Em teoria seria de facto a última pessoa que me lembraria de trazer aqui ao blogue: Rui Gomes da Silva, este lampião de último grau, que passou pelo governo do nosso ex-presidente Santana Lopes, nascido no Porto como o agora candidato a presidente do Sporting Clube de Portugal Nuno Sousa, mas que ao contrário deste último, promovido pelo jornal ao serviço da máfia do Porto, tem a coragem de denunciar a podridão que por ali reina.
Sejam quais forem as intenções que o norteiem, Rui Gomes da Silva nesta Carta aberta aos adeptos do futebol (e não da impunidade) faz uma denúncia implacável do actual estado de coisas e lança um desafio não apenas mas também ao Sporting Clube de Portugal que merece a pena analisar, concordando ou discordando:
"É proibitivo apoiar para novo mandato na Federação Portuguesa de Futebol qualquer dirigente que não tenha feito nada para acabar com a impunidade do FC Porto ou de qualquer outro clube que ache estar acima das leis."
No meu entender, o Sporting Clube de Portugal não pode aceitar de ânimo leve que o seu presidente seja emboscado e roubado no estádio do FC Porto, chame-se ele João Rocha, Bruno de Carvalho ou Frederico Varandas, sem que, para além das questões do foro criminal, isso não tenha consequências a todos os níveis do diálogo institucional no futebol português.
Isso não quer dizer de forma nenhuma que tenha de procurar aliado no Benfica depois de tudo o que sabemos que aconteceu e continua a acontecer com o delfim de Luis Filipe Vieira ao comando. Mas, mesmo estando ainda a sofrer dos ouvidos por ter passado uma hora na Luz a ser massacrado com música foleira a altos berros depois daquele empate do tempo do amigo do Vieira, Jorge Jesus, como nosso treinador, não me recordo de nunca - mas mesmo nunca, e muitas vezes estive na actual e na antiga Luz a ver o Sporting em quase 50 anos de adepto de bancada, até no meio dos Diabos Vermelhos estive a ver o 3-0 do Slimani - alguma vez ali presenciar ou verificar uma ínfima parte daquilo que aconteceu sexta-feira no Dragão.
Fica aqui a discussão aberta sobre as propostas de Rui Gomes da Silva, pedindo para se focarem na mensagem, pois o mensageiro está mais que apresentado.
«Como adepto do Benfica, não me obriguem a vir para aqui amarrado, com as mãos atrás, a elogiar o Cristiano Ronaldo. Desculpem, mas não me ponho aqui aos pulos e aos berros.»
Na SIC Notícias, ontem à noite, ao saber que a FIFA elegeu pelo segundo ano consecutivo o ex-craque do Sporting como melhor jogador do mundo
«Não vejo jogos do Sporting. Não vejo. Tenho coisas mais importantes para fazer. Lá em casa ninguém vê. Um jogo da terceira divisão da Roménia tem mais interesse.»
«O que eu acho que as pessoas do Sporting deviam estar preocupadas é com o que se passou com o árbitro... com o árbitro... com o Tiago Martins. O que é que aconteceu junto aos balneários... não sei... deviam... A Liga... a Liga... a Liga devia tar preocupada com estas coisas... perguntem lá a quem assistiu. O que é que aconteceu no final do jogo... as... oiça, foi aquilo que me contaram... Se não aconteceu peço desculpa... oiça, eu ouvi dizer de ameaças...»
«As imagens indiciam que pode haver um movimento do Samaris contra a barriga do jogador do Moreirense. Mas não indiciam - isso é que ninguém pode dizer - que há um movimento de queixa do jogador do Moreirense em relação a ter sido atingido. Para haver agressor tem que haver agredido.»
«É mais difícil o Leicester ser campeão inglês ou o Benfica ser campeão europeu? Quer que eu lhe diga? É muito mais fácil o Benfica ser campeão europeu!»
«Há neste momento uma forte contestação ao treinador... que neste momento foi abandonado pelo seu presidente... porque o seu presidente pôs a circular junto das pessoas que lhe são próximas que Jorge Jesus é o grande culpado... porque foi ele que fez as contratações... quando nós sabemos que isso não é verdade!»
Rui Gomes da Silva, 24 Outubro, SIC Notícias:
«Para mim o mais significativo deste cansaço que há no balneário é que o Campbell... estamos no prolongamento, o Campbell marca o resulta... o golo do empate... Qual é o comportamento de uma equipa que acha que ainda pode virar o resultado? É ir buscar a bola e ir imediatamente para o... para o... meio-campo. O que é que o Campbell faz? Tira a camisola e vai festejar... Porquê? Porque deve estar numa jog... num problema de afirmação pessoal, num problema de saturação total com a equipa técnica, num problema que.... aquele... aquela atitude do Campbell é uma atitude que demonstra o estado em que está a equipa do Sporting e que só é possível porque tem duas pessoas à frente que nem são contraponto uma da outra... não... um diz mata e outro diz esfola, porque um gosta mais de si próprio do que o outro.»
Como antecipei aqui há seis dias, num texto não por acaso intitulado Como quem enxota uma mosca incómoda, Luís Filipe Vieira decidiu tirar o tapete ao vice-presidente Rui da Silva. O primeiro sinal de Vieira ocorreu num comunicado em que desautorizava aquele elemento da sua direcção - o maior papagueador de ódio ao Sporting na praça pública - de se pronunciar em nome do SLB, deixando claro que as opiniões do indivíduo em causa "não vinculam a nenhum nível o Sport Lisboa e Benfica".
Mal este comunicado foi tornado público, escutou-se um som de uma forte chapada no frontispício do vice-presidente. A segunda bofetada - ainda mais sonora - ocorreu ontem, quando se confirmou que da Silva não fará parte do próximo elenco directivo do SLB por decisão exclusiva de Vieira. Confirmando-se o que escrevi neste blogue, o líder encarnado fez questão de "reduzir o fala-barato à condição de anão mediático". Detestado por muita gente dentro do seu próprio clube, da Silva "nunca chegará a califa" na Luz, como vaticinei.
Raras vezes tenho aplaudido o presidente do Benfica, mas faço-o hoje aqui. O afastamento agora consumado impunha-se há muito. Por ser uma questão de saneamento básico.
O ainda vice-presidente do Benfica Rui Gomes da Silva, de longe o maior semeador de ódio anti-Sporting oriundo das hostes encarnadas na televisão e no jornal que lhe dão guarida, acaba de receber uma enorme bofetada com chancela institucional do clube da águia.
Refiro-me a um comunicado ontem difundido pelo presidente do SLB, que às tantas especifica o seguinte: "As opiniões, comentários e análises das diferentes personalidades benfiquistas, que apenas na sua condição de adeptos e simpatizantes participam em programas de comentário desportivo, não vinculam a nenhum nível o Sport Lisboa e Benfica."
Repito: "Não vinculam a nenhum nível."
Deste modo gélido, como quem enxota uma mosca incómoda, Vieira acaba de retirar a Silva o estatuto de representante institucional e porta-voz oficioso da sua agremiação nas tribunas da SIC e do matutino A Bola, onde ocupava lugar como putativo cardeal carmelengo do pontífice encarnado e sempre demonstrou ser mais papista do que o papa.
O excesso de zelo do referido sujeito foi tanto, sobretudo nas suas prédicas anti-Jesus, que Vieira achou por bem puxar-lhe o tapete. Isto quando não faltam vozes benfiquistas fartas da postura do indivíduo que, como a personagem da banda desenhada, sonha ser califa sem passar de grão-vizir.
"É facílimo para qualquer adversário ter a ideia (mesmo que errada) que a Direcção do Benfica prefere ficar calada e transparecer uma certa moralidade que não tem, porque coloca os seus cães de fila a fazer o trabalho sujo por si nos programas de TV", lê-se neste espaço encarnado. Enquanto este não hesita em chamar "besta" ao ainda vice-presidente do SLB.
Silva tem sorte, apesar de tudo, em ser encostado às cordas só por via de um comunicado oficial. Noutros tempos Vieira não hesitaria em chamá-lo à razão em termos menos contidos. Como quando disparou contra um tal "Gastar Vamos", que estaria insatisfeito por lhe ter sido vedado o "acesso ao camarote presidencial" no estádio da Luz e contra outro, que supostamente espumaria de raiva por ter perdido um "tacho".
Coisas lá entre eles. Dos tempos em que antigos dirigentes do clube eram agredidos por proferirem palavras incómodas nas assembleias-gerais encarnadas. Dos tempos em que Vieira irrompia pelos estúdios de um canal televisivo, interrompendo a emissão sem ser convidado, por não gostar do que se dizia por lá.
Agora, aconselhado por gente com algum verniz, deu-lhe para ser moderado e parecer civilizado. A primeira atitude que toma como presidente embalado nesta nova estratégia é desautorizar o ainda vice-presidente fala-barato, reduzindo-o à condição de anão mediático.
Está escrito nos astros: Silva - humilhado neste comunicado escrito propositadamente a pensar nele - nunca chegará a califa.
Já todos sabíamos que vocação para zandinga também não tem.
«Eu acho que quem faz aquela declaração em espanhol... a tentar falar em espanhol... eu acho que Jorge Jesus teve ali dois motivos: se tivesse ganho ao Real Madrid achava que podia ser o futuro treinador do Real Madrid ou do Atlético de Madrid. Perdendo como perdeu, falou em espanhol porque acho que ele admite a hipótese, oiça, de nos próximos dias, meses, semanas... se calhar dias, semanas... ser o próximo treinador do Valência!»
Pedro Guerra, 19 de Setembro, TVI 24:
«Eu tenho a informação que o presidente do Sporting está profundamente angustiado, como é evidente! Porque o projecto que foi lançado não passava por nada disto!»
«Jorge Jesus, até ao Benfica, acho que... não sei se era o treinbador com mais descidas ou não... mas pelo menos com mais chicotadas psicológicas... não interessa.»
Pedro Guerra, 12 de Setembro, TVI 24:
«Eu não vou falar aqui em questões, que são questões da vida privada... O treinador do Benfica passou dificuldades na sua vida privada. E sabe quem foi o homem que o ajudou? Foi o actual presidente do Benfica! Eu não quero falar nessas situações...»
Rui Gomes da Silva, 12 de Setembro, SIC Notícias, 22h23:
«Imagine que lhe contavam a história de um treinador que não falava com o presidente e que só mandava mensagens e sms para um dos adjuntos e que o adjunto sem conhecimento do treinador é que ia falar com o presidente e que o presidente recebia ameaças e mandava ameaças para o presidente através de adjuntos e o treinador mandava ameaças para o presidente através de... recados... através do director desportivo.»
Pedro Guerra, 12 de Setembro, TVI 24, 22h39:
«Eu gostava de saber se conhece algum clube em que o presidente, para mandar recados para falar com o treinador, tem que utilizar um treinador adjunto. O José de Pina tem uma semana para descobrir qual é o treinador adjunto a quem o presidente do Sporting faz queixinhas sobre Jorge Jesus... Tente averiguar.»
«Tanto quanto sei, daquilo que ouvi dizer, o presidente do Sporting disse ao Slimani: "Eu por mim deixo-te sair. Vai lá convencer o treinador!" O treinador não o recebeu, disse que não queria falar com ele e ele disse-lhe que não ia treinar!»
«Adrien quer sair! Isto é uma telenovela mexicana! O Leicester está a fazer uma coisa muito inteligente: a conjugar Slimani com Adrien. "Querem que a gente leve o Slimani? Nós temos aqui uma proposta conjunta: ou vão os dois ou não vai nenhum!" Nas próximas 49 horas vamos ter uma situação muito engraçada: o Leicester a dizer que só leva o Slimani se levar o Adrien!»
Pedro Guerra, 29 Agosto, TVI 24:
«A informação que eu tenho é que o negócio estará feito [venda de Adrien] e que o presidente Bruno de Carvalho omitiu ao treinador e a Octávio Machado quer a venda de Slimani quer a venda de Adrien. Jorge Jesus deu um murro na mesa! Há aqui uma espécie de traição ao projecto e ao treinador! Alguém está aqui a mentir, a esconder o jogo! Resta ver como é que o presidente agora vai tentar convencer o treinador de que tem de abdicar do jogador!»
«Há aqui um caso grave: a informação que eu tenho é que quer Jorge Jesus quer Octávio Machado desconheciam em absoluto que o negócio está feito! Vamos lá ver se Jorge Jesus não ameaçou demitir-se! Admito perfeitamente essa hipótese! Tenho a certeza que Jorge Jesus foi apanhado de surpresa! A informação que eu tenho é que quer Jorge Jesus quer Octávio Machado são apanhados de surpresa com esta noticia, tal como com o caso Slimani! A informação que eu tenho é que os dois negócios estão feitos!»
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