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És a nossa Fé!

Pena não termos jogado sempre assim...

Paços de Ferreira, 0 - Sporting, 4

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Trincão muito cumprimentado logo após ter marcado o terceiro golo leonino em Paços

Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa

 

Foi uma grande exibição de futebol de ataque a que o Sporting fez, domingo passado, no estádio Capital do Móvel. Perante um Paços de Ferreira incapaz de dar luta mínima: durante todo o jogo, a turma anfitriã não fez um só remate enquadrado digno desse nome à nossa baliza nem sequer conseguiu ganhar um canto. Para cúmulo, ofereceu-nos o primeiro golo, logo aos 8', com um caricato atraso de Luiz Carlos, traindo o guarda-redes Marafona, que ainda lhe viu a bola ressaltar num pé antes de entrar.

Diga-se a verdade: os nossos jogadores não deram hipóteses. Com um Nuno Santos no comando das operações como extremo esquerdo, sem missão defensiva (Gonçalo Inácio assegurava esse trabalho), sempre a municiar o ataque. Ele próprio, talvez já enfastiado com os assobios escutados cada vez que tocava na bola, assinou uma obra-prima em forma de golo aos 33': simulou, sentando Marafona, e atirou por cima, num primoroso chapéu. Bastaria este lance para justificar o bilhete pago.

 

Também Trincão fez a diferença, numa das suas mais competentes exibições de verde e branco. Melhor em campo, vem evoluindo de jogo para jogo: leva já 12 golos marcados na temporada, algo que nunca antes conseguira.

Desta vez marcou o terceiro, aos 62', recebendo a bola e girando sobre si próprio enquanto deixava plantados os dois centrais do Paços e a metia no sítio certo. Outro grande golo, confirmando o bom momento de forma da nossa equipa no plano ofensivo. 

Pedro Gonçalves desta vez não marcou. Mas destacou-se com uma assistência - a sua décima neste campeonato, em que lidera isolado no número de passes para golo. Foi ele a municiar Trincão no terceiro desta goleada. O quarto viria a ser marcado por Chermiti, aos 90'+3, na última jogada do desafio. Golo à ponta-de-lança: foi só encostar, no sítio certo. Certamente dará muita confiança ao nosso jovem avançado, que tem apenas 18 anos.

 

No quarto de hora final Rúben Amorim desfez o seu habitual 3-4-3 para escalar a equipa num surpreendente 4-4-2, montando um meio-campo muito largo com Arthur à esquerda e Trincão à direita, enquanto o duo Tanlongo-Pedro Gonçalves pontificava no corredor central e o par Paulinho-Chermiti evoluía na grande área do Paços. Atrás, Bellerín recuava uns metros para fechar o quarteto (com Matheus Reis, Diomande e Gonçalo Inácio).

Interessante experiência, já a pensar na temporada que vai seguir-se.

 

Soube a muito?

Sim: é sempre bom golear fora de casa.

Mas também soube a pouco, este nosso décimo desafio seguido da Liga 2022/2023 sem derrotas. Dá cada vez mais a impressão que só decidimos carregar verdadeiramente no acelerador já demasiado tarde neste campeonato, quando Benfica, FC Porto e Braga se encontravam bem acima de nós na classificação. 

Agora cruzamos os dedos. Faltam três jogos para o pano cair, a turma braguista está quatro pontos à nossa frente e beneficia de um calendário aparentemente mais fácil. Nesta fase, quase só por milagre chegaremos à próxima Liga dos Campeões. Não é impossível, mas é muito improvável.

Querer nem sempre é poder: deixámos de depender só de nós. Tivéssemos actuado sempre como desta vez em Paços e tudo seria bem diferente...

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Quase sem trabalho. Não fez uma defesa digna desse nome.

Diomande - Exibição  positiva. Pena não ter concretizado uma oportunidade de golo logo aos 2', quando apareceu livre de marcação frente à baliza.

Coates - É ele a iniciar a jogada do segundo golo, com magnífico passe longo. Deslize aos 26', quando se deixou fintar por Guedes. Saiu aos 82'.

Gonçalo Inácio - Quase marcou na sequência de um canto, aos 33': Marafona impediu, com uma defesa quase impossível. Impecável nas dobras a Nuno Santos.

Bellerín - Arriscou pouco pelo seu corredor: tinha instruções para isso. Mas foi seguro na missão defensiva. E tem bom toque de bola, tanto no passe curto como nos cruzamentos.

Ugarte - Por vezes passa despercebido. Mas é de uma utilidade extrema. Basta reter este número: fez 11 recuperações.

Morita - Dinâmico no corredor central, criou duas situações de golo para Pedro Gonçalves (49' e 52'). Precipitou-se aos 53', oferecendo a bola em zona de perigo. Amarelado, saiu aos 65'.

Nuno Santos - Voltou a ser um poço de energia, indiferente às vaias que escutava das bancadas. Assinou um golaço aos 33': marcou pela oitava vez nesta Liga. Substituído aos 75'.

Edwards - Bastante apagado: pedia-se mais dele. Mesmo assim, fez um grande centro para Diomande (2') e quase assistiu Trincão aos 37'. Saiu aos 65'.

Pedro Gonçalves - Perdulário: a vontade enorme de marcar tirou-lhe discernimento. Podia tê-lo conseguido no primeiro minuto, aos 25' e aos 49'. Assistiu Trincão no terceiro.

Trincão - Marcou o terceiro culminando um brilhante trabalho individual, assistiu Nuno no segundo, esteve quase a conseguir outro golo (37'). Pôs a defesa do Paços em sentido.

Tanlongo - Entrou aos 65', rendendo Morita. Pareceu mais confiante no que noutros jogos. Rematou à figura (68').

Paulinho - Substituiu Edwards aos 65'. Veio de lesão, ainda fora de forma. Deu pouco nas vistas.

Arthur - Em campo desde os 75', por troca com Nuno Santos. Continua a jogar poucos minutos, mas sempre que entra faz a diferença - para melhor. Assistiu Chermiti no quarto golo. 

Matheus Reis - Substituiu Diomande aos 82'. Com vontade de mostrar serviço. Lateral esquerdo, subiu muito no terreno sem problema. Bons cruzamentos aos 85' e 87'. 

Chermiti - Substituiu Ugarte aos 82'. Actuou como ponta-de-lança clássico. Dispôs de duas oportunidades: na primeira (85') atirou ao poste; na segunda (90'+3), meteu-a no sítio certo.

Rescaldo do jogo de ontem

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Chermiti cumprimentado por Trincão logo após marcar o quarto golo do Sporting

Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa

 

Gostei

 

Da goleada por 4-0. Fomos a Paços de Ferreira não apenas repetir a proeza da primeira volta em Alvalade (vitória por 3-0), mas ampliá-la. Viemos de lá com os três pontos - como nos competia - e um dos melhores resultados deste campeonato. Havia 2-0 ao intervalo.

 

De Trincão. Começou como avançado-centro e terminou na ponta direita, sempre em alto rendimento: está a melhorar de jogo para jogo. Marcou um grande golo (o terceiro, aos 62', coroando bom trabalho individual, assistiu noutro (o segundo) e só não a meteu lá dentro também aos 37' devido a enorme defesa de Marafona. Fez ainda um magnífico centro aos 79' que Pedro Gonçalves desperdiçou. Já contabiliza 12 golos nesta época - a mais produtiva da sua carreira. Melhor em campo.

 

De Nuno Santos. Dínamo da equipa, transformou o nosso corredor esquerdo num rolo compressor, criando várias situações de perigo. Começou muito bem, logo com um passe de ruptura para Pedro Gonçalves no minuto inicial. Momento culminante: o golaço que marcou aos 33', de chapéu, antecedido de uma simulação que fez sentar o guarda-redes. Candidato, desde já, a um dos melhores golos do mês na Liga 2022/2023.

 

De Chermiti. Destaque pela positiva apenas pelo golo que marcou, com assistência de Arthur: emenda preciosa no minuto final da partida (90'+3). Onze minutos em campo bastaram para facturar. É isto que se pede a um ponta-de-lança: eficácia a finalizar. Com apenas 18 anos, consolida a sua influência no plantel leonino.

 

De Matheus Reis. Também entrou apenas aos 82', mas foi quanto bastou para ser influente e conseguir imprimir acutilância no corredor esquerdo ofensivo. Impecáveis cruzamentos aos 85' e aos 87', a merecerem nota artística.

 

Da alteração táctica promovida por Rúben Amorim. Actuámos nos dez minutos finais com uma dupla de avançados: Paulinho e Chermiti, municiados por Arthur (pela esquerda) e Trincão (pela direita) e resguardados por Pedro Gonçalves alguns metros atrás, como médio ofensivo. Ensaio já a pensar na próxima época?

 

Do árbitro Nuno Almeida. Voltou a fazer uma arbitragem competente: critério largo, sem passar o tempo a interromper o jogo nem tentando ser o protagonista. Oxalá fossem todos assim.

 

Da festa leonina nas bancadas. Apoio entusiástico dos adeptos do Sporting nas bancadas do Estádio Capital do Móvel. Em certos momentos até parecia que jogávamos em casa.

 

De termos cumprido o 11.º jogo seguido sem derrotas. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara, Casa Pia, V. Guimarães, Famalicão e agora o Paços de Ferreira, empatámos com Gil Vicente e Arouca. Somos a equipa que está há mais tempo sem perder na Liga 2022/2023. Não sabemos o que é uma derrota desde o embate com o FCP em Alvalade. Temporada muito superior neste terço final em comparação com o terço inicial. Antes assim. 

 

De encurtar a distância para o Braga. Beneficiando da derrota braguista anteontem na Luz, vemos agora a turma minhota quatro pontos à nossa frente - quando há três jogos para disputar. É muito difícil chegarmos ao pódio deste campeonato, mas não impossível. Há que apoiar a equipa sem reservas nesta frenética recta final.

 

 

Não gostei

 

Do Paços de Ferreira. Uma das piores equipas do campeonato português. Começou por nos oferecer o golo inicial, aos 7', num atraso totalmente disparatado de Luiz Carlos, com a bola ainda a embater no guarda-redes Marafona. A equipa anfitriã terminou o jogo só com um remate enquadrado (Adán não fez qualquer defesa) e sem cantos. Não admira que até agora apenas tenha conseguido 8 pontos em casa.

 

De alguns remates desperdiçados. Pedro Gonçalves destacou-se neste capítulo, permitindo cortes da defesa ou a intervenção do guarda-redes aos minutos 1, 25 e 49. Mas redimiu-se assistindo Trincão no terceiro golo. É o jogador com mais assistências na Liga: já são dez.

Quente & frio

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Coates: dois falhanços em três minutos contra a Juventus no nosso adeus à Liga Europa

Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

 

Gostei muito das exibições de Ugarte e Edwards neste ingrato Sporting-Juventus anteontem disputado no nosso estádio, com 45.903 espectadores - a esmagadora maioria dos quais puxando pela equipa do princípio ao fim. O internacional uruguaio (ausente do desafio da primeira mão, em Turim) revelou impecável sentido posicional, acorrendo às linhas mais recuadas sempre que foi necessário: na frente, sacou um precioso penálti, aos 18'; no meio-campo, distinguiu-se por cortes cirúrgicos, recuperações oportunas e desarmes perfeitos. O inglês soube criar, mostrou todo o seu talento individual em campo e cativou os adeptos com dribles estonteantes: foi dele o nosso golo solitário, de penálti, aos 20'; assistiu Trincão aos 17' (bola ao poste) e Coates aos 87'. Enquanto ex-craques leoninos, como Iordanov e Nani, assistiam ao jogo na tribuna de Alvalade.

 

Gostei de ver a nossa casa quase cheia, da atmosfera vibrante no estádio, dos cânticos de incentivo do princípio ao fim. Também gostei da exibição de Diomande, o nosso melhor defesa: sereno, seguro, com bom domínio de bola e notável precisão de passe. Notável a desarmar Chiesa aos 17' e aos 43', metendo-o no bolso. Extremamente eficaz a policiar Vlahovic: aos 57' impediu-o de chegar ao golo. Aos 86', interceptou de modo exemplar um passe de Kostic. E ainda foi lá à frente, sem complexos, disparar uma bola que rasou o poste (35'). Não restam dúvidas: estamos bem servidos com ele na linha dos centrais.

 

Gostei pouco de ver tantos remates infelizmente desaproveitados: 13, da nossa parte, mas apenas dois enquadrados com a baliza. Um desperdício. Nuno Santos cruzou seis vezes, sem nunca encontrar ninguém disponível na área. Pedro Gonçalves, bem posicionado, atirou frouxo, à figura do guarda-redes (74'). Esgaio, em inesperada incursão pela área italiana, rematou por cima aos 75'. Mas ninguém desperdiçou tanto como Coates, já como ponta-de-lança improvisado à beira do fim: quase-golos falhados aos 87' (oferta de Edwards) e aos 90' (com assistência de Arthur). 

 

Não gostei de sofrer um golo muito cedo nesta partida, marcado por Rabiot na primeira oportunidade, aos 9' - embora a nossa reacção tenha sido muito positiva: empatámos 11 minutos depois. Não gostei de ver o Sporting cair nos quartos-de-final da Liga Europa, fracassando noutro objectivo da época: caiu ingloriamente com este empate, insuficiente para virar a derrota tangencial em Turim (0-1), num desafio em que fomos superiores. Também não gostei de Gonçalo Inácio: teve deslizes comprometedores (o primeiro logo no minuto inicial, oferecendo a bola a Di María, melhor elemento da Juventus) e chocou com Pedro Gonçalves no golo sofrido, de bola parada. Nem de Trincão: sem ritmo nem automatismos como avançado-centro, sem capacidade de luta, foi neutralizado pela defesa adversária, espécie de corpo estranho na nossa equipa.

 

Não gostei nada que Rúben Amorim demorasse até aos 81' para mexer na equipa, quando o empate persistia e era fundamental agitar o jogo: as trocas de Gonçalo por Matheus Reis e sobretudo de Nuno Santos por Arthur só pecaram por tardias. Nem do nosso balanço nas competições europeias: só vencemos um desafio em Alvalade - contra o Tottenham, por 2-0. Também não gosto nada de ver as equipas portuguesas fora das 12 semifinalistas nas três competições da UEFA: nem uma para amostra. Impressionante contraste com a Itália, que contará com cinco emblemas (Inter e Milan na Liga dos Campeões; Juventus e Roma na Liga Europa; Fiorentina na Liga Conferência). Os restantes são dois espanhóis (Real Madrid e Sevilha), dois ingleses (Manchester City e West Ham), um alemão (Bayer Leverkusen), um suíço (Basileia) e um holandês (AZ Ikmaar). Que frustração.

A vitória foi difícil, mas foi nossa

Casa Pia, 3 - Sporting, 4

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Trincão, herói do desafio disputado no Jamor: nunca tinha marcado três num jogo só

Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

 

Grande partida de futebol em Domingo de Páscoa, anteontem: foi até agora o jogo da Liga 2022/2023 com mais golos. Cheio de emoção até ao fim. 

Sete golos: eis o maior condimento deste belo cartaz de promoção do futebol que foi o Casa Pia-Sporting. Com os da casa (que continuam a actuar em palco emprestado, desta vez no Estádio Nacional) a revelarem eficácia máxima: três oportunidades, três golos. 

A vitória foi difícil, mas foi nossa. Contra a equipa-sensação deste campeonato, que venceu o Braga na Pedreira (0-1), impôs um empate caseiro ao FC Porto (0-0) e só não fez o mesmo com o Benfica, em desafio desenrolado no estádio de Leiria, porque os encarnados foram escandalosamente beneficiados pela arbitragem.

Recém-promovido ao primeiro escalão do nosso futebol, após muitos anos de ausência, o modesto emblema lisboeta aprendeu a bater o pé aos grandes. Assim fez ao Sporting: só aos 85' marcámos o golo da vitória, que fixou o resultado: 3-4. Beneficiando do facto de jogarmos contra dez a partir do minuto 64 devido à expulsão de Fellipe Cardoso, por acumulação de amarelos.

 

O herói desta partida chama-se Francisco Trincão - no seu melhor desempenho desde que actua de Leão ao peito. Marcou três dos quatro golos (primeiro, segundo e quarto) e está ainda envolvido no terceiro (apontado por Pedro Gonçalves). Estreia do jogador minhoto que fomos buscar ao Barcelona a apontar três de uma vez: nunca tinha alcançado tal proeza desde o início da carreira.

É dele também outro marco: o golo mais rápido do campeonato em curso. Bastaram 17 segundos para a introduzir na baliza. Grau máximo de eficácia. Desde a época 2014/2015 que ninguém se mostrava tão rápido a marcar: acontecera com Adrien ao Boavista, no Bessa.

Nota negativa para a defesa leonina, que andou aos papéis. Quase irreconhecível. A tal ponto que Rúben Amorim tomou uma decisão com o seu quê de inédito: ao intervalo, com 2-2 no marcador, decidiu manter no balneário dois dos três centrais, trocando Diomande por St. Juste e Matheus Reis por Gonçalo Inácio.

Estaria certamente irritado - e preocupado - com tantas falhas defensivas, no plano individual e colectivo.

Os números não iludem: levamos 26 golos sofridos. Metade dos que tínhamos na mesma jornada 27 há dois anos, quando fomos campeões.

 

A meia hora final foi imprópria para cardíacos, de parte a parte.

A verdade, porém, é que conseguimos empurrar a turma da casa para o seu reduto defensivo, sobretudo a partir do minuto 70. A pressão que exercemos foi tão intensa, já com Arthur a dominar a ala direita e Morita a infiltrar-se com perícia entre linhas, que o golo vitorioso se antevia a qualquer momento - excepto para os pessimistas irrecuperáveis. Aqueles que Rogério Azevedo tão bem descreveu ontem no jornal A Bola: «Leão que é leão pode ter nove pontos de avanço a três jornadas do fim, com vantagem no confronto directo, e mesmo assim desconfia. Torce o nariz, franze o sobrolho e passa as mãos por uma toalha para que esta lhe seque as mãos sempre húmidas».

 

A verdade é que vencemos. Não liguem àqueles que comentam este jogo como se tivéssemos empatado (como o FCP) ou até perdido (como o Braga).

Outro facto inquestionável: há onze jogos seguidos que o Sporting não perde. Desta vez não se trata de bater qualquer recorde, mas é uma marca já digna de registo. E de respeito. 

Bom augúrio para o embate desta quinta-feira contra a Juventus em Turim? Por mim, não hesito na resposta: é afirmativa. Sem torcer o nariz nem franzir o sobrolho.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Voltou a sofrer três golos, algo que só tinha acontecido nas jornadas 1 e 3 contra Braga e FC Porto, fora de casa. Sem responsabilidade em nenhum deles. 

Diomande - Claramente fora de forma, com pouca intensidade e alguma imprecisão nos passes, algo surpreendente nele. Será culpa do Ramadão. Saiu ao intervalo.

Coates - Tarde desinspirada do capitão, que claudicou nos golos sofridos: lentidão de reflexos e deficiente leitura dos lances. Jogou a ponta-de-lança entre os minutos 68 e 85.

Matheus Reis - Claramente em dia não, esteve mal nos dois primeiros golos do Casa Pia. Apático e trapalhão. O treinador retirou-o do jogo ao intervalo.

Esgaio - Neste seu jogo n.º 200 do campeonato, foi o melhor da nossa defesa - o único sem culpa em qualquer dos golos que sofremos. Aos 39', assistiu Trincão no segundo.

Ugarte - Quase se limitou a recuperar bolas e a vigiar o corredor central, quando o Casa Pia atacava pelos flancos. Falhou remate aos 16': continua sem marcar.

Pedro Gonçalves - Exibição de grande nível. Duas assistências para golo e ele próprio a marcar um - o terceiro, aos 48'. É o rei das assistências da Liga 2022/2023, já com nove.

Nuno Santos - Défice de pontaria nos cruzamentos, que raras vezes lhe saíram bem medidos. Azar ao tentar um alívio na grande área: num ressalto, o Casa Pia marcou o segundo.

Trincão - O seu melhor jogo pelo Sporting. Marcou aos 17'', 39' e 84'. Ainda teve intervenção no terceiro, com um toque de calcanhar cheio de classe para Morita. Tarde de gala.

Edwards - Abusou dos rodriguinhos, dando sempre um toque a mais na bola e perdendo ângulo de remate. Também abusou das quedas a simular penálti. Arriscou ver um cartão.

Chermiti - Dispôs de duas bolas prontas para golo, aos 20' e aos 34', mas permitiu a intervenção da defesa adversária por lentidão e talvez imaturidade. Saiu ao intervalo.

St. Juste - Rendeu Diomande aos 46'. Mais veloz e acutilante, atento às dobras sem perder intenção ofensiva. Podia ter feito melhor no terceiro golo que sofremos.

Gonçalo Inácio - Entrou aos 46', rendendo um desinspirado Matheus Reis. Melhor no passe longo do que o colega. Mas também não saiu isento de culpa no terceiro do Casa Pia.

Morita - Substituiu Chermiti (46'), permitindo a Pedro Gonçalves subir no terreno. Notável precisão no passe, batalhador pela posse de bola. Assistência perfeita no terceiro golo.

Arthur - Rendeu Esgaio (68'). Com maior propensão ofensiva, dinamizou o corredor direito, mais como extremo do que como ala. Contribuiu para o assalto final ao reduto adversário.

Rochinha - Último a entrar, aos 85'. Ainda a tempo de participar na construção do quarto golo, momentos após ter substituído Nuno Santos. Batalhador.

Pódio: Trincão, Pedro Gonçalves, Morita

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Casa Pia-Sporting pelos três diários desportivos:

 

Trincão: 22

Pedro Gonçalves: 19

Morita: 16

Edwards: 15

Arthur: 15

Esgaio: 14

Nuno Santos: 14

Ugarte: 14

St. Juste: 13

Adán: 13

Gonçalo Inácio: 12

Chermiti: 10

Diomande: 10

Rochinha: 9

Matheus Reis: 8

Coates: 8

 

Os três jornais elegeram Trincão como melhor em campo.

Chicão

Trincão não é o novo Sarabia como muitos (eu, incluído) achavam, mas a espaços vai mostrando toda a sua qualidade. Melhora de semana para semana e, possivelmente, é o primeiro reforço para 2023-2024. Para já, leva 43 jogos, 11 golos e 3 assistências, números semelhantes (40 jogos, 9 golos e 11 assistências pelo Braga) aos que fizeram o Barça gastar 30 milhões no seu passe. Bem-vindo, Tri Tri Trincão.

O (des)bloqueio mental de Trincão

Em 2019/2020, pode-se dizer que Francisco Trincão foi o jogador revelação do campeonato, especialmente na 2.ª volta, quando "explodiu" e passou a titular absoluto do Braga, com muitos golos e assistências.

Ainda assim, ninguém esperaria que meia época de grande qualidade o levasse logo para um dos maiores clubes do mundo, o Barcelona, mas foi precisamente isso que sucedeu, tendo o clube catalão investido 31 milhões de euros, na altura a maior transferência de sempre do Sp. Braga. 

Como seria de esperar, aos 20 anos, o jovem Trincão teve dificuldades para se impor em Espanha, num clube onde historicamente têm sido muitos os jogadores portugueses que passam pelos mesmo problemas. 

Não surpreendeu ninguém que na 2.ª época o seu clube tenha decidido emprestá-lo. Foi para o Wolverhampton onde se esperava que fosse actuar regularmente, mas não foi de todo o caso, acabando por fazer mais uma temporada fraca.

Não se impor no Barcelona nunca deve ser bom para a confiança de um atleta, mas pior ainda deve ser quando nem no Wolverhampton se consegue fazer a diferença.

Assim chegámos ao início desta temporada, quando o Sporting precisava de um substituto para Pablo Sarabia e Rúben Amorim deve-se ter lembrado de Trincão, que ainda chegou a treinar em Braga, apostando que o conseguiar recuperar e voltar aos tempos em que fazia a diferença.

Depois de um início de temporada fraco, fruto de dois anos sem jogar regularmente, começaram a melhorar os índices físicos e a confiança, cimentada com três golos em dois jogos seguidos, que pareciam indicar que o melhor estava para vir. Mas o melhor nunca veio e Trincão nunca conseguiu ser consistente.

Parece um jogador que ainda precisa melhorar a sua confiança. Se as coisas lhe começam a correr mal nunca mais aparece no jogo mas se correrem bem fica motivado e destaca-se.

Mesmo no jogo de ontem, onde fez o um hat-trick, como seria se, em vez de marcar logo aos 17 segundos, tivesse falhado o golo?

A qualidade está lá toda, o problema parece-me ser apenas mental e isso é algo que ele e todos os que o rodeiam têm de trabalhar. 

Rescaldo do jogo de ontem

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Trincão marcou três golos ao Casa Pia no Jamor: a sua melhor exibição pelo Sporting

Foto: Miguel A. Lopes / EPA

 

Gostei

 

Dos três pontos que trouxemos do Jamor. Confronto difícil com o Casa Pia, equipa-sensação do campeonato, que há um ano jogava no segundo escalão e nem tem podido utilizar o seu estádio. Mas cumprimos o essencial: vencemos por 3-4. Estamos na luta, em perseguição constante ao Braga para um lugar no pódio desta Liga 2022/2023.

 

De Trincão. Foi, de longe, o seu melhor jogo desde que chegou ao Sporting. Talvez tenha sido o jogo que desfez as dúvidas ainda existentes entre os adeptos, projectando-o como potencial craque - e um dos activos mais valiosos do plantel leonino. Marcou três golos - algo que ainda não tinha conseguido numa só partida e que neste campeonato apenas Taremi alcançara uma vez. O primeiro, logo aos 17 segundos, de pé direito. O segundo foi aos 39' - golaço, com a bola bombeada em arco para um ângulo impossível. E o terceiro, que nos valeu a vitória, aos 85'. Exibição de luxo, inquestionável. Melhor em campo, claro.

 

De Pedro Gonçalves. Outra excelente exibição, confirmando-se como patrão do nosso onze actual. Está cada vez mais influente, mais confiante, mais determinado, com melhor visão de jogo e maior disciplina táctica. Mas precisa de actuar lá na frente, com óbvia vantagem para a equipa. Viu-se ontem, frente ao Casa Pia: um golo (aos 48') e duas assistências (para o primeiro e o terceiro de Trincão). Foi também ele, pela sua combatividade, a estar na origem da expulsão de Fellipe Cardoso, por acumulação de amarelos -  o que nos fez jogar contra dez durante cerca de meia hora. Soma e segue: já leva 18 golos marcados na época em curso.

 

De Morita. Em constante progressão no plantel leonino. Desta vez Rúben Amorim manteve-o fora do onze inicial, certamente a poupá-lo para o desafio de quinta-feira, da Liga Europa, frente à Juventus. Ao intervalo, o técnico percebeu que não podia dar-se ao luxo de manter o internacional japonês no banco. E fez bem: é um médio de características ofensivas que domina muito bem a bola e sabe empurrar a equipa para a frente com intenção e critério. Assistência perfeita, aos 48', a isolar Pedro Gonçalves para o terceiro golo.

 

Do espectáculo. Em tarde de Domingo de Páscoa, este Casa Pia-Sporting foi um excelente cartaz de promoção do futebol. Emoção constante, intensidade ofensiva, resultado incerto, suspense até ao fim. Estivemos três vezes em vantagem, e por três vezes os "gansos" conseguiram empatar - aos 7', aos 54'+2 e aos 62'. Não esqueçamos que esta é a mesma equipa que, também em casa (mas não no seu estádio), impôs em Janeiro um empate a zero ao FC Porto para o campeonato e em Novembro derrotou o Braga na Pedreira.

 

Dos golos. Esta foi, até agora, a partida com mais golos na Liga 2022/2023. Foi também aquela em que ocorreu o golo mais rápido - 17 segundos após o apito inicial. Foi ainda a primeira vez que marcámos quatro num só jogo deste campeonato. O golo é o condimento supremo do futebol: eis, portanto, outro ponto a destacar pela positiva.

 

Do apoio incessante dos adeptos. Nunca faltou aos nossos jogadores o incentivo das bancadas. Mesmo com muitos adeptos a chegar tarde devido às deficientes condições de acesso ao estádio e de entrada no Estádio Nacional, algo que necessita de revisão urgente. 

 

 

Não gostei

 

Dos três golos encaixados. Um balde de água fria após cinco jogos seguidos com as nossas redes invioladas. Desde a era de Leonardo Jardim, há dez temporadas, que não estávamos tanto tempo sem sofrer golos. 

 

Da defesa. Desta vez o problema estava lá atrás. Com um trio composto por Diomande, Coates e Matheus Reis. De tal maneira que dois deles saíram ao intervalo: o marfinense, talvez debilitado por estar a cumprir o 20.º dia de Ramadão, e o brasileiro, que teve responsabilidades no primeiro golo - o segundo acaba por acontecer após ressalto, infeliz para nós, em Nuno Santos, que corria para ajudar. As entradas de St. Juste e Gonçalo Inácio ajudaram a estabilizar a linha defensiva, que melhorou no segundo tempo. Mesmo assim, culpas repartidas entre Coates e Gonçalo no terceiro que sofremos. Alguma apatia, pouca dinâmica, desconcentração, incapacidade de prever os movimentos adversários.

 

De Chermiti. Segunda partida consecutiva a substituir Paulinho, ausente por lesão. Novamente sem fazer a diferença em zonas de decisão. Deixou-se antecipar nas duas flagrantes oportunidades de que dispôs, aos 20' e aos 34'. Sem surpresa, já não regressou após o intervalo. Com apenas 18 anos, tem ainda muito para evoluir.

 

Do resultado ao intervalo. Estávamos empatados 2-2. Consequência da excessiva lentidão do nosso jogo durante a meia hora inicial e da falta de pressão sobre o portador da bola quando o Casa Pia saía em ataque organizado. Dava a impressão que alguns jogadores - talvez quase todos - estavam já a pensar mais no desafio contra a Juventus, poupando-se neste. Ia-nos saindo caro.

 

Da classificação. Seguimos em quarto lugar, vendo o Braga com mais cinco pontos, o FC Porto com mais sete e o Benfica a uns inatingíveis 14 pontos. Há cada vez menos tempo e menos espaço de recuperação, quando só faltam sete jornadas. O melhor a que ainda podemos aspirar, realisticamente, é ao último posto do pódio. 

Belo golo de Trincão e Bellerín já marca

Sporting, 2 - Estoril, 0

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Héctor Bellerín, autor do primeiro golo leonino: há dois anos que não marcava

Foto: José Sena Goulão / Lusa

 

Há jogos assim: apenas para ver um golo - um grande golo - vale a pena ir ao estádio.

Aconteceu na passada segunda-feira, na recepção ao Estoril. Trincão pegou na bola na ala esquerda ofensiva, flectiu para o centro com ela dominada, colando-a ao pé esquerdo e fez uma incursão rápida pela área estorilista. Passou um, dois, três, quatro - e rematou de pé direito, sentando o guarda-redes. 

Era o nosso segundo golo, aos 51'. De antologia, fazendo lembrar alguns dos melhores de Messi nos seus anos áureos. Candidato desde já a golo do ano neste campeonato 2022/2023. Sinal inequívoco de que Trincão - que várias vezes tenho criticado - precisa de ser mais trabalhado não no plano técnico, mas no plano mental.

O mais importante está lá. Os números comprovam: faltam a Trincão dois golos para conseguir o seu melhor registo como artilheiro numa época. Precisa de maior acompanhamento no capítulo psicológico para aumentar os níveis de confiança. Será o principal problema dele.

 

Selava-se o resultado, confirmava-se a vitória leonina numa partida que dominámos do princípio ao fim. Infelizmente, perante o mais baixo número de espectadores para um desafio deste campeonato no Estádio José Alvalade: apenas 22.303 compareceram.

Foi pena, mas não admira muito: os horários têm sido péssimos, os preços mantêm-se desencorajadores, as fracas exibições da nossa equipa não têm ajudado a atrair o público. A SAD do Sporting tem de encarar este conjunto de questões muito a sério - cada qual na sua ordem de prioridades.

 

O que se retira desta vitória? Desde logo esta evidência: St. Juste e Bellerín são reforços, não enganam. Pena o espanhol ter vindo só por empréstimo. Mas parece estar a aproveitá-lo bem. De tal maneira que foi ele o autor do nosso primeiro golo, aos 40', aproveitando da melhor maneira um ressalto como se fosse interior direito, já longe da ala.

Há dois anos que não marcava. A última vez tinha sido num Arsenal-Leeds, quando integrava o plantel dos gunners. Esperemos que a quebra deste jejum indicie que outros golos dele virão aí. Porro parece ter um digno sucessor como ala direito na nossa equipa.

Bellerín, titular, combinou muito bem no seu corredor com Edwards. O inglês esteve quase a abrir o marcador, aos 39', num espectacular remate em arco que rasou a barra estorilista. Mais uns centímetros abaixo e teria entrado. Seria outro golo espectacular. 

 

Inversamente, Paulinho teve outra prestação muito apagada. Rematou uma vez, é certo: aos 18', após soberbo centro de Edwards, mas o cabeceamento foi bloqueado pelo guarda-redes. Depois o nosso avançado-centro sumiu-se da partida. Não sem antes tentar simular uma falta que não existiu - comportamento recorrente nele.

Várias vezes tenho apontado esta péssima característica de Paulinho. Há uma tendência no Sporting para criticar elementos de outras equipas que exibem os erros e defeitos evidenciados por alguns dos nossos, contestando muito os primeiros mas não os segundos, como se estes não fizessem o mesmo.

Prefiro ser mais exigente com os nossos. Daí considerar lamentável essas sessões de mau teatro.

 

Enfim, boa arbitragem do árbitro Manuel Mota, hoje um dos melhores em Portugal. Já foi um dos piores, o que comprova até que ponto o nível da arbitragem tem baixado.

Sem cartões, só 15 faltas, nenhum caso controverso. Mota é dos poucos que não confundem contacto físico com falta e não se deixam embarretar com os mergulhos para o relvado. Para termos futebol à inglesa precisamos de arbitragens à inglesa. Como esta foi.

Logo a seguir, no Vitória-Braga desse mesmo dia 27, apitado pelo famigerado senhor Luís Godinho, voltou tudo ao mesmo. Em vez de festa do futebol, festival de apito.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Foi uma das boas notícias do jogo frente ao Estoril: manteve as nossas redes intocáveis. Grande defesa aos 22'. Saiu muito bem dos postes aos 37'. Voltou a transmitir confiança à equipa.

St. Juste - Recuperou a titularidade revelando segurança e solidez a defender e capacidade de avançar no terreno com a bola controlada. Iniciou a construção do primeiro golo.

Coates - Tem revelado algum cansaço. Desta vez, felizmente, não foi necessário adaptá-lo a ponta-de-lança improvisado. Se fosse preciso, lá estaria ele. Já marcou 30 golos de Leão ao peito.

Matheus Reis - Regressou ao onze, mas parece longe da boa forma que evidenciou noutras partidas. Perdeu a bola em zona proibida, aos 22', e pareceu ficar marcado por esse lance.

Bellerín -  Revelou confiança e maturidade no lance do golo que desbloqueou o jogo. Confiança no domínio da bola e maturidade no disparo à baliza, sentando o guarda-redes. 

Morita - Foi campeão das recuperações neste jogo sem Ugarte, seu parceiro no meio-campo. Chegou e sobrou para as encomendas, batendo-se como um leão nessa zona nevrálgica.

Pedro Gonçalves - Novamente devolvido ao meio-campo, embora mais adiantado do que Morita, já próximo das linhas avançadas. Muito móvel, baralhando marcações. Faltou-lhe o golo.

Nuno Santos - Foi dele o primeiro remate perigoso (13') num remate cruzado rasteiro que passou perto do poste esquerdo. Dois bons centros para Paulinho (32' e 36'), ambos desaproveitados. 

Edwards - Ofereceu um golo a Paulinho e esteve a centímetros de marcar um golaço, ele próprio. Muito activo na ala direita, venceu no confronto com Joãozinho. Combinou bem com Bellerín.

Trincão - No primeiro tempo parecia alheado do jogo, mas regressou ao relvado com uma atitude totalmente diferente. Marcou um golão e podia ter marcado mais dois.

Paulinho - Outro jogo sem marcar. Cabeceou com intenção, bem servido por Edwards, mas viu o guarda-redes negar-lhe o golo (18'). Foi-se apagando até ser substituído.

Chermiti - Entrou aos 67', rendendo Paulinho. Aos 90' recebeu a bola de costas, em posição frontal: rodopiou e rematou, para defesa apertada do guarda-redes. Merecia mais tempo.

Gonçalo Inácio - Substituiu Coates (67'). Desta vez no eixo da defesa, contribuiu para a construção a partir de trás e ajudou a manter a nossa baliza impermeável.

Esgaio - Rendeu Bellerín aos 77'. Manteve a solidez defensiva na ala direita numa fase da partida em que o objectivo principal era segurar a bola, sem facilitar.

Arthur - Substituiu Nuno Santos (77'). Extremo clássico, pouco vocacionado para defender. Sente-se melhor a atacar. Os números comprovam: já tem quatro golos e quatro assistências.

Tanlongo - Rendeu Pedro Gonçalves aos 82'. Ainda não foi titular desde que chegou ao Sporting. Demonstra boa técnica, mas precisa de refrear melhor as entradas mais ríspidas.

Gonçalo, Pedro Gonçalves... e Trincão

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Ter o novo seleccionador nacional de futebol a assistir ao jogo, na tribuna de Alvalade, pode constituir um factor adicional de motivação. E se calhar foi mesmo, nesta segunda-feira, em que dominámos por completo e vencemos o Estoril por 2-0.

Sob esta observação intensa do espanhol que sucedeu a Fernando Santos no comando da equipa das quinas, Gonçalo Inácio foi seguramente um dos nossos jogadores que mais terão aproveitado esta oportunidade. Com a linha central à direita agora bem preenchida com St. Juste e Diomande, pode enfim actuar na sua posição natural, à esquerda, como canhoto que é. O que potencia a sua utilização no onze nacional.

Pedro Gonçalves é, naturalmente, outro jogador sob escrutínio. Este nem terá sido dos seus melhores jogos, mas Roberto Martínez - com uma capacidade de observação muito acima da média, até por ter liderado a selecção belga durante seis anos - sabe com certeza que o ex-Famalicão terá de constar das próximas convocatórias.

Resta quem? Nuno Santos, claro. Mas a concorrência é fortíssima: não ignoramos como a ala esquerda está bem servida na equipa nacional. 

Claro que há sempre lugar para uma surpresa. Quase apostaria que Rúben Amorim falou disso a Trincão ao intervalo, lembrando-lhe quem estava na tribuna a tomar notas sobre o jogo. Às vezes estes pormenores fazem toda a diferença. Talvez isto contribuísse para o enorme contraste da exibição do ex-Braga do primeiro para o segundo tempo - exibição coroada com um golo de antologia.

Pode ter sido coincidência. Ou não.

 

Pódio: Trincão, Bellerín, Morita

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-Estoril pelos três diários desportivos:

 

Trincão: 20

Bellerín: 17

Morita: 17

Edwards: 16

St. Juste: 16

Paulinho: 15

Nuno Santos: 15

Pedro Gonçalves: 15

Adán: 15

Matheus Reis: 15

Coates: 14

Chermiti: 12

Gonçalo Inácio: 12

Arthur: 12

Esgaio: 12

Tanlongo: 6

 

Os três jornais elegeram Trincão como melhor em campo.

Rescaldo do jogo de ontem

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Trincão marcou o nosso segundo, autêntica obra de arte, rasgando a defesa do Estoril

Foto: José Sena Goulão / Lusa

 

Gostei

 

Da vitória em casa frente ao Estoril. Domínio total do Sporting neste embate em Alvalade que só pecou pelo resultado escasso (2-0) face à exibição muito conseguida. Futebol de ataque, bem ligado, alternando a condução da bola pelos flancos e pelo espaço interior, baralhando as marcações estorilistas.

 

De Bellérin. Recém-chegado para substituir Porro, já marca. Titular ontem, assumiu-se como dono do flanco direito. Mas foi em incursão no corredor central que fez o golo inaugural da nossa equipa, em estreia absoluta como artilheiro de Leão ao peito - como se fosse um avançado, com toda a calma do mundo. Há dois anos que não marcava: na última vez, ainda actuava no Arsenal. No Barcelona e no Bétis ficou em branco. Em boa hora interrompeu o jejum. Ganhámos com  isso.

 

De Edwards. Grande partida do ex-Tottenham combinando muito bem com Bellerín no corredor direito: parece que jogam juntos há muito tempo. Vários dos nossos lances mais perigosos partiram dos pés dele: cruzamento perfeito para a cabeça de Paulinho (18'), outros centros dignos de nota aos 58' e aos 90'+3. Ele próprio esteve a centímetros de marcar um golaço num remate em arco para o canto superior direito da baliza estorilista (39').

 

Do golo de Trincão. Após onze jogos em branco, o ex-Braga mostrou enfim um rasgo de génio. Aos 51' pegou na bola junto ao flanco esquerdo, levou-a em progressão, foi rasgando a defesa, tirou quatro do caminho e deixou o guarda-redes pregado - num lance à Messi, com a diferença de ter marcado com o direito, que é o seu pior pé. Mas nem parecia. Só para ver esta obra-prima valia a pena ter ido ao estádio. Podia ter bisado aos 63' e colocou muito bem a bola em Chermiti aos 90'. Após uma primeira parte em que pareceu desaparecido, despertou no segundo tempo - e de que maneira. Melhor em campo.

 

De St. Juste. Após meses de inactividade forçada devido a uma série de quatro lesões, parece enfim totalmente recuperado. E vai agarrando a titularidade como central à direita. Seguro, confiante, exibiu-se em alto nível. Agora já podemos dizer que é reforço.

 

De não termos sofrido qualquer golo. Dos 22 desafios já disputados neste campeonato 2022/2023, só mantivemos as nossas redes intactas em oito. Este foi um deles. 

 

Da clara superioridade no nosso estádio. Até agora, onze jogos da Liga em casa com um balanço largamente positivo: nove vitórias. As partidas contra Chaves e FC Porto foram excepções à regra. Oxalá pudéssemos dizer o mesmo dos desafios já disputados longe de Alvalade.

 

Dos aplausos a Francisco Geraldes. O nosso antigo médio, formado na Academia de Alcochete, continua a ser muito estimado pelos adeptos. Aos 57', quando foi substituído, recebeu uma calorosa e espontânea salva de palmas. Merece este carinho.

 

Do árbitro Manuel Mota. Facto raríssimo no nosso campeonato: chegou ao fim do jogo sem exibir qualquer cartão. Critério largo, à inglesa, deixando a bola rolar sem interromper a partida ao menor contacto físico nem confundir futebol com festival de apito. É hoje dos poucos a mostrar-se assim em Portugal, valorizando o espectáculo e propiciando mais tempo útil de jogo. Ao contrário de Artur Soares Dias, João Pinheiro e mais uns quantos.

 

De termos vencido em três estádios nesta ronda. Continuamos em quarto lugar, mas agora mais perto dos postos que dão acesso à próxima Liga dos Campeões. Aproveitámos as derrotas do FC Porto no Dragão frente ao Gil Vicente (1-2) e do Braga em Guimarães (2-1). 

 

 

Não gostei

 

Da ausência de Ugarte. O uruguaio ficou fora desta partida devido a uma falta totalmente escusada que lhe valeu um amarelo - o nono neste campeonato. Mas a posição 6 foi bem entregue a Morita, que desempenhou a tarefa sem problema e ainda arriscou várias incursões para zonas mais adiantadas do terreno. 

 

De ver Pedro Gonçalves fora do trio ofensivo. Após bisar em Chaves, jogando onde melhor exibe a sua veia como finalizador exímio, o maior marcador da Liga 2020/2021 voltou a ser remetido ao meio-campo. Ali parece escondido do jogo, mas está apenas a cumprir a missão táctica que o treinador lhe confia. Gostava de o ver de novo lá na frente nos próximos desafios.

 

Do tangencial 1-0 ao intervalo. Sabia a pouco após várias oportunidades que ficaram por concretizar. Pelo menos quatro. 

 

De Paulinho. Outro jogo em branco. Desta vez teve uma boa oportunidade, quando Edwards lhe pôs a bola na cabeça em posição frontal: o remate saiu forte, mas de modo a permitir uma boa defesa do guarda-redes. Ficou-se por aí. Mas só cedeu lugar a Chermiti aos 67'. Nos 89 desafios que já cumpriu de verde-e-branco nestes dois anos, marcou 28 golos atá agora. Número escasso para um avançado-centro.

 

Das enormes clareiras nas bancadas. Apenas 22.300 espectadores viram ao vivo este Sporting-Estoril, iniciado às 19 horas de ontem, segunda-feira. Muito poucos: há cada vez mais gente a perder o hábito de ir ao estádio. Foi a mais fraca assistência para o campeonato nesta época.

O dia seguinte

Foi duma forma competente e eficaz que o Sporting derrotou o Estoril, poucos dias depois da Dinamarca e de Chaves, e beneficiando das derrotas de Porto e Braga se aproxima dos lugares de acesso à Champions.

Competente e eficaz porque conseguiu colocar sempre o Estoril junto à sua área, num desgaste permanente de basculações defensivas que tornava difícil partir para o contra-ataque em boas condições, e calmamente foi criando oportunidades de marcar, embora falhando no último passe ou remate.

A chave para a vitória foi a ala direita, com St. Juste, Bellerín e Edwards a combinar bem e a criar movimentos inesperados para o adversário. Dum deles surgiu o golo de Bellerín em posição central.

Depois dum princípio de jogo a claudicar, Trincao abriu o livro e marcou um golo à Messi. 

E com esse golo o jogo ficou resolvido. Vieram as substituições, veio a anarquia táctica e o desperdício.

Foi a terceira vitória consecutiva com poucos dias de intervalo e viagens pelo meio, grande rotação de jogadores, muitos golos marcados e poucos sofridos. A ideia que fica é dum plantel mais forte e equilibrado, o que deixa boas perspectivas para o resto da época.

Melhor em campo? Trincão pelo grande golo e segunda parte.

E agora? Ir ganhar a Portimão, conto lá estar. Depois logo se vê.

SL

Quente & frio

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Festa dos nossos jogadores em triunfo categórico na Dinamarca: goleada leva-nos aos oitavos

Foto: Bo Amstrop / EPA

 

Gostei muito da nossa goleada (0-4) na Dinamarca. Aqueles que já rasgavam as vestes, antecipando uma eliminação antecipada do Sporting nesta pré-eliminatória de acesso aos oitavos da Liga Europa, confirmaram que não nasceram para ser zandingas. Foi um dia chato para os profetas da desgraça: após o empate 1-1 em Alvalade, fomos a Herning golear a briosa equipa local, que também conta com um Paulinho no seu onze-base. Este Paulinho deu-nos muito jeito ao fazer-se expulsar por acumulação de cartões aos 38': passámos a jogar contra dez, o que nos facilitou a vida. Mas dominámos quase o tempo todo uma equipa que, sem o fulgor de uma semana antes em Lisboa, revelou ter uma defesa de papel - o autogolo deles, que fechou a conta aos 85', foi digno dos "apanhados": guarda-redes longe da baliza, defesa Gaternmann a centrar para o guardião que lá não estava, bola a entrar calmamente enquanto os nossos festejavam.

 

Gostei de Pedro Gonçalves - homem do jogo, herói da partida. Aos 50', marcou o segundo - um golaço que merece ser revisto várias vezes. Um minuto antes já ameaçara com um disparo colocadíssimo, forçando o guarda-redes adversário à defesa da noite. O terceiro, aos 77', também é dele, beneficiando de um ressalto na defesa que traiu o guardião. Se fosse preciso, teria ficado demonstrado anteontem, nesta partida que nos colocou nos oitavos da Liga Europa, que o ex-Famalicão deve jogar sempre no trio ofensivo, onde sabe colocar-se muito bem entre linhas com inegável faro de golo. Já leva 16 nesta temporada ainda longe de chegar ao fim - e contabiliza sete assistências. Melhor em campo, melhor do plantel leonino em 2022/2023, estreante de luxo como artilheiro na Liga Europa neste embate em que dois dos golos nasceram de pontapés de canto. Estamos a aproveitar bem os lances de "bola parada".

 

Gostei pouco de algumas exibições. Gonçalo Inácio, reconduzido à ala esquerda dos centrais, alterna a precisão dos passes longos com lapsos momentâneos que o levam a comprometer o equilíbrio defensivo. Edwards, quando os primeiros dribles não resultam, fica meio desligado do jogo, sem compromisso colectivo. Adán, com boas defesas aos 17' e 63', voltou a repor mal uma bola aos 90' por excesso de confiança: o fantasma de Alvalade, no desafio da primeira mão, pareceu pairar ali por momentos. Morita, regressado há dias após demorada ausência por fadiga muscular, ainda não aguenta os 90 minutos: saiu aos 53'. Mesmo assim o japonês teve intervenção decisiva no primeiro golo, ao desviar de cabeça a bola ao primeiro poste enquanto St. Juste o completava no segundo e Coates surgia no meio, de cabeça, aproveitando o ressalto para a meter lá dentro pelo segundo jogo consecutivo. Aconteceu aos 21': virámos aí a eliminatória a nosso favor. Momento decisivo, com o capitão leonino a mostrar como deve actuar um ponta-de-lança. Apesar de ser defesa.

 

Não gostei do amarelo que Ugarte viu aos 73', infantilmente, ao ceder à provocação de um adversário, empurrando-o. Se fosse no campeonato português, em vez do amarelo poderia ter recebido cartão de outra cor. Mesmo assim, por acumulação, isto basta para o deixar fora da próxima partida, no dia 9, contra o dificílimo Arsenal. Atitude imatura e irreflectida do brioso médio defensivo: estes nervos à flor da pele, sempre prontos a estalar à mínima faísca, em nada contribuem para a estabilidade da equipa numa época que tem corrido muito abaixo do que todos pretendíamos. Sem novidade, voltei a não gostar de Paulinho: exibição apagadíssima, sem se libertar das marcações nem intervenção em qualquer dos golos. O melhor que conseguiu foi tocar com a ponta da bota, sem préstimo, num lance em que Nuno Santos o isolou com um passe quase milimétrico aos 67'. Outro jogo em branco, o que deixou de ser notícia.

 

Não gostei nada de Trincão. Continua a mostrar-se como uma espécie de corpo estranho no colectivo leonino. Rúben Amorim teve o bom senso de não o incluir no onze titular, onde Arthur figurou como ala esquerdo (e participação nos dois primeiros golos, num deles com assistência) e Esgaio foi ala direito (corte providencial, corrigindo erro de Coates, aos 32') na primeira parte, dando lugar a Bellerín no segundo tempo por já estar amarelado. O ex-Braga entrou aos 65', rendendo Edwards: teve quase meia hora para um passe de ruptura, uma tentativa de assistência, um remate, um lance que desse nas vistas. Nada. Parece atravessar uma fase de desmoralização total que o vai divorciando dos adeptos. 

Rescaldo do jogo de ontem

 

Não gostei

 

Da derrota no Funchal. O Sporting naufragou ontem frente ao Marítimo, num estádio que nos traz más recordações. Após sete vitórias consecutivas em duas competições, tropeçámos frente à equipa local. Esta derrota (0-1) é ainda mais frustrante por ser contra o penúltimo classificado do campeonato, a segunda equipa com pior defesa e que até agora não tinha registado qualquer vitória em casa. 

 

Da falta de atitude competitiva. Se vencêssemos o Marítimo, como era nossa obrigação, reforçávamos o quarto lugar na Liga, ficando a dois escassos pontos do FC Porto - que ontem empatou com o Casa Pia - e a três do Braga. Passávamos a depender só de nós para atingir um posto com acesso à próxima Liga dos Campeões - o terceiro ou mesmo o segundo, pois braguistas e portistas ainda terão de vir a Alvalade. Esta derrota torna esse objectivo cada vez mais distante. Decepção total.

 

De Rúben Amorim. Perdeu o jogo do ponto de vista táctico antes de o perder no relvado. Ao ver a nossa equipa encurralada no meio-campo defensivo, sem conseguir sair com a bola (só aos 17' chegámos pela primeira vez à frente), devido à pressão altíssima da turma de casa, não desfez o previsível sistema habitual nem mexeu no onze titular - a primeira substituição foi aos 57', mal sofremos o único golo do desafio, de penálti. Com os nossos alas condicionados e o meio-campo aturdido face ao domínio maritimista, a passividade do treinador só acentuou o problema.

 

De Trincão. Quase todos os nossos jogadores - vindos de dez dias sem competição, demasiado relaxados e desconcentrados - estiveram mal. Mas o extremo canhoto passou por completo ao lado da partida. Incapaz de fazer a diferença num só lance enquanto esteve em campo. Perdeu bolas, entregou-as ao adversário, falhou emendas - enfim, um desastre.

 

De Paulinho. O avançado que é ainda o melhor marcador da Taça da Liga parece não ter entrado no estádio dos Barreiros. Vimos, isso sim, aquele Paulinho a que já estamos familiarizados: a pecar na finalização. É certo que a única verdadeira oportunidade de golo foi dele, aos 17', em posição frontal - a que o guarda-redes adversário Marcelo Carné, em estreia no Marítimo, correspondeu com a defesa da tarde. Mas dois minutos depois falhou um golo cantado que lhe foi oferecido por Arthur, ao calcular mal a impulsão para cabecear. Apanhado em fora-de-jogo nuns lances e posicionando-se de forma errada noutros, teve exibição fraquíssima.

 

De Mateus Fernandes. Partida infeliz do jovem médio leonino, lançado apenas pela segunda vez como titular na equipa A, em inédita parceria com Ugarte. Vem habituado a jogar num meio-campo a 3 no Sporting B e parece ainda mal adaptado ao sistema de Amorim. Não conseguiu estancar o fluxo ofensivo do Marítimo e teve algumas decisões disparatadas - com maior destaque para o penálti totalmente desnecessário cometido aos 53'. Daí nasceria o golo solitário do Marítimo, aos 56'. E mais três pontos perdidos para nós.

 

Da falta de banco. É cada vez mais gritante a ausência de suplentes qualificados, como há meses vimos alertando aqui. Na ausência de dois habituais titulares (desta vez Pedro Gonçalves, a cumprir castigo, e Morita, lesionado) o onze nunca consegue ser o mesmo. Sem reforços nesta janela de Inverno, restar-nos-á uma temporada medíocre em perspectiva. A qualidade paga-se. E a falta de qualidade também.

 

De Rochinha e Jovane. O Sporting quer pô-los no mercado tão cedo quanto possível. E a exibição de ambos neste jogo só confirma que estão a mais no plantel. Rochinha, em campo desde o minuto 65, voltou a ser incapaz de fazer a diferença: o seu desempenho é sempre irrelevante. Jovane, que entrou aos 75', parece irremediavelmente perdido para o futebol leonino: teve até um pormenor patético, digno dos "apanhados", quando marcou um canto directamente para fora.

 

Da substituição de Coates. Amorim deu-lhe ordem de saída aos 75', aparentemente com receio de que ele visse um amarelo no quarto de hora final, afastando-o da próxima jornada no estádio da Luz. Mas o capitão leonino - o elemento de  maior estatura da equipa - saiu precisamente no momento em que mais falta nos fazia lá na frente, tentando marcar em lance aéreo ao menos o golo do empate. Ninguém compreendeu.

 

Do penálti perdoado ao Marítimo. Um empurrão óbvio nas costas de Porro, derrubado em falta na grande área aos 50', passou despercebido ao árbitro Helder Malheiro e ao respectivo árbitro auxiliar - decisão errada que o vídeo-árbitro Cláudio Pereira decidiu não reverter. Inclinando o campo claramente a favor da equipa da casa.

 

Dos cartões por protestos. É inconcebível vermos cenas destas repetirem-se, com prejuízo óbvio para a nossa equipa. Ontem, mais três: Porro, Matheus Reis e Esgaio viram amarelos por este motivo. O caso de Esgaio roça o absurdo: amarelado por protestar no banco de suplentes, do qual não saiu. A falta de atitude competitiva de uma equipa também se nota nestes aspectos.

 

Da classificação. Vemos agora - à 15.ª jornada - o Benfica já com mais 12 pontos. E temos o Casa Pia apenas um ponto abaixo de nós, ameaçando ultrapassar-nos no modesto quarto lugar.

 

De 2023. Começou da pior maneira para o Sporting. Com uma derrota logo ao primeiro jogo. É a quinta que sofremos neste campeonato: um terço dos desafios foram perdidos.

 

 

Gostei

 

Do Marítimo, agora com novo treinador. O onze insular, que passou a ser orientado por José Gomes, mereceu esta vitória. Foi superior ao Sporting do princípio ao fim.

 

De Porro. O menos mau dos nossos. Atitude combativa nunca lhe faltou. E teve um adversário directo à altura: o brasileiro Leo Pereira, recém-chegado ao Funchal - eis um verdadeiro reforço. O internacional espanhol voltou a servir bem os colegas pelo menos em três cruzamentos - aos 17', 81' e 90'+2. Mereciam ter sido aproveitados.

 

De Gonçalo Inácio. Desempenho também acima da média do jovem central leonino, que voltou a fazer duas posições: à direita, até à saída de Coates; e ao centro na fase final (com St. Juste, há muito afastado, enfim de regresso). Grandes cortes, em lances perigosos, aos 70' e aos 78'.

 

De Nuno Santos. Fora do onze inicial para acautelar um eventual quinto amarelo que o pudesse deixar fora do próximo desafio, frente ao Benfica, o ala esquerdo acabou mesmo por entrar, rendendo Arthur aos 57'. Dois bons cruzamentos: um pelo ar (67'), outro rasteiro (89'), infelizmente desaproveitados.

O futebol é o momento

Bastou uma vitória caseira por 5-0 contra um clube que é o melhor de Portugal tirando os 3 grandes para que tudo o que de pior aconteceu até agora nesta temporada fosse esquecido, para que o Paulinho fosse o maior e não importasse o que custou, para que o Trincão afinal até seja um bom jogador, para que Amorim seja um génio táctico do 3-4-3 e não o burro e teimoso doutros momentos.

E no entanto o que aconteceu nesse e nos últimos jogos apenas reflecte o tempo e a tranquilidade que existiu para treinar, e a evolução dos jogadores dentro do modelo de jogo e de treino, especialmente daqueles que chegaram esta temporada. E como Trincão e Edwards já conquistaram o seu espaço, também outros lá chegarão.

Mas tudo o que de bom aconteceu não pode servir para esquecer os problemas que continuam a afectar o plantel, nomeadamente a escassez de soluções para determinadas posições e a falta global de envergadura física. Basta tentar alinhavar um onze alternativo ao que entrou em campo em Alvalade no último jogo para perceber quais as posições em causa.

Bragança infelizmente parece que perdeu a época, e logo esta que poderia ter sido a da sua afirmação. Neto também a perdeu naquela entrada descuidada do jogador do Portimonense. Quanto a St.Juste, a lesão sofrida na pré-época condicionou tudo o resto, e agora tem de ser gerido "com pinças". 

Depois há aqueles como Esgaio, Jovane e Rochinha, que quanto mais querem menos conseguem. Algum deles poderá dar a volta, mas duvido.

Valores emergentes para o resto da temporada, sempre disponíveis para aproveitar da melhor forma as oportunidades que surgirem, parecem-me Marsà, Essugo, Fatawu e Arthur.

Quem poderia vir no mercado de inverno para reforçar o plantel? Para mim o principal problema está no eixo central e nas posições 6, 8 e 9, os seja os 2 médios-centros e o ponta de lança, pela falta de alternativas válidas para as posições de alto desgaste de Ugarte, Morita e Paulinho. Virá mesmo alguém? Não sei.

O futebol é o momento. Vem aí um conjunto de desafios muito complicados, outra vez as competições europeias no meio da semana, e podemos depressa voltar a uma situação pouco desejável e nessa altura lá virão os bota-abaixo do costume, os ressabiados com contas para saldar, os candidatos da treta, as claques a insultar os jogadores, etc.

Importa ter confiança mas importa também cuidar do escoamento de águas da casa enquanto não chove...

SL

Tempo e paciência

No final do jogo, a uma capciosa pergunta do microfonista televisivo, querendo saber que presente de Natal desejava, Rúben Amorim, com a sua proverbial inteligência, desarmadilhou a questão - era "mais jogadores" que o patego procurava ouvir, a ver se dava questiúncula e manchetes - e pediu especificamente aos sócios "tempo e paciência."

O modelo de jogo que Amorim implantou é complexo, requer articulação, entrosamento, intensidade, vivacidade, grande disponibilidade e maior atenção, quer aos pormenores quer às ocasiões do jogo,  para que sejam aproveitadas instantaneamente. Ou seja, requer doses maciças de treino e de cultura táctica.

Já se devia ter percebido com o "caso Matheus Reis" que isto não se ganha depressa. Este ano temos - e se calhar já se pode dizer "tivemos" - o caso Trincão, que andou um pouco perdido em campo, longe do fulgor de outrora, e tem vindo ultimamente a aproximar-se do nível que dele se esperava. Era de tempo que ele precisava.

Tempo não foi o que Amorim usufruiu na pré-epoca, com as trocas e baldrocas de Matheus Nunes e Tabata, e paciência não foi o que alguns sócios lhe concederam no início do campeonato.

Tempo e paciência é o que faz falta a Essugo, Sotiris, Mateus Fernandes, Fatawu, Marsà, Israel para crescerem de pintainhos a galos de combate com esporão afiado. Se não lhos derem, não conseguirão cumprir o que prometem.

Tempo e paciência, todo o tempo e muita paciência é o que, por mim, ofereço a Rúben Amorim, sejam quais forem os resultados imediatos. Porque os resultado que eu quero ver são outros: uma equipa a crescer consistentemente, sempre competitiva, saia quem saia, entre quem entre. E isso, pelo que temos visto, Amorim tem fornecido. Os cegos e os parvos, os frustrados e o maldosos, sempre de dedinho esticado à procura da culpa, que se danem.

Debaixo de chuva, primeira vitória a Norte

Famalicão, 1 - Sporting, 2

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Porro, sempre muito combativo no dilúvio de sábado à noite em Famalicão

Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa

 

Quebrou-se o enguiço: pela primeira vez nesta temporada, o Sporting conseguiu uma vitória a Norte. Numa partida disputada debaixo de chuva, por vezes muito forte, em que não era possível construir lances dignos de nota artística, foi clara a intenção de resolver cedo a questão e trazer três pontos do estádio do Famalicão, algo que não nos sucedia há 30 anos. 

Foi intensa a pressão leonina desde os primeiros minutos. Com as oportunidades a sucederem-se. Paulinho (4'), Trincão (10') e Pedro Gonçalves (18') podiam ter aberto o marcador, algo que não aconteceu - por inabilidade do primeiro, por "excesso de pontaria" do segundo, ao acertar em cheio no poste, e pela competência do guarda-redes Luiz Júnior ao vedar o acesso à baliza ao nosso n.º 28. 

O que não ocorreu em ataque continuado consumou-se depois, devido à pressão de Morita sobre o portador da bola numa tentativa de construção apoiada do Famalicão. Pelé, acossado, atrasou-a, colidindo com Paulinho: daí resultou um ressalto que fez a bola encaminhar-se por capricho para a linha de golo. Mas o último toque coube a Trincão, que três minutos depois arrancou um penálti, convertido por Pedro Gonçalves.

 

Assim se foi para o intervalo. No segundo tempo, com as substituições na sua equipa, o Famalicão ganhou velocidade e robustez. Aos 49', fez o primeiro remate enquadrado. Depois foi acentuando a pressão, enquanto o Sporting recuava para o seu reduto defensivo, abdicando do contra-ataque. 

O plano resultou, mas foi arriscado. A equipa fechou-se bem mas ficou à mercê de um lance fortuito, de bola parada, que pudesse virar o resultado. Temeu-se tal desfecho quando a turma minhota marcou, aos 78', no mais vistoso golo da noite chuvosa - Iván Jaime em pontapé-de-bicicleta, beneficiando de uma tabela involuntária em St. Juste que traiu Adán.

Ficou-se por aí o desafio de anteontem, marcado pela habitual arrogância do árbitro Artur Soares Dias, lesto a distribuir cartões (sete para o Sporting, quatro para o Famalicão) com a sede de protagonismo que sempre o caracteriza. Muito duvidoso foi o lance do golo anulado a Morita, na sequência de um canto marcado por Porro: após demorado visionamento das imagens, o VAR decidiu invalidá-lo por alegado fora-de-jogo de 18 cm. Nenhuma imagem que pudemos ver confirma tal tese.

Ficou a sensação de que as "linhas virtuais" na Cidade do Futebol andam muito tortas.

 

O mais importante foi conseguido: três pontos. Com Trincão a sobressair num desafio em que Pedro Gonçalves, Morita e Gonçalo Inácio mereceram nota positiva. Ao contrário de Paulinho, que parece ter perdido de vez a veia goleadora. 

Jogo a jogo, retomando o lema que nos inspirou na conquista do título de 2020/2021, vamos somando pontos (seis vitórias nos últimos cinco jogos da Liga) e ascendendo degrau a degrau na tabela classificativa. Agora em quarto lugar, após ultrapassarmos V. Guimarães e Casa Pia. E já de olhos postos no Braga, três pontos acima de nós mas ainda com uma deslocação a Alvalade em agenda. O próximo alvo será esse.

Até lá, seis semanas de pausa no campeonato imposta pelo controverso Mundial do Catar, onde teremos pelo menos quatro jogadores: Coates, Ugarte (pelo Uruguai), Morita (pelo Japão) e Fatawu (pelo Gana). 

Por cá, vamo-nos entretendo com a insípida Taça da Liga. É o objectivo que nos resta, além da imperiosa necessidade de conseguirmos um lugar de acesso à Liga dos Campeões do próximo ano e, claro, da Liga Europa que começaremos a disputar em Fevereiro, num confronto em duas mãos com o Midtjylland, equipa situada em sétimo lugar no campeonato da Dinamarca.

Adversário acessível? Claro que sim. Mas isso já é outra história.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Noite de pouco trabalho. Controlou os lances ofensivos com toda a naturalidade. Excepto no lance do golo, que estaria ao seu alcance mas foi traído por um ressalto.

St. Juste - Fez o primeiro jogo completo pelo Sporting. Revelou eficácia a defender e soube apoiar o ataque. No golo sofrido deixou que a bola tabelasse nele e rumasse à baliza.

Coates - Ganhou grande parte dos duelos aéreos. Neste momento, ninguém o bate neste domínio no plantel leonino. Foi poupado desta vez a fazer de ponta-de-lança improvisado.

Gonçalo Inácio - Foi de menos a mais. Perde a bola aos 21', no meio-campo. Provoca um canto desnecessário aos 76'. Compensou estes erros com um corte providencial aos 85'.

Porro - Apático no período inicial do jogo, quando o nosso fluxo ofensivo era canalizado pelo flanco oposto. Aos 82', marcou muito bem o canto que daria golo (invalidado).

Ugarte - Perdeu duelos individuais mais vezes do que devia e continua sem conseguir estrear-se como goleador de verde e branco. Tentou, aos 36', mas saiu-lhe muito por cima.

Morita - Protagonizou dez recuperações de bola. Pressionou muito, originando o primeiro golo. Marcou o terceiro, aos 62': fora-de-jogo que só o VAR conseguiu ver. 

Matheus Reis - Tem jogado como central, desta vez foi lateral. Tanta oscilação parece afectá-lo: arriscou o vermelho ao pontapear um adversário após o apito para o intervalo.

Trincão - Dois meses depois, volta às boas exibições na Liga. Atirou ao poste, marcou o primeiro golo, fez o centro que nos daria penálti e o segundo. Melhor em campo.

Pedro Gonçalves - Cinco passes de ruptura: excelente o centro para Paulinho aos 36'. Quase marcou aos 18'. Exímio a converter o penálti que fixaria o resultado aos 45'+3.

Paulinho - Jogo após jogo, vai continuando sem marcar. Voltou a acontecer em Famalicão. Bem servido quatro vezes, foi incapaz de a meter lá dentro. Contribuiu para o primeiro golo.

Arthur - Entrou bem aos 59', substituindo o amarelado Matheus Reis. No minuto seguinte, ameaçou o golo num remate cruzado a rasar o poste. Trabalha para ser titular.

Edwards - Desta vez saltou do banco, rendendo Trincão aos 70'. Boa incursão aos 73', colocando a defesa adversária em sentido. Perdeu influência com o recuo da equipa.

Esgaio - Entrou aos 80'. Como lateral esquerdo, fazendo Arthur avançar para ala direito. Pouco se deu por ele. Sem rasgo, como é hábito, mas sem qualquer erro digno de menção.

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