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És a nossa Fé!

Sem lamúrias, sem calimerices

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Uma proeza que tanto Ruben Amorim como Rui Borges conseguiram foi esta: sagraram-se campeões no Sporting sem queixas, sem lamúrias, sem desculpas. Nunca os ouvimos culpar os árbitros, ou a chuva, ou o vento, ou o destino. Nunca os ouvimos alimentar teorias da conspiração. 

Ganharam sem dramas nem cataclismos, simplesmente por terem sido melhores. Esta acabou por ser uma conquista suplementar de ambos: o contributo para extinguir a lamentável cultura da calimerice que ainda persiste no Clube.

Como sócio, devo-lhes isto também. E faço questão de o exprimir aqui. 

O 3-4-3 é para manter?

Desde o dia em que Rúben Amorim entrou no Sporting que o 3-4-3 foi o sistema táctico da equipa, com excepção de alguns dos primeiros jogos com Rui Borges. Antes disso só com John Toshack em 84/85 e não durou muito.

A passagem do 4-3-3 para o 3-4-3 tem implicações óbvias nos perfis dos jogadores, e obriga a ajustamentos na formação e no scouting que demoram tempo a dar resultados.

Desaparecem os defesas laterais e os extremos, surgem os alas e os interiores, os defesas centrais constroem como médios, os interiores defendem como médios também. 

E este plantel do Sporting tem exactamente os jogadores com essas características, como Maxi Araújo, Catamo, Pedro Gonçalves e Trincão. Não estou a ver os primeiros como defesas laterais, nem os últimos como extremos colados à linha. Não estou a ver o Quaresma fazer aqueles raides como central numa defesa a 4.

Já o 4-4-2 ensaiado e abandonado por Rui Borges limitou-se a acentuar a nuance que Ruben Amorim tinha introduzido no 3-4-3, adiantando um ala e cobrindo o flanco com um central. Catamo nunca percebeu bem o que tinha que fazer quando recuava a defender, e abriu-se uma cratera do lado direito da defesa. Por outro lado Trincão, mais junto ao ponta de lança, deixou de ter o espaço para embalar que tinha antes.

No meu entender, o 3-4-3 é uma mais-valia importante para o Sporting no futebol português. Nenhum outro clube o pratica de forma continuada. Obriga os adversários a adaptações que conduzem a erros e falhas.

Por outro lado, o 3-4-3, como dizia Ruben Amorim, é apenas o ponto de partida para muita coisa, conforme as dinâmicas dos jogadores. Com ele tivemos formas de diferentes de defender e atacar. Até para o 4-4-2 em determinados momentos dos jogos.

Alguns dizem que o Sporting de Ruben Amorim jogava bem melhor do que o Sporting de Rui Borges, mas o que me parece é que o Sporting de Pedro Gonçalves joga bem melhor do que o Sporting sem ele. Porque joga e faz jogar. Gyökeres à parte, é de longe o melhor jogador da equipa. Rui Borges nunca teve o melhor Pedro Gonçalves.

Concluindo, o que eu espero ver é o 3-4-3 continuar a ser o modelo táctico das equipas A e B, ao mesmo tempo que o 4-3-3 se mantém na formação, incluindo os sub23 (que cada vez menos percebo para que servem).

SL

Quente & frio

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Gostei muito desta final da Taça de Portugal, conquistada com todo o mérito pela nossa equipa. Talento, competência, brio, sacrifício, espírito de grupo, fibra de campeões. Foi uma final dinâmica, emotiva, com resultado incerto até quase até ao fim. Grande em qualidade e quantidade: jogaram-se mais de 130 minutos. Com o Sporting a protagonizar uma das mais épicas reviravoltas de que tenho memória: já no final do tempo extra concedido pelo árbitro Luís Godinho, ao minuto 90'+11', quando perdíamos 0-1, Gyökeres protagoniza lance de génio ao passar por António Silva e prosseguir em ritmo avassalador até ser carregado em falta por Renato Sanches em zona proibida. Foi ele a converter o penálti - mais um - e a tornar inevitável o prolongamento. Com o Benfica arrasado psicologicamente, marcámos mais dois nessa etapa suplementar. Fazendo jus por inteiro ao nosso lema: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. A anterior Taça de Portugal fora conquistada em 2019, com Marcel Keizer ao leme da equipa. Rui Borges conseguiu em seis meses um título que Ruben Amorim foi incapaz de ganhar em cinco épocas. E torna-se o primeiro treinador português do Sporting a vencer neste século a dobradinha. A anterior conquista teve como técnico o romeno Laszlo Bölöni, em 2002.

 

Gostei de Trincão, para mim o melhor em campo. Incompreendido por tantos adeptos, e alvo do injurioso sarcasmo dos letais durante toda a época, voltou a demonstrar como foi imprescindível nesta gloriosa caminhada rumo aos dois títulos supremos do futebol português. Jogador mais utilizado durante a temporada, com 4682 minutos de leão ao peito, esteve ontem envolvido em todos os nossos golos: é ele a isolar Gyökeres num soberbo passe de 30 metros, ultrapassando a débil resistência de Florentino no lance do penálti; foi ele a assistir no segundo, aos 98', com um belo passe em arco para a cabeça de Harder; e é ele quem fecha a contagem, aos 121', num túnel ao inepto António Silva e disparo perante o impotente Samuel Soares após o dinamarquês lhe ter retribuído a gentileza num passe cirúrgico. Lance de génio, golaço para ver e rever. Ilustra bem o que é este Sporting bicampeão de 2024/2025 na frente de ataque, temível para qualquer adversário: trio de luxo composto por Francisco Trincão, Conrad Harder e Viktor Gyökeres. Também gostei da estreia de David Moreira na equipa principal: o lateral esquerdo, de 21 anos, entrou aos 115', ainda a tempo de contribuir para anular Di María. Estreia de sonho.

 

Gostei pouco da primeira parte, que terminou empatada a zero. Consentimos demasiado domínio territorial à equipa adversária e quase não soubemos critar situações de perigo. Aí brilhou Rui Silva, confirmando aos últimos cépticos que foi um dos nossos melhores reforços da temporada. Sobretudo aos 20', negando o golo a Pavlidis num voo em que desviou a bola para o ferro. Intervenções decisivas também aos 81' e aos 90'+8, bloqueando remates de Belotti e Leandro. Gigante entre os postes, sem culpa no golo encarnado, aos 47', num eficaz remate de meia distância de Kokçu. 

 

Não gostei do desempenho de Pedro Gonçalves, que perdeu várias bolas e foi presa fácil para Otamendi: sem surpresa, saiu aos 75', dando lugar a Harder, que esteve num plano muito superior. Aliás Rui Borges derrotou o treinador rival, Bruno Lage, também nisto: o Sporting, ao contrário do Benfica, foi melhorando a cada substituição. Rendimento mais fraco revelaram também Eduardo Quaresma (substituído por Fresneda aos 83'), que perdeu um duelo aos 81' com Schjeldrup, e Debast (cedeu lugar a Morita aos 58'), que facilitou a tarefa ofensiva de Pavlidis aos 20'. Mas não gostei sobretudo de pressentir que esta 18.ª final da Taça de Portugal conquistada pelo Sporting era a última ocasião para todos vermos Gyökeres de verde-e-branco. Ainda está e já nos desperta saudades: é um dos nossos melhores goleadores de todos os tempos.

 

Não gostei nada daqueles canalhas que nas bancadas onde se concentrava a maioria dos adeptos benfiquistas desataram a imitar o criminoso som do very light, numa aparente glorificação do assassino que noutra final da Taça, naquele mesmo palco, em 1996, roubou a vida ao sportinguista Rui Mendes, de 36 anos. Esta escumalha já fez o mesmo vezes sem conta no pavilhão encarnado, quando o Sporting lá joga, perante a indiferença cúmplice dos responsáveis desse clube. Merecem bem a derrota que acabam de sofrer em campo. Merecem mil derrotas enquanto continuarem a comportar-se desta forma miserável

Porque falhou João Pereira?

Penso que ninguém no Sporting percebeu muito bem na altura porque falhou João Pereira de forma tão clamorosa como sucessor de Rúben Amorim.

Primeiro, porque era público e assumido que ele estava a ser preparado para sucessor. O próprio Rúben Amorim o tinha revelado, ainda há pouco tinha feito parte do plantel, era conhecido de quase todos e de certeza amigo de alguns.

Segundo, porque estava a replicar na equipa B com sucesso o mesmo modelo de jogo de Amorim, com algumas nuances é certo, de onde podiam sair como saíram novas caras para a equipa A.

Terceiro, porque estava motivado e era-lhe reconhecida aquela raça que podia fazer esquecer o Rúben, empolgar o plantel e conduzi-lo aos sucessos.

Tudo saiu ao contrário. A derrota pesada com o Arsenal minou-lhe a confiança, colou-se a ele e confundiu a equipa, tentou vencer com a sua cabeça e deixar a sua marca, as lesões sucederam-se e aconteceram duas derrotas seguidas que destruiram a vantagem adquirida na Liga. 

Logo a seguir, Frederico Varandas, na gala dos Stromps, deu o sinal de que o reinado do João Pereira estava por dias. O empate em Barcelos pôs ponto final na questão.

 

Nas recentes entrevistas, vários jogadores do Sporting vieram agora tentar responder à questão. Daniel Bragança terá sido o mais assertivo.

Disse ele:

«Com a saída do míster, as coisas começaram a abanar um bocadinho, perdemos dois jogos, andámos um bocadinho a desconfiar de nós, mas conseguimos aguentar o barco e seguimos em frente. A verdade é que as coisas começaram a melhorar outra vez e conseguimos ser campeões.»

Não me lembro de equipas que, a meio da época, fiquem sem treinador por as coisas estarem a correr muito bem. Às vezes, quando as coisas correm mal, vem outro treinador e tudo passa a correr melhor. Aqui foi diferente: o choque foi outro. Perdemos um treinador que estava há cinco épocas, que mudou a história e a vida do Sporting. Foi um choque para nós. Aceitámos e compreendemos.

Ficámos um bocado desemparados, sem saber bem o que estava a acontecer, com dúvidas sobre como seria sem ele. A verdade é que depois de tantas saídas importantes - o Seba (Coates), o Paulinho, o Adán, que eram capitães, o Neto também... - o grupo abanou um bocadinho. E Amorim, no início do ano, fazia o papel de treinador e de capitão. Nunca sentimos a falta disso até ele sair. Quando vai embora, o grupo abana, e tivemos de puxar mais por nós. Morten (Hjulmand) foi importante nisso. Acho que nem foi tanto por causa do João Pereira que as coisas começaram a correr mal, acho que o nosso psicológico abanou um bocadinho.

Lesões atrás de lesões, perante a vontade de contrariar os acontecimentos, também não foram ajuda.

Tudo começa a ser uma bola de neve. Mas a verdade é que, quando o míster Rui Borges chega, trouxe-nos a calma, serenidade e a confiança de que o grupo precisava naquele momento. Chegou na hora certa. Não teve uma vida fácil (...), conseguiu superar todas as dificuldades que teve ao cair aqui de chapa e tem muito mérito neste campeonato. Apareceu na altura certa, quando o grupo mais precisava, e as coisas correram muito bem porque ele fez muito bem o trabalho dele e tem muito mérito nesta conquista.»

 

Assim ficou tudo mais claro.

No fundo, Rui Borges foi o  "padastro" amigo e confidente que ajudou a equipa ultrapassar o abandono súbito do "pai", enquanto João Pereira foi apenas um "parente próximo" que apareceu para ajudar.

SL

A propósito de escumalha

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Desculpem os dois fiéis leitores que fazem o favor de ler o que por aqui vou escrevendo, mas o tempo não me tem deixado vir aqui prosar para "vocemecêses" e porque a tarefa a que me propus tem sido faraónica e até agora nada, nem sinal, nem uma imagem, nem sequer ao vivo vislumbrei uma alminha que me comentou imensas vezes com a garantia de que apareceria no Marquês com um colar de alheiras ao pescoço, não vos tenho dado a devida atenção. Tem sido um visionar de imagens que até já estou com os olhos trocados.

Bom, enquanto não encontro o amante dos emblemáticos enchidos de Mirandela, serve este para homenagear o, por ora, mais importante nativo daquela cidade transmontana, o nosso grande treinador Rui Borges, que espero encontrar um dia destes numa qualquer taberna, para degustarmos uma alheirazinha de caça e um tinto do bom. Para mal dos pecados de algumas enxofradas, que parece não apreciarem enchidos.

Domingo há mais!

Os idiotas preferiam este

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O Milan ainda orientado por Sérgio Conceição acaba de perder 1-3 com a Roma, ficando fora de qualquer competição europeia na próxima época. Desceu ao nono lugar.

Fiel à sua imagem de marca, Conceição foi expulso por protestar contra a arbitragem nesta partida decorrida na capital italiana.

Há poucos dias, tinha perdido a final da Taça de Itália. Derrotado pelo Bolonha, que não vencia este troféu há 51 anos.

Tomo nota disto e penso naqueles idiotas que há uns meses exgiam a Frederico Varandas que contratasse o ex-protegido de Pinto da Costa para treinar o Sporting em vez de fazer o que fez: firmar contrato com Rui Borges, o treinador campeão.

Chamar-lhes idiotas é dizer pouco...

Uma estrutura vencedora

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«O Sporting Clube de Portugal vive, sem margem para dúvidas, um dos períodos mais consistentes e vitoriosos da sua história recente.»

 

«Rui Borges conseguiu reinventar o colectivo, potenciando outros protagonistas e mantendo uma consistência competitiva notável. O capitão Hjulmand assumiu um papel central, não só como líder em campo mas também como elo de ligação entre a herança táctica do passado e a ambição renovada do presente.»

 

«Mesmo sem Ruben Amorim, o Sporting está à beira de provar que é uma estrutura vencedora, preparada para o presente e virada para o futuro. Com Rui Borges ou outra liderança, o caminho está traçado.»

 

Marco Caneira, no Expresso (9 de Maio)

O essencial

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Fala-se muito em "sistemas tácticos", naquela linguagem labiríntica à moda do Freitas Lobo, como se isto fosse física quântica. Mas não é. A popularidade do futebol deve-se, acima de tudo, à sua simplicidade. Quando alguma coisa não funciona, quase sempre foi porque alguém desatou a complicar o que é simples.

Rui Borges, que permanece invicto ao comando do Sporting em provas nacionais, captou o essencial quando chegou a Alvalade: a equipa gira em torno de Gyökeres e funciona tanto melhor quanto mais vezes ele for bem servido.

Tinha um esquema táctico na cabeça e rapidamente o pôs de lado pois não era o mais adequado para concretizar aquele desígnio: a equipa estava habituada a outras rotinas. Imperou o princípio da simplicidade. A eficácia prevaleceu.

Muitas vezes basta isto. Complicar para quê?

Quando um jogador erra, toda a equipa tem esse erro

Foi o que disse Rúben Amorim depois do empate ontem concedido pelo Man.United frente ao Lyon, com dois "frangos" de Onana.

Rui Borges disse outra coisa do Conrad Harder depois do empate concedido frente ao Sp. Braga num jogo em que o Trincão não passa a bola a Gyökeres completamente desmarcado, o Maxi esquece-se da marcação ao homem que faz o centro fatal, o Quaresma fica a olhar para a bola que vai no ar ignorando o adversário que importava bloquear, o Catamo passou o jogo a fugir do seu lugar em slaloms quase sempre inconsequentes, e ele mesmo, Rui Borges, não viu o evidente: Moutinho era o motor do adversário que importava fazer gripar.

 

Conrad Harder não é extremo nem nunca foi, mas o Sporting que eu saiba joga com extremos de origem em posições interiores.

Conrad Harder é um avançado-centro completamente compatível com Gyokeres, alternando movimentos e confundindo as defesas contrárias, com remate fácil e se calhar com melhor jogo aéreo do que o próprio Gyökeres. Foi fundamental na vitória em Braga.

Também Paulinho não era extremo e jogou com Gyökeres, Slimani com Paulinho, Manuel Fernandes com Jordão, Yazalde com Dé, etc, etc. 

 

No ano passado na Luz, a ganhar por 1-0 em inferioridade numérica quase no final do jogo, Rúben Amorim não mete um defesa: mete o Paulinho. Para defender mais à frente. Não correu bem, acabámos por perder o jogo em dois lances de inspiração individual de jogadores contrários. Mas ficou a ideia. 

Conrad Harder é aquele tipo de jogador que encaixa como uma luva nos valores do Sporting. Humilde, esforçado, jogador de equipa, galvanizador das bancadas. 

 

Mas muito mais do que aquilo que disse de Harder, a conferência de imprensa de Rui Borges foi marcada por uma inesperada desorientação e dificuldade do treinador de assumir e explicar o desaire aos Sportinguistas.

Ficou a ideia de que foi apanhado de surpresa num jogo que estava controlado, quando qualquer um que tenha estado como eu nas bancadas de Alvalade passava o tempo a olhar para o relógio a ver os ponteiros passar lentamente enquanto Moutinho ia correndo solto pelo campo fora.

Liderança é aquilo de que Rúben Amorim mais uma vez deu provas e não é de todo o que aconteceu com Rui Borges.

Vamos ver a conferência de imprensa dele de hoje na antevisão do jogo contra o Santa Clara, esperando que seja um voltar de página que permita encarar o resto do campeonato com a maior confiança. Neste momento estou bem mais preocupado com ele do que com o "estudante" Cláudio Pereira ou o idiota Malheiro.

SL

Empate com sabor a derrota na pior altura

Sporting, 1 - Braga, 1

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Gyökeres fez tudo para vencer: não merecia, de todo, o ponto perdido frente ao Braga

Foto: Lusa

 

Nenhum momento é bom para perder pontos. Mas este foi pior ainda: ocorreu quando precisávamos mesmo de vencer para mantermos a liderança no campeonato, prolongando uma proeza só interrompida por breves dias em Dezembro, quando o Benfica ocupou fugazmente o comando. 

Só uma vitória nos interessava. Estava perfeitamente ao nosso alcance, contra um Braga que havíamos vencido com brilhantismo na primeira volta, por 4-2 lá na pedreira. A mesma equipa que no campeonato anterior foi goleada em Alvalade por 5-0.

É certo que a turma orientada por Carlos Carvalhal, já em 2025, foi à Luz vencer o Benfica (1-2) e derrotou o FC Porto no seu terreno (1-0). Mas nada que devesse atemorizar os leões nessa noite de segunda-feira.

 

O jogo dificilmente poderia ter começado melhor.

Logo aos 3', numa das suas emocionantes arrancadas pelo lado esquerdo, Gyökeres conduziu a bola com o brilhantismo técnico a que nos habituou e disparou com excelente colocação, metendo-a lá dentro. Balde de água gelada: o golo foi anulado por alegada "deslocação"... de 30 milímetros. Atentado ao futebol de ataque, como sempre sustentei. Nenhuma "linha virtual" pode comprovar a existência dum fora-de-jogo milimétrico. É algo anti-científico: andam a vender-nos gato por lebre.

E atenção: isto tanto vale nos casos em que somos prejudicados (Pedro Gonçalves viu, em 2021, um golo ao Moreirense anulado por 20 milímetros!) como quando somos beneficiados (lembro o nosso desafio em Barcelos contra o Gil Vicente, para a Taça de Portugal, em que a equipa visitada viu o que seria o golo do empate invalidado por 30 milímetros).

Esta gente anda a assassinar o futebol de ataque.

Esta gente, que desatou a aplicar regras absurdas, anda a dar cabo do futebol. 

 

Voltemos ao Sporting-Braga, ocorrido há três dias. A anulação do que deveria ser golo limpo não desmoralizou o avançado sueco, novamente melhor leão em campo. Aos 15', Viktor marcou mesmo - e dando espectáculo, de livre directo, levando a bola rasteira a um ângulo de acesso impossível ao guarda-redes Horníček. Soou um clamor de alegria nas bancadas: dir-se-ia que estava aberto o caminho a goleada.

Mas as aparências iludem. É certo que o Sporting dominou toda a meia hora inicial do jogo, com Geny e Quenda tomando conta das alas em missão ofensiva, mas o talento do guardião checo dos braguistas (que não me importaria de ver um dia no Sporting) impediu que a nossa maré ofensiva se traduzisse em novos golos. Ainda na primeira parte, travou novo remate perigoso de Gyökeres (37'). Impedindo-o de apontar o 45.º golo da temporada.

Já no segundo tempo, manteve a baliza incólume perante uma investida de Quenda (58').

 

Ao intervalo, vantagem tangencial.

Precisávamos de voltar do descanso com ímpeto de campeões para impedir o Benfica de se isolar no topo. Infelizmente, sucedeu ao contrário: recuámos linhas, deixámos o Braga tomar conta do meio-campo (onde só tínhamos "um e meio", Morten sem o devido apoio de Debast) e fomos abrindo uma avenida no flanco direito da turma minhota. Matheus Reis era constantemente atraído para posições interiores deixando a ala livre e Gonçalo Inácio revelava-se demasiado hesitante nas dobras. 

Estava escrito que viria dali má surpresa.

Assim aconteceu, na única verdadeira oportunidade de que o Braga dispôs em todo o jogo. Zalazar cruzou à vontade daquele corredor e centrou para a área, onde havia dois colegas: Diomande marcou um, Eduardo Quaresma esqueceu-se de anular o outro - precisamente o que estabeleceu o empate. Um miúdo de 18 anos, em estreia absoluta como artilheiro na Liga 1. Miúdo com nome de craque: Afonso Patrão. Tornou-se ele o herói do jogo - ao dar o empate, um ponto e um lugar no pódio ao Braga. 

 

Aconteceu aos 88'. Quase todos receávamos o que iria acontecer, tanta era a passividade dos nossos jogadores. Que pareciam ter recebido ordem do técnico para "segurar a vantagem mínima", reter a bola, pausar jogo, tentar adormecer o adversário. Com Viktor Gyökeres na frente sem ser servido e Trincão a trocar remates por passes a Horníček. 

Rui Borges só tinha mexido uma vez na equipa, trocando Geny por Maxi Araújo e Debast por Felicíssimo. Já com o desafio empatado, ainda se atreveu a nova mudança: saiu Matheus Reis, entrou Harder. Mas era já tarde para inverter a marcha do resultado

Vários jogadores pareciam cansados - mesmo assim ficaram duas substituições por fazer. Das duas uma: ou o treinador não acredita em vários elementos do plantel ou reage muito ao retardador. Até que o provável se torna impossível.

Desta vez o Benfica só pode agradecer.

 

Breve análise dos jogadores:

 

Rui Silva (5) - Boa defesa a remate de Zalazar (42'). No golo sofrido aos 88' nada pôde fazer.

Eduardo Quaresma (4). Lapso grave ao deixar o jovem Afonso Patrão livre para marcar o golo.

Diomande (5) - Não comanda como Coates, mas cumpriu no essencial. À frente, não fez a diferença.

Gonçalo Inácio (4) - Regressou ao onze titular longe dos seus melhores dias. Deixou Zalazar cruzar para golo.

Geny (5) - Demasiado intermitente. Momentos de rasgo alternando com falta de envolvimento colectivo. 

Morten (6) - Protagonizou boas recuperações (11', 30', 67'). Mas foi mal auxiliado: não podia fazer tudo.

Debast (4) - Passivo, muito posicional. Deixou claro que é um central adaptado, ainda sem rotinas de médio.

Matheus Reis (5) - Titular em vez de Maxi para dar consistência defensiva à ala esquerda. Resultou até aos 88'.

Trincão (4) - Esbanjou duas oportunidades de golo, aos 74' e aos 83'. Notória falta de confiança na finalização.

Quenda (6) - Imperou na faixa direita, onde o Braga não criou perigo. Quase marcou (58'). Serviu Trincão aos 74'.

Gyökeres (7) - Marcou dois: o primeiro foi anulado por 3 cm. Horníček impediu novo golo dele, aos 37'.

Felicíssimo (4) - Rendeu Debast aos 73'. Sem melhorar o meio-campo. Estático, intranquilo.

Maxi Araújo (4) - Substituiu Geny aos 73'. Falhou oportunidade de marcar no minuto seguinte.

Harder (5) - Rendeu Matheus Reis aos 90'. Entrou demasiado tarde. Mas ainda fez expulsar Moutinho.

Isto não se faz

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«Nos últimos jogos em que o Harder entrou, deu pouco ou nada à equipa. Não segurou bolas... muito trapalhão... quis entrar muitas vezes no um-para-um... Porque ele não joga naquela posição (extremo). Nós acreditamos muito nele, acreditamos que a energia dele às vezes é boa, mas especificamente neste jogo precisávamos de gente para segurar mais o jogo, para ficar com a bola, para pausar o jogo...»

 

Palavras do treinador do Sporting, na noite de segunda-feira. Lamentáveis, por vários motivos. Transformando Conrad Harder, injustamente, no bode-expiatório do empate leonino contra o Braga que nos fez perder o comando do campeonato. 

O jovem atacante dinamarquês - que fazia 20 anos naquele dia - não merecia ter ouvido isto. Ele não é um Viktor Gyökeres, seguramente. Mas é o segundo melhor artilheiro da equipa. E não pode ser apontado como responsável por desaires - muito menos contra a equipa minhota, pois foi precisamente ele, ao bisar em Braga, que nos garantiu os três pontos. Ainda com Ruben Amorim ao leme da equipa.

Mas não só por isto.

Como é que o técnico lhe aponta agora o dedo se praticamente não lhe tem concedido oportunidades? Contra o Estrela da Amadora, Harder entrou só aos 84'. Contra o Rio Ave, aos 78'. Anteontem na nossa recepção ao Braga, só saltou do banco ao minuto 90 - já em desespero, quando a equipa adversária tinha acabado de empatar e a última coisa de que precisávamos era de alguém que «segurasse a bola e pautasse o jogo».

 

Conrad Harder tentou, nos escassos seis minutos que Rui Borges lhe concedeu. E, sim, arriscou no um-para-um. Fez bem: sem isso, João Moutinho - um dos melhores do Braga - não teria sido expulso ao ver o segundo amarelo. Infelizmente aconteceu já aos 90'+4, faltava quase nada para o apito final. 

Repito: o jovem avançado, com dez golos e cinco assistências em 1251 minutos no Sporting, não merecia ter ouvido tão duras palavras após uma partida em que o Sporting só pode queixar-se de si próprio. Começando pela incapacidade do treinador em delinear as soluções necessárias para conquistar os três pontos. 

Com franqueza, Rui Borges: isto não se faz.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Não gostei

 

Deste empate com o Braga em casa. Não é derrota, mas parece. Contra uma equipa que tínhamos goleado por 5-0 nos três anos anteriores. Empate (1-1) consentido aos 88', na única verdadeira oportunidade de golo dos visitantes. Um duche de água gelada para os 45 mil adeptos no estádio - e para centenas de milhares de sportinguistas que acompanharam o desafio pela televisão. Sem que a turma braguista tenha actuado melhor do que na visita à Luz, no início do ano, quando venceu o Benfica por 2-1.

 

De Trincão. Péssima exibição do avançado minhoto, que pareceu tremer defronte da baliza adversária. Mais facilmente o víamos fazer dobras no sector recuado, como se fosse essa a sua missão, do que na zona onde devia fazer a diferença. Pareceu despertar só no quarto de hora final, mas mesmo aí foi acumulando más decisões. Nem marcava nem libertava a bola para colegas em melhor posição. Aos 74', isolado, acabou por fazer um passe ao guarda-redes. Exasperando as bancadas - e com razão.

 

De Debast. Ontem percebeu-se sem margem para dúvida que é um central adaptado a médio. Habituado a posicionar-se de frente para o jogo, revelou muita dificuldade em receber a bola vinda de trás. Lento a tomar decisões, preso de movimentos, incapaz de municiar o fluxo atacante, deixou muitas vezes Morten isolado nos decisivos duelos do corredor central.

 

Da nossa defesa. Imperdoável desconcentração do nosso bloco mais recuado, que falhou por completo no lance do golo bracarense, marcado por um miúdo que nunca tinha facturado na equipa A. Maxi Araújo, que parecia já cansado apesar de ter entrado pouco antes, abriu uma avenida na ala direita do Braga. Gonçalo Inácio concedeu espaço e tempo a Zalazar para centrar com calma e precisão a partir dali. Diomande não comandou as operações como devia. E Eduardo Quaresma falha por completo a abordagem ao lance, deixando o jovem artilheiro (Afonso Patrão, 18 anos) cabecear à vontade. Foi ele o improvável herói do jogo.

 

Do golo anulado a Gyökeres. Logo aos 3', coroando uma impressionante arrancada do craque sueco - novamente o melhor Leão em campo. O golo acabou anulado pelo árbitro Luís Godinho, seguindo intervenção do VAR Bruno Esteves. Por alegada "deslocação" de 3 centímetros! Uma vez mais protesto: estas decisões, visem a equipa que visarem, constituem um atentado ao futebol. 

 

Do treinador. Inexplicável, a apatia de Rui Borges, que assistiu sem reacção ao recuo das nossas linhas depois de uma péssima entrada do Sporting na segunda parte, com o Braga a mandar no meio-campo depois de o treinador adversário, Carlos Carvalhal, ter desviado Ricardo Horta da ala para o centro, desequilibrando as forças. Num jogo que precisávamos em absoluto de vencer, o técnico leonino pareceu apostado sobretudo em defender o precário 1-0, abdicando das trocas que se impunham para conferir dinâmica ofensiva à equipa. Tinha tudo para correr mal - e correu.

 

Da exclusão de Harder. Rui Borges ainda estava então em Guimarães, mas não pode ignorar este facto: devemos ao dinamarquês - que ontem festejou o 20.º aniversário - a vitória contra o Braga, por 4-2, ao bisar na emocionante partida da primeira volta. Em vez de ser recompensado, o jovem atacante pareceu ter ficado agora de castigo o tempo quase todo. Foi já em desespero que o técnico o mandou saltar do banco ao minuto 90 - apenas com os seis de prolongamento para mostrar o que vale. Mesmo assim, ainda conseguiu fazer expulsar João Moutinho, facto raríssimo na carreira do antigo capitão do Sporting, agora com 38 anos.

 

Da escumalha das claques. Decorria o minuto 79, o Sporting protagonizava um rápido lance ofensivo visando a baliza do Braga, quando da Curva Sul começam a ser lançadas tochas para o relvado, forçando o árbitro a interromper o jogo. O fumo demorou vários minutos a dissipar-se, a jogada de ataque perdeu-se. São assim estes energúmenos: letais ao Sporting. Vão tornando o Estádio José Alvalade infrequentável.

 

De ver o Sporting relegado para o segundo posto a seis jornadas do fim. O sonho não morreu, mas fica agora mais distante. O sonho de conquistarmos o bicampeonato que nos foge há 73 anos. Após a goleada imposta pelo Benfica no Dragão, dependemos só de nós para celebrar o título. Antes desta jornada, poderíamos ir à Luz, na penúltima ronda da Liga 2024/2025, e sair de lá com um empate. Agora, com menos dois pontos do que os encarnados, não nos resta alternativa: temos mesmo de vencer. Não exigimos menos do que isto aos jogadores e à equipa técnica.

 

 
 

Gostei

 

De Gyökeres. Ele, mais do que ninguém, merecia ter saído de Alvalade com os três pontos. Fez por isso. Foi dele o nosso golo solitário, apontado com inegável classe de livre directo, castigando um derrube de Geny à margem das regras. Teve outra soberba oportunidade de marcar, aos 37', de ângulo apertado: só uma grande intervenção do guardião checo Horníček, melhor em campo, impediu a bola de rumar às redes. Sexto jogo seguido do campeonato a marcar, 31.º golo dele neste campeonato. Ainda está connosco e já figura para sempre no Quadro de Honra do Sporting.

 

De Quenda. Jogando encostado à linha direita, precisamente onde mais rende, foi incansável a subir e a descer o corredor. Não por acaso, o Braga não criou dali qualquer lance de perigo. Rematou com força para golo, aos 58': só Horníček o impediu. Aos 74', serviu Trincão de bandeja: infelizmente a cabeça do colega parecia não estar lá. Nem a cabeça nem o pé.

 

Da meia-hora inicial. Domínio claro do Sporting neste período, em que marcámos dois - mas só um valeu. Antes do adormecimento que viria a ser fatal para as aspirações da nossa equipa.

Da estaleca

O futebolês é curto para aqui carpir a imensa mágoa que a filial minhota do SLB me impôs ontem em nossa casa. Para desabafar as frustrações causadas pelo desgraçado jogo contra o Braga só serve a língua portuguesa e dela, sobretudo, a palavra estaleca. 

|lé|
(es·ta·le·ca)

nome feminino

1. Energia ou capacidade para determinada actividade (ex.: a função exige muita estaleca profissionalele tem estaleca 
suficiente para aguentar a pressão). = ÂNIMODISPOSIÇÃOVIGOR.
 
À definição retirada do dicionário, acrescento eu: tudo aquilo que nos faltou na segunda parte do jogo de ontem.  A nós, os jogadores que vestiram a nossa camisola e, acima de todos, a Rui Borges.
 
É imperdoável permitir que o adversário tome conta do jogo como o Braga tomou nos segundos 45 minutos. É intolerável a passividade do nosso treinador para contrariar o ascendente do adversário, como aconteceu. Os de Braga jogam bem à bola e gostam de a ter, crescem no jogo quando estão em posse e nós, vejam bem!, tão generosa e altruisticamente - talvez para fazer jus à máxima de que somos um clube diferente nos valores-proporcionámos isso mesmo, estendemos, relvado fora, uma enorme passadeira vermelha (que foi de Alvalade até à Sé de Braga, passando por Carnide e pelo enorme cesto das molas que por lá há). 
 
Rui Borges esteve mal durante o jogo e muito mal na conferência de imprensa.
 
Primeiro porque viu um jogo que mais ninguém viu. Entre outras pérolas de desajuste com a realidade afirmou que a partida esteve sempre controlada. E segundo porque atacou os jogadores. De Harder, quando questionado porque colocou tão tarde o dinamarquês (entrou aos 89 minutos), partilhou que o avançado é "trapalhão" e "não acrescenta nada aos jogos". Não se diz! Não se faz! Sobre o meio-campo queixou-se da falta de Pedro Gonçalves e de Morita "jogadores que sabem tratar a bola", "que sabem contemporizar o jogo" e "acelerá-lo". São desculpas de mau pagador e uma constragedora falta de humildade por parte de Borges. Há quantas jornadas não temos Pedro Gonçalves? E Morita que mais parece um interruptor? 
 
Jogos como o de ontem, infelizmente, já nos tiraram pontos de mais. Jogos que começámos a ganhar, para depois adormecermos até ao nível do ronco fundo, só interrompido no momento em que perdemos o controlo das operações. E tudo isto revestido de refinada ironia já que quando a tragédia acontece o que a equipa busca (por opções tácticas e estratégicas) é apenas e só controlar e gerir o resultado. Matar o jogo, ganhar categoricamente, ser dominador e controlador ao longo dos 90 minutos conta-se, talvez, pelos dedos de uma mão (e a de Lula da Silva).
 
Já aqui escrevi que Rui Borges pensa como se estivesse ainda num clube pequeno. O jogo de ontem comprova-o. 
 
A equipa, os jogadores, nunca tive nem tenho dúvida que tenha estaleca para conquistar o campeonato (a maioria já o fez, é inclusive campeã em título), mas de Rui Borges começam a ser muitos os jogos que me fazem duvidar da estaleca de ganhador.  
 
Posto isto, para cima deles, todos. Temos seis finais para ganhar. Ganhar. Ganhar rumo ao bicampeonato. 
 

Rui Borges, o pragmático

Rúben Amorim foi de longe o melhor treinador do Sporting dos últimos 50 anos, transformou o seu futebol, ganhou dois títulos nacionais em quatro épocas, além doutros, e este ano estava em óptimas condições de ganhar o terceiro.

De Rúben Amorim, que defino como visionário, muito lamentamos a saída extemporânea, mas agradecemos todas as conquistas e recordamos a visão clara do caminho a seguir para o sucesso, a obsessão pela perfeição, o espírito de equipa, a capacidade de decisão nas maiores dificuldades, a sua enorme capacidade de comunicação. 

Depois duma aposta falhada em João Pereira, veio Rui Borges do V. Guimarães, e são já 16 jogos, com 7V 6E 3D, sendo as três derrotas uma no desempate por penáltis na final da Taça da Liga com o Benfica, e duas em jogos fora da Champions League (Leipzig, Dortmund), vitórias na Liga com Benfica e Porto, com o Porto na Taça de Liga. O saldo de golos está em 26-18, bem longe dos números de Amorim.

Rui Borges apanhou um bólide em alta velocidade a soluçar e perder peças, e não tem sido nada fácil mantê-lo em pista rumo à vitória final. Nunca contou com Pedro Gonçalves, teve de gerir o físico de Gyökeres, deixou de contar para o resto da temporada com Daniel Bragança e João Simões, muitas lesões aconteceram num calendário muito intenso que cortaram o ritmo de muitos e impediram o consolidar dum onze.

O primeiro elogio que posso fazer a Rui Borges é que percebeu o que o esperava e soube muito bem atacar os problemas existentes, conjugando um novo sistema táctico 4-4-2 com o respeito pelos grandes princípios do modelo de jogo treinado por Amorim, recolocando os jogadores nas suas zonas de conforto e dando-lhes todo o protagonismo nos pequenos sucessos que foram acontecendo.

 

Sempre entendi que um bom treinador não é apenas aquele que ganha mas é também aquele que pela sua capacidade de liderança projecta os jogadores de que dispõe para outros patamares de rendimento. Fresneda e Debast são dois casos de subida tremenda de rendimento sob o comando de Rui Borges, com Maxi, Quenda e João Simões logo a seguir. E os maiores craques do plantel (Diomande, Hjulmand e Gyökeres) não estão piores do que antes. Esgaio acaba de fazer o melhor jogo de que me lembro dele no Sporting.

Um bom treinador é também alguém comprometido com o clube, cuja escolha de jogadores vai bem além do curto prazo, mas obedece a um perfil e um projecto. Rui Silva e Biel vão nesse sentido, vêm preencher espaços vazios no plantel e não existem na B jogadores com esse perfil/maturidade, nos jovens tem promovido a rotatividade de oportunidades para os conhecer a todos. Falta saber que reforços vamos ter para o próximo ano e que repescagem vai fazer dos emprestados.

Tendo quase sempre a equipa entrado bem em campo e dominado as primeiras partes dos jogos, o ponto fraco de Rui Borges tem sido a demora a reagir quando a equipa começa a derrapar pelo cansaço ou pela força do adversário, ou porque não consegue antecipar os problemas, ou porque o banco não lhe dá garantias de mudança para melhor. Jogadores que sofreram amarelos duvidosos acabaram por ser expulsos, jogadores que entraram comprometeram a equipa.

No que respeita a bolas paradas, defensivas e atacantes, não tendo feito as contas, não me parece que a situação actual seja pior do que a que existia com Amorim, digamos que seja idêntica e pode bem melhorar.

No que respeita à Comunicação, ainda se nota imenso a falta de Amorim. O Sporting está a falar por várias vozes, o que se diz no balneário salta para os jornais, as lesões não são explicadas, existem jogadores que desmentem boatos. Amorim sozinho dava conta do recado. Rui Borges não tem essas valências, muita falta faz um novo Octávio Machado na estrutura.

 

Resumindo, Rui Borges é o pragmático que sucedeu ao visionário. Prático, objectivo, sensato, funciona por tentativa e erro. Não tem médios para o 4-4-2? Vai em 3-4-3 e "siga a marinha". 

Isso pode dar a ideia, aqui e ali, de falta de convicções, de vistas curtas, de falta do "golpe de asa" que define os  treinadores de topo.

Mas se calhar é o treinador certo no momento certo para conduzir o Sporting ao sucesso esta época.

E se com todos os problemas que tivemos a época acaba por correr bem?

Eu confio em Rui Borges!

SL

Jogar à equipa pequena

Inadmissível o padrão táctico e estratégico que temos seguido jogo atrás de jogo.  Rui Borges, vezes de mais, tem mentalidade de equipa pequena. 

Para quê entrar na segunda parte a defender o resultado?!?!? Isso acontecia ou teria de acontecer (consoante os prismas) no Mirandela, no Académco de Viseu, no Académico de Coimbra, no Vilafranquense ou no Mafra, por onde Borges passou. Passou! Repito. Passado. Tem de ficar no passado.

No presente, Rui Borges lidera o campeão nacional, líder da época 2024/2025, e com tudo para ser bicampeão. Esse espírito urge que o treinador o tenha.

Equipa grande mata o jogo até matá-lo. 2 - 0 é sempre um resultado em aberto. É proibitivo defendê-lo!

Muito frustrante para nós e com certeza para os jogadores. Dois pontos para o galheiro porque, mais uma vez, não fizemos jogo de campeão. 

O dia seguinte

Custa muito perder assim dois pontos. Foram muitos e muitos anos a ver jogos como este, em que ao intervalo estava ganho, mas que uma sucessão decisões arbitrais infelizes, erros próprios, golos improváveis dos adversários, ditam a perda de pontos, senão a derrota.

Outra primeira parte de grande qualidade, com a equipa num 3-4-3 "Amorim" em que Quenda era a peça móvel que possibilitava as maiorias nos diferentes espaços, a equipa pressionava alto, atacava em combinações bem conseguidas pelas alas, Gyökeres sempre muito apoiado, o 2-0 era curto para o domínio do jogo registado. O segundo golo resulta duma grande jogada colectiva, digna do melhor Sporting dos últimos anos.

 

A segunda parte começa estranhamente com a defesa alterada em todas as posições, de Quaresma-Diomande-Inácio para Diomande-Inácio-Matheus Reis. Isso foi determinante para o que se passou a seguir. Com o adversário a fazer pela vida, carregando no acelerador e provocando o contacto, a equipa foi baixando linhas, os alas passaram a ser defesas laterais,  deixando Gyökeres e Trincão bem longe lá na frente.

Mesmo assim, normalmente isso seria suficiente para conquistar os três pontos.

Se não fosse... o Diomande insistir em usar os braços de forma que os adversários podem aproveitar para simular agressões, e sofrermos um golo de penálti escusado. Borges não o ter substituido de imediato pelo perigo de acontecer o que aconteceu a seguir, ou pelo menos o ter mantido a defesa direito na linha de três muito mais propenso ao choque do que na posição central. Depois, com o jogo a ferver, ter mandado para o terreno dois jogadores pouco utilizados, Esgaio e o Felicissimo, que nada acrescentaram. Este último, que eu muito aprecio, entrou pilha de nervos e falha o alívio, o adversário ataca e surge o canto fatal. Depois... o golo improvável, se tentar aquilo dez vezes, acerta na bancada em nove.

 

O desgaste da Champions está a fazer-se sentir, no corpo e na cabeça, os jovens e muito jovens predominam, e faltam experiência e voz de comando dentro do campo. Com o decorrer do jogo, cada um vai ficando mais preso ao seu lugar de conforto, e cada vez menos a equipa tem capacidade para controlar a partida. Os choques vão acontecendo e as faltas também perto da nossa área, cantos contra também, lances sempre perigosos em que tudo pode acontecer como aconteceu hoje.

Agora pouco há a fazer do que ganhar os dois jogos da próxima semana, e entrar numa nova fase da temporada menos intensa, com mais tempo para recuperar e treinar.

 

Melhor em campo? No tempo todo talvez Quenda. Na primeira parte todos estiveram num plano elevado.

Arbitragem? O VAR morcão Manuel Oliveira esteve em grande, até conseguiu fazer expulsar um jogador chamando o árbitro a ver aquilo que ele não viu e que não aceitou que existisse.

E agora? Recuperar, focalizar e ganhar. Conviria recuperar a figura do assessor de arbitragem, porque o plantel tem de estar informado e precavido não só sobre as regras do futebol mas também sobre as "modas" da APAF. Não podem os jogadores dar o flanco da maneira que Diomande fez hoje ou o que Hjulmand fez contra o Arouca.

SL

Toda a solidariedade com Rui Borges

Aos anos que ando nisto e nunca vi um treinador do Sporting passar por aquilo que Rui Borges está a sofrer.

Pegar numa equipa que no período de um mês passou de relógio afinado a calhambeque desconjuntado e reerguê-la.

Não ter tempo para treinar devido a uma sucessão vertiginosa de jogos.

Começar um jogo com oito - 8! - jogadores lesionados, entre os quais TODO o meio-campo, e mesmo assim armar uma equipa competitiva.

Ter entre os selecionados um autêntico matacão como Diomande que devia ter aprendido a lição no dia 18 de Janeiro de 2024, mas só tem piorado.

Ter de contar com essa fraude que é Trincão. Sim, teve uma intervenção decisiva no primeiro golo do Sporting, mas só um cego ou um alienado é que não vê, ou não quer ver, que isso não isso iliba as dezenas de passes falhados, as sucessivas corridinhas inconsequentes até perder a bola, aquela atitude diletante de quem está à espera que o jogo venha ter com ele, sem coragem para pegar nele. Ou é vedetismo ou, pior, debilidade mental, falta de nervo.

Se o Sporting for campeão este ano, possibilidade que parece remota neste quadro deplorável, será um milagre. E esse milagre terá um nome: Rui Borges.

{ Blogue fundado em 2012. }

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