O racismo que não há em Renato Sanches
Desde meados da época passada que a questão da idade do jogador Renato Sanches levanta infindáveis discussões a quem se interessa, e não só, pelo tema da bola.
Acabado o campeonato e despachado o jogador para o Bayern não deixou mesmo assim de ser esta questão abordada, agora por jornais estrangeiros, principalmente espanhóis, a que se juntaram declarações de um treinador francês que afirmou, sabe-se lá com que fundamentos, ter a certeza que o referido jogador não tem 18 mas sim 23 ou 24 anos. Mas aqui o que me interessa não é a idade do jogador, esse assunto está morto e enterrado, apenas voltou pela exposição que o Renato está a ter neste europeu. Muito pior que esta questão é a acusação que os ultra defensores do jogador fazem a quem questiona ou apenas aflora este assunto. São logo, e sem contemplações, acusados de racismo. Percebe-se a táctica; quando queremos encerrar um assunto tão incómodo como este, nada melhor que libertar para o espaço público um anátema deste calibre. Quem ousa discutir ou apenas falar da idade do jogador é à partida racista. Tenta-se assim abafar um caso que por culpa própria do jogador, e principalmente por culpa do seu anterior clube, continua na ordem do dia. Esta acusação, para mim gravíssima, é adoptada pelos seus defensores de forma leviana. Ver pessoas que leio já há alguns anos, e que por isso estimo, cavalgar esta onda de demagogia é para mim uma surpresa ou melhor uma decepção. Vivemos na vertigem da informação mas nem por isso podemos aligeirar as bases e os conceitos que nos regem e nos formam. Quando por qualquer assunto acusamos de racistas, como neste caso, os nossos oponentes numa discussão estamos não apenas a acusá-los de algo muito grave mas, pior, estamos a suavizar o próprio conceito de racismo. E é isso que é grave.