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És a nossa Fé!

A força do Sporting

O debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, transmitido em simultâneo pela RTP, SIC e TVI/CNN Portugal, foi visto por uma média de 2,8 milhões de pessoas. Número cerca de meio milhão abaixo do protagonizado por António Costa e Rui Rio nas eleições legislativas de 2022, que registou 3,3 milhões.

Motivo: o Sporting jogava à mesma hora, em Moreira de Cónegos. Fez toda a diferença.

O menor dos 3 grandes?

Ainda há pouco, na entrada da gala "Rugidos de Leão", o nosso presidente deixou claro que o tempo do Sporting ser o clube menor dos 3 grandes em Portugal está por um fio.

E é mesmo um fio entrançado feito de vários. Um financeiro claramente demonstrável pelos R&C. Outro desportivo traduzido nos resultados do futebol e nas modalidades. Outro formativo com base nas academias próprias e parcerias de formação. Outro, o das infraestruturas e das arenas desportivas. Outro nos contratos televisivos. Outro ainda, que convém não esquecer, em termos éticos e de reputação desportiva.

 

Senão vejamos:

1. Financeiramente, apresentamos R&C positivos no clube e na SAD onde reforçámos a participação accionista. Enquanto isso o buraco financeiro do FC Porto está à vista de todos e vem aí a Dona Branca. Quem vier atrás que feche a porta.

1. Sporting: + 25,2 M€

2. Benfica : + 4,2 M€

3. FC Porto: - 47,6M€

 

2. Desportivamente, neste momento e olhando para as posições nas classificações nos respectivos campeonatos de cada um dos chamados "3 grandes", considerando a mesma classificação para os mesmos pontos, temos:

No futebol, Benfica 1º, Sporting 2º (mp), FC Porto 3º (Derrota por 1-2 no dérbi da Luz)

No futebol feminino, Benfica 1º, Sporting 2º, FC Porto não tem (Vitória por 3-1 no dérbi do Seixal)

No hóquei em patins, Sporting 1º, FC Porto 3º, Benfica 4º (Vitória no dérbi de Alvalade por 3-2, derrota no Dragão por 3-5)

No andebol Sporting 1º, FC Porto 2º, Benfica 3º (Vitórias fora  contra os dois rivais)

No voleibol, Benfica 1º, Sporting 2º, FC Porto não tem (Derrota por 0-3 no dérbi do João Rocha)

No voleibol feminino, FC Porto 1º, Sporting 3º, Benfica 4º (Derrota com o FC Porto por 0-3, vitória no dérbi de Alvalade por 3-2)

No futsal, Sporting 1º, Benfica 3º, FC Porto não tem (Vitória por 4-1 no dérbi do pavilhão Luz)

No basquetebol, Sporting 1º, Benfica 2º, FC Porto 6º (Vitória por 91-88 no dérbi de sábado)

 

Portanto, neste momento e numa perspectiva global:

1. Sporting

2. Benfica

3. FCPorto

 

3. Além dos resultados, podemos falar do valor do plantel do futebol de cada um dos 3 grandes conforme o TM:

1. Benfica - 359,6 M€

2. FC Porto - 289,0 M€

3. Sporting - 280,3M€

 

4. Em termos de formação temos uma Academia de Alcochete (que se prolonga no pólo EUL) reestruturada a todos os níveis, e uma extensão do conceito às diferentes modalidades numa óptica transversal. Penso que estaremos quase ao nível do Benfica, recuperando do atraso de vários anos de incúria, enquanto no FC Porto Pinto da Costa, que em 40 anos se esteve a marimbar para o conceito, promete agora que vai pensar no assunto antes de lhe dar uma coisa má. 

Ou seja,

1. Benfica

2. Sporting

3. FC Porto

 

5. Em termos de infraestruturas e arenas desportivas, aqui claramente o Sporting está numa posição de inferioridade face ao rival de Lisboa, não por Alcochete e pelo magnífico pavilhão mas pelo estádio e zona envolvente que muito deixam a desejar, e que não sei como poderão melhorar. O FC Porto vive de protocolos manhosos com a câmara de Vila Nova de Gaia que lhe permitem treinar e jogar a custos simbólicos. Pagamos todos nós.

1. Benfica

2. Sporting

3. FC Porto

 

6. Em termos de contratos televisivos, o Benfica tem TV própria, o Sporting um bom contrato com a NOS, e o FC Porto um contrato manhoso com uma Altice cujos responsáveis foram apanhados pela Justiça e afastados da empresa. Mais um do tipo W52, tudo preso ou quase. Se calhar estão à espera da "bóia de salvação" da centralização dos direitos televisivos patrocinada por um poder político infiltrado por pessoal de confiança, uns até com assento num tal Conselho Superior. O Sporting só tem de ser contra: que seja a massa de sócios e adeptos de cada um a ditar as leis.

Ou seja,

1. Benfica

2. Sporting

3. FCPorto

 

6. Em termos éticos e de reputação desportiva, nem vale a pena argumentar. Luis Filipe Vieira deixou no Benfica uma série de processos judiciais que envergonham qualquer clube, Pinto da Costa são 40 anos de métodos mafiosos, conhecidos e documentados em Portugal e fora dele, como pode testemunhar Sir. Ferguson. 

Ou seja,

1. Sporting

2. Benfica

3. FC Porto

 

Poderão dizer que não, que existe um património "intangível" dos outros dois, na influência nos poderes federativos, arbitrais, até mesmo políticos, autárquicos, judiciais, policiais, que remete fatalmente o Sporting para a figura de parente pobre, sempre a lamentar-se das injustiças causadas pelas canalhices dos outros.

Depois disso tudo, e independentemente de tudo o resto, Sporting e Benfica têm lideranças jovens já com alguma experiência, enquanto o FC Porto vive refém da saúde dum idoso rodeado duma feroz guarda-pretoriana sem vontade de largar a cadeira do poder. As próximas eleições prometem ser escaldantes: desta vez encontrou um adversário que vai a jogo sem medo de aparecer a boiar nas águas do Douro ou noutro sítio qualquer (desgraçado do zelador que ficou sem automóvel, carteira e telemóvel, e ainda teve de ir ao hospital; será que foram os mesmos que atacaram Varandas?) e o resultado pode ser uma vitória de Pirro a deixar um clube fracturado e à beira do desastre. 

 

Então se nestes seis critérios o Sporting não parece ser de forma nenhuma neste momento o menor dos 3 grandes, ainda menos parece que daqui a uns tempos o seja. 

O caminho é longo, as dificuldades estão lá, mas estamos no rumo certo.  As hienas chiam e os leões passam.

SL

Um assalto em curso

Na próxima quarta-feira o Sporting Clube de Portugal vai jogar contra um ectoplasma denominado B SAD, espécimen único no futebol europeu, e talvez mundial, e evidência viva da asquerosa impostura que é o futebol em Portugal. Esta coisa B é uma entidade sem adeptos nem instalações, que roubou a posição ao venerável Belenenses. Ora um clube é suposto ter uma base social de apoio e estar domiciliado numa comunidade. Este é o primeiros escândalo do B, o segundo é que no mundilho peçonhento do futebol português, no qual obviamente se deve incluir a comunicação social que nele se pendura, ninguém se escandalize com isto e exija a erradicação desta abencerragem para dar lugar a um clube normal.

Mas se o B não tem adeptos então praticamente não tem rendas de bilheteira a não ser a fornecida pelos adeptos dos clubes que o visitam. Sem adeptos também seria suposto não ter qualquer capacidade de atrair investimento publicitário. Portanto a primeira coisa que o B prova, pelo simples facto de continuar a existir, é que no futebol português os adeptos não valem um caracol. Os que vão ao estádio são apenas elementos cenógraficos para dar ambiente aos jogos e os outros reduzem-se à condição de consumidores de TV e daquelas folhas de couve que por aí andam, ou seja, meros dados estatísticos para audiências. 

Então o B vive de quê? Vive da tranche que lhe cai no colo dos direitos televisivos geridos pela Liga e das transações de activos, isto é, de jogadores. Que o B continue a existir prova que este modelo de negócio é minimamente interessante. Não tem é nada a ver com futebol... Assim sendo é forçoso concluir que o B não passa de um parasita. Na verdade são os grandes (Sporting, SLB, FCP e Guimarães, os clubes com adeptos a sério, e um pouco o Braga, famoso por ter adeptos em "segunda mão"), aqueles que geram de facto receitas, os que têm capacidade de atracção de investimento, que alimentam o B. À primeira vista pareceria justo e equitativo que os direitos televisivos estivessem centralizados na Liga para melhor os distribuir pelos clubes ditos pequenos, assim alavancando o seu valor e torná-los mais competitivos o que teria o efeito virtuoso de melhorar a qualidade do espectáculo futebolístico português. Como todas as ideias feitas isto é uma aldrabice. Centralizar os direitos é de facto espoliar os clubes de verdade para tornar os B da vida mais rentáveis, logo mais propícios à captura das SADs por corsários de meia-tigela. Em resumo: centralizar os direitos televisivos é injusto (o futebol a quem trabalha!), perverso porque alimenta ténias como o B e, sobretudo, muito suspeito.

 

Há noites assim! Boooooooas!

Falar (leia-se escrever!!!) quando se ganha é fácil.

Como sempre (continuo a ser da equipa do Zé Navarro!) não vi o jogo. Fui somente escutando o relato na Antena 1.

Após os noventa e tal minutos e a vitória, fui tomar uma banhoca e por fim sentei-me em frente da televisão para ouvir os comentadores televisivos que surgiram nos diversos canais, sempre tão assertivos…

O ambiente era pesado, muito pesado. Do lado dos derrotados percebia-se uma incontrolável azia própria de quem julga de que tem o mundo a seus pés e que as vitórias constroem-se agitando camisolas. Do outro, os homens do Norte, também eles pouco felizes já que continuam a quatro pontos do primeiro lugar e viram na noite passada uma oportunidade para se chegarem à frente… gorada.

Os poucos Sportinguistas tinham entretanto direito a explicar as movimentações dentro de campo (a que gostei mais foi a de Ricardo, o nosso antigo guarda-redes!), mas mostraram sempre muito serenidade e nenhuma arrogância.

Ainda por cima este jogo não teve casos de arbitragem, o que havendo daria outro paladar aos debates.

Enfim termino com a consciência que ontem foi uma boa noite televisiva.

Estado trata mal o futebol

Texto de Fernando Albuquerque

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A maioria dos programas sobre o futebol enoja quem os ouve. Vejo a maioria porque tenho tempo para isso, mas a maior parte das vezes apetece-me desligar a televisão. Os participantes deveriam ser imparciais, embora defendendo os seus clubes, mas o que vemos são pessoas sem educação e que os directores dos programas deveriam seleccionar, pois nós pagamos para eles existirem e não para ver tipos que não têm respeito por ninguém.

Felizmente nem todos os programas são aquilo que indico, mas eu dificilmente estaria presente em alguns, que diariamente são transmitidos.

Quanto ao canal 11, tem de facto um ar de civilização, pois as pessoas discutem os casos, sem gestos nem palavras impróprias para consumo, mas eu gosto principalmente dos jogos que transmitem. Neste canal discute-se futebol e temos acesso a tudo o que rodeia esta indústria que tão mal é tratada nos outros canais, onde vale tudo para defender o que por vezes milhares de pessoas viram o contrário.

Devemos apoiar quem trabalha neste canal que está a prestar um óptimo serviço ao futebol, de que tanto gostamos, e que tão mal é tratado a todos os níveis governamentais. Trata-se de uma indústria onde o nosso Estado vai buscar milhões de euros de impostos em tudo o que diz respeito à mesma sem ter de se preocupar com reformas dos intérpretes. Isto quando passamos a vida a sustentar empresas falidas onde o Estado investe tanto dinheiro sem nunca compreendermos a razão desses "empréstimos" sem volta. (...). Somos um povo espectacular, sem dúvida.

 

Texto do leitor Fernando Albuquerque, publicado originalmente aqui.

«O Sporting não é o principal candidato»

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José Manuel Freitas - No sábado, no estádio de Alvalade, vão jogar duas das melhores equipas do campeonato português e é neste jogo que eu quero perceber duas coisas: se o Braga é realmente (como eu acho) candidato ao título e se o Sporting, na verdade, tem bagagem suficiente para se manter no primeiro lugar e provar, como diz o Marco Caneira e eu estou de acordo, que é um forte candidato a poder ser campeão nacional.

Marco Caneira - O principal candidato.

J. M. F. - Eu não acho que seja o principal candidato.

M. C. - Neste momento é o principal candidato.

J. M. F. - Mas essa é a tua opinião!

M. C. - É a opinião que estou a emitir.

J. M. F. - Tens de respeitar a minha, por favor!

M. C. - Eu estou a respeitar a tua, estou a emitir a minha.

J. M. F. - Não estás a respeitar nada a minha! Porque queres que eu vá atrás da tua e eu não me apetece, não me apetece.

M. C. - Não, não, não. Cada um tem a sua opinião.

 

 

Excerto de um diálogo travado no passado dia 30, no programa Jogo Aberto, da SIC Notícias. Um dos intervenientes - aquele que recusa apontar o Sporting como principal candidato ao título - participava há cerca de 30 anos, de cachecol ao pescoço, num programa da TSF como simpatizante assumido do emblema leonino. 

Esses tempos, pelos vistos, ficaram definitivamente para trás. Parafraseando o outro, 30 anos é muito tempo...

Elogio do Canal 11

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Sofia Oliveira, no Canal 11

 

Já tardava, este elogio. Mas não passa de hoje. Quero partilhar convosco este meu gosto por ver o Canal 11, da Federação Portuguesa de Futebol. É um canal feito por gente que sente carinho por esta modalidade que apaixona o mundo. E que consegue transmitir esta devoção ao futebol a quem acompanha as emissões - dia após dia, noite após noite.

No Canal 11 fala-se, não se grita. Os comentadores residentes têm simpatias clubísticas mas não exibem o clubismo mais fanático e doentio como se fosse um facho ou um estandarte, ao contrário do que acontece noutros fóruns televisivos. Aqui é possível discutir-se futebol sem todos a atropelarem-se nem a falar por cima dos parceiros de debate, em nítido contraste com alguma concorrência televisiva, que transforma estúdios televisivos em arenas de luta de galos, na busca desenfreada da pior audiência. 

 

Tornei-me espectador assíduo do canal 11 por todos estes motivos - e também por sentir que quem nele participa não se leva excessivamente a sério. Percebe-se que aqueles comentadores se sentem ali bem e conseguem contagiar-nos com o seu sentido de humor, mesmo quando falam de coisas muito sérias.

Além disso estabelecem uma diferença nítida entre diálogos sobre futebol e conversa de tasco em que a bola só serve de pretexto para vomitar ódio clubístico. Porque aqui não interessa centrar a discussão no desempenho dos árbitros, em saber se foi ou não fora-de-jogo, em gastar inúteis horas de emissão em torno das inúmeras teorias da conspiração que abundam nas redes sociais e no tabloidismo televisivo.

 

Os participantes nestes programas respeitam opiniões alheias e fazem-se respeitar pelo seu conhecimento da modalidade. Ou porque foram profissionais conceituados (Toni, Maniche, Rui Águas) ou porque são estudiosos do fenómeno desportivo (Pedro Bouças e Sofia Oliveira). Com eles acabamos também sempre por aprender alguma coisa.

Melhor ainda: não reduzem a paixão pelo futebol ao visionamento dos jogos dos "três grandes", ignorando tudo o resto. Pelo contrário: acompanham todas as equipas, e não apenas as da primeira divisão, e nunca deixam de aludir ao futebol internacional, que também seguem com interesse.

 

Eu, ao fim de muitos meses de visionamento diário de programas como Futebol a Sério, O Meu Clube, o novo Sagrado Balneário (com merecida e comovente homenagem ao treinador Vítor Oliveira, recentemente falecido) e sobretudo o Futebol Total, espécie de cartão de visita do canal, tornei-me fã.

Aproveito a época de Natal para lhes deixar este singelo texto de espectador reconhecido em forma de prenda no sapatinho. Grato pelas muitas horas de genuíno prazer que me proporcionaram neste triste ano prestes a chegar ao fim.

O coração do futebol

«Se aprendemos algo durante esta pandemia é que o coração do futebol não bate em estádios vazios e que o ventilador mecânico da televisão, que o mantém vivo como indústria, é insuficiente. A paixão que pedimos ao futebol está está espalhada pelas casas e desvalorizada por não encontrar uma caixa de ressonância. Ninguém deixou de ser do Real Madrid ou do Barça por causa do Covid, mas nem há euforia para festejar o título do Real Madrid nem lenços brancos que ponham em perigo a presidência de Bartomeu. Até o VAR, como subproduto televisivo, dispara no escuro depois de ter convertido o futebol numa fantochada. Chegou em nome da justiça mas atropelou-a ao pretender que um jogo dinâmico se jogue em câmara lenta ou como uma foto fixa. Que devolvam as batidas ao futebol e que o coração aproveite para gritar aos quatro ventos e colocar as coisas no seu lugar.»

 

Jorge Valdano, em crónica ontem publicada no jornal A Bola

Será sensato terminar a época?

A decisão de retomar à pressa as competições de futebol, agendando o regresso para a última semana de Maio, apenas se percebe pela necessidade dos clubes receberem as verbas contratualizadas com os operadores televisivos pelos direitos de transmissão televisiva, mas coloca mais problemas e dificuldades que certezas, senão vejamos:

- Vários jogadores terminam contrato a 30 de Junho. O prazo até pode ser prorrogado por decisão FIFA, mas sabemos que vários atletas têm salários em atraso. Será legítimo obrigá-los a jogar? E se não jogarem, não estaremos a desvirtuar a competição? E caso alguém se lesione gravemente? Imaginemos que Trincão do S.C.Braga por exemplo se lesiona para lá de 30 de Junho, irá o F.C.Barcelona pagar a verba acordada pela transferência? Ou João Palhinha por exemplo, que estaria a jogar para lá do período de empréstimo acordado, como seria o Sporting C.P. ressarcido caso não tenha o atleta à disposição para o início da próxima época? Utilizei o SCB como exemplo, nada contra o clube e atletas mencionados a quem desejo as maiores felicidades.

- Discute-se se os jogos devem ser transmitidos em sinal aberto ou fechado. Estarão os detentores dos direitos disponíveis para ceder os mesmos, o que implica perda de receita e ainda assim pagar? Ou vai ser considerado serviço público pelo governo e uma vez mais o dinheiro dos portugueses é desrespeitado, chegando-se a RTP à frente?

- Outra questão em discussão é que estádios serão utilizados para disputar os jogos que faltam. Qualquer solução diferente da utilização dos estádios dos clubes coloca em causa a verdade desportiva. Bem sei que falamos do futebol português, onde tal não é historicamente o mais importante, mas convém apesar de tudo não abusar.

- As duas equipas insulares, Marítimo e Santa Clara, têm tanto direito de jogar em casa como as outras, o que implica deslocações aéreas entre continente e ilhas. Pelo menos a TAP, ao que se sabe, irá continuar a realizar voos regulares e existe sempre a hipótese de recurso a voos privados. Pensam subjugar os direitos destes clubes ao interesse dos outros? É que pode acabar por influenciar a classificação, várias equipas jogaram e perderam pontos naqueles campos.

- O plano aponta para terminar a época em Julho e começar a próxima em Setembro. Não se podem alongar porque existem Europeu de selecções, competições europeias e jogos de apuramento para o Mundial 2022. Não seria preferível dar a actual época por terminada, antecipar o início da próxima e ganhar margem de manobra para gerir eventuais dificuldades que possam surgir? Por exemplo uma eventual nova vaga de covid19.

- Bem sei que todos os atletas estão testados, até podem entrar em estágio durante o período da competição, mas que farão as entidades responsáveis caso um atleta teste positivo? Mandam toda a equipa para quarentena? Isso implica alterações no calendário e prazo para concluir a competição. Isolam apenas o que testou positivo?

- Falta um parecer da DGS, que será fortemente pressionada pela estrutura do futebol para permitir o regresso da competição. Ou percebermos o que acontecerá nas quatro principais ligas europeias, Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália, bem como a decisão da UEFA sobre o que resta das competições europeias desta época. Porque apesar de não termos já clubes envolvidos, existem implicações para Portugal, que terá clubes envolvidos nas pré-eliminatórias da próxima época e terá que competir em pé de igualdade.

- A meu ver, seria preferível seguir o exemplo das modalidades de pavilhão, não haver campeão e utilizar a classificação actual para efeitos de qualificação para as provas europeias, subidas e descidas.

Futebol e televisão

Ó rapazes isto é simples. A economia do futebol está toda pendurada nos direitos televisivos, o resto são peaners como diria Jesus, o brasileiro. Quem pagou uma batelada por esses direitos está com a corda na garganta: sem jogos não há assinaturas nem publicidade. Ou seja não há dinheiro para pagar aos clubes, no mesmo passo em que o valor dos jogadores cai a pique.

Mais um mês disto, se os jogos não recomeçam rapidamente, com ou sem espectadores - isso agora é com os governos - o negócio vai à falência pela base.

Isto é bom? É mau? O que seja, mas é assim.

Impor condições, como obrigar os jogos a passarem nas televisões abertas caso sejam à porta fechada? Quem paga? As televisões abertas? Com que dinheiro? E os direitos pagos pelos canais de subscrição? Pode-se fazer uma negociação decente debaixo de uma imposição legal que obrigue ao acordo? Querem lá ver que ainda sobra para a subsidiação estatal?

Craque também é estrela... de televisão!

O nosso craque e capitão, Bruno Fernandes, é sem dúvida um fora de série. Daqueles que deixam sempre um boa marca nos relvados por onde passam.

Todos lhe atribuímos mérito pela carreira que fez no Sporting, na derradeira época (e espero que continue a fazer!!!). Os passes, os remates, os dribles, a visão de jogo tudo faz parte das fantásticas características do nosso médio.

No entanto jamais imaginaria que um dia poderia ver o nosso capitão numa telenovela portuguesa. Ei-lo aqui em "Alma e Coração" na SIC.

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Tudo ao molho e FÉ em Deus - Televisão e outras cenas

O futebol português é um negócio sui-generis, onde os estádios estão às moscas e os cafés, pastelarias, bares e tascas enchem à hora dos jogos. Neste ramo de actividade, e sem que a Liga ligue o suficiente ao que se passa, os consumidores de futebol não dão dinheiro aos clubes, mas sim ao sector de restauração e bebidas. (Às televisões também, embora mesmo assistindo do sofá contribuam indirectamente para os proveitos dos clubes via valor da venda dos direitos de transmissão televisiva.)

 

O público que aí se concentra funciona como caixa de ressonância do que se passa num campo por vezes distante em muitas centenas de quilómetros. De facto, há todo um mimetismo a acompanhar este fenómeno: uma grande penalidade a favor da nossa equipa é usualmente comemorada com um “penalty” numa taça de vinho branco - a sua concretização merece logo um golo num cálice de Brandymel (o Santo Graal do “merchandising da bola” no seu estado líquido) - e o seu grau de conformidade, que no estádio envolve a figura do VAR, pode ser atestado por uma visita de um perito da ASAE. E todo o adepto impersonifica o treinador sentado no banco e emite comentários mais ou menos doutos e elaborados sobre o que vê e o que é preciso fazer, como se o simples acto de escovar os dentes e neles passar fio dentário numa base diária lhe desse automaticamente qualificação como estomatologista. Isto não acontece por acaso: é que, de todas as ciências, o futebol é a mais intuitiva, aquela em que o conhecimento se democratizou e se estendeu ao homem comum. Por exemplo, no que concerne aos sportinguistas, toda a gente sabe que em cada um de nós há um treina-(a)-dor. Também “olheiro”, ou membro do Scouting como agora pomposamente se diz, aparentemente qualquer um pode ser. Proponho até que se passe a designar de “zarolho”, principalmente a partir do momento em que um clube do sul de Itália (Nápoles) ultrapassou os nossos e foi o primeiro a ver valor num tal de Carlos Vinícius que jogava no Real (Massamá) e agora anda por aí, emprestado ao Rio Ave, a levantar as redes adversárias, perante alguns defesas que mais valia se dedicarem à pesca, de tal maneira são infernizados em terra por esse dianteiro brasileiro.

 

Tal como nos filmes, é da ilusão de se estar lá dentro que se faz o sortilégio do futebol. Disso e de se fazer parte de algo grandioso, maior do que nós e do que as nossas vidas, razão pela qual em Portugal (Guimarães talvez seja a excepção) quase todos escolhem um “grande” como clube da sua paixão (razão?), mesmo que o estádio do clube da nossa cidade esteja ali ao virar da esquina.

Passada esta introdução, esta noite o Sporting desloca-se a Tondela, uma cidade do distrito de Viseu com cerca de 29000 habitantes e um clube na Primeira Liga. Ao contrário da época de 2016/17, em que após uma viagem acidentada de carro, que envolveu o rebentamento de um pneu a cerca de 200 km/h (os senhores da Brigada de Trânsito queiram fazer o favor de saltar esta parte) e a concomitante impossibilidade de degustação prévia de um leitãozinho, ainda assim observei os leões a vencerem ao vivo os tondelenses, em Aveiro, com um golo marcado nos últimos minutos por Adrien e, no fim, celebrei…a vida - e de uma noite longa (golo de Coates aos 98 minutos) na temporada passada em que acabei com um nó no estômago e quase agarrado ao desfibrilador - , desta vez o jogo disputar-se-á no estádio João Cardoso, em Tondela, e eu, com essas emoções fortes ainda bem presentes (e de novo sem leitão), irei optar pelo conforto do sofá cá de casa para acompanhar a partida através das imagens, que não os sons, que me chegarão por via da SportTV. Que venha a décima (vitória de Keizer)!

Levem-no!

Confesso que não vejo os programas, ditos, desportivos da televisão portuguesa. Porém, pelos ecos que, por vezes, ouço, sei que podem ser programas “muito educativos” onde as diferentes cores clubísticas se respeitam com profunda cordialidade. Nesse particular destacam-se duas personagens (não sei se as mesmas correspondem a personalidades): Pedro Guerra e Rui Gomes da Silva, um na TVI24, outro na SIC Notícias).

Por vezes, em conversa com amigos meus, da mesma cor dessas duas personagens, defendia que o sonho de Bruno de Carvalho, ao contrário do que dizia, não era ser presidente do Sporting mas sim comentador num desses programas. Creio mesmo que se uma qualquer televisão depois das eleições perdidas para Godinho Lopes o tivessem contratado para um desses programas nunca teria existido Bruno de Carvalho presidente.

Agora que está livre de afazeres profissionais é uma oportunidade única para uma qualquer televisão, não esquecer a CMtv, o contratar. Tem um público fiel e, atendendo às suas recentes actividades, poderá ser um comentador apto para discorrer em diversas realidades... ... ... desportivas, claro está!

Errático

Não vi mas dizem-me que ontem, após uma emissão documental de um juiz sobre o Sporting, Bruno de Carvalho contactou duas estações televisivas. E nelas esteve a dar a sua interpretação, dos factos e do parecer emanado do tribunal.

 

Tudo bem? Enfim, o que surge de imediato é mais esta demonstração de comportamento errático. Legítimo no cidadão, inapropriado num presidente de um grande clube desportivo. Pois o Sporting anunciou, há pouquíssimo tempo, a contratação do conhecido jornalista Fernando Correia. Para ser porta-voz do presidente. E exactamente para anunciar uma nova era comunicacional, constatação de que a exposição pública de Bruno de Carvalho estava defeituosa. 

 

15 dias depois nota-se o quão incongruente foi essa contratação. Sai  decisão jurídica? Lá acorre o presidente à TV para vozear. E o porta-voz, para que serve, afinal? Tal como em quase tudo, este pequeno exemplo mostra como o actual rumo de Bruno de Carvalho é errático. 

 

E os que o rodeiam, por lealdade, deviam - pois mais vale tardíssimo do que nunca - perceber isso. Isso de que sinuoso é uma coisa, talvez estratégica, mesmo que titubeante. Mas errático é bem diferente. E sempre infértil. 

Séries televisivas

Ontem, na RTP1, passou mais um episódio de uma série escrita por Nuno Markl, cuja acção decorre no ano de 1986 (ano que dá nome à série).

Recuar, na memória, às séries televisivas dos finais dos anos ’80 e início dos '90 seria um desenrolar de um novelo muito extenso, porém recordo uma:

 

 

Peço desculpa por não ter falado do Sporting…

Merece registo

O minuto da semana entre 14 e 20 de Agosto que concentrou mais gente em simultâneo a ver o mesmo canal de televisão ocorreu na terça-feira, dia 15, na RTP: eram 21.36 desse dia e transmitia-se o Sporting-Steaua de Bucareste, primeira mão de um play off de boa memória para todos nós.

Nesse preciso instante, 1.745.200 espectadores estavam concentrados a ver o jogo. Elevando a transmissão da RTP-1 a uma rara quota de audiência: 41,1% do total de pessoas que àquela hora viam televisão.

Merece registo, naturalmente.

Jogo perigoso

O dia seguinte.jpeg

Os programas de debate futebolístico à segunda-feira nos canais de notícias vêm-se tornando numa autêntica aberração imprópria para crianças e gente civilizada - caio lá demasiadas vezes nos meus zappings à procura de notícias depois do jantar e fujo quando a coisa azeda, que nunca demora muito tempo. Na busca de audiências, que o mesmo é dizer, transpondo para a discussão verbal o mais básico fanatismo das claques, a conversa descamba com demasiada frequência para a insinuação e o insulto, que propicia cenas de algum embaraço quando a ténue fronteira do descontrolo emocional ameaça desabar entre os oponentes.

Sou do tempo em que no Sporting se debatiam fórmulas de atrair a família, nomeadamente senhoras e crianças para as bancadas do estádio, mas receio que o percurso feito nos últimos anos pelos clubes, através de políticas de comunicação extremamente agressivas, vem sendo inverso: a seguir a cada jogo, no espaço público que vai entre as televisões e as redes socais, toma lugar uma batalha verbal com pouco compromisso com a verdade e ainda menos com a boa educação. Voltando às televisões, desconfio que os responsáveis dos programas, que se não são os primeiros responsáveis, são cúmplices activos, estão simplesmente esfregando as mãos expectativa duma cena de descontrolo ou até de pugilato que exponencie as audiências, que por um dia catapulte o seu programa para os píncaros da popularidade, como se de um radical reality show se tratasse. Veja-se o caso do “Prolongamento” da TVI de ontem em que José de Pina e Pedro Guerra despudoradamente perderam a compostura (presumo que seja habitual).
Acontece que sou um amante do futebol, que preza a rivalidade acesa dentro das quatro linhas, transposta para as bancadas dentro dos limites mínimos das salutares regras de civilidade. Não compreendo que se critiquem os jogadores ou os espectadores da bola quando se descontrolam e se aceite passivamente que esse jogo perigoso seja transposto para a televisão com um discurso que toca as raias do irracional como se fosse legítimo.

Sou do tempo em que as televisões e o jornalismo tinham pretensões pedagógicas e sabiam o seu papel na sociedade. Não me parece que a busca de audiências justifique um espectáculo tão indigno quanto aquele que se vê nos serões das segundas-feiras por essas TVs.

Direito à transparência

Janela "não confirma nem desmente" ser autor da cartilha lampiónica.

Nem precisa: o estilo, os temas e até o vocabulário utilizado denunciam-no. Como uma impressão digital.

Confessa entretanto o sujeito que tem uma empresa que trabalha "com vários clubes, nacionais e internacionais". Ora aí está um excelente início de conversa: saber quais são os clubes que lhe pagam, através da tal empresa. Com a certeza antecipada de que não é o Sporting, sobre o qual tem bolçado frases cheias de ódio vesgo e rancoroso. Falta esclarecer se isso também se insere no âmbito da relação de "trabalho" que mantém com outros clubes, servindo neste caso a estação de TV como involuntária barriga de aluguer.

Os telespectadores que assistem aos debates sobre futebol têm o direito - e até o dever - de exigir às empresas televisivas que esclareçam eventuais conflitos de interesses dos comentadores que contratam para os seus painéis.

Não basta reclamar transparência para o futebol em abstracto: é preciso fazê-lo no concreto. Começando precisamente por aqui.

 

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Adenda.

Oportuna pergunta do Mestre de Cerimónias: quantos jornalistas receberão os briefings e os usarão no seu trabalho?

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