Curiosamente, para vários adeptos do Sporting a promoção de jovens da formação à equipa principal não deve ser contabilizada como "reforço".
Esses jovens devem andar por ali, no banco, a tapar buracos. Mais nada.
E no entanto olhamos para o FC Porto, que acaba de derrotar-nos na Supertaça, e quem jogou? Vários miúdos da formação: Martim Fernandes, Gonçalo Borges, Vasco Sousa, João Mário... Já nem falo do Diogo Costa.
Dizem, quando calha, que «temos a melhor formação da Europa». Mas falam como se ela não servisse para nada.
Spporting, 3 - At. Bilbao, 0 (Troféu Cinco Violinos)
Coates entrega a Morten Hjulmand braçadeira de capitão: momento emocionante em Alvalade
Os clubes desportivos vivem muito da iconografia capaz de congregar e mobilizar os apoiantes. Aconteceram ontem, no Estádio José Alvalade, vários momentos desses. Que guardaremos mais tarde na memória.
A ocasião era propícia a isso, neste nosso último jogo antes do início da época oficial de futebol. Celebravam-se os quase-míticos Cinco Violinos, que quase já ninguém viu jogar. Iríamos defrontar os "leões" bascos do Athletic Bilbao, trazendo a má recordação daquela partida perdida em San Mamés que há 12 anos nos afastou da final da Liga Europa. E dizíamos «até sempre» ao enorme capitão Sebastián Coates, que regressa ao seu Uruguai após quase nove anos entre nós: foi o melhor defesa do Sporting neste século. Momento agridoce, o da vibrante ovação colectiva a quem nunca nos abandonou nos tempos mais difíceis, bem diferentes dos actuais. Sai como bicampeão nacional de futebol.
Uns partem, outros chegam.
Ontem estreou-se na equipa principal um adolescente de 17 anos, nascido em Bissau. Actuou como extremo clássico, no corredor direito. Rúben Amorim confia a tal ponto nele que adaptou o sistema táctico às características do rapaz, dispensando-o do habitual vaivém naquela ala: havia sempre um colega apto a ir ali à dobra em missão defensiva.
Geovany Tcherno Quenda - melhor em campo - correspondeu às expectativas. E assim deu nova amplitude à iconografia leonina, neste magnífico fim de tarde em que víamos emergir um astro em nossa casa. Aos 10', protagonizou pré-assistência para o golo inaugural ao tocar de modo irrepreensível para Gyökeres. Aos 33', rematou ao poste com aquele que dizem ser o seu pé menos bom, o direito. Aos 40', num remate cruzado, encaminha-a para a baliza onde ia anichar-se no canto inferior direito: só um corte providencial a travou in extremis.
«Se jogar assim, não voltará à equipa B», afirmava um sorridente Rúben Amorim no final do jogo. Impossível contrariá-lo: é mesmo caso para dizer isto.
O miúdo de Bissau deu forte contributo para as estatísticas deste jogo: 19 remates nossos, apenas nove da turma basca.
Solto, com bola ao primeiro toque. Dinâmico, com toada colectiva no comprimento e na largura. Criativo, capaz de desenhar lances que nos transmitem a ideia de um campeão nacional disposto a revalidar o título sem pedir licença a ninguém. Foi assim que se mostrou o Sporting neste desafio testemunhado ao vivo por mais de 35 mil adeptos num estádio que vai sendo remodelado por etapas até se pôr fim ao famigerado fosso, lá para 2026. Perante o detentor da Taça do Rei, quinto classificado da Liga espanhola.
Com Nuno Santos ausente do onze por lesão e Diomande a cumprir castigo, o treinador aproveitou estas baixas para testar a equipa com vista à Supertaça, que disputaremos com o FC Porto a 3 de Agosto. Houve adaptações bem-sucedidas. Desde logo na saída de bola, visando o passe na profundidade para explorar com rapidez os espaços livres lá na frente. E ampliando os momentos em que defendemos numa linha a quatro, cabendo a Geny - na ala esquerda - esse movimento de recuo.
Teste superado. Também o de outro estreante: o belga Debast, transferido aos 20 anos do Anderlecht e com participação no recente Euro 2024 pela selecção do seu país. Mostrou-se destemido com bola e pressionante sem ela. Reforço a sério, não a fingir.
E que mais, na crónica deste jogo? Os golos, claro.
Fundamentais - pelos três que marcámos, conquistando o belo Troféu Cinco Violinos. O primeiro (10') por Pedro Gonçalves, em remate rasteiro, isolado por Gyökeres neste seu primeiro (e último) jogo da pré-temporada testemunhado pelo público. O segundo (79') com Edwards a encostar após cruzamento milimétrico de Matheus Reis. O terceiro (83') com Trincão a facturar e Matheus novamente a assistir após intervenções decisivas de um par de jovens: Mateus Fernandes e Rodrigo Ribeiro. Oriundos da Academia de Alcochete, fábrica de campeões.
Fundamental também, termos mantido as redes da nossa baliza intactas. Vladan (até aos 68') e Israel (com recente participação na Copa América pelo Uruguai) deram boa conta do recado.
No final, o sorriso de Amorim era igual ao nosso. Sebastián Coates pode regressar tranquilo a Montevideu: a equipa está bem entregue.
Homenagem nas camisolas ao melhor defesa do Sporting neste século XXI
Breve análise dos jogadores:
Vladan - Não fez uma defesa digna desse nome na primeira parte. Bloqueou bem a bola aos 51', saída oportuna a pontapé aos 62'. Controlou a profundidade.
Eduardo Quaresma - Devolvido ao lado direito da linha de centrais, melhorou face ao jogo anterior. Pequenos lapsos sem relevância. Sacou um amarelo aos 16'.
Debast - Estreia absoluta do jovem belga de verde (e negro) e branco. Mostrou talento, exibiu confiança. Bons dotes técnicos, presença na área.
Gonçalo Inácio - Não o víamos em acção desde o Europeu. Aos 22 anos, é já o mais experiente dos três centrais. Cabeceou à trave após canto, aos 33'.
Quenda - Outro estreante. E logo como melhor em campo. Foi seta apontada à área bilbaína. Serviu Viktor no primeiro golo, rematou ao ferro (33'), quase marcou aos 40'.
Morten - Agora capitão, mostrou-se em excelente forma após um Europeu que lhe correu bem. Eficaz no desarme e nas recuperações. Inegável sentido posicional.
Morita - Parece jogar há muitos anos com o dinamarquês, de tal forma se complementam no meio-campo. Constante pressão sobre o portador da bola.
Geny - Remetido à ala esquerda, revelou dificuldade no seu habitual movimento de fora para dentro: falta-lhe automatismo. Saiu ao intervalo com queixas físicas.
Trincão - Voltou a marcar: foi dele o golo que selou o resultado, aos 83. Andara lá perto num cabeceamento, aos 61'. Garantiu lugar como titular da equipa.
Pedro Gonçalves - Naquele seu jeito habitual de fingir que nem lá anda, apareceu no sítio certo para abrir o marcador logo aos 10'. Sempre muito activo.
Gyökeres - Voltámos a vê-lo após ter sido operado: 58 dias sem competir. Ninguém diria: está em plena forma. Impecável assistência no primeiro. Rondou o golo aos 54'.
Fresneda - Entrou aos 46' para render Geny. Primeiro na ala esquerda, algo trapalhão; depois à direita, mais à vontade. Recupera a bola no lance que gera o segundo golo.
Rodrigo Ribeiro - Substituiu Gyökeres (59'). Voltou a dar nas vistas. Grande articulação com Mateus Fernandes a construir lance que culmina no terceiro golo.
Daniel Bragança - Rendeu Morten aos 68'. Já com a braçadeira de capitão, iniciou segundo golo com transporte seguro e temporização perfeita.
Israel - Aos 68' substituiu Vladan entre os postes. Saiu bem, a pontapé, aos 77'. Grande defesa aos 90'+1: está em forma.
Edwards - Aos 68' saiu Quenda, entrou ele. Grande contraste. Mas aos 79' saiu da aparente letargia para a meter lá dentro após boa movimentação. Quase nem festejou.
Matheus Reis - Só entrou aos 68', substituindo Gonçalo Inácio. Mas chegou a tempo de brilhar na assistência a dois golos. Nota muito positiva.
João Muniz - Substituiu Debast aos 68'. Cumpriu, evidenciando segurança.
Mateus Fernandes - Entrou aos 81', rendendo Morita. Voltou a dar nas vistas com a arrancada que daria o golo 3. Serviu muito bem Trincão aos 86'.
Rodrigo Ribeiro: momento de glória no Estádio Algarve, com um golo e uma assistência
Jogo amigável, mas não muito. Houve demasiada dureza do Sevilha, equipa escolhida para este último desafio de preparação do Sporting antes do início da temporada oficial de futebol. Há três dias, num Estádio Algarve com muito público embora longe de estar cheio.
Quem pretendia voltar a ver Gyökeres em campo, desiludiu-se. O astro sueco voltou a estar fora do onze: Rúben Amorim preferiu usá-lo num desafio à porta fechada, nessa manhã de terça-feira, contra o Farense. Vencemos 3-0 - os três golos foram marcados por ele.
Mas só falo de jogos a que assisto. É o caso deste.
O que vi? Uma equipa bem organizada, controlando os corredores ofensivos do Sevilha, sem revelar temor da pressão adversária sobre a nossa saída de bola. Diomande, no eixo da defesa, controlava as operações lá atrás. Morita, quando necessário, recuava em auxílio à linha defensiva. Outras vezes era Geny quem recuava, permitindo o avanço sistemático de Nuno Santos, na ala oposta, a esticar o jogo.
Novidade maior foi a inclusão de Rodrigo Ribeiro como avançado-centro, bem servido por Pedro Gonçalves pela esquerda e Trincão pela direita. O jovem cumpriu a missão que Rúben Amorim lhe confiou. De tal maneira que apontou um golo, fez passe decisivo para o outro e emergiu como melhor em campo.
Vladan voltou a estar entre os postes, pelo segundo jogo consecutivo. Entre as ausências, além do craque sueco, também se registou a falta de dois titulares habituais: Gonçalo Inácio e Morten.
Alguns dirão que o Sevilha era adversário fraco para um desafio de preparação quase em cima do recomeço do calendário oficial das competições. É verdade que a equipa andaluza andou pelos últimos lugares da tabela no campeonato anterior e chegou ao fim na 14.ª posição. Mas convém não esquecer o seu currículo: cinco vitórias na Liga Europa entre 2014 e 2023. E há um ano perdeu à tangente a Supertaça Europeia, sendo derrotada só nos penáltis pelo poderoso Manchester City.
Basta para qualificá-la como antagonista de respeito.
Dominámos e vencemos. Com dois grandes golos.
O primeiro, aos 14', culminando magnífica jogada colectiva. Iniciada por Eduardo Quaresma na ala esquerda: colocou-a em Nuno Santos, que progrediu em rápida tabelinha com Pedro Gonçalves, confundindo as marcações do Sevilha. Mal a bola foi devolvida a Nuno, Este serviu Rodrigo Ribeiro com milimétrica diagonal que funcionou como verdadeira assistência para golo. O jovem avançado, frente ao guarda-redes, não perdoou: encaminhou-a para o sítio certo. Talvez estivesse em fora-de-jogo, as imagens não esclarecem. Mas sem vídeo-árbitro, foi validado sem discussão.
O segundo surgiu aos 17 segundos do segundo tempo, mal soara o apito do árbitro para o recomeço da partida. Novamente com Rodrigo no centro das atenções: desta vez, para variar, foi ele a servir. Oferecendo a bola a Trincão, que agradeceu e marcou, num toque de classe, picando-a sobre o guardião dos andaluzes.
O jogo, a partir daí, baixou de intensidade. Com o Sporting a controlar, o Sevilha em busca do golo mas com notório défice de talento. Adivinhava-se a vitória leonina, mas ainda se registaram dois percalços: um cartão vermelho exibido a Diomande pelo árbitro Fábio Veríssimo por falta absolutamente escusada sobre o extremo do Sevilha. Num amigável, quando já vencíamos por 2-0 e a sete minutos do fim. Deve servir de alerta a Diomande como eventual sucessor de Coates: não basta ter bom físico, bons dotes técnicos, eficiente jogo de pés. Também precisa de usar a cabeça para raciocinar em lances como este.
Jogámos com dez a partir daí. E foi já nesse cenário que sofremos o golo, aos 86'. Com a bola a ressaltar em Eduardo Quaresma, traindo Vladan.
Pior foi termos perdido dois jogadores por lesão. Primeiro Nuno Santos, magoado num joelho aos 28'. Depois St. Juste aos 52', por incapacidade muscular logo após ter acelerado mais do que devia.
Não contaremos com eles na Supertaça. O holandês, aliás, já estava excluído, a cumprir castigo, tal como Matheus Reis. Dor-de-cabeça para Amorim. Com três baixas na defesa (contabilizo aqui Coates, que nos deixa com saudades), esta é uma dor-de-cabeça má.
Breve análise dos jogadores:
Vladan - Pouco trabalho. Não fez uma defesa na primeira parte. Sofreu golo aos 86', no primeiro remate dos espanhóis digno desse nome. Sem culpa.
Eduardo Quaresma - Começou como central à esquerda, posição em que não se sente confortável. Apesar de tudo, mostrou-se combativo. Iniciou lane do primeiro golo.
Diomande - Assumiu-se como comandante do trio defensivo, já com Coates fora da equipa. Iniciou golo 2 com passe longo para Rodrigo. Expulso aos 83': não havia necessidade.
Geny - Deu primeiro sinal de perigo, rematando ao lado (10'). Inflectiu muito da ala para o centro, transportando a bola como ele sabe. Precioso corte de carrinho aos 64'.
Morita - Operário sempre activo na casa das máquinas. Baixou para defesa sempre que foi necessário. Atento às recuperações, sem descurar acções ofensivas.
Daniel Bragança - Com Morten e Gonçalo ainda ausentes, foi desta vez o capitão da equipa. Discreto, talvez em demasia, fez parceria eficaz com Morita no meio-campo.
Nuno Santos - Estava a ser o melhor em campo até se lesionar, aos 28'. Excelente assistência para o primeiro golo, queimando linhas para servir Rodrigo na perfeição.
Pedro Gonçalves - Preciosa tabelinha com Nuno na construção do primeiro golo. Podia ter marcado também: aos 70', rematou ligeiramente ao lado; aos 75', falhou chapéu por centímetros.
Trincão - Um dos melhores. Marcou o segundo golo, ao minuto 46, contornando opositores com primor técnico. Aos 75', grande recuperação: ofereceu golo a Pedro Gonçalves, que falhou por pouco.
Rodrigo Ribeiro - Aos 19 anos, demonstrou ao treinador que pode contar com ele. Figura do jogo ao marcar o primeiro e fazer o passe que permitiu o segundo.
Esgaio - Único trintão que resta no plantel. Substituiu Nuno Santos aos 31', actuando como ala esquerdo. Passou para ala direita e depois central na segunda parte. Polivalente.
Travassos - Maior surpresa deste jogo: entrou aos 53', substituindo o lesionado St. Juste. Mas actuando como ala esquerdo. Tem 20 anos, sonha com lugar na equipa. Cumpriu.
Miguel Alves - Estreia absoluta, aos 18 anos: substituiu Geny aos 85'. Central da formação, não esquecerá estes escassos minutos em campo num jogo que vencemos.
Samuel Justo - Entrou aos 90' para render Eduardo Quaresma. Teve pouco trabalho. Ou nenhum.
«Rodrigo Ribeiro é um grande avançado, que está num nível de desenvolvimento muito elevado. Excelente a jogar nos apoios - não perdeu uma bola apesar dos calmeirões italianos a jogar em cima - uma grande movimentação a atacar a profundidade, capacidade de concretização e de assistência. Merece integrar o plantel principal. Avançados são um bem escasso no futebol mundial. Não se podem desperdiçar.»
Rodrigo: dois golos e uma assistência na vitória esmagadora contra a Noruega
Rodrigo Ribeiro, com dois golos e uma assistência, foi o melhor em campo hoje na goleada de Portugal à Noruega: 5-0. Assim se cumpriu esta meia-final do Europeu sub-19, que se disputa em Malta.
Iremos à final, a jogar este domingo a partir das 20 horas. Com quatro vitórias, 14 golos marcados e apenas dois sofridos.
Grande exibição dos nossos "meninos", que deram uma lição de futebol artístico à selecção nórdica. Lição de criatividade e virtuosismo técnico, recuperando antigas características do futebol português que pareciam em desuso. Pareciam, mas não estão.
Parabéns aos jogadores. Parabéns ao seleccionador Joaquim Milheiro, que acompanha estes miúdos desde a selecção sub-15: está aqui um grande treinador com margem de progressão. Talvez um dia trabalhe no Sporting.
Dos nossos, Samuel Justo regressou à equipa titular e fez bom trabalho como interior esquerdo. Destacou-se na assistência para o segundo golo de Rodrigo, aos 66', culminando uma excelente jogada de futebol colectivo.
Rodrigo já tinha marcado, aos 31': foi o nosso terceiro. Antes dele, facturaram Gustavo Sá (4') e Hugo Félix, de penálti (17'). A conta fechou aos 69', com um petardo do canhoto Carlos Borges (o nosso Rodrigo assistiu).
Martim Marques, ala esquerdo, também deu nas vistas: acabou de trocar o Sporting pelo Lugano, na Suíça, após 12 anos de trabalho em Alcochete. Jogava de verde e branco desde 2011, ainda nas escolinhas. Tenho pena que já não possamos contar com ele.
Gonçalo Esteves voltou a ser titular, mas saiu aos 48', desta vez com uma exibição mais apagada. Milheiro contará certamente com ele em grande forma na final.
Além dos nossos, destaco três jogadores que não me importaria nada de ver no Sporting: Gustavo Sá (18 anos), médio ofensivo do Famalicão; João Vasconcelos (18 anos), médio ofensivo do Braga; e Carlos Borges (19 anos), extremo-esquerdo do Manchester City, titular da equipa sub-23 deste emblema inglês, onde já marcou 25 golos e protagonizou 11 assistências. Números que merecem respeito.
Ainda a saborear este triunfo, apetece-me perguntar: quem disse que a nossa formação não tem valor?
Do desafio de ontem, frente à selecção anfitriã do torneio, destaco a grande exibição do nosso Gonçalo Esteves: fez toda a partida evidenciando excelente condição física. Nos dois corredores. Primeiro no esquerdo, onde alinhou mais de uma hora, e a partir do minuto 66 de regresso à sua posição natural, na ala direita. É o jogador português com mais minutos, até agora, nesta competição. Bom a defender e a atacar: veloz no ataque à profundidade, sagaz na condução da bola, com passes bem medidos e visão de jogo muito acima da média. Espectacular, o lance que protagonizou aos 90'+2. Quase marcou aos 73' num disparo fortíssimo travado pelo guarda-redes com notória dificuldade.
Dos nossos, exibição discreta do Rodrigo Ribeiro, que só entrou aos 66'.
Má prestação do Diogo Pinto, em estreia no torneio como guarda-redes. Por culpa sua, num frango anedótico, a selecção de Malta marcou aos 72', empatando então o jogo, que viria a ser desbloqueado três minutos depois, com a equipa das quinas a fixar o justo triunfo final. Que só pecou por escasso.
Aproveito para perguntar aos leitores do És a Nossa Fé: gostariam ou não de ver Gonçalo Esteves integrar o plantel principal do Sporting na época 2023/2024?
Há dias tinha aqui dado nota da renovação do Sporting com quatro dos jovens da equipa B mais "made in Alcochete", da transformação completa que sofreu a nossa equipa B duma época para a outra, e de que, na minha opinião, esta equipa supera a de 2012/13 que contava com João Mário, Esgaio, Bruma e Dier, entre outros.
Poderão dizer que a Liga 3 deixa muito a desejar, mas se calhar é mais complicado competir ali do que na Liga 2, recheada que está de equipas experientes e matreiras, sempre a jogar muito fechadas e a tentar explorar o erro do adversário, como o Varzim e o Caldas bem demonstraram nos jogos da Taça de Portugal frente a Sporting e Benfica.
Ontem, apesar de desfalcada de habituais titulares como Marsà, Essugo, Mateus Fernandes e Fatawu, conquistou uma vitória no campo do mesmo Caldas e está, conjuntamente com mais duas equipas, no 4.º lugar da série B da 3.ª Liga.
A equipa B jogou com:
Diego Callai (18); Diogo Travassos (18), Gilberto Batista (18), Alcantar (19) eNazinho (19); Renato Veiga (19), Diogo Abreu (19)/Marco Cruz (18) e Samuel Justo (18)/Miguel Menino(19); Joelson Fernandes (19)/Vando Felix (19), Rodrigo Ribeiro (17) e Diogo Cabral(20) /Afonso Moreira (17)
O melhor em campo foi Diego Callai com uma exibição fenomena. Rodrigo Ribeiro demonstrou ser um ponta de lança com sentido de baliza, marcando dois golos de oportunidade. Piores estiveram os dois extremos titulares, que se perderam em iniciativas individuais condenadas ao insucesso.
Gosto muito do Diogo Abreu. Falso lento, patrão do meio-campo, com físico para a função, percorre o campo, faz passes a rasgar a defesa, marca bem livres e cantos, precisa apenas de conseguir aguentar os 90 minutos no mesmo ritmo para chegar a outros patamares de rendimento.
O próximo jogo serve de fecho da 1.ª volta. É com o lider da série, o Amora, em Alcochete no sábado que vem. Vale a pena ver.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre RODRIGO RIBEIRO:
- Eu: «Vimos o treinador lançar em estreia absoluta na equipa principal - e logo num cenário destes - o jovem avançado Rodrigo Ribeiro, ainda júnior, que promete fazer furor já na próxima época leonina. Entrou aos 89', para render Slimani: jamais esquecerá.» (10 de Março)
- José Navarro de Andrade: «Mais um chaval da academia, um imberbe Rodrigo Ribeiro, disse olá ao mundo e do pouco tempo que teve mostrou, pelo menos, que sabia o que fazer.» (11 de Março)
- Pedro Oliveira: «Tornou-se ontem, em Viseu, o primeiro futebolista mundial a marcar um hat-trick verdadeiro, em 18 minutos, por uma selecção, apesar de ter começado o jogo no banco.» (30 de Março)
- Luís Lisboa: «Tem mesmo pinta de jogador (2 de Maio)
Quem visita a igreja mais antiga de Viseu (São Miguel do Fetal) encontra um túmulo austero, de frio granito, onde repousa, eternamente, Rodrigo, o último rei dos godos.
O nosso Rodrigo, Rodrigo Ribeiro, tornou-se ontem, em Viseu, o primeiro futebolista mundial a marcar um hat-trick verdadeiro, em 18 minutos, por uma selecção, apesar de ter começado o jogo no banco.
O nosso Rodrigo, alia a goleada à recente estreia na Liga dos Campeões, com apenas 16 anos.
O Record que ontem celebrou o aniversário do jogador que nos impediu de ir a França, em 1998, hoje dedica 10 páginas (em 32) à "maravilhosa" vitória, por 2-0, sobre a Macedónia e apenas umas linhas ao épico triunfo dos nossos sub-17 sobre a Finlândia.
Viu-se no sábado o City a pôr o United fora de órbita. Fernandes, Pogba, Telles e companhia terão visto a bola sempre a passar lá longe, sobretudo na segunda parte. O resultado foi mentiroso, pois mais realista teriam sido aí uns 8-0 dos que os 4-1 finais.
Augurava-se, portanto, um massacre para quarta-feira, mas ambas as equipas, com a eliminatória fechada, resolveram tacitamente converter o desafio num jogo de treino. Viu-se assim um City a gasóleo que ainda assim, dada a diferença orçamental do plantel, não deixaria de apoquentar com severidade um Sporting turbo. E viu-se um Sporting que soube no empate ganhar três coisas.
A primeira foi a resiliência de uma defesa enquanto rochedo vergastado por sucessivas ondas de ataque. A segunda foi um Edwards bem mais interessante e descontraído do que o Edwards de dias antes contra o Porto, deixando no ar a expectativa de que quem foi capaz de se afirmar tanto em tão pouco tempo ainda terá mais para oferecer. A terceira foi a estreia de mais um chaval da academia, um imberbe Rodrigo Ribeiro que disse olá ao mundo e do pouco tempo que teve mostrou, pelo menos, que sabia o que fazer.
A brincar a brincar nesta época o Sporting já confirmou a maturidade de Matheus Nunes e Gonçalo Inácio que há um ano eram apenas debutantes, está a fazer de Porro um craque de craveira internacional (Guardiola a meter conversa com ele no final do jogo...) e de Ugarte uma certeza, lançou o "monstro Essugo" que promete mundos e fundos do alto dos seus 16 anitos e agora este RR.
Gostei muito da vibrante atmosfera nas bancadas do estádio do Manchester City, onde alguns milhares de adeptos leoninos nunca deixaram de puxar pela nossa equipa. Um exemplo do que deve ser uma verdadeira claque - neste caso alargada praticamente a todos os portugueses ali presentes. Que motivaram e galvanizaram a nossa equipa neste que foi o nosso melhor resultado de sempre na Liga dos Campeões. Empatámos lá, sem golos, frente a um dos emblemas milionários do futebol contemporâneo que actuou com um naipe de craques: Ederson, Stones, Laporte, Fernandinho, Sterling, Bernardo, Foden, Gundogan e Gabriel Jesus. Nada a ver com o desafio da primeira mão, em que fomos goleados pelo campeão inglês.
Gostei do nosso jogo colectivo, sempre compacto e bem organizado, com Rúben Amorim a distribuir bem cada jogador no terreno, encurtando distâncias e anulando linhas de passe aos adversários. Com dois capítulos diferentes: a primeira parte desenrolou-se quase apenas no nosso meio-campo defensivo enquanto na segunda fomos arriscando acções ofensivas, em contra-ataques que até podiam ter ditado a vitória leonina. No nosso lance mais perigoso, Paulinho falhou o golo, permitindo a defesa do "ressuscitado" Scott Carson, substituto de Ederson. Edwards, que substituiu Sarabia aos 58', foi um dos elementos em maior destaque: fez grande cruzamento a sobrevoar a área para Matheus Reis (73'), picou a bola no tal lance que Paulinho desperdiçou (76'), serviu Slimani (82') e lançou bem Nuno Santos (90'). Imprimiu velocidade ao jogo, desequilibrou, protagonizou aqueles três passes de rotura. Gonçalo, Coates, Ugarte e Porro foram obreiros incansáveis. Adán negou um golo a Sterling com uma defesa monumental (38'). Mas o meu destaque nesta partida vai para o veterano Luís Neto, numa das suas melhores exibições de verde e branco: cortes providenciais ao 8', 38', 54', 63', 64' e 69'. Nunca se atemorizou por ver Sterling como adversário directo. Exemplar.
Gostei poucoda primeira parte, em que resistimos às investidas do City mas fomos quase sempre incapazes de transpor a linha do meio-campo, com todos os jogadores atrás da bola. A fase inicial do plano estava cumprida: faltava a outra, que falhara por completo em Alvalade, quando não fizemos um remate à baliza dos ingleses. Desta vez isso não aconteceu. As primeiras investidas, muito tímidas, resultaram em quase-passes para Ederson aos 57' (por Tabata) e aos 60' (por Edwards). Mas a partir daí as oportunidades sucederam-se. Podíamos ter marcado por Matheus Reis (73'), Porro (74') e Esgaio (90'+1), além do tal lance de Paulinho, que envolveu também Porro e Edwards. O 5-4-1 apresentado em campo por Amorim desta vez funcionou, para satisfação de todos nós. Ficou comprovado que Slimani e Paulinho podem actuar juntos, ao contrário do que alguns diziam. E ainda vimos o treinador lançar em estreia absoluta na equipa principal - e logo num cenário destes - o jovem avançado Rodrigo Ribeiro, ainda júnior, que promete fazer furor já na próxima época leonina. Entrou aos 89', para render Slimani: jamais esquecerá.
Não gostei que tivéssemos sido eliminados da Liga dos Campeões. Mas foi o nosso melhor desempenho nesta prova, em que afastámos Besiktas e Borussia Dortmund, além do empate agora alcançado em Manchester. É assim, por etapas, que uma equipa cresce e ganha prestígio também nos palcos internacionais. Bónus adicional: o 0-0 de ontem valeu meio milhão de euros aos cofres leoninos e reforçou a pontuação das equipas portuguesas na UEFA pouco depois de o FC Porto ter sido derrotado em casa pelo Lyon, nono classificado da Liga francesa.
Não gostei nada do resultado da primeira mão, que logo nos impediu de disputar o acesso aos quartos-de-final: por mais que fizéssemos, seria impossível superar uma diferença tão desnivelada frente ao líder do campeonato inglês. Até porque voámos para Manchester sem elementos nucleares: Matheus Nunes (castigado), Palhinha, Daniel Bragança e Pedro Gonçalves (lesionados). Também não gostei nada de ver o City introduzir a bola na nossa baliza, aos 47': felizmente o golo foi invalidado, por fora-de-jogo milimétrico do marcador, Gabriel Jesus. E o empate a zero prevaleceu até ao fim, confirmando a pista que eu tinha aqui lançado ontem: fomos mesmo capazes de fazer um brilharete em Manchester.
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