Grande figura do encontro de ontem à noite, debaixo de chuva, em que a selecção nacional goleou a da Polónia por 5-1. O nosso maior triunfo de sempre frente aos polacos.
CR7 foi o melhor em campo. Sem surpresa, acabou vitoriado por quase 50 mil espectadores no estádio do Dragão. Confirmando que mantém intactas as qualidades que todos lhe reconhecem no planeta Futebol.
Marcou dois golos - o primeiro (segundo da equipa das quinas), de penálti, aos 72'; o segundo (quinto da selecção), aos 87', num espectacular pontapé de bicicleta. Imagem que certamente dará a volta ao mundo. E ainda foi dele o passe para o quarto, marcado aos 83' por Pedro Neto.
Este triunfo categórico valeu pelos golos, claro. Também o primeiro, ao 59', foi digno de prolongado aplauso, num contra-ataque muito rápido iniciado e concluído (de cabeça) por Rafael Leão, com primorosa assistência de Nuno Mendes. E o terceiro, golaço de Bruno Fernandes aos 80', fuzilando a baliza num disparo a quase 30 metros de distância.
Valeu também, claro, por ter confirmado a passagem da nossa selecção aos quartos-de-final da Liga das Nações, assegurando a liderança do grupo A mesmo sem termos disputado ainda o último jogo, que será contra a Croácia.
Roberto Martínez só pode estar satisfeito. Tem um saldo muito positivo: 19 vitórias, três empates e apenas três derrotas em 25 desafios ao comando da selecção. Com 67 golos marcados e sete sofridos.
Mas o destaque maior vai mesmo para Ronaldo.
Com os dois marcados ontem, já apontou 135 golos em 217 jogos com o emblema nacional ao peito - quatro dos quais nesta fase de grupos da Liga das Nações.
Mais impressionante ainda: tem agora 37 golos apontados no ano civil em curso. A escassos meses de completar 40 anos. E um total de 910 golos oficiais no conjunto da carreira. Já ninguém duvida que chegará aos mil.
Melhor jogador português de sempre. O melhor do mundo.
Jovens adeptos celebram 910.º golo oficial de CR7 ontem com ele no estádio do Dragão
Afinal não é só por cá que há equipas de futebol a praticar futebol miserável.
Ontem assistimos a um Sporting vs Casa Pia, versão numero dois, corrigida e aumentada.
Digam-me lá vossemecês, que irão comentar este postalito, que necessidade tinha a Escócia de abdicar de jogar futebol, se as hipóteses de se qualificar para a fase seguinte da Liga das Nações é completamente nula? Porque optou por jogar com duas linhas cerradas lá atrás ( 5+5), quando até tem alguns excelentes executantes? Para não perder com Portugal? Foi essa a vitória da Escócia, um país onde o futebol é vivido com um enorme entusiasmo?
Alguém aqui no blogue, num comentário no postal sobre o mesmo tema no Sporting vs Casa Pia falou em pontos negativos em situações como esta. Não poderia estar mais de acordo.
Como se sabe eu não morro de amores nem pelo careca espanhol, nem pela selecção nos moldes em que funciona e continuo a ver os jogos porque aprecio Ronaldo, que deveria ser tido como exemplo e a maior parte das vezes é "amandado" abaixo, como se todas as culpas de eventuais desaires fossem dele, mas não me venham dizer que a selecção fez um mau jogo. Jogar em 25 metro de terreno e marcar golos não é para todos.
Eu até sugeria ao Martinez que acompanhasse mais os treinos do Sporting, talvez aprenda alguma coisa com Amorim.
Diziam que está "velho". Alguns, os mais imbecis, zurram isto desde o final da década passada.
Aos 39 anos, Cristiano Ronaldo continua a calar estes idiotas. Acaba de marcar mais um golo decisivo, outro golo que deu o triunfo à selecção nacional. Desta vez contra a da Escócia.
Aconteceu aos 88', repetindo-se o que sucedera na partida anterior, frente à da Croácia: cruzamento perfeito do nosso Nuno Mendes e o melhor do mundo a enfiá-la no sítio certo. Pouco antes, aos 82', já havia enviado duas vezes a bola aos ferros. E aos 77', num precioso toque de calcanhar, ofereceu de bandeja um golo que o rapaz Félix desperdiçou, bem ao seu estilo.
Para tingir ainda mais de verde a noite da Luz, o primeiro golo (54') resultou de um grande disparo de Bruno Fernandes. Que hoje celebra o 30.° aniversário. Foi ele a oferecer a prenda...
Seguimos invictos na campanha da Liga das Nações. Com CR7 igual a si próprio: soma e segue. São já 901 golos, 132 pela selecção.
Mais uma noite de pesadelo para a falange anti-Ronaldo: devem tomar doses reforçadas de pastilhas contra a azia. É a vida.
Não é nada fácil compararmos jogadores de épocas diferentes. Porque as mudanças registadas em cada década no futebol - do plano da organização táctica das equipas à preparação física, passando pelo acompanhamento clínico - é totalmente diferente.
Mesmo assim, continuamos a assistir às incessantes comparações entre Eusébio e Cristiano Ronaldo com vista à designação do melhor futebolista português de todos os tempos. Com muitas opiniões favoráveis ao antigo goleador do Benfica, infelizmente já falecido. Sobretudo pela sua brilhante prestação no Campeonato do Mundo de 1966, em que Portugal surpreendeu tudo e todos com a conquista do terceiro lugar.
Não consigo acompanhar estas teses.
Eusébio conseguiu uma única proeza a nível de selecção. Essa mesmo, em 1966. De resto, com ele no activo, a selecção nacional falhou o apuramento para os Mundiais de 1962, 1970 e 1974. E falhou as presenças em todas as fases finais de europeus (1964, 1968, 1972).
Além disso Eusébio jogou na selecção praticamente com a equipa do Benfica: as rotinas estavam mais que firmadas, os automatismos estavam mais que estabelecidos. Nada a ver com os tempos actuais, em que a selecção é uma manta de retalhos, com jogadores das mais diversas proveniências, alguns dos quais nem chegaram a jogar em Portugal.
Cristiano Ronaldo participou em cinco Mundiais - chegando num deles, em 2006, às meias-finais, tal como Eusébio, mas com mais equipas em competição na fase final. E actuou em seis Europeus: num deles sagrámo-nos campeões (2016), noutro fomos à final (2004), noutro atingimos as meias-finais (2012).
Não há comparação possível.
Com Eusébio, a regra era falharmos o apuramento.
Com Ronaldo, a regra é conseguirmos o apuramento.
Aos Mundiais de 1930, 1934, 1938, 1950, 1954, 1958, 1962, 1970, 1974, 1978, 1982, 1990, 1994 e 1998 nem lá chegámos. Antes de Cristiano Ronaldo.
Aos Europeus de 1960, 1964, 1968, 1972, 1976, 1980, 1988, 1992 nem lá chegámos. Antes de Cristiano Ronaldo.
Sim, vibro muito mais com os êxitos ou inêxitos do Sporting, do que com os da chamada selecção nacional.
Não quero dizer com isto que não queira que a selecção ganhe sempre, ou que fique satisfeito quando não alcance os objectivos, nada disso.
O que me chateia é o aparente (ou evidente) favorecimento de alguns jogadores convocados pela condição da sua essociação a um empresário (Jorge Mendes), em detrimento da convocação dos que melhor estão no momento da competição que se vai disputar. Não tem sequer nada a ver com a convocação ou não com atletas que jogam e bem no Sporting.
A minha aversão à selecção tem a ver com o statos quo que se instalou naquela institução que é de utilidade pública, mas que ao longo de anos é governada por gente umbilicalmente ligada quase exclusivamente a um único clube. "Ah, mas são bons profissionais e isentos", dir-me-ão. Pois até dou de barato, mas nestas coisas da bola como noutras sem qualquer importância, à mulher de César não basta ser séria, certo? Aquilo é um ror de vice-presidentes e malta dos salamaleques a cheirar a galináceo, que deus ma livre!...
Quem perde o seu precioso tempo a ler o que por aqui vou escrevendo, sabe que o meu apoio à selecção se deve a Ronaldo. Se houver algum motivo maior que este, estou disposto a dirimir armas.
Não sei se Cristiano estará disponível para a qualificação para o Mundial e para nele participar, mas parece-me que a FPF não quererá deixar ir embora quem lhe enche os estádios e quem lhe enche os cofres com patrocínios, portanto cá continuarei a apoiar a selecção nacional do Mendes, nos intervalos. No tempo regulamentar, a minha preocupação é o Sporting, que está aí numa nova época, com um título para defender, esta sem o nosso capitão, que o infortúnio obrigou a que nos deixasse contra o desejo de todos, o próprio incluído.
Mais quanto ao resto, meus senhores, é para o bi.
E já agora, que ainda estou a tempo e como na camisola têm um leão e como eu sou do tempo do Cruijff e do Resembrink e de outros monstros da bola que se batiam que nem leões, que ganhe a Holanda, ou Países Baixos, ou o raio que aquilo se chama agora.
A selecção de Portugal foi eliminada anteontem pela da França nas grandes penalidades, depois do 0-0 nos 120'. Exactamente como tinha sido apurada contra a Eslovénia.
E Portugal foi eliminado sem razão de queixa de seja o que for. O jogo foi repartido, as oportunidades de golo aconteceram para ambos os lados, cada equipa tinha a sua forma de ferir o adversário, uma demorando mais com a bola outra menos, os guarda-redes e as defesas conseguiram manter as balizas invictas até ao fim. Depois vieram as grandes penalidades. Se alguém ainda pensa que as grandes penalidades são questão de sorte, que veja a forma como Ronaldo marcou a sua e o Félix falhou a dele.
Portugal foi eliminado por uma França com a qual sempre poderia ser eliminado, mas depois duma campanha que deixou muito a desejar contra adversários de menor estatuto, que incluiu uma derrota humilhante contra a Geórgia. Foram 2-1, 3-0, 0-2, 0-0 e 0-0 os resultados, 5-3 em golos, sendo que, dos cinco, dois foram autogolos, outro um ressalto num defensor e outro um escorreganço dum defesa contrário que quebrou a linha de fora de jogo.
A selecção portuguesa dispunha dum meio-campo de luxo. Com Palhinha (agora Bayern de Munique), Bruno Fernandes (Man. United), Vitinha (PSG) e Bernardo Silva (Man. City) e dois alas perfurantes de grande classe como Nuno Mendes (PSG) e Cancelo (Barcelona). E depois Diogo Costa, Rúben Dias (Man. City), Pepe, Cristiano Ronaldo e Rafael Leão (Milan). Como é que com tanta qualidade não se consegue ter uma jogada colectiva que resulte num golo numa sequência de cinco jogos?
Não é difícil adivinhar a resposta.
Sendo assim, a selecção fracassou na Alemanha. Não há minutos de posse de bola nem choros convulsivos nem conversa da treta que prove o contrário. Para mim o grande responsável chama-se Roberto Martínez e a selecção Ronaldo & Pepe que montou sob o alto patrocínio de Jorge Mendes. Como é que um João Félix, a acumular fracassos por onde passa, que se ausenta para "jogar às cartas" enquanto a Itália joga, é seleccionado, joga pessimamente e mesmo assim vai marcar um penálti decisivo?
No final do jogo, enquanto os dois manos choravam agarradinhos, alguns outros passavam ao lado de tanta ternura. Pepe fez um grande jogo de facto, mas a selecção já podia estar em casa à conta dele contra a Eslovénia. Ronaldo fez um péssimo jogo contra a França, também é um facto, mas tanto minuto de jogo e tanto livre marcado dá cabo do melhor jogador do mundo. Ainda assim converteu dois penáltis nos desempates finais.
Depois veio Martínez a falar no exemplo de Pepe para os portugueses. Qual Pepe? Aquele do murro ao Coates, da bofetada ao Matheus Reis, aquele do pontapé ao adversário caído no chão quando ao serviço no Real Madrid, aquele que colecciona expulsões e goza com os árbitros, o Pepe exemplo de quê? De que alguém pode ser um santo na selecção e um bandido no clube? De alguém já despedido do clube pelo novo presidente e que vai não sei para onde e que se calhar a Portugal não volta, já facturou o que pôde? Se gosta tanto, que compre o livro da história da vida dele quando for publicado. Já agora, se tivesse apostado de início numa dupla de centrais Rúben Dias-Gonçalo Inácio, com Nuno Mendes a lateral esquerdo e Rafael Leão a extremo, não teríamos outro desenvolvimento de jogo pela esquerda?
Sobre Rafael Leão, prometo nunca mais dizer mal dos cruzamentos do Nuno Santos. Nunca mais.
Tínhamos jogadores de elite para muito mais. E no que respeita ao lançamento duma nova geração, Gonçalo Inácio, António Silva e João Neves vão precisar de psicólogos, como os dois guarda-redes suplentes, e o Gonçalo Ramos vai precisar de psiquiatra. Safou-se mesmo assim o Francisco Conceição que, com alguma trapaceirice "genética", conseguiu demonstrar a sua utilidade. O seu a seu dono.
Porque é que foram convocados Rúben Neves e Danilo? Para proteger o Pepe? E Pedro Neto? Para recuperar o valor de mercado do rapaz?
E pronto. Lendo e ouvindo o que se diz nos jornais e nas tvs, já temos um bode expiatório, o Cristiano Ronaldo, é malhar à vontade. Eu ofereço-me para ocupar a mansão na Quinta da Marinha. E não o deixo entrar.
PS: Se vier algum morcão a dizer que perdemos o Europeu pela falta do Otávio e do Galeno... ou do Evanilson... faça favor.
Finda a honrosa participação no Euro 2024, é altura de olhar para os jogadores que fizeram parte da convocatória e começar a pensar no próximo ciclo, que começa com a fase de grupos da Liga da Nações na primeira metade da época 2024/2025, seguindo-se a fase de apuramento para o Mundial 2026 na segunda metade da época.
Esta pequena "pausa" para a Liga da Nações era uma excelente altura para excluir os jogadores em fim de linha, caso não se excluam eles próprios, e chamar algum sangue novo.
Assim, divido os jogadores em seis grupos, que são:
Jogadores em fim de linha:
Rui Patrício (36 anos)
Pepe (41 anos)
Cristiano Ronaldo (39 anos)
Jogadores de médio prazo (estarão quase todos no Mundial 2026, mas muitos já não estarão no Euro 2028):
José Sá (31 anos)
Nélson Semedo (30 anos)
João Cancelo (30 anos)
Danilo (32 anos)
Bruno Fernandes (29 anos)
Bernardo Silva (29 anos)
João Palhinha (28 anos)
Ruben Neves (27 anos, mas já está a jogar nas Arábias)
Jogadores com os melhores anos ainda pela frente:
Diogo Costa (24 anos)
Ruben Dias (27 anos)
Diogo Dalot (25 anos)
Vitinha (24 anos)
Matheus Nunes (25 anos)
Rafael Leão (25 anos)
João Félix (24 anos)
Jogadores com futuro risonho:
Gonçalo Inácio (22 anos)
António Silva (20 anos)
Nuno Mendes (22 anos)
João Neves (19 anos)
Francisco Conceição (21 anos)
Gonçalo Ramos (23 anos)
Erros de casting/ fretes:
Pedro Neto (24 anos)
Otávio (29 anos) (não esquecer que estava convocado para o Euro, tendo saído por lesão)
Jogadores que podem/devem entrar nas convocatórias futuras:
Foi a noite de Diogo Costa, foi ele mais que ninguém que possibilitou a eliminação duma selecção da segunda linha europeia, e evitou que Cristiano Ronaldo e Pepe tivessem muito que chorar nos próximos dias.
Aos 5 minutos do fim do prolongamento, já depois do penálti e de vários livres frontais falhados por Cristiano Ronaldo, mais uma vez Pepe "foi comido" em velocidade e deixou um esloveno isolado frente a Diogo Costa. Seguiu-se remate forte e colocado que o Diogo defendeu muito bem, ao jeito que tinha feito um par de anos antes em Alvalade frente a Nuno Santos.
Depois Pepe saiu, talvez para não deixar isolar mais ninguém, chegaram os penáltis, e o Diogo sempre acertou no lado e defendeu um, dois, três. Os nossos melhores marcadores (Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes e Bernardo Silva), frente a um também excelente Oblak, não falharam.
Em termos do jogo em si, entrámos no Europeu com a melhor selecção de sempre, que dava para fazer duas equipas quase de igual valor, e chegámos aos quartos-de-final com um onze que ainda anda a conhecer-se em campo. Faltam rotinas, faltam movimentos de arrastamento dos adversários, sobram lances individuais como aquele de Jota que nos deu o penálti. E quem sofre mais com isso é mesmo Cristiano Ronaldo, entregue à sua sorte lá na frente. Já lá vão quatro jogos e nenhum golo.
Agora vem aí uma França muito chatinha a defender e com dois avançados bem difíceis de marcar. Vamos voltar ao 3-4-3 para proteger o "fiel escudeiro" das arrancadas de Mbappé? Ou fica o 4-3-3 e vamos tentar controlar o jogo no meio-campo?
Duma forma ou de outra estamos todos pela selecção nacional, todos por Portugal, que o seleccionador Martinez faça jus ao seu estatuto de segundo treinador mais caro do Europeu, abra os olhos, se deixe de justificações esfarrapadas ("o estado da relva motivou a entrada do Conceição", estava fofinha para os mergulhos?) e esteja também.
Logo à noite defrontamos a Eslovénia para os oitavos-de-final do Europeu. Recordo: é a mesma selecção que na fase de grupos empatou a zero com a Inglaterra, naquele que foi um dos jogos mais bocejantes deste torneio.
Que mudanças deve Roberto Martínez fazer no onze titular português para este desafio que queremos superar?
Fica a pergunta aos leitores.
Recordo que na nossa partida anterior, em que fomos derrotados (0-2) pela Geórgia, alinhámos de início com estes: Diogo Costa, António Silva, Danilo, Gonçalo Inácio, Dalot, Palhinha, João Neves, Pedro Neto, Francisco Conceição, João Félix e Cristiano Ronaldo.
Portugal encerrou ontem com a Geórgia a sua fase de grupos com uma derrota humilhante por 2-0 (que podia ser até mais pesada), conquistando mesmo assim o 1º lugar do grupo mais fraco em competição. Aquilo que podia ter sido uma oportunidade de afirmação das segundas linhas da selecção, considerada uma dos melhores de sempre, transformou-se numa das maiores vergonhas duma selecção portuguesa numa fase final. Agora segue-se uma selecção "menor" como a Eslóvénia, mas depois seguir-se-ão provavelmente a França, a Espanha, na final talvez a Itália, isto se lá chegarmos.
Depois de tudo o que se passou no Catar, Martínez recebeu a tarefa de construir uma selecção à volta de Cristiano Ronaldo e do seu fiel escudeiro, o Pepe, e tudo o resto passou para segundo plano. Inclusivamente a pouca vergonha de naturalizar a martelo brasileiros do balneário do Porto e tão arruaceiros em campo como ele ao serviço do seu clube. Felizmente Otávio e Galeno ficaram fora desta selecção que ignorou alguns dos melhores jogadores da Liga deste ano, por acaso do Sporting. Mas ficou o conceito, que o Paulo Futre bem explicou, o "animal" tem de jogar sempre para estar feliz e contente, se o Gonçalo Ramos calha entrar e marcar três golos lá se vai a felicidade, por muito que o Pepe lhe faça massagens e calce os chinelos, e o balneário entra em crise. E o Pepe para fazer feliz o Ronaldo também tem de estar feliz e contente, por isso tem lá o Danilo, o Conceição, o Diogo Costa e muitos outros. Uma corte.
Depois temos o 3-4-3, sistema táctico que passámos a conhecer muito bem com Rúben Amorim, mas com outra interpretação: extremos agarrados à linha e alas a explorar espaços anteriores. Um sistema que precisa de muito tempo e muitos jogos para articular movimentos e permitir à equipa atacar com muitos e defender com muitos também. E porquê o 3-4-3 na selecção com tamanha riqueza de médios? Para o Pepe não ser comido em velocidade por falta de rins, e tê-lo sempre de frente para o jogo? Ontem a mesma coisa com o Danilo?
Porquê o 3-4-3 com extremos na selecção quando não temos nenhum de topo, Conceição, Neto ou Rafael Leão sem espaço pouco rendem, e quando o centro sai está o Ronaldo sózinho na área? Quantas vezes ontem entrou um médio nas costas do lateral para receber a bola do extremo? A única forma de Portugal criar perigo foi explorar os remates de meia-distância de Palhinha e Dalot. O resto foi o agarrão ao Ronaldo.
Podemos falar também dos mega-craques produzidos no Seixal: João Félix, António Silva, João Neves, João Cancelo, Gonçalo Ramos, todos endeusados pela comunicação social e pela máquina de propaganda lampiónica. A diferença entre o que dizem deles e o que demonstram em campo é colossal. Infelizmente Gonçalo Inácio já parece contaminado pelo virus "Félix".
Bom, e agora? É deixar de inventar e voltar ao "pão com manteiga", o 4-3-3 que todos conhecem, com um extremo mais fixo do lado esquerdo e dando liberdade a Bernardo Silva para vagabundear pelo lado direito, e tendo Vitinha e Bruno Fernandes na organização de jogo. E ajustar as outras peças ao adversário em questão.
Aquele que me parece ser o melhor onze de Portugal, e pondo lá os obrigatórios Ronaldo e fiel escudeiro, que nesta altura já deveria ter tido minutos e jogos que criassem rotinas colectivas que não se vislumbram, é o seguinte:
Diogo Costa; Nelson Semedo (Cancelo), Rúben Dias, Pepe e Nuno Mendes; Vitinha, Palhinha e Bruno Fernandes; Bernardo Silva, Cristiano Ronaldo e Rafael Leão (Jota).
Enfim, é assim que vejo esta selecção: muita experiência internacional, muito talento, muita capacidade de improvisação, muitos jogadores parecidos uns com os outros, sete ou oito jogadores de topo mas pouca capacidade física, poucas rotinas de jogo, pouca capacidade de sofrimento. Uma selecção acomodada pela sucessão de vitórias com adversários de menor valia, pela comunicação social enfeudada aos grandes interesses e pelo "lançar das canas antes da festa" de todos nós.
Oxalá consiga aprender com esta bofetada na cara, porque senão vai conhecer o outro lado de ser português.
Independentemente de quem seja o presidente, de quem seja o treinador, de quem sejam os empresários dos jogadores e da "macacada" que se autoproclama claque, estamos todos com a Selecção Nacional, a selecção de todos nós.
Este perna-de-pau que figurou em destaque na manchete de 7 de Outubro de 2022 da Trombeta do Benfica merece, a partir de hoje, o título de cidadão honorário da Geórgia. Por ter oferecido de bandeja os dois golos da selecção adversária no embate desta noite com Portugal, oscilando entre o péssimo e o catastrófico.
Alcançado o primeiro lugar do Grupo F, que nos assegurou o acesso imediato aos oitavos-de-final do Campeonato da Europa, jogaremos hoje contra a Geórgia com esse objectivo já garantido. Promete ser um jogo tranquilo.
Que alterações deve o seleccionador Roberto Martínez fazer no onze português?
ADENDA: Hungria ou Eslovénia são os nossos adversários mais prováveis nos oitavos.
Portugal nunca se qualificou com tanta rapidez para os oitavos de uma fase final de um Europeu neste século XXI. Ainda não disputou o terceiro jogo e já está confirmado como líder do Grupo F. Sem necessidade de calculadora.
Roberto Martínez, em doze jogos oficiais ao comando da selecção, registou... doze vitórias. Fez o pleno até agora.
Pôs a selecção portuguesa a jogar um futebol de ataque, como há muito não se via.
Balanço: 5-1 em golos marcados e sofridos neste Euro-2024.
Um triunfo por 2-1 é motivo para imensa crítica enquanto uma goleada por 3-0 não merece uma palavra de elogio. Enfim, até parece que alguns sentem nostalgia das vitórias morais, em que ganhávamos coisa nenhuma e voltávamos sempre para casa mais cedo.
Eu estou no campo oposto. Torço pela selecção portuguesa, pelos jogadores portugueses, pelos triunfos portugueses. Não desprezo quem comanda a selecção neste conjunto de vitórias. Basta ver o que tem acontecido com a Holanda, a Itália, a França, a Croácia e a própria Alemanha para se perceber que vamos no bom caminho.
Quem critica mesmo assim, critica de barriga cheia.
Bernardo e Cristiano nunca deram descanso à defesa adversária: foram recompensados
Em 1984, quando chegámos ao pódio no primeiro Europeu em que participámos, começámos com um empate a zero contra a Alemanha. Em 2004, quando nos sagrámos vice-campeões, o início foi pior: derrotados pela selecção grega. No Euro-2016, que vencemos, o desafio inaugural acabou empatado 1-1 com a Islândia.
Desta vez começámos melhor, bem melhor. Em Leipzig, debaixo de chuva, com milhares de portugueses nas bancadas. Derrotando a República Checa (agora denominada Chéquia) no nosso encontro de abertura do Grupo F deste Campeonato da Europa que se desenrola na Alemanha. Jogo quase de sentido único contra uma selecção que chegou a defender com nove: ao intervalo, que terminou 0-0, tínhamos 73% de posse de bola e os checos nem uma oportunidade haviam conseguido. Ao contrário da equipa das quinas, em duas ocasiões, por Cristiano Ronaldo (32' e 45').
Contra a corrente de jogo, num rara incursão ofensiva, a turma adversária marcou após mau alívio de Pepe (62'). Roberto Martínez refrescou o onze português trocando o apagado Dalot por Gonçalo Inácio e o trapalhão Rafael Leão por Diogo Jota.
Deu certo. Aos 69', após forte cabeceamento de Nuno Mendes (um dos melhores em campo), o central checo Hranac fez autogolo, marcando com a canela. Continuámos a pressionar, indiferentes à chuva que caía. Aos 87', CR7 rematou ao ferro e na recarga Jota meteu-a lá dentro. Mas não valeu: houve fora-de-jogo milimétrico de Ronaldo.
Faltava pouco para terminar, mas Martínez não se conformou: nova troca de jogadores. Semedo rendeu Cancelo, Nuno Mendes cedeu vez a Pedro Neto e um extenuado Vitinha (excelente exibição também) deu lugar a Francisco Conceição.
Decorria o minuto 88. Voltou a dar certo.
Quatro minutos depois, a dois do apito final: a sorte sorriu ao seleccionador, à equipa nacional e a todos quantos puxamos por ela: rápida incursão de Neto pelo flanco esquerdo, cruzamento para o coração da área, a bola pinga com a defesa checa aos papéis e Francisco Conceição - dando o melhor uso aos três anos de aprendizagem na Academia de Alcochete - finalizou de modo irrepreensível, selando o triunfo.
Este já ninguém nos tira. Esta alegria já ninguém nos rouba num jogo em que concretizámos 74 ataques e 19 remates: fomos a equipa com maior posse de bola na primeira jornada deste Europeu.
Péssima noite para as aves agoirentas que cá no burgo já vaticinavam o nosso desaire, como se tivessem vergonha da nacionalidade portuguesa.
Azaradas criaturas: durante um par de dias vão perder o pio. Tomem Kompensan.
Entrou finalmente em campo, na terceira partida de preparação do Europeu, jogou os 90 minutos e fez toda a diferença. Um exemplo para os outros que lá andam. Foi o grande obreiro desta nossa vitória por 3-0 frente ao onze da Irlanda. Que dia antes vencera a Hungria por 2-1, quebrando uma série invicta de 14 desafios dos magiares.
Cristiano Ronaldo, ele mesmo. Aos 39 anos. Duas décadas depois de se estrear pela selecção nacional de futebol. Ontem, no estádio municipal de Aveiro, marcou dois golos (o segundo e o terceiro, aos 50' e aos 60'), foi dele a pré-assistência para o primeiro, aos 18', e ainda mandou uma bomba ao ferro, na espectacular conversão de um livre directo.
Com esta particularidade: os dois golos do capitão português foram apontados com o seu pé menos privilegiado, o esquerdo. O que não lhes roubou brilho - sobretudo ao primeiro, autêntica capela sistina do futebol, comprovando que esta modalidade desportiva pode equiparar-se à melhor produção artística.
Estamos ainda hoje perante o maior finalizador do futebol mundial.
Alguém duvida?
Os números dizem tudo: após este seu jogo n.º 207 pela equipa das quinas, CR7 contabiliza agora 130 golos. São, no total, 895 em 1225 partidas oficiais desde que iniciou a carreira, no nosso Sporting.
Outro número mágico - o n.º 900 - está aí ao virar da esquina.
Tudo isto pouco depois de se ter sagrado melhor marcador do campeonato saudita, apontando 35 golos ao serviço do Al Nassr: bateu o recorde de golos nessa Liga. Com um total de 52, além de 13 assistências em todos os desafios da temporada.
Outro recorde batido com essa proeza: é o primeiro jogador a destacar-se como rei dos artilheiros em quatro campeonatos diferentes. Como se fosse mais um dia no escritório na fantástica carreira de Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, nosso compatriota, nosso consórcio - tão sportinguista como qualquer de nós.
João Félix, titular no "amigável" contra a excelente Croácia, sábado, no Estádio Nacional - que voltou a receber um desafio da selecção após mais de dez anos.
Confere em absoluto com o que ele (não) demonstrou no Jamor.
O senhor Martínez retirou-o ao intervalo, com 45 minutos de atraso. Já não evitou a inédita derrota lusa frente aos croatas por 1-2.
Palmas? Mereceu-as o capitão da selecção visitante: Luka Modric. Aos 38 anos, com seis Ligas dos Campeões e um título de vice-campeão mundial no currículo, marcou o golo inaugural da Croácia e deu uma lição de profissionalismo à pseudo-vedeta formada no Seixal.
Matheus Nunes acaba de ser convocado para o Euro-2024, substituindo na lista de convocados o lesionado Otávio, agora na Liga saudita.
Há males que vêm por bem. É caso para dizer que o campeão inglês está no sítio certo: devia ter sido ele a primeira escolha. Para nós, Matheus nunca deixará de ser Leão.
De há muito que entendo que uma selecção do que quer que seja no campo desportivo deverá ter um núcleo, chamemos-lhe residente, forte e coeso e ser acrescentada com os melhores à altura, no momento necessário.
Um núcleo duro é importante porque uma selecção deve também ser uma equipa e não um conjunto de personalidades, o que em regra conduz a lado nenhum. Os melhores à altura, porque acrescentarão qualidade aos que são a base de trabalho.
Este núcleo deverá ser constituído por meia dúzia de inquestionáveis, que mantenham uma regularidade competitiva acima da média de modo a que não seja colocada em causa a sua inclusão neste grupo. Aqui estão, no caso do futebol, Cristiano Ronaldo, Diogo Costa, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, João Palhinha e mais um ou outro.
Depois, há que escolher, para cada uma das posições, os melhores a cada momento. Eu diria que é simples.
Roberto Martínez acha que não. Acha que deve ter um grupo alargado de jogadores que, quer estejam em forma ou não, quer joguem regularmente nos seus clubes ou não, quer estejam lesionados ou não, serão sempre convocados. Em detrimento de outros que possam ter estado a nível elevado durante toda a época e ter até sido campeões pelos seus clubes. Imagino como deve estar arrependido de não ter optado pela selecção brasileira o Matheus Nunes, que teria lugar cativo na canarinha depois de ser presença assídua no campeão inglês Manchester City.
Esta escolha, optando por alguns jogadores de rabo quadrado por tanto lustrarem os bancos de suplentes, por alguns vindos de lesão prolongada que irão fazer a recuperação durante a competição e por nulidades que pontificam em campeonatos periféricos ao nível da segunda divisão portuguesa, terá duas leituras: Ou Roberto Martínez é teimoso, ou é um pau mandado. Atendendo à percentagem de representados por Jorge Mendes neste grupo de jogadores agora divulgado, 70% se li bem, inclino-me mais para a segunda hipótese. Saiu Fernando Santos, temos um novo Fernando Santos, nada de novo portanto no ludopédio luso.
Sabendo que, contando com o seu grupo de eleição que serão os que jogam, mesmo que alguns com as pernas às costas, o onze-base e os suplentes estavam há muito escolhidos e aos restantes estará reservado um lugar cativo na bancada, custa ainda assim não ver neste grupo Matheus Nunes, campeão inglês com muitos minutos nas pernas, Pedro Gonçalves, Francisco Trincão, Nuno Santos e Paulinho, campeões portugueses que bateram todos os records, alguns também pessoais, nesta época.
Enfim, #martinezpaumandado será uma bela hashtag, que farei por divulgar e não é o percurso impoluto na qualificação que me fará mudar de ideias. Quando for a sério, quero ver alguns pés de sebo que convocou a darem barraca da grande e estar de camarote a ver alguns dos indefectíveis a torcerem-se para justificarem o injustificável.
Com o meu apoio não conta, cavalheiro.
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