Rodrigo Ribeiro: momento de glória no Estádio Algarve, com um golo e uma assistência
Jogo amigável, mas não muito. Houve demasiada dureza do Sevilha, equipa escolhida para este último desafio de preparação do Sporting antes do início da temporada oficial de futebol. Há três dias, num Estádio Algarve com muito público embora longe de estar cheio.
Quem pretendia voltar a ver Gyökeres em campo, desiludiu-se. O astro sueco voltou a estar fora do onze: Rúben Amorim preferiu usá-lo num desafio à porta fechada, nessa manhã de terça-feira, contra o Farense. Vencemos 3-0 - os três golos foram marcados por ele.
Mas só falo de jogos a que assisto. É o caso deste.
O que vi? Uma equipa bem organizada, controlando os corredores ofensivos do Sevilha, sem revelar temor da pressão adversária sobre a nossa saída de bola. Diomande, no eixo da defesa, controlava as operações lá atrás. Morita, quando necessário, recuava em auxílio à linha defensiva. Outras vezes era Geny quem recuava, permitindo o avanço sistemático de Nuno Santos, na ala oposta, a esticar o jogo.
Novidade maior foi a inclusão de Rodrigo Ribeiro como avançado-centro, bem servido por Pedro Gonçalves pela esquerda e Trincão pela direita. O jovem cumpriu a missão que Rúben Amorim lhe confiou. De tal maneira que apontou um golo, fez passe decisivo para o outro e emergiu como melhor em campo.
Vladan voltou a estar entre os postes, pelo segundo jogo consecutivo. Entre as ausências, além do craque sueco, também se registou a falta de dois titulares habituais: Gonçalo Inácio e Morten.
Alguns dirão que o Sevilha era adversário fraco para um desafio de preparação quase em cima do recomeço do calendário oficial das competições. É verdade que a equipa andaluza andou pelos últimos lugares da tabela no campeonato anterior e chegou ao fim na 14.ª posição. Mas convém não esquecer o seu currículo: cinco vitórias na Liga Europa entre 2014 e 2023. E há um ano perdeu à tangente a Supertaça Europeia, sendo derrotada só nos penáltis pelo poderoso Manchester City.
Basta para qualificá-la como antagonista de respeito.
Dominámos e vencemos. Com dois grandes golos.
O primeiro, aos 14', culminando magnífica jogada colectiva. Iniciada por Eduardo Quaresma na ala esquerda: colocou-a em Nuno Santos, que progrediu em rápida tabelinha com Pedro Gonçalves, confundindo as marcações do Sevilha. Mal a bola foi devolvida a Nuno, Este serviu Rodrigo Ribeiro com milimétrica diagonal que funcionou como verdadeira assistência para golo. O jovem avançado, frente ao guarda-redes, não perdoou: encaminhou-a para o sítio certo. Talvez estivesse em fora-de-jogo, as imagens não esclarecem. Mas sem vídeo-árbitro, foi validado sem discussão.
O segundo surgiu aos 17 segundos do segundo tempo, mal soara o apito do árbitro para o recomeço da partida. Novamente com Rodrigo no centro das atenções: desta vez, para variar, foi ele a servir. Oferecendo a bola a Trincão, que agradeceu e marcou, num toque de classe, picando-a sobre o guardião dos andaluzes.
O jogo, a partir daí, baixou de intensidade. Com o Sporting a controlar, o Sevilha em busca do golo mas com notório défice de talento. Adivinhava-se a vitória leonina, mas ainda se registaram dois percalços: um cartão vermelho exibido a Diomande pelo árbitro Fábio Veríssimo por falta absolutamente escusada sobre o extremo do Sevilha. Num amigável, quando já vencíamos por 2-0 e a sete minutos do fim. Deve servir de alerta a Diomande como eventual sucessor de Coates: não basta ter bom físico, bons dotes técnicos, eficiente jogo de pés. Também precisa de usar a cabeça para raciocinar em lances como este.
Jogámos com dez a partir daí. E foi já nesse cenário que sofremos o golo, aos 86'. Com a bola a ressaltar em Eduardo Quaresma, traindo Vladan.
Pior foi termos perdido dois jogadores por lesão. Primeiro Nuno Santos, magoado num joelho aos 28'. Depois St. Juste aos 52', por incapacidade muscular logo após ter acelerado mais do que devia.
Não contaremos com eles na Supertaça. O holandês, aliás, já estava excluído, a cumprir castigo, tal como Matheus Reis. Dor-de-cabeça para Amorim. Com três baixas na defesa (contabilizo aqui Coates, que nos deixa com saudades), esta é uma dor-de-cabeça má.
Breve análise dos jogadores:
Vladan - Pouco trabalho. Não fez uma defesa na primeira parte. Sofreu golo aos 86', no primeiro remate dos espanhóis digno desse nome. Sem culpa.
Eduardo Quaresma - Começou como central à esquerda, posição em que não se sente confortável. Apesar de tudo, mostrou-se combativo. Iniciou lane do primeiro golo.
Diomande - Assumiu-se como comandante do trio defensivo, já com Coates fora da equipa. Iniciou golo 2 com passe longo para Rodrigo. Expulso aos 83': não havia necessidade.
Geny - Deu primeiro sinal de perigo, rematando ao lado (10'). Inflectiu muito da ala para o centro, transportando a bola como ele sabe. Precioso corte de carrinho aos 64'.
Morita - Operário sempre activo na casa das máquinas. Baixou para defesa sempre que foi necessário. Atento às recuperações, sem descurar acções ofensivas.
Daniel Bragança - Com Morten e Gonçalo ainda ausentes, foi desta vez o capitão da equipa. Discreto, talvez em demasia, fez parceria eficaz com Morita no meio-campo.
Nuno Santos - Estava a ser o melhor em campo até se lesionar, aos 28'. Excelente assistência para o primeiro golo, queimando linhas para servir Rodrigo na perfeição.
Pedro Gonçalves - Preciosa tabelinha com Nuno na construção do primeiro golo. Podia ter marcado também: aos 70', rematou ligeiramente ao lado; aos 75', falhou chapéu por centímetros.
Trincão - Um dos melhores. Marcou o segundo golo, ao minuto 46, contornando opositores com primor técnico. Aos 75', grande recuperação: ofereceu golo a Pedro Gonçalves, que falhou por pouco.
Rodrigo Ribeiro - Aos 19 anos, demonstrou ao treinador que pode contar com ele. Figura do jogo ao marcar o primeiro e fazer o passe que permitiu o segundo.
Esgaio - Único trintão que resta no plantel. Substituiu Nuno Santos aos 31', actuando como ala esquerdo. Passou para ala direita e depois central na segunda parte. Polivalente.
Travassos - Maior surpresa deste jogo: entrou aos 53', substituindo o lesionado St. Juste. Mas actuando como ala esquerdo. Tem 20 anos, sonha com lugar na equipa. Cumpriu.
Miguel Alves - Estreia absoluta, aos 18 anos: substituiu Geny aos 85'. Central da formação, não esquecerá estes escassos minutos em campo num jogo que vencemos.
Samuel Justo - Entrou aos 90' para render Eduardo Quaresma. Teve pouco trabalho. Ou nenhum.
Terminou o estágio anual em Lagos do Sporting com uma vitória frente a um grande clube espanhol que está a atravessar uma má fase, pouco futebol e muita porrada.
Francamente não dei pelo equipamento, nem andei a contar os Sportinguistas da bancada com igual camisola, deixo isso para outros, para mim o importante foram o jogo e os jogadores.
Daquilo que vi pela TV em dois jogos, a equipa está a regressar ao modelo da 1ª época, a apostar mais no contra-golpe incisivo e letal do que no controlo do jogo em si. Um modelo de jogo em que Pedro Gonçalves e Trincão se sentem como peixes na água. Foram eles que mais se destacaram nos dois jogos televisionados. E esse modelo de jogo também muito favorece Gyökeres.
Mas atacando mais rápido também se perde a bola mais rápido e a defesa sofre mais. Com a saída de Coates, precisávamos duma aposta firme e continuada no melhor trio de defesas, St.Juste-Diomande-Inácio, e dum tampão efectivo à sua frente, porque Debast vai precisar de algum tempo de adaptação e Matheus Reis é preciso na ala esquerda. Com a lesão de St. Juste, o possível castigo de Diomande (continuo a achar o vermelho mal mostrado, no momento da falta Quaresma está a um par de metros e à frente de Diomande na corrida para a sua baliza, seria um lance revertido pelo VAR) e a chegada tardia de Inácio temos ali um problema. Quaresma cumpriu sem mais.
Na ala direita Catamo começa bem a época, mas Fresneda parece estar de fora das opções. O que levanta outro problema, porque precisamos dum ala direito melhor a defender do que Catamo. Entretanto Esgaio, que era para sair, continua.
Na ala esquerda continuamos com Nuno Santos e Matheus Reis. Para mim não está ali o problema.
No meio Morita está no caminho do seu melhor, oxalá a selecção do Japão meta férias por uns meses, Hjulmand a chegar, Bragança e Mateus Fernandes são opções mas doutro patamar. Contra o Sevilha, nas bolas paradas, foi notória a falta de altura do onze. Continuamos sem uma alternativa a Hjulmand alta e forte como ele.
Aparentemente Edwards está como Fresneda. É mesmo para ficar ou está a fazer as malas para Inglaterra?
Quanto aos jovens, andam a aproveitar muito bem as oportunidades. Rodrigo Ribeiro e Nel estiveram muito bem nos jogos televisionados, os outros actuaram nos jogos de porta fechada, não sei como estão.
A temporada ainda agora começou. Muita coisa para definir e acertar até ao fecho do mercado, a base está lá e funciona, e a base chama-se Rúben Amorim.
O resto vai com esforço, dedicação, devoção e muita... tranquilidade, como dizia o míster Paulo Bento.
Para mim o branco e alto Sebastián Coates foi o mehor defesa central do Sporting, pelo menos nos últimos 50 anos. Estão aí os números de jogos, títulos e golos para o demonstrar.
Mas o facto é que teve de sair, pelas razões que se conhecem.
Na defesa a três de Amorim, quem é mais parecido e tenta fazer o mesmo que Coates é um preto e alto chamado Diomande. Para mim é o novo Coates, aquele que não pode mesmo sair seja por que razão for. E se ficar no Sporting os anos que o Coates ficou até poderá superar os números dele. Classe não lhe falta, mas duvido.
Ao lado de Diomande, existem várias opções. À frente Hjulmand, lá na frente Gyökeres, atrás Kovacevic. Será esta a coluna vertebral da equipa do Sporting para a próxima temporada.
Depois existem os Veríssimos desta vida, atrevidos e incompetentes em doses iguais, peões de brega para quem os saiba controlar. Como o fizeram no Jamor. Olé!!! Se o vermelho o retirar da Supertaça então é mesmo caso para investigar.
De resto este Sporting-Sevilha foi um jogo por demais táctico: marcações em cima, poucas oportunidades de golo e essas a surgir de lances casuais.
O resultado de 2-1 contra o Sevilha apenas reflecte a actual inteligência táctica deste Sporting de Amorim.
E nos golos cinco para o Sevilha, dois para a Roma.
O que diz Mourinho?
"A culpa foi do árbitro, parecia espanhol".
Era este treinador (não vence no campeonato italiano há sete jogos) que uns queriam ver como treinador do Sporting e outros exigiam como seleccionador nacional.
Mal por mal, antes o treinador espanhol que vamos tendo por cá, não faz convocatórias justas mas pelo menos não se desculpa com as arbitragens.
A culpa de não vencer há sete jornadas em Itália e de ter perdido mais uma final europeia é de quem?
Há uma certa tensão permanente no nosso futebol que me desagrada, mas que tenho de engolir.
É como se qualquer aquisição, qualquer substituição, qualquer lance, qualquer penalty ou cartão fosse um “nós contra eles”.
Creio que esse modo tenso é pouco Sporting e talvez seja por isso que sejamos um clube que ganha pouco (no futebol profissional). As coisas têm mudado e se há mérito em Rúben Amorim é na criação e no manter de tensão.
Ontem, fomos rabiados por uma equipa de pote 2 da Champions (com menos tempo de preparação). Na segunda parte, houve outra atitude, embora me parecesse sempre que jogávamos com um ou dois a menos. Mas houve tensão, como já houvera com a Roma e Edwards até tentou sacar um penalty (vergonhoso) e quase conseguiu, também porque se não se caça com cão, usa-se o gato.
Ganhar em Portugal é muito isso e no fim do dia, lembramos e festejamos os títulos, não os lances que oferecem dúvidas.
No fim do jogo, Rúben surge tenso, como se fosse culpa de alguém a exibição de fraqueza durante grande parte do jogo e ele lhe quisesse ir aos fagotes a esse alguém. Porque em Portugal, a tensão, a faquinha nos dentes, é fundamental para ganhar. Ele sabe que os jogadores são menos bons do que toda a gente proclama (os do Sevilha, quase todos, são bem melhores) e quer vê-los tensos, em superação, porque o jogo com o FCP está mais ou menos quase à porta. O Sporting precisa de anos para consolidar crescimento e as coisas levam tempo, mas já há muita tensão no ar e os jogos a sério ainda nem começaram.
Há décadas que o futebol português tem sido dominado pela tensão, dentro e fora do campo. De vistas curtíssimas, queremos todos ganhar domesticamente, o resto que se dane. A sociedade civil – nós todos – não é (nem será, digo eu) suficientemente exigente para mudar as coisas. Se calhar, nem quer.
P. S. Muito curioso em antecipar o futuro de Amorim, daqui por uns anos, noutros clubes, noutras culturas, noutros futebóis. Espero que não fique com mazelas da tensão.
P. P. S. Interessante saber como o treinador que o SLB contratou reagirá a esta necessidade de tensão permanente.
Péssima primeira parte, muito razoável segunda parte - quase a compensar a confrangedora exibição dos 45 minutos iniciais. Rúben Amorim deve ter dito das boas aos jogadores no intervalo. Mesmo assim, neste confronto com o Sevilha, só conseguimos equilibrar a partida e até ficar por cima depois de o treinador espanhol, o nosso conhecido Julen Lopetegui, desatar a fazer substituições, desarticulando todo o seu onze titular.
Convém reconhecer mérito ao adversário. O Sevilha ficou em quarto lugar na Liga espanhola, vai disputar a Liga dos Campeões e tem um plantel qualificado - basta dizer que actuou com Corona, Acuña, Fernando, Ratikic, Jesús Navas e Óliver Torres, entre outros.
Mas vários problemas persistem nesta equipa do Sporting. Escassa produção ofensiva, fraca pontaria no momento do remate, incapacidade de progredir com a bola controlada no corredor central, que deixamos ao domínio adversário. Acrescidos agora da ausência de Palhinha, que funcionava como tampão e municiador precisamente na zona mais desguarnecida, e pela manifesta falta de articulação entre Ugarte e Matheus Nunes nessa área.
O nosso primeiro remate enquadrado surgiu quando já se haviam esgotado os 45 minutos iniciais, num pontapé de raiva de Nuno Santos para defesa muito apertada do guarda-redes. Os jogadores rumaram ao balneário com resultado desfavorável: aos 15' o Sevilha tinha aberto o marcador, aproveitando muito bem uma falha colectiva da nossa defesa - incluindo má reposição de bola de Adán, ontem intranquilo, o que nele não é habitual.
Ao contrário de Lopetegui, Amorim mexeu pouco: percebe-se que este onze será o titular. Única mudança aos 23', com troca de Ugarte (magoado) por Morita, que pode fazer a posição 6 mas não é um trinco puro até por morfologia física. O japonês acabou por ser um dos melhores em campo: muito móvel, com precisão de passe e boa visão de jogo.
Trincão foi o único reforço leonino no onze inicial. Ainda com manifesta falta de articulação com os colegas, o que se compreende, e alguma tendência para "adornar os lances", o que aumenta os aplausos nas bancadas mas diminui a nossa eficácia colectiva. Está longe de ser o único com tal tendência, muito cultivada por Matheus Nunes e que parece até ter afectado Porro e contaminado Coates - este em jogada no nosso meio-campo ofensivo que gerou perda de bola.
A pressão leonina acentou-se: percebia-se que a equipa procurava o empate. Mas faltava mexer na "casa das máquinas": foi o que Amorim fez ao trocar Matheus Nunes por Edwards e Trincão por Rochinha. Principal efeito destas substituições: o recuo de Pedro Gonçalves, que passou a jogar sempre de frente para a baliza e funcionou como nosso principal distribuidor de jogo. Aos 75', ofereceu um golo a Edwards que o canhoto inglês desperdiçou com o pé direito. Aos 82', novo brinde - desta vez tendo como destinatário Paulinho, que lhe deu a melhor sequência, com um tiro certeiro. Selando o empate que se manteve até ao fim.
Como estava em jogo o Troféu Cinco Violinos, agora na décima edição, havia que desatar o nó nas grandes penalidades. Todas muito bem convertidas, de um lado e do outro, até o recém-entrado Fatuwu (reforço ganês só com 18 anos mas já internacional pelo seu país) fazer disparar a bola com estrondo à trave. O troféu ficou para a equipa sevilhana, onde actuaram dois nossos velhos conhecidos: Acuña e Gudelj. O primeiro viria a sair sob uma chuva de insultos e vaias - numa confirmação de que muitos sportinguistas tratam mal aqueles que honraram e serviram a verde e branca.
Nada de novo. Tanto se fala na ingratidão dos jogadores: devíamos reflectir mais na ingratidão dos adeptos.
Algo que começa a tornar-se frequente também em todos os nossos jogos: houve sururu e chega-p'ra-lá junto à linha. Mesmo nos supostos "amigáveis". Mesmo nos chamados "jogos de preparação". É uma tendência que espero não ver prolongada, mas sou capaz de apostar que veio para ficar, acompanhando a progressiva radicalização dos adeptos bem patente ao menor pretexto nas redes sociais e num canal de TV que se alimenta disto com quatro ou cinco mecos aos berros serão após serão.
Não levámos o troféu, não vencemos o jogo, mas termino com algumas notas positivas: boa "moldura humana" em Alvalade (éramos 31.075 no estádio), relvado em excelente condição e desta vez não houve petardos nem tochas. E temos pelo menos cinco eficazes marcadores de penáltis: Porro, Pedro Gonçalves, Rochinha, Tabata e Edwards. Na época passada, o agora ausente Sarabia encarregou-se de convertê-los quase todos.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Teve responsabilidade no golo sofrido, ao entregar a bola numa reposição. Não conseguiu defender nenhum dos penáltis no fim.
Gonçalo Inácio - Regressou à posição que já bem conhece - central do lado direito. Actuação certinha. Boa capacidade de passe longo.
Coates - Causa calafrios quando improvisa, saindo de posição, o que nos custou um golo contra a Roma. Repetiu a proeza duas vezes, desta vez sem estragos.
Matheus Reis - Apanhado em contrapé no lance do golo, deu a sensação de que podia ter feito melhor. Rende mais como lateral do que como central à esquerda.
Porro - Oscilou muito, como a própria equipa. Perdeu vários duelos, falhou vários passes, mas foi sempre dos mais inconformados.
Ugarte - Má abordagem no lance do golo, deixando Óliver Torres antecipar-se e tocar para Corona. Saiu pouco depois, aos 23'.
Matheus Nunes - Parece andar com a cabeça algures. Ontem quase nada lhe saiu bem, nem no passe nem na criação de lances. Saiu demasiado tarde, aos 72'.
Pedro Gonçalves - Melhor em campo. Fabuloso passe a isolar Paulinho (52'), outro para Edwards (75'). Assistência no golo (82'). Tentou ele próprio marcar (59' e 80').
Trincão - Bons apontamentos quando jogou do lado direito do ataque, com Acuña pela frente, mas ainda não criou automatismos. Substituído aos 72'.
Nuno Santos - Cruzou algumas vezes, mas ninguém dava sequência aos passes. Foi o primeiro a tentar o golo (45'+1). Saiu aos 85'.
Paulinho - Nem remates, nem capacidade para abrir espaços. Andava perdido até ao momento culminante: um grande golo aos 82'. Saiu logo a seguir, para os aplausos.
Morita - Em campo desde o minuto 23. Revela boa técnica, domínio de bola, visão de jogo, capacidade de passe. Pode ascender ao onze titular.
Rochinha - Único reforço dextro numa equipa cada vez com mais canhotos, entrou aos 72 para criar desequilíbrios. Mas ficou aquém do pretendido.
Edwards - Em campo desde os 72'. Desperdiçou um golo "cantado" aos 75'. Aos 88', tentou cavar um penálti sem ser tocado, iludindo o árbitro (mas não o VAR).
Tabata - Rendeu Paulinho aos 85'. Pouco tempo para mostrar o que vale - apesar dos 6' de tempo extra concedidos. Converteu muito bem o penálti final.
Fatawu - O mais jovem reforço leonino, em campo desde os 85' (substituiu Nuno Santos). Procurou agitar o jogo, como extremo esquerdo. Pena ter falhado o penálti.
Em Alvalade a cores e ao vivo e depois revendo pela TV com os comentários de alguém que sabe ver o jogo pelos olhos dum ex-praticante, sem palas clubísticas nem estúpidas vaidades que servem apenas para esconder a ignorância, o ex-defesa esquerdo do Benfica, o Pedro Henriques, o que posso dizer é que foi mais um confronto de pré-época muito bem conseguido.
Entre Vilarreal, Roma e agora Sevilha, o Sporting encontrou adversários de nível Champions / Liga Europa com um futebol próximo daquele que é praticado na nossa Liga e que puseram a nu as suas limitações em termos de plantel e desempenho individual e obrigaram os jogadores a suplantar-se. No final das contas, foram dois empates e uma vitória. Após o próximo confronto com o Wolves, penso que ficaremos em condições de entrar nos jogos a doer com o pé direito.
Talvez o clube mais próximo do FC Porto em Espanha seja o Sevilha. É um clube regional, com grande "aficción", grande cobrança em termos de atitude em campo, grande competência nas competições europeias.
Claro que não passa pela cabeça do Sevilha sonhar no controlo da Federação, da arbitragem espanhola, a fruta e o chocolate andaluz se calhar não têm o mesmo efeito, além dos dois grandes da capital existem o Barcelona, o Desp. Corunha e o Atl. Bilbau, enfim de Portugal a Espanha vai uma grande distância. Nenhum idiota presidente de Real Madrid e Atlético de Madrid morre de amores pelo Sevilha, por muito bom que seja o "solomillo" local.
Mas ontem, com Lopetegui, Fernando, Torres e Corona, parecia que era o FC Porto do outro lado, o que ainda tornou mais amarga a primeira parte, onde fomos completamente trucidados pelo tikitaka do Sevilha. Claro que a lesão de Ugarte logo a abrir o encontro contribuiu para isso, o meio-campo deixou de existir, e toda a equipa ficou desorientada, um pouco como aconteceu em Alvalade contra o Ajax na época passada com a lesão de Inácio.
O Sevilha fez o que quis, defendeu, controlou e atacou com perigo embora sem eficácia nos finalmentes.
Foi uma primeira parte do pior da era de Rúben Amorim, digamos que era motivo para saírem os onze e entrarem outros onze, se não houvesse o problema de... onde estavam outros onze de valor idêntico?
Amorim fez a coisa certa. Perante um Sevilha a fazer descansar os titulares, apostou nos seus, a equipa correu mais, pressionou mais, a inferioridade numérica no meio-campo deixou de ser notada, os espaços começaram a existir e o empate aconteceu num grande remate de Paulinho solicitado por um ainda melhor passe do Pedro Gonçalves.
Depois veio a marcação dum penálti a favor do Sporting justamente revertido após advertência do VAR, só é pena que o sr. árbitro não tenha visto e marcado penálti em dois lances da primeira parte onde o contacto existiu. De certeza que não seriam revertidos.
Terminado o jogo empatado, vieram os penáltis muito bem marcados por um lado e outro, até Fatawu quase partir a trave com a potência do remate. Temos ali um ala esquerdo de excelência, vamos com calma que ele ainda só tem 18 anos, mas para marcar penáltis...
Este jogo demonstrou uma coisa: Pedro Gonçalves pode voltar às origens, mesmo que pouco acerte nas balizas actualmente, e ser um médio de excelência. E com isso ajudar a resolver o grande problema existente no meio-campo do Sporting com a saída de Palhinha, a lesão de Bragança e a cabeça à roda de Matheus Nunes.
Melhor em campo? Para mim, Gonçalo Inácio que esteve muito bem e evitou piores males.
Prémio de resiliência? Tabata, largos minutos a aquecer para apenas render Paulinho a 10 minutos do fim ainda marcar um penálti de forma irrepreensível.
Prémio da melhor raça argentina? Acuña. Paulinho estava no chão, mas quem tinha obrigação de parar o jogo era o árbitro. Os dois que disputavam o lance, Trincão e Acuña, olharam para o árbitro, ele nada fez, Trincão continuou a olhar, Acuna seguiu a jogar, completamente no seu direito. Depois vieram as bocas, ele reagiu mal e armou-se a confusão.
O fair-play é uma treta, já dizia o JJ, apenas serve para premiar os batoteiros e é mais uma prática estúpida do futebol português. Para mim esteve muito bem Acuña em prosseguir com o lance e muito mal Trincão em alhear-se do mesmo. Depois foi o depois. Mais uma vez e depois do que aconteceu com o Rui Patrício as claques envergonharam o clube, a insultar a pobre senhora mãe dele. Mas enfim, são as contas do assalto a Alcochete para saldar, enquanto o presidente dessa altura já partiu para outra e confessa que agora consegue mergulhar graças ao novo amor.
Mas com Acuña e depois daquela cena da emboscada da seita do Sérgio Conceição (penso que com Corona em plano de destaque) no Dragão para colocá-lo fora da final da taça que seria uma semana depois, ele ter conseguido aguentar-se à bronca, chegar ao Jamor e centrar para o golo de Bas Dost e levar o batoteiro mal educado a fazer aquela triste figura na tribuna, eu não consigo dizer mal do homem, até acho que o Sporting devia procurar urgentemente na Argentina dois ou três iguais a ele. Ou no Uruguai dois ou três iguais a Ugarte, já agora. Gosto muito do rapaz, embora como o Coates e o próprio Acuña sejam viciados em erva (no caso o mate). Um destes dias provo a mistela.
O Sevilha - agora treinado por Julen Lopetegui, que não teve sucesso como treinador do FC Porto e foi um técnico sempre com péssima imprensa em Portugal - venceu ontem à noite a Liga Europa. Pela sexta vez, em seis finais - não falhou uma.
Entre os jogadores da equipa sevilhana que agora festeja este importante título inclui-se o sérvio Nemanja Gudelj, contratado no Verão de 2018 para o Sporting pela Comissão de Gestão, liderada por Sousa Cintra. Médio defensivo, actuou como defesa central improvisado nesta vibrante final realizada em Colónia, frente ao Inter de Milão, com vitória sevilhana por 3-2.
Recordo, lamentando, que Gudelj foi sempre um mal-amado em Alvalade. Apupado nas bancadas, insultado pelos autoproclamados "verdadeiros adeptos", apesar disso foi crucial na conquista dos dois mais recentes troféus do futebol leonino: a Taça de Portugal e a Taça da Liga 2019. Acabou por ser dispensado em Julho de 2019 após 43 jogos de Leão ao peito: o Sevilha ganhou com isso. E o jogador também.
O Sporting viu partir mais um cujo valor nunca foi devidamente reconhecido entre nós. Como tem acontecido com tantos outros.
2
Bruno Fernandes, mesmo não sendo avançado, sagrou-se melhor marcador desta edição da Liga Europa. Com oito golos - cinco ainda ao serviço do Sporting, os restantes já com a camisola do Manchester United. Devia ser motivo de orgulho para todos nós. Mas nas redes "leoninas" fala-se menos nisto do que no recém-contratado Feddal, que foi apanhado em excesso de velocidade ainda em território espanhol. Diz tudo sobre as prioridadades dos "verdadeiros adeptos".
3
O Sevilha, recordo, foi o quarto classificado do campeonato espanhol. Atrás de Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid. Isto não causou complexos à equipa sevilhana nem a conduziu a sessões colectivas de autoflagelação. Se a conquista de títulos internos é um objectivo remoto, até devido às arbitragens que adulteram com frequência os resultados, sobretudo em benefício do Real e do Barcelona, a Liga Europa tornou-se uma meta plausível - e, como vemos, superada com frequência.
No Sporting, seria útil meditarmos neste exemplo. Ganharíamos mais com isso do que a comentar os calções do Porro - outro tema que tem mobilizado atenções nas redes sociais por parte daqueles que parecem sempre mais concentrados no acessório do que no essencial.
Um dos maiores erros da gestão anterior à de Bruno de Carvalho foi a precipitada venda de Daniel Carriço, nosso capitão, por valores irrisórios e contra a aparente vontade do próprio jogador. Depois de ter rejeitado a sua transferência para emblemas mais prestigiados do futebol europeu por números correspondentes ao valor deste profissional, fruto da formação leonina, a direcção de Godinho Lopes deu luz verde à saída, no último dia de 2012, por míseros 750 mil euros para o modesto Reading.
Não tardou que a agremiação inglesa o transferisse por sua vez para Sevilha, por mais de o dobro do que havia custado, comprovando como foi absurda a venda anterior. E Carriço tem brilhado na capital da Andaluzia, ao ponto de ter sido peça fundamental na conquista de três Ligas Europas consecutivas - proeza nunca antes alcançada por clube algum nesta competição.
A terceira vitória aconteceu ontem, numa emotiva partida frente ao Liverpool, com uma avassaladora segunda parte da equipa sevilhana, capaz de virar o 0-1 ao intervalo para o 3-1 final.
Vendo o desafio - e desde logo um corte acrobático de Carriço quase em cima da linha de baliza, impedindo um golo do Liverpool aos 10 minutos - fiquei a interrogar-me por que motivo Fernando Santos terá excluído da convocatória para o Europeu de França este central, que tem 27 anos. Na mesma convocatória em que figuram Ricardo Carvalho (já com 38 anos) e Bruno Alves (com 34 anos).
Acabo de ver a emocionante final da Liga Europa, em que o Sevilha fez história ao derrotar o Dnipro por 3-2 e sagrar-se como primeira equipa a conseguir vencer pela quarta vez este troféu (contabilizando as vitórias conseguidas também quando se chamava Taça UEFA). Ultrapassando assim um trio de respeito: Inter, Juventus e Liverpool (cada qual com três vitórias cada).
É a segunda vitória consecutiva da equipa andaluza. E é também o segundo ano consecutivo em que Daniel Carriço se sagra vencedor da Liga Europa ao serviço do Sevilha, como defesa central.
Merece, portanto, parabéns a dobrar.
É um dos muitos talentos formados na nossa Academia, centro de excelência reconhecido como tal em toda a Europa do futebol. Penso nisto e volto a indignar-me ao recordar como Carriço deixou Alvalade a preço quase de saldo para cobrir urgentes necessidades de tesouraria por parte de uma equipa directiva incompetente.
Tempos que não queremos ver repetidos. Nunca mais.
Supertaça Europeia, disputada em Cardiff entre duas equipas espanholas. Dos 22 jogadores que entram em campo, cinco são portugueses - e três deles formados na academia de Alcochete, proclamando-se sportinguistas com muito orgulho.
Quem são os cinco portugueses? Cristiano Ronaldo (autor dos dois golos), Fábio Coentrão e Pepe pelo Real Madrid; Beto e Carriço, pelo Sevilha.
Conclusão: houve muito mais portugueses nesta final europeia do que aqueles que entraram em campo no último jogo da pré-temporada do FC Porto. Um zero absoluto.
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