Sabe sempre bem ler sobre antigos jogadores que, nos seus países de origem, aproveitam para ir ver o Sporting quando este vai aí disputar um jogo e recordam, com carinho e gratidão, a sua passagem pelo clube.
Foi o caso, por estes dias, de Stan Valckx, antigo defesa da equipa leonina considerada por muitos (onde me incluo) como a melhor do Sporting dos últimos 25 anos.
Na época passada tivemos o matador Beto Acosta que fez uma paragem por Alcochete para matar saudades. André Cruz também é outro que surge amiúde a falar sobre o clube. Li há meses, com especial gosto, uma entrevista ao Juskowiak onde este recordava a sua passagem pelo clube. Pergunto-me, muitas vezes, que será feito do Vujacic, ou quando é que o Balakov e o Iordanov voltam a Alvalade.
Alguns destes antigos jogadores tornaram-se olheiros, treinadores ou agentes desportivos. São de geografias onde o Sporting há muito que não regressa (da Bulgária só agora é que voltámos a contratar um jogador de lá; da Holanda parece que ficou trauma pelo Labyad embora o Wolfswinkel tenha dado muito jeito; de Montenegro, depois do erro de casting do Vukcevic, nunca mais se contratou por lá ou pelos países vizinhos) e que certamente tem boa matéria-prima para dar qualidade à equipa como esses antigos atletas deram. Não sei porque nunca colaboraram de forma mais presente com o clube, mas seria bom que o Sporting tentasse capitalizar o bom que deixou na vida desses seus antigos profissionais e que estes recordam sempre.
Ele chegou na minha adolescência, naquele momento em que comecei a ir à bola sozinho ou com amigos meus. Foi uma viragem de página para mim, que coincidiu com o renascer do clube, depois de anos de amargura.
Stan Valckx, holandês, chegou-nos em 1992, ganhando de imediato um lugar na defesa. Fez três épocas, duas delas de altíssimo nível. Jogava de cabeça levantada, como poucos sabem fazer. Era duro, mas leal. Subia no terreno com a facilidade de um médio. A confiança com que jogava - fruto de uma enorme experiência, também na selecção laranja - transmitia-se dentro e fora do campo.
Lembrei-me de o acrescentar à nossa lista quando pensava na minha maior expectativa para este ano, o também holandês Boulahrouz. Estou certo que nos vai trazer tantas alegrias como o seu compatriota.
Sou um coleccionador nato, desde antiguidades, pinturas, fotografias, porcelanas, selos, moedas e tudo quanto se relaciona ao futebol, em geral, e ao Sporting, em particular. Infelizmente, a maior parte do meu vasto sortido futebolístico encontra-se armazenado por falta de espaço; uma mala cheia de camisolas oferecidas por jogadores, uma rede com cerca de 20 bolas autografadas por equipas, centenas de galhardetes e medalhas, bilhetes de jogos, cartões, etc. . Aos poucos vou localizando alguma coisa e a propósito da série iniciada pelo José da Xã, «Eu estive lá», deparei com alguns ingressos de ordem diversa, entre os quais este convite para assistir ao Sporting 3 Paços de Ferreira 1, no dia 6 de Junho de 1993. O Sporting era então treinado por Sir Bobby Robson e encontrava-se em 3.º lugar na tabela classificativa. Naquele dia alinhou de início com: Rogério Peres, Carlos Jorge, Paulo Torres, Nelson, Peixe, Filipe Ramos, Luís Figo (Yordanov 57m), Cadete, Juskoviak, Capucho e Porfírio (Balakov 45m). Os marcadores foram Yordanov, Capucho e Cadete.
Curiosamente, o que mais me recordo dessa data não é o jogo em si, mas sim um episódio que ocorreu na Tribuna. Estava eu em conversa com o Hilário quando surge o central holandês Stan Valckx, extremamente enervado, porque o presidente foi ao balneário e impediu-o de se equipar. Aparentemente, o Stan fez um comentário durante a semana relativamente aos prémios de jogo que não agradou a Sousa Cintra.
Junho 6, 1993: Hilário da Conceição ladeado por um «simpático» rapaz, muito parecido comigo, na Tribuna do Estádio José de Alvalade no dia da recepção ao Paços de Ferreira. O mais interessante da fotografia não são os retratados mas sim o fotógrafo, o defesa central holandês Stanislaus Valckx que, momentos antes, em pleno balneário, foi impedido de se equipar pelo então presidente José Sousa Cintra. Quando o questionei sobre a sua surpreendente presença ali, uma hora antes do jogo, ele respondeu: «o presidente não me deixa jogar.» A causa desta extraordinária intervenção presidencial deve-se a um comentário do Stan, durante a semana, relativamente ao atraso do pagamento dos prémios de jogo.
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