Hoje há um motivo extra para celebrar: a conquista da segunda Liga das Nações pela selecção portuguesa. Com enormes profissionais formados no Sporting - destaco o eterno capitão Cristiano Ronaldo, com 138 golos marcados pela equipa das quinas (um contra a Alemanha na meia-final, outro contra a Espanha na final de Munique) e para Nuno Mendes, considerado o melhor jogador do torneio e já apontado como melhor ala esquerdo a nível mundial. Sem surpresa para quem viu esta final: o ex-ala do Sporting venceu cinco dos nove duelos com Lamine Yamal, seu antagonista directo.
Terceiro título da selecção em nove anos. Mas o mais saboroso continua a ser o primeiro: o Europeu de 2016. Disputado na épica final em Paris contra a selecção anfitriã - com aquele inesquecível golo de Éder enquanto CR7, lesionado logo no início da partida, ia dando instruções aos seus colegas do lado de fora.
É com um travo de nostalgia que vou escrevendo. Daí ter escolhido, para culminar estes festejos, uma bebida que muito aprecio mas raramente provo: Berneroy XO, calvados de suprema qualidade. Aguardente de maçã produzida exclusivamente na Normandia a partir da destilação de sidra e tornada emblema desta região no norte de França. Guardada para momentos de grande celebração.
Não podia faltar nesta dupla celebração - a primeira em quase um quarto de século no futebol profissional do Sporting. Um dos grandes emblemas vinícolas de Portugal marca presença neste desfile de gala.
Vem de Portalegre, esta Tapada do Chaves reserva, de 2017. Castas Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet. Merece acepipe a condizer: arroz de carqueja, empada de perdiz, ensopado de javali ou vitela de Lafões.
Após as conquistas nos relvados, a partilha à mesa. Aproveitando para lembrar as grandes proezas leoninas desta época: melhor ataque, melhor defesa, melhor artilheiro, rei das assistências para golos. Maior pontuação. Três campeonatos em cinco anos.
Bebida de excelência, futebol de excelência. Isto anda tudo ligado.
Sim, eu sei que a selecção nacional de futebol disputa este domingo a final da Liga das Nações com a da Espanha - emergem agora como as duas melhores do continente europeu. Mas não sou supersticioso. Por isso marcha hoje um vinho espanhol: este Izadi Crianza de 2021. Tinto da uva Tempranillo.
Liga bem com quase tudo: tortilha, paelha, cocido madrileno, batatas bravas, pica-pau de novilho, tostas com jamón ibérico ou queijo manchego. Culminando num cordero de leche assado, só para nos ficarmos por pratos e petiscos do país vizinho.
Oriunda da província de Álava, no sul do País Basco, esta pomada traz a marca de qualidade da Rioja - primeira área vinícola de Espanha que recebeu denominação de origem qualificada há exactamente cem anos, tornando-se numa das cinco mais importantes do mundo. Para festejo duplo. Já a pensar no triplo. Salud!
Já era tempo de avançarem os tintos. Eis que chega o primeiro: escolhi este Cedro do Noval, colheita de 2022. Qualidade garantida: altamente recomendável para brindar (e marchar goela abaixo) neste prolongado período de celebração.
Vem da Quinta do Noval, situada em Vale de Mendiz, no belo concelho transmontano de Alijó - Douro Interior, uma das regiões vinícolas mais afamadas do mundo.
Gosto dele a acompanhar cabrito assado em forno de lenha, com arroz de miúdos e batatinhas douradas. Ou um arroz de lebre, em época de caça. Prova superada com distinção. Depois de termos caçado com êxito dragões e águias, sabe melhor ainda.
Haverá desconfiança por eu trazer aqui um vinho rosé: alguns dirão que parece mais especialidade dos vizinhos do lado errado da Segunda Circular. Estão equivocados: esses preferem empinar bejecas daquela marca que não consumo e cujo nome já esqueci.
Nesta fase do ano, em que o calor aperta, apetece vinho refrescado mas genuíno, sem artifícios. Como este Valle Pradinhos (2023) de boa cepa transmontana, produzido e engarrafado em Macedo de Cavaleiros - a cerca de 24 quilómetros de Mirandela, terra natal do nosso treinador campeão.
Acompanha sem desmerecimento petiscos vários: queijos, torresmos, cogumelos salteados. Ou omelete de espargos gloriosamente verdes. Ou até uma alheira com grelos, porque não? Saravá, Rui Borges! Ergo o meu copo à tua saúde e a futuros títulos do Sporting. Contigo à frente.
Em matéria de vinhos brancos, é o clássico dos clássicos de produto nacional. Este Cartuxa, colheita de 2020. Ano de boa memória para o Leão: foi aí que começou a nossa escalada para a conquista do campeonato nacional, em Maio de 2021, pondo fim ao mais longo e penoso jejum da história do Sporting.
Mérito absoluto de um trio irrepetível: Frederico Varandas, Hugo Viana e Ruben Amorim (por ordem de entrada em cena). Depois deles, nada ficaria na mesma. Neste blogue houve quem percebesse isso desde a primeira hora.
Novamente campeões, agora pela segunda vez consecutiva, a vontade de festejar continua a ser imensa. Daí eu estar pronto a desrolhar esta garrafa do excelente néctar produzido em Évora, pela Fundação Eugénio de Almeida, com uvas das castas Antão Vaz e Arinto - em homenagem aos monges do convento homónimo que ali se estabeleceram no século XVI.
Ideal para acompanhar rissóis de camarão ou coelho de escabeche, por exemplo. Enquanto sonhamos com novas conquistas e juramos nunca mais jejuar em tempo algum.
Conquistas verdes, na hora da festa, exigem os melhores vinhos verdes do País. É o caso deste, oriundo da Quinta da Pedra, Monção. Fresco e encorpado. Colheita de 2019 - ano em que vencemos Taça de Portugal e Taça da Liga.
Não podia faltar, um Alvarinho. Para a dupla celebração - primeiro bicampeonato desde 1951, primeira dobradinha desde 2002. Tem nome algo irónico: Milagres. Por ser quase milagre, na perspectiva de alguns, o Sporting conquistar tantos títulos em tão poucos anos. Frederico Varandas tornou-se o presidente mais titulado da história leonina.
A garrafa é bonita. O conteúdo, adequado ao visual. Companhia ideal para acompanhar marisco. Enquanto pensamos que, para superar todos os obstáculos no futebol, o melhor é não aguardarmos milagres, mas aplicar a receita que bem sabemos: esforço, dedicação, devoção. Assim se alcança a glória.
Para refrescar e celebrar em simultâneo, quando o calor aperta, eis uma bebida apropriada. Festiva por natureza. Boas-vindas ao Vinhão, o melhor complemento líquido para pratos de cabidela em geral e arroz de lampreia em particular.
Também serve de prelúdio a uma refeição, cumprindo com galhardia a função aperitiva. Para acompanhar chamuças, por exemplo - em homenagem ao bravo moçambicano Geny, um dos nossos melhores jogadores.
Este Raza Lagares biológico vem do Minho - produzido na Quinta da Raza, em Celorico de Basto. Excelente cartão de visita dessa região vinícola com tantos pergaminhos. O minhoto Trincão - rei das assistências da Liga 2024/2025 - é bem capaz de apreciar Vinhão.
Este Prosecco Piccini, extra-seco. Oriundo de Castellina in Chianti, aldeia italiana da província de Siena, na Toscânia - uma das mais célebres regiões vinícolas do mundo.
O apelido coincide com o de um brioso lateral direito que representou o Sporting na época 2017/2018: Cristiano Piccini, que agora joga na Sampdoria.
A consumir convenientemente gelado, como aperitivo. Acompanha bem queijo ou frutos secos. Muito conveniente também para assinalar, com indisfarçável gozo, a "secura" de títulos dos emblemas rivais.
Se eu fosse presidente do Fc Porto, com o fantasma do Pinto da Costa a pairar nas suas costas e com muito pouco para mostrar aos sócios, também eu estava chateado. Saber destes números ainda o chateia mais:
Desempenho na época:
1. Sporting - Campeonato e taça de Portugal
2. Benfica - 2º no Campeonato e taça da Liga
3. FcPorto - 3º no Campeonato e Supertaça
Valores dos plantéis no TM:
1. Sporting - 511 M€
2. Benfica - 373,5 M€
3. FcPorto - 327,9 M€
Prémios das competições europeias 2024/2025:
1. Benfica - 71,4 M€
2. Sporting - 50,0 M€
3. FcPorto - 16,5 M€
Ranking das principais modalidades do estádio e do pavilhão (que aqui trago):
1. Sporting
2. Benfica
3. Fc Porto (a larga distância)
Mas falta inteligência a Villas-Boas para ver o óbvio. Se o Fc Porto caiu para terceiro grande, o que tem de fazer é tentar ultrapassar o segundo.
Mas se calhar prefere voltar ao Rei dos Leitões...
Para início de festa, desrolho um espumante. Aposta segura neste líquido da Bairrada, de qualidade à prova de apito: O. M. - Sociedade Oliver Martin, um bruto natural de 2017, castas Chardonnay e Baga.
Irresistível nestes dias de calor pré-estival. Bebido à temperatura indicada, mergulhado em gelo abundante, deglutido em suaves golos. Que associamos de imediato aos golos do grande Viktor Gyökeres, avançado bicampeão, o melhor da Liga portuguesa. Aplaudido pela nação leonina, odiado por quem perdeu.
Para acompanhar um patê de aves. Vem mesmo a calhar.
Gostei muito desta final da Taça de Portugal, conquistada com todo o mérito pela nossa equipa. Talento, competência, brio, sacrifício, espírito de grupo, fibra de campeões. Foi uma final dinâmica, emotiva, com resultado incerto até quase até ao fim. Grande em qualidade e quantidade: jogaram-se mais de 130 minutos. Com o Sporting a protagonizar uma das mais épicas reviravoltas de que tenho memória: já no final do tempo extra concedido pelo árbitro Luís Godinho, ao minuto 90'+11', quando perdíamos 0-1, Gyökeres protagoniza lance de génio ao passar por António Silva e prosseguir em ritmo avassalador até ser carregado em falta por Renato Sanches em zona proibida. Foi ele a converter o penálti - mais um - e a tornar inevitável o prolongamento. Com o Benfica arrasado psicologicamente, marcámos mais dois nessa etapa suplementar. Fazendo jus por inteiro ao nosso lema: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. A anterior Taça de Portugal fora conquistada em 2019, com Marcel Keizer ao leme da equipa. Rui Borges conseguiu em seis meses um título que Ruben Amorim foi incapaz de ganhar em cinco épocas. E torna-se o primeiro treinador português do Sporting a vencer neste século a dobradinha. A anterior conquista teve como técnico o romeno Laszlo Bölöni, em 2002.
Gostei de Trincão, para mim o melhor em campo. Incompreendido por tantos adeptos, e alvo do injurioso sarcasmo dos letais durante toda a época, voltou a demonstrar como foi imprescindível nesta gloriosa caminhada rumo aos dois títulos supremos do futebol português. Jogador mais utilizado durante a temporada, com 4682 minutos de leão ao peito, esteve ontem envolvido em todos os nossos golos: é ele a isolar Gyökeres num soberbo passe de 30 metros, ultrapassando a débil resistência de Florentino no lance do penálti; foi ele a assistir no segundo, aos 98', com um belo passe em arco para a cabeça de Harder; e é ele quem fecha a contagem, aos 121', num túnel ao inepto António Silva e disparo perante o impotente Samuel Soares após o dinamarquês lhe ter retribuído a gentileza num passe cirúrgico. Lance de génio, golaço para ver e rever. Ilustra bem o que é este Sporting bicampeão de 2024/2025 na frente de ataque, temível para qualquer adversário: trio de luxo composto por Francisco Trincão, Conrad Harder e Viktor Gyökeres. Também gostei da estreia de David Moreira na equipa principal: o lateral esquerdo, de 21 anos, entrou aos 115', ainda a tempo de contribuir para anular Di María. Estreia de sonho.
Gostei pouco da primeira parte, que terminou empatada a zero. Consentimos demasiado domínio territorial à equipa adversária e quase não soubemos critar situações de perigo. Aí brilhou Rui Silva, confirmando aos últimos cépticos que foi um dos nossos melhores reforços da temporada. Sobretudo aos 20', negando o golo a Pavlidis num voo em que desviou a bola para o ferro. Intervenções decisivas também aos 81' e aos 90'+8, bloqueando remates de Belotti e Leandro. Gigante entre os postes, sem culpa no golo encarnado, aos 47', num eficaz remate de meia distância de Kokçu.
Não gostei do desempenho de Pedro Gonçalves, que perdeu várias bolas e foi presa fácil para Otamendi: sem surpresa, saiu aos 75', dando lugar a Harder, que esteve num plano muito superior. Aliás Rui Borges derrotou o treinador rival, Bruno Lage, também nisto: o Sporting, ao contrário do Benfica, foi melhorando a cada substituição. Rendimento mais fraco revelaram também Eduardo Quaresma (substituído por Fresneda aos 83'), que perdeu um duelo aos 81' com Schjeldrup, e Debast (cedeu lugar a Morita aos 58'), que facilitou a tarefa ofensiva de Pavlidis aos 20'. Mas não gostei sobretudo de pressentir que esta 18.ª final da Taça de Portugal conquistada pelo Sporting era a última ocasião para todos vermos Gyökeres de verde-e-branco. Ainda está e já nos desperta saudades: é um dos nossos melhores goleadores de todos os tempos.
Não gostei nada daqueles canalhas que nas bancadas onde se concentrava a maioria dos adeptos benfiquistas desataram a imitar o criminoso som do very light, numa aparente glorificação do assassino que noutra final da Taça, naquele mesmo palco, em 1996, roubou a vida ao sportinguista Rui Mendes, de 36 anos. Esta escumalha já fez o mesmo vezes sem conta no pavilhão encarnado, quando o Sporting lá joga, perante a indiferença cúmplice dos responsáveis desse clube. Merecem bem a derrota que acabam de sofrer em campo. Merecem mil derrotas enquanto continuarem a comportar-se desta forma miserável.
Sete anos depois de batermos no fundo com o assalto a Alcochete e as suas consequências, somos bicampeões nacionais e a equipa B ascendeu à 2.ª Liga.
Conquistámos três títulos nacionais em cinco anos, temos o plantel mais valioso dos três grandes, temos estabilidade financeira e controlo da SAD.
Mas além disso tudo, ou por causa disso mesmo, temos actualmente uma massa adepta jovem e vibrante, com um grande peso do género feminino, muito diferente de há uns anos, em que ganhávamos pouco ou nada e as claques organizadas ditavam leis.
Isto nota-se facilmente nas bancadas, nota-se nas ruas, nota-se nas transmissões da festa nas televisões.
No outro post dei nota da presença das nossas cores em terras do Oriente, muito associada - é um facto - à personalidade do Cristiano Ronaldo.
Se conjugarmos a presença do clube em Portugal e no mundo com os êxitos do futebol com os das modalidades, se calhar somos mesmo dos três grandes o clube do futuro em Portugal. Mesmo na selecção nacional, com um treinador a fazer fretes ao Mendes e a promover quem interessa rentabilizar, o Sporting começa a dominar.
Falta-nos apenas uma presença mais continuada e convincente na Champions para que isso aconteça.
Voltando ao bicampeonato, a verdade é que poucos Sportinguistas acreditavam nisso quando a época começou, depois da derrota no Jamor e da rábula do avião de Amorim. Pior um pouco depois da derrota na Supertaça, jogo que não vi nem quero ver.
A verdade é que Amorim caprichou e construiu uma super-equipa que "voou" em Portugal e na Champions. Mas com a saída dele, que coincidiu com a lesão do mágico Pote, tudo foi posto em causa, a equipa parece que bloqueou com João Pereira, e esperava-se o pior. O presidente soube emendar a mão em tempo oportuno, Rui Borges foi humilde e sagaz o suficiente para entender e potenciar o legado táctico de Amorim, a equipa reencontrou-se, no final a estrelinha do Rúben voltou (que o diga o Quaresma) e fomos felizes.
Seja como for, Rúben Amorim, João Pereira e Rui Borges vão ficar na história do Sporting como os treinadores do bicampeonato de 2024/2025.
E agora é tempo de desfrutar. Nas ruas, no Marquês ou em frente à TV, como eu.
Acaba de cumprir-se um sonho com muitas décadas. O Sporting sagrou-se bicampeão nacional de futebol, o que não acontecia desde 1954.
Triunfo claro, por 2-0: domínio total do jogo contra a turma de Guimarães, que em momento algum chegou à frente com perigo.
Nunca duvidei que faríamos esta festa. Desde o início, como aqueles que aqui me lêem muito bem sabem. Por vezes contra quase tudo e quase todos. Letais, lampiões, morcões, órfãos de lideranças incompetentes, leões irremediavelmentederrotistas.
Acreditei. Acredito. Acreditarei.
17 de Maio de 2025: outra data inscrita, a partir de agora, no glorioso historial leonino.
Grande Sporting.
Eterno Sporting.
O melhor, de longe. Sem qualquer sombra de dúvida.
Campeões nacionais no futebol, campeões da Europa no hóquei em patins, agora campeões nacionais no andebol.
Isto demonstra que este Sporting de Frederico Varandas não se resume ao futebol, nem Rúben Amorim é o único grande treinador do Sporting, nem Coates é o único grande capitão do Sporting. Existe de facto uma política desportiva transversal com grandes treinadores, grandes capitães e equipas que sentem a camisola que envergam e produz resultados que orgulham os sócios. O que não quer dizer ganhar sempre numa modalidade e muito menos em todas, pois os adversários não dormem e alguns gastam o que o Sporting se recusa a gastar. Nem que não existam modalidades e temporadas onde tudo o que havia de mal para acontecer, acontece, como aconteceu este ano no basquetebol.
Esta equipa de Ricardo Costa - e hoje os seus filhos Martim e Francisco estiveram em dia menos bom - é um belo exemplo do ADN Sporting e do seu lema "Esforço, dedicação, devoção e glória". Juventude para correr, talento para resolver, alma para sofrer, na luta com aquele adversário que joga na atitude, leia-se na tentativa de arranjar confusão e condicionar os árbitros. Depois da expulsão clara do Salina logo a abrir por palmada na casa, as exclusões por 2 minutos dos nossos jogadores foram acontecendo em momentos-chave e impediram que o Sporting estivesse confortável no resultado.
Depois dum começo com dificuldades chegámos ao intervalo com cinco golos de vantagem, subimos aos sete a abrir a 2.ª parte, mas depois foi sempre a descer, embora lentamente, até aos três golos a 4 minutos do fim (32-29), momento em que o capitão Salvador Salvador, então o melhor em campo, sai lesionado, carregado em ombros pelos colegas e a esperar-se o pior. Recorde-se que o Sporting precisava do empate para se sagrar campeão.
Nessa altura tambem o Martim já andava limitado. Falha o remate e os golos vão acontecendo dos dois lados até ao 34-32 a entrar no último minuto com posse no Porto. Livre de 7 metros, margem mínima e defesa homem a homem pelo Porto. Time-out do Ricardo Costa a meio minuto do fim, e... Nathan acerta na parte interna do poste e dá golo. Confusão instalada pelos estrangeiros do Porto, alguns com contrato assinado para zarpar, e por alguns internacionais portugueses que deviam ter vergonha na cara. Foi nesse momento que a equipa do Sporting formou o quadrado: deram as mãos, recusaram a javardice e focaram-se no que estava em jogo.
Reposta a bola em jogo, o capitão Rui Silva do adversário logo a colocou no chão, levantando a bandeira branca. O Sporting era campeão. Abraços e choros, a começar pelo gigante norueguês Vag, que pelo banco tinha ficado. Simplesmente inesquecível.
Veio a entrega do troféu e das medalhas. O treinador e três jogadores do Porto portugueses e internacionais lá estiveram a assistir, os outros foram digerir a frustação. Enorme festa no pavilhão João Rocha.
E agora? Repetir hoje no Jamor com o mesmo adversário, mas em futebol. O Neto e o Bragança estiveram a assistir. Lá estarei também.
Datas gloriosas no historial leonino. Há precisamente seis décadas, o Sporting Clube de Portugal conquistava a Taça dos Vencedores das Taças. Derrotando em dois tempos o MTK, da Hungria. Primeiro na final disputada em Bruxelas, a 13 de Maio (que terminou num empate 3-3). Dois dias depois, na finalíssima em Antuérpia, que funcionou como tira-teimas: vencemos 1-0 e levantámos o caneco, ainda o nosso maior título futebolístico no plano internacional.
Honra aos heróis de 1964, felizmente vários dos quais ainda entre nós - como Hilário, Pedro Gomes, José Carlos, Mário Lino, Pérides e Figueiredo. Outros já desaparecidos do nosso convívio mas eternos na nossa memória, como Alexandre Baptista (falecido há poucas semanas), Joaquim Carvalho, Fernando Mendes, Géo, Osvaldo Silva e João Morais - autor do célebre "cantinho do Morais" que deu golo directo faz depois de amanhã 60 anos. Vale a pena recordá-lo a partir do 1:20 deste vídeo.
Esforço, dedicação, devoção e glória.
ADENDA: Um dos heróis dessa conquista foi Mascarenhas: 11 golos marcados, rei dos artilheiros nessa edição 1963/1964 da Taça das Taças. Também se distinguiu Figueiredo, com 6 golos.
1. Nuno Santos É provável que seja impossível ter sucesso sem um jogador com esta fibra, tarimba e sabedoria de como estar no campo. Espero que vá ao Europeu.
2. Quaresma A redenção deste defesa feito de Sporting é umas das histórias mais bonitas da temporada.
3. Departamento médico A ciência tem sido um dos principais aliados dos treinadores e jogadores, em todos os clubes. Este ano, os nossos discretos médicos, massagistas e fisioterapeutas estiveram à altura.
4. Os fãs Por todo o lado, em especial nas redes, no estádio e pelo país. Acredito que o apoio seja importante para os atletas, técnicos e dirigentes, muitos dos quais não sabem que nos anos 80 nos chamavam a “melhor massa associativa do mundo”.
O que fãs e adeptos têm feito é um justo legado aos sofredores do antigamente.
5. Os outros Como Matheus Reis, Israel, Esgaio, Geny, St. Juste. Em muitas fases da época, o Sporting foi uma equipa com 15 ou 16 titulares.
6. O VAR Falo por mim, mas tão importante como Varandas, Viana e Amorim, tem sido o VAR.
Não que o Sporting precise do empurrão do VAR, mas não há êxito possível sem que o jogo seja igual para todos. Para ganhar, o Sporting precisa de equidade. Por exemplo, desde que há VAR, tornou-se muito mais difícil invalidar golos limpos.
Noutro tempo, e falando do jogo com o Portimonense, nos velhos tempos seria simples anular o primeiro golo (“por fora-de-jogo”) e o terceiro (por “pé em riste do Bragança” ou "falta do Viktor sobre o defesa"). Quem viveu o futebol dos 80 e 90, sabe bem do que eu estou a falar. Aliás, basta lembrar o soco que um jogador nosso levou num jogo recente e que não foi ao VAR para se perceber como o “não haver VAR” pode influir.
Quantos atletas, dirigentes e treinadores do Sporting dos oitenta e noventa não teriam tido palmarés diferentes se o VAR existisse no tempo deles?
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