Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Borussia Dortmund-Sporting, da Liga dos Campeões, por quatro diários desportivos:
Rui Silva: 29
Eduardo Quaresma: 24
Diomande: 23
Afonso Moreira: 21
Debast: 21
Gonçalo Inácio: 20
Quenda: 19
Harder: 19
Morten: 18
Biel: 18
Maxi Araújo: 17
Alexandre Brito: 17
Esgaio: 17
João Simões: 16
Matheus Reis: 16
Lucas Anjos: 6
Todos os jornais elegeram Rui Silva como melhor em campo.
Só pode ser com imenso orgulho que um Sportinguista vê a sua equipa sair com um empate do embate para o play-off dos oitavos de final da Champions na casa dum grande clube alemão, finalista vencido na final da Champions da época passada, alinhando com Ricardo Esgaio, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, João Simões, Geovany Quenda, Afonso Moreira, Alexandre Brito e Lucas Anjos. Para mim ainda mais, que pude ver ao vivo três deles na Tapadinha pela Liga3 no passado domingo.
Da Liga3 à Champions, da Champions à Liga3, com Youth League e Liga pelo caminho, é este o "roller-coaster" dos jovens do Sporting. Com uma formação renascida das trevas do desleixo, dos autocarros de reforços para os seniores e da obsessão pelos títulos pelos putos do tempo do Bruno de Carvalho/Augusto Inácio/Jorge Jesus.
Rui Borges em pouco tempo já se pode orgulhar de muito também. Já conseguiu melhores resultados em campos onde o grande Rúben Amorim com um plantel mais disponível tinha soçobrado.
Em Dortmund aconteceu isso mais uma vez, com Rúben Amorim perdemos para a mesma Champions. E eu sei porque estive lá.
Quanto ao jogo em si, a equipa organizada num 3-4-3 / 5-4-1 esteve muito aquém do que tinha feito na 1.ª parte do jogo de Alvalade, com grande dificuldade de sair a jogar e sempre castigada nos duelos físicos. Os passes errados sucediam-se, alguns mesmo meio suicidários, devido à enorme pressão da equipa alemã.
Ao intervalo os dois médios já tinham metido baixa.
Na 2.ª parte o desgaste fez abrir espaços. Esta equipa alemã respira muito melhor quando tem espaço para lançar e correr. Dum lançamento longo em que houve falha de posicionamento veio o penálti felizmente defendido, depois um golo felizmente anulado por fora de jogo e pelo meio uma bola no poste.
Tivemos a sorte que nos faltou na primeira parte em Alvalade.
Melhor em campo? Rui Silva. Temos de facto guarda-redes, que além do penálti defendido hoje até não falhou naquele passe disparatado de não sei quem logo a abrir o jogo.
Arbitragem? O Pinheiro devia ter vergonha. O Nogueira também. Revejam o penálti idêntico ao do Quenda, o do teatro da queda depois de empurrado do mesmo jogador do Dortmund, e depois aquele lance ainda com o mesmo jogador de agarrão mútuo na área com o Diomande. Foi penálti no primeiro, o segundo resolveu-se com uma repreensão aos dois, o terceiro foi siga e deixem-se disso. Mas essa vergonha APAF custou quatro pontos ao Sporting, e temos de levar com isso.
E agora? Recuperar, descansar e ganhar em Vila das Aves no domingo.
PS: Os coitados da tasca estão mesmo de trombas. Na antevéspera da entrevista com o nosso presidente, já sonhavam com uma cabazada humilhante para o Sporting para gozarem à fartazana. Aguentem e não chorem. Têm o Big Brother para se entreterem com o seu grande líder.
Harder e Morten celebram vitória contra o Rio Ave, que não perdia em casa há 15 meses
Foto: Emanuel Fernando Araújo / EPA
As notícias sobre a crise de resultados no Sporting e o estado anímico dos nossos jogadores eram francamente exageradas. É verdade que houve um período para esquecer: 44 dias sobre o (des)comando do impreparado João Pereira, agora justamente devolvido ao lugar de origem: a equipa B. Perdemos oito pontos nesse interregno de má memória. Mas a liderança só deixou de ser nossa numa fugaz semana, coincidindo com o Natal.
É verdade que a preocupante vaga de lesões vai prosseguindo. O mais recente jogador forçado a parar com queixas musculares é Eduardo Quaresma, que desta vez nem figurou na lista de convocados para o desafio de Vila do Conde. Mas o treinador mantém-se imperturbável, dizendo-se sempre «mais focado na solução» do que no problema.
Muitos adeptos sportinguistas, sempre com os nervos em franja, deviam aprender com ele.
Afinal foi um dos nossos jogos mais fáceis. Dominámos de tal maneira, com pressão intensa desde a saída da baliza adversária e sobre o portador da bola, que os rioavistas não tiveram uma só oportunidade de golo. Mais: não fizeram sequer um remate.
Entre os postes, do nosso lado, estreava-se o guarda-redes internacional Rui Silva, recém-contratado ao Bétis. Mostrou saber jogar com os pés e exibiu segurança, mas não chegou a ser posto à prova.
Esta não foi a única novidade que o treinador introduziu no onze. Retirou Gyökeres, remetido ao banco como precaução contra a fadiga muscular. Trocou St. Juste pelo regressado Gonçalo Inácio, recuperado após um mês de paragem: canhoto, é ele o titular natural como central do lado esquerdo. E experimentou Debast como médio interior, em inédita parceria com Morten. Resultou.
A história do jogo acaba por ser a história dos golos. Dos que entraram e dos que só foram evitados devido a uma exibição do outro mundo do guardião do Rio Ave, o polaco Miszta. Foi ele a travar um duelo intenso com vários dos nossos jogadores, vencendo-os quase todos. Que o diga Harder, sempre inconformado: tentou, tentou, tentou, mas não conseguiu metê-la lá dentro. Aos 10', 39', 58', 67' e 69'. Tal como Trincão num pontapé de ressaca, aos 70'. E Morten por duas vezes, aos 11' e aos 60'.
No entanto, o improvável herói do jogo não foi capaz de impedir que ela trepassasse três vezes a baliza à sua guarda.
A primeira, traído por autogolo do seu colega de equipa Anderllan Santos. Aconteceu logo aos 3', dando o mote para o que seria a partida. Outro central, o argentino Petrasso, cometeu penálti em lance de insistência de Harder. O vídeo-árbitro Vasco Santos alertou, o árbitro Luís Godinho validou. Chamado a converter, Morten não vacilou: aos 23' vencíamos 2-0. E assim chegámos ao intervalo.
No recomeço, ao contrário do que sucedeu em Guimarães, a equipa não abrandou o ritmo, não afrouxou o passo, não concedeu iniciativa ao adversário. Continuou a jogar em posse, vencendo sucessivos duelos individuais, procurando sempre o caminho mais curto para a baliza rioavista. Com notável acerto dos corredores laterais - sobretudo o esquerdo, confiado a Maxi Araújo e Quenda. O extremo-esquerdo, com apenas 17 anos, espalhou magia no relvado. Foi, claramente, o melhor dos nossos. No drible, no passe, na mudança de velocidade, no espírito de grupo que tão bem personifica. Só lhe faltou o golo, que quase aconteceu aos 38', num remate cruzado: a bola embateu no ferro.
Rui Borges fez algumas mudanças, todas resultaram. Debast, já fatigado, deu lugar a João Simões aos 68'. O reaparecido Daniel Bragança substituiu Geny aos 81' e, em simultâneo, saía Harder para entrar Gyökeres.
Nem de propósito. Num rápido e acutilante lance ofensivo, Daniel assistiu e Viktor marcou, fixando o resultado aos 88'. Nem assim o sueco se conformou: aos 90'+2 ainda levou a bola a embater no poste.
Não há melhor tónico do que a vitória.
E nada melhor para isso do que jogar bem, sem complicar, à imagem e semelhança do nosso técnico, um dos mais tranquilos treinador da Liga portuguesa. Alguém que não se queixa - nem das arbitragens, nem das lesões, nem da chuva ou do vento.
Rija têmpera de transmontano que contagia a equipa. Nem parece a mesma que perdeu contra Santa Clara e Moreirense no tal interregno que nenhum de nós quer recordar.
Breve análise dos jogadores:
Rui Silva (5) - Estreia tranquila. A tal ponto que nem chegou a fazer uma defesa. Mas demonstrou segurança e bom jogo de pés, atributos que nos faziam falta entre os postes.
Fresneda (6) - Parece ter agarrado o lugar na lateral direita após duas contratações falhadas para o mesmo posto. Foi numa jogada de insistência dele que nasceu o primeiro golo.
Diomande (7) - Baluarte da nossa muralha defensiva. Cada vez mais acutilante também nos passes longos, bem colocados. Impõe o físico nos duelos individuais.
Gonçalo Inácio (7) - Voltou de lesão e desfez qualquer dúvida: será ele o titular como central à esquerda. Dos pés dele a bola saiu quase sempre bem direccionada, queimando linhas.
Maxi Araújo (7) - Domínio absoluto no nosso corredor esquerdo defensivo. Articulação perfeita com Quenda do meio-campo para a frente. Notável lance individual na grande área aos 52'.
Geny (5) - É um dos tecnicistas do plantel. Mas abusa do individualismo, mesmo quando tem colegas mais bem posicionados. Falha recorrente nele que voltou a demonstrar nesta partida.
Debast (7) - Inesperado joker no baralho do treinador: o central belga tornou-se influente médio-centro. Acorreu às dobras na esquerda e municiou a linha avançada com passes bem medidos.
Morten (8) - Chamado a converter o penálti aos 23', não vacilou: o 2-0 foi dele. Muito activo nas manobras de pressão, viu o guarda-redes impedir-lhe dois golos (11' e 60'). Eficaz nos desarmes.
Quenda (8)- Só lhe faltou o golo, que quase concretizou ao levar a bola ao ferro (38'), para ter exibição perfeita. Intervém no lance do primeiro. Serviu Harder três vezes. O melhor Leão.
Trincão (5) - Trabalhou bem para a equipa, mas dele exige-se um suplemento de criatividade. Só deu nas vistas num remate de ressaca aos 70', que acabou travado pelo guardião Miszta.
Harder (5) - Esforçou-se muito, mas foi vítima do excesso de ansiedade. A vontade de marcar era enorme, nesta sua estreia como ponta-de-lança titular na Liga. Sacou o penálti aos 29'.
João Simões (5) - Substituiu Debast aos 68'. Seguro, certinho, não se esquiva ao choque e ousa até algumas acções ofensivas. Vai ganhando maturidade.
Gyökeres (7)- Saltou do banco aos 81, rendendo Harder. Aos 88', marcava o terceiro, fechando a conta. Ainda viu Miszta negar-lhe o golo aos 90'+2 ao desviar para o poste esquerdo.
Daniel Bragança (6). Em boa hora regressou de lesão. Rendeu Geny aos 81'. Aos 88' assistiu Gyökeres no golo, confirmando a sua inteligência táctica e a sua arguta visão de jogo.
Esgaio (-). Substituiu Trincão aos 89'. Só o jornal Record lhe atribui nota: bastou-lhe tocar uma vez na bola para justificar 1 deste jornal, que pelos vistos não receia cair no ridículo.
Desta vitória tranquila e concludente (3-0) do Sporting em Vila do Conde. Há quase 15 meses, desde Outubro de 2023, que o Rio Ave não perdia em casa. Vinte jogos depois, quebrou-se este recorde: impusemos a nossa classe à turma anfritrã numa partida de sentido único, actuando sempre em pressão alta, com o onze leonino sempre compacto e bem organizado. Como as estatísticas demonstram: fizemos 27 remates, 16 dos quais enquadrados. E eles? Nem um para amostra.
De Gyökeres. Pela primeira vez ficou fora dos titulares num jogo da Liga 2024/2025. Mas ainda entrou a tempo de marcar o terceiro e último do desafio. Bastaram-lhe sete minutos para fazer o gosto ao pé, no minuto 88. E ainda mandou uma bola ao poste (90'+2). Cumprindo o seu quarto desafio consecutivo a marcar. Soma 42 golos na temporada (nove dos quais pela selecção sueca), 22 no campeonato. Sozinho, já marcou mais até agora do que 12 equipas completas da Liga. Um craque.
De Quenda. Melhor em campo. Fazendo parceria de luxo com Maxi Araújo no corredor esquerdo, não deu qualquer hipótese de progressão à turma vilacondense por essa ala. Exibe enorme disponibilidade física e uma impressionante maturidade táctica - nem parece ter apenas 17 anos. Foi dele o passe inicial no lance que aos 3' inaugurou o marcador - autogolo de Aderlan Santos, veterano central do Rio Ave. Serviu Harder em três ocasiões - aos 39', 52' e 55' - que o avançado dinamarquês desperdiçou. Aos 38' mandou a bola ao ferro, num remate potente e bem colocado. Merecia que tivesse entrado.
De Maxi Araújo. Ao vê-lo hoje em campo, naquele duo perfeito com Quenda, até parece que jogam juntos há dois anos, não apenas há duas ou três partidas. Ficou na retina uma acção individual dentro da grande área, na meia-esquerda, aos 52', sentando pelo menos três adversários. Pena só aquele cartão amarelo por protestos no último lance do jogo, aos 90'+4, já com o resultado feito: não havia necessidade.
De Morten. Com Viktor sentado no banco, foi ele a protagonizar um momento decisivo: a cobrança de um penálti indiscutível, assinalado pelo árbitro Luís Godinho ao central Petrasso por desviar a bola com o braço. O capitão bateu de modo irrepreensível o pontapé da marca dos 11 metros, aos 23': daí surgiu o 2-0, resultado que se mantinha ao intervalo. Assim se estreou como artilheiro em grandes penalidades neste campeonato. E confirmou que não vacila na hora das decisões.
De Debast. Exibição muito positiva do central belga, lançado como médio adaptado por Rui Borges. Com a missão específica de completar e proteger as acções de Morten no miolo do terreno mas também de servir o ataque com a precisão dos seus passes à distância. Cumpriu com nota alta: será ele o tal reforço da nossa linha média de que tanto se falava? Se não é, imita bem.
Da estreia de Rui Silva. Acabado de chegar ao Sporting, vindo do Bétis, o internacional português assumiu-se de imediato como dono da baliza. Tranquilo, com boa estampa física e eficiente jogo de pés, tocou pela primeira vez na bola só aos 35'. E chegou ao fim da partida sem necessidade de fazer qualquer defesa. Transmite confiança, atributo fundamental num guarda-redes.
Do regresso de Daniel Bragança. O médio criativo voltou após mais de um mês de ausência por lesão. Em boa hora, também ele confirmando o seu elevado grau de eficácia: substituiu Geny aos 81' e sete minutos depois assistiu Viktor para fechar a conta leonina no Estádio dos Arcos. Fazia-nos falta.
De reforçar a nossa posição como melhor ataque da Liga. Registamos 51 golos marcados em 18 jornadas (média: 2,83 golos por jogo). Há quem não goste? É lidar...
Não gostei
Do guarda-redes rioavista, Miszta. Por impedir vários golos leoninos, destacando-se como o melhor elemento da equipa anfitrã, que hoje jogou sem o artilheiro Clayton por acumulação de cartões. O polaco negou golos a Morten (11' e 60'), Trincão (70') e sobretudo ao perdulário Harder (10', 39', 58', 67' e 68'). A ansiedade tomou conta do jovem dinamarquês, titular em vez de Viktor mas sem fazer esquecer o sueco. Sem isso, teríamos saído de Vila do Conde com goleada - o que não escandalizaria ninguém.
Da ausência de Eduardo Quaresma. Ficou fora da ficha do jogo por lesão muscular. Mais uma, a somar-se a tantas outras.
De lá ter ido empatar no campeonato anterior (3-3). Mas isso já foi há um ano. Desta vez fizemos bem melhor.
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