O internacional espanhol, de quem os adeptos leoninos guardam as melhores recordações, confessa à Eleven Sports: «Só posso dizer que fui muito, muito feliz ali, estive encantado no tempo em que lá estive.»
O nosso bem conhecido Pablo Sarabia teve participação discreta no Mundial de Futebol. Como é sabido, a Espanha regressou a casa logo nos oitavos-de-final, eliminada por Marrocos, numa fase anterior ao do afastamento da selecção portuguesa.
Nessa partida crucial, Sarabia falhou um penálti, contribuindo para a prematura saída de cena da equipa espanhola.
Sabendo-se que o melhor marcador do Sporting na temporada 2021/2022 (21 golos) actua no Paris Saint-Germain, onde tem sido regularmente remetido para o banco, apetece perguntar se não seria possível vê-lo regressar a Alvalade, outra vez por empréstimo do emblema gaulês. O desaire espanhol no Catar tê-lo-á deixado mais imune às investidas de alguns tubarões do futebol europeu.
Em jeito de balanço, aqui fica a lista dos jogadores que receberam a menção de melhores em campo no último campeonato, em resultado da soma das classificações atribuídas pelos diários desportivos após cada jornada. Num total de 102 votos.
Sarabia foi o futebolista mais em destaque na temporada 2021/2022. Mas teve forte concorrência do seu compatriota Pedro Porro. De notar que o consagrado internacional espanhol, que esteve em Alvalade por empréstimo do PSG, só recebe a primeira menção à oitava jornada (Arouca-Sporting, 2 de Outubro). E nos destaques do Record só se estreia muito mais tarde, à jornada 12 (Sporting-Tondela, 28 de Novembro).
Porro confirma nesta tabela a sua progressão desde a época anterior, quase quadruplicando o número de destaques como melhor em campo - dos 4 então recebidos para os 15 desta temporada, saltando do oitavo para o segundo lugar.
Em sentido inverso, Pedro Gonçalves. "Campeão" indiscutível em 2020/2021, com 31 nomeações, baixa drasticamente: apenas mereceu 5. Foi a maior queda, em termos percentuais e absolutos. Em baixa também Palhinha (de 10 para 5), ao contrário de Nuno Santos (mais que duplica, subindo de 5 para 12), Matheus Nunes (de 4 para 9) e Paulinho (de 4 para 7).
Matheus Reis, ausente há um ano, tem desta vez 6 votos. Enquanto Tabata, Feddal e Tiago Tomás foram agora excluídos. Enquanto Neto, mencionado duas épocas atrás e excluído na anterior, volta a merecer um destaque.
Em posições similares, confirmando a sua regularidade, estão Coates (antes 9, agora 8) e Adán (desliza ligeiramente de 6 para 5).
Uma curiosidade: só no jornal O Jogo a liderança de Sarabia é clara. No Record e n'A Bola, empata com Porro.
Apenas o mais antigo jornal desportivo menciona Jovane e Neto, com votos isolados. Mas esquece Daniel Bragança, que recebe dois destaques no Record e um n' O Jogo.
No Record, ao contrário dos dois outros jornais, Porro comandava no final da primeira volta. E O Jogo é o único a distinguir duas vezes Slimani neste seu fugaz e malogrado regresso ao Sporting, entre Fevereiro e Abril. Também só o diário com sede no Porto vota em Gonçalo Inácio e Ugarte. Comprovando que não há visões unívocas para quem vê jogos de futebol.
Sarabia: 19
Porro: 15
Nuno Santos: 12
Matheus Nunes: 9
Coates: 8
Paulinho: 7
Matheus Reis: 6
Pedro Gonçalves: 5
Palhinha: 5
Adán: 5
Slimani: 4
Daniel Bragança: 3
Jovane: 1
Gonçalo Inácio: 1
Ugarte: 1
Edwards: 1
A BOLA: Porro (7), Sarabia (7), Nuno Santos (5), Matheus Nunes (3), Palhinha (2), Coates (2), Paulinho (2), Matheus Reis (2), Pedro Gonçalves, Adán, Jovane, Slimani.
RECORD: Porro (5), Sarabia (5), Nuno Santos (4), Matheus Nunes (3), Coates (3), Matheus Reis (3), Pedro Gonçalves (2), Palhinha (2), Daniel Bragança (2), Paulinho (2), Adán, Slimani, Edwards.
Consta que o Paris Saint-Germain gostaria de receber Gonçalo Inácio, estando disponível para pagar 30 milhões de euros pelo nosso central, formado em Alcochete. A SAD leonina já terá mandado dizer que Gonçalo só sai pela cláusula de rescisão, fixada em 45 milhões.
Deverá mudar de posição, aceitando a proposta do clube parisiense, se a negociação incluir o regresso de Sarabia a Alvalade, novamente por empréstimo?
É um cenário talvez não tão improvável como possa parecer. Veriam isto com bons olhos?
O melhor jogador estrangeiro que jogou desde sempre por empréstimo de verde e branco assinou este fabuloso disparo que fez levantar o estádio, aos 81' da nossa recepção à turma estorilista. Algo só ao alcance de um futebolista muito evoluído tecnicamente, como é o internacional espanhol, melhor marcador leonino da época 2021/2022 - absurdamente excluído do Onze Ideal do campeonato português organizado pela Liga. Nódoa para a Liga, medalha para ele.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre SARABIA:
- Pedro Sousa: «Jogador inteligente, tem uma recepção orientada que elimina adversários e o faz ficar de frente para o jogo, rápido com a bola nos pés e não tanto em corrida livre, boa visão de jogo que eleva a sua capacidade de decidir e assistir, bom finalizador (como demonstram os números da sua carreira), decisivo no espaço entrelinhas, gosta de partir da direita para o centro do terreno, sendo esquerdino.» (2 de Setembro)
- Luís Lisboa: «O melhor em campo, foi sempre influente no ataque e assistiu para os dois golos.» (3 de Outubro)
- José Cruz: «Coates (2), Sarabia e Paulinho selaram a maior goleada fora, na UCL, da História do Sporting Clube de Portugal.» (20 de Outubro)
- José Navarro de Andrade: «[Pedro Gonçalves] decide então rematar um longo arco que tele-guiado vai ter precisamente à ponta da bota esquerda de Sarabia. Ou então foi a ponta da bota de Sarabia que percebeu ao milímetro onde a bola iria ter. O resto é história escrita pelos pés de filigrana do super-crack espanhol.» (5 de Dezembro)
- Marta Spínola: «Destemidos, Sarabia e Pote abrem as hostilidades. Tive a certeza que nenhum daqueles rapazes pensa sequer "quem vem lá", vão em frente e vencem o próximo. Precisávamos disto. Merecíamos isto.» (5 de Dezembro)
- Jorge Santos: «É indiscutivelmente um jogador excepcional, que faz a diferença em quase todos os jogos e com uma classe só ao nível de Figo, Ronaldo e de mais uns poucos estrangeiros que passaram pelo nosso Sporting.» (27 de Março)
- José da Xã: «Melhor jogador do campeonato.» (16 de Maio)
- Eu: «Foi, para mim, o melhor jogador que já actuou por empréstimo no Sporting Clube de Portugal. Por vários motivos.Desde logo, pelo seu profissionalismo em campo: nunca abrandou a intensidade nem o ritmo competitivo, mesmo sabendo que estava cá só de passagem. Depois, pela classe exibida. A bola, quando partia dos pés dele, saía redonda e bem orientada. Teve inúmeros apontamentos de categoria na recepção, no passe longo ou curto, nas dinâmicas tácticas que integram o chamado "jogo sem bola".» (17 de Maio)
- Pedro Oliveira: «Faz o difícil parecer fácil. O melhor jogador do campeonato português 2021/2022.» (23 de Maio)
Pablo Sarabia foi, para mim, o melhor jogador que já actuou por empréstimo no Sporting Clube de Portugal.
Por vários motivos.
Desde logo, pelo seu profissionalismo em campo: nunca abrandou a intensidade nem o ritmo competitivo, mesmo sabendo que estava cá só de passagem.
Depois, pela classe exibida. A bola, quando partia dos pés dele, saía redonda e bem orientada. Teve inúmeros apontamentos de categoria na recepção, no passe longo ou curto, nas dinâmicas tácticas que integram o chamado "jogo sem bola".
E, enfim, pelos golos que marcou de verde e branco. Destacando-se dos demais companheiros em várias competições. Sem se atemorizar com emblemas adversários. Tanto marcou ao Benfica como ao Besiktas, ao V. Guimarães como ao FC Porto. Vinte e um, no total. Além de outro, ainda ao serviço do PSG, no início da temporada.
Mas não se destacou apenas por esses golos em 45 jogos oficiais. Protagonizou ainda oito assistências. Sinal evidente de que também foi útil na manobra colectiva.
Despediu-se em grande, justamente aplaudido pelos adeptos no nosso estádio. Brindado com duas ovações que o deixaram comovido.
Sarabia, ostentando com brio a camisola 17, será para sempre um dos nossos, mesmo sem nunca ter assinado contrato com a SAD leonina.
Lembram-se de algum outro que, estando emprestado, se tivesse destacado tanto entre nós?
Sarabia aplaudido no estádio e saudado pelo treinador aos 63': saída em grande
Gostei
Da desforra. Serviu-nos de pouco, de quase nada. Mas soube muito bem, em nossa casa, derrotar (por 4-0) a única equipa que nos impôs um desaire fora de Alvalade na Liga 2021/2022, mesmo ao cair do pano da primeira volta: o Santa Clara, de Ponta Delgada, agora mergulhado numa convulsão interna que afastará o quarto treinador da temporada e boa parte dos jogadores. Desejo-lhes boa sorte, apesar de tudo.
Da goleada. Não bastava vencer: era preciso convencer. E foi isso que fizemos em campo. Após um período algo titubeante, em que andámos a mastigar jogo e sofremos pelo menos um calafrio, impusemos o nosso domínio e os golos foram saindo de rajada. Marcados por Tabata (41'), Porro (51'), Sarabia (56') e Edwards (78'). Muito bons, todos. O último, com um disparo do inglês a meia distância sem tomar balanço, é uma obra de arte.
De Sarabia. Voltou a fazer a diferença. Sempre a espalhar classe em campo. Entregando-se ao jogo ao serviço de um emblema que envergou por empréstimo mas que serviu com inegável profissionalismo durante toda a temporada. Jogou mesmo, não fingiu que jogava. Inclusive neste seu último desafio de verde-e-branco. Marcou o nosso terceiro da noite de sábado, elevando para 21 o número de vezes que a pôs lá dentro com a camisola do Sporting. Foi brindado com duas ovações: ao minuto 17, o número que ostentou na camisola, e ao minuto 63, quando deu lugar a Rodrigo, visivelmente comovido com a justa homenagem.
De Porro. O melhor em campo. Marcou (o segundo) e deu a marcar (o terceiro). Com uma energia imensa, parecia estar a iniciar agora a temporada. No último lance do desafio, ainda tentou bisar. Espectacular passe longo aos 28'. Centro perfeito aos 82' para Rodrigo: bastaria ao benjamim da equipa contornar o guarda-redes, mas acabou por rematar fraco, à figura, talvez em homenagem implícita ao ausente Paulinho. Novo cruzamento impecável aos 90'. O jovem internacional espanhol, agora já sob contrato do Sporting, promete ser uma das grandes figuras da próxima época.
De Nuno Santos. Outro jogador que parece estar a iniciar a temporada, tão boa é a sua condição física - das pernas aos pulmões. Grande centro de trivela (45'+1), outro óptimo cruzamento (76'), assistência para o segundo golo. É daqueles que nunca baixam os braços e vão sempre à luta, pressionando continuamente o adversário: o Sporting precisa de jogadores como ele.
De Tabata. Voltou a marcar, desbloqueando um jogo que parecia condenado a ir para o intervalo com o empate a zero. Golo precioso, de execução perfeita, com um remate acrobático sem deixar a bola tocar no chão. Colocando o ex-internacional olímpico brasileiro no patamar dos jogadores desde já candidatos à titularidade na época 2022/2023.
De Gonçalo Inácio. Actuou quase todo o tempo na posição certa: como central, do lado esquerdo, onde pode dar o melhor uso ao seu pé mais dotado. E assim fez, com um fabuloso passe vertical de 65 metros para Pedro Gonçalves assistir Tabata no golo que desbloqueou a partida. Cortes impecáveis aos 7' e aos 13'. Passou a jogar no eixo quando Coates cedeu lugar a Marsà.
Das estreias ao cair do pano. Houve três: João Virgínia, pela primeira vez no lugar de Adán numa partida do campeonato; André Paulo, que o substituiu na baliza aos 79' só para não ficar fora do retrato de grupo; e José Marsà, que tem actuado na equipa B e rendeu Coates como central, também aos 79', numa prova de confiança que o treinador lhe manifesta. Veremos, no caso do jovem defesa catalão, se é para ter continuidade na época que vai seguir-se.
Das palmas a Morita. O japonês do Santa Clara pode jogar de verde-e-branco na próxima época. Ao ser substituído, aos 73', recebeu calorosos aplausos dos adeptos leoninos. Será bom indício?
Da nossa segunda parte. Com três golos e alguns momentos espectaculares. Energia positiva à solta no relvado, boa vibração nas bancadas. Futebol-festa: fechou-se com chave de ouro.
De mais uma vitória. Foram, no total, 27 em 34 desafios na Liga que agora terminou. Igualando a nossa melhor soma de triunfos de sempre num campeonato nacional de futebol, registada em 2015/2016. E conseguindo mais um do que na época passada. No conjunto das competições, vencemos 39 dos 53 jogos.
De outro jogo sem sofrer golos. Registo que merece destaque: as nossas redes permaneceram intocadas em 18 destes 34 desafios. Notável. E fomos a equipa menos batida em casa, com apenas oito golos encaixados. Nenhuma outra conseguiu melhor.
Do quarto jogo seguido a marcar pelo menos três golos. Depois do 0-3 no Boavista-Sporting, do 4-1 no Sporting-Gil Vicente e do 2-3 no Portimonense-Sporting. Catorze nas últimas quatro partidas da Liga 2021/2022. Foi pena esta veia goleadora ter estado ausente noutros períodos: fez-nos falta.
De chegarmos ao fim com 85 pontos. Igualamos a nossa segunda melhor pontuação de sempre num campeonato - precisamente aquela que nos permitiu ser campeões há um ano. Melhor, só na Liga 2015/2016, quando chegámos aos 86, mas também na segunda posição. De qualquer modo, jamais havíamos conseguido somar 170 em duas épocas consecutivas - sinal inequívoco de que o trabalho que se vai fazendo em Alvalade é consistente e não fruto do acaso.
Não gostei
De termos esperado mais de 40 minutos pelo primeiro golo. Mas valeu a pena. E abriu caminho para os três que se seguiram, todos no segundo tempo.
De Pedro Gonçalves. Assistiu no terceiro golo, é certo, e teve intervenção no primeiro. Mas desperdiçou três ocasiões de marcar: aos 45'+1, aos 72' e aos 76'. Na segunda, em que lhe bastaria encostar, concluiu com um remate disparatado para a bancada. Termina a época pior do que começou: com má relação com a baliza, ao contrário do que havia sucedido em 2020/2021, quando se sagrou melhor rematador do campeonato.
De Daniel Bragança. Fez toda a partida no posto habitualmente reservado a Matheus Nunes, mas nunca foi o acelerador do jogo ou o municiador do ataque que a equipa exigia. Falta-lhe compleição física e poder de choque para actuar naquela zona do terreno, ao lado de Palhinha. Renderá melhor se avançar uns metros no relvado, mas aí a concorrência aumenta. Conclusão óbvia: se Matheus continuar no plantel, não irá tirar-lhe o lugar.
Dos falhanços. Houve alguns, felizmente sem consequências de pior. O mais arrepiante foi uma entrega de bola de Coates a Ricardinho, aos 30', que deixou um colega do Santa Clara isolado perante João Virgínia. Felizmente para nós, o jogador vestido de encarnado rematou mal, fazendo a bola rasar o poste.
Que Feddal não pudesse despedir-se a jogar. Um problema físico impediu o central marroquino de dizer adeus ao público nesta partida final da temporada. Cessa contrato no Sporting, irá ter novo destino clubístico. Não nos esqueceremos dele: foi um dos obreiros do título de campeão após 19 anos de jejum. Cumpriu 34 jogos na época passada (com dois golos) e 26 nesta. Tudo de bom para ele nas etapas pessoais e profissionais que irão seguir-se.
De ver a casa a "meio gás". Apenas 28.942 espectadores em Alvalade numa noite amena de sábado: sabe a pouco. É verdade que o título já estava entregue ao FC Porto desde a jornada anterior, mas esta equipa vice-campeã nacional que conquistou dois troféus na temporada (Supertaça e Taça da Liga), teve o mais destacado desempenho leonino de sempre na Liga dos Campeões e uma exibição colectiva ao nível do campeonato 2020/2021, até com melhor saldo entre golos marcados e sofridos, merecia mais adeptos a aplaudi-la neste desafio final.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Portimonense-Sporting pelos três diários desportivos:
Sarabia: 19
Tabata: 18
Edwards: 16
Porro: 15
Daniel Bragança: 14
Coates: 14
Nuno Santos: 14
Ugarte: 13
Matheus Reis: 13
Palhinha: 13
Matheus Nunes: 13
Adán: 13
Esgaio: 12
Pedro Gonçalves: 12
Gonçalo Inácio: 11
Rodrigo Ribeiro: 1
Os três jornais elegeram Sarabia como melhor em campo.
Qualquer um que se abstenha da tonteria de julgar que percebe alguma coisa de futebol a partir da bancada e assim seja capaz de olhar para os jogos desembaraçado dos preconceitos típicos da ignorância, não terá dificuldade em reparar que Ruben Amorim tem o mérito único em Portugal de emular os modelos do Manchester City e do Liverpool - os exemplos mais espectaculares - com a inteligência de os adaptar aos recursos de que dispõe.
Dá-se um vale de desconto a quem disser qual é o ponta-de-lança desses colossos do futebol contemporâneo (Ogivi não passa de uma solução de recurso) e dá-se uma gargalhada se alguém disser que, por exemplo, Sterling ou Firmino, não são "titulares", mesmo que comecem o desafio no banco.
Também o Sporting, à sua medida, joga sem essa figura já arcaica do ponta-de-lança, privilegiando uma bateria de avançados ágeis, irrequietos, inteligentes, psicologicamente alegres, afoitos e bem entrosados. Isto pode ajudar a perceber o "caso Paulinho" que tem todas estas qualidades menos a de marcar golos no instante decisivo, o que o diminui mesmo que não lhe tire importância. Ontem Amorim fez mais uma vez prova do acerto desta ideia sobre como jogar lá na frente. Sarabia entrou em campo já dentro da segunda parte e foi letal em aproveitar o desbaratamento em que já se encontrava a defesa de Portimão.
De vencer em Portimão.Contra uma equipa que soube bater-se bem, trouxemos três pontos do Algarve (vitória por 2-3). Reforçámos o segundo lugar na Liga, agora com uma vantagem de 11 pontos em relação ao distante terceiro, o Benfica.
De Sarabia. Fez a diferença. Espalhando classe em campo, confirmando que é o melhor futebolista a actuar na Liga portuguesa. Em campo apenas desde o minuto 56, entrou quando perdíamos e foi capaz de protagonizar a reviravolta, marcando dois golos, aos 71' e aos 76' - ambos com o pé direito, o menos bom dele. O primeiro é um prodígio de sabedoria táctica, iniciado e concluído por ele, sem nunca tirar os olhos da bola. Também sem nunca assumir ares de vedeta, como se estivesse apenas a cumprir o seu dever. Segue com 20 golos marcados nesta temporada - superando a sua anterior melhor época, ao serviço do Sevilha, em 2018/2019. O melhor em campo.
De Tabata. Enfim, o treinador apostou nele como titular num jogo do campeonato. Foi só à penúltima jornada, mas ainda chegou a tempo. O ex-internacional júnior brasileiro correspondeu: marcou um golo - o primeiro, logo aos 12', e assistiu Sarabia num cruzamento perfeito para o terceiro golo. E aos 37' cabeceou à trave, solicitado por Matheus Nunes. Do trio ofensivo, que integrava Edwards e Pedro Gonçalves, foi o que esteve em melhor nível e também o que mais actuou no centro do ataque. Desta vez sem ponta-de-lança, pois Slimani já não está e Paulinho voltou a não comparecer.
De Porro. Actuando muito mais como extremo do que como lateral, o jovem internacional espanhol voltou a fazer uma exibição de grande nível, sempre em alta rotação. Esteve quase a marcar, na conversão de um livre directo, aos 39': Samuel Portugal, o bom guardião do Portimonense, impediu-o a custo de atingir o objectivo. Dois minutos antes, num cruzamento a régua e esquadro, ofereceu de bandeja um golo que Pedro Gonçalves desperdiçou com um pontapé disparatado.
De Nuno Santos. Extremo à moda antiga, com óptima prestação de novo. Cruzou várias vezes com perigo, mas faltava à equipa mais presença na área. Aos 61', serviu muito bem Edwards. É ele quem inicia o terceiro golo, aos 76', com uma recuperação de bola. E ainda marcou um quarto, que não valeu, por deslocação. Um dos jogadores em melhor condição física neste final de época. Promete, desde já, para 2022/2023.
De Edwards. Por vezes dá a ideia que gosta de complicar aquilo que é simples, mostrando-se algo lento a decidir. Mas teve uma prestação muito positiva. Assistiu no primeiro golo tocando para Tabata e fez um excelente remate na passada aos 61' que só não beijou as malhas devido a uma enorme intervenção de Samuel Portugal. Vai-se enturmando mais com os colegas e assimilando os processos de jogo do Sporting.
Da reviravolta. Estivemos a perder entre os minutos 30 e 76. Soubemos virar o resultado contra um Portimonense bem apetrechado e que deu muita luta - nada a ver com a miserável prestação de há dias, no amigável frente ao FC Porto em que entrou em campo já resignado à derrota, com o consentimento expresso do treinador Paulo Sérgio.
De termos terminado o jogo com quatro da formação. Estavam em campo Gonçalo Inácio, Esgaio (substituiu Matheus Reis no recomeço), Daniel Bragança (entrou aos 61', substituindo um fatigado Matheus Nunes, e teve nota muito positiva) e Rodrigo Ribeiro (mais uns minutos entre os adultos, a partir dos 84', quando rendeu Tabata).
Do árbitro. Nota positiva para Rui Costa, que adoptou o chamado "critério largo", para os dois lados, algo que tarda em impor-se nos estádios portugueses. Ajuizou bem os lances, não atrapalhou nem quis ser a estrela do desafio.
Do relvado. Sem favor algum, o Portimonense tem sido distinguido por apresentar o melhor "tapete" dos estádios portugueses. Volta a merecer este destaque: está de parabéns por isto, o que favorece bons espectáculos como o que ontem ali ocorreu.
De Samuel Portugal. Apesar do apelido, é brasileiro. E um dos melhores a jogar no campeonato português na sua posição. Não me importaria nada, confesso, de vê-lo actuar de Leão ao peito.
De somarmos agora 82 pontos. Depois de termos assegurado o segundo lugar na Liga 2021/2022 e nova presença directa na Liga dos Campeões, ainda podemos igualar a pontuação da época passada, algo jamais antes conseguido. Todos esperamos isso.
Não gostei
De entrar em campo sabendo que já não chegávamos ao primeiro lugar. O objectivo era muito remoto, mas ainda havia possibilidade aritmética de conquistar o título. A vitória do FC Porto na Luz, frente ao Benfica, desfez por completo esse sonho.
De sofrer dois golos de rajada. Aos 25', de livre directo, e aos 33', marcado por Welinton sem qualquer oposição da nossa defesa nem a menor hipótese para Adán.
De Coates. Cometeu uma falta absolutamente desnecessária, quase à entrada da nossa área, quando Palhinha tinha acorrido à dobra e o atacante da equipa algarvia estava controlado: do livre resultou o primeiro golo algarvio. Depois falhou a recepção no passe à queima que Gonçalo lhe fez, dando origem à cavalgada que culminou no segundo golo do Portimonense. Noite para esquecer.
De Gonçalo Inácio. Começou como central à direita, muito intranquilo. Tem grande responsabilidade no segundo golo dos adversários: no nosso meio-campo ofensivo, com dois colegas (Edwards e Porro) a darem-lhe linha de passe, preferiu tocar para trás, oferecendo a bola a Coates num toque mal medido. Aparente desconcentração de ambos num lance que nos custou o segundo golo - e deixarmos de ser a equipa menos batida do campeonato. Melhorou no segundo tempo, quando Amorim o colocou do lado esquerdo, sua posição natural.
De Pedro Gonçalves. Uma nulidade. Com ele em campo, só tínhamos dez. Porro ofereceu-lhe um golo aos 37': ele, só com o guarda-redes pela frente, desperdiçou por completo com um pontapé digno dos "apanhados". Saiu aos 56': devia ter ficado no balneário ao intervalo. Está sem condição física nem anímica para ser titular.
Que Sarabia só entrasse aos 56'. Opção insólita do treinador: não faz qualquer sentido deixar o melhor jogador do Sporting no banco durante toda a primeira parte e mais de dez minutos da segunda. Quando entrou, fez a diferença.
Do 2-1 registado ao intervalo. Entrámos no segundo tempo a perder. E não foi fácil dar a volta ao resultado.
Da escumalha. Os mesmos de sempre. Letais ao Sporting. Quando Porro conduzia um ataque prometedor junto à linha, bombardearam o craque leonino com uma chuva de tochas que obrigou o árbitro a parar o jogo. Quando é que estes canalhas começam a ser impedidos de frequentar os estádios?
Ontem em Portimão o jogo do Sporting lembrou-me um dia que passei na ilha Terceira. Primeiro um sol radioso, depois as nuvens chegaram depressa com chuva e vento de assustar qualquer um, para a seguir tudo voltar ao início.
Com a tal frente móvel que anda na cabeça de Amorim, o Sporting construia jogo de trás para a frente com critério, ninguém estava parado e a bola chegava com facilidade à area do adversário. E quando era perdida, de pronto era recuperada.
O problema era traduzir todo esse domínio em reais oportunidades de golo. Tabata ainda cabeceou à trave, mas ter Porro e Nuno Santos a cruzar por alto para três baixinhos não faz muito sentido. Mesmo assim, num lance em que Edwards foi por ali fora naquele seu jeito de quem não quer a coisa, o guarda-redes deles sacode o remate para a frente, e oferece o golo a Tabata. O Sporting ficou confortável e tranquilo no jogo, parecia ser questão de entrar o segundo para o resultado ganhar forma de goleada.
Mas dum lance inofensivo Coates corta de forma mais ríspida e há um livre. Do livre nasce um golo por tabela no pé do segundo jogador da barreira, logo a seguir Coates ainda devia estar a pensar no assunto em vez de acudir ao passe à queima de Inácio, e veio outro golo sofrido. Com a desvantagem no marcador tudo começou a ficar pior, os passes deixaram de entrar, os possíveis cantos só davam pontapés de baliza, os de Portimão corriam bem mais do que os do Sporting. Com a saída de Matheus Reis e a entrada de Esgaio ao intervalo, tudo o que era mau ficou bem pior.
Enfim, parecia o naufrágio açoriano com o Santa Clara revisitado.
Depois entrou Sarabia. As nuvens negras dissiparam-se e veio o sol radioso. Recupera a bola na esquerda, abre muito bem para a direita, vai ao centro e... golo. Vê a desmarcação de Tabata e corre para a recepção do centro e... golo.
Ainda houve outra bola lá dentro, golo anulado por fora de jogo a Nuno Santos. Voltámos a dominar com calma e competência.
Assim o Sporting fez a sua obrigação. Mais uma vitória, na jornada que fez do Porto campeão, ficámos a 6 pontos e com uma vantagem de 11em relação ao Benfica num segundo lugar que deixa a sensação de que as coisas podiam ter sido diferentes. Para melhor.
Mas nos momentos críticos uns tiveram uma mãozinha a ajudar a nadar, outros uma manápula a empurrar para baixo. Soares Dias e João Pinheiro merecem também a medalha de campeões, se calhar recebem-na na tranquilidade do lar, com fruta e chocolate a acompanhar.
Melhor em campo? Sarabia, obviamente, mas Tabata fez uma grande primeira parte. Continuo a dizer que o lugar dele é o do Matheus Nunes.
O que correu pior?
Por muita polivalência que tenha um jogador, defender uma semana na esquerda, na outra na direita, e logo voltar à esquerda, numa equipa que constrói desde trás, é tarefa hercúlea. Para a bola correr rápido, o jogador tem de executar "de memória" e não analisar primeiro e executar depois. E a memória constrói-se com a rotina. Gonçalo Inácio não é o Hercules. Esquerda ou direita, Amorim? O rapaz é canhoto...
Outra coisa que correu muito mal foi a exibição de Pedro Gonçalves. Mais uma. Se um "scouter" tivesse visto alguns dos jogos da primeira parte da temporada, por exemplo o Sporting-Dortmund, tomasse nota do 23 e agora visse este jogo também, não acreditaria que seja o mesmo jogador. Bom, pelo menos esta época ele não sai e para a próxima acredito que volte a ser o que já foi. O melhor jogador do Sporting.
Estes são os futebolistas do Sporting apontados como melhores em campo pelos três jornais diários desportivos nos 47 jogos oficiais já efectuados pela nossa equipa na temporada 2021/2022.
Vale a pena ponderar naqueles que mais se vêm destacando, segundo o critério da imprensa. É uma forma de compreendermos com maior nitidez o desempenho individual e colectivo do plantel orientado por Rúben Amorim.
E talvez isto nos ajude também a desenhar o onze-base ideal da nossa equipa nesta época ainda em curso.
Lembro que Tiago Tomás e Jovane já não estão no Sporting. O primeiro foi emprestado ao Estugarda, o segundo à Lazio. Talvez regressem, talvez não.
De perder o clássico em Alvalade. Fomos justamente derrotados pelo Benfica (0-2) no nosso estádio. Encerrando um longo período de 42 jogos sempre a marcar golos. Derrota táctica de Rúben Amorim no confronto com o técnico adversário, Nelson Veríssimo: o Sporting foi incapaz de encontrar antídoto contra uma equipa encarnada remetida a um bloco defensivo reforçado e muito eficaz nos vertiginosos lances de contra-ataque.
De termos entregado o título. Acabou o sonho do bicampeonato: o FC Porto, agora a nove pontos de distância, pode sagrar-se campeão na próxima ronda, quando ainda faltam quatro jornadas para o fim da Liga 2021/2022.
Das oportunidades que fomos incapazes de criar. Uma única situação de golo, da nossa parte, em todo o desafio. Mais nada.
Do desperdício das bolas paradas. Não soubemos aproveitar um lance de canto ou de livre - Nem um para amostra. E dispusemos de muitos neste jogo.
De termos oferecido o primeiro golo. Um pontapé longo para a frente, na conversão dum livre, bastou para o Benfica inaugurar o marcador logo aos 14'. Com dois toques na bola, de Vertonghen a assistir e Darwin a marcar. Apanhando toda a nossa equipa desposicionada.
Da incapacidade de sairmos em ataque rápido. Dávamos sempre um toque a mais na bola, pausávamos, retrocedíamos, quebrávamos a nossa própria dinâmica ofensiva enrolando os lances a meio-campo e permitindo que a equipa adversária se reorganizasse nos raros momentos em que assumia a iniciativa de jogo.
Da estéril «posse de bola». Foi de 61% a nosso favor, dizem as estatísticas. Isto serve para quê?
Das nossas substituições. Nenhuma delas mudou a equipa para melhor. Recapitulemos quais foram: Slimani rendeu Pedro Gonçalves (59'), Ugarte entrou para o lugar de Neto (59'), Edwards substituiu Sarabia (69'), Esgaio colmatou a saída de Palhinha (69') e Daniel Bragança preencheu a vaga de Nuno Santos mesmo ao cair do pano (89'). Foi já no período extra (90'+3) que sofremos o segundo golo.
Deste banho de água gelada. Mais de 40 mil adeptos compareceram em Alvalade em noite de domingo de Páscoa para ver aquele que foi o nosso pior jogo desta época em competições internas. O jogo em que entregámos de bandeja o título ao FC Porto e reabrimos a discussão para o segundo lugar na Liga, permitindo a aproximação do Benfica - agora com menos seis pontos.
Gostei
Da homenagem a Mathieu. Merecida, calorosa e vibrante ovação ao excelente central francês antes do início da partida. Há quase dois anos fora do Sporting, tendo abandonado a prática do futebol por opção própria, Jérémy Mathieu actuou 106 vezes com a camisola verde e branca, tendo regressado ontem, como convidado, para assistir ao clássico e ser distinguido pelo seu profissionalismo que deixou saudades. Merecia ter sido brindado com uma vitória em campo.
De Sarabia. Esteve muito longe de fazer uma grande exibição, mas foi o menos mau dos nossos. É dele a única oportunidade de golo do Sporting, ao fazer a bola embater na trave aos 49'. Percebe-se mal por que motivo Amorim retirou aos 69' o internacional espanhol - melhor jogador do actual plantel leonino - enquanto manteve o perdulário Paulinho até ao apito afinal.
Da arbitragem. Nota positiva para Fábio Veríssimo. Ninguém poderá dizer que foi por causa dele que perdemos.
Ontem em Tondela, num estádio repleto de Sportinguistas e num relvado pouco melhor que o batatal do Funchal, o Sporting dominou completamente o jogo até cerca dos 50 minutos, momento em que o artista apitador demonstrou ao que ia e resolveu estragar o jogo.
Até esse momento, o trio dos defesas e o par de médios constituiram um bloco tremendamente eficaz, pelo que construiam sem falhar um passe e pelo que destruiam, matando à nascença todas as tentativas do Tondela contra-atacar com perigo. Por outro lado o trio dianteiro, pela sua mobilidade e trocas de posição, causava sérios problemas a uma defesa a 5. O 2-0 apenas pecava por defeito.
Mas depois entrou o artista, que estava a apitar num critério largo e ajustado ao relvado, o único amarelo tinha sido por uma entrada dura por trás dum homem do Tondela, e duma reacção à perda de Matheus Reis surge uma bola dividida, um amarelo completamente excessivo, e menos um jogador para o dérbi. O artista ficou feliz e voltou ao registo inicial.
Logo a seguir Ugarte fez uma falta tanto ou mais dura do que a anterior e não houve amarelo, mas como de água fria gato escaldado tem medo, Amorim deu-lhe logo descanso e entrou Bragança.
E com ele perdemos o controlo do jogo a meio-campo. Ou passava para trás ou para os lados, ou caía e era falta, ou então caía e não era, e nesse caso era uma ocasião perigosa para o Tondela. A falta de físico que se conhece agravada pelas condições do relvado para o seu futebol rendilhado.
O jogo foi-se partindo, com ocasiões para ambos os lados, surge o penálti claro mas fortuito, e a improvável cabeçada do homem do Tondela para o golo de honra.
Enquanto isso Amorim foi refrescando a equipa. Tabata entrou muito bem e mostrou serviço, mas Esgaio e Vinagre (deste é melhor não dizer nada) não estiveram nada bem. O miúdo Rodrigo ainda teve direito a uma bela iniciativa.
Mehor em campo? Sarabia, com dois golos e mais dois remates perigosos, mas todo o restante onze inicial esteve a excelente nível, e Ugarte está mesmo a explodir de rendimento.
Foi assim em Tondela. Mais três pontos e vamos com tudo para o dérbi mesmo sem Matheus Reis.
De mais uma vitória. Foi a quinta consecutiva do Sporting nesta Liga 2021/2022. A 23.ª em 29 desafios já disputados. E a 11.ª fora de casa - desta vez em Tondela, onde há um ano passámos à tangente, por 1-0, com golo marcado por Tiago Tomás. Desta vez o triunfo foi mais inequívoco e tranquilo: 3-1, com 2-0 ao intervalo. Dois golos em quatro minutos, aos 29' e aos 33', resolveram o problema. Missão cumprida nesta nossa antepenúltima saída antes de cair o pano. Restam-nos cinco finais. Há 15 pontos em disputa.
Da primeira parte. Exibição de classe da nossa equipa, com domínio absoluto no terreno bem reflectido nas estatísticas dos remates: nove do Sporting, nem um para amostra do Tondela. Sem ponta-de-lança, com três avançados em constante mobilidade (Edwards, Sarabia e Pedro Gonçalves) a baralhar as marcações adversárias, e o nosso trio defensivo muito subido, actuando perto da linha do meio-campo, sufocámos o Tondela, incapaz de sair do seu reduto nestes 45 minutos iniciais.
De Sarabia. Novamente o homem do jogo. Bisou, com todo o mérito. Primeiro aos 33', culminando uma excelente jogada colectiva: deu o melhor caminho à bola que lhe foi oferecida por Pedro Gonçalves. Depois de penálti, aos 69' - grande penalidade que ele próprio havia conquistado. Chamado a converter, não vacilou. Soma e segue. É líder destacado dos marcadores leoninos, com 17 golos nesta época.
De Ugarte. Titular como médio mais recuado, voltou a fazer uma exibição de grande nível. Já é peça-chave nesta equipa: toda a dinâmica ofensiva passou por ele. Espectaculares recuperações aos 16' e aos 24', anulando lances de construção do Tondela. Tentou o golo num remate cruzado aos 22' que passou rente ao poste. À bica com quatro amarelos, Rúben Amorim decidiu retirá-lo aos 56'. E fez bem: precisamos dele no Domingo de Páscoa, contra o Benfica.
De Gonçalo Inácio.Começou onde mais rende: na sua posição natural, como central colocado à esquerda. Exibição quase irrepreensível, aliás à semelhança de Neto e Coates, que com ele compunham o trio defensivo. Receberiam mesmo nota máxima se não fosse o deslize colectivo no solitário golo do Tondela, aos 71'. Mas Gonçalo merece o destaque sobretudo pelo magnífico golo que marcou, num fortíssimo disparo rasteiro com o pé esquerdo, a 30 metros das redes. Desmentindo aqueles que se queixam de «não haver remates de meia-distância» neste Sporting.
De Edwards. Titular pela segunda vez, após o jogo contra o Moreirense. Correspondeu por inteiro à confiança que o técnico lhe transmitiu nesta convocatória, praticando a arte de bem conduzir a bola. É ele quem inicia o contra-ataque que culmina no segundo golo. Aos 37', assiste Coates, que desperdiça atirando por cima. Grande jogada individual aos 44', esquivando-se aos adversários com notável capacidade de drible. Serve muito bem Pedro Gonçalves aos 58'. Ainda teve energia e capacidade para a colocar em óptima posição nos pés de Tabata, aos 81'. Saiu sob calorosos aplausos aos 90'+2. Merece integrar o onze inicial nas próximas partidas.
De outra estreia oriunda da nossa Academia. Desta vez foi o jovem Rodrigo Ribeiro, ainda com 16 anos. Já tinha actuado uns minutos na Liga dos Campeões, mas só ontem começou a marcar presença no campeonato. Entrou apenas aos 90'2+, mas ainda a tempo de exibir boa técnica num lance ofensivo. Mereceu a chamada, que vai servir-lhe de incentivo para novos voos.
Da capacidade ofensiva do Sporting. Marcamos há 42 jornadas consecutivas na Liga portuguesa. Um dado estatístico que merece ser destacado.
De ver o estádio cheio. Lotação esgotada em casa do Tondela: foi a melhor receita da equipa beirã nesta temporada. Com grande presença e vibração dos adeptos leoninos.
De Rúben Amorim. Cumprido o centésimo desafio ao serviço do Sporting. Com um triunfo - o resultado mais habitual neste treinador, um dos melhores que passaram por Alvalade desde sempre.
Não gostei
Do amarelo a Matheus Reis. O lateral esquerdo, que estava tapado com cartões, fica fora do clássico em Alvalade. Por uma falta absolutamente escusada, a meio do terreno, ao entrar de sola num lance dividido quando já vencíamos por 2-0. Não havia necessidade.
Das ausências. Palhinha a cumprir castigo pelo quinto amarelo (estará disponível contra o Benfica). Nuno Santos por ter dito «uma obscenidade» a um adversário - coisa jamais vista num estádio de futebol. Slimani por alegada quebra de intensidade num treino de véspera. Amorim não facilitou: deixou-o fora da convocatória. Esperamos que este problema tenha solução rápida.
Do golo do Tondela. Aconteceu aos 71', praticamente na única vez em que a equipa beirã desenhou uma jogada de perigo, rápida e envolvente. Remate muito bem colocado, ao ângulo superior esquerdo da nossa baliza, sem hipótese de defesa para Adán. Mas continuamos a exibir a melhor defesa do campeonato: apenas 18 golos sofridos em 29 jogos.
De Daniel Bragança. Em campo desde os 56', quando o treinador decidiu poupar Ugarte ao risco de ver cartão amarelo. Mas o jovem médio entrou mal, protagonizando logo duas perdas de bola. Desconcentrado, sem ritmo, assim torna mais difícil o sonho de ser titular no Sporting.
De Vinagre. Voltou a ter uma oportunidade, entrando aos 71' para substituir Gonçalo Inácio (com Matheus Reis a transitar de lateral para central). Mais de 20 minutos sem um só lance que ficasse na memória dos espectadores. Continua a distinguir-se por fazer sempre a mesma manobra, a mesma finta, os mesmos passes inconsequentes. É um dos mistérios deste plantel: o tempo passa e ele continua igual, sem evolução visível.
Estes primeiros jogos depois das pausas das selecções são sempre complicados, a adrenalina dum grupo focado migra para parte incerta, cada um vive a pausa da sua forma. E ontem o onze feito de titulares que Rúben Amorim colocou em jogo parece que pouco tinha jogado junto, cada um a fazer o seu número que nada tinha a ver com o do colega ao lado, um futebol lento e previsível frente a um adversário "copy cat" do modelo do Sporting treinado por um ex-colega e admirador de Amorim, e foi assim que se chegou ao intervalo em vantagem através dum penálti a que já irei. Fora isso foi o desperdício de Pedro Gonçalves na única vez em que tudo foi bem feito e que fez jus ao título de campeão nacional.
Veio o segundo tempo e tudo ficou ainda pior, às tantas parecia que o Sporting equipava de amarelo. Até que entraram duas das aquisições deste ano, aquelas de que alguns dizem do pior, ou porque são do Mendes, ou porque os passes são partilhados, ou porque os valores são altos de mais, ou pelas comissões, ou daquilo que se lembrarem para justificarem andarem a cuspir na sopa que comem, agora que a relva está óptima e recomenda-se.
E com um Ugarte que regressou do Uruguai em modo turbo (assim vale a pena ter jogadores convocados para as selecções) e um Edwards em modo esgravulha o jogo mudou por completo e partir daí as oportunidades sucederam-se, foi mais um golo, podiam ter sido três ou quatro, que o diga Sarabia. Marcou o Nuno Santos, depois dum passe magistral do Ugarte.
Com adeptos (alguns, como é óbvio) que assobiam a equipa com ela a ganhar, depois do rival ter perdido, realmente só se pode esperar o pior. Felizmente não aconteceu. Depois admiram-se de andarem a perder títulos anos a fio com quem não assobia os seus jogadores mesmo depois das maiores cabazadas. E muito menos a ganhar em casa.
Melhor em campo? Daqueles que iniciaram o jogo, depois do óbvio Sarabia, o Matheus... não o Nunes, que anda a jogar mais para a bancada e menos para a equipa, o outro, o Reis. Dos outros, o Ugarte claro. Parecia-me o novo Aldo Duscher mas agora digo que é mesmo o Manuel Ugarte. Que se calhar chegará mais longe que o outro.
Sobre o penálti? Recordam-se daquele que marcaram ao Matheus Reis contra o Braga e que o Hugo Miguel demorou 5 minutos a convencer-se frente ao ecrã que aquilo era penálti ? Este foi igual. O triste árbitro lá se convenceu que tinha visto mal, e tão afectado ficou que a partir daí foi um festival de asneiras. A diferença é que com ou sem ele ganhávamos a este Paços de Ferreira, e com o outro perdemos em casa com o Braga. Se foi de propósito para apagar da memória as palhaçadas que acontecem nos jogos do Porto, só apetece dizer uma coisa feia... Este VAR era de onde?
E termino com mais uma tirada genial do Amorim:
“Eu acho que é um excelente elogio , pelo menos é o maior elogio que nos podem dar à equipa técnica , que conseguimos que o Sporting fosse beneficiado pela arbitragem e eu acho que isso realmente é um grande milagre que esta equipa técnica conseguiu.”
É isso mesmo Amorim, deixa a modéstia de lado, conseguiste um verdadeiro milagre. E quando do outro lado estiver o Porto então eu vou mesmo a pé a tua casa agradecer.
#JogoAJogo
SL
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