A inesquecível frase em forma de interrogação pronunciada por Rúben Amorim em Março de 2020. Estava o mundo a mergulhar no pesadelo da pandemia.
Viviam-se tempos sombrios.
Catorze meses depois, vencíamos o campeonato nacional de futebol pondo fim ao maior jejum deste título em toda a nossa história: 19 anos.
Correu bem mesmo. A injecção de optimismo do treinador do Sporting revelou-se certeira. Contribuiu imenso para moralizar e mobilizar adeptos e jogadores.
Segundo a referência na matéria, o site Transfermarkt, o ranking dos valores dos quatro maiores clubes de cada um dos dois países da Peninsula Ibérica é agora o seguinte:
1. Real Madrid - 1340,0M€
2. Barcelona - 880,4M€
3. At. Madrid - 529,5M€
4. Sporting - 443,5M€
5. Fc Porto - 351,0M€
6. Benfica - 335,5M€
7. At. Bilbao - 318,6 M€
8. Sp. Braga - 127,5M€
No caso de Portugal, por acaso ou talvez não, a classificação actual da 1ª Liga reflecte este mesmo ranking.
Como se recordarão, há seis anos e meio perdemos o acesso à Champions, tivemos a SAD assaltada, meio plantel em fuga, ainda agora estamos a lutar por recuperar alguns milhões no que respeita ao Rafael Leão, presidente destituído, depois suspenso e expulso, começámos a época com uma manta de retalhos como plantel, um treinador que atraia a má sorte, um novo presidente eleito por uma unha negra a tentar conhecer os cantos à casa, uma bomba-relógio nas bancadas pronta a detonar à primeira vergonha. O nosso plantel valia pouco mais que o do Sp. Braga de então.
Agora temos presidente, director desportivo e treinador na sexta época juntos, a equipa na liderança da Liga e em lugar confortável na Champions. Dizem que Hugo Viana estará de saída para o Man. City no final da época e que Rúben Amorim, depois do interesse do Liverpool, poderá acompanhá-lo.
Dizem também que Rúben Amorim, amigo de Hugo Viana, foi a salvação de Frederico Varandas. O que não há dúvida que muito do sucesso deste percurso se deve a ele, ao seu trabalho incansável e da sua equipa de fiéis e jovens adjuntos, às suas ideias fixas e até casmurras sobre muita coisa, à sua valorização da forma de ser de cada um e do grupo como um todo. Não sei onde estudou, mas Rúben Amorim é um mestre em liderança.
Dizem também que Hugo Viana tem óptimas relações com o cunhado de Rúben Amorim, Antero Henrique, e com Jorge Mendes, e que isso explica muita coisa. Ainda bem para ele e para o Sporting.
Então realmente ou Frederico Varandas é um tipo muito inteligente ou teve mesmo muita sorte em escolher dois profissionais assim para o acompanharem. Ou então as duas coisas.
Também na vida pessoal aparentemente teve muita sorte com a esposa que encontrou, uma ex-atleta sueca do Sporting que prima pelo "low-profile".
O que está à vista de todos é que hoje futebol masculino e feminino e modalidades de pavilhão funcionam com base nos mesmos princípios: hierarquias bem definidas, estatuto de capitão muito presente, forte aposta na formação e na ligação da mesma à 1.ª equipa, contratação de estrangeiros muito jovens na fase ascendente das suas carreiras ou mais velhos na fase final das mesmas, espírito de equipa e de clube muito fortes. E se no futebol temos Rúben Amorim, no futsal temos Nuno Dias, no andebol o Carlos Carneiro e o Ricardo Costa, no basquetebol o Luís Magalhães, no voleibol masculino o João Coelho.
Na equipa B temos João Pereira, que colocou uma equipa muito jovem a jogar ao jeito da equipa A e segue na vice-liderança da zona sul da Liga 3, depois de perder no Restelo já no tempo extra, e por um penálti manhoso, a possibilidade de se colar ao líder Belenenses.
O Luís Neto anda a pensar no que fazer à vida, não sei que ideias tem sobre o seu futuro profissional.
Para a equipa feminina, e depois da demissão de Mariana Cabral, veio para treinador um ex-adjunto de Amorim em Braga.
O que vai ser esta época no futebol, não sei. No final se verá. Mas que o futebol do Sporting como um todo está no rumo certo, isso é por demais evidente.
Vamos ter futuro depois de Viana e Amorim? Seguramente.
Com Luís Neto e João Pereira promovidos a outras funções? Não faço ideia.
Mas sempre ouvi dizer que "mais vale ser inteligente e com sorte, do que burro e sem ela".
Assistiu-se ontem em Alvalade a uma das noites mais deploráveis dos últimos tempos.
Aquela coisa sem instalações nem adeptos que se apropriou do digno nome de Casa Pia já nada tem a ver com os simpáticos gansos, mas é mais uma das organizações que vêm rapinar as verbas dos direitos televisivos e da comercialização de um outro jogador. É a prova cabal que a centralização dos direitos televisivos é um esbulho indecente que transfere valor de quem realmente trabalha e investe no futebol para quem o parasita. De modo que este dito Casa Pia não veio a Alvalade competir, mas cumprir calendário e estragar o futebol, proporcionando um espectáculo indigno e impossível de ver em qualquer outro campeonato europeu.
Como se isto não bastasse o Sporting jogou ontem com um equipamento absolutamente descaracterizado e de tons próximos do vermelho. Ah e tal é por uma boa causa... só que de boas causas está o inferno cheio e uns miligramas de imaginação dariam para arvorar esse patrocínio de maneira mais consentânea com as cores do Sporting. Só por sabujice ou estupidez se pode apoiar isto.
Há que pôr cobro aos desmandos do marketing que obedecendo aos ditames mais pedestres da cartilha do ofício anda todo contentinho com "disrupções", em vez de trabalhar para reiterar e sublimar a simbologia e a iconografia do Sporting que afirmam a sua identidade. Ele é um horror às riscas verdes horizontais; ele é "o mundo sabe que..." cantado em cima do início do jogo, ao contrário de TODOS os estádios do mundo em que a canção que agrega e exalta a comunidade de adeptos se entoa antes; ele é o panfleto das novas obras escrito em inglês (no macarrónico dialecto marketeiro), o que além de piroso e petulante é incompreensível - o público alvo de compradores dos lugares são ingleses e estrangeiros, é? Etc... Só falta a ideia brilhante de "renovar" o leão do emblema trocando-o por um frango depenado - isso sim, é que era ser tão, mas tão disruptivo.
Uma instituição com mais de um século, a atravessar um do seus melhores momentos, merecia ser respeitada a sua história enaltecida, as suas cores celebradas, não ser enxovalhada por esta récua de degenerados.
De positivo ontem, foi ver que o Sporting de Amorim resiste a esta tropelias, a de um campeonato com equipas miseráveis e a uns imbecis que lhe querem deturpar a personalidade.
Como podem vocências verificar, este nosso jogador não tem pernas (quer dizer, até tem uns vestígios dos membros posteriores, pernas portanto, mas isto agora não é uma aula de Ciências da Natureza) e como bom Píton, mesmo sem as ditas gâmbias, não escorrega no terreno de jogo, antes o seu deslizar no solo ou nas alturas é harmonioso e permite-lhe alcançar o seu principal objectivo: Marcar um golo a um qualquer adversário que lhe sirva de refeição.
E o mistério adensa-se, porque os restantes membros que têm membros (passe a redundância), inferiores e posteriores, passaram a vida, todo o santo jogo claro, a escorregar, cair e um até na cara do redes adversário com uma refeição quase grátis ao alcance, a esbardalhar-se ao comprido. Bom, ele até se enrolou, mas como podem ver, sem a graciosidade do seu colega na foto acima.
Voz amiga diz-me que foi dos pítons, que deveriam ter optado por pítons de alumínio ao invés de pítons de plástico. Termoplástico de Poliuretano vá, para sermos rigorosos.
O Ruben diz que eles já são homenzinhos, deveriam saber com que pítons devem brincar. Pois eu, caro Ruben, no dia de descanso ia com eles ao Jardim Zoológico de Lisboa, ao reptilário, e mostrava-lhes o que são Pítons e já agora de que se alimentam. Aposto que nunca mais se queixavam que o alumínio lhes faz dores na planta dos pés e nunca mais brincavam com (os) pítons!
Hoje cruzei-me com um médico amigo e que até já passou pelos bancos do Sporting. Especializado em medicina desportiva e assumido sportinguista. Acabámos por falar do momento que o nosso Sporting está a viver. Não só em termos de futebol sénior, mas inclusive nas modalidades de pavilhão como são o andebol ou o futsal, só para referir alguns exemplos.
A conversa foi breve por tê-lo encontrado entre duas consultas, mas daquela retive uma frase importante. Declarou de forma convicta:
- Nunca na minha vida vi uma equipa do Sporting tão pujante quanto esta. Podemos até hoje ou amanhã perder pontos, mas a nossa equipa é uma máquina a jogar futebol.
Para quem como eu foi o ano passado a (quase) todos os jogos em Alvalade e depois do que vou observando este ano, temos que a declaração deste médico faz todo o sentido. E só tenho mesmo de concordar.
Na época de 2020/2021 como estávamos estupidamente proibidos de assistir aos jogos não se conseguiu avaliar com maior realismo o nível do nosso futebol. Depois atravessámos um certo deserto para nos fixarmos na época passada com um futebol bem delineado e escorreito, concluído com a conquista do tão desejado caneco.
Um desenho futebolístico que passou para esta época com os resultados que todos sabemos. Eu sei que houve aquele breve hiato em Aveiro, mas até por isso se percebe como essa derrota fez bem à nossa equipa. Acordou os jogadores para uma diferente realidade.
Como me tornei abstémio à televisão não vejo nem escuto os paineleiros lusos que têm um vetusto hábito de dizer mal da nossa equipa. Todavia acabam sempre por me aparecerem algumas das suas imbecis declarações. Das quais, naturalmente, só posso rir…
Calculo qual seja o problema de todos eles, mas como diria o outro: são apenas desculpas de perdedores!
Quando reclama que o sucesso do Sporting é da responsabilidade exclusiva de Rúben Amorim, mesmo que ele tenha sido uma aposta do presidente Frederico Varandas, e o próprio treinador não se canse de elogiar o departamento de scouting leonino e Hugo Viana (o sucesso da estrutura).
O futuro está aí, ou vem aí, ou está a chegar, escolham, é o que quer dizer esta coisa em istrangeiro que está na foto acima.
Não tenho nada contra a língua inglesa, por vezes até a uso nos textos de alguns postais, sempre com o cuidado de utilizar ou aspas ou itálico, de forma a chamar a atenção do leitor para o facto de que é uma situação excepcional.
Ora neste plano muito meritório hoje (ontem) apresentado (porque só hoje me chegou à caixa de correio), onde são anunciadas medidas interessantes de modernização do estádio principalmente, há uma utilização exagerada do inglês que na minha opinião ultrapassa o razoável.
Das medidas apresentadas, o fecho do fosso já antes anunciado e a retirada dos monstros dos ecrans gigantes, é a mais impactante e que vai deixar o estádio com um aspecto muito mais agradável e principalmente mais funcional. Chapeaux!
O que não percebo é porque se utiliza tanta palavra e frase em inglês, quando o público alvo é português de gema, desde o Minho aos Açores.
Digam-me lá porque raio é que vão existir VIP Lion Seats, se se pode dizer Lugares de Leão - Excelência? Porque é que há preferência para os Early Lions, se pode haver preferência para os Actuais Lugares de Leão? E porque é que vai haver uma Hopen House, se pode dizer-se que vai haver Dias de Esclarecimento dos detentores dos actuais Lugares de Leão?
Depois, ainda nos Lion Seats, há os lugares Emerald, Diamond e Platinium. Caramba, seria difícil dar-lhe os nomes de Esmeralda, Diamante e Platina?
E não fica por aqui! Vai haver um Seating com (with?) Pitch View, logo ali onde os jogadores saem do balneário, um Lion's Corner, e um novo Seating, Premiun Lodges, um Emerald Loundge com Emerald Seats e Diamond Seats e Platinium Seats e Gold Seats e para os mais modestos como eu, Silver Seats. Tudo isto para Every_Day Be Better.
Escuso-me a fazer a tradução, que não deslustra do pedantismo da utilização de uma língua estrangeira para um plano magnífico. Sim, não pensem que estou a mandar abaixo o que foi apresentado, estou eufórico quase, isto quer dizer que o clube segue um rumo decente e é sinal de que cada vez se depende menos da bola na trave.
Ainda assim arrisco a sugerir um nome em Português para o tal Lion's Corner: Que tal Cantinho do Morais?
Disputamos esta época desportiva com os ecos muito recentes da anterior. Vencemos a Liga 2023/2024 com 90 pontos - a melhor pontuação de sempre no Sporting em toda a história do campeonato nacional de futebol. Superando por quatro pontos a anterior marca, estabelecida oito anos antes, quando a equipa era orientada por Jorge Jesus.
Nenhuma derrota me faz abalar a crença nem a profunda convicção de que temos a melhor equipa de futebol em Portugal e o melhor treinador de futebol em Portugal.
Há 12 anos seguidos que recebo neste blogue visitas de leitores sempre a profetizarem o pior, sempre a acreditarem mais nos outros emblemas do que nos nossos, sempre a evidenciarem pessimismo militante.
Estive, estou e estarei do lado oposto. Do lado da fé inabalável no Sporting.
Mesmo quando batemos no fundo, há seis anos, não demorámos muito a voltar à tona. Como os factos comprovam.
E nunca uma derrota no primeiro jogo oficial da temporada - como desta vez aconteceu - me levará alguma vez a concluir, logo no início de Agosto, que a época inteira está condenada. Nem pensar nisso.
Ao contrário de outros, eu não digo "meu Sporting". Digo "nosso". Não quero o Sporting só para mim, como propriedade individual. É muito mais bonito invocar o nome grandioso deste Clube com pronome colectivo.
Hoje é dia de não haver lugares cativos, saem uns jogadores, entram outros. O importante não é o ego de cada um é a equipa. O futebol não é um desporto individual como o golfe, como o atletismo ou como a natação, é um desporto colectivo.
Hoje é dia de termos no nosso banco um treinador que não ganha quatro milhões mas que faz campeões.
Hoje é dia de vermos os nossos jogadores, a selecção de todos nós.
Sim, vibro muito mais com os êxitos ou inêxitos do Sporting, do que com os da chamada selecção nacional.
Não quero dizer com isto que não queira que a selecção ganhe sempre, ou que fique satisfeito quando não alcance os objectivos, nada disso.
O que me chateia é o aparente (ou evidente) favorecimento de alguns jogadores convocados pela condição da sua essociação a um empresário (Jorge Mendes), em detrimento da convocação dos que melhor estão no momento da competição que se vai disputar. Não tem sequer nada a ver com a convocação ou não com atletas que jogam e bem no Sporting.
A minha aversão à selecção tem a ver com o statos quo que se instalou naquela institução que é de utilidade pública, mas que ao longo de anos é governada por gente umbilicalmente ligada quase exclusivamente a um único clube. "Ah, mas são bons profissionais e isentos", dir-me-ão. Pois até dou de barato, mas nestas coisas da bola como noutras sem qualquer importância, à mulher de César não basta ser séria, certo? Aquilo é um ror de vice-presidentes e malta dos salamaleques a cheirar a galináceo, que deus ma livre!...
Quem perde o seu precioso tempo a ler o que por aqui vou escrevendo, sabe que o meu apoio à selecção se deve a Ronaldo. Se houver algum motivo maior que este, estou disposto a dirimir armas.
Não sei se Cristiano estará disponível para a qualificação para o Mundial e para nele participar, mas parece-me que a FPF não quererá deixar ir embora quem lhe enche os estádios e quem lhe enche os cofres com patrocínios, portanto cá continuarei a apoiar a selecção nacional do Mendes, nos intervalos. No tempo regulamentar, a minha preocupação é o Sporting, que está aí numa nova época, com um título para defender, esta sem o nosso capitão, que o infortúnio obrigou a que nos deixasse contra o desejo de todos, o próprio incluído.
Mais quanto ao resto, meus senhores, é para o bi.
E já agora, que ainda estou a tempo e como na camisola têm um leão e como eu sou do tempo do Cruijff e do Resembrink e de outros monstros da bola que se batiam que nem leões, que ganhe a Holanda, ou Países Baixos, ou o raio que aquilo se chama agora.
A 2 de Abril de 1888 nascia Henrique de Almeida Leite Jr. [filho do General Henrique de Almeida Leite, com o mesmo nome]. Com apenas 18 anos, foi um dos dez fundadores principais do Sporting Clube de Portugal, depois de fazer parte do grupo de dissidentes do Campo Grande Football Club.
Aos fundadores principais foi dado o direito de participação na Direcção e de veto na entrada de novos sócios. Nesse sentido, Henrique de Almeida Leite Jr. exerceu as funções de 2° Secretário [equivalente a Vice-Presidente nos dias de hoje] da primeira Direção do Clube [que tinha apenas três dirigentes, o Presidente e mais dois] e foi ainda um dos signatários dos primeiros Estatutos do Sporting Clube de Portugal.
Para além de dirigente e fundador, Henrique de Almeida Leite Jr. foi também um atleta do Sporting C.P. O fundador participou simultaneamente nas equipas de futebol (segundo grupo) e de cricket, entre 1908 e 1909.
Na imagem, uma fotografia, datada de maio de 1908, da equipa de cricket do Sporting C.P. De pé, da esquerda para a direita: José Stromp e Henrique de Almeida Leite Jr. Sentados, da esquerda para a direita: Eduardo Quintela de Mendoça, José Alvalade [o Presidente], Charles Etur e António Stromp.
* Fotografia e texto do Museu do Sporting Clube de Portugal
O Manel, nosso eterno capitão e do melhor que a margem sul deu ao Mundo (que me desculpem os demais), foi talvez o último dos sonhadores e "injénuos" da bola. Um miúdo que tinha como objectivo de vida desportiva jogar no Sporting, nem que fosse um jogo apenas e que ficou por largos doze anos, recusando propostas aliciantes que lhe dariam um outro estatuto, talvez não desportivo mas económico, não tem explicação, a não ser pelo seu indefectível amor à camisola e ao emblema. Ao clube!
O Manel tinha apenas mais nove anos que eu, ou oito e uns pozinhos, vá lá, portanto eu sou um dos privilegiados que o viu jogar de verde e branco e estava lá na chamada bancada nova, naquela tarde/noite meio chuvosa dos sete a um à lampionage em que ele enfiou quatro batatas no gol do Silvino que, coitado, até fez uma excelente exibição.
Era sempre uma delícia ver este rapaz jogar, lá dentro não era só ele que jogava, com ele jogava também o seu sportinguismo, a sua enorme paixão pelo Sporting.
Terá sido dura a sua saída, porque tenho a certezinha absoluta que a sua vontade era jogar até de cadeira de rodas ali, com a listada no corpo em defesa das nossas cores, mas foi o melhor que fez, sair em grande e pela porta grande, que é por onde saem os heróis. Foi para Setúbal, onde ainda fez umas belas jogatanas e prosseguiu como treinador, tendo como maior registo a subida do Santa Clara à primeira divisão, sendo no Sporting treinador de vários escalões e adjunto de Bobby Robson.
Era um olheiro de primeira água. Lembro-me de uma vez, já no novo estádio, estarmos à conversa num dos camarotes onde fui ver um jogo a convite de uma empresa de cervejas que não é a Sagres, ele me ter dito sobre um jogador recentemente contratado por quem "pagámos bem, mas este miúdo não vai dar nada" explicando porquê. Estava certo, infelizmente, o não interessa o nome não deu nada e acabou por sair pela porta pequena no final dessa época.
Entretanto a sua vida foi o Sporting.
Não lhe imagino melhor sentido para a vida do que aquele que escolheu.
Morten Hjulmand estreou-se ontem pelo seu país numa grande competição. Teve azar ao ver a bola bater-lhe antes de entrar na sua baliza, mas fez um bom jogo, como tem feito desde que se estreou pela Dinamarca, já como jogador do Sporting. Na sua cabeça parece estar fazer o melhor Euro possível com os vencedores de 1992, ter umas pequenas férias e voltar a liderar o meio-campo do campeão português. O mercado passa-lhe ao lado. Afinal, como se sabe, já está numa grande equipa. É o próprio que destaca o óbvio.
Vivemos o momento mais alto do Sporting desde que este blogue foi fundado, há 12 anos e meio.
Contra ventos e marés.
Contra o desânimo colectivo.
Contra a lamúria permanente e o derrotismo militante.
Contra a implacável barragem de muitos adeptos - sempre prontos a acreditar mais nos emblemas rivais do que no Sporting.
Como não sentir emoção?
Como não sentir que valeu a pena?
Como não sentir compensação por tudo quanto aqui foi sendo escrito, e fica como documento inegável para a história do Sporting, sem desfalecimentos de qualquer espécie, desde 1 de Janeiro de 2012?
Ia eu a caminho da Sierra Maestra quando recebi uma SMS do Sporting, dando-me a desejada notícia. O berro foi tal, que o motorista do camião que nos levava quase que parava a traquitana.
Sendo que a diferença horária é de cinco horas para menos, havia ainda muito dia para comemorar e a coisa fez-se com uns belos mojitos já a meio da montanha, onde pernoitei com a restante comitiva de cinco, numa pousada magnífica com um acesso por uma periclitante ponte pedonal de madeira manhosa, mas com um pego maravilhoso que se forma no rio que atravessa, mesmo ali em frente, onde também se comemorou com uma bela banhoca.
Então aqui fica o meu imenso obrigado aos jogadores, ao treinador e à equipa técnica, ao Conselho Directivo e a todos os que, mais ou menos, contribuiram para esta imensa alegria.
Agora falta a taça.
A foto foi feita anteontem conforme prometido. O Ernesto adorou o adereço.
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