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És a nossa Fé!

2024 em balanço (10)

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FRASE DO ANO:

"QUANDO FALTAR INSPIRAÇÃO, QUE NÃO FALTE ATITUDE"

Rui Borges deu-se a conhecer aos adeptos, no dia da sua apresentação como treinador leonino, com esta frase que de imediato se transformou numa espécie de lema da actual equipa técnica. E promete tornar-se tão popular, entre os sportinguistas, como aquele mote «Para onde vai um, vão todos» que Ruben Amorim lançou em Dezembro de 2020, quando motivava os seus jogadores para a conquista do primeiro campeonato.

Funcionou com Ruben e não custa apostar que esta funcionará também para o ciclo agora iniciado pelo ex-técnico do V. Guimarães. Outra maneira de dizer algo que emana da antiga sabedoria popular e é muito útil no futebol: fazer das fraquezas força.

Foi uma excelente forma de Rui Borges se estrear ao comando da nossa equipa principal de futebol. Falando claro, de modo compreensível, em tom tranquilo, sem evitar questões incómodas. Sabendo em simultâneo captar as simpatias dos adeptos e mobilizar um balneário que estava desmoralizado quando ele chegou.

É com ele que o Sporting acaba de chegar ao final da primeira volta como líder isolado do campeonato. Até ao momento sem derrotas em quatro jogos ao leme leonino após termos enfrentado com sucesso Benfica (duas vezes), FC Porto e o Vitória que ele anteriormente treinou.

Amorim comunicava bem. Borges, num estilo muito próprio, não lhe fica atrás - como esta frase comprova. Ou muito me engano ou já está afixada na Academia de Alcochete.

 

Frase do ano em 2013: «O Sporting é nosso outra vez»

Frase do ano em 2014: «Estamos em casa»

Frase do ano em 2015: «Temos de acordar o Leão adormecido»

Frase do ano em 2016: «Pelo teu amor eu sou doente»

Frase do ano em 2017«Feito de Sporting»

Frase do ano em 2018: «Foi chato»

Frase do ano em 2019: «Um clube de malucos»

Frase do ano em 2020: «Para onde vai um vão todos»

Frase do ano em 2021: «É ir jogo a jogo»

Frase do ano em 2022: «Um país sem valores é um país sem futuro»

Frase do ano em 2023: «GYÖKEEEEERES!»

Seguir em frente

Rui Borges mantém-se invicto ao comando da equipa de futebol profissional do Sporting. Mesmo tendo disputado até agora três dos seus quatro jogos enquanto treinador leonino contra os nossos dois históricos rivais. 

Esta noite aconteceu mais um: a final da Taça da Liga, tendo o Benfica como adversário. A partida chegou ao fim empatada 1-1 - resultado construído ao intervalo, com golos de Schjelderup (29') e Gyökeres (43').

Final muito intensa, com emotivos duelos em várias zonas do terreno e o resultado em aberto até ao último lance. O empate acabou por desfazer-se só após 13 pontapés de grande penalidade: acabámos por perder 7-6. Com um jogador a fazer a diferença, pela negativa: Trincão rematou sem força, permitindo a defesa de Trubin. Ao contrário do que tinham feito Gyökeres, Morten, Harder, Maxi Araújo, Debast e Quenda.

Entregue o título, concentremo-nos nas competições que ainda disputamos. Sobretudo na Liga: mantemos intactas as aspirações à conquista do bicampeonato.

Com Rui Borges ao leme, claro. Após esta final, tenho confiança reforçada no nosso treinador - e a certeza de que a esmagdora maioria dos adeptos pensa como eu.

Vamos lá então seguir em frente.

Quente & frio

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Parceria Quenda-Gyökeres está a funcionar: três golos em dois jogos seguidos

 

Gostei muito de Quenda, para mim o melhor de ontem, na meia-final da Taça da Liga contra o FC Porto que disputámos em Leiria. Confirma-se a sua vocação para estar no sítio certo à hora certa, e a sua colaboração bem-sucedida com Gyökeres. Ontem fez a terceira assistência em dois jogos consecutivos para o internacional sueco, no golo que nos valeu o acesso à final desta prova - a primeira final da carreira de Rui Borges. Aos 41' já tinha sido ele a municiar o ponta-de-lança para um forte remate cruzado que passou quase a roçar o poste esquerdo da baliza portista. E ainda foi dele um disparo fulminante que forçou Cláudio Ramos à defesa da noite, aos 45'+1. Sem a intervenção do guarda-redes portista teríamos saído para o intervalo já a vencer 1-0 - que acabou por ser o resultado final. Também gostei muito de ver Viktor manter a impressionante regularidade como artilheiro: foi dele o golo da vitória, aos 56', concluindo da melhor maneira um bom lance colectivo do Sporting. Quarto golo dele nestes escassos dias já decorridos de 2025 e o 31.º da temporada em curso. Um craque.

 

Gostei dos desempenhos de Fresneda (surpreendente escolha de Rui Borges como lateral direito no onze titular) e Maxi Araújo (primeiro como médio-ala e a partir do minuto 14 adaptado a lateral esquerdo). Fizeram ambos as melhores exibições que lhes vi de leão ao peito. O espanhol, que estará de saída, valorizou-se contra o FCP: adaptou-se muito bem à defesa a quatro, enfrentando com êxito Mora e Galeno, tendo também participado no processo ofensivo, com passes a queimar linhas - notável uma abertura para Gyökeres aos 45'. O uruguaio opôs-se sem temor a Martim Fernandes e envolveu-se bem na dinâmica colectiva, mesmo quando foi forçado a recuar devido à lesão de Matheus Reis. É de elementar justiça realçar também a actuação de Morita: enquanto teve fôlego (saiu aos 70') funcionou como pivô do meio-campo, acorrendo às dobras nos corredores laterais e colocando a bola sempre com precisão, rigor táctico e notável visão de jogo. É dele a recuperação que inicia o golo leonino.

 

Gostei pouco de ver alguns adeptos ainda cépticos quanto ao mérito de Rui Borges. Em três jogos, dois deles clássicos, levou de vencida Benfica e FC Porto: dificilmente haveria teste mais difícil para um novo treinador. E ainda foi empatar a Guimarães, onde tínhamos perdido no campeonato anterior. Tem um discurso sereno, pausado e claro. Atribui sempre o mérito aos jogadores, como compete a um técnico inteligente. Recuperou a alegria de jogar da equipa, que andou mais de um mês em parte incerta. Impôs a sua ideia de jogo, diferente da que vigorava com Ruben Amorim, e está a conseguir pô-la em prática com sucesso. Isso ficou bem visível na superioridade do Sporting em campo contra o FCP: mesmo quando concedemos a iniciativa ao adversário, tivemos a partida sempre controlada, nunca nos desorganizámos.

 

Não gostei da fraca réplica do FC Porto, num dos desempenhos mais fracos da temporada. Nenhum dos seus jogadores fez a diferença excepto Cláudio Ramos naquela defesa impossível ao tiro de Quenda, mesmo ao terminar a primeira parte. Em contrapartida, Israel quase não se viu forçado a intervir: a primeira defesa digna desse nome do nosso guarda-redes ocorreu só aos 90'+1, parando um remate rasteiro, sem grande perigo. No duelo dos goleadores, Gyökeres impôs-se a Samu: o avançado espanhol, sempre bem vigiado por Diomande, só apareceu no jogo para um remate que passou muito por cima da nossa baliza. Não por acaso, esta foi a segunda derrota consecutiva da turma ainda orientada por Vítor Bruno frente ao Sporting na temporada 2024/2025: há nove anos que não acontecia. E a quarta derrota que impusemos aos portistas noutras tantas meias-finais da Taça da Liga: costumam ter pouca sorte contra nós.

 

Não gostei nada da inesperada lesão muscular de Matheus Reis, que ficou impossibilitado de jogar logo aos 13', saindo no minuto seguinte. Outra baixa numa equipa que tem sofrido várias - incluindo algumas de longa duração, como as de Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Daniel Bragança. Também Morita já esteve de baixa clínica e ainda não recuperou a cem por cento. Felizmente Gonçalo Inácio está de volta: ontem voltou a sentar-se no banco, podendo calçar na final de sábado - contra o Benfica ou o Braga, que irão defrontar-se esta noite. Enquanto começa a ser preocupante a condição física de Trincão e Morten, muito apagados nesta meia-final: já acusam notório cansaço por serem dois dos mais utilizados desde o início da época.

O dia seguinte

Foi um jogo entre uma equipa cansada e uma equipa medíocre. Ganhou a equipa cansada.

Por estar mesmo cansada, a equipa do Sporting entrou em campo para baixar o ritmo do jogo, de forma a ter recursos na 2.ª parte para resolver a partida. E foi isso mesmo que fez. A equipa do Porto apostou todas as fichas na genialidade do Mora, esta geração sub-campeã europeia de Quenda, J. Simões, Mora e outros é mesmo excelente, e foi apenas ele que criou perigo. O resto são Eustáquios, herdeiros dum Paulinhos Santos mas noutro tempo, que batem quanto baste, de acordo com uma arbitragem que tentou ajudar quanto baste também. Sem dar muito nas vistas.

Não houve muito futebol para comentar. Houve mais uma meia-final para ganhar, o Sporting ganhou e está na final.

Equipa concentrada e competente, com muito menos erros do que nos últimos dois jogos. Fresneda renascido. Ninguém fez um grande jogo, mas foram uma verdadeira equipa.

Isto é mérito de Rui Borges: soube analisar, soube perceber, soube comandar, soube ganhar. Temos homem? Parece que sim.

Melhor em campo? Fresneda. Grande jogo no lugar que sempre reclamou para si.

Arbitragem? Assim nem rouba nem deixa de ser um ladrão. Um pobre coitado.

E agora? Ganhar a Taça da Liga, porque não? Mas tivemos mais um lesionado que vai fazer muita falta.

 

PS: Pensamento do dia, dum blogue dragão: "Eu fico mesmo obtuso dos cornos e dos tomates como é que AVB tem em conta esta aberração como treinador... nunca imaginei." Imagino que AVB seja André Villas-Boas.

SL

Depois do Benfica, o Porto

Dois jogos muito complicados, dois testes superados. Parabéns, Rui Borges.

Acabamos de eliminar o FC Porto na meia-final da Taça da Liga. Bastou 1-0, golo de Gyökeres, para remetermos a turma portista para a borda do prato - a mesma equipa que já tinha sido eliminada da Taça de Portugal pelo Moreirense.

Nove dias depois de termos derrotado o Benfica em Alvalade, para o campeonato. No desafio de estreia do novo técnico à frente da nossa equipa.

Que diferença entre este ciclo do Sporting e o que antecedeu a chegada do actual treinador. Repito o que já escrevi: Rui Borges chegou com 44 dias de atraso. Mas ainda a tempo, cada vez estou mais convicto disto.

Os hereges

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Quando oiço por aí falar em "desertor", ou leio palavras como "fugitivo" ou "foragido" nestas caixas de comentários, questiono-me se os adeptos quererão falar de Ruben Amorim ou de Rui Borges.

Seja o visado quem for, estão errados.

Na sexta à noite, em Guimarães, o novo técnico leonino foi recebido com gritos (e tarjas) a chamarem-lhe "traidor". Nestas alturas verifico a enorme semelhança que pode haver entre um clube de futebol e uma seita religiosa - com os seus fiéis, os seus anátemas, os seus hereges. "Traidores", "desertores", "renegados" e expressões do género são típicas de seitas vocacionadas para espalhar o ódio.

Essa é a parte do futebol que menos me interessa. Aliás, é uma parte do futebol de que não gosto nada.

Do 3-4-3 de Amorim ao 4-2-4 de Borges

Não está a ser fácil a transição entre os dois sistemas tácticos, por muito que Rui Borges tenha procurado simplificar o modelo de jogo e ter os jogadores confortáveis nas posições e movimentos solicitados. Rúben Amorim teve 4 anos e 4 pré-épocas para montar e aperfeiçoar um modelo de jogo vencedor, Rui Borges só teve duas semanas, não falando do período de profunda confusão do tempo do João Pereira entre o trabalho dos dois.

Se formos pelos resultados, Rui Borges sai em vantagem na comparação: leva 1V 1E, 5-4 em golos, em campos que Rúben Amorim na época passada conseguiu 1V 1D, 4-4 em golos. Não foi dele a responsabilidade de 1V 1E 2D, 4-4 em golos.

Também não é dele a responsabilidade da indisponibilidade de jogadores importantes como Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Gonçalo Inácio e Daniel Bragança.

Nestes dois jogos a equipa começou bem, com intensidade e objectividade na chegada à baliza adversária. Conquistou vantagem sobre o adversário mas na 2.ª parte foi quebrando fisicamente, sem que as substituições permitissem o regresso ao ritmo inicial. 3-1 golos na 1.ª parte, 2-3 golos na 2.ª. Dos quatro golos sofridos,  dois foram na sequência de lances de bola parada.

Qual tem sido o melhor e o pior deste Sporting de Rui Borges?

 

Melhor:

1. Modelo de jogo simples e objectivo, aproveitando bem a largura do campo e a capacidade de desmarcação de Gyökeres. Entrada forte nos jogos com criação de várias oportunidades de golo.

2. Jogadores nos seus lugares, confortáveis com o que lhes é solicitado. Quenda está a progredir a jogar do lado do seu pé natural, Quaresma não está pior a lateral direito do que estava como defesa do lado direito no 3-4-3 de Amorim. Trincão joga onde jogava com Amorim.

 

Pior:

1. Incapacidade física da equipa para aguentar 90 minutos em ritmo intenso, sem saber descansar com bola, fazendo-a circular por todo o campo. Nos dois jogos, o tempo de posse de bola foi bem inferior ao adversário.

2. Desorganização defensiva decorrente da perda dos automatismos e referências associadas à linha de 3, e falta de capacidade nas bolas paradas defensivas.

3. Encolhimento do plantel, com jogadores de valor sem jogar como Debast e Edwards, ao mesmo tempo que são dados minutos a um Fresneda com empréstimo alinhavado. Neste último jogo, com a equipa em evidente perda física, foram feitas apenas quatro substituições, três delas nos últimos 15 minutos de jogo útil.

 

Além disto, é evidente a necessidade de reforçar a equipa com a abertura do mercado de Inverno. Fresneda estará de saída e é preciso encontrar uma solução para Edwards. Duvido que algum dos nossos craques saia, pelas cláusulas elevadas e as questões de regulamentação da Premier League e de outras Ligas.

Jogadores como Gustavo Sá (Famalicão), Alberto Costa e Manu (V. Guimarães) seriam muito bem vindos para dar outra capacidade defensiva pelas laterais e de controlo do jogo a meio-campo. 

No ataque a troca de Edwards por um jogador mais possante e com capacidade goleadora, nomeadamente na concretização de livres directos.

Na baliza, Israel continua a lutar contra o mau início de época por lesão. Fazia sentido vir um concorrente mais experiente tipo Adán, até porque a defesa é muito nova e precisa de orientação constante.

Enfim, é o que me apetece dizer sobre o assunto. Fica aqui aberto o debate.

SL

Gyökeres não merecia isto

Uma equipa que quer ganhar o título e sonha com o bicampeonato não pode chegar aos 60' a vencer 3-1 e depois consentir três golos de rajada num quarto de hora (70', 82' e 85'). 

Infelizmente foi o que esta noite aconteceu ao Sporting em Guimarães. E se não fosse um golaço de Francisco Trincão no último dos seis minutos do tempo extra, fixando o resultado em 4-4, teríamos regressado do Minho com uma derrota.

Fica a lição aos jogadores: não podem afrouxar em circunstância alguma. Na segunda parte os profissionais do Vitória deram-lhes um banho de bola.

Fica também a lição ao novo treinador, Rui Borges: não deve mandar os jogadores recuar linhas a defender o resultado ainda com uma parte inteira para jogar. Isso é atitude de equipa pequena, não de um emblema com a grandeza do Sporting.

Viktor Gyökeres - que voltou a marcar três golos, os seus primeiros em 2025 - não merecia isto.

Sem complexos, sem receio: Leão é assim

Sporting, 1 - Benfica, 0

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Geny fez a diferença ao marcar o golo. Garantiu três pontos e o regresso do SCP ao comando

Foto: Lusa

 

Foi uma das melhores primeiras partes do Sporting nesta época que vai quase a meio. Foi também a primeira com o novo treinador no banco: Rui Borges.

Alguém acredita em coincidências?

Pois eu também não. A nossa equipa, que vinha definhando e protagonizando pálidas exibições nas semanas precedentes, ressurgiu no momento certo, contra o adversário mais difícil. Dando a resposta mais adequada.

O Benfica, fruto da nossa pressão constante, fez a pior primeira metade da temporada a nível nacional. E sofreu a primeira derrota em 2024/2025 sob o comando de Bruno Lage para o campeonato.

Foi a Alvalade e naufragou. Chegou lá pouco depois de ter assumido o comando da prova, saiu de lá em terceiro.

"É a vida" - dirão alguns, crentes nos insondáveis caprichos do destino. É a competência - digo eu.

 

Este Sporting que entrou em campo no domingo à noite, 29 de Dezembro, era-nos familiar. Mas, ao mesmo tempo, pareceu irreconhecível. Por vários motivos.

Desde logo por se ter apresentado em campo com uma linha defensiva formada por quatro jogadores: Diomande e St. Juste ao meio, Quaresma à direita, Matheus à esquerda. Depois, por ter dois alas que funcionaram como extremos: Geny à direita, Quenda à esquerda. Finalmente, terá sido o onze leonino com menos canhotos dos últimos quatro anos. Contei quatro: Matheus, Geny, Quenda e Trincão. 

Dir-se-á: foi mudança subtil. Mas demonstra como Rui Borges, com apenas três dias de treino, não hesitou em imprimir a sua marca neste Sporting que continua a sonhar com o bicampeonato. Os quatro jogos sob a batuta de João Pereira, com oito pontos perdidos, foram fugaz percalço neste percurso.

 

Nunca tinha visto um SLB tão frágil este ano, a nível interno.

Durante toda a primeira parte, a turma visitante esteve sufocada pela intensa pressão dos nossos jogadores. Pelos flancos e pelo corredor central, onde Morita várias vezes actuou como quinto elemento na manobra ofensiva, forçando o erro dos encarnados, que mal saíam dos primeiros 30 metros.

Num destes lances colectivos nasceu o golo do triunfo que nos valeu três pontos e o regresso à liderança do campeonato.  Lançamento lateral, à esquerda: Quenda dirige a bola para Gyökeres, que conquista o espaço a Tomás Araújo, deixa o central encarnado para trás e leva a bola a percorrer em largura quase todo o reduto benfiquista com Geny, vindo de trás, a  metê-la lá dentro. Perante um Carreras atónito com tanta eficiência leonina.

 

Este foi o momento do jogo. Também o momento que definiu o herói da partida: Geny, que já no campeonato anterior havia bisado frente ao Benfica, aliás com um golo muito semelhante a este, mas com Pedro Gonçalves no papel de Gyökeres.

Assim culminou o virar de página: Rui Borges mostrou ser possível fazer muito com o que há. Sem culpar lesões, postes ou arbitragens. 

Nesse primeiro tempo o Sporting esteve sempre por cima. E aproximou-se pelo menos duas vezes do 2-0. Por Quenda, aos 17'. E por Gyökeres, aos 40'. Nenhum deles falhou. Quem brilhou foi Trubin, com duas espectaculares defesas entre os postes. O guardião ucraniano foi, de longe, o melhor elemento benfiquista.

Os números confirmam: nos 45 minutos iniciais roubámos cinco vezes a bola ao adversário nos primeiros 30 metros a contar da baliza encarnada. Nada de semelhante se passou na situação inversa. Nem andou lá perto.

 

Na segunda parte houve mais equilíbrio. O Sporting atenuou a pressão: não havia condições para manter aquele ritmo tão intenso. A quebra física de Morita por volta da hora de jogo, primeiro, e do excelente Eduardo Quaresma, cerca de dez minutos depois, ditaram novo rumo à partida. Mas a nossa equipa jamais se desorganizou nem recuou linhas sem manter o controlo das operações. Consentindo o domínio ao rival sem nunca se desconcentrar.

É verdade que neste período o Benfica teve uma grande oportunidade de golo, por Amdouni. Mas só essa. No quarto de hora final, já com eles cansados, tivemos duas. Num ataque fulminante de Geny, aos 85', e num tiro de Gyökeres, aos 88'.

Mais importante ainda: com o novo sistema posto em prática no Sporting, Rui Borges surpreendeu Bruno Lage e vulgarizou os desequilibradores da equipa rival. Os números comprovam: Di María perdeu 22 vezes a bola, Akturkoglu ficou sem ela 16 vezes.

 

Em suma: acabamos de derrotar o Benfica pela terceira vez consecutiva, em duas provas, o que não sucedia desde 1994-1996. Recuperámos a liderança da Liga que só nos fugiu durante cinco dias, naquele interregno que não passou de um equívoco. 

Mantemos os mesmos 40 pontos que tínhamos na Liga 2023/2024. Mas agora com mais golos marcados (44, contra 37 há um ano) e menos golos sofridos (apenas 10, contra 17 na mesma fase do campeonato anterior).

Melhor que tudo: os jogadores adaptaram-se muito bem ao novo sistema táctico que Rui Borges trouxe para Alvalade. Sem complexos, sem receio, sem pedir licença a ninguém.

Leão é mesmo assim.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel (7) - Cumpriu: duas grandes defesas, aos 26' e aos 56'. Teve muito menos trabalho do que Trubin.

Eduardo Quaresma (7) - Adaptou-se bem a lateral: sete desarmes, 91% de passes certos. Notável a sair, conduzindo a bola. Saiu exausto, aos 71'.

Diomande (8) - Comandante-em-chefe da defesa leonina: desempenho impecável. Aos 67, num movimento veloz, anulou incursão de Di María: comemorou como um golo.

St. Juste (7) - Formou súbita parceria com o jovem marfinense. Combinaram muito bem no centro da defesa. Veloz nas dobras, como se impunha.

Matheus Reis (7) - Tinha como missão anular a dinâmica ofensiva de Di María no corredor direito encarnado. Missão bem-sucedida, forçando o argentino a procurar outras paragens.

Geny (8) - Voltou a fazer a diferença, como na época anterior contra o SLB e já nesta Liga contra o FCP. Marcou o golo decisivo (29'). Encostou Carreras às cordas. Rende mais neste sistema.

Morten (8) - Um gigante: parece sentir prazer especial em jogos grandes. Impôs-se a Florentino, venceu o duelo no meio-campo, distribuiu em várias direcções. Nove recuperações são dele.

Morita (7) - Regressou ao onze, após lesão, como joker de Rui Borges. Excelente primeira parte, a ligar sectores com notável precisão de passe. Compreensível quebra física no segundo tempo.

Quenda (7) - Na posição em que menos rende, à esquerda, foi essencial na pré-assistência (lançamento lateral) para o golo. Anulou Bah. O mais jovem leão de sempre a jogar contra SLB.

Trincão (6) - Em dia de aniversário, actuou próximo de Gyökeres como interior direito, ajudando a baralhar marcações. Não marcou nem deu a marcar, mas pôs Otamendi em sentido.

Gyökeres (7) - Combativo, voltou a atacar a profundidade, como tanto gosta. Num desses lances, fez o excelente passe para o golo. Mais um. Venceu por completo o duelo com Tomás Araújo.

Maxi Araújo (5) - Entrou aos 71' para render Quenda. Sem mostrar mais atributos técnicos e tácticos do que o benjamim da equipa. 

João Simões (5) - Substituiu Morita aos 71'. Cumpriu no essencial, sem rasgo, numa altura em que se impunha sobretudo contenção ofensiva e retenção de bola.

Fresneda (4) - Saltou do banco para render Quaresma (71'). Lateral de origem, não potenciou este atributo. Ganhou um duelo mas perdeu três. Não parece ter qualidade para este plantel.

Harder (4) - Substituiu Trincão aos 81'. Não foi feliz nestes escassos minutos em que pôde disputar o clássico. Falhou um cruzamento aos 86'.

Rescaldo do jogo de anteontem

 

 

Gostei

 

Da estreia de Rui Borges ao leme da equipa. Entrada à campeão, vencendo o Benfica em nossa casa (1-0). Depois de apenas três sessões de treino com a equipa, que correspondeu da melhor maneira ao desafio de trabalhar com o terceiro técnico da temporada. Após Ruben Amorim (onze jogos, onze vitórias) e João Pereira (quatro jogos, uma vitória, um empate e duas derrotas). 

 

Da adaptação táctica. Durante cinco anos vimos a equipa organizada a partir de uma linha de três centrais. Mas o novo treinador não hesitou em impor as suas ideias, claramente bem acolhidas. Com Diomande e St. Juste no centro, Eduardo Quaresma e Matheus Reis como defesas laterais. Lá na frente, os médios-ala projectados em extremos - Quenda pela esquerda, Geny pela direita. Com sucesso. Confirmando que Rui Borges é um profissional com personalidade e tem plena confiança no seu critério.

 

De Geny. Tornou-se o nosso talismã nos chamados "jogos grandes". Bisou na recepção aos encarnados no campeonato anterior e marcou ao FC Porto já na Liga 2024/2025. Anteontem à noite foi ele a desfazer as dúvidas ao marcar um golaço quando decorria o minuto 29'. Culminando excelente jogada colectiva do Sporting iniciada com um lançamento lateral de Quenda e prosseguida por Gyökeres, que sentou Tomás Araújo, competente defesa benfiquista mas que neste clássico esteve irreconhecível. O craque moçambicano foi o melhor em campo, ganhando sucessivos duelos com Carreras, o lateral adversário que tentou travá-lo, quase sempre sem sucesso. 

 

De Gyökeres. Não marcou, mas continua a trabalhar imenso para a equipa. E voltou a contribuir para um golo, com o passe para o centro da área a solicitar a bem-sucedida desmarcação de Geny. Ainda tentou o golo por duas vezes, aos 40' e aos 88': só não aconteceu devido a grandes defesas de Trubin, o melhor da turma visitante.

 

De Morten. Impõe-se cada vez mais como esteio no meio-campo leonino. Grande recuperador e distribuidor de jogo, exibe resistência sem limites. Vulgarizou completamente Florentino, que foi acumulando disparates, ofuscado pelo nosso capitão no confronto a meio-campo.

 

De Diomande. Mostrou-se à altura de Coates, como seu sucessor enquanto patrão da defesa, sem acusar a súbita mudança operada no sistema táctico. Fez eficaz parceria com St. Juste e soube manter sob vigilância o mais imprevisível dos benfiquistas, Di María. Só uma vez foi ultrapassado, mas acelerou ainda a tempo de anular o lance ofensivo, aos 67'. Um corte que mereceu aplauso das bancadas como se tivesse sido golo. 

 

De Eduardo Quaresma. Trabalhador incansável. É um dos símbolos deste Sporting que sonha com o bicampeonato e vai fazer tudo para que esta meta se torne realidade. Pelo menos três cortes preciosos, no momento exacto - aos 43', 52' e 54'. E atreveu-se um par de vezes a progredir com a bola, queimando linhas, semeando o pânico no meio-campo defensivo dos encarnados.

 

Do regresso de Morita. O internacional nipónico voltou após lesão. E comprovou-se em toda a primeira parte - totalmente dominada pelo Sporting - a falta que fazia. A abrir espaços, a ligar linhas, a colocar a bola com precisão cirúrgica. Quando começou a claudicar, por cansaço físico, a equipa ressentiu-se.

 

Da lotação esgotada. Mais de 48 mil espectadores em Alvalade na noite de domingo. Casa cheia para ver um bom espectáculo. A maior afluência de público da temporada ao nosso estádio.

 

Do árbitro. Boa actuação de Fábio Veríssimo. Deixou jogar, aplicando critério largo sem apitar por tudo e por nada. E manteve critério uniforme, o que merece registo.

 

Da homenagem a Nani antes do jogo. Formado em Alvalade, grande figura do futebol internacional, o campeão europeu não esquece as raízes. Foi brindado com merecida e sentida ovação. Aos 38 anos, certamente ainda gostaria de calçar num clássico como este.

 

Da subida do Sporting na classificação. Entrámos para este jogo em terceiro lugar, com o FC Porto no comando à condição, saímos em primeiro. De novo no topo, retomando a liderança que tínhamos até há escassos dias.

 

 

 

Não gostei

 

Da saída de Quaresma, com lesão muscular. Teve de abandonar o relvado amparado, aos 71', após ter dado tudo em campo. Felizmente parece ser lesão sem gravidade.

 

De Fresneda. Entrou aos 71', substituindo Quaresma. Fez um corte providencial aos 83'. Mas perdeu-se em acções inconsequentes, atirando duas vezes a bola para fora, oferecendo-a uma vez a Carreras (81') e claudicando no início da construção. Tarda em impor-se no plantel leonino.

 

Da frase batida "dérbi eterno". Os comentadores e relatores usam e abusam deste chavão, que se tornou insuportável lugar-comum. O Sporting é de Portugal inteiro, não é clube de Lisboa. Dérbi é um Benfica-Casa Pia ou um Benfica-Oriental. E nada em futebol é eterno.

O dia seguinte

Se calhar Frederico Varandas devia ser destituído. Um presidente que obriga os sócios a ter de gramar com Jorge Silas para ter Rúben Amorim, ou com João Pereira para ter Rui Borges, ou é um sádico perigoso ou um idiota romântico que pensa que algum tipo de amor ao Sporting serve de alguma coisa no momento de escolher um treinador.

Com dois ou três ajustamentos, Rui Borges transformou o 3-4-3 de controlo de Rúben Amorim num 4-4-2 de intensidade, em vez do abraço mortal da jibóia agora temos a caça igualmente mortal do leão.

 

Com Catamo e Quenda a darem largura a um meio-campo comandado por Hjulmand e Morita, Gyokeres e Trincão tiveram todo o espaço e tempo para destruir a defesa do Benfica. O primeiro tempo foi do melhor que o Sporting conseguiu esta temporada, Trubin safou três golos feitos. A defesa a quatro, brilhantemente comandada por Diomande, mostrou-se intransponível.

Na segunda parte, a perder por 1-0, o Benfica jogou com o desgaste do Sporting. A fluidez de jogo foi-se perdendo, o meio-campo implodiu e foi preciso saber sofrer muito para assegurar a vitória. Se a 1.ª parte foi completamente do Sporting, a 2.ª foi do Benfica, tirando dois contra-ataques de golo muito mal desperdiçados na parte final.

Quando foi preciso ir ao banco, Maxi entrou bem, Harder fez o possível, mas Fresneda mostrou os pecadilhos habituais. Porque não entrou Debast ? Não entendi.

 

Assim o campeão nacional renasceu das cinzas, o bicampeonato deixou de ser uma miragem, estamos na luta. Que vai ser muito dura, não nos iludamos. Os 8 pontos estupidamente perdidos vão fazer muita falta.

Melhor em campo? Diomande. Coates deve ter orgulho no sucessor que ensinou e deixou no Sporting. Depois dele, Quaresma: deixou a pele em campo. Mas todos os titulares estiveram a um nível muito alto.

Arbitragem? Impecável, nem o idiota Malheiro como 4.º árbitro inventou porcaria.

E agora? Jogo a jogo, onde vai um vão todos. E quando não houver inspiração, a atitude não pode falhar.

SL

Feliz Ano Novo

Desfeitas as dúvidas: precisávamos mesmo de um treinador.

Na estreia de Rui Borges à frente da nossa equipa, acabamos de vencer o Benfica em Alvalade. Golo de Geny, aos 29'. Confirma-se: o craque moçambicano tem especial apetência por marcar aos encarnados.

Começámos este jogo em terceiro, com o FC Porto no comando provisório da Liga, e terminamos novamente em primeiro.

Não podia haver melhor notícia para a massa adepta leonina.

Derrotamos os encarnados pela segunda época consecutiva em nossa casa. Entramos em 2025 no topo. E com vantagem competitiva sobre os nossos dois rivais, ambos batidos em Alvalade. Pormenor a considerar, num cenário de igualdade pontual.

Feliz Ano Novo.

Análise detalhada às ideias de Rui Borges

Texto de WT

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Sobre a identidade que caracteriza as equipas do Rui Borges:

 

Solidez defensiva. No Moreirense, a equipa sofreu apenas 38 golos, sendo a quarta melhor defesa do campeonato, um feito para um Moreirense que vinha de uma subida de divisão.

Soube com sapiência aproveitar o que de melhor foi deixado por Paulo Alves do ponto de vista ofensivo e melhorou os comportamentos colectivos da equipa em termos defensivos.

Deixou obra feita que permite agora a um treinador como César Peixoto, que tantos insucessos tem tido na carreira de treinador, estar a tirar frutos do trabalho deixado por Rui Borges.

 

Organização táctica: As suas equipas demonstram sempre coesão e disciplina táctica, reflectindo um trabalho meticuloso e onde se vê que há treino para os cinco momentos do jogo (organização defensiva e ofensiva, transições defensivas e ofensivas e bolas paradas).

 

Verticalidade ofensiva: Embora a variabilidade da circulação da bola pelos cinco corredores seja intensa, as equipas de Rui Borges são bastante verticais no ataque ao espaço e profundidade, com agressividade.

Equipas com muita mobilidade e dinâmicas, com trocas posicionais constantes entre os jogadores para abertura de espaços.

Também sabe ter bola, ser paciente.

Um dos princípios-base do modelo de jogo é que jogador de costas para a baliza do adversário está sempre proibido de perder posse... embora dê primazia à verticalidade, a ordem é clara: não errar, não perder a bola.

 

Competitividade interna e na busca pelo resultado: As equipas são caracterizadas pela competitividade interna que gosta de criar dentro do seu plantel, onde todos os jogadores têm de estar sempre vivos e em busca por um lugar no onze. Isso faz as equipas de Rui Borges serem muito competitivas e nunca darem um jogo como perdido. Vimos muitas vezes as suas equipas a recuperarem de situações de desvantagem no marcador.

 

Reacção à perda: As equipas de Rui Borges gostam de reagir rapidamente à perda da bola, procurando fazer uma pressão forte nesse momento e assim anulando situações de eventual desconforto à ideia de jogo, onde o momento das transições defensivas, ao nível da recuperação e do posicionamento, me parece que não é tão forte.

 

Valorização de activos: Desde o seu primeiro ano de carreira no Mirandela, vários são os jogadores jovens que Rui Borges conseguiu ajudar a catapultar para outros patamares no futebol. O seu primeiro caso de êxito foi Zaidu, no Mirandela. O próprio já reconheceu que Rui Borges foi fundamental na sua carreira, tal como Mangas.

 

Sistema táctico: Rui Borges não é um treinador que seja focado ou obcecado pelo sistema táctico da equipa como um princípio para implementação do seu modelo de jogo. No Vitória e no Moreirense partiu da base de um 4:3:3. Vemos muitas vezes dinâmicas posicionais que faziam a equipa construir a 3+2 com os laterais projectados e sempre 3-4 jogadores a aparecerem em zonas mais adiantadas do terreno.

Defensivamente gosta que pelo menos um dos centrais e os laterais marquem homem a homem, mas é um treinador que tem a perspicácia e audácia de se adaptar aos momentos e às circunstâncias.

 

Um treinador transmontano, que subiu a sua carreira a pulso, vindo de baixo, do Mirandela, passando pela dureza do Campeonato de Portugal e da 2.ª Liga e que pelo menos tem a experiência e a visão de que o Sporting precisa neste momento.

Agora sim, com ele, e ao contrário daquilo que sempre senti com João Pereira, tem tudo para correr bem!

Boa sorte, Rui.

 

Texto do leitor WT, publicado originalmente aqui.

A sina de Rui Borges

Na semana do Natal o Sporting recebe o SLB, na semana do Ano Novo vai a Guimarães, onde, de certeza, deverá ter uma recepção muita amigável, na semana dos Reis recebe o FCP. Ou seja, Rui Borges só começa a ser realmente treinador do Sporting lá para 8 de Janeiro. Até lá, será um motivador do balneário, um desenhador daqueles sudokus que os sapientes de bancada chamam táctica, um preparador físico e um tipo que durante os jogos dá pulos e agita os braços diante do banco. Se este rosário de desafios correr mal, já estará queimado antes do primeiro treino a sério.

3-4-3 pessoal e intransmissível

Hoje na apresentação do novo treinador do Sporting o nosso presidente foi claro e conciso. Com João Pereira apostou na continuidade da "máquina oleada" de Rúben Amorim, mas a aposta falhou rotundamente.

Já se gastou tempo demais a atribuir culpas e encontrar justificações (obrigado, João Pereira), importa agora constatar que o modelo de jogo de Ruben Amorim se revelou pessoal e intransmissível. Vai-se abrir novo ciclo, que terá implicações não apenas na equipa A mas também nas etapas terminais da formação de Alcochete, as equipas B e sub23.

Ontem, no painel do Canal 11, debateu-se o que será o futebol do Sporting com Rui Borges, e mesmo com os disparates do moderador (Quaresma a médio centro ???) foi possível entender algumas coisas que deveremos ir vendo nos próximos jogos.

 

Se recuarmos à época passada, o Sporting jogava num 3-4-3 assimétrico, com um ala mais defensivo e outro mais ofensivo, com os três defesas a bascular para esse lado formando uma defesa a quatro. Podemos imaginar que Rui Borges começará por aqui, com uma linha defensiva composta por Debast-Diomande-Inácio-Matheus Reis, libertando Quenda para avançar no terreno.

Na linha média surgirão um 6 mais definido, Hjulmand, e dois médios interiores (em vez de avançados interiores) também bem definidos em que no momento defensivo um pressiona junto ao avançado-centro e outro recua para o lado do trinco, em princípio Pote e Morita/Bragança. O 4-3-3 em momento ofensivo, transforma-se num 4-4-2 em momento defensivo. 

No ataque dois extremos que baixam a defender em vez de dois alas que sobem a atacar. Aqui vamos ter um problema porque todos os que temos no plantel são canhotos: Quenda, Trincão, Edwards, Catamo, Maxi Araújo e Nuno Santos. Não consegui perceber se os extremos jogam de pé certo ou trocado, porque com dois médios interiores é forçoso que os extremos tenham capacidade de explorar a linha e centrar de primeira.

 

Sendo assim, o onze-base de Rui Borges poderia ser:

Israel; Debast, Diomande, Inácio e Matheus Reis; Hjulmand, Morita e Pote; Quenda, Gyökeres e Trincão.

O onze alternativo seria:

Kovacevic; Fresneda/Esgaio, Quaresma, St.Juste e Maxi Araújo; Arreiol, Bragança e João Simões; Catamo, Harder e Edwards.

É fácil perceber que sobram extremos canhotos e faltam médios e defesas laterais. Vai obrigar o Sporting a ir ao mercado de Inverno para equilibrar o plantel para o 4-1-2-3 que Rui Borges está a utilizar no V. Guimarães. Se for mesmo essa a ideia.

Vamos ver o resultado, mas pelo menos vislumbra-se a luz ao fundo do túnel. A luz do bicampeonato.

 

PS: O modelo de jogo de Rui Borges lembra-me o de Leonardo Jardim. Na vitória com o Porto em casa por 1-0, o Sporting alinhou com:

Rui Patrício; Cédric, Dier, Rojo e Jefferson; William, Adrien e André Martins; Capel, Slimani e Mané. O Pote da altura seria o André Martins, mas a diferença de qualidade é tremenda.

SL

Bem-vindo, Rui Borges

Aqui defendi a solução João Pereira. Era a escolha da Direcção, a mesma que tantas alegrias nos deu e, acredito, dará. Por horror à instabilidade resisti à mudança que desde cedo me soou imposta e à lei de chicote. Fui por isso crítico dos profetas da desgraça, que desde a primeira a hora assinaram a certidão de óbito do ex-treinador.

Na televisão, nas rádios, em podcasts, páginas de jornais, todos se repetiam numa vertigem de sentença de morte alimentada numa verdade absoluta contra à qual, confesso, me insurgi. Exasperado com os tempos em que vivemos nos quais deixou de haver espera, benefício da dúvida. Pergunto-me até que ponto este caldo cultural, distribuído e vivido ao ritmo de picareta (e picaretas falantes é o que há mais para aí), pergunto-me até que ponto isto contribuiu para o insucesso.


Mas, sim, a ineficiência, ineficácia e errância da ex-equipa técnica imperavam. Só os tolos não reconhecem a necessidade de acertar o passo. E mudar. 

Partimos para nova etapa. Constato mas não sublinho as diferenças de sistema e modelo de jogo que o nosso novo timoneiro preconiza face ao que a equipa adoptou no reinado Amorim e na fulminante passagem de JP, nem valorizo hoje o que isso poderá implicar na recuperação da equipa ganhadora. Agora só me interessa a fé no emblema. 

Domingo 29, às 20h30, lá estarei no templo leonino rumo à liderança do campeonato. Camisola listada verde e branca vestida, cachecol no ar, o mundo sabe que entoado, vibrado e esperançado, lado a lado com milhares no estádio e milhões mundo fora, darei os primeiros passos de uma nova caminhada à conquista do bi-campeonato. 

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