Pode ir-se embora Jorge Nuno Pinto da Costa e ser substituído por André Villas-Boas que o sistema está bem vivo e a funcionar a plenos pulmões. Esta final da Taça de Portugal foi um estrondoso roubo do início ao fim: desde a expulsão do St. Juste, passando pelos outros cartões dados aos jogadores do SCP e, sobretudo, um penalty por mão na bola de um jogador do FCP dentro da área, já na segunda parte do prolongamento. Também me pareceu penalty sobre o Diomande, minutos depois, dentro da área. Toda a gente viu, menos o árbitro e o VAR. Assim não vale a pena.
Temos um selecionador nacional contra nós, deixando de fora jogadores de topo, agora temos uma FPF que deixa isto acontecer numa prova que devia ser credível. Não é. Este VAR é uma fraude.
… na última sexta-feira, que, na tribuna no Estádio onde se realizou o último jogo do Sporting, se encontravam "presidentes de Câmara e ilustres políticos, todos a assobiarem para o lado, perante um espetáculo horrível e decadente".
Poderíamos pensar que tudo isto representa os “velhos políticos”, os do sistema.
Pois bem, o que diz um novel deputado eleito por um dos novos partidos - que nas últimas eleições viu a sua representação reforçada, sobre a liderança do FCPorto.
Carlos Guimarães Pinto, recém-eleito deputado pelo Círculo Eleitoral do Porto – pelo partido Iniciativa Liberal, num texto publicado em Março de 2017, n’O Insurgente:
«O sucessor de Pinto da Costa
Já há mais de 10 anos que se discute quem será o sucessor de Pinto da Costa. É bastante provável, no entanto, que nos próximos cinco anos a discussão acabe por ser consequente, dada a idade de Pinto da Costa. Entre todos os nomes que vão sendo falados, parece-me que escapa um que está à frente de todos e deveria ser óbvio: Fernando Madureira. É impossível encontrar um candidato melhor à sucessão imediata de Pinto da Costa. O líder dos Super-Dragões conhece o clube melhor do que ninguém. Ao longo do tempo já provou o seu amor desinteressado pelo clube. Ele lidera, com sucesso, há largos anos, aquela que será a organização dentro do FCPorto mais difícil de gerir: os Super-Dragões. Apesar da sua posição, necessariamente dada a alguns exageros, é capaz de assumir posições sérias e diplomáticas, como se exige de um líder de um clube. Veja-se por exemplo a forma como calou a claque no minuto de silêncio a Eusébio ou a forma como coopera com elementos de outros clubes no apoio à selecção. Por outro lado, Fernando Madureira deverá ser hoje a personagem mais popular entre os adeptos do F.C.Porto, mesmo à frente de jogadores, treinadores, dirigentes e até, ironicamente, mais popular que o próprio Pinto da Costa. Finalmente, até na vertente académica, Fernando Madureira está bem preparado. Com um mestrado em Gestão Desportiva, e nota final de 17 valores, Fernando Madureira está melhor qualificado para ser presidente de um clube de futebol do que basicamente todos os presidentes de clubes de futebol no país.
Fernando Madureira tem todas as características necessárias de um bom presidente. Apenas por preconceito em relação às claques de futebol, e aos seus membros, pode Fernando Madureira ser excluído do topo da lista de candidatos à sucessão de Pinto da Costa.»
Segundo a Wikipedia, um fosso (do latim "fossa"), em arquitectura militar medieval, é uma escavação profunda e regular, destinada a impedir ou dificultar o acesso do agressor à linha de defesa de uma fortificação. A terra, retirada durante a sua escavação, pode ser utilizada para erguer muros de defesa. Conforme o tipo de seu preenchimento, pode ser "seco" ou "molhado".
No nosso estádio temos uma coisa desse tipo, que apenas dificulta o acesso dos sócios e adeptos ao jogo, uma ideia realmente estúpida de alguém que talvez sonhasse em fazer do estádio um palco de grandes concertos. E agora lá temos aquela coisa que não serve para nada mas da qual custaria muitos milhões vermo-nos livres. Se calhar mais barato ficaria implodirmos o estádio e fazermos um novo.
No futebol português também existe um fosso. Dois compadres construiram uma fortaleza com duas torres altaneiras, foram partilhando títulos internos e milhões de participações externas, repartindo "padres", actuais e futuros, como nos drafts da NBA, infiltrando os órgãos decisores de ex-dirigentes e adeptos, colonizando outros clubes, implantando amigos e cartilhados em tudo o que é Comunicação Social, até com a pandemia Covid conseguiram montar uma Unilabs "à maneira". Tudo limpinho, limpinho, limpinho. Ainda temos hoje árbitros que são filhos ou familiares doutros que lá andaram nos tempos dos "quinhentinhos" e dos "cafés com leite". Sem hipóteses de "mijar fora do penico" e sempre prontos a uma ajudinha nos momentos críticos.
E o castelo foi prosperando. Ganhar traz dinheiro, dinheiro traz capacidade de montar equipas competitivas, equipas competitivas trazem capacidade de ganhar. E quando estão com dificuldade, alguém amigo do castelo dá o jeito. E nas conquistas todos aparecem. Dos pedreiros aos juízes. Claro que sempre houve um ou outro momento em que as duas torres estavam tão distraídas uma com a outra que aconteceu uma entrada furtiva. Mas logo houve um tocar a reunir, no Rei dos Leitões ou noutro sítio qualquer.
E depois o tal fosso. Qualquer um que não alinhasse não chegaria ao castelo, árbitro inconveniente ou clube que se armasse em independente podia ter a certeza que lhe corria mal a vida. Como correu ao Sporting, muitas vezes esteve quase a ganhar mas depois uma mãozinha dum árbitro, uma azia doutro, uns jogos que pareciam oferecidos a outros, uns jogadores que pareciam estar a jogar de camisola trocada. Como no ano passado em que Palhinha recebe um amarelo inacreditável antes do jogo com o Benfica e Gonçalo Inácio é expulso em Braga. Como naquele ano distante em que perdemos com o Porto em casa com o Manuel José como treinador e ele estranhou o rendimento dum ou doutro dos seus jogadores. Se calhar por isso nunca treinou o Porto. O tal fosso.
E ao dia de hoje o tal fosso ainda lá está, mesmo que bem mais pequeno do que já foi. O fosso existe nos orçamentos e valor dos plantéis daqueles dois relativamente ao nosso clube, nas arbitragens que nos castigam duramente (na B então é mesmo à descarada), nas equipas que contra nós parece que tomaram a poção do Astérix e que contra os rivais chá de cidreira, nos adeptos doutros clubes que parecem adeptos doutro rival. Ainda agora o Porto a perder com o B-SAD contou com um jogador da outra equipa que resolveu sair dali depressa e ir tomar banho, tal era a despreocupação com que entrava aos lances, e até conseguiu ter um jogador lesionado no banco para levar um amarelo e lesionado cumprir o castigo. Outro episódio dos "chitos" à moda do Porto.
Apesar dos títulos alcançados nas últimas três épocas, 1 CN, 1 TP, 2 TL, 1 ST, para muita gente influente aqui e ali o Sporting continua a ser o terceiro clube português, algures entre os dois maiores e o Braga. E sabem bem porquê.
Por isso entendo que Frederico Varandas esteve muito bem na última entrevista em denunciar o tal fosso e apontar para a sua extinção, num momento em que, dos dois compadres donos das torres, um já saiu de cena vergado a um conjunto de acusações que envergonham qualquer um e o outro, pela idade que tem, já se julga inimputável e se calhar tem razão, vai ser a lei da natureza a decidir do seu destino.
O sistema funcionou na perfeição na partida de ontem entre o B e o SLB. Todos puderam indignar-se e a ninguém cabe a responsabilidade. Porque é assim que funcionam os "xixtemas": os méritos, quando os há, repartem-se em fatias finas e as responsabilidades diluem-se.
Podiam os intervenientes ter-se sentado a resolver o assunto? Isso não daria jeito a ninguém.
Ao SLB obrigaria a dizer que "sim" ou que "não" acerca de um problema que não era dele.
Ao fulano que puseram à cabeceira da Liga, escolhido precisamente por ser de plástico e bastante maleável, obrigaria a tomar a decisão de interpretar um regulamento para o qual não foi tido nem achado e que lhe cabe implementar de olhos fechados e boca calada. Lembram-se dos filmes "O padrinho" aquelas cimeiras entre mafiosos, reunidos para ver como contornar a lei e repartir os territórios, mas sempre desconfiados uns dos outros? É isto a LPF.
Ao B obrigaria dar alguma explicações um pouco menos atabalhoados do que as prestadas pelo seu capataz depois da barraca, nomeadamente explicando porque uns jogadores negativos tiveram de ficar em casa e outros puderam calçar e que porcaria de firma é aquela (aquilo não é um clube, como se sabe, é uma plataforma giratória) que deixou o plantel contaminar-se tanto e tão depressa. Mais valeu, portanto, fazer-se de vítima.
E à DGS... mas o que tem a DGS a ver com as alhadas da bola?
Tudo está bem quando acaba bem. O calendário não foi mexido, a jornada foi cumprida, resultado foi o esperado, ninguém se aleijou.
E os palradores, os escribas semi-analfas, os pés de microfone e toda essa tralha que parasita a bola na dita comunicação social tiveram uma noite em cheio, de dedo esticado e aos gritos a discutir "a culpa", que é o que fazem os idiotas quando a casa está a arder: querem mais regatear quem foi culpado pelo incêndio em vez de o apagarem.
A que propósito vem este texto neste blog? Porque ele é sobre um tal Rui Patrício, que se credita como advogado do SLB, e lá pelo meio revela umas parcerias (ia a dizer "moscambilhas", mas se calhar não convém...) dele com a advogada Claudia Cruz Santos. É essa é, a presidente do Conselho de Disciplina da FPF.
«Seria lamentável que o sistema de justiça desportiva, chamemos-lhe assim, viesse a punir o Sporting por uma prática que é reiterada por toda a gente no futebol português há pelo menos quase duas décadas. E que essa punição ignorasse o facto de a inscrição como treinador principal sem ter o IV nível de formação, indispensável para tal reconhecimento profissional, ter sido adoptada com o conhecimento formal e informal de toda a gente - da associação de árbitros aos clubes, da Liga ao Governo.
Transformar esta questão numa querela jurídica, numa altura em que o trabalho de Rúben Amorim, dos jogadores e do clube está a muito pouco de atingir os objectivos de uma época é, no mínimo, vergonhoso. Visa meramente trazer instabilidade ao treinador e aos jogadores quando, na verdade, se trata de uma questão que poderia ser sanável a qualquer tempo, em particular quando não causasse um dano maior do que o vício em causa. De resto, será sempre uma ilicitude gasta pelo tempo decorrido e pelo evidente consentimento generalizado dado aos muitos casos anteriores.»
Eduardo Dâmaso, ontem, na sua coluna semanal no Record
Urge moralizar o futebol português e pôr cobro à anomalia verificado nesta triste temporada que tanto tem perturbado a normalidade constituída e o sossego dos trâmites convencionados. Aqui se adiantam, por conseguinte, algumas intervenções sensatas e garantidas para um regresso à estabilidade.
1) A situação profissional de Rúben Amorim deve ser atalhada com a máxima severidade. É um ultraje à lógica e à legitimidade que um qualquer, destituído das certificações em vigor, possa sequer ter a oportunidade de apresentar resultados melhores do que os treinadores legalmente autorizados. Se estes em sede própria foram devidamente examinados e licenciados, então qualquer outra prova é espúria e nula, fruto de um engano, tanto mais despudorado quanto mais afirmativo. Rúben Amorim deve pois ser acusado de crime de sedição e sujeitar-se a uma pena de degredo sem quaisquer atenuantes.
2) É sabido que o castigo a Palhinha deveria ter sido aplicado no desafio do Sporting contra o Benfica e só o perverso estado de direito que vigora em Portugal admite que a lei geral cinja a justiça particular. A suspensão de Palhinha virá quando os juizes do futebol considerarem que decorreu o tempo suficiente à reflexão pausada e a uma ponderação tempestiva. Mas quando tal suspensão for aplicada, mesmo que seja na última jornada do campeonato, todos os pontos ilegitimamente auferidos pelo Sporting desde o jogo com o Benfica inclusive devem ser liminarmente anulados. A título de exemplo, se tal sanção fosse aplicada no próximo Sábado, o Sporting ver-se-ia privado dos 13 pontos irregularmente obtidos.
3) O facto de o Sporting só jogar uma vez por semana ao contrário dos seus rivais que estão em várias frentes desportivas, tais como a Taça e as competições europeias, tem gerado uma gritante situação de falta de equidade. Alguma forma de compensação deve ser encontrada para no mínimo atenuar esta imparidade. Uma sugestão seria obrigar o Sporting a jogar todas as semanas fora de casa com uma equipa do campeonato japonês ou, em alternativa, do campeonato norte-coreano.
4) Como já alguém algures revelou as pontuações somadas de Benfica e Porto excedem a pontuação do Sporting. Manda o raciocínio lógico que então o título seja somente disputado entre estas duas formações. Resta apenas esperar que as singelas achegas aqui apresentadas contribuam para impedir que o futebol português não perca um grama do altíssimo prestígio de que goza.
Hoje, pela primeira vez na vida, ao mesmo tempo que tenho um orgulho imenso, tenho pena de ser do Sporting, sabem porquê? Porque hoje seria o dia em que, se não o fosse já, me tornaria Sportinguista, tal não é o ataque cerrado e sórdido, por todas as vias, que o sistema lhe está a mover.
Se o Sporting conseguir vencer este campeonato, será muito mais do que uma vitória numa prova desportiva. Será a vitória de uns miúdos contra os donos disto tudo, da honra contra o sistema, da dignidade contra a injúria. Neste campeonato, sim, há bons e maus.
Faleceu ontem também Reinaldo Teles, o fiel escudeiro de Pinto da Costa, e ficam aqui as minhas condolências à família e ao seu clube de sempre. O "chefinho", como era chamado, era muito querido pelas gentes do FCPorto e por quase todos os que passaram pela sua equipa de futebol, e pelos vistos tinha amigos um pouco por todo o lado que agora manifestam o seu pesar. Paz à sua alma.
Mas não nos podemos esquecer que Reinaldo Teles foi parte integrante e um dos actores principais do "sistema" mafioso que o Porto montou para dominar o futebol português, de braço dado com a Olivedesportos dos manos Oliveira que controlava economicamente os clubes, com personagens como Adriano Pinto, Lourenço Pinto e Guilherme Aguiar nos órgãos federativos.
O aparecimento e desenvolvimento desse "sistema" foi muito bem documentado por Marinho Neves no seu livro "Golpe de Estádio, o romance da corrupção do futebol português", de 1996, trocando os nomes reais por alcunhas bem apanhadas. O "Tony Balboa" (foi na secção de box que Reinaldo Teles e Pinto da Costa se tornaram amigos para a vida) é mesmo a personagem central do livro que acaba com o capítulo "O dia do juízo final", uma previsão do que seria uns anos depois o "Apito Dourado", mas com um desfecho bem diferente.
O livro não conheceu sequela, o autor teve azar na vida, parece que escorregou à frente da sua casa, como tiveram alguns árbitros e jornalistas desse tempo.
Foi o tempo em que João Rocha esteve sozinho contra o tal "sistema", ganhando umas vezes, perdendo outras, com arbitragens vergonhosas, jogadores a falhar em momentos-chave (vide Manuel José) e finalmente metendo a raposa no galinheiro com os manos Oliveira.
Depois vieram outros presidentes que foram contemporizando com a situação, com umas trocas de jogadores pelo meio, e só com Dias da Cunha se ouviu de novo uma denúncia clara e assertiva do "sistema". Depois dele as coisas foram mudando, o "polvo encarnado" começou a ganhar terreno ao "sistema", a diferença de peso institucional dos dois clubes começou-se a fazer sentir e o jogo fora e dentro do campo começou a ser bem diferente.
Com Bruno de Carvalho tivemos primeiro o enxovalho público pelo vice Caldeira, a que se seguiram umas frases mal educadas sobre Pinto da Costa, depois tivemos o episódio das "nádegas", finalmente arranjou-se ali uma bela amizade que está para durar. Um dos princípios do tal "sistema" é que os dois de Lisboa nunca podem estar juntos: a ideia, que se provou de eficácia tremenda, é sempre estar a namorar com um e a lixar o outro. Por isso mesmo, no dividir para reinar, o recente apontar da bazuca ao nosso presidente e passar a mão pelo lombo ao Bruno de Carvalho e à Juveleo.
Voltando ao início, com a saída de cena gradual daquela meia dúzia de personagens que formaram o núcleo duro da equipa de Pinto da Costa, e com a do próprio a acontecer um dia destes pela força da idade, com o aperto financeiro causado por anos e anos de engorda desse núcleo, com a guerra sem quartel do tal "polvo encarnado", o "sistema" já não é o que era e o "macaco" agita-se nervosamente nos "galhos".
Mas de certeza que não é o Sporting que lhe vai estender a mão para suavizar a queda.
O Sporting realizou uma bela época em 2015/16. O nosso modelo de jogo procurava encontrar espaço entre as linhas média e defensiva das equipas adversárias. Nesse sentido, os alas eram falsos, procuravam mais o espaço interior do que a profundidade. Bryan Ruiz e João Mário metiam para dentro, à vez (o outro encostava à linha), e com a ajuda preciosa de Teo Gutierrez - que descrevia uns movimentos em hipérbole à volta da área, como se estivesse jogando andebol, abrindo espaços com as suas desmarcações, com (neste caso, a um/dois toques) ou sem bola - encontravam com facilidade o ponta-de-lança (Slimani) com quem combinar.
Com as saídas de João Mário, Teo e Slimani, a chegada de Bas Dost e a emergência de Gelson, Jesus mudou o "chip" ao nosso futebol. Desde logo porque, sem Slimani, a equipa deixou de poder exercer a pressão sobre o portador da bola tão em cima, situação que, anteriormente, obrigava os adversários a terem de recorrer ao jogo directo, opção que nos favorecia dado só termos dois homens no centro do campo. Depois, também, porque Gelson era muito mais um extremo que um médio, contrastando com João Mário, o qual também era exímio nas compensações às subidas de Adrien Silva. Assim, JJ procurou criar situações mais simples e que procurassem não mais criar espaço no centro, mas sim nas alas, de onde sairiam os cruzamentos a aproveitar o bom jogo de cabeça de Dost. O problema é que, sem um segundo homem na área como era Teo, a maior parte desses centros começaram a apanhar muito poucos jogadores leoninos bem colocados para rematar, situação ainda mais agravada por nenhum dos nossos jogadores conseguir acompanhar as acelerações de Gelson, o qual evoluia quase sempre verticalmente e junto à linha e raramente em diagonais para tentar o golo.
Esta época, JJ apostou em dar novos conteúdos a Gelson. Este agora faz muito mais movimentos interiores do que no passado. Por causa disso, marca mais golos. Mas, os seus envolvimentos na zona central do terreno são mais de ruptura do que de organização. Gelson não é um pensador de jogo (como João Mário), mas sim um revolucionário sempre pronto a dinamitar as pontes que se estabelecem entre médios e defesas contrários. O problema é que muitas vezes o jogo leonino continua a ser Gelson contra o mundo. Pelo menos, a partir de uma zona mais avançada no terreno. Alan Ruiz nunca conseguiu dar-se ao jogo, no sentido de oferecer apoios ao ala (ou ao ponta-de-lança) - porque, ao contrário de Teo, recebia a bola de costas e quase sempre parado - , Podence não tem golo e lesionou-se cedo e Jesus, obcecado com o acasalamento com Dost, não viu em Bruno Fernandes, o homem ideal para dinamizar a frente atacante, através de passes e apoios. Assim, acabou por submeter o maiato a um jogo de sacrificio, pegando na bola muito atrás, como "8".
O maior problema do actual Sporting prende-se com a resistência de Jesus em enquadrar as suas ideias no perfil de jogadores que tem. O actual plantel recomenda um sistema de 4x3x3 (com Bruno Fernandes a "10"), mas JJ insiste em tentar acasalar 2 homens na frente, num 4x4x2. A ideia que presidiu à contratação de Montero foi boa (é o jogador mais parecido com Teo), mas o colombiano chegou sem ritmo de jogo, pelo que tem sido mais problema do que solução. Assim, o nosso jogo parece sempre ser pouco apoiado, notando-se a ausência de presença na área. Por outro lado, desguarnecendo a despropósito o miolo do terreno, expõe toda a equipa a um maior desgaste, nomeadamente a defesa, o par de médios-centro - onde faz falta a intensidade de Adrien - e os alas, estes últimos obrigados a um constante váivem que lhes retira muitas vezes discernimento e frescura quando avançam no terreno. Por tudo isto, sem qualquer necessidade, sofremos mais golos do que deviamos e marcamos pouco (menos 6 golos que o "poderoso" Braga, 18 que o Benfica, 19 que o Porto).
Todos os outros temas, como rotação do plantel, aposta na formação, comunicação ou relacionamento com os jogadores acabam por ser questões menores quando comparados com este problema causado pela inadequação do sistema aos jogadores do plantel.
Vivemos num mundo de ilusão. Nós, os Sportinguistas, continuamos a acreditar que será possível vencer o campeonato dentro de campo. Não somos ingénuos, somos apenas crentes. Acreditamos que comprando mais e melhores jogadores podemos fazer frente a Porto e Benfica. Mas tal não é mais que uma mera ilusão. A máquina montada pelo Benfica impede totalmente que o Sporting seja campeão. É o que é. Daqui até à última jornada muito dificilmente, eu diria mesmo que é quase uma impossibilidade, o Benfica irá perder um ponto sequer. Quer isto dizer que é o Benfica a melhor equipa? Que tem os melhores jogadores? O melhor treinador? Obviamente que não. Tem o pior plantel dos candidatos ao título e de longe o pior treinador. Mas o Benfica de hoje não necessita de investir de forma séria na equipa de futebol. Escolheu outro caminho que foi confirmado com o aparecimento dos famosos e-mails.
Árbitros - totalmente condicionados, a estrutura foi criada com o intuito de nem sequer ter que se preocupar em aliciar ou exercer outra qualquer forma de pressão, sobre um alargado número de árbitros. Hoje em dia temos no grupo de árbitros profissionais um conjunto alargado que ascendeu a esta posição, apenas com o objectivo claro de auxiliar o seu clube de coração a chegar em primeiro no final do campeonato.
Federação e Liga - Pessoas da estrutura colocadas em lugares chave, com acesso a informação, que de forma recorrente fazem chegar a apenas um clube, o Benfica. Processos arquivados sem qualquer regra, processos que ficam em gavetas por tempo indeterminado.
Jornalistas - Vários e espalhados por diversos OCS, como provam os e-mails, fazendo-se passar por equidistantes dos diversos clubes, quando na prática trabalham para o Benfica, distorcendo informação, omitindo outra e fabricando notícias que formem opinião e dessa forma condicionam a perceção da verdade.
Paineleiros - Espalhados por todos os canais e programas de comentário desportivo. Pagos pelo Benfica, difundem notícias falsas, criam casos inexistentes e tentam abafar quaisquer temas que possam prejudicar quem lhes paga. Existem dois tipos de paineleiros: os assumidos benfiquistas e os outros, pagos também, mas que se apresentam sempre como apenas comentadores isentos.
Clubes amigos - provavelmente a maior ignomínia para a total descredibilização do desporto português. Clubes que aceitam, por pagamentos de supostos direitos de preferência, nunca exercidos, um efectivo controlo por parte do Benfica. O Boavista, um desses clubes, admitiu que recebeu ajudas financeiras do Benfica. Depois deste reconhecimento, como querem os dirigentes do Boavista que se olhe para o golo marcado por Jonas no Bessa e que foi fundamental na “conquista” do título de campeão há dois anos? Ainda por cima marcado a um guarda-redes que, viemos a saber depois, ainda pertencia ao Benfica, num negócio nunca explicado. O Guimarães assina um suposto acordo com o Benfica, a troco de pouco mais de um milhão de euros e dessa forma o clube lisboeta tem o total controlo pelas transferências de todos os jogadores do clube minhoto, sendo este inclusive obrigado a informar o Benfica de todas as propostas que receber e de quem as recebe. O caso do Belenenses é mais que conhecido; várias transferências bancárias sem qualquer nexo, que não seja acorrer a dificuldades crónicas de tesouraria de um clube totalmente tomado por pessoas que de belenense nada têm. Jogadores “vendidos” ao clube azul, mas que se magoam, ano após ano, nas vésperas de qualquer embate com o Benfica. Perante estes factos como olhar para o caso do Belenenses não conseguir sequer marcar um golo que seja ao Benfica há vários anos? Derrotas atrás de derrotas, copiosas muitas delas, ao longo de vários anos. Como explicar por exemplo este ano o jogo do Benfica em Tondela? Como não desconfiar quando um clube se deixa golear em casa, num jogo onde de forma inexplicável o Tondela apenas fez 8 faltas, quando tem em média cerca de 20 por jogo? Como explicar que no jogo imediatamente a seguir ao “treino” com o Benfica, tenho voltado ao registo das cerca de 20 faltas efectuadas por jogo?
Este controlo financeiro do Benfica, a um grande número de clubes com quem tem que disputar jogos para conseguir vencer o campeonato, demonstra que estamos perante uma disputa totalmente desigual.
Esta jornada vamos ao Bonfim, estádio de um dos mais antigos e históricos clubes portugueses. Clube que hoje está totalmente ao serviço do Benfica, como demonstram os e-mails. Aliás, pelas dificuldades financeiras da maioria dos clubes em Portugal, todos devem ambicionar que o telefone toque e que do outro lado esteja alguém encarnado com uma proposta sobre “direitos de transferência”. Hão de pensar: São apenas 6 pontos em troca dos salários pagos aos jogadores. Os fins justificam todos os meios.
Perante este cenário deve o Sporting desistir?
Nunca. Nunca. Nunca. Quando em Maio chegarmos ao Marquês vamos de cabeça erguida. Que adeptos de outros clubes podem afirmar o mesmo? Bola.
O blog “oficioso” do Benfica decretou ontem, depois de aturada “investigação” (hehehe, peço desculpa), que nada de nadinha vai acontecer ao Benfica, nem na justiça desportiva (hehehe, peço desculpa outra vez) nem na civil. O blog onde os adversários são insultados diariamente, com toda a espécie de adjectivos, onde todos os comentadores e autores são anónimos, é onde se pratica a forma mais ignóbil da cartilha: Lançam umas postas de pescada muito indignadas, para inglês ver, e com isso pretendem afirmar a sua independência em relação à actual direcção. Têm sempre muitos exclusivos, a piada que isto tem, usam e abusam de interjeições exclamativas, que de forma natural são muito bem aceites por quem os lê. A adoração de que são alvo nas imundas caixas de comentários, onde a boçalidade domina, revela a cepa da maioria dos adeptos daquele clube. Mas o mais curioso, ou não, ou não, é que um dos vários “anónimos” que escrevinha naquela imundice, que passa por ser um, senão o maior, analista técnico-desportivo, deste triste panorama em Portugal, escreve, orgulhoso, que nada vai acontecer ao Benfica porque… bem, porque a justiça desportiva acabou de decretar a absolvição do Porto e seus dirigentes, no famoso processo do Apito Dourado. Uma verdadeira pescadinha de rabo na boca, os que no passado tanto criticavam, e bem, a forma como o Porto conseguiu a maioria dos seus títulos, agora que pelos mesmos processos, senão piores, também ganham, servem-se de uma absolvição, um mero acto administrativo, depois da justiça civil já há muito ter decretado como ilegais as escutas onde se baseava toda a acusação, para justificar os seus próprios actos e poder afirmar que nada lhes acontecerá.
Dúvidas houvesse, que não há, este Benfica é de facto o herdeiro natural do Porto dos anos 90 e 00. Limpinho, limpinho.
Por hipótese académica, vamos imaginar que na empossada Comissão Arbitral existia um nomeado que na sua página de facebook tinha a seguinte frase: "Sou do Sporting e isso me envaidece..." Pior, era imaginar que no dia seguinte à tomada de posse da Comissão Arbitral, o presidente do clube rival era castigado.
Lógico que isto seria uma coincidência mas...
Na verdade isto não é ficção, como seria de esperar o membro supra mencionado não é adepto do SCP.
O clube que controla a justiça desportiva, o poder disciplinar sobre os árbitros e os circuitos da comunicação entra a cada jogo não empatado a zero mas com 3-0 a seu favor.
Não que fosse difícil, não o era claramente, mas acertei na data da “entrevista” que Luís Filipe Vieira concedeu ao jornal A Bola. Uma amena cavaqueira, onde logo no começo o senhor que faz as perguntas avisa, com recato mas também com indisfarçável orgulho, que as seguintes 7 páginas nos trazem a já tradicional entrevista ao presidente do Benfica de início de ano. Avisa-nos deste modo que estamos perante um serviço que lá pela travessa da queimada julgam ser imprescindível aos seus leitores. A conversa de café discorre leve e serena, com o senhor Delgado talvez embevecido com as prontas e desenvoltas respostas de LFV às suas inoportunas questões, não consegue contraditar o entrevistado com questões absurdas e que pouco interesse teriam para os dedicados e fies leitores. No cenário idílico e prazenteiro, sinónimo de excelentes festividades naturais desta época, tivemos acesso a um diálogo entre alguém que não tem coragem nem ordem para importunar gente crescida e gente crescida com respostas para não ser incomodado. Com direito a várias fotos de estadista, naturalmente sobressai uma foto central onde acidentalmente aparece o patrocinador das camisolas do clube, A Bola resolve auxiliar ainda mais este patrocinador com uma legenda gorda com alusão a viagens aéreas de sonhos (ainda, presumimos, restos da quadra festiva). Com souplesse passa por cima de assuntos vários que poderiam trazer questões delicadas associadas, mas que raio, estamos numa conversa de café, com sonhos a levantarem voo, não havia claro qualquer necessidade de ali introduzir questões que pudessem manchar a dignidade do jornal. Assim ficamos todos a saber que por opção do presidente do Benfica o famoso kit que é oferecido a todos os árbitros que, sortudos, vão à luz participar na festa, já não possuem um jantarinho para 4-pessoas-4, em doses individuais. O maroto do garoto impede assim a magnanimidade do líder encarnado, por que a cortesia era simplesmente isso, uma cortesia de centenas de euros. Vai também haver um hotel do Benfica (como já li no twitter, sem elevador, para os convidados serem levados ao colinho). De resto temos os lugares comuns de serem superiores a todos, humildes e trabalhadores. De não agitarem nem maldizerem o futebol luso, como o garoto, porque não devemos chafurdar na lama pois inadvertidamente podemos estar a impedir negócios multimilionários que se perspectivam para o novo ano que agora começa. Amiúde o senhor que coloca as questões fala de saídas de alguns jogadores, questões essas prontamente respondidas com ar, mas ar do aceitável, daquele que não permite contraditório. São deste modo preenchidas 7 páginas da edição de hoje d`A Bola. No fim o senhor que coloca as questões, rendido ao esplendor que ilumina o líder que tem na sua frente, poisa a pena e exulta com a cabeça entre as orelhas; entrevista difícil mas perfeita, o objectivo foi cumprido, aprende Diamantino.
Resta saber quanto tempo vamos ter de esperar até serem tomadas medidas para punir quem adultera a verdade desportiva. Urge acabar com a impunidade de que certas figuras e instituições gozam, sob pena de, qualquer dia, nem valer a pena entrar em campo, tal é a viciação do jogo. É simplesmente nojento o clima que se vive atualmente no futebol nacional, e o triste é que parece que o mal veio para ficar. É que têm sido umas atrás de outras. Resta saber qual será a próxima
Procuro na imprensa desportiva cá do burgo ecos da investigação multijornalística que está a abalar a Europa do futebol: o desvio para paraísos fiscais, designadamente as Ilhas Virgens britânicas, de centenas de milhões de euros em receitas publicitárias de craques da bola "aconselhados" por empresários do sector a ludibriar as autoridades tributárias.
Em vão: nem uma linha dedicada ao escândalo do Football Leaks. Só um doce e recatado manto de silêncio.
No pasa nada, hombre. As coisas são o que são.
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