Confirmados os meus dotes de vidente e adivinho encartado (se se lembram apresentei antecipadamente aqui as minhas desculpas ao nosso Pedro Porro), informo que abrirei ainda antes das férias consultório nas especialidades acima referidas.
Não se admirem se eu em vez de usar uma bola de cristal use um calhau fossilizado, há por aí muitos, aqui na praia são em barda mas é preciso saber procurá-los e nas televisões são às carradas com a vantagem de que estão à mão de semear.
Ou até que se eu para adivinhar o futuro dos "pacientes" possa usar uma técnica alternativa, troque os percebes por lapas, ou assim, afinal o que eles quererão saber são os números do euromilhões, ou se o Félix vem para o Benfica, interessa-lhes lá saber as voltas que eu dou para lá chegar.
É como eu em relação à selecção e ao treinador Roberto Martínez. Ele foi contratado para ganhar títulos, ganhou, parece-me que os meios serão irrelevantes, considerando que os objectivos são atingidos. Se eu gosto ou não da "linha" que ele escala, das substituições que ele faz, dos jogadores que ele convoca, pouco interessa se ele no fim ganhar o jogo.
Ainda ontem vi um caceteiro encartado, na CMTV (na habitual ronda pelos vários canais), Rodolfo Reis de seu nome, a chamar burro a Roberto Martínez treinador vencedor da Liga das Nações. Este bem pode vir às minhas consultas, que será fácil adivinhar-lhe o futuro: Cinco tostões de kompensan para os dez tostões de tintol.
Nesta final quero destacar o colectivo, todos se bateram muito bem, fazendo sobressair as individualidades. Nuno Mendes confirmando-se como um jogador de excepção (o treinador espanhol às tantas teve que meter a carne toda no assador naquele lado, Porro inclusive, e foi como se nada se tivesse passado), Cristiano Ronaldo contrariando os marrecos que o dão a cada jogo como morto e enterrado (adoro quando dizem "ah, marcou porque estava à mama", como se "estar à mama" fosse fácil), marcou dois golos decisivos e Diogo Costa que desta vez nos deu mais uma alegria, ele que já tinha um feito semelhante (superior, vá) ao defender três penalidades numa meia-final.
Para terminar, quero apenas informar-vos que o consultório será ali à frente, na Praia de São Lourenço.
Bandeira azul.
Numa rocha qualquer.
PS: Já me esquecia: Pedro Gonçalves, Gonçalo Inácio, Francisco Trincão e Rui Silva há duas semans que não celebravam um título...
A excelente selecção nacional de futebol, comandada por Roberto Martínez, acaba de vencer a Liga das Nações, batendo na final a poderosa Espanha, actual campeã europeia. Com 2-2 no final do prolongamento (golos dos leões Nuno Mendes e Cristiano Ronaldo) e triunfo nos penáltis. Convertidos por Gonçalo Ramos, Vitinha, Bruno Fernandes, Nuno Mendes (melhor em campo, neutralizando Lamine Yamal) e Ruben Neves. Diogo Costa defendeu o pontapé de Morata.
Terceira final ganha pela equipa das quinas em menos de dez anos. Depois do Campeonato da Europa em 2016 e da Liga das Nações em 2019.
Portugal é agora o único país com duas Ligas das Nações no palmarés.
Festejo? Celebro? Sinto-me feliz? Claro. Como milhões de compatriotas. Em todo o mundo.
Espero que pelo menos durante um par de dias os profetas da desgraça fechem a matraca. Também eles acabam de ser derrotados, por goleada.
O obtuso seleccionador Martínez deixou-te fora da convocatória para a Liga das Nações. Indiferente ao facto de teres acabado de te sagrar pela terceira vez campeão nacional pelo Sporting. Indiferente ao facto de teres um percurso digno de aplauso ao serviço das selecções jovens, com 48 internacionalizações.
Só lhe fica mal a ele, ninguém duvida.
Deixa estar, meu caro Eduardo Quaresma: esta injustiça será reparada pelo próximo seleccionador da FPP. Não terás de esperar muito. José Mourinho está quase a chegar.
Era de esperar. A brilhante exibição de Francisco Trincão no jogo de anteontem contra a Dinamarca, pela selecção nacional, está a despertar a atenção de vários emblemas da Premier League. Manchester United, Newcastle e Arsenal já terão manifestado o seu interesse pelo jogador junto da SAD leonina.
Trincão está ligado ao Sporting por uma cláusula de 60 milhões de euros, mas metade do seu passe pertence ao Barcelona, o que pode desencorajar uma transferência já neste mercado de Verão. Mas é natural que desperte a cobiça de grandes clubes internacionais pela qualidade do seu futebol e pelos números que apresenta nesta época: nove golos e 13 passes para golo. Incluindo os dois que marcou na selecção, onde ainda só teve oportunidade de jogar 72 minutos.
Passo a citá-lo, com a devida vénia, destacando alguns trechos:
«Só neste terceiro jogo com Martínez Trincão pôde actuar como um extremo interior - nas duas vezes anteriores entrou para uma posição mais "colada" à linha. Porquê? Porque Martínez tem desenhado uma ideia que não prevê a existência de um jogador como Trincão. (...) Tem pedido aos laterais da selecção que joguem quase como complementos ao ponta-de-lança. Mendes e Dalot, à vez, têm pisado terrenos interiores - o primeiro mais em condução, o segundo mais em posicionamento entre linhas. (...) Inicialmente, essa parecia ser uma ideia para dar conforto a Rafael Leão e chegou a ter sucesso (...), mas dificulta a vida de jogadores como Trincão, cuja vida é feita de explorar zonas interiores, jogar em espaços curtos e usar o pé esquedo de fora para dentro - para remates, passes a rasgar a defesa ou cruzamentos em arco.»
«Frente à Dinamarca, já na segunda parte, Martínez mudou a tal ideia de laterais por dentro e alas bem abertos no corredor. Moveu Mendes e Semedo para posições exteriores, bem abertos, e os alas (Jota e Trincão) para posições mais condizentes com o futebol de cada um deles - ambos por dentro, com Jota mais vertical e incisivo e Trincão mais refinado a encontrar espaços por dentro. Foi nesse contexto que o jogador do Sporting encontrou caminhos para o golo e levou Portugal à meia-final da Liga das Nações.»
«Outro entrave à afirmação de Francisco Trincão aos olhos de Martínez também se chama Francisco. "Chico" Conceição tem sido um dos preferidos do seleccionador nacional. (...) Trincão dribla menos e é mais um jogador associativo do que de um contra um puro - Conceição tem valores de drible mais altos, Trincão supera em todas as métricas do passe. Através do Sofascore é possível comparar os mapas de calor de Conceição e Trincão e perceber que se movimentam de forma bem diferente - Conceição tem zonas vermelhas muito carregadas e bem coladas à linha, enquanto Trincão tem várias zonas a vermelho, evidenciando muito maior abrangência de movimentos.»
Na passada sexta-feira escrevi e publiquei neste espaço um postal sobre o jogo de Portugal na e contra a Dinamarca. Um texto recheado de ironia e sarcasmo salpicado aqui e ali com algum humor.
Hoje irei perorar sobre o jogo de ontem, mas ao qual retirarei a ironia e o sarcasmo, deixando somente um pouco de humor.
Sendo assim… ontem, no nosso estádio, Portugal mostrou que poderia e deveria ter feito mais nos dois jogos. Tem jogadores com qualidade para fazer melhores partidas. Ou como escreveu alguém numa rede social privada:
O problema reside no senhor Martínez, de quem tenho uma péssima ideia como treinador de futebol. É certo que ele não terá toda a matéria-prima, muito por culpa de alguém que se esconde, mas continua a dominar os meandros da FPF. Estou mesmo convicto que a escolha dos jogadores não será feita por Roberto Martínez, sendo apenas este o treinador de campo.
Ontem Portugal pretendeu principiar com alguma dinâmica, mas a grande penalidade falhada por Ronaldo atirou a selecção para o marasmo de quinta-feira. Valeu-nos um jogador dinamarquês ao fazer autogolo.
A segunda parte trouxe mais golos. Todavia e perante o desaire que estava a ser a selecção, RM puxou de um trunfo e colocou-o em campo aos... 81 minutos. De nome Francisco, este jogador ao fim de cinco minutos trincava já. Ao fim de onze repetiu a proeza e ainda teve tempo para estar na jogada que daria o quinto golo de Portugal.
Posto isto hoje lembrei-me da BD que tenho em casa e onde fui buscar esta imagem.
Calculo que deva ter sido isto que perguntou Martínez a si mesmo quando Trincão marcou o primeiro golo. Ou o segundo!
E o Martinez lá continua a desfrutar, diz ele, do grande salário que recebe e da grande amizade do Jorge Mendes.
Desta vez com uma defesa em condições, mas com um maestro minorca a tentar tocar bombo e um Ronaldo desesperado para dar uns toques na bola, conseguiu ter um penálti digno do Taremi, oferta que o Ronaldo logo devolveu tentando imitar o Bruno Fernandes (para fazer aquilo estava lá o original, não era preciso a imitação), conseguiu ter um autogolo daqueles cabeceamentos que o mesmo Ronaldo não faria melhor, chegar ao intervalo em vantagem para se repetir na segunda parte o banho de bola de Copenhaga.
O nosso ataque era inofensivo com dois inúteis "italianos" em processo de revitalização a perderem a bola e dar origem a contra-ataques. Os dinamarqueses faziam o que queriam do meio-campo, o Vitinha via-os passar e os outros dois baixinhos pouco ajudavam. O nosso Hjulmand passeava-se no campo e só à conta dele foram três os remates perigosos. Para ajudar à festa, o Rúben Dias demora mais um pouco no passe e daí sai o golo da Dinamarca.
A 10 minutos do fim, com a eliminatória em risco, à beira de ser despedido, o Martínez não mete o Feliz e Contente, e vai â sua vida de vez. Mete o nosso Trincão, que lhe resolve o problema em dois lances magníficos. Também não deixa o Ronaldo a perder bolas no meio-campo e mete enfim um ponta de lança. Com Jota, que tinha entrado antes, finalmente tínhamos uma linha avançada que corria e jogava futebol. E chegámos a um inimaginável 5-2.
E lá vamos para a Final Four apesar do Martínez.
Francisco Conceição vinha duma lesão na Juventus, não convence, fala-se que vai ser devolvido ao Porto. Solução para revitalizar o rapaz: titular na selecção.
João Felix é achincalhado em Itália, fala-se que vai ser devolvido ao Chelsea. Solução para revitalizar o rapaz: convocado na selecção.
Rafael Leão anda castigado ao banco no Milão pelo Conceição pai. Solução para revitalizar o rapaz: titular na selecção.
Bernardo Silva está a atravessar uma péssima fase na pior época do Man.City com Guardiola. Solução para revitalizar o rapaz: Titular na selecção.
Trincão e Quenda estão a fazer uma bela época no Sporting e não precisam de revitalização nenhuma. Trincão salvou a selecção ontem. Quenda, diz o Martínez, está "a crescer". E o Feliz já cresceu tudo???
Enfim, isto não é um seleccionador, é um coleccionador de cromos da caderneta do Mendes.
O que seria desta selecção com alguém honesto e exigente à sua frente? Acho que nunca vamos saber.
A colecção de cromos da caderneta Mendes, que incluem pré-reformados, post-lesionados e eternamente flopados, amigos do Ronaldo mais uns que outros, deu em Copenhaga mais uma demonstração de desorientação táctica e incapacidade competitiva.
Não chega ter os jogadores que tem Guardiola para jogar "à campeão" como joga Guardiola, é preciso ter a competência e a exigência de Guardiola. Quem diz Guardiola diz o Luis Enrique. Ou até o Flick.
Ouvi dizer ontem ao Malheiro (?) na TV que pior que o Martínez só o Scolari. Devia estar a brincar, porque o Scolari não aceitava recados, mal chegou correu logo com a prima-dona Baía, e sabia pôr "os mininos" na ordem, a bem ou a mal. O Martínez andou a fazer favores desde que chegou ao Mendes e ao Pinto da Costa, a utilizar naturalizados a martelo como o Otávio e o Galeno (este foi "treinar" com o Brasil e recusou) para possibilitar grandes transferências, a chamar os amigos do Ronaldo para tomar conta da "capoeira" cheia de "galos", tentar recuperar flops e lesionados, no fundo a tratar de rentabilizar os "cromos" da "caderneta".
Como é que o Renato Veiga, pouco tempo depois de ser emprestado pelo Chelsea à Juventus onde pouco joga, é titular na Dinamarca em vez daqueles que estão a jogar como tal no Sporting e Benfica, Gonçalo Inácio e António Silva? Para agradar ao Mendes? Além do penálti que provocou, levantando o braço sem qualquer necessidade, a saída de bola foi sempre deficiente.
Ir a Copenhaga defrontar uma Dinamarca que mete o pé e joga a correr sem trinco nem ponta de lança, com uma linha média de baixinhos vagabundos, um Pedro Neto que sabe rematar e pouco mais, é mesmo de quem não sabe e nem quer saber.
Ou melhor, quer é saber quanto é que vai receber de indemnização quando o penteado do Proença começar a perder a laca.
Dizem que temos a melhor selecção de sempre em termos de jogadores, mas o que temos é um grupo de jogadores muito iguais na técnica, no físico e na atitude, que fazem uns estágios fenomenais mas se anulam uns aos outros em campo.
Os jogadores diferentes como o Paulinho ou a atravessar um grande momento, como o Pedro Gonçalves meses atrás, pura e simplesmente não têm lugar.
Ontem sobraram quatro magníficos, que não brincam em serviço e mereciam outra coisa: Diogo Costa, Rúben Dias, Bruno Fernandes e Nuno Mendes.
«Se entrar em campo no Estádio Poljud, em Split, na segunda-feira, Quenda vai estrear-se com 17 anos e 202 dias, superando Futre, que estreou em 21 de Setembro de 1983, com 17 anos e 205 dias.»
«Roberto Martínez deu minutos a todos os jogadores convocados para o duplo compromisso com Polónia e Croácia para a Liga das Nações, excepto para Geovany Quenda, o único jogador de campo a ficar em branco.»
«Foi uma maldade. Martínez sabia que ele podia bater o recorde do Futre. Levou-o para o banco, podia tê-lo deixado na bancada, por isso o normal seria entrar. Por dois dias... Por que é que não entrou? Porque defende mal? Joga como ala no Sporting, num sistema de três centrais.»
Pedro Santana Lopes (ontem, n'O Jogo), indignado por ter visto Quenda chamado à selecção A para não jogar
«É desonestidade intelectual. Não escolhe os jogadores porque são do Sporting. Há manifestamente uma perseguição. Diz muito bem deles, são todos uns craques e são os jogadores da equipa que vai à frente e ganhou o campeonato, mas, depois, nada disto serve para o senhor Martínez.»
«Apetece-me dizer isto: ele [Quenda] foi convocado pelo Roberto Martínez mas não foi o Roberto Martínez quem decidiu que ele não devia jogar. Isto é extraordinário. Noutro país qualquer não tenho dúvidas de que seria utilizado e se calhar em alguns casos até como titular.»
Jorge Baptista (ontem, na SIC N), surpreendido ao ver Quenda permanecer no banco contra a Croácia
... e acha que Paulinho (32 anos) não tem lugar na seleção, porque há jovens promissores que estão à sua frente na hierarquia (falou de Fábio Silva e até de Tiago Tomás).
Dias depois, num jogo que já não conta para nada, faz um 11 recheado de jovens promessas, como Danilo Pereira (33 anos), Nélson Semedo e José Sá (ambos com 31 anos), João Cancelo (30 anos) e Otávio (29 anos).
Grande figura do encontro de ontem à noite, debaixo de chuva, em que a selecção nacional goleou a da Polónia por 5-1. O nosso maior triunfo de sempre frente aos polacos.
CR7 foi o melhor em campo. Sem surpresa, acabou vitoriado por quase 50 mil espectadores no estádio do Dragão. Confirmando que mantém intactas as qualidades que todos lhe reconhecem no planeta Futebol.
Marcou dois golos - o primeiro (segundo da equipa das quinas), de penálti, aos 72'; o segundo (quinto da selecção), aos 87', num espectacular pontapé de bicicleta. Imagem que certamente dará a volta ao mundo. E ainda foi dele o passe para o quarto, marcado aos 83' por Pedro Neto.
Este triunfo categórico valeu pelos golos, claro. Também o primeiro, ao 59', foi digno de prolongado aplauso, num contra-ataque muito rápido iniciado e concluído (de cabeça) por Rafael Leão, com primorosa assistência de Nuno Mendes. E o terceiro, golaço de Bruno Fernandes aos 80', fuzilando a baliza num disparo a quase 30 metros de distância.
Valeu também, claro, por ter confirmado a passagem da nossa selecção aos quartos-de-final da Liga das Nações, assegurando a liderança do grupo A mesmo sem termos disputado ainda o último jogo, que será contra a Croácia.
Roberto Martínez só pode estar satisfeito. Tem um saldo muito positivo: 19 vitórias, três empates e apenas três derrotas em 25 desafios ao comando da selecção. Com 67 golos marcados e sete sofridos.
Mas o destaque maior vai mesmo para Ronaldo.
Com os dois marcados ontem, já apontou 135 golos em 217 jogos com o emblema nacional ao peito - quatro dos quais nesta fase de grupos da Liga das Nações.
Mais impressionante ainda: tem agora 37 golos apontados no ano civil em curso. A escassos meses de completar 40 anos. E um total de 910 golos oficiais no conjunto da carreira. Já ninguém duvida que chegará aos mil.
Melhor jogador português de sempre. O melhor do mundo.
Jovens adeptos celebram 910.º golo oficial de CR7 ontem com ele no estádio do Dragão
Roberto Martinez é um grande sportinguista. Convocou Inácio, Trincão, Pote e Quenda e só não deu a mão a Nuno Santos (vindo de lesão, como Neto, 5 minutos antes do Euro) e Bragança (suplente, como Félix no Barcelona antes do mesmo Euro) para esconder melhor as suas cores.
Na hora da verdade, só deu minutos a Inácio e nem 90 foram, dando espaço a Silva para fazer má figura e chegar cansado às mão de Lage. Ainda pareceu alimentar a ideia de que Quenda se ia mesmo estrear antes de fazer 18 anos, mas não querendo que o adolescente se empolgasse demasiado, esqueceu essa ideia.
Para disfarçar ainda deu uns minutos a Pedro Gonçalves no primeiro jogo, mas não querendo submeter os bravos leões a jogar na Luz mais do que uma vez ao ano, foi inteligente e lançou antes Neto, Jota ou Leão de início e na hora de trocar, quando a poderosa Escócia ameaçava conseguir um pontinho, ao invés de pensar em Francisco, Pedro ou Geovany, fez o certo e lançou Félix, de regresso ao Chelsea, depois do regresso ao Atlético, tudo fazendo para não regressar a Lisboa.
Resultado: os quatro leões, titulares de uma máquina goleadora sem igual por cá, regressam a Alcochete frescos para o duro setembro que aí vem e o Sporting ainda poupou uns belos trocos em refeições e água quente, com a excursão do quarteto a Carnide. Obrigado, Roberto.
Foi há dois meses, 5 de Julho, que a selecção da república portuguesa sofreu cinco golos da França. Dois meses depois o interesse da comunicação social na selecção é zero.
Os jornais desportivos estão mais interessados na novela do novo treinador para o actual oitavo classificado do campeonato do que no desempenho da selecção do senhor Roberto.
Batemos no fundo quando um treinador como Bruno Lage é, mediaticamente, mais importante que o seleccionador nacional.
Batemos no fundo quando o provável novo treinador do oitavo classificado do campeonato é notícia e a selecção de Cristiano Ronaldo e de Diogo Costa (o melhor do mundo) é notícia de rodapé em dia de jogo oficial.
Vendo o que jogou a Espanha e o onze que montou o espanhol seu treinador com base no Atlético de Bilbau e na Real Sociedad, e vendo o que jogou Portugal e o onze que montou o espanhol nosso treinador com base na "turma do Pepe" e no Jorge Mendes, se calhar o ex-vice presidente do FC Porto contratou o espanhol errado.
Ou então não, a ideia era essa mesmo.
Sobra ao Cristiano o recurso ao DVD.
PS: Entretanto o bombeiro Jorge Mendes prossegue na sua missão de salvar o tal clube do ex-vice presidente do buraco em que o deixou o Pinto da Costa:
Há pessoas e animais que nasceram para vigiar. Lucky Luke vigiava mas sabia fazer o trabalho, quando era necessário ele próprio assentava as travessas, fixava os carris, vigiava para que o trabalho fosse seguro e com qualidade.
Já os abutres vigiam, apenas, esperam que a oportunidade caia por terra.
Para Mourinho a equipa ia andando mas não ia convencendo.
Já ele convence-se que acerta sempre, é um convencido. Na imagem acima lá está ele a acertar, Renato Sanches, a fantástica contratação da Roma na época passada.
Mais uma vez acertou.
Para acertar muito é necessário estar vigilante, neste momento, parece-me que "o turco" está a vigiar o lugar de Roberto Martinez.
Dar oportunidade não significa acreditar, Mourinho não acreditou nem em Nacho, nem em Morata. Xavi acreditou em Lamine Yamal, sentou no banco um jogador que custou 126 milhões de euros e deu a titularidade a um miúdo com 16 anos.
Há treinadores que vigiam, há outros que trabalham.
A selecção de Portugal foi eliminada anteontem pela da França nas grandes penalidades, depois do 0-0 nos 120'. Exactamente como tinha sido apurada contra a Eslovénia.
E Portugal foi eliminado sem razão de queixa de seja o que for. O jogo foi repartido, as oportunidades de golo aconteceram para ambos os lados, cada equipa tinha a sua forma de ferir o adversário, uma demorando mais com a bola outra menos, os guarda-redes e as defesas conseguiram manter as balizas invictas até ao fim. Depois vieram as grandes penalidades. Se alguém ainda pensa que as grandes penalidades são questão de sorte, que veja a forma como Ronaldo marcou a sua e o Félix falhou a dele.
Portugal foi eliminado por uma França com a qual sempre poderia ser eliminado, mas depois duma campanha que deixou muito a desejar contra adversários de menor estatuto, que incluiu uma derrota humilhante contra a Geórgia. Foram 2-1, 3-0, 0-2, 0-0 e 0-0 os resultados, 5-3 em golos, sendo que, dos cinco, dois foram autogolos, outro um ressalto num defensor e outro um escorreganço dum defesa contrário que quebrou a linha de fora de jogo.
A selecção portuguesa dispunha dum meio-campo de luxo. Com Palhinha (agora Bayern de Munique), Bruno Fernandes (Man. United), Vitinha (PSG) e Bernardo Silva (Man. City) e dois alas perfurantes de grande classe como Nuno Mendes (PSG) e Cancelo (Barcelona). E depois Diogo Costa, Rúben Dias (Man. City), Pepe, Cristiano Ronaldo e Rafael Leão (Milan). Como é que com tanta qualidade não se consegue ter uma jogada colectiva que resulte num golo numa sequência de cinco jogos?
Não é difícil adivinhar a resposta.
Sendo assim, a selecção fracassou na Alemanha. Não há minutos de posse de bola nem choros convulsivos nem conversa da treta que prove o contrário. Para mim o grande responsável chama-se Roberto Martínez e a selecção Ronaldo & Pepe que montou sob o alto patrocínio de Jorge Mendes. Como é que um João Félix, a acumular fracassos por onde passa, que se ausenta para "jogar às cartas" enquanto a Itália joga, é seleccionado, joga pessimamente e mesmo assim vai marcar um penálti decisivo?
No final do jogo, enquanto os dois manos choravam agarradinhos, alguns outros passavam ao lado de tanta ternura. Pepe fez um grande jogo de facto, mas a selecção já podia estar em casa à conta dele contra a Eslovénia. Ronaldo fez um péssimo jogo contra a França, também é um facto, mas tanto minuto de jogo e tanto livre marcado dá cabo do melhor jogador do mundo. Ainda assim converteu dois penáltis nos desempates finais.
Depois veio Martínez a falar no exemplo de Pepe para os portugueses. Qual Pepe? Aquele do murro ao Coates, da bofetada ao Matheus Reis, aquele do pontapé ao adversário caído no chão quando ao serviço no Real Madrid, aquele que colecciona expulsões e goza com os árbitros, o Pepe exemplo de quê? De que alguém pode ser um santo na selecção e um bandido no clube? De alguém já despedido do clube pelo novo presidente e que vai não sei para onde e que se calhar a Portugal não volta, já facturou o que pôde? Se gosta tanto, que compre o livro da história da vida dele quando for publicado. Já agora, se tivesse apostado de início numa dupla de centrais Rúben Dias-Gonçalo Inácio, com Nuno Mendes a lateral esquerdo e Rafael Leão a extremo, não teríamos outro desenvolvimento de jogo pela esquerda?
Sobre Rafael Leão, prometo nunca mais dizer mal dos cruzamentos do Nuno Santos. Nunca mais.
Tínhamos jogadores de elite para muito mais. E no que respeita ao lançamento duma nova geração, Gonçalo Inácio, António Silva e João Neves vão precisar de psicólogos, como os dois guarda-redes suplentes, e o Gonçalo Ramos vai precisar de psiquiatra. Safou-se mesmo assim o Francisco Conceição que, com alguma trapaceirice "genética", conseguiu demonstrar a sua utilidade. O seu a seu dono.
Porque é que foram convocados Rúben Neves e Danilo? Para proteger o Pepe? E Pedro Neto? Para recuperar o valor de mercado do rapaz?
E pronto. Lendo e ouvindo o que se diz nos jornais e nas tvs, já temos um bode expiatório, o Cristiano Ronaldo, é malhar à vontade. Eu ofereço-me para ocupar a mansão na Quinta da Marinha. E não o deixo entrar.
PS: Se vier algum morcão a dizer que perdemos o Europeu pela falta do Otávio e do Galeno... ou do Evanilson... faça favor.
Foi a noite de Diogo Costa, foi ele mais que ninguém que possibilitou a eliminação duma selecção da segunda linha europeia, e evitou que Cristiano Ronaldo e Pepe tivessem muito que chorar nos próximos dias.
Aos 5 minutos do fim do prolongamento, já depois do penálti e de vários livres frontais falhados por Cristiano Ronaldo, mais uma vez Pepe "foi comido" em velocidade e deixou um esloveno isolado frente a Diogo Costa. Seguiu-se remate forte e colocado que o Diogo defendeu muito bem, ao jeito que tinha feito um par de anos antes em Alvalade frente a Nuno Santos.
Depois Pepe saiu, talvez para não deixar isolar mais ninguém, chegaram os penáltis, e o Diogo sempre acertou no lado e defendeu um, dois, três. Os nossos melhores marcadores (Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes e Bernardo Silva), frente a um também excelente Oblak, não falharam.
Em termos do jogo em si, entrámos no Europeu com a melhor selecção de sempre, que dava para fazer duas equipas quase de igual valor, e chegámos aos quartos-de-final com um onze que ainda anda a conhecer-se em campo. Faltam rotinas, faltam movimentos de arrastamento dos adversários, sobram lances individuais como aquele de Jota que nos deu o penálti. E quem sofre mais com isso é mesmo Cristiano Ronaldo, entregue à sua sorte lá na frente. Já lá vão quatro jogos e nenhum golo.
Agora vem aí uma França muito chatinha a defender e com dois avançados bem difíceis de marcar. Vamos voltar ao 3-4-3 para proteger o "fiel escudeiro" das arrancadas de Mbappé? Ou fica o 4-3-3 e vamos tentar controlar o jogo no meio-campo?
Duma forma ou de outra estamos todos pela selecção nacional, todos por Portugal, que o seleccionador Martinez faça jus ao seu estatuto de segundo treinador mais caro do Europeu, abra os olhos, se deixe de justificações esfarrapadas ("o estado da relva motivou a entrada do Conceição", estava fofinha para os mergulhos?) e esteja também.
Portugal encerrou ontem com a Geórgia a sua fase de grupos com uma derrota humilhante por 2-0 (que podia ser até mais pesada), conquistando mesmo assim o 1º lugar do grupo mais fraco em competição. Aquilo que podia ter sido uma oportunidade de afirmação das segundas linhas da selecção, considerada uma dos melhores de sempre, transformou-se numa das maiores vergonhas duma selecção portuguesa numa fase final. Agora segue-se uma selecção "menor" como a Eslóvénia, mas depois seguir-se-ão provavelmente a França, a Espanha, na final talvez a Itália, isto se lá chegarmos.
Depois de tudo o que se passou no Catar, Martínez recebeu a tarefa de construir uma selecção à volta de Cristiano Ronaldo e do seu fiel escudeiro, o Pepe, e tudo o resto passou para segundo plano. Inclusivamente a pouca vergonha de naturalizar a martelo brasileiros do balneário do Porto e tão arruaceiros em campo como ele ao serviço do seu clube. Felizmente Otávio e Galeno ficaram fora desta selecção que ignorou alguns dos melhores jogadores da Liga deste ano, por acaso do Sporting. Mas ficou o conceito, que o Paulo Futre bem explicou, o "animal" tem de jogar sempre para estar feliz e contente, se o Gonçalo Ramos calha entrar e marcar três golos lá se vai a felicidade, por muito que o Pepe lhe faça massagens e calce os chinelos, e o balneário entra em crise. E o Pepe para fazer feliz o Ronaldo também tem de estar feliz e contente, por isso tem lá o Danilo, o Conceição, o Diogo Costa e muitos outros. Uma corte.
Depois temos o 3-4-3, sistema táctico que passámos a conhecer muito bem com Rúben Amorim, mas com outra interpretação: extremos agarrados à linha e alas a explorar espaços anteriores. Um sistema que precisa de muito tempo e muitos jogos para articular movimentos e permitir à equipa atacar com muitos e defender com muitos também. E porquê o 3-4-3 na selecção com tamanha riqueza de médios? Para o Pepe não ser comido em velocidade por falta de rins, e tê-lo sempre de frente para o jogo? Ontem a mesma coisa com o Danilo?
Porquê o 3-4-3 com extremos na selecção quando não temos nenhum de topo, Conceição, Neto ou Rafael Leão sem espaço pouco rendem, e quando o centro sai está o Ronaldo sózinho na área? Quantas vezes ontem entrou um médio nas costas do lateral para receber a bola do extremo? A única forma de Portugal criar perigo foi explorar os remates de meia-distância de Palhinha e Dalot. O resto foi o agarrão ao Ronaldo.
Podemos falar também dos mega-craques produzidos no Seixal: João Félix, António Silva, João Neves, João Cancelo, Gonçalo Ramos, todos endeusados pela comunicação social e pela máquina de propaganda lampiónica. A diferença entre o que dizem deles e o que demonstram em campo é colossal. Infelizmente Gonçalo Inácio já parece contaminado pelo virus "Félix".
Bom, e agora? É deixar de inventar e voltar ao "pão com manteiga", o 4-3-3 que todos conhecem, com um extremo mais fixo do lado esquerdo e dando liberdade a Bernardo Silva para vagabundear pelo lado direito, e tendo Vitinha e Bruno Fernandes na organização de jogo. E ajustar as outras peças ao adversário em questão.
Aquele que me parece ser o melhor onze de Portugal, e pondo lá os obrigatórios Ronaldo e fiel escudeiro, que nesta altura já deveria ter tido minutos e jogos que criassem rotinas colectivas que não se vislumbram, é o seguinte:
Diogo Costa; Nelson Semedo (Cancelo), Rúben Dias, Pepe e Nuno Mendes; Vitinha, Palhinha e Bruno Fernandes; Bernardo Silva, Cristiano Ronaldo e Rafael Leão (Jota).
Enfim, é assim que vejo esta selecção: muita experiência internacional, muito talento, muita capacidade de improvisação, muitos jogadores parecidos uns com os outros, sete ou oito jogadores de topo mas pouca capacidade física, poucas rotinas de jogo, pouca capacidade de sofrimento. Uma selecção acomodada pela sucessão de vitórias com adversários de menor valia, pela comunicação social enfeudada aos grandes interesses e pelo "lançar das canas antes da festa" de todos nós.
Oxalá consiga aprender com esta bofetada na cara, porque senão vai conhecer o outro lado de ser português.
Independentemente de quem seja o presidente, de quem seja o treinador, de quem sejam os empresários dos jogadores e da "macacada" que se autoproclama claque, estamos todos com a Selecção Nacional, a selecção de todos nós.
Quando um jogador enterra a equipa logo na primeira vez em que toca na bola, entregando-a de bandeja ao adversário, ao minuto 2, tudo começa por se tornar difícil. Quando o mesmo jogador enterra ainda mais a equipa, cometendo um penálti digno de um campeonato distrital, aos 53', tudo começa a tornar-se impossível.
A história deste Portugal-Geórgia, péssima para as cores nacionais, ficou traçada naqueles dois lances, marcados por gravíssimos erros individuais de António Silva, central do Benfica que assim culmina uma época desastrosa sem deixar de ser uma espécie de fetiche do seleccionador Roberto Martínez.
O basco sofreu ontem, em Gelsenkirchen, a primeira derrota nos 13 jogos oficiais em que já orientou a equipa nacional. Com um lado bom e um lado mau. O bom: este desafio não compromete a nossa qualificação para os oitavos do Euro-2024, que estava garantida. O mau: a derrota ocorreu perante um adversário que participa pela primeira vez num certame futebolístico desta importância. Geórgia, país-caloiro em campeonatos da Europa.
Martínez, imitando o seu colega Luis de la Fuente, treinador de La Roja, decidiu mudar grande parte da equipa titular: oito, no total. Só ficaram Diogo Costa, Palhinha e Cristiano Ronaldo. Espanha, na véspera, tinha sido mais radical: rodou dez.
A diferença é que o banco espanhol é muito superior ao nosso. Se dúvidas restassem, foram dissipadas ontem. Sem paliativos de qualquer espécie: a Geórgia jogou melhor, tendo bastante menos "posse de bola". Foi mais rápida, mais acutilante, mais organizada. Quis sempre mais vencer. E mereceu este triunfo.
O sucessor de Fernando Santos deixou de fora Rúben Dias, Nuno Mendes, Bruno Fernandes, Vitinha e Bernardo, entre outros. Nenhum dos substitutos esteve melhor.
Se os dois principais erros foram individuais, a equipa também fracassou no plano colectivo. Incapaz de criar verdadeiras jogadas de perigo com princípio, meio e fim. Quase sem movimentos de ruptura, quase sem conseguir desequilíbrios, quase sem um ataque rápido, incapaz de se infiltrar na linha defensiva adversária. E desastrosa na finalização, como ficou evidente ao minuto 90'+3, quando Gonçalo Ramos falha a emenda à boca da baliza por inacreditável falta de instinto matador.
Quando não se falhava, o guarda-redes Mamardashvili (Valência, 23 anos) defendia com reflexos felinos, denotando segurança entre os postes. Foi assim ao 17', quando anulou um forte pontapé de Cristiano Ronaldo na conversão de um livre directo com a bola a voar 130 km/h. E em mais duas ou três ocasiões, ajudando a moralizar os companheiros.
O seleccionador foi assistindo a tudo com fraca ou quase nula capacidade de reacção. Ao intervalo, sem nada que se justificasse, trocou o eficiente Palhinha pelo insípido Rúben Neves, amarelado 8 minutos depois: a equipa piorou. Demorou mais de uma hora a retirar de campo o péssimo Silva, trocando-o por Semedo. E quando já perdíamos 0-2, necessitando portanto de reforçar a dinâmica ofensiva, mandou sair Cristiano Ronaldo: substituição directa por Ramos, com o onze nacional a piorar ainda mais.
Podemos queixar-nos do árbitro? Sim. Ronaldo foi claramente derrubado dentro da área georgiana, aos 28', e ainda viu amarelo por protestar - mesmo sendo capitão de equipa, mesmo estando cheio de razão.
Mas devemos sobretudo queixar-nos de nós próprios. Foi uma das piores exibições de que me recordo da equipa das quinas. Contra uma selecção classificada na posição 74 da tabela da FIFA - 68 lugares abaixo da nossa.
E agora? Em Frankfurt, na próxima segunda-feira, teremos pela frente a Eslovénia. Que conta com Oblak, um dos melhores guarda-redes da Europa. E chega sem derrotas aos oitavos: empatou com a Dinamarca (1-1), a Sérvia (1-1) e a deplorável Inglaterra (0-0).
É um adversário mais temível do que seriam os húngaros, entretanto eliminados. Mas tudo irá melhorar se formos onze a jogar contra onze. Em vez de sermos apenas dez com doze adversários pela frente - um dos quais vestido com as nossas cores.
Portugal, 0 - Geórgia, 2
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