Harder e Morten celebram vitória contra o Rio Ave, que não perdia em casa há 15 meses
Foto: Emanuel Fernando Araújo / EPA
As notícias sobre a crise de resultados no Sporting e o estado anímico dos nossos jogadores eram francamente exageradas. É verdade que houve um período para esquecer: 44 dias sobre o (des)comando do impreparado João Pereira, agora justamente devolvido ao lugar de origem: a equipa B. Perdemos oito pontos nesse interregno de má memória. Mas a liderança só deixou de ser nossa numa fugaz semana, coincidindo com o Natal.
É verdade que a preocupante vaga de lesões vai prosseguindo. O mais recente jogador forçado a parar com queixas musculares é Eduardo Quaresma, que desta vez nem figurou na lista de convocados para o desafio de Vila do Conde. Mas o treinador mantém-se imperturbável, dizendo-se sempre «mais focado na solução» do que no problema.
Muitos adeptos sportinguistas, sempre com os nervos em franja, deviam aprender com ele.
Afinal foi um dos nossos jogos mais fáceis. Dominámos de tal maneira, com pressão intensa desde a saída da baliza adversária e sobre o portador da bola, que os rioavistas não tiveram uma só oportunidade de golo. Mais: não fizeram sequer um remate.
Entre os postes, do nosso lado, estreava-se o guarda-redes internacional Rui Silva, recém-contratado ao Bétis. Mostrou saber jogar com os pés e exibiu segurança, mas não chegou a ser posto à prova.
Esta não foi a única novidade que o treinador introduziu no onze. Retirou Gyökeres, remetido ao banco como precaução contra a fadiga muscular. Trocou St. Juste pelo regressado Gonçalo Inácio, recuperado após um mês de paragem: canhoto, é ele o titular natural como central do lado esquerdo. E experimentou Debast como médio interior, em inédita parceria com Morten. Resultou.
A história do jogo acaba por ser a história dos golos. Dos que entraram e dos que só foram evitados devido a uma exibição do outro mundo do guardião do Rio Ave, o polaco Miszta. Foi ele a travar um duelo intenso com vários dos nossos jogadores, vencendo-os quase todos. Que o diga Harder, sempre inconformado: tentou, tentou, tentou, mas não conseguiu metê-la lá dentro. Aos 10', 39', 58', 67' e 69'. Tal como Trincão num pontapé de ressaca, aos 70'. E Morten por duas vezes, aos 11' e aos 60'.
No entanto, o improvável herói do jogo não foi capaz de impedir que ela trepassasse três vezes a baliza à sua guarda.
A primeira, traído por autogolo do seu colega de equipa Anderllan Santos. Aconteceu logo aos 3', dando o mote para o que seria a partida. Outro central, o argentino Petrasso, cometeu penálti em lance de insistência de Harder. O vídeo-árbitro Vasco Santos alertou, o árbitro Luís Godinho validou. Chamado a converter, Morten não vacilou: aos 23' vencíamos 2-0. E assim chegámos ao intervalo.
No recomeço, ao contrário do que sucedeu em Guimarães, a equipa não abrandou o ritmo, não afrouxou o passo, não concedeu iniciativa ao adversário. Continuou a jogar em posse, vencendo sucessivos duelos individuais, procurando sempre o caminho mais curto para a baliza rioavista. Com notável acerto dos corredores laterais - sobretudo o esquerdo, confiado a Maxi Araújo e Quenda. O extremo-esquerdo, com apenas 17 anos, espalhou magia no relvado. Foi, claramente, o melhor dos nossos. No drible, no passe, na mudança de velocidade, no espírito de grupo que tão bem personifica. Só lhe faltou o golo, que quase aconteceu aos 38', num remate cruzado: a bola embateu no ferro.
Rui Borges fez algumas mudanças, todas resultaram. Debast, já fatigado, deu lugar a João Simões aos 68'. O reaparecido Daniel Bragança substituiu Geny aos 81' e, em simultâneo, saía Harder para entrar Gyökeres.
Nem de propósito. Num rápido e acutilante lance ofensivo, Daniel assistiu e Viktor marcou, fixando o resultado aos 88'. Nem assim o sueco se conformou: aos 90'+2 ainda levou a bola a embater no poste.
Não há melhor tónico do que a vitória.
E nada melhor para isso do que jogar bem, sem complicar, à imagem e semelhança do nosso técnico, um dos mais tranquilos treinador da Liga portuguesa. Alguém que não se queixa - nem das arbitragens, nem das lesões, nem da chuva ou do vento.
Rija têmpera de transmontano que contagia a equipa. Nem parece a mesma que perdeu contra Santa Clara e Moreirense no tal interregno que nenhum de nós quer recordar.
Breve análise dos jogadores:
Rui Silva (5) - Estreia tranquila. A tal ponto que nem chegou a fazer uma defesa. Mas demonstrou segurança e bom jogo de pés, atributos que nos faziam falta entre os postes.
Fresneda (6) - Parece ter agarrado o lugar na lateral direita após duas contratações falhadas para o mesmo posto. Foi numa jogada de insistência dele que nasceu o primeiro golo.
Diomande (7) - Baluarte da nossa muralha defensiva. Cada vez mais acutilante também nos passes longos, bem colocados. Impõe o físico nos duelos individuais.
Gonçalo Inácio (7) - Voltou de lesão e desfez qualquer dúvida: será ele o titular como central à esquerda. Dos pés dele a bola saiu quase sempre bem direccionada, queimando linhas.
Maxi Araújo (7) - Domínio absoluto no nosso corredor esquerdo defensivo. Articulação perfeita com Quenda do meio-campo para a frente. Notável lance individual na grande área aos 52'.
Geny (5) - É um dos tecnicistas do plantel. Mas abusa do individualismo, mesmo quando tem colegas mais bem posicionados. Falha recorrente nele que voltou a demonstrar nesta partida.
Debast (7) - Inesperado joker no baralho do treinador: o central belga tornou-se influente médio-centro. Acorreu às dobras na esquerda e municiou a linha avançada com passes bem medidos.
Morten (8) - Chamado a converter o penálti aos 23', não vacilou: o 2-0 foi dele. Muito activo nas manobras de pressão, viu o guarda-redes impedir-lhe dois golos (11' e 60'). Eficaz nos desarmes.
Quenda (8)- Só lhe faltou o golo, que quase concretizou ao levar a bola ao ferro (38'), para ter exibição perfeita. Intervém no lance do primeiro. Serviu Harder três vezes. O melhor Leão.
Trincão (5) - Trabalhou bem para a equipa, mas dele exige-se um suplemento de criatividade. Só deu nas vistas num remate de ressaca aos 70', que acabou travado pelo guardião Miszta.
Harder (5) - Esforçou-se muito, mas foi vítima do excesso de ansiedade. A vontade de marcar era enorme, nesta sua estreia como ponta-de-lança titular na Liga. Sacou o penálti aos 29'.
João Simões (5) - Substituiu Debast aos 68'. Seguro, certinho, não se esquiva ao choque e ousa até algumas acções ofensivas. Vai ganhando maturidade.
Gyökeres (7)- Saltou do banco aos 81, rendendo Harder. Aos 88', marcava o terceiro, fechando a conta. Ainda viu Miszta negar-lhe o golo aos 90'+2 ao desviar para o poste esquerdo.
Daniel Bragança (6). Em boa hora regressou de lesão. Rendeu Geny aos 81'. Aos 88' assistiu Gyökeres no golo, confirmando a sua inteligência táctica e a sua arguta visão de jogo.
Esgaio (-). Substituiu Trincão aos 89'. Só o jornal Record lhe atribui nota: bastou-lhe tocar uma vez na bola para justificar 1 deste jornal, que pelos vistos não receia cair no ridículo.
Desta vitória tranquila e concludente (3-0) do Sporting em Vila do Conde. Há quase 15 meses, desde Outubro de 2023, que o Rio Ave não perdia em casa. Vinte jogos depois, quebrou-se este recorde: impusemos a nossa classe à turma anfritrã numa partida de sentido único, actuando sempre em pressão alta, com o onze leonino sempre compacto e bem organizado. Como as estatísticas demonstram: fizemos 27 remates, 16 dos quais enquadrados. E eles? Nem um para amostra.
De Gyökeres. Pela primeira vez ficou fora dos titulares num jogo da Liga 2024/2025. Mas ainda entrou a tempo de marcar o terceiro e último do desafio. Bastaram-lhe sete minutos para fazer o gosto ao pé, no minuto 88. E ainda mandou uma bola ao poste (90'+2). Cumprindo o seu quarto desafio consecutivo a marcar. Soma 42 golos na temporada (nove dos quais pela selecção sueca), 22 no campeonato. Sozinho, já marcou mais até agora do que 12 equipas completas da Liga. Um craque.
De Quenda. Melhor em campo. Fazendo parceria de luxo com Maxi Araújo no corredor esquerdo, não deu qualquer hipótese de progressão à turma vilacondense por essa ala. Exibe enorme disponibilidade física e uma impressionante maturidade táctica - nem parece ter apenas 17 anos. Foi dele o passe inicial no lance que aos 3' inaugurou o marcador - autogolo de Aderlan Santos, veterano central do Rio Ave. Serviu Harder em três ocasiões - aos 39', 52' e 55' - que o avançado dinamarquês desperdiçou. Aos 38' mandou a bola ao ferro, num remate potente e bem colocado. Merecia que tivesse entrado.
De Maxi Araújo. Ao vê-lo hoje em campo, naquele duo perfeito com Quenda, até parece que jogam juntos há dois anos, não apenas há duas ou três partidas. Ficou na retina uma acção individual dentro da grande área, na meia-esquerda, aos 52', sentando pelo menos três adversários. Pena só aquele cartão amarelo por protestos no último lance do jogo, aos 90'+4, já com o resultado feito: não havia necessidade.
De Morten. Com Viktor sentado no banco, foi ele a protagonizar um momento decisivo: a cobrança de um penálti indiscutível, assinalado pelo árbitro Luís Godinho ao central Petrasso por desviar a bola com o braço. O capitão bateu de modo irrepreensível o pontapé da marca dos 11 metros, aos 23': daí surgiu o 2-0, resultado que se mantinha ao intervalo. Assim se estreou como artilheiro em grandes penalidades neste campeonato. E confirmou que não vacila na hora das decisões.
De Debast. Exibição muito positiva do central belga, lançado como médio adaptado por Rui Borges. Com a missão específica de completar e proteger as acções de Morten no miolo do terreno mas também de servir o ataque com a precisão dos seus passes à distância. Cumpriu com nota alta: será ele o tal reforço da nossa linha média de que tanto se falava? Se não é, imita bem.
Da estreia de Rui Silva. Acabado de chegar ao Sporting, vindo do Bétis, o internacional português assumiu-se de imediato como dono da baliza. Tranquilo, com boa estampa física e eficiente jogo de pés, tocou pela primeira vez na bola só aos 35'. E chegou ao fim da partida sem necessidade de fazer qualquer defesa. Transmite confiança, atributo fundamental num guarda-redes.
Do regresso de Daniel Bragança. O médio criativo voltou após mais de um mês de ausência por lesão. Em boa hora, também ele confirmando o seu elevado grau de eficácia: substituiu Geny aos 81' e sete minutos depois assistiu Viktor para fechar a conta leonina no Estádio dos Arcos. Fazia-nos falta.
De reforçar a nossa posição como melhor ataque da Liga. Registamos 51 golos marcados em 18 jornadas (média: 2,83 golos por jogo). Há quem não goste? É lidar...
Não gostei
Do guarda-redes rioavista, Miszta. Por impedir vários golos leoninos, destacando-se como o melhor elemento da equipa anfitrã, que hoje jogou sem o artilheiro Clayton por acumulação de cartões. O polaco negou golos a Morten (11' e 60'), Trincão (70') e sobretudo ao perdulário Harder (10', 39', 58', 67' e 68'). A ansiedade tomou conta do jovem dinamarquês, titular em vez de Viktor mas sem fazer esquecer o sueco. Sem isso, teríamos saído de Vila do Conde com goleada - o que não escandalizaria ninguém.
Da ausência de Eduardo Quaresma. Ficou fora da ficha do jogo por lesão muscular. Mais uma, a somar-se a tantas outras.
De lá ter ido empatar no campeonato anterior (3-3). Mas isso já foi há um ano. Desta vez fizemos bem melhor.
Mesmo entrando em campo sem três dos melhores jogadores do plantel - Gyökeres, Pedro Gonçalves e Morita - o Sporting acabou por fazer hoje em Vila do Conde o melhor jogo da era Rui Borges e mesmo um dos melhores jogos desta época.
Um 4-4-2 muito bem montado, com Debast muito importante nas compensações e a permitir que Maxi e Quenda dinamitassem a defesa adversária. Do outro lado Fresneda e Catamo também entraram bem, o que permitiu um jogo variado a toda a largura do campo. Harder muito dinâmico a desestabilizar os centrais contrários, embora pecando no remate ao golo. Trincão muito importante na organização do jogo atacante e na pressão alta aos defensores contrários (suspeito que é um dos que mais kms percorre nos 90'). Hjulmand cada vez mais patrão. Inácio e Bragança voltaram de lesões e estiveram muito bem. Gyökeres entrou para marcar.
Assim o jogo tornou-se num "tiro ao boneco". Mais de uma dúzia de oportunidades de golo desperdiçadas, metade por grandes defesas do guarda-redes contrário, duas bolas nos postes.
Enquanto isso o estreante Rui Silva não fez uma defesa digna desse nome. Oportunidades zero do Rio Ave.
Mas onde é que estava este Rui Borges?
Em muito pouco tempo conseguiu mudar o sistema táctico sem pôr em causa os princípios de jogo adquiridos na 1.ª metade da época com Rúben Amorim, os jogadores estão confortáveis nas novas posições e alguns até rendem mais do que antes.
Maxi está um defesa lateral de excelência, Quenda um médio/extremo esquerdo de eleição, Diomande continua imperial, Fresneda renasceu, se calhar o melhor lugar do Debast é este mesmo.
Melhor em campo? Maxi ou Quenda? Um deles.
Arbitragem? Pequenos lapsos, o VAR corrigiu a asneira maior.
E agora? Jogo a jogo, rumo ao bi.
PS: Horas antes, o Sporting B outra vez de João Pereira, mesmo sem alguns que estiveram no banco em Vila do Conde, derrotou o Belenenses por 2-1 e ascendeu à faixa da tabela de apuramento de subida de divisão. E jogou em 3-5-2...
Começa a segunda volta do campeonato. Com o Sporting no comando: 41 pontos, um acima do FC Porto e três acima do Benfica.
Somos a equipa com mais golos marcados (48, mais oito do que o FCP, mais dez do que o SLB). E também a que tem menos derrotas (apenas duas, ocorridas durante o triste interregno João Pereira).
Este sábado, pelas 18 horas, defrontamos o Rio Ave em Vila do Conde. No campeonato anterior empatámos lá 3-3. Na primeira volta desta Liga 2024/2025 começámos da melhor maneira, em Alvalade, vencendo por 3-1.
Começámos bem em campo, começámos muito bem também aqui, nesta primeira ronda de prognósticos da Liga 2024/2025. Com quatro vencedores: João Galhardo, José Vieira, Leão do Fundão e Orlando Santos.
Todos acertaram no resultado e nos autores de dois dos três golos.
Um pouco melhor do que um leitor que "assina" Leão Vigilante, que também previu o 3-1 do Sporting ao Rio Ave, mas só acertou num marcador.
Enquanto colegas festejam golo inicial, Pedro Gonçalves parece já com vontade de marcar outro
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
É muito importante começar com o pé direito. Foi assim que iniciámos há três dias, na sexta-feira, a nossa participação na Liga 2024/2025: com uma vitória clara, inequívoca, sobre o Rio Ave - equipa bem arrumada e bem orientada, com alguns talentos individuais, mas que foi incapaz de fazer frente ao onze leonino.
Sobretudo na primeira parte, o Sporting dominou por completo. Num futebol vertiginoso, veloz, de olhos na baliza. Boas movimentações, com bola e sem ela. Aqui imperou Pedro Gonçalves, que manteve a tradição de se estrear como marcador inicial dum campeonato: tem sido assim em três dos últimos cinco, todos de Leão ao peito.
Com ele, tudo parece mais fácil. Aconteceu logo aos 6', ao receber um passe teleguiado de Gyökeres a que só precisou de dar o melhor caminho à gorduchinha. Voltou a ser assim aos 26', ao interceptar uma bola muito mal reposta em jogo por Jhonatan, guardião rioavista, encaminhando-a para o fundo das redes com um toque de habilidade: finalização de classe. Dispôs de mais duas ocasiões de golo, aos 21' (novamente a passe do craque sueco) e aos 61' (muito bem servido por Geny). Foi quanto bastou para ser o melhor em campo, sem discussão.
Ao intervalo, 2-0. Mais de 35 mil adeptos nas bancadas ao início duma noite de Verão, ainda com resto de sol em Alvalade. O público estava satisfeito, ninguém previa a repetição do descalabro da partida anterior, quando deixámos fugir a Supertaça perdendo por 3-4 após confortável vantagem por 3-0.
Rúben Amorim tirou lições desse desaire, tão doloroso para a massa adepta. Deixou Debast no banco, trocando-o por Diomande: assim deu sinal ao central belga, apontando-o como principal responsável por aquele troféu nos ter fugido. A nossa defesa ficou mais sólida, com óbvia voz de comando: o marfinense não é Coates, claro, mas ninguém mais do que ele se aproxima desse estatuto neste Sporting 2024/2025.
Os corredores externos continuaram entregues a Geny (esquerdo) e Quenda (direito), ambos com boa dinâmica ofensiva. O miúdo de 17 anos, em estreia absoluta como titular em jogos de equipa adulta, deu excelente conta do recado. Não marcou, mas deu a marcar: é dele o magnífico passe de ruptura a desmarcar Gyökeres no lance do primeiro golo. Com uma maturidade táctica e um desenho técnico muito acima do que é habitual para a sua idade.
Foi um dos heróis do jogo.
Outro foi o próprio Viktor, que pôde enfim matar a fome de golos. Após assistir Pedro no primeiro, fez ele o gosto ao pé, apontando o terceiro que desfez as últimas dúvidas no estádio sobre o destino dos três pontos. Após remate inicial de Trincão, que sofreu um desvio, a bola sobrou para o sueco, que lhe deu o melhor caminho, com alguma colaboração do guarda-redes. E ainda mandou uma bola à trave, logo a abrir a segunda parte.
Destaque ainda para a formação leonina - que andaria a ser desprezada, na opinião de alguns. Terminámos com seis jogadores formados em Alcochete: Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Quenda, Mateus Fernandes, Daniel Bragança e Rodrigo Ribeiro. Fica tudo dito sobre o tema.
Estava o resultado quase feito. E teria soado a perfeição se não fosse o golo consentido mesmo ao cair do pano, no minuto 90. Única oportunidade para a turma forasteira no desafio: com a nossa equipa adiantada no terreno, abriu-se uma avenida que Clayton aproveitou para a meter lá dentro. Haveria deslocação se Diomande tivesse prestado atenção à linha de fora-de-jogo, como lhe competia. E lá encaixou Vladan mais um golo: incapaz de fazer a mancha, limitou-se a vê-la passar.
Já são cinco sofridos em apenas duas partidas oficiais da temporada.
Nada é hoje mais prioritário no Sporting do que garantir a estabilidade defensiva. É verdade que ainda nos falta contratar outro avançado-centro, mas nenhuma equipa pode sonhar ser campeã a sofrer tantos golos.
E nós sonhamos com o bicampeonato, que nos foge há 70 anos. É isso que nos anima, acima de tudo o resto. Acreditamos que vamos conseguir.
Eu, pelo menos, acredito. E vocês?
Breve análise dos jogadores:
Vladan - Teve muito pouco trabalho. Só tocou na bola ao minuto 28'. E agarrou-a aos 83'. No golo, teria sido difícil - mas não impossível - fazer melhor.
Eduardo Quaresma - Está mais maduro, gere melhor o esforço, domina melhor o tempo de intervenção. Quer ser titular e trabalha para isso.
Diomande - Voltou ao onze, após a Supertaça. Imperou no jogo aéreo. Impôs bem o físico. Só falhou no lance do golo sofrido: pôs Clayton em jogo.
Gonçalo Inácio - Certinho, controlou o lado esquerdo do bloco defensivo, acorrendo às dobras de Geny sempre que foi necessário. Bom no passe longo.
Quenda- É um caso sério, como já se viu. Agarrou titularidade aos 17 anos, relegou Geny para ala oposta. Desequilibrador nato. Fez magnífica pré-assistência no primeiro golo.
Morten - Capitão desde a partida de Coates, impôs autoridade no meio do terreno, recuperando e distribuindo jogo. Trabalho desgastante: cumpriu com zelo.
Morita - Mantém parceria perfeita com o dinamarquês. Correu para trás quando foi preciso reforçar defesa. E quase marcou, de ângulo apertado, aos 18'.
Geny - Com Nuno Santos ausente por lesão, adaptou-se bem à ala esquerda, servindo Gyökeres (21') e Pedro Gonçalves (61'). Falta-lhe afinar pontaria à baliza.
Trincão - No seu centésimo jogo pelo Sporting, exibição muito positiva. Inicia primeiro golo ao tocar para Quenda e é dele o remate inicial no terceiro. Quase marcou, em arco, aos 67'.
Pedro Gonçalves - Dois golos, plenos de oportunidade. Finaliza bem no primeiro, recupera e coloca-a no ninho da águia no segundo. Especialista a trabalhar entre linhas.
Gyökeres- Marcou o terceiro golo: justo prémio para o seu trabalho incessante. Assistiu no primeiro, mandou bola à trave aos 46', arrancou um amarelo aos 35'. Fôlego impressionante.
Mateus Fernandes - Substituiu Pedro Gonçalves aos 65'. É, sobretudo, um transportador de bola: bons apontamentos no corredor central.
Edwards - Entrou para o lugar de Trincão aos 76'. Disputou bem uma bola, mas depois não soube o que fazer com ela: centrar ou rematar? Nem uma coisa nem outra.
Daniel Bragança - Substituiu Morten aos 76', recebendo braçadeira de capitão. Bem servido por Quenda, quase marcou num tiro aos 89'.
Matheus Reis - Rendeu Geny aos 76'. Discreto, controlou ala esquerda. Sem sobressaltos.
Rodrigo Ribeiro - Substituiu Morita aos 90'. Pouco mais do que três minutos em campo - o suficiente para mandar uma bola à trave (90'+3). Merece manter-se no plantel.
De começar o campeonato com o pé direito. Estreia absoluta do Sporting a abrir a Liga 2024/2025. Em casa, com excelente ambiente, com mais de 38 mil sócios e adeptos demonstrando toda a confiança na equipa sob o competente comando de Rúben Amorim. Resultado muito positivo: vencemos o Rio Ave por 3-1 e demos espectáculo, sobretudo num primeiro tempo de elevadíssima qualidade. Temos equipa.
De Gyökeres. Começa a nova época com o mesmo fulgor revelado no início da anterior, conquistando a massa adepta leonina logo aos primeiros toques. Foi o dínamo da equipa. Assiste para Pedro Gonçalves brilhar no primeiro golo e aos 63' marca o terceiro concluindo o que Trincão iniciara num remate desviado pela defesa rioavista. Aos 46', mal soara o apito para o recomeço, fez a bola bater na trave. Esteve muito perto de bisar aos 73'.
De Pedro Gonçalves. Pela terceira vez nos últimos cinco campeonatos foi dele o golo inaugural da prova máxima do futebol português. Fez o gosto ao pé logo aos 6', concluindo com irrepreensível técnica um belo lance ofensivo com assistência de Gyökeres. Podia ter repetido a dose aos 21', também com o sueco a servi-lo. Aos 26', atento, recupera a bola após oferta desastrada do guardião Jhonatan e dá-lhe grande finalização num remate em arco para a gaveta. Não foi chapéu, foi cartola: assim surgia o 2-0. Está imparável. acaba de conseguir o 17.º bis da sua carreira. Melhor em campo.
De Quenda. Estreia em casa, num jogo oficial da equipa A, da atracção máxima da formação leonina - arma já não secreta do treinador para a época agora em curso. Rúben confiou-lhe a ala direita e fez muito bem: o rapaz, com apenas 17 anos, deu boa conta do recado. No plano defensivo, já com eficaz leitura de jogo, mas sobretudo a atacar: é dele o milimétrico passe de ruptura que faz a diferença na construção do primeiro golo: magnífica linha de 30 metros desenhada a pensar no golo. Funcionou como pré-assistência. Temos craque.
Do nosso meio-campo. Maturidade plena do duo composto por Morten e Morita: combinam na perfeição. Dominaram por completo o corredor central, forçando a turma de Vila do Conde a esgueirar-se para as alas, onde também eles acorriam sempre que necessário para fazer dobras. Com Morita igualmente activo no apoio à defesa, recuando para compensar o adiantamento dos alas, e também procurando o golo, que quase conseguiu aos 18'. Merecem aplauso.
Da troca de Debast por Diomande. Depois da péssima estreia do central belga na Supertaça, fez muito bem o treinador leonino em deixá-lo no banco com Diomande a entrar para o onze - e logo com a missão de desempenhar a missão anteriormente atribuída a Coates. O marfinense cumpriu no essencial, dominando o jogo aéreo, recuperando bolas, construindo com critério. E ainda tentou o golo, por duas vezes, na sequência de cantos. Pena a desconcentração final, permitindo a desmarcação de Clayton no solitário golo do Rio Ave.
De toda a nossa primeira parte. Jogo de sentido único. Excelente exibição do Sporting, encostando a equipa adversária às cordas, com bola ao primeiro toque, súbitas variações de flanco e exploração do ataque na profundidade. Vimos os três lá da frente em contínuas desmarcações - Trincão menos exuberante do que os colegas mas igualmente com nota positiva. Com 2-0 ao intervalo, o ritmo abrandou no segundo tempo, mas sem perdermos o domínio da partida. E aos 90'+3 ainda mandámos uma segunda bola ao poste, por Rodrigo Ribeiro, que entrara quatro minutos antes para render Morita.
De Rúben Amorim. Mereceu justas críticas na Supertaça, merece agora elogios. Rectificou o que se impunha, manteve os criativos Geny e Quenda nos flancos externos, motivou os jogadores para ultrapassarem o desaire da perda do troféu, incutiu-lhes ânimo de colectivo vencedor. E foi fazendo as trocas que se impunham à medida que ia notando situações de maior desgaste físico fazendo entrar Mateus Fernandes, Edwards, Matheus Reis, Daniel Bragança e Rodrigo.
De terminarmos o jogo com seis da formação. Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Quenda, Mateus Fernandes, Daniel Bragança e Rodrigo Ribeiro. Fica o registo, para mais tarde recordar.
Da arbitragem. Boa actuação de João Gonçalves, impondo o chamado critério largo que imperou no Europeu 2024. Deixa jogar, sem protagonizar nenhum festival de apito. Devia ser sempre assim.
De ver o Sporting marcar há 43 jogos consecutivos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde a Liga 2022/2023. Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.
Da nossa 18.ª vitória consecutiva em casa. Todo o campeonato anterior, mais esta ronda inaugural da Liga 2024/2025. Há 70 anos que não nos acontecia algo semelhante. Saldo destas 18 partidas em golos: 60 marcados e 12 sofridos.
De continuar a ver o Sporting sem perder em casa. Acontece há ano e meio, desde Fevereiro de 2023, quando o FCP nos derrotou então. Não voltou a acontecer. São já 25 partidas sem derrotas no Estádio José Alvalade.
De termos disputado 22 jogos consecutivos sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, disputada em Guimarães, a 9 de Dezembro.
Não gostei
Do golo sofrido. Na única ocasião de que o Rio Ave dispôs, aos 90', também único momento em que a defesa leonina perdeu um duelo nesta jornada inaugural do campeonato. Diomande deixou escapar Clayton, colocando-o em jogo e o avançado vilacondista desferiu um remate que Vladan - sem conseguir fazer a mancha, apanhado a meio caminho já fora dos postes - foi incapaz de defender.
Da ausência de Coates. É certo que desta vez o bloco defensivo cumpriu, mas não deixou de se fazer sentir a falta do capitão uruguaio, melhor central do Sporting neste século XXI. Comandou a nossa defesa durante oito temporadas. Merece registo. E ovação grata.
De iniciarmos o campeonato ainda com uma importante lacuna na equipa. Será muito complicado encontrar um substituto para Paulinho? Um segundo avançado é assim tão difícil de encontrar? Já não há paciência para o folhetim do grego que faz-que-vem-mas-nunca-mais-chega.
Grande primeira parte do Sporting há umas horas em Alvalade. Num 3-4-3 clássico, com os dois alas sempre preocupados em defender o corredor e a manter os alinhamentos na linha de 5 defensiva, com uma pressão homem a homem que muito complicava a vida à construção de jogo do adversário, o Sporting foi acumulando oportunidades de golo sem permitir nenhuma ao Rio Ave. Pedro Gonçalves marcou dois golos, um pleno de oportunidade num lançamento brilhante de Quenda para a arrancada de Gyokeres, e o outro pleno de genialidade a fazer um chapéu incrível aproveitando a falha do guarda-redes. De assinalar também dois lances de cabeça perigosos de Diomande na área contrária na sequência de cantos.
A segunda parte foi diferente. O desgaste foi acontecendo e os erros também, a pressão sobre o portador da bola não foi a mesma. O Rio Ave, sem nada a perder, procurou o golo que o faria entrar no jogo. Os contra-ataques do Sporting eram desperdiçados pelo excesso de individualismo dos atacantes, como poderia ter sido o caso dum raide de Trincão cujo remate prensado resultou num golo improvável de Gyokeres.
Depois vieram as substituições, que pouco ou nada acrescentaram, e o Sporting foi decaindo de rendimento até consentir um golo no final, lance em que Quaresma, Diomande e Kovacevic não conseguiram anular a iniciativa do ponta de lança contrário.
Mateus Fernandes, Bragança, Mateus Reis, Ribeiro e Edwards não fizeram esquecer aqueles que foram substituir.
Sendo assim, o grande desafio para as próximas jornadas será transportar para os 90 minutos o que se fez agora em 45. Porque esses 45 minutos foram mesmo excelentes.
Kovacevic continua a ser uma incógnita. Com quase nada para fazer falhou um passe e sofreu um golo.
Grande jogo dos dois alas. Catamo muito focado e competente a defender do seu lado "natural", a pecar apenas nos cruzamentos, Quenda a fazer enorme exibição, personalizado, sempre a decidir bem, excelente passe no primeiro e tem outro parecido na 2ª parte, a correr para atacar e para defender.
Temos ali um novo Nuno Mendes. Vale ouro.
Diomande no melhor e no pior. Grande presença no centro da defesa, forte na marcação, imperial no jogo aéreo, faltoso em excesso, perdeu discernimento no final do jogo.
Inácio nem se deu por ele, pelo Quaresma deu-se bem. No melhor e no pior como Diomande.
Hjulmand e Morita excelentes no meio campo enquanto "têm pilhas". O problema é que duram 60 minutos.
Trincão corre, luta, mas agarra-se por demais à bola. Gyokeres e Pedro Gonçalves são as estrelas da companhia, com pormenores de grande classe. É mesmo um prazer vê-los jogar.
Melhor em campo? Pedro Gonçalves pelos golos, mas nos 90 minutos foi Quenda.
Arbitragem? Impecável, critério largo para ambos os lados estilo Champions, assertivo sem espalhafato, envergonha o Pinheiro.
E agora? O Nacional. Estas equipas que vem da 2.ª Liga com o plantel estruturado costumam surpreender nos jogos iníciais e a Choupana também não costuma ser fácil.
Regressa o campeonato nacional de futebol, com o Sporting a entrar em campo a sonhar muito alto: queremos revalidar o título, queremos o bicampeonato.
Pela 13.ª época consecutiva, damos início no És a Nossa Fé ao nosso já tradicional campeonato de palpites. Venho, portanto, perguntar-vos: qual é o vosso prognóstico para o Sporting-Rio Ave, a disputar amanhã a partir das 20.15?
Recordo também quem foi o vencedor desta ronda de vaticínios na época 2023/2024: o nosso leitor Paulo Batista, a quem aproveito para renovar os parabéns.
Pedro Gonçalves com ar desalentado após a marcação de um dos três golos da turma anfitriã
Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa
Houve muita chuva, muito vento, condições atmosféricas desfavoráveis à prática do futebol tecnicista a que o Sporting habituou os adeptos. Tivemos o pássaro na mão: estávamos a vencer 2-1 no tempo regulamentar, antes da pausa para intervalo. Com golos de Morten (9') e Gyökeres (44'). Mas deixámos voar dois pontos em Vila do Conde, frente a uma equipa aguerrida, que nem parece ocupar um modesto 15.º lugar na classificação deste campeonato.
Fizemos um jogo regular, mas abaixo do patamar médio.
Em circunstâncias normais, marcar três golos ao Rio Ave bastaria para virmos de lá com os três pontos. Ora isso foi insuficiente: chegou apenas para um empate. Primeiros dois pontos perdidos na Liga neste ano de 2024. Estamos agora com 56 - menos dois do que o Benfica, que lidera provisoriamente, sabendo-se que temos uma partida ainda por disputar.
Pontos perdidos por culpa própria? Sim, mas não só.
Acontece que o Rio Ave fez um jogo competente, acima do seu patamar médio. Não é novidade. Costuma portar-se assim com as chamadas equipas "grandes". Basta lembrar que impôs um empate ao FC Porto no Dragão e esteve empatado até ao minuto 58 na Luz, acabando por cair só após ter ficado reduzido a dez.
E houve também o árbitro, André Narciso: péssima actuação. Aos 29', ficou um penálti a nosso favor por marcar e um amarelo por exibir a Nóbrega, por entrada de sola sobre Trincão na pequena área. De tal maneira que o avançado leonino teve de sair, lesionado, poucos minutos depois. Faltou exibir também o amarelo ao central rioavista.
Falha grave. Mais lesiva ainda foi a validação do primeiro golo da turma anfitriã, precedido de falta sobre Pedro Gonçalves. Neste caso a responsabilidade maior é do vídeo-árbitro. António Nobre tinha a obrigação de ter visto, de ter assinalado, de ter alertado. Ou terá mesmo alertado e foi Narciso quem ignorou esse alerta?
Por estas e muitas outras, devem ser divulgadas as comunicações entre árbitro e VAR. Cada vez mais urgente. Para desfazer todas as dúvidas. Exige-se transparência no futebol, também aqui.
Em jeito de balanço deste desafio muito disputado e que manteve até ao fim o resultado em aberto, eis um facto inegável: houve inadmissíveis erros individuais da nossa parte. Dois dos mais experientes, Adán e Nuno Santos, cometeram penáltis tão infantis quanto desnecessários, acabando por lesar seriamente a equipa. O espanhol ainda teve sorte: foi poupado ao amarelo, que mereceu nesse lance.
Rúben Amorim também não sai isento de críticas. Causou perplexidade a ausência inicial de Eduardo Quaresma, que tão boas provas tem dado. Com ele em campo, na segunda parte, estivemos bem melhor no corredor direito, onde Diomande e Geny nunca combinaram. Era por ali que o Rio Ave carregava, numa ala que parecia um passador.
Aquele relvado, aquelas condições atmosféricas, impunham outro género de jogadores. Daniel Bragança ficou no banco - e compreendeu-se porquê. Não era jogo para ele. Edwards, idem. Mas entrou mesmo, devido à inesperada lesão de Trincão: com Paulinho ausente por lesão, não havia alternativa no banco.
O inglês tentou, mas sem conseguir. Como já se adivinhava.
Mas o pior em campo foi Adán. Uma vez mais. É tempo de dar titularidade a Franco Israel - se, de facto, o treinador acredita nele, algo que ainda não está bem esclarecido.
O Rio Ave (golos apontados aos 3', 45'+4 e 67') foi superior em largos períodos do jogo. Não se percebe como é que na segunda parte esivemos meia hora sem fazer um remate à baliza adversária. Não há vento nem chuva nem relva nem árbitro nem vídeo-árbitro que justifiquem tamanha insuficiência.
Tropeção consumado, agora importa olhar para diante. Já a pensar no desafio de quinta-feira, em nossa casa, frente ao Benfica, na meia-final da Taça de Portugal.
É para ganhar, claro.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Aos 65', cometeu um penálti totalmente escusado: daí resultou o terceiro golo do Rio Ave. Desnorteado, deu outras fifias: numa delas só por milagre não foi golo. E ainda viu, impotente, uma bola embater no poste.
Diomande- Após ausência de dois meses, voltou a ser titular na Liga. Nota-se que está ainda preso de movimentos. Acorreu pouco às dobras a Geny, muito adiantado na ala direita. Melhorou depois, como central à esquerda.
Coates - Não estava a fazer uma das suas melhores exibições, acusando lentidão de processos. Mas redimiu-se como ponta-de-lança improvisado, na fase final: é dele o terceiro golo, de cabeça, aos 73'.
Gonçalo Inácio - No sector recuado, compete-lhe o maior protagonismo no capítulo dos passes longos, a iniciar lances ofensivos. Foi servindo Nuno Santos e Gyökeres. Mas teve de sair ao intervalo, com queixas físicas.
Geny - Terá sido da chuva? Terá sido do vento? A verdade é que passou por completo ao lado da partida, incapaz de fazer a diferença tanto a atacar como a defender. Não era jogo de feição para o moçambicano.
Morten - Cada vez mais influente, de jogo para jogo. Não apenas como pêndulo na posição de médio defensivo, a recuperar bolas, mas também a queimar linhas e a chegar-se à frente. Assim marcou o nosso golo inicial.
Morita - Um dos melhores em campo, naquele estilo de formiguinha, muito útil para o colectivo leonino. Basta dizer que teve participação em dois golos. Foi ele a centrar no primeiro e a assistir no terceiro.
Nuno Santos - Ganhou duelos no jeito reguila que o caracteriza. Contribuiu para o primeiro golo. Mas borrou a pintura ao cometer um penálti totalmente desnecessário. Não era dia auspicioso para ele, longe disso.
Trincão - Estava a ser um dos nossos melhores em campo e prometia não apenas outra boa exibição global mas até algum golo. Impossível: foi ceifado em penálti que ficou por assinalar. Forçado a sair aos 45', magoado.
Pedro Gonçalves - Em clima pouco propício às suas aptidões, sobretudo pelo vento forte, foi um dos menos inspirados. Destacou-se sobretudo por atirar a bola muito por cima da baliza, aos 27' e aos 90'.
Gyökeres- Foi à luta, suou a camisola, puxou os colegas para a frente. Como sempre. E, também como é hábito, marcou. O segundo golo. Já leva 30 marcados em toda a temporada. O melhor dos nossos.
Edwards - Rendeu Trincão aos 45'. Mas mal se deu pela presença dele em campo. Perdeu sucessivos duelos, abusou do individualismo, teve uma atitude passiva em contraste com alguns colegas. Um desperdício.
Eduardo Quaresma - Substituiu Gonçalo Inácio, actuando como central à direita durante toda a segunda parte. Consistente, concentrado, motivado. Visão de jogo, capacidade de passe. Merece ser titular de novo.
Matheus Reis - Em campo desde o minuto 61, substituindo Nuno Santos. Cumpriu sem brilhantismo quando se exigia dele algo mais. Ficou a sensação, como tantas vezes acontece, que poderia fazer melhor.
Muita coisa mesmo a correr mal ao Sporting em Vila do Conde. O resultado final até foi menos mau atendendo a tudo o que se passou em campo.
Desde logo o verdadeiro temporal de chuva e vento que acompanhou a partida. Condições que obviamente favoreceram a equipa da casa. Impossível treinar em Alcochete naquelas condições, que prejudicaram os "levezinhos" tecnicistas do plantel como Pedro Gonçalves, que não acertou um cruzamento, Catamo, Morita e Edwards que pouco renderam.
Depois a arbitragem medíocre, um Narciso esfíngico, incapaz de controlar o jogo, que foi permitindo as marcações cerradas com agarrões constantes dos vilacondenses sem pela admoestação pública aos faltosos nem amostragem de amarelos. Só mesmo no final do jogo eles surgiram para limpar os dois erros grosseiros que cometeu, muito por culpa do VAR Nobre também. O primeiro golo do Rio Ave é precedido de agarrão claro ao Pedro Gonçalves e devia ter sido invalidado, Trincão é alvo duma entrada com o pé alto a varrer que o lesiona dentro da área para penálti, não assinalado. Admito, porque tive a mesma sensação, que julgou ver o Trincão armar o remate e acertar na bota do defensor, mas na câmara lateral é óbvio o movimento da bota com os pitons à vista em direcção ao pé do Trincão. Seja imprudente ou negligente, é um claro penálti de VAR.
Depois os erros também grosseiros de Nuno Santos e Adán. Não são os primeiros, e com erros assim não vamos a lado nenhum. Impossível.
De resto, o temporal inclemente, a atitude competitiva do Rio Ave sempre no risco máximo, e as incidências do jogo, que incluiram as lesões de Inácio e Trincão, desmantelaram todo o modelo de jogo do Sporting, que não conseguiu controlar, nem gerir o ritmo, nem jogar bom futebol, limitou-se a correr atrás dos adversários e do prejuízo, e aí Diomande, Coates, Hjulmand e Gyokeres foram fundamentais.
Ou seja, ficou mais uma vez evidente que o Sporting para ser competitivo numa época precisa duma base de jogadores altos e fortes. Ontem Paulinho fez muita falta no banco, e se calhar Nuno Santos e Catamo não deviam ter ido a jogo no início, dando lugar a Matheus Reis e Esgaio, muito mais adequados àquelas condições. Mas depois existe o tal ciclo infernal, e a gestão do plantel pensada para o ciclo, e não se pode ter sol na eira e chuva no nabal.
Melhor em campo? Gyökeres, mouro de trabalho, um grande golo.
Arbitragem? Uma arbitragem marca APAF do tal 6.º melhor classificado da época passada, com o colega VAR a deixá-lo enterrar-se, se calhar compete com ele na classificação. Uma dupla "à maneira", cumprimentos do Paulo Costa.
E agora? Seguir em frente, temos dérbi quinta-feira em Alvalade e vou lá estar, esperando que desta vez não exista uma seita qualquer a comprar bilhetes da central para os revender aos lampiões. Depois a próxima jornada da Liga vai definir muita coisa.
De ter começado o jogo a perder. Aos 3' já estávamos a sofrer o primeiro golo, marcado por Embaló, que fez o que quis no nosso corredor direito, onde Geny e Diomande nunca conseguiram completar-se com eficácia, deixando todo o campo livre ao jogador rioavista, que pôs a sua equipa a vencer por mérito próprio e demérito dos nossos.
De termos deixado dois pontos em Vila do Conde, os primeiros de 2024.Empate 3-3 em noite de chuva e muito vento, que beneficiou a equipa da casa, muito mais habituada a estas condições climatéricas. Mas demos forte contributo para este tropeção: sofremos dois golos de penálti, aos 31' e aos 67', de forma infantil, quase amadora. Numa partida em que fomos capazes de reagir ao desaire inicial: empatámos aos 9', ganhámos vantagem aos 44', mas voltámos a sofrer um golo, momentos antes do intervalo, num castigo máximo provocado por Nuno Santos sem qualquer necessidade, em lance que estava controlado.
Do nosso segundo tempo. Em vez de entrarmos após o recomeço com força e garra, como tem sido hábito do onze leonino, viemos mais apáticos e entregámos ao Rio Ave a iniciativa de jogo, chegando a estar mais de meia hora sem rematar à baliza. Assim tudo se tornou muito mais difícil. Neste período sofremos o terceiro (67') e a partir daí apostou-se tudo numa solução de recurso que há muito não víamos no Sporting: Coates avançou para a posição de ponta-de-lança. Também porque as alternativas no banco, no capítulo ofensivo, eram nenhumas.
Da ausência inicial de Eduardo Quaresma. O treinador deixou-o fora do onze, preferindo apostar em Diomande como central à direita apesar de o marfinense não competir desde Dezembro no campeonato português. Opção inexplicável, que também contribuiu para a nossa insuficiente prestação frente ao Rio Ave. Eduardo acabou por entrar logo após o intervalo, remetendo Diomande para a esquerda, e confirmou que continua em boa forma. O titular ali deve ser ele.
De Adán. Intranquilo, nervoso, transmitindo insegurança aos colegas, cometeu um penálti indiscutível aos 65', saindo fora de tempo dos postes e derrubando Aziz. Foi a sua segunda saída em falso: já tinha feito o mesmo aos 31' e só por muita sorte nossa o Rio Ave não marcou nesse lance. Sorte tivemos também, 5 minutos depois, ao ver uma bola embater no nosso poste esquerdo. O espanhol esteve igualmente mal na reposição da bola, mandando-a com frequência para fora ou entregando-a ao adversário. E continua incapaz de defender um penálti: faz-nos sentir saudades do Rui Patrício ou até do Renan. Jogo para esquecer.
Dos três golos sofridos. Não nos acontecia desde a derrota em Guimarães (2-3), a 9 de Dezembro.
Do penálti perdoado ao Rio Ave. Acção claramente negligente do defesa rioavista pondo em risco a integridade física de Trincão, que tinha a bola dominada junto à linha da pequena área e se preparava para rematar. Aconteceu aos 29': Miguel Nóbrega foi de sola em riste. Sem André Narciso o ter admoestado nem assinalado a grande penalidade que se impunha, beneficiando sem margem para dúvida a equipa da casa. Fomos duplamente prejudicados neste lance, pois Trincão ficou magoado, tendo sido substituído ainda antes do intervalo. Eis como um árbitro pode condicionar um resultado por manifesta impreparação ou incompetência.
De ver Adrien jogar contra nós. Ainda por cima com braçadeira de capitão, pelo Rio Ave. Entrou aos 64', ainda a tempo de demonstrar que conserva várias qualidades que nos habituámos a admirar nele durante os longos anos em que foi profissional do Sporting.
Das lesões. Além de Trincão, que saiu a coxear aos 45', também Gonçalo Inácio se magoou neste Rio Ave-Sporting - lesão muscular, que o impediu de jogar toda a segunda parte, dando lugar a Eduardo Quaresma. Más notícias para o nosso próximo desafio - já na quinta-feira, primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, em que recebemos o Benfica. Serão duas baixas muito prováveis, quase inevitáveis.
Gostei
De Gyökeres. Se há jogador que tudo fez para alcançarmos uma vitória neste embate em Vila do Conde foi o internacional sueco: incansável, correu 10,7 km sempre de olhos fitos na baliza. O melhor dos nossos, voltou a fazer o gosto ao pé num remate fortíssimo, na cara do guarda-redes. Assinando o centésimo golo do Sporting nesta temporada, uma das mais produtivas de toda a história do futebol leonino. O seu 17.º golo na Liga 2023/2024.
De Morten. Também ele não merecia estes dois pontos perdidos no vendaval vilacondense. Marcou o nosso primeiro, num remate rasteiro, de ressaca, aproveitando da melhor maneira a bola que foi ter com ele após lance muito embrulhado na grande área. Recuperou bolas, passou com critério, ligou sectores, foi sempre um dos mais inconformados. É um médio com golo: superior a Ugarte - que substituiu no nosso onze titular - pelo menos neste capítulo.
De Coates. Há muito que não o víamos como pronto-socorro de emergência para colmatar lacunas no plano ofensivo. Com Paulinho lesionado, Rúben Amorim deu ordem ao capitão para se plantar lá na frente, como nos velhos tempos em que foi solução improvisada em várias partidas. Desta vez ajudou também, mas só em parte: foi dele o terceiro golo, que nos permitiu empatar quando estávamos a perder 2-3: belo cabeceamento, aos 73', correspondendo da melhor maneira a um cruzamento de Morita por via aérea. Mostrou assim como se faz a alguns colegas ontem mais apáticos - Geny e Edwards, por exemplo. Infelizmente, não bisou: teria sido o ideal.
De ver o Sporting marcar há 31 jornadas. Sempre a fazer golos, consecutivamente, desde o campeonato anterior. Sem eles não há vitórias. E sem vitórias não se conquistam títulos e troféus.
De manter a esperança intacta. Continuamos a depender só de nós depois de uma jornada em que o FC Porto também perdeu dois pontos (empate 1-1 em Barcelos)
Começo por dizer que o empate de hoje em Vila do Conde teve como principal autor o árbitro, que foi André Narciso, tal como aliás já tinha acontecido na última vez que perdemos pontos, em Guimarães. Assim temos de começar por falar sobre isso.
Mesmo em várias das vitórias conseguidas ao longo deste campeonato temos muitas queixas da arbitragem. Segundo li em algumas notícias, parece que é estratégia da "Estrutura" não comentar as mesmas, o que toda a gente sabe que é sempre uma estratégia muito acertada, já que ser roubado quase todas as semanas e estar caladinhos é uma receita vencedora. Agora se vier alguma queixa, mais ou menos tímida, decorrente do empate de hoje, eu diria que vem muito tarde.
Voltando à arbitragem deste jogo, só de memória temos:
Há uma falta evidente sobre Pote no início da jogada que origina o primeiro golo do Rio Ave;
Há um corte perigosíssimo dentro da área do Rio Ave, a tal ponto que provoca um pancada que obriga à saída de Trincão por lesão. Não sei qual é a regra da FIFA invocada esta semana, deve ser aquela que diz que desde que não se arranque a cabeça ao jogador, vale tudo para cortar uma bola. É uma entrada negligente e devia ter sido marcada grande penalidade.
Há mais um penálti evidente sobre Pedro Gonçalvez na segunda parte, quando o jogo estava 2-2. O nosso jogador foi agarrado para o impedir de ir à bola.
Os defesas do Rio Ave tiveram todos margem para poderem efectuar meia dúzia de faltas cada um, isto porque dessa meia dúzia, duas não são marcadas e três ou quatro são feitas à vontade, porque só há lugar a amostragem de cartões ao fim desse número de faltas.
Nos 5 minutos de descontos da segunda parte há uma expulsão de um jogador do Rio Ave, em que este demora mais de um minuto para sair, há a marcação de dois ou três livres e de um canto, mas mesmo assim o jogo acabou assim que se chegaram aos 5 minutos em ponto.
Depis temos de falar de Rúben Amorim.
Não sei por que carga de água achou que um jogo fora, com um adversário difícil e com condições climatéricas más era bom para colocar Diomande a titular pela primeira vez desde 18 de Janeiro. Viu-se que o jogador estava fora de forma, com falta de velocidade e preso de movimentos, e foi precisamente pelo seu lado que sofremos logo aos 5 minutos. Tal como não percebo que Quaresma, em excelente forma, tenha ido para o banco logo neste jogo, para dar lugar ao costamarfinense.
Depois, voltamos ao problema de sempre. Como Paulinho está lesionado, inciámos o jogo só com uma opção de ataque no banco, no caso Edwards. Lesiona-se Trincão durante o jogo, entra Edwards ainda na 1.ª parte e vamos para a 2.ª parte sem nenhuma opção de ataque no banco. Ao fim de quase 200 jogos de Amorim no Sporting, ainda andamos a acabar com Coates a ponta-de-lança.
De seguida temos de falar de Adán. Depois de duas boas épocas iniciais, teve uma bastante fraca no ano passado, e está a ir pelo mesmo caminho este ano.
Raramente é mais-valia, por isso nunca conto que ele defenda um grande remate, um livre directo ou uma grande penalidade. Fio-me na defesa para deixar criar muito poucas ocasiões ao adversário, porque se essa ocasião aparece mais vale confiar na Nossa Senhora do que em Adán para nos safar.
Se o espanhol se ficasse por aí, no não acrescentar nada, já podíamos ficar satisfeitos. Infelizmente tem paragens cerebrais, como uma a meio da 1ª parte em que oferece a bola ao adversário que só não deu golo porque não calhou, ou na grande penalidade que comete, numa saída completamente tonta.
Não sei se estamos a preparar Franco Israel ou Diego Callai para a sucessão, ou se pensamos que Adán ainda tem condições para ser titular. O que é certo é que continuamos a sofrer um número assustador de golos para a quantidade de lances de perigo que consentimos.
Por fim temos de falar na Rio Ave TV, que fez a transmissão deste jogo. Não sei como é que ainda permitem que jogos da 1.ª Liga sejam transmitidos por canais de clubes, o que dá azo a comentários tendenciosos e a que não se repitam nem se comentem em condições alguns lances duvidosos, como os que referi acima. Um dos comentandores era um tal de Freitas Lobo, que pela maneira como só só via Rio Ave e só falava de Rio Ave, está no sítio certo, a trabalhar no canal do clube do seu coração.
Na época anterior, trouxemos de Vila do Conde um triunfo tangencial: 0-1. Foi quanto bastou para garantirmos os ansiados três pontos. Num jogo assinalado pela estreia de Chermiti a marcar na equipa principal do Sporting.
Como será agora? Espero, como sempre, pelos vossos prognósticos.
Foi outra ronda com vários vencedores. Cinco, no total. Eis os seus nomes, por ordem alfabética: AHR, Manuel Pinheiro, Marrocos, Paulo Batista e Tiago Oliveira. Todos acertaram no resultado do Sporting-Rio Ave (2-0) e no nome de um dos marcadores - Paulinho mencionado por quatro, Edwards apenas por um destes leitores.
Um quarteto também justifica menção. Por ter antecipado o desfecho, embora sem pontaria para os goleadores. Vale a pena, de qualquer modo, cumprimentá-los. São a Maria Sporting, o Orlando Santos, o Verde Protector e o meu colega de blogue Vítor Hugo Vieira.
Sporting soma e segue: seis vitórias em sete jogos até agora, o que faz vibrar os adeptos
Foto: José Sena Goulão / EPA
Terá sido a melhor exibição do Sporting nos primeiros 45 minutos em todos os sete jogos já disputados nesta temporada - seis para o campeonato, um para a Liga Europa. O nosso onze entrou em campo como um verdadeiro rolo compressor, usando todos os corredores como via de ataque rápido, ousado, audaz. Nuno Santos, em excelente forma, desequilibrou por completo à esquerda enquanto Edwards imperava nas movimentações da direita para o meio do terreno, levando o pânico à muralha defensiva dos vilacondenses. Com Pedro Gonçalves a movimentar-se um pouco por toda a parte, abrindo linhas de passe, Paulinho desta vez fixo como ponta-de-lança e Morita a situar-se entre linhas, mostrando todo o seu valor na ligação entre o meio-campo e o trio mais ofensivo.
Foi assim, com o astro Gyökeres remetido ao banco de suplentes, que o Sporting cumpriu aquilo que se impunha: derrotar o Rio Ave em Alvalade. E deste modo assumir o comando do campeonato, em igualdade pontual com o FC Porto mas tendo melhor quociente entre golos marcados e sofridos. Vamos no 21.º desafio seguido sem derrotas, no terceiro em casa sem sofrer golos e com 16 pontos somados em 18 possíveis.
Fácil? Não. Há um ano, por esta altura, tínhamos apenas 10 pontos. Faz uma diferença enorme. Comparando com o onze que anteontem entrou em campo, houve apenas dois reforços, ainda ausentes de Alvalade em Setembro de 2022: o central Diomande e o médio defensivo Morten. Todos os outros já lá estavam. E nem por isso as coisas correram bem.
É verdade que o marfinense e o dinamarquês, ambos internacionais pelos seus países, contribuíram para aumentar a qualidade da nossa prestação face ao que ocorria na época anterior. Mas isto não basta para explicar a diferença. A verdade é que esta nossa equipa joga mais ligada, mais entrosada, com maior determinação e sobretudo com muito mais alegria. Contagiando os adeptos: estavam mais de 34 mil no estádio apesar de o jogo ter começado às 20.15 da passada segunda-feira. Horário que certamente contribuiu para que este tenha sido o nosso desafio com mais reduzida assistência na temporada em curso.
Destaques? Morita, pêndulo da equipa: quase todos os lances passam por ele. Iniciou o primeiro golo e assistiu para Paulinho empurrar, logo aos 10' - e figurar de novo entre os melhores marcadores da Liga 2023/2024. Edwards, protagonista dos lances mais vistosos - que culminaram no segundo golo, saído dos pés dele após túnel bem medido ao defesa que tentava cobri-lo, marcando de ângulo quase impossível. Obra de arte, deixando evidente que o inglês está de volta às grandes exibições. Voto nele como melhor em campo.
Nuno Santos, já mencionado, justifica também registo elogioso. Criativo, desequilibrador, sem nunca virar a cara à luta. Mas aquilo que vai fazendo deste Sporting um caso muito sério entre os assumidos candidatos à conquista do campeonato, reeditando a proeza de 2021, é a solidez do bloco defensivo. Diomande, Coates e Gonçalo Inácio parecem jogar de olhos fechados, tão bem combinam entre eles.
Com Gonçalo a destacar-se nos passes longos, Diomande na condução com a bola dominada e Coates nas acções de desarme.
Tudo bem? Nem por isso. Caímos demasiado na segunda parte, após chegarmos ao intervalo a vencer por 2-0 - resultado que se manteria até ao apito final. De permeio, sofremos um sério sobressalto quando surgiu um golo do Rio Ave, aos 49', entretanto sem efeito por alegado fora-de-jogo de 6 cm. Pretexto ridículo para anular um golo: é tempo de pôr fim a esta palhaçada, tal como já acontece na Premier League. Tanto faz, para o caso, que o Sporting seja beneficiado (como agora foi) ou prejudicado (como já aconteceu mais do que uma vez).
Mas fizemos mais do que o suficiente para que ninguém possa discutir este triunfo. Basta olhar para a classificação para percebermos como isso é capaz de ser um excelente tónico psicológico. Não apenas para os jogadores: também para os adeptos.
Que diferença em relação ao que se passava faz agora um ano...
Breve análise dos jogadores:
Adán - Noite quase sem trabalho, exceptuando no golo vilacondense que viria a ser anulado por escassos 6 cm. Continua a evidenciar problemas a jogar com os pés.
Diomande - Desinibido com a bola, não apenas a defender mas a iniciar ataques. Lesionou-se no tempo extra, acabando substituído. Oxalá não seja nada de grave. Ele faz-nos falta.
Coates - O comandante da nossa muralha defensiva fez jus à fama. Dois lances justificam destaque: desarme perfeito aos 70' e grande passe longo aos 82', a lançar Geny.
Gonçalo Inácio - Sólido, intransponível. Fixou-se finalmente no espaço onde mais rende - o que o tem favorecido até como candidato a titular da selecção nacional.
Esgaio - Conduziu um bom ataque aos 45'+2, mas esteve quase sempre mais contido do que o seu colega do corredor esquerdo. Não inventou, jogou pelo seguro.
Morten - A sua mais discreta exibição no plano individual desde que chegou ao onze titular. Ganha em concentração e eficácia no desarme o que parece faltar-lhe ainda na condição física.
Morita - Assombrosa exibição, com um raio de acção cada vez mais largo. O primeiro golo é quase todo construído por ele. Equilibra a defesa, municia o ataque, joga bem com os dois pés.
Nuno Santos - Outra actuação a merecer aplauso. Quase marcou em duas ocasiões - aos 14' e aos 56'. Vigoroso, criativo, destaca-se pelo espírito combativo que parece faltar a alguns colegas.
Edwards - Participa nos dois golos leoninos. No primeiro, como um dos construtores do lance tão bem-sucedido. No segundo, surgindo ele próprio a metê-la lá dentro. Fez levantar o estádio.
Pedro Gonçalves - Útil a abrir espaços e arrastar marcações, participou também no processo defensivo. Perdulário no último toque, incapaz de marcar. O melhor que fez foi atirar à trave (30').
Paulinho - Fixou-se como ponta-de-lança, compensando a ausência de Gyökeres. Cumpriu o essencial da sua missão com golo logo aos 10'. Merecido, pois trabalhou bem para a equipa.
Daniel Bragança - Substituiu Morten aos 67'. Não conseguiu imprimir maior acutilância ao nosso meio-campo, incapaz de fazer passes de ruptura. Contribuiu para gerirmos a vantagem.
Trincão - Entrou aos 67', substituindo Edwards. Há que assinalar o contraste entre um e outro, desmentindo aqueles que os equiparam em quase tudo. O ex-Braga foi totalmente inofensivo.
Matheus Reis - Substituiu Nuno Santos (77'). No seu estilo muito mais discreto, menos atrevido, cuidando mais da missão defensiva do que da vertigem ofensiva.
Geny - Entrou aos 77', rendendo Esgaio. Contribuiu para acelerar o jogo no seu flanco. É um extremo de raiz, o que bem se nota. Mas tem melhorado no plano defensivo.
Neto. Entrou aos 90'+2, compensando a ausência do lesionado Diomande. Poucos minutos em campo, o que bastou para lhe merecer calorosos aplausos dos adeptos.
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