Por algum motivo que ainda não descortinei, 2-0 costuma ser - de longe - o palpite mais frequente na nossa habitual ronda de prognósticos. Poucos dos nossos leitores e comentadores se lembram de algo mais modesto mas usual no futebol: a vitória por 1-0.
Leãocabril foi excepção à regra. Por isso venceu nesta ronda, antecipando o triunfo do Sporting nos Açores, frente ao Santa Clara. Está de parabéns.
Geny, autor do nosso solitário golo em São Miguel, voltou a ser herói do relvado
Foto: Eduardo Costa / Lusa
Não é fácil enfrentar o Santa Clara. Por um motivo evidente: é a equipa mais sarrafeira do campeonato português. Até foi alvo de estudo: faz, em média, 16 faltas por jogo. Deve ser efeito do "anticiclone dos Açores".
Infelizmente é também uma equipa que tem contado demasiadas vezes com a condescendência e até benevolência dos árbitros. Na primeira volta, por exemplo, a turma micaelense viu dois penáltis perdoados pela equipa de arbitragem chefiada por Cláudio Pereira - em ambos os casos por responsabilidade principal do vídeo-árbitro Helder Carvalho, pessoa sem qualificação para o exercício desta função tão relevante.
Desta vez Cláudio Pereira terá deixado um penálti por marcar, mas em sentido inverso. Por aparente falta de Eduardo Quaresma, imprudente também ele: arriscou muito. Mecanismo involuntário das compensações por parte do juiz da partida, que chegou a ser remetido para a jarra em Dezembro, durante uma jornada, após a calamitosa prestação em Alvalade? Admito que sim.
Mesmo assim, continuamos em défice na comparação com o Santa Clara. E ainda houve um inacreditável cartão vermelho exibido a Harder já depois do apito final só porque o jovem dinamarquês, no natural festejo pela difícil vitória nos Açores, se atreveu a gritar «ié!» Ainda bem que este árbitro nem sequer era nascido quando existiam os Beatles: teria varrido os quatro de Liverpool com cartolina encarnada. Ié, ié, ié!
O jogo dividiu-se claramente em duas partes. Fraquinha a primeira, muito bem conseguida, bastante disputada e com incerteza até ao fim a segunda. De comum, apenas a agressividade do "Benfica açoriano", que parece ter colhido inspiração em "deuses (de barro) da bola" como Jaime Pacheco e Petit em obediência ao grito de guerra «canela até ao pescoço!» A bola pode passar, mas o homem fica estendido.
Andámos nisto naquele primeiro tempo.
O Sporting tinha potencial ajuda por jogar a favor do vento, que soprava forte. Mas não soubemos aproveitar a suposta vantagem, tantos foram os passes em profundidade despejados para lá da linha de fundo. Em teoria, deviam servir Gyökeres. Mas o sueco limitou-se a vê-las passar: levavam demasiada força, sofriam desvios de trajectória em função dos caprichos das rajadas e havia um "guarda-costas" chamado Luís Rocha sempre pronto a limitar o raio de acção do melhor avançado do futebol português.
O goleador máximo desta vez ficou em branco. Também tem direito. Mas ainda enviou um petardo à trave (66').
O nosso flanco esquerdo, confiado a um Maxi Araújo muito trapalhão, não funcionava. O direito, entregue a Fresneda, pecou por falta de largura. Felizmente o corredor central nunca claudicou: Debast e Morten formaram um duo quase perfeito, destacando-se o jovem internacional belga pela precisão do passe e pelo sucesso nos duelos individuais.
Sabia a muito pouco o empate a zero registado ao intervalo. E de nada nos servia para manter acesa a chama do título.
Aí interveio o treinador. Rui Borges desviou Geny de interior esquerdo para direito, onde passou a funcionar como segundo avançado. Fresneda descolou-se da linha para fazer movimentos interiores, alternando com Trincão. Posições trocadas para dificultar as marcações e cansar ainda mais os adversários.
Funcionou na perfeição precisamente na ala que foi mexida: recuperação do espanhol, entrega ao minhoto e desmarcação perfeita do internacional moçambicano que rematou muito bem colocado, num remate cruzado, indefensável. Aconteceu ao minuto 50: Geny voltava a ser herói no relvado.
Vencíamos. Para alegria dos milhares de adeptos leoninos, em maioria absoluta nas bancadas.
A vantagem foi ampliada na sequência de um livre apontado por Debast - melhor em campo. Diomande dominou no jogo aéreo e meteu-a lá dentro, de cabeça, aos 68'. Balde de água gelada: o golo acabou invalidado. Deslocação milimétrica: 13 centímetros.
Mas a robustez anímica da equipa manteve-se - como já se tinha percebido, desde o primeiro toque na bola: o anterior empate em casa, com o Braga, não deixou sequelas no plano psicológico. O regresso de Pedro Gonçalves, após cinco meses de paragem por lesão, foi tónico suplementar. Só entrou aos 87' mas foi ovacionado como se a partida estivesse a começar naquele momento.
Aconteceu há quatro dias. Mas parecem ter decorrido só quatro horas: a vibração deste regresso perdura desde sábado.
Trouxemos os três pontos. Recuperámos a liderança, beneficiando do empate caseiro do Benfica, na noite seguinte, frente ao Arouca. O sonho do bicampeonato, que nos foge há sete décadas, está cada vez mais próximo de tornar-se realidade.
Os números contam. Não perdemos na Liga há 16 jogos. Registámos cinco triunfos nas últimas seis jornadas. Este, nos Açores, foi o quarto consecutivo fora de casa.
Mais uma vez corridos a osso, os extraordinários árbitros portugueses estarão ausentes de mais uma competição importante, desta vez do Mundial de Clubes, como já haviam estado ausentes do último Mundial de selecções. Cá p'ra mim tem a ver com as maravilhosas actuações que vão rubricando por esses campos fora e tomando decisões como as deste acima retratado, Cláudio Pereira, que consegue expulsar um jogador, Conrad Harder, porque o rapaz comemorou a vitória com um "Yeah, de forma provocatória", segundo o "estudante" árbitro. Certamente não cursará línguas e literaturas modernas, porque saberia que essa é uma corriqueira expressão inglesa usada universalmente. Levasse ele uma cabeçada e tudo estaria dentro da normalidade.
Vai acontecer certamente o recurso para o TAD, que terá efeitos nulos já que a decisão virá lá para o final de Maio.
A talhe de foice e por falarmos em TAD, o Sporting recorreu do castigo aplicado ao presidente Frederico Varandas para aquele tribunal, após ter sido castigado com 51 dias, salvo erro, por declarações sobre arbitragem numa entrevista à SportingTV. Estamos ansiosos para saber qual o castigo que vai ser aplicado ao princepezinho que arremeteu mais uma vez túnel adentro, confrontando o árbitro do jogo com o Arouca, onde perderam a liderança do campeonato depois de se deixarem empatar nos descontos.
Dos três pontos que trouxemos dos Açores.Pontos preciosos, que nos devolveram à liderança do campeonato após brevíssimo interregno benfiquista. Triunfo sem discussão da melhor equipa em campo, a única que tudo fez para alcançar a vitória.
De Debast. Para mim, o melhor em campo. Central adaptado a médio, vindo de um jogo pouco conseguido contra o Braga, agigantou-se em Ponta Delgada chegando a superar Morten, que fez parceria com ele no eixo do terreno. Pôs a turma açoriana em sentido aos 38' com um tiro disparado na conversão de livre directo. Recuperou várias bolas, ganhou quase todos os duelos, mostrou-se insuperável no passe à distância, esteve irrepreensível nas marcações de livres e cantos. Num destes lances, aos 68', o pontapé de livre funcionou como assistência para golo de Diomande - que viria a ser anulado por 130 milímetros. Num livre lateral, aos 85', esteve quase a marcar - só uma grande intervenção do guarda-redes Gabriel Batista evitou o golo.
De Geny. Uma vez mais, valeu-nos pontos. Tal como já tinha sucedido contra o Benfica por duas vezes. Marcou (de pé direito!) aos 50', num remate cruzado indefensável. Comprovou a sua utilidade como segundo avançado no aproveitamento de espaços interiores, na meia direita. É ali que o internacional moçambicano deve jogar.
De Trincão. Exibição de luxo na segunda parte. Foi dele a assistência para o golo aproveitando bem o espaço de que dispôs junto à linha direita. Fez mais dois passes que podiam ter aumentado a vantagem: aos 58', de trivela, solicitou Fresneda no flanco oposto, isolando o espanhol que centrou para Gyökeres; aos 60', serviu Geny num lance infelizmente desperdiçado. Ainda no primeiro tempo, aos 43', tentara ele próprio o golo, num disparo que roçou o ferro. É deste Trincão que precisamos para a conquista do bicampeonato.
De Fresneda. Apagado no primeiro tempo, tal como toda a nossa equipa, mal adaptada ao vento forte que soprava a nosso favor, impedindo o domínio de bolas a meia altura. Soltou-se após o intervalo com uma notável recuperação aos 50' e pré-assistência para o golo. Ofereceu outro, em cruzamento milimétrico, que Gyökeres desperdiçou em disparo à trave (66'). Boa combinação com Trincão nas movimentações do lado direito. Cumpriu com distinção.
Do regresso de Pedro Gonçalves. Aconteceu só aos 87', quando o jogo já estava quase decidido. Mas valeu pela injecção de moral que trouxe à equipa e à massa adepta do Sporting. Após cinco meses e 29 jogos de paragem, temos o nosso "Pote" de volta.
Da celebração de Harder. O jovem dinamarquês, que saiu do banco aos 77', mostrou-se combativo, actuando com a energia que todos lhe conhecemos. No final, mesmo admoestado com um injusto cartão vermelho, foi ele o mais exuberante nos festejos da vitória ainda no relvado. As infelizes declarações de Rui Borges estão já esquecidas.
Do apoio dos adeptos. Quase dez mil espectadores no estádio de São Miguel. Na maioria, apoiantes do Sporting. Fizeram-se escutar do princípio ao fim, funcionando mesmo como "12.º jogador" da nossa equipa. Felizmente, desta vez, sem material pirotécnico - que nunca devia entrar nos recintos desportivos.
Da merecida homenagem a Aurélio Pereira. O onze leonino entrou no estádio envergando camisolas com o retrato e o nome do falecido mestre, descobridor de alguns dos maiores talentos de sempre no Sporting. Foi um momento comovente. E de inteira justiça à memória desse grande Leão que há dias nos deixou.
Do regresso à liderança. Este triunfo nos Açores foi vital para pressionar a equipa do Benfica, pressionando-a. Sem confiança, sem energia anímica, os jogadores encarnados deixaram-se empatar em casa pelo brioso Arouca. Perderam a vantagem de que dispunham, sendo de novo remetidos para o segundo lugar da classificação. Faltam cinco finais.
Não gostei
Da circulação lenta na meia hora inicial. Tínhamos o vento a favor, mas não aproveitámos essa suposta vantagem nem a soubemos explorar como devíamos. Neste período, jogadores como Gonçalo Inácio abusaram dos passes que se perdiam na linha de fundo. Mas fomos muito a tempo de rectificar. E melhorámos muito no segundo tempo, quando passámos a ter o vento contra nós.
De ver Gyökeres em branco. O melhor que o craque sueco conseguiu desta vez foi mandar um petardo à barra. Muito policiado por Sydney e Luís Rocha, centrais do Santa Clara, que o seguiam como sombras e não hesitavam em recorrer a faltas, acabando punidos com amarelos - o primeiro logo aos 25', o segundo aos 83'. Mas Viktor teve participação indirecta no nosso golo, arrastando marcações que abriram espaço a Geny. É útil mesmo quando não marca.
Do 0-0 ao intervalo. Sabia a pouco quando já tínhamos feito três disparos à baliza adversária - por Debast (38'), Trincão (43') e Geny (45'+2). Enquanto o Santa Clara só produziu uma situação de perigo, aos 42', após livre que Rui Silva anulou sem problema.
Do golo anulado. Belo cabeceamento de Diomande aos 68'. Após intervenção do VAR acabou invalidado por deslocação de 13 cm. Mais dez do que o golo anulado a Gyökeres, contra o Braga, na jornada anterior.
O Sporting foi ontem aos Açores vencer com justiça um adversário muito complicado de defrontar, pelo menos enquanto os amarelos e vermelhos não são mostrados pelo árbitro de serviço. Muito duros nos duelos, sempre a simular faltas para quebrar o ritmo adversário e ganhar bolas paradas, sempre a executar rápido para aproveitar maus posicionamentos pontuais. Depois disso tudo a confusão final originada pelo defesa e que envolveu jogadores e directores, e as declarações ressabiadas do "maçã-podre" Vasco Matos, aparentemente preparado para outros voos, lá pelas bandas do Dragão.
Além disso, um vento muito forte duma baliza a outra, a que o Sporting na 1.ª parte não se conseguiu adaptar, insistindo em lançamentos em profundidade que invariavelmente saíam pela linha do fundo. Apenas nos minutos finais foram tentados remates de longe por Trincão e Catamo que por pouco falharam a baliza. A circulação de bola era lenta, Trincão e Catamo nunca deram a necessária largura, Fresneda e Maxi também não, muito jogo interior que tornava mais fácil o jogo adversário.
De qualquer maneira, no final da 1.ª parte já havia 3-0 em cartões amarelos.
Na 2.ª parte o Sporting entrou em correr e Trincão a pegar no jogo, e o golo nasceu dum grande passe dele a aproveitar a excelente desmarcação de Catamo. Um Catamo que continua a falhar passes e crizamentos, mas que marca golos preciosos.
Depois desse golo só deu Sporting. Gyökeres rematou à trave, Diomande teve um golo anulado por centímetros, um remate forte de Debast na sequência duma rasteira a Gyökeres que seguia para o golo foi muito bem defendido pelo guarda-redes contrário.
Do lado do Santa Clara apenas um cabeceamento perigoso.
Desta vez Rui Borges usou e bem das substituições. Mudou o lado direito com St. Juste e Quenda e o lado esquerdo com Matheus Reis, juntou Harder a Gyökeres e ainda houve alguns minutos para Pedro Gonçalves mostrar que vem com tudo para nos ajudar no que aí falta.
Concluindo: desafio superado, embora sem grande nota artística e sem conseguir matar o jogo mais cedo.
Melhor em campo? Debast, cada vez mais influente como médio-centro e na marcação de livres.
Arbitragem? Critério uniforme e coerente, deixou jogar, não foi no teatro do jogador do Santa Clara que se deixou cair quando sentiu o encosto de Quaresma.
E agora? Os lampiões, como o José Sousa da Sport TV e os ressabiados da tasca, garantem a pés juntos que o Benfica vai ganhar todos os jogos para além do dérbi até ao fim, e o título será decidido nesse dérbi. Não sei se anda aí alguma mala vermelha a circular, pelo menos os do Santa Clara parece que tinham perdido muita coisa no final do jogo de ontem. Vamos ver se será assim ou não.
PS : Parece que sou bruxo... sai um melão para o lampião !
... Numa aparente provocação, é nomeado o mesmo árbitro que nos custou três pontos para um jogo entre as duas mesmas equipas.
E no jogo da volta, ontem, depois de os jogadores do Santa Clara passarem toda a primeira parte a atirar-se para o chão ao mínimo contacto, depois de não terem criado praticamente nenhuma oportunidade de golo no jogo inteiro, perdendo sem apelo nem agravo, vem um treinador deste clube que até há pouco ostentava a galinha de carnide no símbolo (agora é coisa mais disfarçada) dizer que foi PENALIZADO por um penálti não assinalado (numa queda que nem para este árbitro tão amigo de apitar contra o SCP serviu).
É demasiada falta de noção! Ou será encomenda de algum clube mafioso que pediu para dizer tais disparates se perdesse? Ou estavam desiludidos com o árbitro? Ou tinham prémio se o SCP perdesse pontos? Enfim, claramente com os nervos à flor da pele.
Tão nervosos que um defesa jagunço que passou o jogo inteiro a fazer placagens de rugby ao Gyo (creio que o árbitro assinalou UMA falta) vai no final agarrar no cachaço do Harder, sem que este sequer respondesse à provocação, antes afastando-se para celebrar com os adeptos. Resultado? Expulsão para os dois, claro!
O Santa Clara, que se vai afundando na tabela, talvez fizesse bem parar para reflectir o que faz no desporto. Agressões, simulações, favorecimento pela arbitragem, comentários sem noção... Mais vale mudarem de modalidade, para luta greco-romana por exemplo. Ou mesmo de ramo, acho que têm qualidade para montar uma boa unidade industrial. Quem sabe de malas, que estão muito em voga nos dias que correm...
Retomamos a liderança, à condição. Agora com 69 pontos. Acabamos de derrotar o Santa Clara nos Açores. Golo decisivo de Geny (50'). Um segundo (belo cabeceamento de Diomande) anulado por 13 cm. Gyökeres, isolado, falhou outro rematando à trave - algo raro nele.
E o melhor de tudo: Pedro Gonçalves voltou a calçar, cinco meses e 29 jogos depois.
Jogo grande amanhã. Porque agora, para nós, todos os jogos são grandes. E decisivos. Não dá para falhar.
Entramos em campo pelas 18 horas, para defrontar o Santa Clara. Em Ponta Delgada.
Temos péssima recordação desta equipa, que na primeira volta veio a Alvalade vencer-nos por 1-0. Tudo correu mal: João Pereira estreava-se na Liga como treinador (antes de rumar a um emblema que segue em 17.º no campeonato turco), o inútil Edwards alinhou no onze por teimosia do técnico e o árbitro Cláudio Pereira perdoou dois penáltis à turma açoriana - em erros sobretudo imputáveis ao vídeo-árbitro Helder Carvalho, que tudo fez para nos sonegar os três pontos.
O Pedro Oliveira, com a sua verve e humor característicos, já publicou abaixo sobre este assunto, que desenhou como uma coboiada e não podia ter mais razão.
Então não é que depois da vergonha do jogo da primeira volta em Alvalade, com o gamanço de dois penáltis, assumidos pelo conselho de arbitragem (CA) como "eram mesmo penáltis, o árbitro errou", este mesmo CA nomeia para o jogo da segunda volta o mesmo árbitro?
"Das duas, três", ou o CA, que acho que é composto por outras pessoas, pretende dar uma segunda oportunidade ao árbitro para fazer desta vez uma actuação isenta de erros crassos, o que se saúda, ou pretende dar a entender que o que se passou na primeira volta não foi suficientemente grave para impedir que o árbitro passe por esta prova e que o clube prejudicado pode estar descansado que desta vez será diferente. Não será, o fantasma da suspeição vai pairar neste jogo e esta não é a melhor forma de defender o árbitro, ele próprio irá estar condicionado pela péssima actuação no jogo de Alvalade. Na hipótese, plausível porém fora de cogitação, de o árbitro se enganar a nosso favor, que dirão os adversários directos? "Claudio Pereira errou para compensar os erros do jogo de Alvalade". Pouco avisada esta nomeação, para ser simpático com o CA. O árbitro estará a ser altamente escrutinado, o Sporting estará de pé atrás com a sua actuação, o Santa Clara temerá que o árbitro queira compensar os erros que cometeu em seu favor, desta vez em favor do Sporting e o adversário directo, se houver um qualquer deslize a nosso favor, apontará o dedo a erros propositados. Era escusado!
Claudio Pereira apresenta-se, aos 38 anos de idade, como "estudante". Nada contra quem queira ir sempre aprendendo. Espero que tenha aprendido com a merda que fez na primeira volta e seja, desta vez, isento.
O jogo de ontem foi enorme prova de vida. Acredito que é daquelas vitórias que podem levar a viragem definitivamente ganhadora. Não é só o meu avassalador optimismo que o diz. São os factos. Ganhámos contra tudo e todos (até contra nós, e falo dos jogadores, não dos adeptos). Sublinho isto porque as minhas expectativas nunca as confirmei e a equipa, jogo a jogo, foi dando mostras da orfandade provocada pela partida de Amorim. Desde a primeira hora que esperei dos jogadores resistência, sabedoria e maturidade necessárias para superarem a perda de um norte que os guiou a tantas glórias. Não tem sido assim. Ontem, finalmente, foi. Fomos justíssimos vencedores. Contra tudo e todos.
Até aqui e daqui para a frente, as lesões são para mim o maior dos obstáculos. Faltam-nos peças-chave para a segurança, controlo e domínio dos jogos. E isso não há novo treinador que resolva.
Ontem batemos com toda a justiça a quarta melhor equipa do campeonato que 15 dias antes nos tinha batido em casa. Ainda que tímida e periclitante, a curva da equipa JP tem sido de ascensão. Melhoramos de jogo para jogo. A ida a Barcelos vai confirmá-lo. Depois venha o Benfica, que connosco líderes treme. E Alvalade é fortaleza! Vivó Sporting
São também as duas primeiras sílabas do nome do palhaço de serviço hoje em Alvalade, Malheiro de seu nome.
Para a colecção, vão mais dois penaltis gamados.
Diz o meu pai aqui ao lado à lareira, com uma água-pé porreira que nos acompanhou o jogo, que filhos-da-puta é o que mais há por aí, mas alguns abusam. Desculpem a verve do meu pai, mas ele tem "otxenta y otxo" e já diz aquilo que lhe apetece, mas que malhou no filho-da-puta (palavras dele, palavras dele) ai isso malhou.
A bem dizer a gente continua sobre brasas, mas caramba, se os denominados pelo meu pai como filhos da sua excelentíssima mãe, fizessem a sua obrigação, i.e. fossem isentos e competentes, a incompetência da equipa técnica do Sporting passava pelos pingos da chuva e talvez daqui a meia dúzia de jogos a gente começasse a engrenar.
Passámos, siga a banda. Mas que não nos comam por tolos, a gente sabe que eles estão a carregar para baixo.
Olhem, só posso dizer que estou de acordo com o meu pai. A água-pé é boa e o Malheiro está azedo.
The Good, the Bad and the Ugly é um dos meus filmes preferidos de Clint Eastwood, na fase do Western Spaghetti de Sergio Leone, filmado algures em Espanha em 1966.
E foi com um italo/argentino que estive em Alvalade a ver este jogo, que por acaso acabou bem. Podia ter acabado muito mal. O mesmo que levei na época passada a ver uns jogos com Rúben Amorim.
Que ao longo do jogo me foi perguntando que Sporting era este, como é que tínhamos chegado a este ponto. Não soube que responder, quem se sentava próximo também pouco ajudava.
Recordando o filme, o Ugly vai para Vasco Matos. A canalhice tem limites, o aproveitamento das regras do jogo e da estupidez arbitral, para deitar guarda-redes e jogadores para quebrar o ritmo ao adversário e gastar tempo de jogo tem limites. Um ex-jogador do Sporting ser mais rafeiro que o rafeiro Conceição, é inadmissível. E fico-me por aqui, podia dizer pior.
O Bad é mesmo o idiota do Malheiro. Como um idiota destes, não merece a pena ofender a mãe e o pai porque a estupidez vem mesmo da criatura, incapaz de perceber a diferença entre quem quer destruir jogo e quem quer criar, e pensar que afundando o Sporting em Alvalade vai ter uma medalha da APAF, é escolhido para um jogo destes, realmente aqueles apitos dourados / polvos encarnados continuam a pensar que fazem o que querem no CA.
O Good gostava que existisse mas não, quem brinca com o fogo acaba queimado, ou então tem a sorte que o João Pereira teve hoje em Alvalade.
Este Sporting de João Pereira pouco tem a ver com o Sporting do Rúben Amorim: onze inicial, forma de jogar, ritmo de jogo, transições, substituições, tudo. Quem tiver alguma dúvida reveja um jogo da época passada de que o meu parceiro se lembrava. Pouco que ver. É outra coisa qualquer que ainda nem eu nem os jogadores perceberam bem de que se trata.
Na Sport TV ouvi que o Sporting ganhou ao Santa Clara nas oportunidades de golo por 4-3. Porreiro. Para quem ganhou por 4-1 ao Man.City não está mal...
Enfim, não vou dizer mais nada. O mais importante são os resultados, ainda mais nesta fase de enorme desgaste dos jogadores, passámos à fase seguinte da Taça de Portugal.
Hip Hip Hurra !!!
Viva o Sporting !!!
E vivam os enormes jogadores que hoje entraram em campo em Alvalade. Que valem muito mais do que demonstraram, mas a culpa não é deles.
João Pereira, sem transmitir sinais de confiança, assistiu ao primeiro desaire do Sporting na Liga
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Era o jogo de estreia de João Pereira como treinador da equipa principal do Sporting, sucedendo a Ruben Amorim após a épica reviravolta em Braga que nos manteve invictos no comando do campeonato.
Ninguém dirá que o novo técnico leonino recebeu pesada herança. Pelo contrário, encontrou o Sporting numa das mais invejáveis situações de sempre. Onze vitórias seguidas - igualando o melhor início de época, marca só antes alcançada em 1999. Liderança isolada do campeonato, com seis pontos de avanço para o segundo. Imbatíveis nas competições internas. Segundo lugar na Liga dos Campeões, sem derrotas, cumprida a terceira jornada. Já qualificados para a meia-final da Taça da Liga.
E - muito importante - com o mais valioso plantel da Liga portuguesa. Que é também o mais valioso plantel de que há registo na história do futebol português: 443,5 milhões de euros.
Quem poderia ambicionar mais?
Parece que tudo isto perturbou João Pereira em vez de o empolgar e encorajar. O técnico, que não pode dar instruções a partir do banco durante a partida, passou grande parte do desafio com atitude apática, parecendo mais concentrado num monitor do que no jogo desenrolado à sua frente. Nenhum dos seus adjuntos o substituiu na função de corrigir posições, ordenar maior velocidade, utilizar os corredores externos com eficácia e não abusar de toquezinhos inócuos no nosso meio-campo defensivo.
Mais de 41 mil pessoas presentes no Estádio José Alvalade arrepiaram-se ao ver como Vladan, logo aos 7', ia comprometendo a equipa com uma fífia monumental. Entregando a bola de bandeja a Vinicius num passe errado, dentro da área. O homem do Santa Clara - melhor em campo neste jogo, disputado há quatro dias - ficou tão surpreendido com a oferta que nem a aproveitou como podia.
Podia supor-se que era um erro ocasional. Mas não. Vários outros se sucederam. Quenda teve o corredor direito a seu cargo sem conseguir vencer um duelo. Daniel Bragança, assumido médio ofensivo, procurava compensar a inoperância de Edwards como interior esquerdo, acabando por se atrapalharem mutuamente. Geny, colocado na ala esquerda, voltou a demonstrar que funciona muito melhor no lado oposto. À direita Trincão apoderava-se da bola sem a largar, parecendo querer resolver tudo sozinho, sem noção de jogo colectivo.
Para cúmulo, Gyökeres foi incapaz de libertar-se da marcação de Luís Rocha. Sem espaço para se movimentar, procurava vir atrás. Mas aquele 5-4-1 montado pelo treinador do Santa Clara parecia um colete-de-forças para o craque sueco, subitamente neutralizado.
Os minutos iam passando, os nervos aumentavam. Também nas bancadas. Fruto da impensável goleada sofrida quatro dias antes, no mesmo local, perante o Arsenal (1-5). Números que já não se usam, fazendo lembrar péssimos tempos antigos. Marcaram da pior maneira a estreia internacional de João Pereira nesta súbita promoção da Liga 3 à Liga 1.
De repente, a equipa pareceu sofrer de paragem cerebral. Uma perda de bola junto à linha do meio-campo, com Morten a ver passar, bastou para desorganizar o nosso "bloco defensivo", mesmo em superioridade numérica. Dois adversários, Matheus Pereira e Vinicius, em rápida progressão com a bola controlada, baralharam as marcações: Debast foi passivo, Diomande ficou paralisado, Matheus Reis abandonou a posição para quase chocar com o marfinense enquanto Vladan, fora dos postes, se limitou a abrir os braços como Cristo na cruz. Quando despertou do torpor, já ela estava anichada nas nossas redes.
Do mal, o menos. Desta vez João Pereira não esperou pelo minuto 68 para fazer aquilo que se impunha desde o apito inicial: tirou o inoperante Edwards, trocando-o por Harder. Maxi rendeu Quenda, permitindo que Geny passasse para o corredor direito e logo se mostrasse mais eficaz na combatividade e nos cruzamentos. Mas o Santa Clara, em vantagem desde os 32', recuou ainda mais as linhas e tornou quase impossível a penetração.
Podia ser-nos útil uma bola parada, mas não soubemos aproveitar livres nem cantos.
Podia tentar-se o remate de meia-distância, como aconteceu duas vezes com Harder frente ao Braga: mal se tentou. E as possibilidade de êxito eram remotas, por haver nove jogadores de campo do Santa Clara entrincheirados em 25 metros de terreno. Já tinha sido assim contra o Casa Pia, mas dessa vez Daniel Bragança conseguiu desatar o nó aos 39', com Gyökeres a confirmar de penálti aos 80'. Agora nada disso. Ficando dois penáltis por marcar contra a turma visitante - o primeiro por claro derrube de Geny por Vinicius aos 16', o segundo quando Safira trava no chão, com o braço, um remate de Gyökeres aos 45'+2. Má arbitragem de Cláudio Pereira, péssimo desempenho do vídeo-árbitro Helder Carvalho, sem qualidade mínima para estas lides. Vão ambos para a jarra, merecidamente.
Parecíamos regressados a 2017, ao tempo anterior à vídeo-arbitragem em Portugal.
Temos queixa do homem de apito e do VAR, mas não sofremos a primeira derrota deste campeonato, à 12.ª jornada, por causa disso. A causa principal foi o desacalabro defensivo e a inoperância ofensiva num jogo em que não conseguimos um só remate enquadrado e dispusemos apenas de uma oportunidade de golo, desperdiçada por cabeceamento muito deficiente de Gyökeres após centro de Harder.
No final, desalento generalizado. No relvado e nas bancadas. Mesmo continuando em primeiro, mesmo com todas as aspirações intactas. Não tanto pela derrota, a primeira de sempre que o Santa Clara nos impôs em Alvalade, mas porque olhamos para o banco e não conseguimos ver ainda ninguém, naquela nova equipa técnica, a quem possamos verdadeiramente chamar treinador.
Há coisas a corrigir? Claro que sim. Mas a mais urgente é sem dúvida esta. «Pior do que perder um jogo é perder a identidade», lê-se na crónica deste Sporting-Santa Clara escrita por Alexandre Delgado no SAPO Desporto. Não há melhor síntese do que esta.
Breve análise dos jogadores:
Vladan (4) - Será só azar? Continua a sofrer golos. Mais um, desta vez contra o Santa Clara. Quase encaixou outro, numa arrepiante entrega de bola logo aos 7'.
Debast (4) - Podia ter feito a diferença com os seus passes longos, a esticar jogo, mas nem andou lá perto. Inoperante, sem confiança. Saiu aos 61'.
Diomande (3) - Culpa no golo: não comandou a defesa, como lhe competia. Tentou marcar de cabeça, após cantos (73' e 80') mas não é Coates quem quer.
Matheus Reis (3) - Deixou Vinicius fazer o que pretendia no golo açoriano, aos 32'. Inexplicável, ser central à esquerda com Gonçalo no banco. Saiu aos 61'.
Quenda (4)- A sua pior partida na equipa A. Não ganhou um duelo, não fez um cruzamento digno desse nome, não penetrou nas linhas. Saiu ao intervalo.
Morten (5) - Apagado. Tentou a meia-distância, rematando muito ao lado. Incapaz de travar o adversário no início do lance do golo. Saiu aos 78'.
Daniel Bragança (5) - Procurou ligar linhas, mas com pouco sucesso. Inventou um lance de ataque para Harder (69'). Foi o melhor que fez.
Geny (6) - O mais inconformado dos nossos, o que mais arriscou nos duelos e nos centros. Melhor no segundo tempo, em que actuou à direita.
Trincão (4) - O desnorte da equipa reflectiu-se nele, quando começou a tentar fazer tudo sozinho, com reviengas, sem nada conseguir.
Edwards (2) - O técnico voltou a apostar nele no onze. Outro fracasso. Extremamente inseguro, nem conseguiu receber bem a bola. Saiu ao intervalo.
Gyökeres (4)- Irreconhecível. Só se distinguiu por ter falhado um golo cantado, de cabeça, aos 69'. Nada mais conseguiu fazer.
Maxi Araújo (3) - Perdeu outra oportunidade para mostrar o que vale. Substituiu Quenda, ficando no corredor esquerdo. Com erros técnicos primários.
Harder (5) - Jogou todo o segundo tempo. Rendimento escasso, mas foi tentando. Dois bons centros, aos 69' e 79'. Infelizmente desperdiçados.
Gonçalo Inácio (5) - Não entrou de início, estranhamente. Substituiu Matheus aos 61'. Tentou impor alguma ordem à defesa.
St. Juste (5) - Substituiu Debast aos 61'. Transmitiu alguma segurança lá atrás. Cabecou ao lado aos 90'+3.
Morita (5) - Rendeu Morten aos 78'. Boa recuperação aos 80'. Também não se entende como é que não entrou mais cedo.
Obviamente, na ronda dos prognósticos sobre o Sporting-Santa Clara (0-1), primeiro desafio do campeonato sob a batuta de João Pereira, ninguém acertou.
Os vaticinadores ficaram em branco, tal como os jogadores da nossa equipa, neste jogo só com uma oportunidade de golo e sem um remate enquadrado para as cores leoninas.
Da péssima estreia de João Pereira como técnico principal na Liga. Correu tudo mal neste desafio em casa com o Santa Clara (0-1): o onze convocado, a dinâmica dos jogadores no terreno, a deficiente leitura do jogo, algumas substituições insólitas e a ausência de uma voz de comando junto ao banco. Nem o técnico principal, com olhar vago e errante, nem nenhum dos seus adjuntos transmitiam instruções para dentro do campo, rectificando as movimentações erradas, a ausência de linhas de passe, a manifesta incapacidade de acelerar o jogo, a pavorosa inconsistência defensiva. Nada a ver com os nossos onze desafios anteriores deste campeonato, designadamente o épico triunfo em Braga. Foi só a 10 de Novembro, mas parece ter sido há muito mais tempo.
Do golo sofrido. Em evidente inferioridade numérica, aos 32' o Santa Clara ganhou a bola no meio-campo e já não a largou até a ver no fundo das redes. Morten, irreconhecível, limitou-se a marcar com os olhos, vendo-a passar, conduzida por Matheus Pereira: logo se instalou o pânico na nossa defesa, com Debast e Diomande atropelando-se enquanto Matheus Reis se juntava à molhada abandonando a posição e rasgando uma avenida para a turma forasteira, com Vinicius a apontar o golo que lhes valeu três pontos. Erros primários, dignos de equipa amadora.
De Vladan. Entrou como titular, substituindo o engripado Israel, mas continuou a demonstrar falta de categoria para integrar o plantel leonino. Numa monumental fífia logo aos 7', entregando de bandeja a bola a Vinicius dentro da área, deu o primeiro sinal do nervosismo extremo, da desconcentração e da ansiedade que se apoderou da equipa. No golo, a principal culpa não foi dele, mas estava mal posicionado e ficou estático, vendo-a passar sem esboçar reacção.
De Edwards. Erro lapidar do técnico, ao incluí-lo no onze pelo segundo jogo consecutivo após a sua péssima actuação na goleada que havíamos sofrido cinco dias antes contra o Arsenal. João Pereira convenceu-se que pode fazer dele outro Pedro Gonçalves. Está profundamente equivocado: o inglês não demonstra cultura táctica nem energia anímica para substituir o melhor jogador português do plantel leonino, ausente por lesão. Extremamente inseguro, incapaz de construir um lance ofensivo consistente, até na recepção da bola parecia um aprendiz. Substituído ao intervalo após 45 minutos a mais em campo.
De Quenda. Outro jogador irreconhecível. O técnico atribuiu-lhe a missão de comandar as operações no nosso corredor direito, mas o benjamim da equipa foi incapaz de um único rasgo individual. Chegava a meio e passava para o lado, não penetrava nas linhas, não arriscava duelos, não cruzava, não gerou o menor incómodo ao Santa Clara. Parecia ausente. Já não veio do intervalo, sem surpresa para ninguém.
De Maxi Araújo. O uruguaio tarda a impor-se no Sporting. Desta vez jogou toda a segunda parte, substituindo Quenda mas como ala esquerdo, sem no entanto fazer melhor. Falhou passes, entregou mal, nem conseguiu marcar cantos de modo competente. Parecia que a bola lhe queimava os pés.
De chegar ao fim só com uma situação de golo. Desperdiçada aos 69' por Gyökeres após centro certeiro de Harder. E nem um remate enquadrado digno desse nome. Parecia mais o Sporting B - que João Pereira anteriormente treinou - do que o Sporting A.
Dos cantos e livres ineficazes. Marcámos muitos, sem levar perigo às redes adversárias. Com um momento patético: aos 64', um livre na meia-direita terminou numa absurda perda de bola, que nem chegou a entrar na área. Sinal inequívoco do desnorte colectivo. Com 41.681 espectadores incrédulos a assistir no estádio.
Da posse estéril. Chegámos ao fim com 74% da chamada "posse de bola" - não há estatística mais enganadora. Grande parte desse tempo foi preenchido por inócuos passes para o lado e para trás, em ritmo de caracol cansado.
Do árbitro. Cláudio Pereira enganou-se a dobrar, poupando o Santa Clara a dois penáltis. Primeiro por derrube a Geny, aos 16': Vinicius desinteressou-se da bola, só quis atingir o nosso ala. Depois, aos 45'+2, quando Safira se atira para o chão e ali usa o braço para desviar a bola rematada por Gyökeres. Erros imputáveis sobretudo a Helder Carvalho, o VAR de turno: nem se deu ao incómodo de alertar o árbitro.
Que tivéssemos perdido pela primeira vez em Alvalade com o Santa Clara. Aconteceu só agora, após nove confrontos com a turma açoriana disputados no nosso estádio. Desde 2020 que não perdíamos dois jogos seguidos em casa.
Dos recordes absolutos que ficaram por atingir.Desperdiçámos a oportunidade de conseguir o melhor início da história do clube no campeonato nacional de futebol e uma série inédita de 33 jogos sem perder também na Liga.
Gostei
De terminar esta jornada ainda no comando da Liga. Resta ver por quanto tempo.
De Geny. Muito castigado pelo jogo faltoso da turma açoriana, pareceu sempre o mais inconformado dos nossos. Melhor na ala direita: dali fez um grande centro que Gyökeres desperdiçou.
De Harder. Consolida-se a sensação de que merece ser titular neste Sporting agora tão oscilante. Voluntarioso, com vontade de sacudir o marasmo, falhou nos remates directos na área superpovoada, mas protagonizou dois cruzamentos muito bem medidos (69' e 79'), infelizmente desperdiçados.
Já não é de agora, não é exclusivo de João Pereira, que o Sporting teima em começar os jogos com um a menos.
Vezes sem conta aconteceu antes da chegada de Amorim e com Amorim continuou.
Se com Amorim isso até nem era complicado, porque a máquina estava bem oleada e comandada e dava para rodar um ou outro em menor forma, com João Pereira, já deu para perceber que por enquanto isto não é assim.
Depois de na terça-feira, na derrota por goleada com o Arsenal, Edwards não ter justificado a água que gastou no banho, porque foi uma imensa nulidade enquanto esteve em campo, hoje como prémio teve de novo a titularidade, porque, segundo o treinador e isto são palavras minhas que copiei de alguém, o jogador consegue driblar meia-dúzia dentro de uma cabine telefónica. Ora o Santa Clara trouxe cabo de fibra óptica e na óptica do seu treinador aquilo foi preencher a área e suas imediações com postes de telecomunicações e quando fosse possível, enviar um twitt em direcção à baliza do Sporting. Mandou dois e num deles acertou na nossa caixa do correio. Já nós andámos ali à antiga, na óptica do telex e até chegámos, na loucura, a inovar e a enviar dois telefaxes a que o senhor dos correios, de vestimenta amarela, entendeu não prestar atenção e perderam-se duas boas oportunidades de evoluirmos na óptica das telecomunicações, que é como quem diz, poderíamos ter mandado duas encomendas registadas por correio verde para São Miguel.
Perdeu-se uma boa oportunidade de continuar-mos nos recordes positivos e ao invés, enveredámos pelos negativos e a borucracia da estação dos correios não desculpa tudo.
A excessiva serenidade do treinador, o que até poderia ser uma mais-valia, está a revelar-se contraproducente, aquele tablet já nos irrita a todos e quem deveria estar irritado com o ritmo a que as coisas correm era o treinador. Fazia falta um bocadinho do João jogador, para ajudar o João treinador, a quem os jogadores parece ainda não prestarem muita importância. Vê-se que não há uma referência no banco, ninguém de dentro olha para o banco na procura de indicações e no banco deve jogar-se mais futebol manager, que futebol a sério. Lamento, mas é o que eu penso.
Sei que não é fácil substituir Amorim e nem que ele tenha deixado os planos todos certinhos, o mesmo plano dado por pessoas com carisma diferente, tende a ser diferente, com resultados diferentes. É dos livros.
Será por isso que, para dar um cunho pessoal à equipa, o treinador João, ao invés de colocar o Edwards a 20 minutos do fim como está no plano, o coloca de início mesmo sabendo que isso pode não resultar, aliás não resultou e ele insistiu e reitera que não perdeu a confiança no jogador, se calhar querendo com isto dizer-nos que vai continuar a insistir nele? Não percebe o treinador João que pode estar a arranjar lenha para se queimar? É que uma coisa é o líder do balneário que foi Amorim, fazer coisas que às vezes nos desconcertavam, mas que tinha consigo todos os jogadores, outra é o treinador João por-se a inventar, sem o poder emanado de um ascendente que ainda não tem.
Quando assumiu o cargo, todos pediamos que João Pereira por enquanto não inventasse, que seguisse by the Amorim book e se desse a conhecer aos jogadores e se começasse a impôr no balneário. O tempo é curto, passaram duas semanas, e se é curto para fazer balanços, os resultados obrigam-nos a reflectir sobre um possível revés na aposta presidencial. Eu pelo menos não vejo muitos jeitos de isto acabar bem.
É do senso comum que a mesma água não passa duas vezes por baixo da mesma ponte. Seria avisado não se ter apostado duas vezes numa situação de risco que, se na primeira poderia considerar-se calculado, na segunda é um tiro no escuro, que resultou em dois tiros no nosso porta-aviões, até agora, com dois enormes rombos. Veremos se haverá tempo de levar o vaso a doca seca para reparações profundas, ou se se quiser, apenas reparar o leme para que continue a rota anteriormente traçada sem percalços de maior e garantir que os 10 pontos da CL nos garantem a passagem à fase seguinte, que a eliminatória da Taça com este mesmo Santa Clara é ultrapassada e que o primeiro lugar na liga é mantido.
Falta um mês para Janeiro e há duas situações possíveis: As coisas encarrilham e segue tudo na paz do senhor, com as dificuldades normais de quem disputa várias provas, ou as coisas continuam a descambar e para além de se perder o rumo, pode correr-se o risco de os melhores jogadores começarem a forçar a saída.
Creio que o presidente não terá equacionado esta opção, habituado que estava a que estivesse no balneário alguém que levava o Sporting às costas, presidente e Conselho Directivo incluídos e que por eles resolvia os seus problemas. Quem o substituiu não tem o carisma, a chama, a garra, a ousadia que ele tão bem sabia dosear e em quem os jogadores confiavam cegamente.
Ver aquela defesa tremer como varas verdes, leva-me a crer que os jogadores não confiam no treinador, ao ponto de o seguirem de olhos fechados, como faziam com o anterior. Isto conquista-se aos poucos, mas com resultados positivos e para isso há que começar a ganhar a sério, com todo o respeito pelo Bragança, que não passou de um jogo treino.
Amorim é passado, recente mas passado e todos queremos que corra bem, mas convenhamos que esta aposta tem tudo para correr mal.
Quase sempre que volto de Alvalade vou rever o jogo pela TV. No estádio percebe-se o geral mas muitas vezes perde-se o pormenor, na TV (quando se vê com atenção o jogo do princípio ao fim, porque senão nem isso) percebe-se o pormenor mas escapa muita coisa que dá para entender o geral.
No estádio percebi um Sporting que, perante uma equipa muito bem montada num compacto mas venenoso 5-4-1, entrou amorfo, com os jogadores muito presos às posições, cada um parado a ver o que ia a fazer o outro. Na 1.ª parte os dois médios e os dois interiores muito próximos a deixar Gyökeres e os dois alas entregues à sua sorte. Na 2.ª parte Maxi e Harder em roda-livre, com muitas ganas mas a acumular disparates.
Depois, pela TV, pude perceber melhor os cinco momentos essenciais do jogo. A carga para penálti não assinalado sobre Catamo aos 17', o muito consentido golo do Santa Clara aos 30', a bola na mão para penálti não assinalado aos 47', o falhanço de Gyökeres aos 69', penálti mal marcado e revertido pelo VAR aos 84'.
São dois penáltis por assinalar. Obviamente, marcando primeiro, o Sporting estaria muito próximo da vitória.
Sporting que entrou mal, consentiu um golo impróprio para uma equipa grande aos 30' e a partir daí ainda ficou pior, com os nervos a juntarem-se ao plano de jogo estranho, para não dizer outra coisa.
Edwards e Trincão têm muita coisa em comum: querem a bola no pé entre linhas para romper em slaloms, até rematarem para o golo, passarem no último momento ou... perderem a bola. Ter os dois colocados em posições mais centrais contra uma equipa muito fechada é dar de bandeja ao adversário dois alvos fáceis para marcar. Por outro lado, recuar Bragança para um duplo-pivot é trocar um bom n.º 10 por um mau n.º6 (como se viu no golo, como se viu na oportunidade do Santa Clara aos 88').
Por outro lado, um jogo tem 90 minutos. Com as palhaçadas das equipas pequenas, a caírem "lesionados" sempre que têm oportunidade e a perder minutos nas reposições de bola, o tempo útil deve cair para metade. Se depois a equipa gasta meia hora a rodar a bola dum lado para o outro do campo, sobram poucos minutos para marcar golos e ganhar jogos. Digo eu.
Obviamente também que esta saída de Rúben Amorim está a causar mossa no plantel, mas curiosamente não são os mais "vendáveis", são os "mais velhos", aqueles que mais conviveram com ele, que estão a acusar mais o toque. Matheus Reis, Bragança, Trincão, Edwards, Inácio e St. Juste foram "zombies" dentro do campo. Mas isso não explica tudo.
A máquina estava oleada, a saída de Amorim fez mossa, a derrota com o Arsenal foi pesada mas admissível dada a valia do adversário, mas esta equipa sempre soube reagir aos maus momentos. Agora não conseguiu. O que é preocupante. Pela mensagem que é passada ou pela forma como ela é passada? Não faço ideia,
Melhor em campo? Ninguém.
Arbitragem? O estilo do Cláudio Pereira é conhecido: deixar jogar ao limite. Não desgosto, mas com um (incompetente? comprometido?) árbitro da 2.ª Liga no VAR, Helder Carvalho, corre o risco de falsear um resultado, como aconteceu ontem. Dois penáltis por marcar a favor do Sporting.
E agora? Descansar, conversar e treinar. Para ganhar em Moreira de Cónegos.
PS: Qualquer treinador que viesse a seguir a Rúben Amorim teria uma vida difícil em Alvalade. Mais ainda pela forma e pelo momento em que a saída aconteceu. Esperava-se que JP, com curso ou sem ele, fosse fiel ao seu legado em termos de modelo de jogo e espírito de equipa e potenciasse ao máximo um plantel curto pensado para o 3-4-3. Se não o conseguir fazer, e este jogo deixou muitas dúvidas sobre isso mesmo, terá de vir alguém de fora. Isso é claro.
Desapareceu do seu local de trabalho, no passado dia 22 de Novembro, na zona do estádio de Alvalade, na cidade de Lisboa, uma equipa de futebol e a sua equipa técnica.
Indumentária: Equipamento desportivo que devia ser verde-e-branco mas é quase todo preto.
Sinais particulares: Falta de pressa e de intensidade.
Caso os localize ou tenha alguma informação, contacte as autoridades mais próximas.
Desapareceu também na mesma zona, no dia 30 de Novembro, uma equipa de arbitragem de futebol e na zona de Algés, uma equipa de video-árbitros.
Eram esperados para arbitrar um jogo nesse dia mas nunca chegaram a aparecer.
Indumentária: Camisolas fluorescentes de várias cores.
Sinais particulares: Problemas de visão e alergia à cor verde.
Caso os localize ou tenha alguma informação, não contacte ninguém e certifique-se que nunca mais apareçam.
Queríamos bater um máximo na história da nossa participação nos campeonatos nacionais de futebol: o 12.º jogo seguido a vencer.
Estivemos invictos enquanto se disputaram as onze primeiras rondas. Sob o comando de Rúben Amorim.
Hoje, em Alvalade contra o Santa Clara, houve alguns recordes batidos, sim. Mas negativos. Deixámos de ser a única equipa invencível da temporada em competições internas. Perdemos em casa frente à turma açoriana - nunca tinha acontecido. Registámos a primeira derrota no Estádio José Alvalade após 31 desafios consecutivos no campeonato. Chegamos ao fim de uma partida da Liga sem marcar um golo depois de 53 jogos a metê-la lá dentro. E sofremos a segunda derrota seguida, algo que não acontecia desde Novembro de 2022.
O que mudou?
A equipa é a mesma. Mas perdemos o treinador, agora no Manchester United. E ainda não encontrámos outro.
Faz uma diferença. Abissal.
Temos um problema. Grave.
{ Blogue fundado em 2012. }
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