Já dizia Napoleão que escolhia os seus generais pela sorte que tinham. E o facto é que a sorte dá imenso trabalho, ou dito de outra forma, quem trabalha muito bem estará sempre próximo de ter sorte.
Rúben Amorim é um treinador com muita sorte. Ninguém diria que ao intervalo, a perder por 2-0 e completamente subjugado pela “ratice “ de Carvalhal, substituía um defesa por outro, e acabaria a ganhar o jogo por 4-2.
Quem não tem sorte nenhuma é a recente coligação entre letais e lampiões, e a tal tasca do candidato dos 7% é disso testemunho: até reproduziram o artigo do putativo candidato à sucessão do "princepezinho", Diogo Luís, que nos foram enchendo os ouvidos sob a saída imediata de Amorim assim que foi conhecida a sua saída. Depois dos muitos insultos na primeira parte lá tiveram de engolir mais uma vez a pastilha verde e branca.
Nestes quatro jogos que Frederico Varandas impôs ao Man.United estiveram alguns dos maiores feitos com que Amorim vai ser lembrado por muitos e muitos anos no Sporting: o 4-1 ao Man.City e este 4-2 ao Sp.Braga. O que teria acontecido se em vez dele estivesse alguém como o líder espiritual lá dessa tasca? Mais um assalto a Alcochete?
Eu estou-lhe muito agradecido por isso. O coração aguentou, os meus berros hoje chegaram aos vizinhos aqui próximos, o Laphroig tratou do resto.
Sobre o jogo, o Sporting entrou em campo a passear superioridade técnica e o adversário agradeceu. Depressa anularam o trio que jogava atrás do sueco: Bragança, Trincão e Pedro Gonçalves, e com isso… não houve sueco. Nem sueco nem remates enquadrados. O que houve foram três contra-ataques que deram dois golos, onde o azar se misturou com erros próprios e com aquele sentido APAF de meter o punhal para agradar aos seus “stakeholders”.
Ao intervalo saiu o tenrinho/azarado Debast e entrou o lesionado crónico St. Juste, o tal que foi passar férias ao seu país nos últimos meses, se calhar até andou na “má-vida” ou nas “coffee-shops”, e foi ele que deu a volta ao texto, fazendo do lado direito com Quenda uma fonte de perigo para o adversário, e cabeceando ao poste no primeiro golo. Só depois vieram os “vikings” dar cabo do adversário.
Foi assim, e muita pena tive de lá não estar.
Melhor em campo? St.Juste mudou o jogo. Depois o trio “viking”, o grande capitão Hjulmand, Gyökeres e Harder.
Arbitragem? Marca APAF, quem manda é o árbitro mesmo que sejam asneiras atrás de asneiras, marcando diferente faltas iguais, castigando com cartões quem protesta e marcando golo num lance em que o guarda-redes está no chão depois de ser abalroado por um atacante contrário. Posso admitir que pudesse ser marcado penálti, por falta de Quenda, agora validar o golo com o guarda-redes caído só dá para perceber porque é que estas “estrelas” APAF não valem nada em termos da UEFA/FIFA.
E agora? Obrigado, Amorim, passa bem que nós também. Amanhã vai ser outro dia…
Jeremiah St. Juste voltou a lesionar-se ainda antes de começar a época. Pela oitava vez desde que chegou ao Sporting, em Maio de 2022.
Desta vez lesionou-se sozinho, o que também não é caso virgem. Culpa dum pico mal medido e totalmente desnecessário, como se ignorasse as fragilidades do seu corpo, no amigável contra o Sevilha, na terça-feira.
Vale a pena recapitular aqui o historial de lesões deste central holandês de 27 anos que tem vínculo contratual com o Sporting até 2026 e está salvaguardado por uma cláusula de 45 milhões de euros.
Infelizmente, convenço-me de que St. Juste é, no fundo, um lesionado crónico. Quando está apto, revela-se até um defesa acima da média no futebol português. Problema: isso acontece poucas vezes.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre ST. JUSTE:
- Vítor Hugo Vieira: «Para mim o melhor trio de centrais neste momento já é St. Juste, Diomande e Inácio.» (12 de Novembro)
- José Navarro de Andrade: «Diomande, Coates, Morita, Hjulmand, Geny, Bragança, St. Juste, Edwards, são um gosto de ver jogar.» (5 de Dezembro)
- Luís Lisboa: «Na defesa temos dois dos jogadores mais valiosos da Liga: Diomande e Inácio. St. Juste estaria no mesmo plano se não fossem as lesões.» (16 de Janeiro)
- Eu: «Cumpriu no essencial, faltando-lhe alguns automatismos, como seria de esperar. Mas saiu dos pés dele uma grande abertura que iniciou o nosso golo inaugural. Podia ter feito melhor na cobertura do lance do segundo golo algarvio, mas vê-lo outra vez operacional já é boa notícia.» (4 de Março)
- Pedro Boucherie Mendes: «Os outros, como Matheus Reis, Israel, Esgaio, Geny, St. Juste. Em muitas fases da época, o Sporting foi uma equipa com 15 ou 16 titulares.» (6 de Maio)
«Percebo que Amorim e estrutura não queiram deixar cair o jogador [St. Juste]. Investimento avultado e quando joga, o que é um acontecimento raro, demonstra qualidade superlativa. Já tive mais fé que conseguiremos a recuperação a 100% deste jogador, contudo, ainda mantenho alguma. Já recuperámos Coentrão ou Mathieu, que se dizia que vinham com bicho, pelo que poderão repetir a graça. Ao dia de hoje, é um elemento muito pouco fiável. Tenho dúvidas que algum clube oferecesse uma maquia que justificasse ao Sporting desfazer-se do jogador. Valerá mais a pena tentar recuperá-lo e ganhar um defesa central de muita qualidade e torcer para que, se um dia estiver totalmente recuperado e a ter o rendimento elevado que se espera, demonstre gratidão e permaneça no clube face ao assédio dos clubes das melhores ligas europeias.»
Se os objectivos de ontem eram conquistar os 3 pontos pondo a jogar os prováveis suplentes do próximo dérbi, então foram atingidos na plenitude. Vitória contra o campeão polaco e St.Juste, Bragança, Nuno Santos e Paulinho a terem minutos e os dois primeiros muito bem.
Sobre o jogo, penso que teve três partes. Primeiros 15 minutos onde o Sporting jogou bem, marcou e expulsou um defesa adversário. Uma segunda de mais ou menos uma hora onde o Sporting controlou o adversário circulando a bola a toda a largura do campo, ensaiando movimentos de ruptura, quase sempre mal sucedidos ou proporcionando remates que o guarda-redes adversário soube defender, mas mesmo assim conquistando um penálti que deu o 2-0. Uma terceira que começa de forma caricata: dupla substituição num momento de marcação de livre do adversário, coisa que nunca se deve fazer pela desconcentração e alteração de posicionamentos que acarreta. O livre deu golo do adversário com Bragança a marcar com os olhos o movimento do jogador contrário. Os 20 minutos finais foram penosos: o jovem Tiago não acertou uma, imitando o que Fresneda já estava a fazer, o lado direito ficou uma lástima e os tais suplentes que tinham ficado já estavam sem pilhas.
Felizmente aquilo acabou porque para melhor não ia.
Tarefa concluida, desafio superado, no domingo vê-se o resto.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre ST. JUSTE:
- Eu: «O prometido contributo do holandês mal superou o plano das promessas. O nosso central titular a jogar pela direita tem sido um canhoto, Gonçalo Inácio. E já se fala na necessidade urgente de contratarmos outro destro no mercado de Inverno. Havia uma lacuna antes, mantém-se a lacuna agora.» (3 de Janeiro)
- Edmundo Gonçalves: «Nota positiva para St. Juste, que terá feito o seu melhor jogo pelo Sporting.» (9 de Março)
- CAL: «Seja bem-vindo. Demos pela sua falta e estamos felizes por tê-lo, finalmente, connosco.» (11 de Março)
- Luís Lisboa: «O holandês é um defesa assombroso, extremamente veloz e muito efectivo quando sobe no terreno.» (16 de Março)
- Vítor Hugo Vieira: «Numa linha de jogadores para não vender já, porque têm margem para valer muito mais, coloco Diomande, Trincão, Arthur Gomes, St. Juste e Fatawu.» (11 de Maio)
Chermiti: imagem da desolação no estádio de Barcelos onde em Outubro o Varzim nos derrotou
Foto: Estela Silva / EPA
O estádio do Gil Vicente tem sido funesto para nós esta época. Em Outubro fomos lá afastados da Taça de Portugal pelo modestíssimo Varzim, do terceiro escalão do futebol nacional e que nem sequer tinha casa condigna para nos receber. Agora, no mesmo local, voltamos a tropeçar - desta vez com um empate a zero que acaba por ter um certo sabor a derrota. Isto porque nos impediu de encurtar distâncias face ao FC Porto (sete pontos acima de nós) e ao Braga (que tem mais cinco).
Atacámos bastante, mas quase sempre mal. A tal ponto que os nossos jogadores caíram oito vezes em situações de fora-de-jogo, estabelecendo um novo recorde na Liga 2022/2023. Dá que pensar...
A defesa apresentou-se sólida, o meio-campo foi aguentando ao ver reposta a parceria Ugarte-Morita. Faltou fazer a diferença na capacidade de decisão lá na frente. Edwards e Pedro Gonçalves, talvez os nossos jogadores com maior talento, foram perdulários. Chermiti, anteontem titular face à ausência de Paulinho por lesão, revelou a imaturidade própria dos seus 18 anos. Mesmo assim, foi dele o lance mais vistoso da partida: podia ter marcado golo de calcanhar, logo aos 10', tendo sido impedido pelo guardião Andrews, melhor jogador em campo.
Foi nas alas que o nosso jogo se revelou mais deficiente. O sistema de Rúben Amorim exige laterais projectados no corredor que funcionem como principais municiadores do ataque. Nem Esgaio (à direita) nem Matheus Reis (à esquerda) cumpriram tal função. Tímidos, não arriscaram lances de ruptura. Pecaram por défice ofensivo. Quando avançavam, eram lentos e previsíveis. Ou mediam mal a posição de fora-de-jogo: Edwards (54') e Pedro Gonçalves (60') até meteram a bola lá dentro, mas viram os golos anulados por deslocação.
Rúben Amorim terá pecado na preparação deste embate contra a equipa que há mês e meio derrotou o FC Porto no Dragão. Tinha melhores elementos para o vaivém dos corredores externos: Nuno Santos e Arthur, com bons desempenhos no desafio anterior, em Alvalade, frente ao Santa Clara. Por motivos difíceis de entender, ficaram ambos no banco. E o brasileiro só entrou ao minuto 76, rendendo um Esgaio totalmente desinspirado. Também a quebra (física ou anímica?) de Ugarte se tornou evidente a partir da hora de jogo.
Como o zero-a-zero inicial persistisse à entrada do quarto de hora final, o treinador apostou no tudo ou nada: fez três mudanças já muito tardias, quando o tempo útil para desfazer o empate começava a esgotar-se. O coração parecia impor-se à cabeça: só isto explica que Coates tenha transitado de central a ponta-de-lança, ansiando por um chuveirinho milagroso que lhe desse oportunidade para cabecear com êxito.
Azar: os centros passaram a ser rasteiros, o que dificultou ainda mais a missão do capitão uruguaio, policiado com eficácia pela sólida defesa gilista. A desinspiração de Edwards e a falta de nervo de Trincão, incapaz de imprimir o suplemento de ânimo de que a equipa tanto necessitava, contribuíram para que o jogo terminasse como começou. Facto raro: há cerca de dois anos que não registávamos um empate sem golos.
Também merece registo, pelo insólito, o nosso primeiro canto ter ocorrido só aos 63'. O que serve para confirmar a inoperância ofensiva do Sporting.
Quem sonha com a Liga dos Campeões tem de se bater por ela. Foram poucos os nossos jogadores que demonstraram ter muita vontade para encurtar a distância face às duas equipas situadas imediatamente acima de nós na tabela classificativa. Entre os que remaram contra a maré, destaco St. Juste: exibição irrepreensível.
Agora aparentemente já livre das lesões que durante meses o apoquentaram, o defesa holandês - que chegou ao Sporting, no Verão passado, com fama de ser o central mais veloz da Europa - foi, nas fileiras leoninas, um dos raros que revelaram inconformismo. Lutando sem nunca baixar os braços até ao minuto final.
Se todos fossem como ele, o nosso percurso ficava mais fácil.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Muito pouco trabalho. Na única vez em que foi realmente chamado a intervir (52'), revelou reflexos rápidos, como se impunha, neutralizando o ataque gilista.
St. Juste - Muito eficaz a ler o jogo, sem receio dos confrontos individuais, pegou na bola várias vezes e construiu com ela dominada, levando a equipa para a frente.
Coates - Regressado ao onze, o nosso capitão foi decisivo na missão de neutralizar Navarro, o artilheiro da turma de Barcelos. Acabou o jogo com ponta-de-lança improvisado.
Gonçalo Inácio - Está longe da sua melhor forma física. Pelo segundo jogo consecutivo, é substituído ao intervalo. Atento às dobras, faltou-lhe a habitual perícia no passe longo.
Esgaio - O treinador dá-lhe sucessivas oportunidades, mas ele teima em desperdiçá-las. Centrou pouco e mal. Aos 11', atirou à figura: com outro, seria golo. Substituído aos 76'.
Ugarte - Um pouco abaixo do elevado nível médio a que nos tem habituado, o internacional uruguaio protagonizou boas recuperações (26', 44'), mas foi esmorecendo. Saiu aos 76'.
Morita - Foi dele o melhor lance individual do desafio, ao percorrer meio campo com a bola dominada (37'). Passe exímio para Nuno Santos aos 73'. Fatigado, foi rendido aos 85'.
Matheus Reis - Duas missões em campo. No primeiro tempo, demasiado tímido nas incursões como ala esquerdo. Melhorou ao recuar para central, na etapa complementar.
Edwards - Dele espera-se sempre um rasgo de génio para desembrulhar jogos difíceis, como já sucedeu nas competições europeias. Mas desiludiu. Até marcou, mas não valeu.
Pedro Gonçalves - Andou a transitar entre o ataque e o meio-campo, algo errante, sem fazer a diferença. Nem na cobrança de livres, uma das suas especialidades.
Chermiti - Fez de Paulinho, como avançado-centro. Raras vezes a bola lhe chegou em condições. Quando isso acontecia, ele estava deslocado. Ainda tem muito para aprender.
Nuno Santos - Dinamizou o flanco esquerdo ao substituir Gonçalo, no segundo tempo. Destacou-se com um remate forte e bem colocado, aos 73', para defesa difícil de Andrew.
Arthur - Pareceu ter entrado demasiado tarde, quando substituiu Esgaio aos 76'. Mais dinâmico e criativo, procurou soluções no corredor direito. Bons cruzamentos (78' e 83').
Trincão - Entrou por troca com Ugarte. Lançado na ala esquerda do ataque, enquanto Pedro Gonçalves recuava, mostrou-se inofensivo. Um remate à figura e pouco mais.
Tanlongo - Substituiu Morita aos 85'. Troca algo estranha, esta de pôr um médio defensivo quando mais precisávamos de atacar. Amarelado aos 90'+4: precisa de refrear a força.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Gil Vicente-Sporting pelos três diários desportivos:
St. Juste: 16
Coates: 15
Adán: 15
Pedro Gonçalves: 14
Nuno Santos: 14
Morita: 14
Edwards: 14
Arthur: 13
Gonçalo Inácio: 13
Esgaio: 13
Ugarte: 12
Chermiti: 12
Matheus Reis: 12
Trincão: 10
Tanlongo: 1
A Bola elegeu Pedro Gonçalves como melhor Leão em campo.O Jogo optou por St. Juste. O Record escolheu Coates.
Do empate do Sporting em Barcelos. Parece sina: derrapámos frente ao Gil Vicente, cumprindo um jogo em atraso, no mesmo estádio onde tínhamos naufragado, em Outubro, frente ao Varzim - do terceiro escalão do futebol português - para a Taça de Portugal. Desta vez, empate a zero. Sem hipótese de recurso a teorias da conspiração: só podemos queixar-nos de nós próprios.
Dos golos anulados. A bola entrou duas vezes na baliza gilista. Edwards, aos 54', e Pedro Gonçalves, aos 60', meteram-na lá dentro, mas sem valer. No primeiro caso, detectado pelo vídeo-árbitro Hugo Miguel, Chermiti iniciou o lance em fora-de-jogo. No segundo, a deslocação era tão evidente que nem necessitou de linhas virtuais - o próprio Pedro percebeu que estava adiantado face ao penúltimo defensor.
Da atitude. Num desafio de quase tudo-ou-nada, que podia ditar (ou não) o acesso do Sporting às receitas da liga milionária, foi inaceitável aquele ritmo pausado, aquela falta de fibra, aqueles passes atrasados, aquela incapacidade de ganhar segundas bolas - e até de conquistar cantos, pois o primeiro só aconteceu aos 63'. Perante um Gil Vicente que cumpriu o seu plano de jogo com eficácia mas também com fragilidades que fomos incapazes de aproveitar.
Da desconcentração. Como é possível os nossos jogadores serem oito vezes apanhados em posição irregular? Isto só se explica por lapsos de concentração competitiva, ainda mais imperdoáveis por se tratar de um desafio que nos poderia deixar apenas a três pontos do Braga - e em vantagem competitiva com a turma minhota. Nem pareciam estar em campo os mesmos que esta época já derrotaram o Tottenham na Liga dos Campeões e eliminaram o Arsenal da Liga Europa. Só sentirão verdadeira motivação quando enfrentam adversários de renome no futebol europeu? Nem quero acreditar.
Do treinador. Rúben Amorim pecou a dois tempos. Desde logo, ao escolher o onze titular: para quê promover o regresso de Esgaio e apostar em Matheus Reis como alas se Arthur e Nuno Santos tinham estado tão bem na partida anterior, frente ao Santa Clara? Esgaio, como sabemos, é incapaz de driblar, cruza de modo inofensivo e tem péssima relação com a baliza. Matheus, sempre de nervos à flor da pele, cumpriu no plano defensivo mas é claramente inferior no capítulo ofensivo. Rúben também demorou demasiado a mexer na equipa, exceptuando a troca de Gonçalo Inácio por Nuno Santos ao intervalo. Só aos 76' decidiu que era preciso alterar alguma coisa, quando era evidente para todos que o cenário de vitória ia ficando cada vez mais longe.
De Chermiti. Esteve quase a marcar um golo com "nota artística", de calcanhar, agora que andam na moda as candidaturas ao Prémio Puskás. Foi aos 10': se entrasse, toda a história deste Gil Vicente-Sporting seria bem diferente. Faria bem o jovem dianteiro em deixar-se de malabarismos e a dedicar-se a praticar um futebol objectivo e sempre de olhos nas redes adversárias, pensando menos nos memes das redes sociais e nas manchetes da imprensa do dia seguinte. E também a estar mais atento à linha do fora-de-jogo, como compete a qualquer avançado.
De Edwards. É um dos nossos melhores jogadores, mas por vezes desliga o interruptor e torna-se mero espectador. Ontem foi facilmente anulado pela defesa minhota, o que pareceu desmoralizá-lo. Ia tentando, de modo intermitente, mas faltava-lhe sempre o ângulo certo para o remate de pé esquerdo ou a floresta de pernas à sua frente inviabilizava a trajectória da bola rumo à baliza. Esteve em dia não.
De Trincão. Desperdiçou outra oportunidade. O facto de ter ficado fora do onze inicial já significa que vem perdendo a confiança do treinador. Ter entrado só no quarto-de-hora final foi outro indício. A verdade é que acabou por ser uma substituição inútil: pareceu ter entrado já cansado e não tardou a ser engolido pela muralha gilista. O melhor que fez foi um remate frouxo, à figura do guarda-redes Andrew.
De voltar a ver Coates como ponta-de-lança improvisado. Sinal de desespero evidente nos minutos finais: funcionou há duas épocas, quando a estrelinha brilhava e nos sagrámos campeões, mas o nosso capitão deixou de ser "arma secreta": todas as defesas adversárias conseguem anulá-lo com facilidade. O melhor é pensarmos num reforço a sério para esta posição e não continuarmos a recorrer ao improviso.
Da classificação. Seguimos em quarto lugar, vendo o Braga com mais cinco pontos, o FC Porto com mais sete e o Benfica à distância estratosférica de 17 pontos. Há cada vez menos tempo e menos espaço de recuperação, quando só faltam oito jornadas. O melhor a que ainda podemos aspirar, realisticamente, é ao último posto do pódio.
Gostei
De não termos sofrido golos. Sexto jogo seguido com a nossa baliza invicta e dez jogos consecutivos sem derrotas - um recorde na era Amorim. Sinal de que os lapsos defensivos, apontados como o nosso principal problema no início desta época, já terão sido superados.
De St. Juste. Em nítido contraste com a apatia que se apoderou de alguns dos seus colegas, o central holandês fez sempre a diferença pela positiva, empurrando a equipa para a frente e protagonizando ele próprio o início de prometedores lances de ataque. No último minuto, viu o cartão amarelo por estar inconformado com aquela pasmaceira, com o empate nulo e a perda de mais dois pontos. Melhor Leão em campo.
Do Gil Vicente. Boa réplica da equipa minhota, que há mês e meio venceu o FC Porto no Dragão. Merece elogio.
Do árbitro. Nuno Almeida dirigiu a partida com critério largo, à inglesa, sem interromper a todo o momento nem tentar roubar protagonismo aos jogadores. Nenhum erro relevante a apontar-lhe.
Do apoio incessante dos adeptos. Mesmo a jogarmos fora, e sem um futebol entusiasmante, nunca faltou aos nossos jogadores o incentivo das bancadas. Do princípio ao fim.
Foi mesmo uma grande noite do Sporting em Londres, que deixou pelo caminho mais do que justamente o lider da Premier League. E se havia alguém que merecia isso, chama-se Rúben Amorim. O melhor treinador do Sporting desde há muitos, muitos, muitos anos.
Com Diomande a fazer excelentemente o papel de Coates, com um 3-4-3 muito bem equilibrado defensiva e ofensivamente, o Sporting foi superior ao Arsenal durante os 90 minutos. Recuperámos a desvantagem criada por um lance infeliz de Esgaio num lance genial de Pote (um daqueles que marcam a carreira dum jogador, quando for velhinho ainda vai ter toda a gente a lembrá-lo daquele golo que marcou em Londres contra o Arsenal), e apenas a noite muito infeliz de Edwards fez com que a eliminatória não ficasse resolvida. Depois veio o prolongamento, o cansaço começou a imperar, os que entraram não fizeram esquecer os titulares, e foi mesmo preciso um grande Adán para nos levar aos penáltis.
E nos penáltis foi o mesmo Adán que defendeu um enquanto St. Juste, Esgaio, Inácio, Arthur e Nuno Santos não falharam.
Hoje estiveram em campo St. Juste, Diomande, Trincão, Chermiti, Arthur e Tanlongo, todos novidades de Amorim para esta época. Foram eles, com os outros "mais antigos" na A, que construíram esta grande vitória. E se alguns foram muitas vezes menosprezados internamente, hoje todos temos de perceber que existe um scouting que selecciona, um Amorim que escolhe, e um presidente que "banca" as escolhas e não se arma em iluminado. Só assim existem decisões difíceis que se revelam fantásticas. Como fantástica foi a contratação do próprio Amorim.
Quando falo em aquisições fantásticas falo em St. Juste e Diomande. O holandês é um defesa assombroso, extremamente veloz e muito efectivo quando sobe no terreno, pena só ter podido chutar com o pé que tinha mais à mão. Diomande é um colosso no centro da defesa. De repente com esses dois, Inácio, Coates e Matheus Reis, ficámos com uma super-defesa. Quem diria pelo que foi o a primeira metade da temporada...
Dos outros destaco Esgaio, que depois dum lance infeliz que custou o golo contrário, soube reencontrar-se e fazer um resto de jogo em grande, penálti incluido; Ugarte, que mais uma vez foi um leão indomável em campo; e o genial Pote, mais uma vez fora da sua posição, numa missão de grande sacrifício e que mesmo assim marcou o golo da sua vida. Também Adán, que merecia uma noite assim.
Grande vitória de Rúben Amorim, que continua a pôr os olhos no chão e a não olhar para os penáltis. Onde estão hoje aqueles exigentes da treta que andaram a acenar os lenços em Alvalade?
E agora? Há festejar, depois treinar, pois há que ganhar ao Santa Clara e ao Gil Vicente, quando o campeonato recomeçar. E logo se vê o resto.
O Sporting empatou ontem com o lider destacado da Premier League num jogo digno da Champions, mesmo com uma arbitragem que não se mostrou ao nível das equipas em campo.
Sem Ugarte como tampão da defesa, o Sporting entrou bem e esteve muito competente a defender a sua baliza da posse de bola contrária e a lançar contra-ataques perigosos. Logo a abrir Pedro Gonçalves tem uma oportunidade clara de golo desperdiçada por visar o lado errado da baliza. Dum canto bem marcado por Fábio Vieira, com Adán obstruído com contacto e Matheus Reis agarrado, resulta o golo do Arsenal, o que o colocou mais confortável no jogo, mas o Sporting não se desorientou e empatou noutro canto.
Na segunda parte o Arsenal carregou no acelerador e o jogo partiu-se com oportunidades para ambas as equipas. Foi o Sporting o primeiro a marcar por Paulinho num belo lance colectivo e poucos minutos depois tivemos a sequência fatal para o Sporting: Paulinho falha isolado tentando o mais difícil, e logo a seguir Pedro Gonçalves sofre falta não assinalada e do remate inofensivo surge o desvio involuntário de Morita para golo.
Depois vêm uns minutos complicados que poderiam ter dado golo ao Arsenal, mas a equipa soube-se reencontrar-se com as substituições e o empate final acaba por ser justo face às oportunidades de um e doutro lado.
Vendo jogar o Sporting contra Man.City, Tottenham e Arsenal, para já com 1V, 3E, 1D nos jogos disputados, não é difícil antecipar que um dia destes Rúben Amorim esteja a treinar um grande inglês, com muitos princípios de jogo em comum e competência para explorar os pontos mais fracos dos adversários. Espero é que fique mais uns tempos, porque é o melhor treinador do Sporting desde há muitos, muitos anos.
Melhor em campo? O recuperado St.Juste, o que só prova que é preciso dar tempo aos jogadores que chegam ao Sporting. Chegar, ver e vencer é apenas para alguns especiais. Depois dele, Adán, Inácio e Pedro Gonçalves, este no melhor desempenho a médio que lhe vi fazer.
E agora? Ganhar em Londres, nem que seja nas grandes penalidades. Mesmo sem Coates e Morita.
As claques estiveram muitíssimo bem, o que não é de admirar, sempre a apoiar a equipa sem pirotecnia nem petardos. Os chefes querem ir passear a Londres também, e já se esqueceram das aldrabices proferidas sobre os incidentes na Dinamarca e do "Sporting Comunicados de Portugal". Mas a porcaria segue dentro de momentos, se calhar já na recepção ao Boavista.
36.000 e mais uns pozinhos viram um bom jogo do Sporting. Um número razoável para a hora do jogo e para o preço dos bilhetes.
Nota positiva para St. Juste, que terá feito o seu melhor jogo pelo Sporting; para Adán, que hoje esteve irrepreensível, e para Inácio e Paulinho pelos golos que marcaram.
Nota menos boa para Paulinho (esteve no melhor e no pior) e Pedro Gonçalves, que definitivamente não rende no lugar onde o treinador o coloca.
Nota negativa para árbitro e VAR que permitiram que ambos os golos do Arsenal fossem validados depois de terem sido precedidos de falta. A primeira sobre Matheus Reis e a segunda sobre Pedro Gonçalves.
Apesar de tudo, aceita-se o resultado, ainda que se tivesse passado de um possível 3-1 com um falhanço incrível de Paulinho, para um 2-2 com azar de Morita, que marcou na nossa baliza.
Para a semana há mais e, como a esperança é a última a morrer, vamos acreditar que vamos ganhar a "Braga".
Há jogadores assim: chegam aureolados de grandes aquisições, prometem muito em campo mas acabam por oferecer quase nada. Aconteceu em 2022, infelizmente, com Jeremiah Israël St. Juste, defesa direito holandês que desembarcou em Maio, vindo da Alemanha, para colmatar um dos problemas mais prementes do nosso onze titular.
Não foi barato. A SAD leonina comprometeu-se a pagar por ele 9,5 milhões de euros, garantindo-lhe uma ligação contratual de quatro anos e fixando-lhe uma vistosa cláusula de rescisão: 45 milhões.
Faltava contar o outro lado da história. St. Juste tinha um historial de lesões problemático: operado ao ombro direito em Outubro e ao ombro esquerdo em Janeiro, na época 2021/2022 permaneceu cinco meses parado, sem dar o devido contributo ao Mainz, emblema alemão que representava antes de rumar ao Sporting. Ali até ganhara fama de ser o jogador mais rápido da Bundesliga.
Mas continuou desencontrado da sorte nos relvados portugueses. Mal desembarcou, contraiu nova lesão numa das primeiras sessões de treino em Alvalade: entorse traumática no tornozelo direito. Passou ao lado da pré-temporada, sem se integrar na equipa. Em Setembro, já com o campeonato em andamento, nova paragem - desta vez devido a uma mialgia de sobrecarga. Sofreu recaída em Outubro. No final de Novembro, voltou a exigir tratamento, desta vez devido a uma contusão óssea no joelho esquerdo, também num treino.
Balanço: cerca de dois terços do tempo passados no estaleiro leonino. O que sucedeu nos intervalos? Estreou-se como titular contra o Estoril na Amoreira, a 2 de Setembro - e até marcou um golo. Fez o seu primeiro jogo completo de verde e branco a 13 de Novembro, na vitória (1-2) em Famalicão. Primeiro e único até hoje.
O prometido contributo do holandês mal superou o plano das promessas. O nosso central titular a jogar pela direita tem sido um canhoto, Gonçalo Inácio. E já se fala na necessidade urgente de contratarmos outro destro no mercado de Inverno.
«Uma palavra para St. Juste. A época anterior quase não jogou na Alemanha, devido a lesão, mesmo assim demos 10 milhões por ele, chega cá e continua quase sempre lesionado, ainda não fez 90 minutos completos. Que se passa? É algum problema crónico?»
Valerá a pena termos contratado o mais caro avançado de sempre (Paulinho, que não marca um golo) e o mais caro defesa de sempre (St. Juste, que ainda não fez uma partida completa) para registarmos 42% de derrotas nos jogos já travados nesta época?
Convém lembrar também: nesta Liga 2022/2023, em nove jogos, já tivemos quatro centrais do lado direito. Neto (Rio Ave, FC Porto, Chaves, Portimonense, Estoril), Gonçalo Inácio (Braga, Boavista, Gil Vicente, Santa Clara), Esgaio (Boavista) e St. Juste (Estoril, Santa Clara).
Tanta falta de estabilidade ajuda certamente a explicar por que motivo temos hoje a quinta defesa mais batida do campeonato.
Voltámos às vitórias, após dois jogos de jejum. Voltámos a marcar, bisando. Voltámos a concluir uma partida sem sofrer golos. Tudo isto no Estoril-Sporting, disputado na noite de sexta-feira.
O resultado (0-2) foi construído ainda no primeiro tempo, com entrada dominadora, cheia de ímpeto ofensivo e muito confiante dos nossos jogadores. St. Juste, em estreia como artilheiro verde e branco aos 13', e Edwards', aos 21, construíram o resultado.
Ambos com assistências de Pedro Gonçalves, que regressou à posição em que mais rende, do lado esquerdo do tridente atacante. Desfazendo qualquer dúvida que Rúben Amorim pudesse manter em colocá-lo mais recuado, como acontecera na anterior jornada, com derrota frente ao Chaves.
Merece elogio o nosso futebol praticado nesta primeira parte. O trio móvel, lá na frente, fez realmente a cabeça em água à defesa adversária. Dinâmica permanente ao longo desse período. Resultou no par de golos e ainda numa bola à barra.
O meio-campo da equipa visitada foi estancado. Francisco Geraldes, cérebro da construção ofensiva estorilista, viu-se manietado pela dupla Ugarte-Morita - parceria muito recente mas que parece funcionar. O uruguaio e o japonês completaram-se bem, actuando em linha no corredor central, enquanto o Sporting atacava pelos flancos.
A segunda parte, estragada pelo árbitro Manuel Oliveira com um alucinante carrossel de 12 cartões amarelos exibidos, já foi de contenção pela nossa parte. A pensar no jogo europeu de quarta-feira em Frankfurt.
Mas o domínio, no bom relvado da Amoreira, permaneceu quase sempre nosso. O que ficou demonstrado no facto de o Estoril não ter feito um só remate enquadrado em todo o jogo.
O Sporting garantiu sem grande esforço os três pontos no mesmo estádio onde em 2021 vencemos com imensa dificuldade (1-0) e em 2018 fomos derrotados (0-2), nos gloriosos tempos do fabuloso "mestre da táctica".
Desta forma, demos um pontapé na mini-crise que se vinha esboçando. Aliás, demos um pontapé (Edwards) e uma cabeçada (St. Juste).
Seguem-se seis semanas alucinantes até à longa pausa de meados de Novembro para o Mundial do Catar. Com desafios em várias frentes.
Entretanto, esta péssima exibição do apitador no estádio do Estoril serviu para explicar, ao vivo e a cores, por que motivo os árbitros portugueseses ficaram excluídos do Campeonato do Mundo. Como aconteceu no Euro-21, como aconteceu no Mundial anterior.
Simplesmente porque não têm categoria para isso. Vão ficando só por cá, a estragar mais espectáculos de futebol. E talvez a ver qual deles consegue conquistar o Prémio Calabote de 2022.
Breve análise dos jogadores:
Adán- Outra actuação a provocar alguns calafrios. Saiu duas vezes mal da baliza, originando perigo para as nossas redes, felizmente sem aproveitamento pelo Estoril.
St. Juste- Estreia absoluta como titular no Sporting. Passou no teste. Pelo golo que marcou, pela precisão no passe e pela segurança evidenciada. Melhor em campo.
Coates - Oscilou entre passes mal medidos, sobretudo na saída em construção, com a habitual eficácia no nosso reduto defensivo. Alguns cortes oportunos.
Matheus Reis- Amorim apostou nele, deixando Gonçalo Inácio no banco. O ex-Rio Ave cumpriu. Desequilibrou em lances ofensivos e até cabeceou à trave (11').
Porro - Regressou após castigo, incutindo acutilância e velocidade ao nosso corredor direito. Ia marcando de livre directo (70'). É, pelo terceiro ano, titular indiscutível.
Ugarte- Fez parceria bem articulada com Morita no miolo do terreno. Cabendo-lhe o pelouro das recuperações na divisão de tarefas. Quase ninguém passou por ele.
Morita- Complementa o trabalho do uruguaio atacando com destemor o portador da bola e passando-a com critério e segurança. Vai crescendo de jogo para jogo.
Nuno Santos- Pouco influente neste desafio. Os centros saíram-lhe mal medidos, quase sempre de bola levantada, sendo facilmente anulados pelo adversário.
Trincão- Ainda à procura do registo adequado no Sporting. Bom no drible, mas falta-lhe confiança no último passe. Parece dar sempre um toque a mais na bola.
Pedro Gonçalves - Saiu com queixas físicas num jogo em que teve enorme utilidade. Duas assistências para golo, pormenores de classe, bem entrosado com os colegas.
Edwards- Fixou o resultado num lance em que marcou com enorme frieza depois de sentar o guarda-redes. Tem apetência pelo golo e não se inibe perante as redes.
Rochinha- Entrou aos 57', rendendo Edwards - poupado já a pensar na Champions. Desta vez sem nenhuma intervenção digna de registo. Passou ao lado do jogo.
Neto- Substituiu St. Juste aos 77'. Vinha com a missão de reforçar a solidez defensiva, ajudando a reter a bola. Foi bem-sucedido.
Esgaio- Entrou só aos 89', no lugar de Porro. Sobretudo para dar alguns minutos de descanso ao espanhol. Tempo para fazer dois cortes.
Sotiris.Em campo desde o minuto 89, rendendo Ugarte. Estreia absoluta do reforço grego de verde e branco. Entrou com atitude, o que é desde já um ponto a seu favor.
Fatawu. O jovem ganês substituiu Pedro Gonçalves aos 89'. Mal tocou na bola, mas não escapou ao amarelo do árbitro que adora interromper o jogo e exibir cartões.
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