulos não pode ser tão permeável no sector mais recuado. Eis o aspecto a rectificar com mais urgência.

 

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Os jogadores, um a um:

 

Renan (29 anos).

Mais: defendeu uma grande penalidade aos 55'. Excelente defesa aos 27, negando o golo ao Valência.

Menos: é sempre ingrato sofrer dois golos, embora sem culpa própria.

Nota: 6

 

Thierry (20 anos).

Mais: titular na lateral direita, neutralizou Gonçalo Guedes. Muito concentrado e veloz, fez um grande corte aos 36'. Integrou-se bem no ataque.

Menos: aos 66' deixou escapar Rodrigo, que centrou para o segundo golo do Valência.

Nota: 7

 

Coates (28 anos).

Mais: grande corte logo aos 5'.

Menos: ainda preso de movimentos, por ter estado ausente durante quase toda a pré-temporada. O primeiro golo sofrido nasce de um canto totalmente desnecessário provocado pelo uruguaio.

Nota: 5

 

Mathieu (35 anos).

Mais: aos 33, marcou um livre que rasou a barra da baliza adversária. 

Menos: duas "roscas" com o seu pé menos bom, o direito.

Nota: 6

 

Borja (26 anos).

Mais: esforçou-se para centrar lá à frente, sempre sem êxito.

Menos: deixou Kondogbia elevar-se à vontade para marcar o golo inaugural do Valência, aos 9'.

Nota: 4

 

Idrissa Doumbia (21 anos).

Mais: sempre interventivo na primeira fase de construção, soube também recuperar muitas bolas.

Menos: o impulso ofensivo leva-o por vezes a abandonar a posição, desequilibrando o seu sector.

Nota: 7

 

Wendel (21 anos).

Mais: alguns lances vistosos, denotando técnica individual.

Menos: pouco influente nas movimentações colectivas durante os 68' em que esteve em campo.

Nota: 5

 

Raphinha (22 anos).

Mais: assistiu Dost no golo leonino.

Menos: muito preso à bola, denotando individualismo em excesso: aspecto a corrigir.

Nota: 6

 

Bruno Fernandes (24 anos).

Mais: o passe longo para Raphinha, aos 4', foi quase meio golo. Rematou com selo de golo, aos 85': o seu disparo só foi travado por uma defesa "impossível" de Cillessen.

Menos: o segundo golo espanhol nasce de um passe errado dele, aos 66'.

Nota: 7

 

Vietto (25 anos).

Mais: um bom passe de ruptura, aos 48': Raphinha desperdiçou.

Menos: continua a pecar por deficiente finalização: atirou ao lado aos 30' e aos 43'.

Nota: 5

 

Bas Dost (30 anos).

Mais: regressou aos golos e fez levantar o estádio, com os adeptos a gritarem o seu nome.

Menos: muito discreto durante o resto do jogo: pouco e mal servido pelos companheiros.

Nota: 6

 

Neto (31 anos).

Mais: desde os 61' em campo, rendendo Mathieu: estreia de verde e branco em Alvalade. Bom corte aos 81'.

Menos: falhou a intercepção a Kevin Gameiro, marcador do segundo do Valência.

Nota: 5

 

Acuña (27 anos).

Mais: em campo desde os 61', substituindo Borja, com óbvia vantagem para a equipa. Aos 70', soberbo passe longo a que Bruno Fernandes não soube dar boa sequência.

Menos: nesta estreia na pré-temporada leonina, a sua actuação soube a pouco: devia ter entrado mais cedo.

Nota: 6

 

Luiz Phellype (25 anos).

Mais: substituiu Dost aos 61', procurando movimentar-se mais na área do que o holandês, sem o conseguir.

Menos: continua muito distante dos golos.

Nota: 4

 

Diaby (28 anos).

Mais: estreia na pré-temporada, recém-vindo de férias. Substituiu Vietto aos 61', permitindo libertar Bruno Fernandes para o centro do terreno.

Menos: tendência insólita para escorregar em momentos decisivos. O ex-Leão Piccini ganhou-lhe todos os duelos. Bem servido por Bruno, falhou o golo aos 84', quando lhe bastava encostar o pé.

Nota: 4

 

Ilori (26 anos).

Mais: em campo desde os 67', rendendo Coates. Bom corte aos 78'.

Menos: só pode ter ficado desmotivado ao ouvir vários assobios no estádio, até por terem sido imerecidos desta vez.

Nota: 5

 

Eduardo (24 anos).

Mais: substituiu Wendel aos 67' nesta sua estreia em Alvalade de Leão ao peito. Participou na construção de um lance muito perigoso, aos 76'.

Menos: falta-lhe ganhar entrosamento com os colegas.

Nota: 5

 

Miguel Luís (20 anos).

Mais: só entrou aos 88', substituindo Idrissa. Tentou - sem conseguir - dar dinâmica ao nosso meio-campo.

Menos: um passe errado, aos 90'+1, podia ter resultado no terceiro golo espanhol.

Nota: 4

 

Eduardo Quaresma (17 anos).

Mais: substituiu Thierry aos 88', sem comprometer.

Menos: devia ter entrado mais cedo.

Nota: 5

 

Daniel Bragança (20 anos).

Mais: coube-lhe substituir Bruno Fernandes, aos 88': não acusou o peso da responsabilidade.

Menos: nada a registar.

Nota: 5

 

Plata (18 anos).

Mais: em campo só aos 88', por troca com Raphinha, mostrou-se muito dinâmico e com vontade de acelerar o jogo.

Menos: merecia mais tempo.

Nota: 6

Impressões a quente

Uma equipa que pretende ser campeã não pode desviar o melhor jogador da Liga Portuguesa da posição onde rende mais para arranjar espaço para um projecto de valorização do passe de um avançado que chega a Alvalade como presente envenenado (se falhar o problema é do Sporting, mas se resultar a venda é a dividir com a filial madrilena do carrossel), por muito que esteja longe de ser um Wang.

Borja não tem qualidade para ser titular de uma equipa que ambicione ser campeã nem margem de progressão para vir a sê-lo. Podia ser um daqueles negócios de 3M€ em que a presente gerência se especializou, com Nuno Mendes a suplente de Acuña e Thierry Correia como nono defesa do plantel principal.

Diaby voltou a ser tal Diaby quanto era no ano passado. Ter o velocista num plantel sem lugar para Matheus Pereira e Gelson Dala só pode ser justificado com o não querer perder a face com os milhões surrealistas que custou. Mas sai mais caro mantê-lo.

Bas Dost fez um grande golo algo atípico e boas movimentações antes de perder gás. Esperemos que fique e que melhore de forma.

Dos que entraram no final destaque para Ilori, muito razoável a central, e para a capacidade de progressão com bola de Eduardo Henrique.

47 graus à sombra

Não vou pronunciar-me sobre o jogo de hoje, não deu para ver, não cheguei a tempo. Acabei por ver os últimos 15 minutos no portátil, mas não é tempo suficiente para botar opinião. Teria sido interessante  termos ganho mais esta edição do troféu Cinco Violinos, ainda p'ra mais com um adversário recém-promodivisionário, mas...

De resto este fim de semana, passado em Tomar e debaixo, ontem, Sábado, de uns inclementes 47 graus Celsius, teve a vantagem de, para além de me impedir de dormir alguma coisa de jeito, me ter "afastado" do Sporting.

Assim também não me vou pronunciar sobre candidaturas e muito menos a, soube já hoje, de um tal de Erik Kurgy, que confesso não conhecer, nem ter qualquer referência.

Também não comento a demissão de um senhor membro da comissão de gestão, para integrar a lista do primo, contrariando o que houvera dito Torres Pereira, há pouco mais de um mês. Este senhor dos flick-flacks conheço, por ter tido a enorme atitude sportinguista de ter acabado com o patrocínio que a sua empresa dava ao judo do clube, aqui há uns meses.

Consta que mais um outro elemento da CG irá integrar a lista do primo. Sem comentários, também.

Parece que há mais um candidato, Rui Rego, que sei apenas ter feito parte das listas de Godinho Lopes, o que convenhamos não será credencial que muito abone, mas...

Acreditem, apesar do calor imenso, as águas do Agroal e do Castelo do Bode estavam no ponto, de modo que não deixei que as temperaturas elevadas me torrassem os miolos e por cá vou estando, atento a algumas contradições e a algumas aves de arribação. Podem contar comigo.

Os destaques: Misic, Battaglia, Mathieu

Neste fim de tarde ficou bem evidente, mais do que em qualquer outro jogo da pré-temporada, a falta que nos fazem três jogadores nucleares que se desvincularam do Sporting após o "chato" assalto a Alcochete: Rui Patrício, capaz de fazer a diferença como guardião da baliza, William Carvalho a construir lances de ataque e Gelson Martins a conferir velocidade, criatividade e profundidade aos nossos lances de ataque, sobretudo na ala direita.

Haverá substitutos à altura, admito com optimismo talvez excessivo. Mas por enquanto não valem isso. E acima de tudo são incapazes de o demonstrar, como hoje ficou claro no confronto com um modesto clube italiano, o Empoli, vencedor da série B do seu país e só este ano promovido, por via disso, ao escalão principal.

Perante um estádio quase despido (para o qual a elevada temperatura atmosférica muito contribuiu, após os inéditos 44 graus que ontem às 17 horas foram registados em Lisboa), o Sporting fez uma primeira parte agradável. Com boas tabelinhas entre Nani e Bruno Fernandes, que serão certamente os motores do onze titular, e algumas movimentações dignas de registo dos laterais, Jefferson e Ristovski, com maior liberdade de penetração nos flancos pela aposta do treinador num duplo pivô na linha média - funções asseguradas por Misic e pelo regressado Battaglia.

Misic foi aliás o protagonista do melhor momento da turma leonina, com um belo golo disparado de fora da área, aos 51'. Suprindo assim os sucessivos falhanços dos seus colegas, que tentaram muito mas nada conseguiram - ou por falta de pontaria ou pela intervenção do guarda-redes adversário. A partir desse lance, no entanto, deixámos os italianos assumir o controlo do jogo e sofremos o golo do empate aos 68'.

As sete substituições operadas por Peseiro, aos 66' e aos 84', não corrigiram nada de essencial. O Troféu Cinco Violinos, nesta sétima edição, acabou por ser decidido na marcação de penáltis - com Matheus Pereira e Jefferson a falharem. Ficámos sem esta taça, pela primeira vez. O que vale como sintoma: há ainda muito a fazer para tornar este Sporting que ficou amputado em Junho numa equipa que possa ter mesmo aspirações a títulos e troféus.

 

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Os jogadores, um a um:

 

Viviano (32 anos).

Mais: defesas aos 63' e 76'.

Menos: batido aos 68', viu Mathieu salvar um golo na linha de baliza quatro minutos depois. Incapaz de defender um só dos penáltis que ditaram a conquista do troféu pelo Empoli.

Nota: 4

 

Ristovski (26 anos).

Mais: cruzamentos bem tirados aos 39' e 45'+1.

Menos: perdeu fulgor na segunda parte, quando foi várias vezes ultrapassado no seu sector.

Nota: 5

 

Coates (27 anos).

Mais: grande acção individual aos 11', como se fosse um lateral direito.

Menos: faltou articulação com Mathieu no golo sofrido.

Nota: 6

 

Mathieu (34 anos).

Mais: salvou um golo certo aos 72', fez pelo menos quatro grandes cortes (71', 74', 89', 90'). Chamado a converter o primeiro dos penáltis finais, meteu-a lá dentro.

Menos: mal auxiliado, falhou a cobertura no golo italiano.

Nota: 7

 

Jefferson (30 anos).

Mais: bateu bem os cantos e cruzou várias vezes com perigo.

Menos: permitiu a defesa do guarda-redes no penálti que lhe coube marcar após os 90'.

Nota: 5

 

Battaglia (27 anos).

Mais: neste regresso a Alvalade, foi um batalhador incansável a recuperar bolas e forçou o guarda-redes da turma visitante à defesa da noite quando cabeceou com intenção, quase conseguindo o golo (80'). Marcou o penálti que lhe foi confiado após os 90'.

Menos: faltou-lhe alguma eficácia na construção de jogo.

Nota: 7

 

Misic (24 anos).

Mais: muitos tentaram, só ele conseguiu: o solitário golo leonino foi apontado por ele.

Menos: simplifica processos, às vezes em demasia.

Nota: 7

 

Bruno Fernandes (23 anos).

Mais: solto de movimentos, comandou o meio-campo na primeira parte e teve intervenção no lance do golo.

Menos: tentou várias vezes a meia-distância, sempre sem sucesso.

Nota: 6

 

Nani (31 anos).

Mais: o capitão leonino protagonizou os lances mais vistosos, sublinhados com aplausos, em tabelinhas com Bruno Fernandes aos 24' e 42'.

Menos: acusa ainda falta de ritmo e falta de pontaria no remate.

Nota: 5

 

Acuña (26 anos).

Mais: um dos jogadores mais influentes na meia hora inicial, livre muito bem marcado aos 3'.

Menos: perdeu fulgor no segundo tempo.

Nota: 5

 

Bas Dost (29 anos).

Mais: cabeceou com perigo aos 3' e aos 39'.

Menos: falhou esses cabeceamentos, ficando em branco.

Nota: 4

 

Wendel (20 anos).

Mais: entrou aos 66', rendendo Misic, e movimentou-se bastante.

Menos: inconsequente nas movimentações.

Nota: 4

 

Matheus Pereira (22 anos).

Mais: substituiu Nani aos 66', marcando bem os cantos.

Menos: agarra-se demasiado à bola e falhou penálti na ronda final.

Nota: 4

 

Bruno Gaspar (25 anos).

Mais: em campo desde o minuto 66', colocado no lugar de Ristovski fez um grande cruzamento aos 71' que Wendel desperdiçou.

Menos: é veloz, mas parece revelar menos aptidões a defender do que a atacar.

Nota: 5

 

Raphinha (21 anos).

Mais: substituiu Acuña aos 66', rematou forte e com intenção no terceiro minuto do tempo extra. No fim, não falhou o penálti.

Menos: ainda sem automatismos.

Nota: 5

 

Montero (31 anos).

Mais: rendeu Dost aos 84', marcou o penálti que lhe foi solicitado na fase do desempate.

Menos: excesso de apatia.

Nota: -

 

André Pinto (28 anos).

Mais: substituiu Coates aos 84', sem comprometer.

Menos: desta vez não teve tempo nem oportunidade de marcar um golo.

Nota: -

 

Carlos Mané (25 anos).

Mais: regressado a Alvalade dois anos depois, após empréstimo ao Estugarda, conduziu um excelente lance de ataque aos 90'+3.

Menos: vimos pouco dele: devia ter entrado mais cedo.

Nota: -

Tudo ao molho e FÉ em Deus - When the Misic's over

Tenho dito aqui abundantemente que precisamos de reforçar a nossa cultura. Hoje, ao olhar para o estado do relvado, acredito que a nossa agricultura, também. O Sporting dominou o Empoli a toda a linha, enquanto Misic esteve em campo. Mal o croata saiu, a capacidade de pressão a meio campo diminuiu bastante. Só não desapareceu por inteiro graças a Battaglia. O Batman regressou e, com ele, voltámos a ter vigilante em Alvalade City. Impressionante, para quem só tem meia-dúzia de treinos desde que regressou, a sua arrancada aos 54 minutos. 

 

A equipa inicial pareceu demasiado conservadora, com Ristovski, Jefferson e Acuña, em vez de Bruno Gaspar, Lumor e Raphinha. Impressionante como não resolvemos o problema dos desequilíbrios pela esquerda. Nem Acuña recua para lateral, nem chegou nenhum jogador forte no um para um (Raphinha é mais jogador de exploração de espaços vazios). No lado direito, auspiciosas combinações entre Nani e Bruno Fernandes, a deixarem um sabor doce na boca dos adeptos. 

 

Em dia de Troféu 5 Violinos, faltaram-nos pelo menos 3. Tivémos rabecão, bombo, mas violinistas do nível do ex-laziale ou do maiato escasseiam. De destacar a belíssima exibição de Mathieu, na defesa, e o magnífico golo de Misic - com a parte de dentro do pé esquerdo, em banana -  que foi a cereja (muita fruta!) em cima do bolo de uma actuação muito positiva. 

 

O Sporting acabou por perder - pela primeira vez desde a sua criação - o troféu em disputa, e perante a equipa mais fraca que jamais defrontámos neste certame, numa decisão por pénaltis que acentuou a nostalgia pela perda do nosso antigo guardião. Viviano vai ter de trabalhar muito para cumprir com os cânones que materializaram o epíteto de São Patrício ao Rui.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Misic

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Gostei

Gostei do desportivismo, da recepção aos jogadores do Fiorentina, de escutar o belo hino deles, dos cinco violinistas a tocar O Mundo Sabe Que, do aplaudido regresso do Matías Fernández a Alvalade agora com camisola violeta, do sol, do calor, das famílias, de ver cada vez mais mulheres nas bancadas (e cada vez mais bonitas), da alegria colectiva, do vídeo-árbitro a repor a verdade desportiva no nosso estádio pelo segundo jogo consecutivo, do golo do Bas Dost.
Gostei até das 13 ou 14 pombas pousadas na nossa lateral direita durante a segunda parte, petiscando sem receio nem temor as sementes da relva fresca.
Tudo isto faz parte da festa do futebol.

Nota positiva no último teste

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Aos 28', tivemos uma sensação estranha no estádio. Bas Dost acabara de marcar um golo, levantámo-nos para festejar, mas logo o árbitro travou a nossa euforia. Ia recorrer ao vídeo-árbitro. A coisa demorou cerca de um minuto: só então pudemos dar largas à nossa alegria, gritando o nome do avançado holandês.

Dost voltou a ser determinante. Este golo solitário bastou para a vitória desta tarde do Sporting frente à Fiorentina, conquistando assim mais um Troféu Cinco Violinos. Num estádio muito composto, onde éramos mais de 37 mil a puxar ruidosamente pela nossa equipa.

 

Gostei do que vi. Uma equipa mais consistente e confiante, com maior solidez defensiva e uma apreciável qualidade de passe, desenhando boas jogadas no relvado de Alvalade e revelando capacidade de pressão sobre os adversários. Para tanto contribuiu desde logo a surpresa reservada por Jorge Jesus, que estreou William Carvalho como central, fazendo-o recuperar para o eixo esquerdo da defesa. O campeão europeu, com uma actuação irrepreensível, deu boa conta do recado. De tal maneira que, na minha opinião, foi ele o melhor em campo.

Em muito bom plano estiveram também Battaglia (ocupando a posição habitualmente reservada a William), Podence, Gelson Martins e um voluntarioso Acuña, um dos mais aplaudidos pelos adeptos. Muitos aplausos também para Fábio Coentrão, na sua melhor exibição de verde e branco até à data. Piccini fez igualmente o seu melhor jogo até ao momento e protagonizou aos 56' um dos mais vistosos individuais do desafio, cruzando todo o flanco direito em fintas a sucessivos adversários até à grande área italiana.

 

Aos 61', como é costume nestes jogos não pertencentes ao calendário oficial, Jesus mudou mais de meia equipa, fazendo entrar Adrien para o lugar de Bruno Fernandes (hoje mais apagado do que esperaríamos), Alan Ruiz para o lugar de Gelson Martins, Doumbia para o lugar de Bas Dost, Bruno César para o lugar de Acuña, Jonathan Silva para o lugar de Coentrão e Iuri Medeiros para o lugar de Podence.

Vinte minutos depois, uma última alteração: saiu Battaglia, entrou Palhinha. Sem que o colectivo se ressentisse destas mudanças.

As exibições mais apagadas - destoando do conjunto  - couberam a Tobias Figueiredo (visivelmente nervoso, cometendo preocupantes lapsos defensivos e errando muitos passes) e Alan Ruiz (que ainda não se reencontrou desde que voltou de férias, lento e preso de movimentos).

Foi, em suma, um teste positivo antes dos desafios a sério que estão quase a chegar: o Aves-Sporting, da jornada inaugural da Liga 2017/18, joga-se já a 6 de Agosto.

 

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Os jogadores, um a um:

Rui Patrício (29 anos).

Tranquilo, sereno, seguro. Melhor momento: bons reflexos a defender, corrigindo um lapso de Tobias Figueiredo aos 41'.

Piccini (24 anos).

Mais desenvolto, mais atrevido, arrancou aplausos ao acelerar junto à linha e galgar terreno aos 56', com a bola dominada. Em plano menos positivo na manobra defensiva.

Tobias Figueiredo (23 anos).

A jogar sobre brasas, denotando fragilidade, despejou demasiadas bolas sem critério para a frente. Quase comprometeu com um lapso defensivo aos 41' emendado por Rui Patrício. Atravessa momento menos bom.

William Carvalho (25 anos).

Jorge Jesus colocou-o a central. Aposta ganha. William defendeu bem, passou melhor, pôs ordem no sector defensivo que tem andado muito intranquilo. Nota máxima.

Coentrão (29 anos).

Ajudou a trancar os caminhos para a baliza leonina e ainda fez duas incursões à frente muito sublinhadas com aplausos em Alvalade. Denota alegria a jogar, o que ajuda muito.

Battaglia (26 anos).

Descomplexado e voluntarioso, abordou todos os lances com determinação e vontade de puxar a equipa para a frente. Muito bom no desarme. Foi um elemento fundamental na prestação positiva do onze leonino.

Bruno Fernandes (22 anos).

Desta vez não deu muito nas vistas pois a equipa preferiu canalizar jogo pelos flancos, procurando menos o eixo do meio-campo. Mas teve apontamentos de inegável qualidade técnica.

Gelson Martins (22 anos).

Grande parte das transições rápidas foram asseguradas pelo extremo leonino, que nunca deixou de se integrar nas manobras defensivas. Outra exibição em bom nível.

Acuña (25 anos).

Criou desequilíbrios no corredor esquerdo e revelou acutilância. Fundamental nas bolas paradas: hoje, tal como contra o Mónaco, foi ele a marcar o canto de que resultou o golo.

Podence (21 anos).

Conquistou por mérito próprio um posto no onze-base deste Sporting. Imprime velocidade ao jogo sem nunca descurar a qualidade técnica. Aos 28' deu um nó cego à defesa italiana que arrancou aplausos no estádio.

Bas Dost (28 anos).

Por vezes transmite a ideia de que se encontra algo desligado do jogo. Mas nos momentos cruciais não falha. Voltou a acontecer: aproveitando um ressalto, não perdoou. Mais um golo para o seu currículo.

Jonathan Silva (23 anos).

Entrou aos 61'. Vê-se que procura mostrar serviço, agradando ao público e ao treinador, mas não basta revelar vontade: é preciso mostrar mais acerto. O jovem argentino ainda tem muito que corrigir no plano defensivo.

Adrien (28 anos).

Entrou aos 61', na sua habitual posição de médio criativo. Rápido a reagir à perda da bola, ajudou a dinamizar a equipa e a ligar os sectores. Com a qualidade de sempre.

Bruno César (28 anos).

Entrou aos 61'. Percebe-se que procura recuperar a boa forma revelada nas últimas duas épocas, mas está ainda longe de a encontrar. A sua excessiva polivalência em campo, sem uma posição fixa, também não ajuda.

Iuri Medeiros (23 anos).

Entrou aos 61'. Destaca-se pela qualidade de passe, pela visão de jogo e pela eficácia nas bolas paradas. Hoje não teve grande oportunidade de mostrar estes atributos. Mas parece ter agarrado um lugar no plantel.

Alan Ruiz (23 anos).

Entrou aos 61'. Lento, apático, desgarrado da equipa, revelando algum ar de enfado, nada lhe saiu bem. Tentou o passe, sem conseguir. Tentou desmarcações, sem sucesso. Gastou quase todo o tempo a jogar a passo.

Doumbia (29 anos).

Entrou aos 61'. Menos acutilante e muito menos influente do que Podence, o titular da posição de segundo avançado, nota-se no entanto que anda à procura de acertar. Precisa de procurar mais linhas de passe.

Palhinha (22 anos).

Entrou aos 80'. Ainda a tempo de se evidenciar na recuperação de bolas e no reforço do quarteto defensivo. Contribuiu para consolidar um colectivo forte.

As primeiras impressões (6)

O melhor jogo da pré-temporada leonina terminou há pouco em Alvalade, perante mais de 30 mil adeptos. Com uma vitória do Sporting frente ao Wolfsburgo que nos permitiu conquistar mais um Troféu Cinco Violinos.

A primeira parte - em que jogámos com o onze-base que terminou a temporada anterior, já com os nossos quatro campeões europeus reintegrados na equipa - foi muito mais positiva, com claro domínio verde e branco sobre a turma alemã. A nossa vitória (2-1) foi construída nesse período: os jogadores trocaram bem a bola, revelaram muita mobilidade e fizeram uma exibição convincente. Mostrando uma inegável vivacidade e alegria por regressarem aos desafios no relvado, aspecto que merece ser assinalado.

Após o intervalo, Jorge Jesus foi fazendo sucessivas alterações, deixando apenas Rui Patrício em campo, o que afectou a qualidade global da equipa. Foi nesse período que os alemães marcaram o seu golo solitário, insuficiente para travarem a derrota. Mas podiam ter empatado se Rui Patrício não fizesse uma excelente defesa aos 69' - o guarda-redes titular da selecção que conquistou o Euro 2016 merece aliás ser mencionado como o melhor jogador desta partida.

Alguns dos suplentes deram boas provas, outros nem por isso. Mas todos precisam de mais minutos de jogo para ganharem automatismos, desenvolverem destreza muscular e mostrarem o que valem no plano táctico.

Um dos poucos que permaneceram no banco foi Barcos. Sinal evidente de que o treinador não contará com ele. Ninguém tem dúvidas: precisamos de um reforço urgente na frente atacante. Ou talvez mesmo dois.

 

................................................

 

Apreciação sucinta dos nossos jogadores:

 

Rui Patrício - Qualidade indesmentível. Duas defesas monumentais: uma aos 42', a remate de Ricardo Rodríguez, outra aos 69', travando Kruse, isolado à sua frente. Merece ser distinguido como o melhor em campo.

 

Schelotto - Bastante mais contido do que nos tem habituado, sobretudo nas incursões ofensivas. A defender, voltou a exibir segurança e solidez. A lateral direita parece bem entregue. Saiu aos 65'.

 

Coates - Outra exibição muito positiva, sobretudo na articulação com Rúben Semedo no eixo da defesa. Magistral corte aos 41'. Substituído aos 76'.

 

Rúben Semedo - Voltou à titularidade, evidenciando classe: é um dos jogadores que mais tem evoluído sob o comando de Jesus. Tudo lhe sai bem. Aos 44', pôs fim a um contra-ataque perigoso. Saiu aos 77'.

 

Marvin - A sua melhor exibição da pré-temporada. Foi combativo e arriscou mais incursões pelo seu flanco, sem descurar a vigilância defensiva. Substituído aos 65'.

 

William Carvalho - Regresso em boa forma, com a qualidade de passe que bem conhecemos. Foi o maior distribuidor de jogo da equipa, complementando bem a acção de Adrien na fase de construção ofensiva. Saiu aos 76'.

 

Adrien - O dínamo da equipa, que pauta naturalmente o ritmo de jogo colectivo do Sporting. Marcou muito bem o nosso segundo golo, de penálti (34'). Saiu aos 55', visivelmente cansado, sob uma chuva de merecidos aplausos.

 

Bruno César - Outra boa exibição. Muito dinâmico na ala esquerda, fez um cruzamento perfeito para o primeiro golo e cavou o penálti de que resultaria o segundo. Ainda um grande remate a rasar o poste (31'). Substituído aos 77'.

 

João Mário - Menos explosivo do que nos habituou, demonstrou alguns pormenores de grande classe, sobretudo na forma como domina e transporta a bola. Mas soube a pouco. Saiu ao intervalo.

 

Bryan Ruiz - Com Adrien de regresso, voltou a adiantar-se no terreno. E jogou desta vez no eixo do ataque, tendo Slimani à sua frente, posição em que parece render melhor. Muito marcado pela defesa alemã. Saiu aos 76'.

 

Slimani - O estádio quase veio abaixo quando o argelino regressou aos golos, aos 26'. Com excelente gesto técnico: recebeu a bola de costas, fez uma rotação com ela dominada, driblou Dante e fuzilou. Saiu aos 55', muito aplaudido.

 

Iuri Medeiros - Jogou toda a segunda parte, no lugar de João Mário. Acusa algum excesso de ansiedade, mas vai melhorando de desafio para desafio. Precisa de entrosar melhor com os companheiros de ataque.

 

Palhinha - Outra exibição positiva. Entrou aos 55', com a responsabilidade de substituir Adrien. Mais retraído do que o campeão europeu na fase de construção, foi sobretudo útil no apoio ao nosso eixo defensivo. Cumpriu.

 

Alan Ruiz - Esteve em campo desde o minuto 55, mas não propiciou à equipa as soluções que Slimani fornece no ataque. Hoje pareceu um pouco mais lento e preso de movimentos do que nos jogos anteriores.

 

Jefferson - Substituiu Marvin aos 65'. Tem os defeitos e os atributos simétricos aos do seu companheiro: mais lesto e ousado no ataque, mais inconstante a defender. Podia ter feito melhor no golo alemão, sofrido aos 78'.

 

João Pereira - Rendeu Schelotto ao minuto 65. Os centros não lhe saíram bem e revelou alguma dificuldade em acompanhar o extremo do Wolfsburgo. Mas nunca vira a cara à luta nem desiste do combate, o que justifica elogio.

 

Podence - Entrou aos 76'. Precisa de ganhar traquejo após uma boa época na equipa B. Jesus poderá contar com ele na Liga 2016/17. Destaque para uma grande simulação que possibilitou um golo a Aquilani, infelizmente falhado.

 

Aquilani - Pena ter falhado o golo que Podence ajudou a construir para ele, quase no fim do jogo. Entrou aos 76', para o lugar de William Carvalho. Sabe jogar, mas parece faltar-lhe sempre um suplemento de ânimo.

 

Ewerton - Substituiu Coates aos 76'. Podia ter feito muito melhor no lance do golo alemão, ocorrido em parte devido a uma falha de marcação sua. Está muito longe da forma ideal.

 

Naldo - Rendeu Rúben Semedo aos 77'. Tem disciplina táctica e sentido posicional, embora lhe falte a qualidade de passe do colega. Cumpriu no essencial.

 

Matheus Pereira - Entrou aos 77', cheio de vontade de mostrar serviço, o que lhe aumenta os níveis de ansiedade. Fez dois bons centros para Podence, já no tempo extra. Qualquer deles podia ter dado golo.

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