No sítio do costume, li pérolas como estas, que passarei a citar. Escritas por ressabiados profissionais que ainda se intitulam sportinguistas mas que são incapazes de esconder um ódio visceral ao Sporting, assumindo-se como fiéis da IURB - Igreja Umbilical do Reino do Bruno:
«Viva o varandismo. Agora somos todos varandetes e varandistas.»
«Ganhou o fivelas. É uma crónica de uma vitória anunciada. Faz sentido dar uma chance ao homem mas não consigo. Vê lo a falar faz me urticária.»
«O varandinhas lá comecou o mandato a perder. não era de esperar outra coisa, mas é realmente uma desilucão (sic). As leoas mereciam melhor.»
«Depois de jogadores, agora temos um presidente que rescindiu com o clube e voltou com um ordenado bem maior.»
«Roma paga a traidores… Mas não te esqueças que no circo todos eram jogados aos leões.»
«Nunca mais terei de volta o meu orgulho de Sportinguista… porque agora conheço de que massa são feitos os Sportinguistas. Neste momento quem se diz do Sporting causa-me desconfiança.»
«Juntar-se ao Varandas é juntar-se a quem destruiu o clube, a quem irá vender a SAD, a quem se aliou aos nossos rivais, a quem tanto prejudicou o clube…. juntar-se ao Varandas é para os bananinhas do novo sporting.»
«A pressa na investidura é precisamente para agilizar tudo, para que BdC, mesmo que consiga a reversão, não consiga impedir as negociatas todas que já foram, e ainda serão, levadas a cabo. O varandas é apenas um peão, na mão do sobrinho, do ricciardi, do mendes, etc.»
«Bruno de Carvalho é o legítimo Presidente do Sporting, afastado de má fé por uma súcia de oportonistas (sic) que querem dominar a SAD e vender o Sporting Clube Portugal, para com isso lucrarem.»
«De este acto eleitoral estar ferido de nulidade que os tribunais terão de ter a coragem de declarar, não me assistem quaisquer dúvidas.»
«Os filhos da puta que agora pedem união são os mesmos que andaram 5 anos a dividir o clube e a denegrir tudo e mais alguma coisa.»
Vejo cada vez mais os adversários do Sporting profundamente ressabiados com Bruno de Carvalho. Lampiões e andrades, sobretudo. E não necessariamente por esta ordem.
Não sei porquê, isto perturba alguns sportinguistas. Comigo é ao contrário: agrada-me. E chegou a altura de o dizer aqui.
O programa Play Off, na SIC Notícias, transformou-se ontem numa sessão de linchamento público do presidente do Sporting. Durante 28 minutos - entre as 22.18 e as 22.46 - Bruno de Carvalho foi o tema dominante e quase exclusivo das intervenções dos quatro membros do painel. Sem contraditório, todos remaram na mesma direcção praticando um original passatempo que poderíamos denominar "Tiro ao Bruno".
Ao longo desses 28 minutos - cerca de um quarto do total do tempo de emissão do programa - proferiram-se ali declarações como estas:
«O presidente do Sporting fez aquilo que fez Vale e Azevedo: rasgou contratos. Quem vier atrás que feche a porta.»
«Bruno de Carvalho vai prejudicar o Sporting.»
«O Sporting é um clube difícil para qualquer treinador.»
«O exercício de liderança do presidente do Sporting às vezes traz problemas.»
«Ele vai ter que sair, porque os resultados não surgem.»
«O presidente que entrar vai levá-lo a tribunal por causa daquilo que ele tem feito.»
«Ele (Bruno de Carvalho) não merece consideração absolutamente nenhuma.»
«O Sporting em cinco jogos perdeu quatro!» [sic, declaração debitada às 22.41]
Como é fácil perceber, todas estas frases - e várias outras - são claramente desabonatórias ou mesmo ofensivas para o Sporting e o seu presidente.
Haveria falta de assunto? Nem por sombras.
Isto sucedeu, pasme-se, na própria noite em que o nosso clube venceu o Gil Vicente em Barcelos por 4-0, registando a primeira goleada da presente época, o FCP cedeu um empate em casa frente ao modestíssimo Boavista e o Benfica esteve a perder na Luz até aos 69' perante o Moreirense.
Temas, como é óbvio, não faltavam.
Mas prevaleceu o Tiro ao Bruno. O que diz muito sobre a linha editorial deste programa em que escutámos farpas de todo o género sobre o nosso clube sem que ninguém o defendesse.
Repito: foi possível até escutar ali esta inenarrável bacorada, que ninguém à volta daquela mesa procurou corrigir: «O Sporting em cinco jogos perdeu quatro!»
Nem sei como qualificar isto. Aldrabice, claro. Ditada pela má-fé. Pior: ditada pela expressão do ódio mais primário ao Sporting.
Sem exercício de contraditório. Sem o necessário contraponto, indispensável a qualquer debate plural.
Registei. E milhares de sportinguistas certamente registaram como eu.
Não me surpreende que nas trincheiras anti-leoninas existam saudosistas do tempo das derrotas, dos vexames, dos cemitérios de treinadores, das contratações falhadas, do pior lugar de sempre no campeonato e da pré-falência das contas leoninas. Quanto pior estivesse o Sporting, mais os nossos adversários se alegravam. O que me surpreende é que entre esses saudosistas se encontrem alguns que dizem ter coração verde e branco
Como acreditar nisso?
Há um ano revelaram sintonia com o advogado de Bruma, um tal Bebiano Gomes, apesar de o jogador estar em litígio com o nosso clube precisamente por influência deste causídico. E resmungaram pragas contra a Comissão Arbitral Paritária quando esta nos deu razão, contra os prognósticos deles.
Depois alinharam com o pai de Dier, que levou o filho a trocar o Sporting pelo Tottenham, traindo as juras de amor eterno ao nosso emblema que professava dias antes. Neste caso torceram pela saída do jogador a troco dos escassos cinco milhões de euros que constavam da absurda cláusula de rescisão aceite por direcções anteriores em vez de torcerem pela sua permanência em Alvalade, onde esta época seria titular indiscutível, marcando presença na Liga dos Campeões.
Agora fazem coro com as teses da Doyen Sports apesar do comportamento doloso dos seus representantes, facto aliás apontado pela direcção leonina como justificação para a denúncia unilateral do contrato que ainda veiculava o Sporting a este "fundo", alegando justa causa. Bastaria aliás a tentativa de venda ao nosso clube por 20 milhões de euros de um jogador que acabou por ingressar num dos nossos rivais por apenas 6,5 milhões para configurar má fé do "fundo".
Tudo quanto opinam, nas linhas e nas entrelinhas, decorre do ódio que dedicam a Bruno de Carvalho. Foram derrotados há um ano e meio mas continuam a alimentar-se deste ódio como poderoso nutriente.
Nada disto espanta. Surpreendente é apenas o facto de ainda não terem percebido que estão a esbracejar na trincheira errada.
Ando a ouvir maus augúrios desde o início do campeonato. Ainda antes de a bola começar a rolar já havia espaços blogosféricos, de verde e branco, onde não faltavam os mais negros vaticínios. Prognosticando uma época horrível para o Sporting devido à política de contratações e à gestão do plantel e sei lá que mais.
Suprema ironia: alguns que hoje dizem mal da equipa a cada vitória, por ser suada ou "sofrida", eram os mesmos que aplaudiam as derrotas da época anterior.
Releio a prosa elogiosa que os principais jornais especializados em futebol dedicaram a Montero após a vitória fulminante contra o Alba na Taça de Portugal. São textos que não escondem a admiração pelo atacante colombiano que em boa hora Bruno de Carvalho trouxe para o Sporting.
Escreveu A Bola, em texto assinado por Pedro Soares:
«Foi exemplo de rigor, profissionalismo e seriedade, atributos que o convocaram para uma exibição magnífica, de encher o olho, a barriga e tudo o resto. Foi letal com a bola nos pés, dentro da grande área do Alba, e quase sempre fez o que quis dos seus opositores, movimentando-se de forma furtiva entre as linhas, o que fez com que os adversários andassem muitas vezes à sua procura... sem o ver.»
Escreveu o Record, em texto assinado por João Soares Ribeiro:
«Um matador encara a sua vítima de forma fria e, na hora da estocada final, não hesita. Foi exactamente o que fez Montero frente ao Alba, onde alcançou o seu segundo hat trick com a camisola leonina. Pelo meio ainda assistiu Wilson Eduardo (1-0), Slimani (7-1) e fez o túnel que permitiu a Vítor fazer o 6-0.»
Não pode ser maior o contraste entre estes apontamentos jornalísticos que sublinham com inteira justiça a excelente prestação do nosso avançado e as reacções de absurdo cepticismo com que uma parte da opinião pública sportinguista brindou a notícia da sua chegada a Alvalade, no final de Julho.
Na altura, a escolha de Bruno de Carvalho foi duramente criticada em blogues que dizem ser leoninos e cujas caixas de comentários reflectem o desvario que por vezes se apodera de certos adeptos do Sporting.
Mantenho o meu arquivo sempre actualizado. E do arquivo desenterro frases como estas, então publicadas nesses blogues:
«O Ghilas é dez vezes superior a este Montero. Este dá uma comissão maior.» «Parece um jogador mediano, penso que será mais para fazer número.» «Ao contrário do que diziam, ele não é craque, longe disso.» «Dado que Montero não é um jogador de área, temos aqui alguns problemas.» «Para mim não é um verdadeiro goleador e tenho dúvidas que faça 15/20 golos numa época.» «Troco Montero pelo Bruma, esse é craque, é o único que me vai levar a ir a Alvalade.» «Montero não mostrou instinto goleador.»
«Não vale a pena andar a contratar por contratar, sem dinheiro muito dificilmente se consegue qualquer acréscimo de qualidade.»
«No dia em que o Bruno [de Carvalho] contratasse mesmo um jogador a sério punha o Sporting nas primeiras páginas de toda a imprensa internacional.»
Gostaria de saber o que os ressabiados que escreveram tudo isto pensarão de Montero agora. São os mesmos que diziam que o Wilson Eduardo não tinha lugar na nossa equipa principal, que o Jefferson não sabia defender e que o Bruma era absolutamente indispensável para o sucesso do Sporting na nova época.
Razão tinha Churchill quando assinalou que os maiores inimigos estão muitas vezes do nosso lado da barricada...
Atacam em bando, como as hienas. E preferem bater a debater. Os energúmenos que hoje agrediram o vice-presidente e outros membros da Mesa da Assembleia Geral devem ter sido os mesmos que há quase um ano, no aeroporto da Portela, insultaram Domingos Paciência e a equipa de futebol, então regressados de um jogo no Funchal. Poucas horas depois deste lamentável facto, o Conselho Directivo despedia o treinador, dando início a um pesadelo de doze meses. O pior período de sempre da história do Sporting.
ADENDA 2: quatro ex-candidatos à presidência - Abrantes Mendes, Bruno de Carvalho, Dias Ferreira e Pedro Baltazar - subscrevem comunicado de condenação conjunto.
As declarações de Carlos Barbosa à Antena 1 são de uma infelicidade atroz. O ex-vice do Sporting despeja acusações atrás de acusações que no timing que aparecem soam a ressabiamento porque já não contam com a personagem. Durante o pouco tempo que esteve no Clube, Barbosa ameaçou várias vezes que se ia embora e era sempre segurado, supostamente, in extremis. Até ao dia em que bateu com a porta e olhou à volta para ver quem o segurava e reparou que estava sozinho.
Carlos Barbosa merece a minha consideração enquanto sportinguista, mas enquanto membro da Direcção ficou aquém do que poderia ter feito pelo nosso grande Clube. Entre as promessas do "Eu Faço", ficámos apenas com as boas intenções. E todos sabemos onde podemos encontrar bem-intencionados não é?
A ideia de "apostar nos miúdos", dita na entrevista, se não fosse vinda de quem é seria de uma candura atroz. Então não é o Sporting o Clube que mais forma jogadores, que tem a melhor escola?
Carlos Barbosa pede "paciência" aos sócios, porque senão "o Sporting acaba". Paciência que o próprio não demonstra ter, talvez por ter sido corrido do nosso Clube. E, se me permitem o desabafo, o Sporting continuará sempre, mesmo que alguns supostos iluminados com os dislates que dizem queiram à viva força destruí-lo.