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És a nossa Fé!

Dá vontade de vomitar

Como o Edmundo já salientou aqui, foi caricato o troféu entregue pela FIFA a Lionel Messi, como melhor jogador de campo do Mundial de 2014. Logo ele, que na final contra a Alemanha se revelou um dos mais apagados intervenientes.

Em termos individuais, não tenho a menor dúvida: Robben foi o melhor jogador deste Campeonato do Mundo (acabou por ficar em terceiro na escolha da FIFA, após Messi e Müller). Mas na própria Argentina não era nada difícil encontrar quem mais merecesse ser distinguido do que o capitão da equipa. O excelente médio defensivo Javier Mascherano, por exemplo.

Decisões destas só desvalorizam futuros prémios e desacreditam ainda mais o organismo presidido pelo senhor Blatter. Por uma vez Maradona acertou em cheio ao protestar: "Querem que Messi ganhe algo que não ganhou."

No decisivo confronto contra a selecção germânica, Messi voltou a vomitar. Como se já previsse que lhe dariam o mais imerecido troféu da sua carreira. Apetece seguir-lhe o exemplo.

A ver o Mundial (29)

Confirma-se: este será para os brasileiros um Campeonato do Mundo ainda mais traumático do que o de 1950, quando o escrete foi vice-campeão perdendo na final com o Uruguai. Um desfecho muito mais aceitável, apesar de tudo, do que esta hecatombe à beira do fim do segundo Mundial em que os brasileiros participaram na qualidade de anfitriões. Derrotados frente à poderosa Alemanha na terça-feira, novamente derrotados esta noite perante uma Holanda que foi superior do primeiro ao último minuto do desafio. Segundo desaire consecutivo do Brasil: dez golos sofridos, apenas um marcado.

Os comentadores da RTP procuraram desde o início desvalorizar esta partida transmitida em directo pelo canal público, o que não faz o menor sentido. Ainda hoje todos celebramos o lugar de Portugal no pódio naquele saudoso Mundial de 1966. Além disso, estes desafios costumam ser mais emocionantes e ter mais golos do que muitas finais. Foi assim há quatro anos, por exemplo.

Perder, nem a feijões. E para o Brasil este desafio era mais importante do que a simples disputa do terceiro lugar no Campeonato do Mundo: era também a derradeira oportunidade de levantar a cabeça. A honra da selecção comandada por Scolari estava em jogo.

 

O seleccionador brasileiro fez seis mudanças no onze titular. Regressou o capitão Thiago Silva, que estivera afastado do encontro anterior por acumulação de cartões. Maxwell, Maicon, Ramires, Willian e Jo entraram de início. No banco sentaram-se Dante, Marcelo, Fernandinho, Bernard, Hulk e Fred. Neymar, lesionado, continuou de fora.

Não valeu de nada alterar a frente atacante, como reclamavam algumas das vozes mais críticas de Scolari: mesmo recauchutada, a linha ofensiva foi de uma inacreditável inoperância enquanto a defesa voltava a passar por inúmeros calafrios. O primeiro, logo aos dois minutos, resultou no primeiro golo holandês quando Thiago Silva derrubou Robben num momento em que o rapidíssimo número 11 só tinha Júlio César pela frente. Ficou a ideia de que o lance ocorreu ainda fora da área, mas o capitão brasileiro devia ter sido expulso. O árbitro argelino limitou-se a mostrar-lhe o cartão amarelo.

Van Persie converteu a grande penalidade. E aos 17' a Holanda marcava o segundo, apontado por Blind após jogada que teve início nos pés de Robben (que esteve nos três golos da sua equipa e voltou a ser o melhor em campo, confirmando-se como uma das grandes figuras deste Mundial).

Por momentos, instalou-se no estádio de Brasília o espectro de uma nova goleada. Até porque o segundo golo resultou de mais um clamoroso erro defensivo cometido por David Luiz, reeditando a lamentável exibição frente à Alemanha.

 

 Robben, uma das grandes figuras deste Mundial

 

Ficou evidente que a derrota anterior não resultou de um infortúnio de ocasião. Pelo contrário, deriva de graves problemas estruturais desta selecção brasileira, que voltou a exibir-se de forma desorganizada, assentando o seu jogo em inócuos pontapés para a frente e abrindo imenso espaço entre as linhas, logo aproveitado pela Holanda para exibir a sua enorme superioridade táctica.

Cada vez que os holandeses atacavam faziam-no de forma eficaz e organizada. O Brasil, pelo contrário, era um caos em campo com vários dos seus jogadores nucleares - novamente com destaque para David Luiz - a jogar fora das posições que lhes estavam confiadas. Um caos apenas contrariado pelo esforçado desempenho de Óscar, única cabeça lúcida no meio daquela anarquia. Merecia - ele sim - ao menos repetir o golo de honra que registou frente aos alemães. Mas convém assinalar: o primeiro remate com algum perigo para a baliza holandesa, apontado por Ramires, ocorreu quando já havia decorrido uma hora de jogo.

O escrete sai de cena sem honra nem glória: foi a selecção que sofreu mais golos. E nem sequer teve a dignidade de saber perder: toda a equipa recolheu ao balneário, recusando participar na entrega do prémio aos holandeses pelo terceiro lugar. Um gesto muito feio.

 

A Holanda - que já havia eliminado o Brasil na meia-final do Campeonato do Mundo de 2010 - sai de cabeça erguida deste Mundial, sem ter sofrido qualquer derrota. Balanço muito positivo: cinco vitórias e dois empates (tendo sido afastada pela Argentina por grandes penalidades), na sequência do brilhante apuramento, em que conseguiu nove triunfos em dez jogos, marcando 34 golos. Robben sai do Brasil como uma das figuras do torneio. E desta vez nem precisou do contributo de Sneijder, que assistiu à partida no banco por se ter lesionado enquanto fazia exercícios de aquecimento, momentos antes de entrar em campo.

Fez hoje um mês que o Mundial começou. E vai terminar amanhã, com a final entre Alemanha e Argentina. Por mim, só lamento que a Holanda não esteja lá. Merecia, sem qualquer dúvida.

 

Brasil, 0 - Holanda, 3

A ver o Mundial (25)

Tudo está bem quando acaba bem.

A Holanda foi muito superior à Costa Rica no desafio dos quartos-de-final disputado em Salvador. Merecia passar à fase seguinte, o que aconteceu - embora só com recurso aos pontapés de grande penalidade pois o empate a zero persistiu após mais de 120 minutos de jogo.

A Costa Rica, que chegou a jogar em 5-4-1, estacionando um autocarro à frente da baliza brilhantemente defendida por Keylor Navas, também tem motivos para estar satisfeita: regressa a casa sabendo que chegou mais longe do que em qualquer outra fase final de um Campeonato do Mundo e revelou ao planeta futebol um punhado de jogadores de grande talento: Christian Bolaños, Bryan Ruiz, Gamboa, Celso Borges, Giancarlo González, Tejeda (que impediu um golo holandês desviando a bola na linha de baliza), Umaña (que ia marcando um golo já no prolongamento) e Júnior Díaz (que devia ter sido expulso por jogo violento), além do guardião Navas, que joga no modesto Levante e poderá ser um reforço do FCP.

O melhor deste desafio, que decorreu morno e entediante durante mais de uma hora, aconteceu quando se aproximava do fim: nessa altura os holandeses decidiram enfim aplicar a sua melhor arma, que é a velocidade. As corridas estonteantes de Robben pela ala direita iam partindo os rins à linha recuada costarriquenha (ou seja, à equipa quase inteira) e as bolas paradas que partiam dos pés de Sneijder levavam sempre o selo de perigo (duas delas foram travadas pelos postes).

Quando se percebeu que o apuramento só seria resolvido com a marcação de penáltis, o seleccionador holandês, Van Gaal, tomou uma decisão que fez os puristas da bola abrir a boca de espanto: mandou sair o guarda-redes titular, Cillessen, fazendo entrar o suplente Krul só para defender as penalidades. Uma aposta de alto risco que se revelou certeira: Krul defendeu os remates de Bryan Ruiz e Umaña, o que bastou para qualificar a Holanda.

Na meia-final de quarta-feira os holandeses terão de defrontar uma selecção argentina que se desgastou muito menos na eliminatória que lhe coube. Em futebol de alta competição, sobretudo quando é disputado sob a temperatura a que tem decorrido este Mundial do Brasil, estes pormenores contam muito. Messi e companheiros têm motivos para sorrir.

 

Costa Rica, 0 - Holanda, 0 (3-4 nas grandes penalidades)

A ver o Mundial (19)

Três minutos, à beira do fim, ditaram uma das mais impressionante reviravoltas em jogos do Campeonato do Mundo. Em benefício da Holanda contra uma das equipas-sensação da prova: o México de Herrera, Guardado, Aquino, Guillermo Ochoa e Rafa Márquez. Com arbitragem de Pedro Proença.

Foi um jogo muito calculista, disputado com extrema lentidão na primeira parte, na tarde húmida, viscosa e soalheira de Fortaleza. Com o técnico mexicano, Miguel Herrera, a vencer o duelo táctico nesse período da partida ao montar a sua equipa com um dispositivo eficaz, impedindo as habituais cavalgadas ofensivas dos holandeses. Foi recompensado logo a abrir o segundo tempo quando o México pareceu embalado para a vitória com um golo de Giovani dos Santos em que o guardião Cillessen pareceu mal batido.

 

A partir daí, a supremacia táctica coube ao treinador holandês. Herrera mandou recuar demasiado as linhas, defendendo o resultado tangencial quando ainda havia mais de 40 minutos para jogar. Por sua vez Van Gaal trocou Van Persie, hoje marcadíssimo, por Huntelaar: a partir daí, e pela primeira vez neste desafio, a Laranja Mecânica fez jus ao cognome, comandando as operações. Poderia até ter chegado à vitória mais cedo: uma defesa extraordinária de Ochoa aos 57' travou-lhe o passo na sequência de um canto marcado por De Vrij. Depois, aos 74, o excepcional guardião mexicano impediu Robben de chegar ao golo.

Mas a pressão holandesa era fortíssima: adivinhava-se o empate a qualquer momento. Que chegou enfim aos 88', com um potente remate de Sneijeder, aproveitando uma bola de ressalto. Três minutos depois, já no período complementar, Robben voltou a ser protagonista de um lance polémico dentro da área mexicana: aparentemente, Rafa Márquez prendeu-lhe o pé de apoio em zona proibida. Pedro Proença não hesitou, apontando para a marca de grande penalidade.

Já aos 44' um lance semelhante - culminando com outra queda de Robben, derrubado por Andújar - motivara fortes protestos holandeses, aos quais o árbitro português fez orelhas moucas. Desta vez tudo foi diferente: Huntelaar, chamado a converter o penálti, não falhou. Herrera protestou contra Proença, como lhe competia, mas a meu ver sem razão.

 

Já não havia tempo para reagir. Caía o mito Ochoa - até ao momento, o melhor guarda-redes do Mundial. Caía a selecção mexicana. Mas de pé, com o orgulho de quem se bate sem temor até ao fim. Merecia ter seguido em frente. Mas esta Holanda, já se percebeu, está imparável. Até onde chegará?

 

Holanda, 2 - México, 1

O melhor golo deste Mundial (até agora)

 

Vale a pena ver e rever este resumo do Espanha-Holanda (1-5).

Pela negativa, a fita de Diego Costa que deu origem ao golo solitário dos espanhóis por incompetência do árbitro. E o terceiro golo holandês, precedido de falta grosseira de Van Persie sobre Casillas.

Pela positiva, os golos de Robben. Reparem na técnica superior do ala direito holandês, bem visível no modo como recebe, amortece e prepara a bola em fracções de segundo, e no fulgor da corrida em que bate o experiente Sergio Ramos, campeão mundial e europeu.

Mas reparem sobretudo no primeiro golo de Van Persie. Um golo marcado de forma acrobática, em mergulho, aproveitando o adiantamento do guardião espanhol. Para mim, até agora, o melhor deste Mundial. Um verdadeiro hino ao futebol.

A ver o Mundial (2)

Também no futebol a vingança se serve fria. Aconteceu esta noite, em Salvador, com a goleada imposta pela Holanda à Espanha, campeã mundial titular desde 2010 e bicampeã europeia.

"Humilhação mundial", chamou-lhe a Marca, numa magoadíssima manchete.

O colapso espanhol aconteceu no segundo tempo, quando Robben, Van Persie & companheiros carregaram no acelerador e desbarataram o enfadonho tiki taka dos comandados por Vicente Del Bosque, hoje reduzidos à vulgaridade apesar de terem contado com a complacência inicial do senhor de apito. O árbitro italiano, Nicola Rizzoli, apontou para a marca de grande penalidade por alegado derrube a Diego Costa, iludido pelos dotes teatrais do brasileiro-que-virou-espanhol. O mesmo avançado, que recebia monumentais vaias do estádio cada vez que tocava na bola, pôde agredir impunemente Bruno Martins à cabeçada. O senhor Rizzoli nada viu, nada assinalou.

 

Confesso que esta selecção espanhola me foi deslumbrando em grau crescente desde o Europeu de 2008 até ao Euro-2012, passando pelo Mundial da África do Sul. Mas ficou prisioneira do seu próprio sucesso, abusou da arrogância e começou a pensar que aquele sistema de jogo, feito de múltiplos toques e com a obsessão da "posse de bola" acima de todas as coisas, se tornara infalível.

Puro erro. Com um sistema muito diferente, baseado em avassaladoras ofensivas a toda a largura do terreno que em poucos segundos criam desequilíbrios no reduto adversário, os homens comandados por Van Gaal estão-se nas tintas para a "posse de bola": querem é ganhar, tão cedo quanto possível. Inferiorizaram os espanhóis e coroaram da melhor maneira a sede de vingança que transportavam desde a final do Campeonato do Mundo de 2010, quando um golo solitário de Andrés Iniesta, já no prolongamento, bastou para elevar Espanha ao Olimpo da bola.

Nessa final, de triste memória para a Holanda, Robben esteve quase a marcar - mas falhou. Ao contrário do que agora sucedeu, ao assinar dois golos espectaculares, um deles após uma fantástica recepção de bola com o pé esquerdo e o segundo na sequência de uma impressionante corrida de 60 metros em que, embora partindo de trás, ultrapassou Sergio Ramos e apontou a Casillas o caminho da pré-reforma.

Quase toda a equipa espanhola naufragou: Piqué, Xabi Alonso, Iniesta e Xavi, muito abaixo do nível a que nos habituaram, já estavam à beira da derrocada física muito antes do apito final. Silva parecia um principiante. Azpilicueta era um monumento à irrelevância. Torres, que entrou no segundo tempo, foi uma absoluta nulidade: chegou a falhar um golo de baliza aberta.

(A propósito: alguém saberá explicar-me por que motivo Diego López, guarda-redes titular do Real Madrid tanto com José Mourinho como com Carlo Ancelotti, não foi sequer convocado para o Brasil?)

 

O voo de Ven Persie

 

Este jogo pareceu uma final antecipada. Com Van Persie em estado de graça, marcando o primeiro com um espectacular mergulho de cabeça destinado a quebrar os rins ao guardião espanhol, que teve hoje a noite mais negra da sua longa carreira. Um dos golos holandeses, o terceiro, foi no entanto precedido de falta sobre Casillas: o senhor Rizzoli não fez caso. Falhas a mais num jogo só.

 

....................................................................

 

Já de tarde, no Camarões-México, a figura maior do encontro - pela negativa - foi o apitador de turno ao anular dois golos limpos aos mexicanos, ambos marcados por Giovanni dos Santos, que esteve em dia de pouca sorte. Foi também claramente derrubado dentro da área camaronesa sem o juiz da partida lhe conceder penálti.

Pelo já visto, este Mundial arrisca-se a ser o pior cartaz de sempre para a arbitragem a nível internacional. Como se de, repente, no Brasil, tivessem aterrado dezena e meia de Xistras e duas dúzias de Capelas...

 

Espanha, 1 - Holanda, 5

Camarões, 0 - México, 1

 

Robben festeja o segundo golo (quinto holandês) com Casillas de rastos

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