Há bons jogadores em todas as gerações
Ruben Neves e Tobias Figueiredo
Há uma espécie de tese geral que vai alastrando por aí: a de que não dispomos hoje de valores tão sólidos no futebol como já dispusemos no passado. Por escassez de recursos humanos, mercado exíguo, diminuição do campo de recrutamento ou qualquer outro motivo.
O problema é que a estupidez repercute-se a ritmo acelerado sem uma reflexão crítica a servir de contraponto. Basta um idiota debitar uma determinada tese numa das tribunas televisivas de que dispõe - e propagá-la também numa das colunas jornalísticas à sua disposição - para uma larga legião repetir tais disparates de manhã à noite.
Disparates como estes:
- Portugal não dispõe hoje de jovens jogadores muito talentosos (desmentida pelos factos)
- A equipa técnica liderada por Paulo Bento descurou as selecções mais jovens (desmentida pelos factos)
- A Federação Portuguesa de Futebol devia fomentar a formação de jogadores (essa não é missão da FPF, mas dos clubes, que aliás a cumprem, caso contrário não obteríamos êxito nas competições internacionais a nível dos escalões jovens)
- Antigamente é que era bom (esta serve para qualquer tempo e qualquer lugar, e tende a ganhar adeptos à medida que todos envelhecemos)
Combato esta ideia de "gueto geracional", que me parece discriminatória e além do mais ilude a verdadeira raiz do problema. Não há melhores nem piores valores geracionais: há simplesmente aqueles jovens futebolistas que são devidamente instruídos, treinados e enquadrados em estruturas exigentes e profissionais - e aqueles que não beneficiam disso, acabando por perder-se para a elite do futebol.
Felizmente a primeira opção não é uma miragem - e aí estão Ruben Neves (FCP) e Tobias Figueiredo (Sporting), entre vários outros, para o demonstrar.