A ver o Mundial (21)
Este está a ser o campeonato do mundo dos guarda-redes. Ochoa, do México. Bravo, do Chile. Navas, da Costa Rica (virá mesmo para o Porto?). Buffon, de Itália. M'Bolhi, da Argélia. Neuer, da Alemanha. Até Júlio César, do Brasil (quando um guarda-redes brasileiro é considerado o melhor do jogo numa fase final de um Campeonato do Mundo isso não é nada lisonjeiro para o escrete canarinho).
Mas nenhum tão bom como Tim Howard, um herói de carne e osso no desafio que esta noite opôs a Bélgica aos Estados Unidos. Uma exibição histórica em que foi batido o recorde de defesas por parte de um guarda-redes em meio século de mundiais: aos 90 minutos regulamentares já tinham sido doze. Com as redes norte-americanas mantidas intactas.
No final, foram registadas dezasseis.
A Bélgica pressionou muito - no primeiro tempo sobretudo pelos pés da sua estrela, o extremo-esquerdo Hazard - mas esbarrou por sistema na barreira defensiva dos EUA, de que o guardião titular do Everton foi expoente máximo. Como se os 35 anos não pesassem já nas pernas de Howard. E pelos vistos não pesam mesmo.
Um exemplo de tenacidade e resistência que deve ser mencionado a todos quantos se apressaram a ridicularizar o empate conseguido pela selecção portuguesa perante esta equipa adversária, como se fosse o obstáculo mais fácil de superar. Não era, como bem confirmámos hoje frente à Bélgica, tantas vezes apontada como uma das favoritas à conquista do Campeonato do Mundo. Foram precisos noventa e tantos minutos para os belgas marcarem o primeiro golo, graças ao inegável cansaço físico dos norte-americanos.
Ao golo seguiu-se logo outro, mas os EUA ainda reduziram - tudo no prolongamento, um dos mais emocionantes de que há memória em torneios deste género, confirmando a excelência deste Mundial do Brasil.
Os belgas suaram imenso para levar os americanos de vencida. Foi justa, a recompensa da selecção mais jovem do Campeonato do Mundo que agora terá de bater-se nos quartos-de-final com a Argentina, também hoje com motivos para sorrir após uma vitória arrancada a ferros à Suíça, perto do fim do jogo, graças a um golo marcado por Di María. Messi desta vez ficou em branco. Com Cristiano Ronaldo já ausente, talvez tenha perdido alguma motivação para jogar.
Bélgica, 2 - EUA, 1
Argentina, 1 - Suíça, 0
Tim Howard, uma exibição para a história deste Mundial