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És a nossa Fé!

Ecos do Europeu (15)

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Fixem este nome, para o caso de ainda não o conhecerem: o suíço Ruben Vargas. Tem 25 anos, joga na Liga alemã, pelo Augusburg. É um dos primeiros heróis deste Euro-2024: ninguém fez tanto como ele para derrubar os italianos, campeões europeus em 2021.

No embate de ontem em Berlim, foi dele a assistência para o primeiro golo helvético, aos 37', com irrepreensível finalização do médio-centro Freuler. E foi ele a marcar o segundo, logo após o intervalo, sentenciando a partida. Um dos mais vistosos golos deste torneio: desmarcação perfeita, domínio total da bola, disparo colocadíssimo à malha lateral interna. Sem hipótese para Donnarumma, que alguns consideram o melhor guarda-redes do mundo. Fama que lhe ficou ao defender dois penáltis na final de 2021, para infortúnio da Inglaterra.

De Vargas poderá dizer-se hoje algo semelhante: é um dos melhores do mundo na sua posição preferencial de extremo-esquerdo. Bem gostava de o ter no nosso clube.

Já aos 24' Embolo podia ter aberto a contagem ao isolar-se frente à baliza, mas o guardião impediu-o de fazer o gosto ao pé, cortando-lhe ângulo de remate com uma saída providencial.

 

Pastosa e sem dinâmica, a Itália sai de cena nos oitavos-de-final, com registo medíocre neste Campeonato da Europa: venceu com muita dificuldade a Albânia (2-1), evitou quase por milagre uma goleada da Espanha (0-1) e só conseguiu empatar com a Croácia (1-1) a 20 segundos do apito final, no minuto 97 do prolongamento. Não merecia mais. Abandona o Europeu com duas derrotas em quatro jogos, cinco golos sofridos e apenas três marcados.

Fez-se história no futebol europeu. Foi a primeira vitória da selecção suíça em jogo a eliminar numa grande competição de futebol desde a II Guerra Mundial. Os helvéticos vão defrontar, nos quartos-de-final, o vencedor do jogo Eslováquia-Inglaterra.

Para nós, sportinguistas, esta pequena vingança: Scamacca, estrela da Atalanta e "carrasco" do Sporting na Liga Europa, regressa a casa sem um golito sequer nos relvados alemães. 

Não temos pena nenhuma.

 

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Esteve para não prosseguir, o Alemanha-Dinamarca, quando uma tempestade se abateu sobre a cidade de Dortmund ao minuto 34 do jogo, então ainda em branco: chuva torrencial, granizo, trovoada.

O clima lá se recompôs na medida do possível, sem estragos irreparáveis no relvado. Ao intervalo, mantinha-se o empate a zero. Com Kasper Schmeichel, fluente em português, a destacar-se entre os dinamarqueses para adiar o golo.

Só resistiu até ao 53'. E mesmo então apenas foi batido de penálti, a punir mão na bola de Andersen, que cinco minutos antes marcara na baliza germânica (mas sem valer, pois estava deslocado).

Havertez (Arsenal, 25 anos) converteu o castigo máximo.

A Dinamarca tentou reagir, mais com a emoção do que com a razão, mas Neuer não facilitou a vida à turma adversária, aliás como todo o bloco defensivo germânico, com destaque para o central Rüdiger, rei e senhor no jogo aéreo. E foi a Alemanha a marcar, aos 68', fixando o resultado, desta vez em lance de bola corrida com apenas três toques antes de Musiala (21 anos, Bayern de Munique) a enfiar nas redes. Eficácia máxima: foi o terceiro golo do jovem atacante neste certame.

Os germânicos irão defrontar nos quartos-de-final o vencedor do jogo Espanha-Geórgia.

 

Enfim, o nosso Morten está de malas feitas. Já nem participou nesta partida, excluído por acumulação de amarelos. Fez falta à sua selecção, tendo marcado um golo no Euro-2024.

Mas faz ainda mais falta ao Sporting: o lugar dele é em Lisboa.

 

Itália, 0 - Suíça, 2

Alemanha, 2 - Dinamarca, 0

Ecos do Europeu (11)

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Equipa mais azarada não há. Pelo menos neste Campeonato da Europa. Refiro-me à Bélgica, já com três golos anulados pelo vídeo-árbitro: se não é recorde na fase de grupos, anda lá perto. Dois desses tentos que não valeram deveram-se a deslocações milimétricas: esta regra absurda, validada pela tecnologia, anda a matar o futebol como modalidade desportiva digna de espectáculo. Cada vez concordo mais com Arsène Wenger, que já propôs alteração drástica à lei do fora-de-jogo, passando a existir irregularidade apenas quando todo o corpo do atacante se encontrar para além do penúltimo defensor.

Principal vítima: Lukaku (Roma, 31 anos). Foi ele o autor dos golos que não valeram: dois contra a Eslováquia; outro anteontem, em Colónia, na vitória belga frente à Roménia. Não marcou, mas deu a marcar. Muito cedo, ainda antes de estar concluído o segundo minuto da partida. Servindo Tielemans, desta vez para valer. Na construção deste excelente lance de futebol colectivo participou também o melhor em campo: De Bruyne, já longe da prolongada lesão que o afectou na temporada 2023/2024. 

Voltou às exibições de luxo, como um dos melhores médios ofensivos do mundo. Coroando a sua actuação com um golaço de fazer levantar o estádio. Construído aos 80' com assistência directa do guarda-redes Casteels, que a colocou muito bem lá na frente. O canhoto fez o resto. Carimbando o primeiro triunfo belga neste Euro-2024.

Debast, o jovem defesa recém-contratado pelo Sporting ao Anderlecht, saltou do banco aos 77', substituindo Theate (Rennes, 24 anos) como central à direita. Impôs-se no jogo aéreo e destacou-se no passe longo. Gostei de o ver.

 

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No fim, não ganha a Alemanha: empata. Foi assim ontem, no embate entre suíços e alemães em Frankfurt, com manifesta superioridade helvética. Na primeira oportunidade de que a equipa dispôs, aos 28', o jovem avançado Ndoye (Bolonha, 23 anos) não perdoou. Esteve a centímetros de bisar, levando a bola a beijar o ferro, três minutos depois.

Aqui para nós: gostaria bem de vê-lo no Sporting.

A Suíça vencia ao intervalo (1-0) e exibiu mais classe durante o segundo tempo, em que dispôs de duas grandes oportunidades de ampliar a vantagem: aos 84', quando Vargas a meteu lá dentro mas viu o golo anulado por suposta falta anterior de um colega que só o VAR descortinou; e aos 88, quando Neuer impediu golo de Xhaka com defesa quase impossível.

Três vezes campeã da Europa, a Alemanha parecia ter baixado os braços, resignada à derrota, quando Füllkrug a salvou, já no tempo extra, ao marcar após conversão de livre lateral. Estiveram a dois minutos da derrota - e consequente adeus ao primeiro lugar no Grupo A, que afinal venceram in extremis. Formam com Portugal e Espanha o trio de selecções com lugar garantido nos oitavos.

Safaram-se de boa, mas lançaram dúvidas junto dos adeptos: esta selecção germânica prometia mais do que está a oferecer.

 

Bélgica, 2 - Roménia, 0

Alemanha, 1 - Suíça, 1

Noite de azia para os profetas da desgraça

Portugal, 6 - Suíça, 1

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Jogadores abraçados após goleada: a nossa terceira melhor prestação de sempre em Mundiais

 

Mais que nunca, os profetas da desgraça parecem condenados ao desemprego. A selecção portuguesa teve ontem um desempenho brilhante, no Mundial do Catar, goleando a Suíça por 6-1. Foi a nossa vitória mais dilatada de sempre em fases a eliminar de campeonatos do mundo, superando os 5-3 à Coreia do Norte em 1966. E coroando uma partida brilhante, com golos para todos os gostos, num jogo que encerrou com 2-0 ao intervalo.

O herói do desafio foi um estreante como titular na equipa das quinas: Gonçalo Ramos. Ponta-de-lança digno deste nome. Marcou três (17', 51', 67') e deu outro a marcar (55'). Mais ninguém conseguiu fazer o mesmo até agora no Mundial do Catar. Jamais esquecerá esta goleada que o teve como protagonista.

Mas outros estiveram em grande nível: Pepe, impecável a defender e marcando de cabeça o segundo golo (33'); Raphael Guerreiro (dono da lateral esquerda, autor do belo golo 4 e da assistência para o último, aos 90'+2); João Félix (sem golos mas com duas assistências, no primeiro e no quinto); Dalot confirmando-se como titular indiscutível da ala direita ao assistir no terceiro e impedir que a Suíça marcasse aos 38'; Bruno Fernandes, com outra assistência (para o golo de Pepe, a terceira que faz neste Mundial).

Rafael Leão desta vez entrou bem, a tempo de encerrar a contagem com outro grande golo. Também Otávio e William Carvalho merecem elogio.

 

Perante 83.720 espectadores, a Suíça - que vencera Camarões e Sérvia na fase de grupos - procurou travar a nossa manobra ofensiva nos primeiros minutos, mas acabou encostada às cordas, vergada ao peso da derrota. Faz a mala, de regresso a casa, seguindo o exemplo da medíocre selecção de Espanha, eliminada também ontem por Marrocos após 120 minutos em que foi incapaz de marcar um golo e de uma ronda final de penáltis em que não converteu nenhum.

A equipa das quinas, pelo contrário, confirma a presença nos quartos-de-final - algo que antes só nos aconteceu em 1966 e 2006. Sagrando-se desde já como uma das oito melhores selecções à escala planetária com a nossa terceira melhor prestação de sempre até ao momento. Vamos defrontar precisamente Marrocos no próximo sábado. Com a legítima ambição de atingirmos as meias-finais. Agora não nos contentamos com menos.

 

Caíram alguns mitos persistentes neste jogo. Que a equipa portuguesa "só ganha por sorte", que apenas vence "por influência da santinha", que Fernando Santos é "incapaz de pôr a equipa a jogar ao ataque", que "faz alinhar sempre os mesmos", que esta selecção "tem vocação para o empate". Ninguém diria: levamos já 12 golos marcados em quatro jogos - à média de três por desafio. E ontem Santos mudou oito jogadores em relação ao desafio anterior, frente à Coreia do Sul. Mantendo no onze inicial apenas três titulares do Euro-2016.

Acabou-se também o mito de que o seleccionador era "incapaz de deixar Cristiano Ronaldo no banco". Aconteceu isso, levando os que repetiam essa ladainha a enfiar a viola no saco. Ronaldo entrou apenas aos 73', quando quase todo o estádio pedia em coro que ele calçasse: rendeu Gonçalo Ramos, novo herói das quinas, enquanto Ricardo Horta e Vitinha substituíam Otávio e João Félix.

Ainda entrariam Rúben Neves (para o lugar de Bernardo Silva, 81') e Leão (substituindo Bruno Fernandes, 87'). Quando a vitória e a passagem à fase seguinte já estavam garantidas.

 

Vários marcos assinalados. O nosso melhor resultado na etapa mata-mata de um Mundial. Ramos, com 21 anos, o mais jovem autor de três golos num só jogo desde o Campeonato do Mundo de 1962. Pepe, com 39 anos, o segundo mais velho a marcar em desafios a eliminar de uma fase final após o camaronês Roger Milla em 1994.

Todos satisfeitos em Portugal? Quase todos. Resta um pequeno círculo de irredutíveis aziados incapazes de celebrar vitórias das cores nacionais. São aqueles que inventam qualquer pretexto para desejar desaires à nossa selecção.

Andam todo o tempo em contramão: só festejam se houver derrota. Felizmente vão permanecer uns dias longe daqui.

Três nulidades

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Portugal encerrou a participação nesta fase da Liga das Nações com uma derrota - a primeira em quatro jogos, a nossa primeira neste ano civil que está quase a meio. Na Suíça, com golo sofrido logo no primeiro minuto - no único remate digno desse nome que a turma helvética fez à baliza de Rui Patrício. Depois disso, eles limitaram-se a «gerir o resultado», como se diz agora. Enquanto a selecção nacional foi incapaz de reagir na primeira parte, calamitosa.

A segunda foi diferente: tentou-se muito mas a bola não entrou, em larga medida devido à brilhante exibição do guarda-redes suíço Omlin, que impediu quatro golos.

 

Com Cristiano Ronaldo em campo, talvez tudo tivesse sido diferente. Mas o melhor do mundo não estava lá: o seleccionador dispensou-o deste jogo.

Opção insólita: em Alvalade, contra a Suíça, foi ele o autor de dois dos nossos quatro golos e ainda teve intervenção directa noutro ao apontar muito bem um livre de que resultaria a recarga de William, após defesa incompleta.

Outra opção incompreensível: Bernardo Silva ficou desta vez no banco até ao minuto 62. 

 

Mantemos intacta a esperança da qualificação para a final-a-quatro desta competição, que só irá disputar-se em Julho de 2023. Mas teremos de superar ainda dois confrontos, em Setembro: primeiro com a Espanha, em Portugal; depois na República Checa.

Só dependemos de nós, mas fomos ultrapassados no primeiro posto do Grupo 2 pelos espanhóis, que venceram os checos por 2-0 (com mais um golo do "nosso" Sarabia) e têm agora mais um ponto do que a equipa das quinas.

Dir-se-á que França e Inglaterra estão bem pior nos respectivos grupos. A turma gaulesa segue em último, com apenas dois pontos (ainda sem vitórias), tal como os ingleses. Também a Alemanha ainda não conseguiu vencer no Grupo 3.

Mas com o mal dos outros podemos nós bem.

 

Como tantas vezes digo, se os dados estatísticos vencessem jogos e campeonatos, o nosso seleccionador ideal deveria ser contratado no Instituto Nacional de Estatística. Eis alguns números deste Suíça-Portugal: «vencemos» 20-5 em remates, «goleámos» 10-0 em cantos e exibimos manifesta superioridade na famigerada «posse de bola»: 58%.

Para o nosso desaire de ontem em Genebra muito contribuiu o facto de o seleccionador português ter incluído três nulidades no onze inicial: Otávio, Vitinha e Rafael Leão.

Estranhamente o primeiro só ao intervalo foi substituído e os outros dois apenas receberam ordem de saída quando já tinha decorrido mais de uma hora de jogo.

Esqueçamos as estatísticas: é quanto basta para explicar esta derrota.

O regresso de Ronaldo a Alvalade

Melhor do mundo bisa contra a Suíça (4-0)

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Foi uma das melhores exibições da selecção nacional nos últimos anos. Na noite de ontem, em Alvalade - confirmando que o nosso estádio funciona como talismã da equipa das quinas. Cilindrámos a Suíça por 4-0 e poderíamos ter duplicado a goleada, tão deslumbrante foi a exibição portuguesa, com bola a circular ao primeiro toque, em progressão acelerada, numa demonstração viva de futebol de ataque. Perante o aplauso entusiástico de mais de 42 mil espectadores.

Figura da partida? O suspeito do costume: o melhor jogador do mundo. Cristiano Ronaldo bisou, aos 35' e aos 39', perante a visível emoção da sua mãe, presente na tribuna. Leva já 117 golos ao serviço da selecção - marca extraordinária num profissional que aos 37 anos regressou ao estádio onde começou a ser feliz, quase duas décadas volvidas.

Voltando a silenciar os idiotas que nunca perdem uma oportunidade de repetir que ele está «acabado» e «já deu o que tinha a dar».

 

Grandes exibições também de William Carvalho (que marcou o primeiro, aos 15'), Nuno Mendes, Rúben Neves e João Cancelo (que fechou a conta, aos 68', numa jogada de antologia, iniciada e concluída por ele).

Mas todo o onze nacional esteve muito bem. Segredo? O excelente desempenho colectivo potenciado pelas seis alterações que o seleccionador fez entre o desafio anterior, contra a Espanha (1-1), e este, que redundou na nossa maior goleada de sempre frente à Suíça. Que já tinha sofrido contra nós, fez ontem três anos, na meia-final da Liga das Nações. Com outra exibição sublime de CR7, autor dos três golos nesse triunfo por 3-1.

 

O nosso próximo desafio será na quinta-feira, também em Alvalade, contra os checos que ontem impuseram um empate (2-2) à selecção espanhola.

Feitas as contas, vamos em primeiro no grupo A. Uma vitória, um empate, cinco golos marcados e apenas um sofrido. E capazes de dar espectáculo, ao contrário do que alguns temiam. Os mesmos que aparecem sempre na hora dos desaires e se eclipsam quando há triunfo nacional. Como se tivessem vergonha de ser portugueses, algo que jamais entenderei.

A ver o Europeu (25)

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SORTE ESPANHOLA, MÉRITO ITALIANO

Itália mereceu passar às meias-finais, Espanha nem por isso. É a diferença entre uma selecção que deslumbra pelo seu futebol alegre e criativo e outra que se limita a picar o ponto neste irregular Euro-2021 num continente ainda marcado pela pandemia.

Os primeiros a entrar ontem em campo foram os espanhóis. Em Sampetersburgo, contra a Suíça estreante em quartos-de-final de uma grande competição futebolística. Seriam favas contadas, para muitos adeptos do país vizinho. Mas não foram. A "fúria" espanhola parece ter migrado para parte incerta: restou uma equipa desinspirada, incapaz de aproveitar um golo oferecido pelos suíços e a vantagem de jogarem com um a mais durante 48', o que faz uma diferença enorme nesta fase da competição.

Aos 120 minutos, esgotado o prolongamento, mantinha-se o 1-1 do tempo regulamentar. Nos penáltis, brilhou o réu da partida anterior, contra a Croácia: o guarda-redes Unai Simón, que defendeu dois. Destacou-se também Oyarzabal, que não vacilou quando chamado a converter - ao contrário de Rodri, médio do Manchester City, e do veterano capitão Sergio Busquets, único campeão mundial de 2010 que resta no plantel. Jordi Alba, campeão europeu por Espanha em 2012 tal como Busquets, apontara o golo do tempo regulamentar, beneficiando de um desvio de Zakaria.

Foi o único remate espanhol à baliza no primeiro tempo. Por parte da Suíça, nem isso.

A injusta expulsão de Freuler por acumulação de amarelos, aos 77', somada à lesão de Embolo antes da meia hora de jogo, virou o campo a favor de Espanha. Mas nem assim resultou, desde logo por uma exibição de luxo do guardião Sommer, sobretudo no prolongamento. Foi preciso muita incompetência suíça (só um penálti convertido em quatro marcados) na roleta das grandes penalidades para carimbar o passaporte do trajecto espanhol às meias-finais. Com muita sorte e pouco mérito.

 

Espanha, 1 - Suíça, 1 (vitória espanhola 3-1 no desempate por penáltis)

 

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Futebol do bom, só aconteceu à noite. Em Londres, no Bélgica-Itália. Os primeiros tinham eliminado Portugal num jogo em que não conseguiram ser melhores em campo. Os segundos haviam afastado a Áustria num desafio muito sofrido. 

Previa-se confronto intenso entre dois assumidos candidatos ao título europeu. E assim foi. Com predomínio italiano na primeira parte e ligeiro ascendente belga na segunda, em que os italianos pareceram sempre mais preocupados em defender a vantagem (2-1) alcançada ao intervalo.

O triunfo foi construído nesse primeiro tempo. Com o trio composto por Insigne, Immobile e Chiesa a brilhar nas rápidas incursões à grande área belga e Jorginho a pautar as operações no meio-campo.

O primeiro golo surgiu aos 31', pelo capitão do Inter, Barella, numa jogada de insistência, fuzilando Courtois após ter driblado três adversários. O segundo - um dos mais espectaculares deste Euro-2021 - surgiu dos pés de Insigne, fazendo jus ao nome: magnífico remate em arco, a meia-distância, aos 44'. Courtois nada podia fazer. 

Com um futebol sempre muito apoiado, abrindo sucessivas linhas de passe e garantindo equilíbrio no meio-campo, os italianos confirmaram-se como a selecção com melhor média de remates neste Europeu. Exibições de luxo do guarda-redes Donnarumma, de Chiesa e Spinazzola - este, infelizmente, forçado a abandonar aos 77', de maca, com lesão grave. O Campeonato da Europa terminou para ele.

Os belgas, com o lesionado Eden Hazard fora do onze titular, podiam ter marcado por De Bruyne aos 22' e Lukaku aos 26' e aos 61'. Mas só o fizeram graças a um penálti convertido por Lukaku, aos 45'+2, a castigar derrube de Doku à margem das regras. 

A Itália apenas conseguiu ser campeã europeia em 1968 e parece seriamente apostada em repetir essa proeza, 53 anos depois. Quanto à Bélgica, que tomba nos quartos-de-final após ter sido afastada pela França nas meias-finais do Campeonato do Mundo de 2018, continua sem justificar o absurdo destaque que a FIFA lhe atribui como selecção mais cotada do planeta futebol. Que raio de trono é este, alcançado sem uma só vitória até hoje num Mundial ou num Europeu?

 

Bélgica, 1 - Itália, 2

A ver o Europeu (22)

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ADEUS FRANÇA, ADEUS CROÁCIA

Depois do campeão europeu, também o campeão do mundo e o vice-campeão mundial caíram neste Euro-2021, ficando-se pelos oitavos-de-final. Comprovando que a realidade do futebol jogado é muito mais complexa do que as teorias de café ou de sofá.

Este foi um dia de festa para o futebol. Um dia em que se marcaram 14 golos, em Bucareste e Copenhaga.

Um dia com dois jogos de resultado incerto até ao fim. 

 

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Um desses desafios, o França-Suíça, só ficou decidido após o prolongamento, por pontapés de grande penalidade: persistia o 3-3 aos 90 minutos. Aqui a sorte sorriu aos suíços, que aliás fizeram por merecê-la: no momento decisivo, o do quinto penálti, um dos melhores jogadores do mundo, Mbappé, permitiu a defesa de Sommer, esta noite com uma exibição de luxo na capital romena.

O resultado foi oscilando. A Suíça marcou primeiro, por Seferovic, fixando o resultado ao intervalo. No recomeço, os suiços tiveram uma flagrante oportunidade de ampliar a vantagem para 2-0. Mas o lateral Ricardo Rodríguez, chamado a converter, viu a bola ser travada pelo experiente Lloris.

A França embalou então para a reviravolta. Com dois golos em dois minutos apontados por Benzema, regressado após cinco anos fora da selecção, e um monumental golo de Pogba - desde já candidato a um dos mais belos do torneio. Estavam decorridos 75', os franceses venciam 3-1, o desfecho parecia garantido. Mas houve combate até ao fim: Seferovic marcou o segundo aos 81' e Gavranovic fixou o empate aos 90'. Confirmando que o futebol pode ser um dos espectáculos mais emocionantes do mundo. 

Destaque na Suíça - além dos jogadores já mencionados - para o médio defensivo Xhaka, jogador do Roma, e o excelente ala esquerdo Zuber, do Eintracht Frankfurt. Merecem esta passagem da Suíça aos quartos-de-final, o que acontece pela primeira vez num Europeu.

 

França, 3 - Suíça, 3 (vitória suíça 5-4 no desempate por penáltis)

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Emocionante também o Croácia-Espanha, disputado a meio da tarde na capital dinamarquesa. Com um lance caricato do guarda-redes Unai Simón, que aos 20' deixou a bola atrasada por Pedri encaminhar-se lentamente para o interior da baliza, tentando pontapeá-la sem conseguir. Uma cena digna dos "apanhados".

Mas Sarabia - médio do PSG, um dos melhores em campo - repôs a igualdade aos 38'. Depois do intervalo, os espanhóis carregaram no acelerador e viram-se recompensados com dois golos - de Azpilicueta (57') e Ferran Torres (76'). O triunfo parecia garantido no tempo regulamentar, mas era engano: a Croácia conseguiu repor o empate. Com golos de Orsic (construído por Modric) aos 85' e de Pasalic aos 90'+2.

Foi-se para prolongamento, com vários jogadores à beira da exaustão. Aqui foi Morata - o patinho feio da selecção espanhola - a fazer a diferença, marcando o quarto da sua equipa, aos 100'. Belíssimo golo: recebeu a bola em zona frontal com o pé direito e rematou forte com o esquerdo. Oyarzabal confirmaria o triunfo aos 103'.

Mas os croatas, vice-campeões mundiais, não baixaram os braços. Saem de cabeça erguida: lutaram até ao fim. Confirmando que este dia merece ficar inscrito na história do futebol.

 

Croácia, 3 - Espanha, 5

A ver o Europeu (12)

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LOCATELLI, WIJNALDUM, BALE

Atenção a Itália, como já tinha escrito aqui: apresenta uma selecção fabulosa neste Europeu. Jogando ontem novamente em casa, no Estádio Olímpico de Roma, os italianos fizeram outra extraordinária partida, levando a Suíça ao tapete. Pela mesma marca que Portugal aplicou à Hungria.

Locatelli, médio ofensivo do Sassulo, teve uma partida de sonho: marcou os dois primeiros golos, aos 25' e aos 52'. Immobile, aos 89', fixou o resultado - tendo também já dois apontados no Euro-2021. A Suíça facilitou a missão italiana: passiva, sempre remetida à defesa, incapaz de um lance bem construído.

Décimo jogo seguido da squadra azzurra a ganhar, sem sofrer um só golo. Duas vitórias, com 6-0 no total, até agora no Grupo A. Grandes, enormes, jogadores: Spinazzola, Chiesa, Bonucci, Berardi, Jorginho. Já estão nos oitavos. Foram os primeiros a carimbar o passaporte para a fase seguinte deste Euro-2021.

 

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Também a Holanda transitou para os oitavos, já hoje. Clara superioridade da selecção laranja perante os austríacos. É certo que jogavam em casa, no estádio de Amesterdão, mas a equipa adversária mal conseguiu dar réplica. Desconfio sempre, aliás, das selecções que têm um defesa como principal vedeta - no caso austríaco, o capitão Alaba, prestes a estrear-se no Real Madrid. Foi dele, aliás, a melhor oportunidade dos visitantes, com um forte remate aos 81' que saiu ligeiramente ao lado. Mas também foi ele a cometer o penálti que facilitou a vitória holandesa, logo aos 9': decisão do vídeo-árbitro, instrumento decisivo para a verdade desportiva, como este certame tem confirmado.

Depay meteu-a lá dentro. Aos 67', Dumfries confirmou a vitória. Mas o astro do encontro foi Wijnaldum, médio do Liverpool: é um pilar da selecção, parece actuar no campo todo.

Dois jogos, duas vitórias, comando indiscutível do Grupo C: há que levar em devida conta esta Holanda. Longe do brilhantismo de outrora, mas com inegável eficácia em campo.

 

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Gareth Bale andou desaparecido no jogo inaugural do País de Gales, frente à Suíça. Mas reapareceu ontem, no embate contra a Turquia em Baku, onde foi pedra basilar. Os dois golos do triunfo galês resultaram de assistências dele: o primeiro numa parceria com Ramsey (42'), o segundo com magnífico desfecho, de Kieffer Moore (90'+5). 

Estes foram os pontos altos. Em contraste, Bale falhou um penálti atirando a bola para a bancada: acontece aos melhores.

A Turquia - desta vez com Demiral ausente do onze titular - fica quase de certeza pelo caminho. Com duas derrotas nas partidas disputadas no Grupo A. Cinco golos sofridos, nenhum marcado. Quem disse que a Hungria, que defrontou Portugal, era a equipa mais fraca do Europeu?

 

Itália, 3 - Suíça, 0

Holanda, 2 - Áustria, 0

País de Gales, 2 - Turquia, 0

A ver o Europeu (4)

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ATENÇÃO AOS BELGAS

Jogo fraquinho, o País de Gales-Suíça - duas selecções de segundo plano no âmbito europeu. Nenhuma delas parece fadada para grandes voos. No Estádio Olímpico de Baku, capital do Azerbaijão, os cerca de 30 mil espectadores ontem presentes nas bancadas devem ter bocejado durante a sonolenta primeira parte, em que cada selecção só rematou uma vez às balizas adversárias. Na segunda, as coisas animaram-se um pouco: o jovem Embolo, avançado do Borussia, abriu o marcador pela Suíça aos 49', cabeceando na sequência de um canto. Mas Gales empatou aos 85', também após um canto. Marcador: Kieffer Moore, que actua na segunda divisão inglesa.

Gareth Bale mal deu nas vistas. O benfiquista Seferovic, com prestação medíocre, ficou em branco. 

 

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Bastante mais animado, o Rússia-Bélgica da noite de ontem, em Sampetersburgo. Confirmando a selecção belga não só como principal candidata ao triunfo no Grupo B mas do próprio Campeonato da Europa.

Mesmo desfalcada - com Witsel e Kevin de Bruyne lesionados e Eden Hazard fora do onze titular - a selecção que lidera o ranking da FIFA sem nunca ter vencido um Europeu ou um Mundial deu uma lição de futebol de ataque apoiado, com bola ao primeiro toque e competente organização colectiva. Ao contrário, os russos - campeões dos passes falhados - nem chegaram a incomodar Courtois, o experiente guardião belga. Só Mário Fernandes, ala brasileiro naturalizado russo, escapou à vulgaridade dos anfitriões.

O astro da partida foi Lukaku: autor de dois dos três golos, aos 10' e aos 88', é já o melhor marcador do torneio. Destaque também para as prestações do lateral ofensivo Meunier (que marcou o segundo, aos 34') e de Ferreira-Carrasco, protagonista de sucessivos desequilíbrios no corredor ofensivo esquerdo.

Não é à toa que lhes chamam "diabos vermelhos": são irrepreensíveis a defender e de uma eficácia extrema a atacar. Prestem atenção a eles.

 

País de Gales, 1 - Suíça, 1

Rússia, 0 - Bélgica, 3

Os destaques: Max, Conté, Nuno Mendes

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Segundo jogo enquadrado neste estágio de pré-preparação da nova temporada na Suíça, segunda vitória adiada. O Sporting cedeu hoje um empate (2-2) frente ao St. Gallen - equipa que ficou na sexta posição do campeonato helvético na época passada - numa partida em que aos 25' já vencíamos por 2-0.

A incapacidade de gerir o resultado, devido a um claro retraímento da nossa equipa a partir da meia hora de jogo, conjugada com erros defensivos inaceitáveis, explica este empate, ainda assim melhor do que o desfecho de há três dias, também na Suíça, quando perdemos frente ao modestíssimo Rapperswil, da terceira divisão. 

A figura do jogo, para não variar, voltou a ser Bruno Fernandes. É ele quem começa a construir o primeiro golo, logo aos 2', com um soberbo passe para Raphinha, e é também ele quem a mete lá dentro, de recarga, mostrando aos companheiros que um verdadeiro craque nunca desiste de um lance. Também dos pés do nosso capitão partiu a assistência para o segundo, apontado por Wendel aos 25'. Um golaço  indefensável, disparado de fora da área.

 

Os mais optimistas - entre os quais me incluo - chegaram a antever uma goleada. Nada disso ocorreu. Por quebra física e algum excesso de confiança, sempre mau conselheiro, o Sporting afrouxou a pressão sobre os suíços, que assumiram o controlo do jogo a partir do final da primeira parte, marcando aos 43' e aos 52'. Tornando mais evidentes as debilidades da nossa equipa, desfalcada de alguns dos seus titulares habituais, como Coates e Acuña, ausentes deste estágio por se encontrarem ainda de férias na sequência da participação na Copa América ao serviço das selecções uruguaia e argentina.

No segundo tempo, marcado por sucessivas rotações de jogadores o St. Gallen foi claramente a melhor equipa em campo. Aí destacou-se, pelo nosso lado, o jovem guarda-redes Luís Maximiano, que rendeu Renan aos 62'. Evitando dois golos - o primeiro aos 79', com uma excelente defesa, e o segundo mesmo ao cair do pano, ao sair muito bem da baliza quando um jogador helvético já se isolava, pronto a disparar. 

 

É justo ressalvar que nesta segunda parte o Sporting alinhou com dois miúdos de 17 anos que há semanas ainda actuavam nas competições juvenis: o central Eduardo Quaresma e o lateral Nuno Mendes. De resto, terminámos a partida com sete elementos da nossa formação -- incluindo todo o quinteto defensivo. Precisamente num período em que não sofremos golos.

O pior em campo, claramente, foi o único que jogou os 90 minutos: Tiago Ilori. Desastrado na posição em que actuou inicialmente, como lateral direito improvisado (Bruno Gaspar está de férias e Ristovski magoou-se já na Suíça), e a partir dos 62' como central, ocupando o espaço que estivera confiado a Luís Neto. Quase nada lhe saiu bem em qualquer destas missões.

 

Entre os reforços, Neto e Plata voltaram a mostrar qualidades. Vietto, fora da posição em que mais rende, esteve longe de deslumbrar, tal como Matheus Pereira - pelo mesmo motivo. Camacho, como ala esquerdo, mostra-se voluntarioso mas ainda com necessidade de acertar o rumo, sobretudo no capítulo táctico. Eduardo começou acima da média mas teve um deslize imperdoável que nos custou um golo.

O próximo teste, que promete ter um grau de dificuldade maior, será frente ao Brugge. Sexta-feira, dia 19.

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Os jogadores, um a um:

 

Renan (29 anos).

Mais: atento, saiu dos postes com rapidez aos 42', resolvendo a pontapé.

Menos: encaixou dois golos, embora um deles claramente indefensável.

Nota: 4

 

Ilori (26 anos).

Mais: subiu algumas vezes à baliza adversária no primeiro tempo, procurando marcar. - sem sucesso algum.

Menos: deixou-se ultrapassar várias vezes, enquanto lateral direito, pelo extremo adversário, que fez dele o que quis, e revelou erros de posicionamento como central, a partir do minuto 62.

Nota: 3

 

Neto (31 anos).

Mais: corte impecável aos 55'.

Menos: falta-lhe a capacidade de construção de Coates no primeiro momento ofensivo.

Nota: 6

 

Mathieu (35 anos).

Mais: corte perfeito aos 59', excelente passe longo aos 61'.

Menos: sentiu-se a falta dele na meia hora final: saiu aos 62'.

Nota: 6

 

Conté (21 anos).

Mais: lateral esquerdo titular, por ausência de Acuña e Borja, foi veloz e voluntarioso no seu corredor, apoiando o ataque com processos simples.

Menos: revelou excesso de ansiedade em alguns lances.

Nota: 6

 

Eduardo (24 anos).

Mais: jogou na posição 6, servindo os companheiros em missão ofensiva.

Menos: erro grave aos 43': dominou mal a bola em zona proibida, oferecendo-a para o segundo golo dos suíços.

Nota: 4

 

Wendel (21 anos).

Mais: apontou o nosso segundo golo - com um pontapé fortíssimo, de fazer levantar o estádio.

Menos: protesta demasiado e devia agarrar-se menos à bola.

Nota: 6

 

Bruno Fernandes (24 anos).

Mais: constrói e finaliza o golo inaugural, estavam decorridos dois minutos, e assiste Wendel no segundo. 

Menos: decidiu mal, a 20 metros da baliza, quando desperdiçou um lance tendo um colega mais bem colocado, com apenas um defesa pela frente.

Nota: 7

 

Raphinha (22 anos).

Mais: muito activo, levou perigo à baliza suíça logo nos momentos iniciais do jogo. É ele quem remata, para defesa incompleta do guardião adversário, permitindo que Bruno marcasse.

Menos: falhou alguns passes.

Nota: 7

 

Camacho (19 anos).

Mais: ala esquerdo durante o primeiro tempo, fez algumas tabelinhas de qualidade com Luiz Phellype e Conté.

Menos: exibição demasiado discreta, também por ter sido pouco procurado pelos companheiros.

Nota: 5

 

Luiz Phellype (25 anos).

Mais: melhorou em relação ao jogo anterior, mostrando-se mais acutilante ao movimentar-se na grande área.

Menos: continua sem marcar.

Nota: 5

 

Idrissa Doumbia (21 anos).

Mais: jogou toda a segunda parte, bom corte aos 73'.

Menos: perdeu a bola em zona proibida aos 51'. Passou o resto do tempo de costas para a baliza, na posição 6, passando só para o lado e para trás.

Nota: 4

 

Bas Dost (30 anos).

Mais: em campo na segunda parte, entregou bem a bola a Vietto, aos 86'.

Menos: mal servido, procurou a bola em zonas mais recuadas, designadamente junto à linha esquerda, desposicionando-se sem proveito para a equipa.

Nota: 4

 

Vietto (26 anos).

Mais: actuou no segundo tempo, evidenciando bons dotes técnicos. Lançou um contra-ataque perigoso aos 55'.

Menos: não tem vocação para actuar na ala, onde o técnico o colocou pela segunda vez, nem parece muito apto para tarefas defensivas. Por excesso de fintas, desperdiçou um bom lance de ataque.

Nota: 5

 

Maximiano (20 anos).

Mais: em campo desde os 62', evitou dois golos suíços com enormes defesas, demonstrando ter valor para o principal escalão do futebol leonino.

Menos: deficiências na reposição de bola: enviou-a por três vezes directamente para fora.

Nota: 7

 

Thierry (20 anos).

Mais: o campeão europeu sub-19 entrou aos 62', cobrindo a lateral direita: cortes providenciais, aos 69' e 70'.

Menos: demorou a recuperar posição após lances ofensivos.

Nota: 5

 

Miguel Luís (20 anos).

Mais: não cometeu nenhum erro grave.

Menos: ocupando a posição 8, a partir dos 62', foi demasiado discreto: mal se deu por ele.

Nota: 4

 

Eduardo Quaresma (17 anos).

Mais: actuou desta vez no lugar em que está mais habituado, como central.

Menos: em campo desde o minuto 62, revelou algum nervosismo - natural por ser tão jovem.

Nota: 5

 

Nuno Mendes (17 anos).

Mais: dinâmico, voltou a dar nas vistas como lateral esquerdo a partir dos 62': grande corte aos 78'.

Menos: falta-lhe alguma disciplina táctica, o que não surpreende.

Nota: 6

 

Plata (18 anos).

Mais: desta vez não deu nas vistas em confrontos individuais. Mas entrega-se ao jogo, sem se esconder da bola.

Menos: compromisso defensivo: apoiou várias vezes as linhas mais recuadas.

Nota: 5

 

Matheus Pereira (23 anos).

Mais: inegável capacidade técnica, bem evidenciada em passes curtos na zona central, que está longe de ser o espaço em que se movimenta melhor.

Menos: coube-lhe missão ingrata: substituir Bruno Fernandes a partir dos 62'. Qualquer um ficaria a perder na comparação.

Nota: 5

Não gostei

Detesto perder, nem que seja a feijões. Por isso não gostei que o Sporting - mesmo num jogo-treino, de preparação da próxima época - tenha perdido com um modesto clube não-profissional, despromovido à terceira divisão do futebol suíço.

Há mínimos a manter. Até em defesa da marca Sporting além-fronteiras. Estou certo de que Marcel Keizer terá dito algo como isto aos jogadores no balneário. 

Os destaques: Plata, Eduardo, Camacho

image.jpg

 

Uma sensaboria, o primeiro jogo de preparação do Sporting com vista à época 2019/2020. Decorreu na Suíça, junto ao Lago Zurique, frente à modesta equipa do Rapperswil-Jona, despromovida à terceira divisão do campeonato helvético.

Apesar de ter defrontado um grupo amador, o conjunto leonino revelou várias debilidades - naturais, desde logo, pelo facto de os suíços estarem já mais adiantados na preparação da temporada. Debilidades que levaram a nossa equipa a sair derrotada, por 1-2. O resultado, nestes casos, é quase irrelevante, mas não deixa de ser significativo que tenhamos sido incapazes de marcar em lance corrido. O nosso golo solitário foi apontado de penálti, aos 13', por Bruno Fernandes. Vencíamos por 1-0 quando chegou o intervalo.

 

No fundo, foram dois jogos diferentes. Porque ao intervalo Marcel Keizer substituiu toda a equipa, fazendo alinhar hoje 22 jogadores no relvado suíço. Registou-se uma quebra inevitável da qualidade exibicional na segunda parte, em que alinharam oito elementos da nossa formação - alguns ainda juniores.

Não pode ser negado: os dois golos suíços nasceram de inaceitáveis lapsos defensivos leoninos, designadamente do nosso defesa mais experimentado, Ilori, que pareceu desconcentrado em ambos os lances, colocando os suíços em jogo. 

Destaque para as oportunidades dadas aos jovens da formação leonina. Hoje Keizer fez alinhar vários deles (Nuno Mendes, Eduardo Quaresma, Abdu Conté, Ivanildo Fernandes, Rafael Camacho) em estreia na equipa principal do Sporting.

 

Esta partida, que contou com a assistência de algumas dezenas de emigrantes portugueses, serviu sobretudo para analisar os reforços do Sporting. Nota positiva, acima de todos, para o equatoriano Plata - de longe o melhor em campo na segunda parte. Também gostei das prestações de Eduardo e Camacho. Mas é muito cedo para tirar conclusões que possam parecer definitivas.

Excepto uma: o Sporting não carece de soluções nos extremos ofensivos. Temos Raphinha, Camacho, Jovane, Matheus Pereira e Plata. Acuña e Diaby também podem fazer estas posições. Mais reforços para quê?

 

............................................................................................

 

Os jogadores, um a um:

 

Renan (29 anos).

Mais: manteve as nossas redes intactas enquanto esteve em campo, na primeira parte.

Menos: alguma intranquilidade num lance em que se viu forçado a sair dos postes.

Nota: 5

 

Thierry (20 anos).

Mais: em bom plano nos confrontos individuais.

Menos: podia ter subido um pouco mais na sua ala.

Nota: 5

 

Neto (31 anos).

Mais: reforço no eixo da defesa, rendeu sem problemas o ausente Coates.

Menos: faltou alguma articulação com Mathieu, o que não admira.

Nota: 6

 

Mathieu (35 anos).

Mais: corte impecável - bem ao seu jeito - aos 40', num lance difícil.

Menos: falhou alguns passes.

Nota: 6

 

Nuno Mendes (17 anos).

Mais: fez circular bem a bola, compensando as ausências de Acuña, Borja e Jefferson na lateral esquerda.

Menos: nervosismo pontual, mais que justificável nesta estreia absoluta pela equipa principal

Nota: 6

 

Idrissa Doumbia (21 anos).

Mais: o marfinense soube ligar as linhas enquanto médio mais recuado, parecendo o principal candidato a titular na posição 6.

Menos: falta-lhe alguma cultura posicional para render frente a equipas com mais jogo ofensivo.

Nota: 5

 

Wendel (21 anos).

Mais: protagonizou as tabelinhas mais vistosas no corredor central, municiando o ataque leonino.

Menos: continua por vezes demasiado agarrado à bola.

Nota: 6

 

Bruno Fernandes (24 anos).

Mais: capitão nos 45' iniciais, não se limitou a usar a braçadeira: foi um verdadeiro líder em campo. Marcou muito bem o penálti de que resultaria o nosso único golo.

Menos: só jogou a primeira parte e fez falta no segunto tempo. Soube a pouco.

Nota: 7

 

Raphinha (22 anos).

Mais: muito dinâmico, arrancou a grande penalidade que nos daria vantagem temporária no marcador.

Menos: ainda com falta de automatismos, o que se justifica.

Nota: 6

 

Vietto (26 anos).

Mais: o reforço argentino, jogando inicialmente como ala esquerdo, rematou muito bem colocado, fazendo a bola subir um pouco acima da barra, aos 28'.

Menos: vê-se que rende mais na zona central do ataque.

Nota: 6

 

Bas Dost (30 anos).

Mais: o melhor que fez foi mandar uma bola a rasar o poste, aos 9'.

Menos: ainda muito preso de movimentos.

Nota: 4

 

Maximiano (20 anos).

Mais: estreou-se como segundo guarda-redes da equipa principal do Sporting, como prova de confiança do técnico nas suas capacidades.

Menos: sofrer dois golos em 45 minutos frente a uma equipa não-profissional marcou esta estreia de forma negativa.

Nota: 3

 

Eduardo Quaresma (17 anos).

Mais: estreia absoluta na equipa principal, ainda júnior, como lateral direito durante toda a segunda parte: vai recordar sempre este jogo.

Menos: muito voluntarismo por vezes prejudicado pelo excesso de nervosismo.

Nota: 5

 

Ivanildo (23 anos).

Mais: coube-lhe um repto muito importante: ocupar no segundo tempo a posição que o veterano Mathieu havia preenchido nos 45' iniciais.

Menos: podia ter feito melhor em qualquer dos golos sofridos.

Nota: 4

 

Ilori (26 anos).

Mais: algum atrevimento no início da construção ofensiva, fazendo impor a sua condição física.

Menos: colocou em jogo os adversários em ambos os golos, facilmente evitáveis.

Nota: 3

 

Conté (21 anos).

Mais: arriscou várias missões ofensivas a partir da lateral esquerda.

Menos: exibição no período complementar inferior à de Thierry no primeiro tempo.

Nota: 4

 

Eduardo (24 anos).

Mais: exibição personalizada do reforço vindo do Belenenses, como médio de contenção encarregado de participar na primeira fase dos lances ofensivos.

Menos: parece sentir-se mais à vontade num sector mais avançado do meio-campo do que na posição 6.

Nota: 6

 

Miguel Luís (20 anos).

Mais: foi capitão durante todo o segundo tempo, numa prova de confiança no seu discernimento.

Menos: fez afunilar o jogo em excesso pelo corredor central, desaproveitando as alas.

Nota: 5

 

Matheus Pereira (23 anos).

Mais: liderou as operações na frente de ataque leonina durante todo o período complementar.

Menos: abriu linhas de passe nem sempre aproveitadas pelos companheiros.

Nota: 6

 

Plata (18 anos).

Mais: internacional sub-20 do Equador, protagonizou os melhores momentos do Sporting no segundo tempo. Dominou o corredor direito e levou a bola a embater na barra aos 51'. É mesmo reforço.

Menos: neste jogo foi pouco testado nas manobras defensivas.

Nota: 7

 

Camacho (19 anos).

Mais: ex-Liverpool, também formado no Sporting, revelou muito boa técnica como ala esquerdo, parecendo ser também um reforço de qualidade.

Menos: faltou-lhe entrosamento com os colegas, o que se compreende.

Nota: 6

 

Luiz Phellype (25 anos).

Mais: nada egoísta, apoiou os colegas nos lances de bola parada defensiva.

Menos: mal se deu por ele no ataque.

Nota: 4

a sombra da bananeira

Um pouco assustadora a falta de qualidade de Nelson Semedo e de Raphael, o lateral do Borussia (que pouco jogou ao longo do ano). Ruben Dias também pareceu assustado com a poderosa armada suíça e até Patrício titubeou contra o melhor ataque do futebol mundial. Ruben dos Wolves também apanhou bonés contra o espantoso meio campo suíço durante uma hora e Bernardo Silva, candidato a sucessor de CR7 e paixão da vida de Guardiola, andou perdido no campo contra uma Suíça - que tem uma das melhores equipas de todos os tempos, até à assistência do segundo golo.
O nosso Bruno Fernandes começou péssimo, mas subiu, embora não tenha imposto um jogo de 20 milhões, quanto mais de 100. William, é preciso gostar dele e conhecê-lo, mas apostaria que ficará para sempre em clubes que não ganham títulos.
Portugal é o melhor país vendedor de craques.
No fundo, temos uma bananeira chamada Questiano, à sombra da qual todos dormem há muito.

Máxi-Ronaldo entre os pigmeus

Uma vez mais, aqueles patuscos que nas pantalhas e nas colunas de alguns jornais defendem a importação de árbitros para o futebol português terão de meter a viola no saco. 

O desempenho daquele senhor alemão de apito nos beiços - e do vídeo-árbitro que tão má assistência lhe deu - foi inenarrável. Ao inventar ontem um penálti contra nós: só isso permitiu à selecção visitante marcar no Portugal-Suíça, que permaneceu empatado até aos 88'. Se não contássemos com Cristiano Ronaldo - que aos 34 anos teima em ser o melhor jogador do mundo e em dois minutos cruciais, ao cair do pano, fixou o resultado em 3-1 - talvez não chegássemos à final desta pioneira Liga das Nações, a disputar domingo que vem contra a Inglaterra ou a Holanda. Mais um desempenho superlativo do nosso melhor de sempre traduzido em três golos. Já soma 88 só na selecção.

Deixem lá os estrangeiros do apito: se há matéria-prima que não necessitamos de importar é a incompetência, que por cá abunda. Mal por mal, antes os de Portugal. Que, pelo menos, entendem os nossos insultos.

E, já agora, poupem-nos a outro disparate: não desatem a inventar putos-maravilha prontos a destronar CR7. Nenhum míni tem pedalada para se equiparar ao máxi. O trono é de Ronaldo - conquistado à custa de muito suor, talento e mérito, e não de manchetes fofinhas do jornal A Bola.

A ver o Mundial (5)

2018-Russia-World-Cup[1].jpg

 

O MELHOR DA RUA DELE

 

Neymar reclamou para si, há dias, o título de melhor futebolista do mundo - alegando, com alguma graça, que Cristiano Ronaldo e Messi «são de outro planeta». Está cheio de razão: não devemos comparar algo incomparável, como ontem o Brasil-Suíça bem evidenciou. Exibição fraquinha do "escrete canarinho", que se deixou empatar após um golaço de Philippe Coutinho logo aos 20'. O craque do Barcelona rematou cruzado, de fora da área, assinando um dos melhores golos do Mundial até ao momento.

Quanto ao avançado do PSG, parecia um gatinho inofensivo. O melhor que conseguiu foi um cabeceamento à figura do guarda-redes Sommer, iam decorridos 88'. Sempre muito vigiado, actuou com pouca intensidade e perdeu inúmeras bolas, sem nunca fazer a diferença. Esteve muito longe de provar que é o melhor do mundo ou até o melhor do Brasil. Mas é, seguramente, o melhor da rua dele.

Valha a verdade: os pentacampeões brasileiros podem queixar-se do árbitro. Não apenas no golo sofrido aos 50' - precedido de falta evidente do marcador, Zuber, sobre o central Miranda, impedido de saltar à bola com ele - mas também num penálti cometido sobre Gabriel Jesus a que o árbitro fez vista grossa, sempre com o consentimento do vídeo-árbitro, que neste Mundial tem mantido intervenção mínima. Numa prova evidente de que as críticas que costumamos fazer por cá aos senhores do apito, quando os consideramos os piores da Europa são manifestamente exageradas.

 

Brasil, 1 - Suíça, 1

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