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És a nossa Fé!

O bom Renan

Renan Ribeiro rescindiu com o Sporting. Nos últimos anos, foi um problema. Aparentemente não quis rescindir nem aceitar propostas, ficando a receber um bom salário sem trabalhar. Essa atitude nunca pode ser vista como positiva por isso, acompanho o alívio por agora ter rescindido, mesmo que a promessa dos milhões do novo clube tenha dado uma boa ajuda. Mas, é preciso lembrar o bom Renan. O brasileiro chegou ao Sporting no pós-ataque de Alcochete e destacou-se como uma das figuras da equipa. Foi essencial na conquista da Taça da Liga e da Taça de Portugal de 2019. Nas “meias” da Taça da Liga, no desempate por grandes penalidades, defendeu três remates do Braga. Na final, contra o FCP, defendeu o pontapé de Hernâni. Poucos meses depois, no Jamor, após um 2-2, defendeu o penalty de Fernando Andrade, em novo desempate a partir dos 11 metros. Quem esteve lá, sentiu o momento de viragem – simbolizado pelas lágrimas de Mathieu -  um ano após o ataque. Renan rendeu Patrício na baliza e foi herói numa altura em que o Sporting precisava desesperadamente de heróis. A culpa do seu desaparecimento terá sido sua, mas merece o nosso obrigado. Mesmo que circunscrito a 2018 e 2019.

Quem deverá ser o dono da baliza do SCP?

Não percebo o racional da contratação de Antonio Adán, guarda-redes com 33 anos, avaliado em 800 mil euros, após ter passado boa parte da carreira no banco de suplentes, sem grande margem de progressão.

Com 30 anos e avaliado em 2 milhões de euros, temos no plantel Renan Ribeiro. O titular tem sido Luís Maximiano, 21 anos, com um valor de mercado de 6 milhões de euros e grande margem de progressão.

Parece-me óbvia a aposta na manutenção do jovem titular, porque a sua continuidade irá valorizá-lo, permitindo num prazo razoável, de 2 a 3 anos, realizar um importante encaixe financeiro.

Numa situação de baixa de forma, lesão ou castigo, Renan Ribeiro oferece garantias para desempenhar o lugar. A não ser que seja realizada alguma venda surpreendente, não vejo alternativa.

Ou então sou eu que não percebo nada de gestão desportiva e financeira e devemos confiar em Frederico Varandas e Hugo Viana, porque alguém irá aparecer disposto a pagar no mínimo 20 milhões de euros por Max, ou 3 a 4 milhões por Renan. Escrevi refiro-me a milhões de euros, não a mendilhões de monopólio, nem pornográficas comissões de 20% ou mais a intermediar o negócio. Considero obsceno tudo o que for pago acima de 10%.

Balanço (1)

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O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre RENAN:

 

Eu: «O melhor em campo. Foi decisivo nesta conquista dos três pontos para o Sporting em várias defesas que confirmaram a sua classe e os seus reflexos. Destaque para um voo que impediu Pablo de marcar, aos 30', e o golo "cantado" que travou in extremis a Hassan, aos 40'.» (19 de Agosto)

Edmundo Gonçalves: «O Braga veio à nossa casa jogar à grande e em grande, aberto, com uma frente de ataque que só não foi demolidora por obra e graça de São Renan.» (19 de Agosto)

- Leonardo Ralha: «Regressa da Noruega com aquilo a que uma tradução selvagem chamaria um “lençol lavado” e deve a ausência de golos sofridos não só à profusão de colegas com missões defensivas e à incapacidade dos adversários para fazerem melhor. Sempre que foi chamado a intervir esteve mais do que à altura e na segunda parte fez defesas essenciais para impedir que o Rosenborg sonhasse com outro resultado.» (9 de Novembro)

Luís Lisboa: «Quanto aos carregadores de piano, os que lutam até ao fim e raramente comprometem, apenas posso vislumbrar cinco: Renan, Neto, Battaglia, Sporar e Luiz Phellype.» (22 de Março)

Armas e viscondes assinalados: Foram à Áustria, levaram valsa e caíram no tanque dos tubarões

LASK Linz 3 - Sporting 0

Liga Europa - Fase de Grupos 6.ª Jornada

12 de Dezembro de 2019

 

Renan Ribeiro (1,0)

Inaceitável e indigna do profissional limitado mas competente que já demonstrou ser é a forma mais leve de qualificar a abordagem ao lance em que cometeu pénalti e foi expulso, com inteira justiça, pois derrubou o adversário que ficaria isolado frente à baliza. Até então não tivera ocasião de justificar o regresso à titularidade, pouco podendo fazer no lance do 1-0. Sendo certo que deixou a equipa com menos um e, na prática, com dois golos de desvantagem, é natural que muitos queiram vê-lo coberto de alcatrão e penas, mas há que reconhecer que não é o único culpado.

Rosier (1,5)

“Esteve” nos lances dos dois primeiros golos ao isentar-se de cobrir adversários directos que cabecearam para golo ou foram derrubados por Renan. Igualmente permeável a defender junto à linha, esteve menos mau no recurso à velocidade para tentar lançar as raríssimas jogadas de um Sporting que parecia empenhado em desprestigiar-se.

Coates (3,0)

Único dos quatro futebolistas acima de qualquer suspeita que restam no plantel chamado a jogo (Acuña ficou no banco, Mathieu foi resguardado para a visita ao Santa Clara e Bruno Fernandes cumpriu castigo), o uruguaio tentou manter os mãos no leme enquanto o navio naufragava. Decerto que sem ele teria sido pior, pese embora a incapacidade de evitar o 3-0 que antecedeu o apito final.

Tiago Ilori (2,5)

Muita boa gente, incluindo alguém que aparece no espelho quando o autor destas linhas faz a barba, preferiria que fosse Eduardo Quaresma a ser chamado para suprir a fadiga muscular de Mathieu e a hospitalização de Neto. Tal não sucedeu e o Sporting voltou a perder um jogo em que levou valsa do início ao fim. Convém, no entanto, reconhecer que Ilori teve pouca culpa, tendo cumprido no limite das suas capacidades. Na retina ficou um corte arriscado, ainda que providencial e feito com determinação, logo na primeira parte.

Borja (2,0)

Esforçou-se por cumprir os mínimos, numa tarefa complicada pela deriva experimentalista do treinador, nomeadamente na arrumação do flanco esquerdo. Esteve uns furos abaixo da exibição no jogo anterior, mas não comprometeu tanto quanto outros.

Rodrigo Fernandes (2,0)

A titularidade voltou a ser amarga para o promissor “made in Alcochete”. Estava a tentar ganhar o seu espaço no meio-campo do Sporting, com alguns erros à  mistura, quando a expulsão de Renan forçou que alguém saísse para voltar a haver guarda-redes na baliza.

Eduardo (1,5)

Chega a ser comovente observar como o brasileiro leva sempre o esforço demasiado longe, perdendo a bola depois de se desembaraçar de um ou dois adversários. Autor de um cruzamento dentro da grande área adversária que poderia ter rendido pontos noutra modalidade praticada em relvados que não o futebol, Eduardo tarda em provar que tenha qualidade mesmo para esta versão “redux” do Sporting que utiliza derrotas como resultados habituais.

Miguel Luís (2,0)

Mais uma oportunidade desperdiçada, reforçando a tendência negativa que aconselharia um empréstimo quanto antes ao jovem meio-campista a quem já apontaram o destino de ser o novo João Moutinho. Pouco conseguiu numa zona do terreno dominada pelos austríacos, e quando a bola lhe chegava aos pés não revelava engenho e arte bastantes para contrariar o destino.

Rafael Camacho (2,0)

Teve nos pés um 2-1 que poderia reanimar a equipa em busca do empate que chegaria para comandar o grupo, manter estatuto de cabeça de série nas eliminatórias e evitar a visita de um tubarão a Alvalade. Infelizmente perdeu ângulo após desviar-se do guarda-redes e rematou às malhas laterais. Num jogo em que serviu de “Joker” a Silas, tendo a liberdade de aparecer por onde queria, assinou um remate frouxo, denunciado e tristonho logo nos primeiros minutos. Talentoso e persistente quanto baste na circulação de bola, falta-lhe critério e qualidade de execução necessários para pôr fim à maldição da camisola 7. Acabou por terminar como uma espécie de avançado solto, mais ou menos como aquele moço trespassado para o Championship chamado Matheus Pereira, tirando a parte de marcar golos.

Pedro Mendes (2,5)

Condenado à irrelevância e à solidão no início do jogo, ao ser colocado como extremo, o que em tese seria como se Sérgio Sousa Pinto passasse para a bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, viu-se condenado à irrelevância e à solidão na segunda parte, ao ser colocado como avançado ligeiramente mais fixo e em constante inferioridade numérica. Mesmo assim lutou contra as circunstâncias e chegou a fazer uma assistência magistral a que Rafael Camacho não deu o devido seguimento.

Jesé Rodríguez (1,5)

Teve nos seus pés lentos e indecisos a hipótese de marcar o golo que daria alguma incerteza a uma derrota anunciada. Demorou o tempo suficiente para que um defesa se interpusesse entre bola e baliza, impedindo que a atribuição de nova titularidade ao espanhol tivesse alguma consequência positiva. No resto dos quarenta e tal minutos foi igual a si próprio, o que diz tudo.

Luís Maximiano (3,0)

Nem teve tempo para aquecer, mas quase conseguia defender o pénalti que ditou a sua entrada em campo. Havendo uma conjugação de factores capaz de resultar numa humilhação histórica ao nível do 7-1 desferido por outra equipa que fala alemão, coube a Maximiano dizer que não seria esse o dia. Fez uma série de defesas que mantiveram o resultado em níveis meramente maus e não merecia sofrer aquele terceiro golo.

Idrissa Doumbia (2,0)

O mesmo treinador que retirara Rodrigo Fernandes resolveu colocá-lo no início da segunda parte, procurando desfazer o desequilíbrio no meio-campo que criara minutos antes. E se é verdade que o LASK Linz não embalou para uma goleada, deu a impressão de estar quase sempre desenquadrado em relação às ocorrências, tal como toda a equipa.

Luiz Phellype (1,5)

Entrou tarde e sem esperança de alterar o rumo dos acontecimentos. Tal como Pedro Mendes, não fez nenhum remate, o que não é propriamente o melhor de cartão de visitas de um ponta-de-lança.

Silas (1,0)

A tenebrosa atitude com que encarou o sexto e último jogo da fase de grupos da Liga Europa diz muito sobre o treinador, a estrutura que o sustenta e a direcção que escolheu uns e outros. Estando o Sporting apurado, e bastando um empate para assegurar a liderança do grupo que livraria a equipa dos “tubarões” oriundos da Liga dos Campeões, Silas pareceu empenhado em oferecer aos adeptos uma “masterclass” da Ciência do Insucesso. Além da poupança de praticamente todos os titulares (sendo que alguns deles já não são de si cintilantes), resultando num meio-campo que não convenceria se o verde e branco das camisolas fosse o do Vitória de Setúbal, planeou um trio de ataque com uma lógica cifrada e intrigante ao ponto de passar por aleatória. O resultado de tudo isto foi o esperado, as substituições erráticas e a entrada de Luiz Phellype, quando a dinâmica do jogo pedia a velocidade de Bolasie – ou, eventualmente, uma oportunidade para Gonzalo Plata –, deveria dar origem a uma junta médica para avaliar o estado de saúde do treinador leonino. Se houver um único adepto confiante e ansioso por ver a equipa jogar contra o Santa Clara na próxima segunda-feira já será um milagre.

Quente & frio

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Gostei muito da vitória desta noite, em Alvalade, por 2-1, contra o Lask Linz - equipa que segue em segundo lugar no campeonato austríaco. Uma vitória imerecida, conseguida apenas com muita sorte, num desafio que o adversário dominou em larga medida, dispôs claramente de mais oportunidades de golo e foi para o intervalo a vencer por 1-0. O Sporting só esteve por cima durante cerca de um quarto de hora na segunta parte, mas aproveitou da melhor maneira esse período, marcando os dois golos - por Luiz Phellype, de cabeça, na sequência de um canto apontado por Bruno Fernandes aos 58', e pelo capitão leonino, numa boa desmarcação com assistência do ponta-de-lança brasileiro, aos 63'. Muito melhor o resultado neste confronto da Liga Europa do que a exibição. Há noites assim.

 

Gostei das mudanças operadas pela equipa técnica ao intervalo, fazendo entrar desde logo Vietto para o lugar de Neto no recomeço do jogo e trocando Wendel por Eduardo aos 57'. A equipa tornou-se mais compacta, ganhou dinâmica e deixou de ser tão permeável no meio-campo, onde os austríacos fizeram o que quiseram, ponto e dispondo durante toda o primeiro tempo. Também gostei da exibição de Renan (de longe o melhor em campo: aos 15' já tinha evitado dois golos e salvou os três pontos com uma defesa soberba aos 78') e, a espaços, de Acuña (poupado a um cartão vermelho pelo árbitro e substituído aos 73' por Borja, para evitar males maiores), Vietto e Luiz Phellype. Bruno Fernandes, apesar do golo, teve uma das suas exibições mais irregulares no Sporting, falhando imensos passes, tal como Mathieu. Sinais evidentes de que a condição anímica da equipa está longe de ser a melhor.

 

Gostei pouco que o onze titular não correspondesse durante quase uma hora às aspirações dos mais de 30 mil adeptos que acorremos a Alvalade nesta noite amena de Outono, consentindo 22 remates adversários no total da partida enquanto nós só fazíamos dez. Na primeira parte, com o Sporting a ser sucessivamente ultrapassado pelos austríacos, chegou a pairar a sensação de que sairíamos goleados do nosso estádio tal era a diferença exibicional entre as equipas que se movimentavam no relvado e tão evidente se tornou a incapacidade de vários jogadores vestidos de verde e branco para darem a volta ao resultado.

 

Não gostei  do nosso meio-campo, que esteve muito longe de constituir um tampão para as acções ofensivas de Lask Linz e foi quase sempre incapaz de construir lances ofensivos com cabeça, tronco e membros. Wendel revelou-se uma nulidade: perdeu diversas vezes a bola em confrontos individuais e quando a tinha em seu perder e mostrava-se incapaz de a colocar em zonas adiantadas do terreno, preferindo devolvê-la às linhas mais recuadas. Idrissa, sem o menor sentido posicional, limitava-se a marcar com os olhos ou a abusar das faltas por carência de técnica. Miguel Luís, que começou como médio-ala e terminou como lateral direito, foi vítima desta indefinição posicional, concedendo demasiada liberdade de movimentos aos adversários. E a linha de três defesas concebida por Silas para o início do jogo nunca funcionou: Coates, Mathieu e Neto, presos de movimentos e sem rotinas neste dispositivo táctico, estiveram várias vezes à beira do naufrágio. O golo austríaco, marcado aos 16', resulta de um desses momentos de notório descalabro defensivo. E vão dez jogos a sofrer golos, em onze que o Sporting já disputou nesta temporada 2019/2020. Preocupante.

 

Não gostei nada de ouvir os frequentes assobios dos adeptos à equipa, sobretudo a Renan, durante o jogo: considero este comportamento uma inqualificável estupidez. Fez-me igualmente muita impressão ver o nosso treinador quieto e calado no banco, evitando assim ser multado pela UEFA: Silas, que não detém o diploma de nível 4, viu-se forçado a delegar o comando técnico no adjunto Emanuel Ferro, que vinha treinando os jogadores sub-23 em substituição de Leonel Pontes - eis algo que nada facilita a comunicação entre o onze leonino e a equipa técnica. Também não gostei nada de saber que o nosso grande Rui Jordão - inesquecível bicampeão pelo Sporting na década de 80 - enfrenta problemas de saúde. Mereceu inteiramente a ovação que se escutou no estádio, ao minuto 11 deste jogo, em grata memória do número que ele usava quando pôs todo o seu talento futebolístico ao serviço deste clube que nunca o esquecerá.

Pódio: Renan, Bruno Fernandes, Wendel

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-Braga pelos três diários desportivos:

 

Renan: 19

Bruno Fernandes: 18

Wendel: 17

Acuña: 15

Idrissa Doumbia: 15

Luiz Phellype: 14

Coates: 14

Mathieu: 14

Raphinha: 13

Thierry: 13

Neto: 11

Diaby: 11

Eduardo: 6

Vietto: 6

 

O Jogo e o Record elegeram Renan como melhor em campo. A Bola optou por Bruno Fernandes.

Rescaldo do jogo de ontem

Gostei

 

 

Da primeira vitória do Sporting em mais de três meses. Derrotámos esta noite o Braga, por 2-1, na partida inaugural da temporada 2019/2020 no nosso estádio a contar para o calendário oficial. Missão cumprida, com os três pontos conquistados. E passamos a ter uma vantagem directa sobre a equipa braguista que talvez nos dê jeito nas contas finais deste campeonato.

 

Dos 20 minutos iniciais. Domínio indiscutível do Sporting, confinando o Braga no seu reduto defensivo com manobras de pressão muito alta, condicionando a saída da bola da equipa adversária. Bons lances colectivos neste período, tanto pelas alas como pelo corredor central. A superioridade leonina foi coroada com o nosso primeiro golo, apontado aos 16' por Wendel numa infiltração na área do Braga, rematando de pé esquerdo. Com primorosa assistência de calcanhar de Luiz Phellype.

 

Do golo de Bruno Fernandes. Melhor momento do jogo, ocorrido aos 44': o nosso capitão recupera a bola perto da linha do meio-campo do Braga, aproveitando uma desconcentração de Claudemir, transporta-a dominada durante mais de 20 metros e fuzila a baliza, rematando de pé esquerdo - tal como fizera Wendel. Era o nosso segundo: valeu-nos os três pontos.

 

De Acuña. Keizer concedeu-lhe liberdade para se projectar ofensivamente no corredor esquerdo, com Mathieu atento às dobras defensivas. E o argentino nunca virou a cara à luta, com aquela combatividade que lhe reconhecemos. Os melhores cruzamentos saíram dos pés dele. Destaque para dois: servindo Coates aos 15' (cabeceamento do uruguaio à baliza) e Bruno Fernandes aos 39' (isolando o capitão e forçando Matheus a salvar a situação saindo oportunamente da baliza).

 

De Idrissa. Conquistou por mérito próprio a posição de médio defensivo titular. Não se limita a destruir o jogo adversário, como fazia Gudelj na época passada: sabe construir, é tecnicamente evoluído e integra-se bem na dinâmica ofensiva. Mas o seu maior contributo nesta partida centrou-se, sem dúvida, nas várias recuperações de bola que protagonizou no corredor central, desmantelando lances perigosos do Braga.

 

De Renan. Para mim, o melhor em campo. Foi decisivo nesta conquista dos três pontos para o Sporting em várias defesas que confirmaram a sua classe e os seus reflexos. Destaque para um voo que impediu Pablo de marcar, aos 30', e o golo "cantado" que travou in extremis a Hassan, aos 40'.

 

De Vietto. Entrou só aos 85', substituindo Luiz Phellype, com o objectivo de dar frescura e mobilidade ao corredor central ofensivo. Muito pouco tempo para mostrar o que vale. Mas o suficiente, ao menos, para sacar dois cartões amarelos a jogadores do Braga. É quanto basta para merecer elogio.

 

Do resultado ao intervalo. Vencíamos por 2-0, o que nos fazia perspectivar uma segunda parte com optimismo - senão mesmo com alguma tranquilidade. Infelizmente não se repetiu o desfecho do Sporting-Braga de Fevereiro, em que triunfámos por 3-0. Mas garantiu-se um espectáculo com muita emoção aos 35.692 espectadores presentes no estádio.

 

 

 

Não gostei

 
 

De ver o Sporting entrar em campo sem um só reforço no onze titular. No defeso do Verão vieram Eduardo Henrique, Luís Neto, Rafael Camacho, Rosier e Vietto. Quatro deles até estavam no banco, mas o técnico não parece ter confiança suficiente em nenhum para os meter logo de início.

 

Do golo sofrido, aos 74'. Parece quase uma miragem terminarmos um jogo com a baliza inviolada. Este não nos roubou pontos, felizmente. Mas custou-me que tivesse sido marcado por Wilson Eduardo, jogador que aprendeu na Academia de Alcochete grande parte do que sabe. Nós formamos, outros aproveitam.

 

Do sinal de medo transmitido pelo treinador. A vencer pela margem mínima, Keizer mandou sair um elemento da linha ofensiva (Diaby), trocando-o por um central (Neto). Passámos assim a jogar em nossa casa com um bloco de cinco defesas: atitude de equipa pequena, estacionando o autocarro, o que em nada condiz com o espírito leonino. É este o "futebol de ataque" que os rótulos da propaganda interna colaram ao técnico holandês quando chegou ao Sporting?

 

Da má condição física de vários jogadores. Defrontámos um adversário que havia disputado três dias antes uma desgastante competição de acesso à Liga Europa. Mesmo assim o Braga transmitia mais sinais de frescura física no fim do jogo. Algo não está a correr como devia na preparação física do plantel leonino. É gritante. E grave, tanto mais que o actual presidente era o anterior director clínico do clube.

 

Dos assobios. Primeiro jogo oficial da temporada no nosso estádio, havia que incentivar os jogadores. Mas lá surgiram as sonoras vaias a alguns - sobretudo a Diaby. É verdade que o maliano voltou a passar ao lado da partida, com uma exibição apagadíssima: falha sempre nos momentos decisivos, como se viu ao "matar" um contra-ataque de Mathieu, aos 58'. Mas com assobios dos adeptos, durante as partidas, não se chega a lugar nenhum.

O que faz falta?

Temos o melhor guarda-redes da Liga portuguesa, Renan Ribeiro.

Temos o melhor defesa central do nosso campeonato, Jérémy Mathieu.

Temos um ala esquerdo que é titular da selecção da Argentina, Marcos Acuña.

Temos aquele que é o mais eficaz ponta-de-lança do futebol nacional, Bas Dost.

Temos um capitão de equipa, médio criativo, que é de longe o melhor profissional a actuar nos relvados portugueses, Bruno Fernandes.

Com todos estes atributos individuais, continua a faltar-nos uma equipa que empolgue os adeptos e atemorize os adversários.

Se não é por falta de qualidade dos jogadores, qual será o problema?

Os destaques: Renan, Bruno, Jovane

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Quarto jogo da pré-temporada: continuamos sem vencer. Derrota e empate no estágio suíço; derrota (0-1) contra o Estoril em Alcochete, há quatro dias. Desta vez (ontem à noite) o adversário foi o Club Brugge, no estádio desta equipa belga. O desafio chegou aos 90 minutos empatado.

Marcel Keizer fez alinhar um onze titular só com dois portugueses e um par de jogadores claramente fora de posição: Ilori, que é central de raiz, actuou como lateral direito (havendo Thierry no banco), e Vietto voltou a ser encostado à linha, como hipotético ala esquerdo (que nunca foi enquanto esteve em campo, durante toda a primeira parte), posto em que o técnico belga insiste em colocá-lo apesar de o argentino já ter declarado que prefere alinhar como segundo avançado.

 

Com uma defesa improvisada (na lateral esquerda estava Conté, face às ausências de Borja e Acuña, enquanto o reforço Luís Neto rendia Coates, ainda em férias), sucederam-se os lapsos no sector mais recuado. De um deles resultou o golo inaugural dos belgas, logo aos 16'. Culpa dobrada de Conté: primeiro perde o confronto individual com o extremo, depois coloca-o em jogo quando os colegas avançam em bloco.

À frente as coisas não corriam melhor, com a equipa a depender do talento e do esforço de Raphinha e sobretudo de Bruno Fernandes. Num lance de articulação entre ambos resultou o golo do empate, após carga sobre o brasileiro que mereceu o castigo máximo. O capitão, chamado a converter já no período extra do primeiro tempo, meteu-a lá dentro. É o terceiro golo que aponta nesta pré-época.

 

Keizer soube detectar os pontos fracos da equipa. Ao intervalo, retirou os piores elementos em campo, o atarantado Vietto e um inútil Bas Dost, e mandou avançar Jovane e Luiz Phellype. A diferença notou-se de imediato: um ataque mais móvel, maior pressão sobre a construção ofensiva do Brugge e sobretudo preenchimento da ala esquerda, que permanecera desaguarnecida durante todo o primeiro tempo, o que sobrecarregou a tarefa de Conté (Vietto, está visto, detesta participar no processo defensivo).

Bastaram oito minutos: servido pelo inevitável Bruno Fernandes, Jovane marcou o nosso segundo. Um belo golo, misto de técnica e força, em que fez sentar um defesa adversário antes de desferir um potente remate com o seu pé direito. 

Infelizmente foi também o jovem caboverdiano a cometer o penálti de que resultaria o golo do empate do Brugge, aos 62'. Renan, ainda em campo, foi incapaz de travar a bola. Mas fez três enormes defesas: duas consecutivas aos 65', outra aos 71', pouco antes de ceder o lugar a Maximiano e Keizer ordenar uma catadupa de substituições. Sem o guarda-redes brasileiro, teríamos perdido 2-4 em vez de empatarmos 2-2. Voto nele como melhor em campo.

 

Para efeitos de atribuição de um troféu, houve marcação de grandes penalidades após o apito final. Aqui perdemos: só conseguimos converter três em seis - por Luiz Phellype, Plata e Jovane (que assim bisou). Falhanços consecutivos de Miguel Luís, Eduardo e Daniel Bragança (em estreia absoluta pela equipa principal).

Há que rever prioridades e processos, evitando a repetição dos mesmos erros - algo que analisarei noutro texto: este já vai demasiado longo. E há que começar a testar sem demora o onze titular para a mais que previsível ausência de Bruno Fernandes. Esta equipa leonina está tão dependente dele que sofrerá uma crise de orfandade no dia em que o nosso capitão rumar a outras paragens. Quanto mais cedo se perceber isto, melhor.

 

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Os jogadores, um a um:

 

Renan (29 anos).

Mais: três enormes defesas, duas das quais ao nível do solo - costumam ser as mais difíceis.

Menos: fez falta no final, para defender os penáltis da equipa belga.

Nota: 8

 

Ilori (26 anos).

Mais: impediu in extremis a bola de entrar, aos 65'.

Menos: foi lateral adaptado: torna-se evidente o seu desconforto nesta posição.

Nota: 5

 

Neto (31 anos).

Mais: com Coates ausente, transmite segurança no eixo da defesa: desarme impecável aos 39', travando investida adversária.

Menos: aliviou para zona de alto risco no lance do primeiro golo belga.

Nota: 6

 

Mathieu (35 anos).

Mais: acorreu a inúmeras dobras do desastrado Conté.

Menos: começa a enturmar-se com Neto, mas ainda não faz esquecer a excelente parceria com Coates.

Nota: 7

 

Conté (21 anos).

Mais: muito voluntarioso e esforçado, embora sem esconder a ansiedade.

Menos: revelou défice técnico e posicional: o golo inicial dos belgas nasce de uma perda de bola no seu flanco e abriu uma avenida aos 40', que culminou numa bola ao poste.

Nota: 3

 

Idrissa Doumbia (21 anos).

Mais: boa disciplina táctica, ocupando a zona que lhe está destinada sem inventar nem improvisar.

Menos: algum receio de progredir com a bola dominada.

Nota: 6

 

Wendel (21 anos).

Mais: tentou pôr a boa técnica individual ao serviço da equipa, como se viu num bom passe para Bruno aos 74'.

Menos: demora a soltar a bola, ainda não recuperou a boa forma do final da época anterior.

Nota: 5

 

Bruno Fernandes (24 anos).

Mais: marcou o primeiro golo, aos 45'+2, de grande penalidade, e foi dele a assistência para o golo de Jovane. Um grande livre apontado aos 27'.

Menos: falhou mais passes do que nos tem habituado.

Nota: 7

 

Raphinha (22 anos).

Mais: carregado em falta após receber a bola de Bruno Fernandes, é deste lance que nasce a grande penalidade - e o nosso primeiro golo. Também participou na construção do segundo.

Menos: eclipsou-se na segunda parte, provavelmente por fadiga.

Nota: 6

 

Vietto (26 anos).

Mais: alguns apontamentos, demasiado esparsos, que denotam capacidade técnica do argentino que é apresentado como reforço do Sporting.

Menos: ainda não demonstrou capacidade de remate bem colocado. Nulo nas tarefas defensivas, o que dificultou a missão de Conté na ala esquerda.

Nota: 4

 

Bas Dost (30 anos).

Mais: fez duas tabelinhas.

Menos: praticamente não se deu por ele, andou sempre escondido, parece desligado da equipa.

Nota: 2

 

Jovane (21 anos).

Mais: jogou a segunda parte, rendendo Vietto. Marcou um grande golo, aos 53', neutralizando as marcações. Nos penáltis finais, também não vacilou.

Menos: cometeu a falta que originou o penálti belga por estar pouco rotinado na manobra defensiva.

Nota: 7

 

Luiz Phellype (25 anos).

Mais: melhorou o nosso jogo de área em comparação com Bas Dost, que rendeu na segunda parte. 

Menos: continua sem marcar, embora pudesse tê-lo feito aos 47' e aos 59'.

Nota: 5

 

Thierry (20 anos).

Mais: em campo desde o minuto 66', mostrou mais aptidão atacante do que Ilori.

Menos: demasiado retraído a defender, com deficiente abordagem em vários lances, o campeão europeu sub-19 tarda em mostrar na primeira equipa os dotes que o projectaram enquanto júnior.

Nota: 4

 

Miguel Luís (20 anos).

Mais: substituiu Idrissa aos 67', terminando o jogo com braçadeira de capitão: foi tacticamente disciplinado enquanto médio de contenção.

Menos: abordagem negligente do penálti, que falhou para efeitos de desempate após o apito final.

Nota: 4

 

Eduardo Quaresma (17 anos).

Mais: rendeu Matheu aos 76', revelando personalidade e confiança no eixo da defesa.

Menos: ficou a sensação de que merecia ter jogado mais tempo.

Nota: 5

 

Eduardo (24 anos).

Mais: substituiu Wendel aos 76', com a missão de reforçar o sector intermédio, tendo procurado cumprir este objectivo com desequilíbrios pontuais.

Menos: falhou penálti no fim.

Nota: 4

 

Maximiano (20 anos).

Mais: em campo desde os 79', transmitiu confiança à equipa e defendeu um penálti na roleta que deu o troféu ao Brugge.

Menos: continua a revelar deficiências na reposição de bola.

Nota: 6

 

Daniel Bragança (20 anos).

Mais: coube-lhe a responsabilidade de substituir Bruno Fernandes, aos 79', nesta estreia na equipa principal em que teve boas movimentações no centro do terreno.

Menos: chamado a converter um dos penáltis finais, mandou a bola ao poste.

Nota: 5

 

Plata (18 anos).

Mais: mexeu com o jogo ao substituir um extenuado Raphinha, aos 79'. Merece jogar mais.

Menos: demasiado individualista em certos lances.

Nota: 5

 

Nuno Mendes (17 anos).

Mais: substituiu Conté aos 80', mostrando-se mais concentrado e acutilante do que Thierry do outro lado.

Menos: teve poucos minutos de jogo: merecia mais.

Nota: 5

 

João Silva (20 anos).

Mais: outra estreia: aparição fugaz, ao render Neto aos 80', merecendo nota positiva.

Menos: falhou um passe, mas sem comprometer a avaliação global.

Nota: 5

Balanço (1)

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O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre RENAN:

 

Pedro Azevedo: «Na baliza, a novidade Renan. (É verdade, o futebol evoluiu muito desde os meus tempos de juventude. Nas "peladas", que fazia com os amigos, o gordo ia sempre à baliza, agora não deixam o Viviano jogar.) (...) Esteve bem, mas a sua colocação de pés, no lance do golo inglês, não pareceu pacífica.» (26 de Outubro)

Eu: «Renan Ribeiro acaba de defender três penáltis. Graças a ele, e só a ele, o Sporting conseguiu dobrar o Braga e vai comparecer sábado na final da Taça da Liga: defenderemos contra o FC Porto o troféu de que somos titulares. Espero que todos quantos há quatro meses vêm injuriando este bravo guarda-redes brasileiro, titular da nossa equipa, metam enfim a grafonola no saco.» (23 de Janeiro)

- Francisco Vasconcelos: «Renan não é mau mas Salin está longe de me convencer, sendo necessário alguém que nos assegure que a baliza fica bem entregue.» (8 de Março)

- Leonardo Ralha: «Houve quem tivesse muitas dúvidas quanto ao valor do guarda-redes, incluindo este que vos escreve, mas o segundo troféu conquistado por sua intervenção directa começam a fazê-las dissipar. Mostrou-se decisivo logo no início, defendendo um forte remate de Soares que resultou de um alívio disfarçado de assistência para golo de Bruno Gaspar. Embalou para uma grande exibição, mesmo sem conseguir evitar os dois golos do FC Porto, destacando-se numa segunda parte de intenso domínio portista.» (26 de Maio)

Luís Lisboa: «Esta época, quando chegou a titular, a verdade é que não me deixou grande impressão: muito preso aos postes, muito lento a repor a bola em jogo, parecia um novo Ricardo para pior, mal por mal preferia o Salin. A verdade é que foi melhorando pouco a pouco, e muito beneficiou com o regresso de Nelson como treinador de guarda-redes. Começámos a ver saídas a cruzamentos, colocações de bola nas laterais com os pés, nos médios com as mãos, começámos mais a ver coisas do Rui Patrício. Depois veio a Taça da Liga, defendeu penáltis e ganhou confiança sem entrar em vedetismos descabidos. Depois começou aqui e ali a ser o melhor em campo. E depois veio a final da Taça, onde foi dos melhores em campo (apesar daquele passe desastrado que ia correndo mal) e defendeu o penálti decisivo.» (4 de Junho)

Tribunal de Alvalade (2)

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Cada cabeça sua sentença, mas a cabeça de muitos faz a sentença de muitos mais.

Mais vale cair em graça de ser engraçado. E muitas coisas mais.

Sendo assim, venho propor aqui um desafio, colocar algumas questões que estão em consideração neste momento no futebol do Sporting e de que não conhecemos o desfecho.

Apenas respostas de nicks registados serão mostradas, todas as respostas anónimas serão ignoradas. O importante é sentir o Tribunal de Alvalade, através da amostra que este blogue (que muitos consultam) constitui, mas sem aldrabices. Obviamente responderei também à questão colocada.

Questões simples e directas. Respostas Sim ou Não. Justificadas o mais possível.

Questão Nº 2:

Dado o rendimento demonstrado nesta época, Renan Ribeiro afirmou-se como o legítimo sucessor de Rui Patrício na baliza do Sporting, podendo assegurar, até pela sua idade, a titularidade na posição por alguns anos, não necessitando o Sporting de procurar no mercado um guarda-redes com mais curriculum e competência na função ?

Aguardo as vossas respostas.

SL

Armas e viscondes assinalados: Aquele tipo de lotaria em que a cautela está sempre premiada

Sporting 2 - FC Porto 2 (5-4 no desempate por grandes penalidades)

Taça de Portugal - Final

25 de Maio de 2019

 

Renan Ribeiro (4,0)

Houve quem tivesse muitas dúvidas quanto ao valor do guarda-redes, incluindo este que vos escreve, mas o segundo troféu conquistado por sua intervenção directa começam a fazê-las dissipar. Mostrou-se decisivo logo no início, defendendo um forte remate de Soares que resultou de um alívio disfarçado de assistência para golo de Bruno Gaspar. Embalou para uma grande exibição, mesmo sem conseguir evitar os dois golos do FC Porto, destacando-se numa segunda parte de intenso domínio portista. Muitas e boas defesas contribuíram  para a vantagem leonina – uma das quais a resolver o enorme disparate que o próprio guarda-redes fez ao deixar a bola nos pés de Herrera –, desfeita no último lance do prolongamento, e quando chegou o desempate por grandes penalidades voltou a dar espectáculo, travando o remate de Fernando Alexandre para que o compatriota Luiz Phellype pudesse selar a conquista da Taça de Portugal. Sendo o sétimo desempate por grandes penalidades consecutivo a pender para o lado do Sporting, tendo os últimos a mão enluvada de Renan, só se pode falar de lotaria dos pénaltis se for o tipo de lotaria em que a cautela está sempre premiada.

 

Bruno Gaspar (2,0)

Começou em ritmo de catástrofe, entregando a bola a Octávio em posição frontal. Atirado para o relvado do Jamor devido ao castigo de Ristovski, também ele foi amarelado muito cedo, algo que só contribuiu para hesitações no momento de abordar os adversários. Para a história desta final poderia ter ficado outra jogada em que se alheou olimpicamente de uma bola que sobrou na grande área do Sporting para o pé, felizmente desastrado, de Soares. Prova viva de que a sorte protege os limitados, nada de verdadeiramente irreversível fez antes de sair, aos 65 minutos, para a entrada de Tiago Ilori e a gradual transformação da equipa num 3-5-2.

 

Coates (3,5)

Poderia ter feito bem melhor no lance do primeiro golo do FC Porto, perdendo preciosas fracções de segundo a reclamar do controlo de bola com o braço de Herrera antes de o mexicano cruzar para a cabeça de Soares. No resto do jogo esteve ao seu elevado nível, mesmo quando arriscou a expulsão ao fazer um corte com a mão, cumprindo o seu dever sem excessiva angústia quando chegou a hora do desempate.

 

Mathieu (4,5)

O exercício do direito de opção por mais um ano de contrato é muito bonito, mas talvez seja altura de pensar numa estátua equestre do veterano francês. Marega ultrapassou-o em drible e velocidade uma única vez, pagando esse atrevimento com uma sucessão de cortes e desarmes que deverá ter feito com que o maliano tenha passado a noite acossado pelo francês nos seus pesadelos. Pior maldade só quando Mathieu ainda sacou um amarelo a Soares ao preparar-se para conduzir a bola na direcção-geral ao meio-campo contrário.

 

Acuña (3,5)

Teve menor influência no relvado do que é seu bom e costumeiro hábito, o que não invalidou que aparecesse na hora certa, fazendo assistências para os golos de Bruno Fernandes (com ajuda de Danilo Pereira) e de Bas Dost (com ajuda de Felipe). Digamos que para uma exibição tão pouco “à Acuña” acabou por ser mesmo muito frutífera. Com ou sem a saída do capitão torna-se imperioso manter o internacional argentino vestido de verde e branco.

 

Gudelj (3,0)

Num jogo muito difícil, perante um adversário que ao longo de quase toda a segunda parte encostou o Sporting às cordas, fez o possível para que, no mínimo, fosse possível chegar àquela fase da lotaria em que a cautela está sempre premiada. Lutou muito, mesmo que abusando do futebol para a frente, até atingir o limite físico que forçou a substituição. Num lance que poderia ter cancelado os festejos deixou-se antecipar por Herrera, mas o maior quota parte de responsabilidade seria do passe negligente de Renan, única mácula de uma exibição mesmo muito boa do guarda-redes.

 

Wendel (3,0)

Detido durante a semana por conduzir sem carta e em contramão, manobrou o melhor que conseguiu num meio-campo cheio de gente vestida de azul e branco que não estava nada interessada em sair dali com as mãos a abanar. Esta final não foi o seu momento de glória, mas poderia muito bem tê-lo sido, bastando para isso que o seu forte remate cruzado à entrada da área do FC Porto, raro momento ofensivo numa segunda parte de caça ao leão, preferisse rasar o poste do lado de dentro da baliza.

 

Bruno Fernandes (3,5)

Na hora dos festejos foi um verdadeiro capitão, não se esquecendo de Nani, Montero, Marcelo, Viviano, Lumor, José Peseiro e Tiago Fernandes (Castaignos, lá onde estiver, compreenderá a omissão, tal como qualquer outro de quem o autor deste texto se esteja a esquecer...) ao mesmo tempo que pedia desculpa aos adeptos por não ter conseguido juntar o título de campeão às duas taças conquistadas. Antes, dentro do relvado, deu início às hostilidades com um remate de fora da área, aproveitando uma nesga de terreno e instantes de afrouxamento na vigilância que lhe foi sempre dispensada, com o qual testou a resistência das luvas de Vaná. Pior saiu a interacção entre chuteira e bola ao enfrentar um (bastante bom, fica bem reconhecer) cruzamento rasteiro de Diaby, mas no final da primeira parte compensou a falha com um remate forte e espadaúdo que tocou em Danilo e foi parar ao fundo das redes. Feito o 1-1, seguiu-se o dilúvio. Muito castigado pelos adversários, que contaram com um “laissez faire, laissez passer” em que o árbitro Jorge Sousa foi bastante coerente consigo, não conseguiu que lhe saíssem bem as raras tentativas de passes de 30 ou 40 metros para pôr os colegas na cara do golo. Terminou o prolongamento com as pilhas esgotadas, ao ponto de agarrar Wilson Manafá e receber o cartão amarelo, mas nos pénaltis voltou a demonstrar eficiência germânica, o que leva a temer que as mesmas pessoas que acharam boa ideia verter dezenas de milhões de euros por Renato Sanches voltem a atacar, como se não bastassem os dois clubes de Manchester e outros que tais... Daqui até ao fecho do mercado, ou até à mais do que provável comunicação de facto relevante à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o sonho lindo e impossível de todos os sportinguistas é ver o capitão manter a braçadeira e conduzir a equipa ao fim do jejum.

 

Raphinha (3,0)

Poderia ter sido um dos maiores heróis da final se o remate em posição frontal, mesmo à entrada da grande área, ao qual Vaná não tinha capacidade de reagir, tivesse saído enquadrado. Não quis o destino que assim fosse, o que terá lançado nuvens carregadas sobre a exibição do extremo brasileiro, como se constata pela fraquíssima taxa de sucesso nos duelos individuais quando havia possibilidade de apanhar o FC Porto em contrapé. A nota positiva deve-se, por incrível que pareça, a acções defensivas, sobretudo o corte arriscadíssimo que fez com mestria no instante antes de o completamente isolado Brahimi poder fuzilar a baliza de Renan.

 

Diaby (2,5)

Pouco há a acrescentar acerca do fosso entre as capacidades do maliano e as exigências de um plantel que permita ao Sporting suplantar os rivais mais directos na Liga. Mesmo assim é de inteira justiça reconhecer que, logo na primeira parte, Diaby fez dois cruzamentos de elevada qualidade – Pepe esticou-se todo para impedir que a bola sobrasse para Luiz Phellype no primeiro, e Bruno Fernandes meteu mal o pé no segundo –, fruto do inegável empenho com que tenta superar os seus vícios intrínsecos. Posto isso, como tantas vezes sucede, foi desaparecendo do relvado até Marcel Keizer decidir retirá-lo por entre uma profunda alteração táctica.

 

Luiz Phellype (3,0)

Mais um jogo de muita luta para o brasileiro que custou aos cofres leoninos 12 vezes menos do que o maliano. Colocado na zona de influências de fulanos como Pepe e Felipe, poucas oportunidades teve para ganhar bola de costas para a baliza e também lhe faltaram reflexos para aproveitar um falhanço do central que nasceu brasileiro e assim se mantém. Também poucos efeitos práticos teve a coabitação com Bas Dost, mas o certo é que lhe coube marcar, com toda a confiança, o pénalti que deu a Taça ao Sporting. Para quem começou a época no escalão inferior não se poderia pedir muito mais, levantando legítimas expectativas de que na época de 2019/2020 possa revelar-se o príncipe que foi prometido neste tipo muito particular de Guerra dos Tronos.

 

Tiago Ilori (2,0)

Partilha com a ex-“Morangos com Açúcar” Mariana Monteiro uma característica pouco habitual: não está melhor aos 26 anos do que era aos 19. Colocado em campo para a necessária saída de Bruno Gaspar, revelou-se tão ou mais permeável aos ataques portistas do que o colega, sendo ultrapassado com extrema facilidade quando lateral-direito e quando terceiro central. Perceber se é possível recuperar 0 tempo perdido é um dos desafios da sua carreira e também do clube que o resgatou em troca de uma quantidade de dinheiro equivalente à que recebeu no desastrado e inexplicável processo que levou ao empréstimo com opção de compra do ex-futuro titular indiscutível Demiral.

 

Bas Dost (3,5)

Entrou, viu e esticou a perna no momento certo, tirando partido do desvio de Felipe ao cruzamento de Acuña. Foi o melhor regresso a uma final da Taça de Portugal para o holandês, tendo em conta que na anterior tinha uma ligadura na cabeça e planos para rescindir contrato. Voltou a demonstrar uma taxa de eficácia ao nível que lhe deu fama, ganhando ainda diversos duelos aéreos, apesar de ter ficado perto de borrar a pintura ao atirar à barra no início do desempate por grandes penalidades. O que vale é que Pepe foi um cavalheiro, repetindo o seu gesto técnico, e Renan resolveu.

 

Idrissa Doumbia (3,0)

Substituiu Gudelj e atribuiu mais fôlego e velocidade ao meio-campo. Dir-se-ia que, acima de tudo, ganhou experiência e traquejo para novas conquistas.

 

Jefferson (3,0)

Foi a estranha aposta de Marcel Keizer para a quarta substituição que o prolongamento permitiu, posicionando-se no meio-campo enquanto Acuña permanecia falso lateral-esquerdo. Aproveitou a força que tinha nas pernas para ganhar bola e até chegou a rematar para as mãos de Vaná. Caso tenha sido o último jogo com a camisola do Sporting – cenário provável, ainda que falte um ano de contrato –, teve uma despedida em beleza.

 

Marcel Keizer (4,0)

Aprendeu bastante com a derrota no Estádio do Dragão, embora tenha voltado a lutar com armas desiguais, ao ponto de poder vangloriar-se que venceu a Taça de Portugal com Bruno Gaspar e Diaby no onze titular. Assoberbado pela vaga ofensiva do FC Porto na segunda parte, optou por uma transição suave para o sistema de três centrais, numa receita que foi resultando mesmo sem os melhores ingredientes, e a sorte parecia destinada a proteger o audaz até aquela última jogada do prolongamento em que o adversário fez ruir a muralha defensiva. Os pénaltis escreveram verde e branco por linhas tortas e obteve o segundo troféu na sua ainda curta estadia em Alvalade, começando desde já a tarefa hercúlea de preparar uma temporada na qual quase de certeza não poderá contar com o homem de todos os recordes.

Pódio: Renan, Mathieu, Luiz Phellype

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no FC Porto-Sporting pelos três diários desportivos:

 

Renan: 18

Mathieu: 17

Luiz Phellype: 16

Acuña: 16

André Pinto: 15

Diaby: 15

Gudelj: 15

Petrovic: 15

Bruno Fernandes: 14

Ilori: 11

Bas Dost: 10

Bruno Gaspar: 9

Borja: 8

Wendel: 1

 

A Bola e o Record elegeram Renan como melhor em campo. O Jogo optou por Mathieu.

 

Nota: Wendel esteve escassos segundos em campo, não chegando a tocar na bola. Mesmo assim, o Record atribui-lhe nota: nada mais absurdo.

Keizer ou não, eis a questão (parte 2)

A final do Jamor vai decidir tudo, mas ontem Keizer demonstrou mais uma vez que merece continuar como treinador do Sporting e que nos pode conduzir aos sucessos.

Até ao disparate de B. Gaspar/Borja só deu Sporting. Depois disso ainda conseguimos o golo numa bela jogada ao primeiro toque mas os minutos foram passando demasiado devagar.

Mas não é só por isso.

É também porque Keizer é um senhor. Como também Lage tem demonstrado que o é.

Sérgio Conceição é um labrego de mau perder, que ontem tentou pôr fora do Jamor, à má fila, Acuña e Bruno Fernandes, e que pôs a mão na cara ao nosso Renan (se calhar lembrando-se da segunda parte do Estoril-Porto do ano passado, onde foi Renan contra 11).

Azar dele. Ficou o Corona de fora. Péssimo actor, de facto.

Que se repita a cena canalha de Braga na final da Taça da Liga, é o que eu lhe desejo.

SL

Armas e viscondes assinalados: O futebol é um jogo de onze contra dez e no final perde o Sporting

FC Porto 2 - Sporting 1

Liga NOS - 34.ª Jornada

18 de Maio de 2019

 

Renan Ribeiro (3,5)

Fez por garantir os três pontos, depois tentou salvar um ponto, e no final só conseguiu juntar-se à fila interminável de pessoas que co-protagonizam incidentes com Sérgio Conceição. Foi um desfecho pesado para o guarda-redes brasileiro, deixado indefeso pelos colegas de ocasião que formavam a linha defensiva nos lances dos dois golos. Começou no primeiro tempo a defender um livre perigoso de Herrera e na segunda parte, com o Sporting cada vez mais empurrado para as cordas pela inferioridade numérica, sofreu uma agressão de Marega encarada com benevolência no Dragão e na Cidade do Futebol, viu a sua equipa adiantar-se no marcador no único lance de perigo de que dispôs e adiou o que ia parecendo cada vez mais inevitável. Na retina ficaram grandes defesas, sobretudo o desvio de um cabeceamento de Danilo num dos muitos pontapés de canto em que os verdes e brancos pouco fizeram por afastar o esférico da zona de perigo, e uma saída perfeita quando Aboubakar aparecia isolado. Espera-se que daqui a uma semana repita tudo menos a parte dos confrontos com o treinador do FC Porto e a retirada de bolas dentro da baliza.

 

Bruno Gaspar (2,5)

Forçado a ser titular devido ao olho de abutre que discerniu a sanguinária pisadela de Ristovski, entrou no relvado com as cautelas de quem conhece os seus limites – ao contrário do mais optimista Bruno Fernandes, que lhe ofereceu uma daquelas aberturas a que talvez só o saudoso Puccini chegasse a tempo – e esforçou-se por fazer esquecer que entregar a direita a Bruno Gaspar e Diaby ultrapassava as piores sondagens que o PSD e CDS-PP têm registado. Ficou ligado ao lance que destruiu qualquer hipótese de gestão científica de esforço no jogo-que-nada-contava-antes-da-final-da-Taça-de-Portugal ao fazer um atraso de bola singelo e honesto que provocou um erro sistémico a Borja. Desde que o Sporting ficou com menos um em campo, como tantas vezes sucede, fez das tripas coração por não fazer com a subida do seu peso, de nove para dez por cento, no conjunto da equipa tivesse um impacto muito negativo. Conseguiu-o, no limiar mais baixo do intervalo de competência, até que Marcel Keizer resolveu testar novas oportunidades que não surtiram o efeito desejado.

 

André Pinto (2,5)

Foi uma das surpresas no onze titular, fazendo dupla com o central francês a quem costuma substituir aquando das lesões decorrentes da idade avançada do homem que parece ser o gémeo louro de Francis Obikwelu. Começou por distinguir-se pela precisão com que atrasava a bola para Renan, gabando-se-lhe a sabedoria de nunca ter destinado tais passes a Borja. Na hora do aperto fez por tapar os caminhos para a baliza, mas nada pôde para obstar ao descalabro defensivo dos minutos finais. É provável que tenha sido a sua despedida, e não se pode dizer que não tenha dado o que estava ao seu alcance.

 

Mathieu (3,0)

Foi o único titular ideal no quarteto defensivo e marcou a diferença que torna essencial que, por entre negócios maravilhosos que valorizam excedentários crónicos do Atlético de Madrid em 15 milhões de euros, os responsáveis leoninos gastem uns minutos a acciomar o direito de opção do francês. Tentou salvar a equipa de si própria, roubando um golo ao FC Porto com um desvio de cabeça providencial, mas não chegou. Cabe-lhe melhorar o palmarés pessoal com algo mais substancial do que um par de vitórias na Taça da Liga.

 

Borja (0,0)

Desta vez não conseguiu oferecer uma ocasião de golo a um adversário logo no primeiro minuto de jogo. Limitou-se a perder a bola pela linha lateral, permitindo aos adeptos um alívio que mostoru ser exagerado. Andou pelo relvado a manietar jogadas prometedoras, a atrapalhar Acuña e a demonstrar aos mais novos como não se cabeceia. Assim foi até que, numa jogada inócua, vendo a bola a vir na sua direcção, resolveu fugir dela e desacelerar, acordando para a realidade quando viu Coroña a encaminhar-se para a grande área. Agarrou-o uma primeira vez, sem derrubar o portista, e numa segunda tentativa fez um corte limpo. Viu o amarelo primeiro, mas o videoárbitro fez notar a Fábio Veríssimo que o colombiano fez falta sobre um atacante que se iria isolar. E foi assim que deixou os colegas em inferioridade numérica com mais de 70 minutos para jogar, sendo a única boa notícia decorrente disto a garantia de que não poderá repetir esta, e outras proezas,  no Jamor.

 

Petrovic (2,5)

De todos os elementos sem qualidade suficiente para integrar o plantel do Sporting foi sempre o que demonstrou ter maior coração, fosse ao ficar em campo com o nariz partido ou ao fingir não reparar quando desempenha funções muito acima das suas reais capacidades. Encarregue de conter o meio-campo portista, e de assegurar repouso a Wendel, o sérvio ter-se-á despedido com mais uma exibição esforçada, alguns bons cortes e uma intervenção assaz balcânica no sururu ocorrido perto do final do jogo. Mas não poderá chegar para um Sporting que queira ser campeão mesmo ficando muitas vezes com menos um no relvado.

 

Gudelj (2,5)

A maior mancha na sua exibição foi o posicionamento que deixou Danilo em posição legal no lance do golo do empate. Até então distinguiu-se na difícil tarefa de tapar o acesso à baliza do Sporting, sem abusar demasiado das faltas que o poderiam afastar do clássico que tinha verdadeira importância para os leões – e também para os dragões, à medida que a goleada doa Benfica sobre o Santa Clara se avolumava na Luz.

 

Bruno Fernandes (2,5)

Melhor forma de anular o melhor futebolista desta edição da Liga NOS? Expulsar um dos seus colegas, o que leva invariavelmente a que o treinador lhe peça para descair para o flanco, afastando-o da zona do campo em que é decisivo. Muito castigado pelas chuteiras adversarias, com o beneplácito da equipa de arbitragem, fez um passe longo que pedia a presença do ausente Raphinha e sofreu uma falta junto à grande área portista que não teve a oportunidade de cobrar, pois estava a receber assistência fora das quatro linhas. Só provocou perigo logo no início do jogo, na cobrança de um livre que Marega desviou de forma arriscada. Sendo provável que tenha feito o último jogo na Liga NOS por muitos e bons anos, sonharia decerto com melhor desfecho para a época de todos os recordes pessoais. Felizmente ainda tem a final da Taça, da qual poderia ter sido afastado devido a encontros imediatos do segundo grau com elementos do banco de suplentes do FC Porto.

 

Diaby (2,0)

Teve participação no golo do Sporting e é bem possível que tenha sofrido pénalti num lance em que foi projectado por Felipe contra os painéis publicitários, deixando a equipa com nove durante uns minutos. Isto poderia fazer esquecer profundas debilidades intrínsecas caso os adeptos sofressem de amnésia e tivessem ido à casa de banho em momentos como aquele em que o maliano tentou driblar dois adversários na grande área do FC Porto e acabou por fintar-se a si próprio. Dizer que esteve ao seu nível é uma constatação pouco lisonjeira.

 

Acuña (3,0)

Bem o tentam posicionar a extremo, mas o destino empurra-o para lateral, mesmo que para isso seja preciso que o Sporting fique a jogar com dez. Seja como for, o argentino sem medo voltou a dar mostras que é ele e mais nove, sabendo gerir a impetuosidade – ainda que não tenha acabado o jogo sem ver um amarelo numa jogada em que foi agredido... – e tratando a bola por alcunhas belas e secretas, como no passe com que assistiu Luiz Phellype para o golo que permitiu sonhar com um triunfo que desafiaria as estatísticas. Deus livre Alvalade de o ver partir no próximo sábado.

 

Luiz Phellype (3,0)

Pôs fim à interminável seca de um jogo inteiro sem marcar na única verdadeira oportunidade de que dispôs, primando pela calma e colocação na hora de enfrentar Vaná. Antes disso fora o homem da luta, não raras vezes ensanduichado pelos centrais portistas, valendo-se do físico para reter a bola o máximo de tempo possível. Saiu para recuperar forças para o Jamor, com maus resultados para a equipa.

 

Tiago Ilori (2,0)

Entrou a meio da segunda parte, tendo tempo suficiente para contemplar o remate acrobático com que Herrera, literalmente nas suas costas, fuzilou a baliza do Sporting e fez o resultado final. Resta-lhe a compensação de que Borja elevou muito a fasquia na competição para pior reforço de Inverno desta temporada.

 

Bas Dost (2,0)

Menos de meia hora esteve o holandês em campo. Aproveitou para tentar ganhar duelos aéreos e chegou a fazer um bom passe a lançar um contra-ataque diligentemente desperdiçado por um colega. Pode ser que recupere influência, mas dificilmente a tempo de fazer a diferença no derradeiro compromisso da temporada.

 

Wendel (-)

Entrou já com o tempo regulamentar esgotado e o resultado final definido.

 

Marcel Keizer (2,5)

Só ele saberá os motivos para fazer descansar Wendel e Raphinha, após ficar sem Ristovski e Coates, mas qualquer gestão lógica do esforço caiu por terra quando Borja fez um dos maiores inconseguimentos da época. Também infeliz na forma como refrescou a equipa na segunda parte, há que admirar a coerência do holandês. Toda a gente devia ter alguém na sua vida que visse em si aquilo que Keizer vê em Diaby, provável titular na final da Taça de Portugal a não ser que Acuña possa ficar mais à frente, promovendo a titularidade de Jefferson na esperança de que no seu presumível último jogo de verde e branco possa soltar o Rodrigo Tiuí que há em si.

Armas e viscondes assinalados: Um chega-para-lá em vários sonhos

Sporting 1 - Tondela 1

Liga NOS - 33.ª Jornada

11 de Maio de 2019

 

Renan Ribeiro (3,5)

Mal o jogo tinha começado quando lhe apareceu um adversário isolado pela frente e  teve de fazer uma mancha que desviou a bola da linha de golo. Passado esse susto, tinha tudo para passar a noite a pôr a leitura em dia, pois o primeiro tento dos leões prenunciava a goleada que deixaria o Tondela perto de poder competir na mesma divisão que a oficial equipa B do Benfica, quando o diligente árbitro Tiago Martins contou com a prestimosa ajuda do videoárbitro para descortinar uma agressão de Ristovski num chega-para-lá que nem motivou protestos da suposta vítima da fúria macedónia além do tradicional mergulho para o relvado. Seguiram-se mais de 50 minutos em que o Sporting jogou com menos um sem que o brasileiro tivesse trabalhos de maior – intervindo sobretudo para gerir atrasos de bola e demonstrar que melhorou bastante nos lançamentos longos – até à fatídica ocorrência do golo do empate, aquele que elimina o sonho de ainda chegar ao segundo lugar através de uma conjugação não muito provável de resultados. Nada pôde fazer para suprir o mau posicionamento dos colegas, ao contrário do que fizera antes, quando teve rins suficientes para assegurar que um remate desviado nas pernas de Coates passaria do lado mais tranquilo do poste. E selou a exibição com elevada classe ao afastar um livre directo muito bem cobrado em posição frontal.

 

Ristovski (2,0)

Talvez seja coisa de apreciador dos livros de Chuck Palahniuk e dos filmes de Quentin Tarantino, mas é difícil ver uma agressão no lance insólito que deixou o Sporting com dez em campo mais de meio jogo e aumentou as hipóteses de o Tondela se manter no escalão principal mais um ano. Sendo a terceira expulsão do lateral-direito nesta época – uma delas por ter feito um corte em carrinho em chegou primeiro à bola e a outra por gritar com o árbitro que não assinalou falta depois de um adversário lhe desferir uma cotovelada na testa –, há que pensar se  não será melhor mudar-se para um campeonato em que os macedónios sejam menos perseguidos, como a Sérvia ou a Grécia. No que toca às ocorrências antes desse lance há que reconhecer que Ristovski esteve muito activo na ala direita, combinando bem com Bruno Fernandes e Raphinha e tendo intervenção directa no lance em que foi assinalado pénalti a favor do Sporting. Enfrentar o FC Porto duas vezes sem o seu contributo – embora não fosse má ideia tentar a despenalização para a final da Taça – foi a pior de muitas más notícias da noite.

 

Coates (3,0)

Falhou no lance do golo da Tondela, tal como uma panóplia de colegas, esteve quase a encaminhar a bola para a própria baliza num ressalto e não tirou partido das várias ocasiões em que cabeceou na grande área contrária. À parte isto, o central uruguaio teve a garra de sempre e voltou a apostar nas incursões pelo meio-campo contrário que ainda virão a dar resultado antes da segunda vinda de Cristo (espera-se que não a do outro Jesus...).

 

Mathieu (3,5)

Merecia ter marcado o golo da vitória no remate acrobático com que respondeu ao cruzamento de Raphinha após percorrer toda a ala esquerda em sprint. Não foi a única ocasião em que tirou partido da frescura física que faltava a vários colegas desgastados pela inferioridade numérica, pelo que a vontade que confessou em manter-se por Alvalade mais um ano deve ser encarada de forma muito séria pela SAD leonina. Entre muitas intervenções num jogo em que até começou por não conseguir desfazer uma burrice alheia, destacam-se um livre directo cobrado pouco acima da barra e um corte providencial que evitou aborrecimentos a Renan Ribeiro.

 

Borja (2,0)

Ainda corria o primeiro minuto quando fez um passe disparatado para o seu meio-campo que fez isolar o adversário que chegou primeiro à bola do que Mathieu e testou as capacidades de Renan. Mas as suas debilidades técnicas e gritante falta de soluções fizeram-se notar outras vezes, sendo curioso que tenha melhorado ligeiramente ao assumir o corredor direito, na sequência da expulsão de Ristovski. Embora nada se tenha perdido quando cedeu o lugar a Ilori.

 

Gudelj (2,5)

Outro que teve um jogo com que não contava, vendo-se muitas vezes em inferioridade numérica na sua zona de acção. Destacou-se pouco, sem nada de particularmente errado fazer.

 

Wendel (3,0)

Melhor do que na goleada à Belenenses SAD, o jovem brasileiro exerceu influência no meio-campo e não se furtou a roubar bolas aos adversários. Foi com uma ponta de estranheza que se assistiu à sua substituição quando Keizer apostou tudo na procura do segundo golo.

 

Bruno Fernandes (3,0)

Parte dos sonhos deste jogo passavam pelo capitão, que provavelmente se terá despedido do Estádio de Alvalade. Nomeadamente a marcação de um número de golos suficientes para assegurar a liderança dos melhores marcadores. O primeiro chegou cedo, num pénalti a castigar um agarrão a Luiz Phellype, mas por aí ficou a conta, até porque a necessidade de ocupar outros terrenos após a expulsão afastou Bruno da zona de tiro. Mesmo assim poderia ter feito o segundo golo, bem servido por Raphinha, mas permitiu a defesa de um guarda-redes com nome de apresentador de programa das manhãs. Não faltará quem fosse capaz de abdicar de uns dedos das mãos ou dos pés se em troca ficasse mais um ano no Sporting, algo que este escriba assegura que sucederá caso vença um jackpot acumulado do Euromilhões nas próximas semanas.

 

Raphinha (3,0)

Autor de cruzamentos magníficos que foram pornograficamente desaproveitados por colegas, pena é que não se tenha lembrado de testar um daqueles potentes remates que prometem transformá-lo numa grande estrela.

 

Acuña (3,0)

É da raça que nunca se vergará, como já toda a gente percebeu, e caso tenha sido o último jogo em Alvalade será sentida a sua falta. Somou desarmes e intercepções que ajudaram a aliviar o sufoco na segunda parte. E quando avança pelo terreno só o conseguem travar em falta.

 

Luiz Phellype (2,5)

Terminou a série magnífica de jogos consecutivos a marcar, responsável por ter recebido o prémio de melhor avançado da Liga Nos em Abril. Tirando o lance do pénalti, no qual foi agarrado pelo eterno Ricardo Costa quando procurava rodar o corpo para marcar, esteve sobretudo em foco pelas oportunidades falhadas. Uma das quais particularmente escandalosa, ao atirar para as bancadas a recarga a um remate de Bruno Fernandes, embora não tenha ficado melhor na fotografia ao atirar ao lado do poste ao isolar-se frente a Cláudio Ramos. Antes de ceder o lugar ao inefável Diaby ainda desviou de cabeça um pontapé de canto para uma grande defesa do tondelense. Sentiu nesse instante o peso da maldição e pontapeou o poste, felizmente sem que o videoárbitro avisasse Tiago Martins para mostrar cartão vermelho por tamanha violência.

 

Tiago Ilori (2,5)

Voltou a ser chamado, desta vez para lateral-direito, antecipando as novas oportunidades nos próximos jogos com o FC Porto. Nem sempre esteve à altura, mas se não lhe aparecessem tantas vezes adversários em duplicado talvez tivesse corrido melhor.

 

Bas Dost (2,5)

Entrou para ajudar a fazer o 2-1 que permitiria sonhar com o segundo lugar durante pelo menos 24 horas. Integrou-se no ataque, distinguindo-se nos duelos aéreos mas sem ter oportunidades para fazer a diferença.

 

Diaby (2,0)

Uma arrancada com bola, embalado pelo tipo de velocidade em que ninguém consegue agarrá-lo, é o que tem para mostrar nos escassos minutos que lhe permitiram.

 

Marcel Keizer (3,0)

Há que reconhecer coragem ao treinador holandês na forma como apostou tudo na vitória após o golo do empate do Tondela. Não estava escrito nas estrelas que fosse possível contrariar as circunstâncias, e a expulsão de Ristovski pode abrir um buraco no Jamor (Bruno Gaspar está lesionado e Thierry Correia vai para o Mundial de Sub-20), mas Keizer pode aproveitar para começar a refazer a equipa.

Armas e viscondes assinalados: “This shit is a joke” (tirando o resultado e os primeiros 15 minutos)

Sporting 3 - Portimonense 1

Liga NOS - 24.ª Jornada

3 de Março de 2019

 

Renan Ribeiro (3,5)

Reencontrou o adversário que lhe permitiu conquistar a titularidade, naquela terrível algarvia em que a cabeça de Salin embateu no poste e as bolas rematadas pelos adversários tendiam a embater no fundo das redes. Voltou a ter muito trabalho na primeira parte, apesar de o Portimonense já não contar com Nakajima, Manafá e (nesse caso por castigo) Jackson Martínez. Depois de um primeiro quarto de hora inicial magnífico, que deixou o Sporting a vencer por 2-0, coube ao brasileiro salvar a equipa de si mesma. Chegando a fazer duas grandes defesas na mesma jogada, só nada conseguiu fazer no lance do golo da equipa visitante, merecendo a sorte de ver a barra devolver a bola ao relvado do lado certo da linha de golo e a relativa acalmia ao longo da segunda parte.

 

Ristovski (2,5)

Aquele cruzamento que deu origem ao pénalti sobre Bruno Fernandes foi a melhor forma de terminar uma exibição pouco conseguida do macedónio, incapaz de fazer a diferença no ataque (para o que contribuiu a costumeira violência dos adversários, sob o contemplativo beneplácito do árbitro João Capela) e muitas vezes ultrapassado nas missões defensivas.

 

Tiago Ilori (2,0)

Mais do que aquilo que não conseguiu fazer no lance do golo do Portimonense, o que mais sobressai da exibição do ”made in Alcochete” é a quantidade de bolas que passou directamente para os pés dos avançados algarvios. Nenhum desses lances teve consequências gravosas, mas o filho pródigo tarda em justificar o regresso.

 

Mathieu (3,0)

Voltou em boa hora, recuperado de mais uma lesão, e substituiu o ausente Coates enquanto patrão da defesa leonina. Ao longo da sufocante primeira parte fez cortes preciosos e deu literalmente o corpo à bola para evitar um golo, embora não tenha sido imune ao disparate, permitindo um contra-ataque perigoso ao hesitar se deveria ser ele ou Acuña a afastar uma bola. Na segunda parte fez por acalmar a equipa e ainda se integrou no ataque, sendo avistado a fazer cruzamentos junto à bandeirola de canto, o que contrasta com a aparência física de quem já atingiu a idade da “retraite”.

 

Acuña (3,5)

Partes houve deste jogo em que muitos dos vinte e poucos mil que estavam nas bancadas de Alvalade se ofereceriam de bom grado como testemunhas do argentino se ele quisesse processar os colegas pela disparidade de empenho demonstrado. Relegado a lateral-esquerdo com o regresso do 4-3-3, trabalhou muito e bem no corredor, revelando-se um muro intransponível para os adversários e um artífice capaz de aproveitar meio metro quadrado de relvado para ganhar o espaço de que necessita para fazer cruzamentos como aquele Bruno Fernandes desperdiçou, adiando o sossego do Sporting até ao final do tempo regulamentar.

 

Gudelj (2,0)

Está ligado ao lance do golo do Portimonense, tanto pela perda de bola (que recebeu “à queima” e quis controlar, em vez de chutar com o pé que tinha mais à mão) como pelo mau posicionamento. E também voltou a emperrar a fase de construção do futebol leonino, sobrecarregando Wendel e Bruno Fernandes com uma ineficácia novamente premiada por Marcel Keizer com a permanência em campo até ao apito final.

 

Wendel (3,0)

Muito lutou o jovem brasileiro, incansável acelerador do meio-campo do Sporting, mas o maior impacto que teve na ficha de jogo foi o cartão amarelo mostrado por João Cajuda, numa dualidade montypythoniana de critério que nada fez por sossegar a equipa da casa. Saiu na segunda parte, exausto e claramente necessitado de descanso. 

 

Bruno Fernandes (3,5)

Fez duas assistências para golo, marcou o pénalti que fez o resultado final, punindo falta cometida sobre ele próprio, e ultrapassou António Oliveira como o meio-campista do Sporting que mais golos marcou numa só época. Será, por tudo isto, muito injusto escrever que não esteve na sua noite mais inspirada? Retraído em algumas fases do jogo, falhou um golo feito com um cabeceamento desastroso e nem tentou marcar de livre directo. Mas também é verdade que, além das assistências e do pénalti, pertenceu-lhe a melhor jogada do Sporting na segunda parte, defendida “in extremis”, pelo que o estatuto de “ele e mais dez” está cada vez mais consolidado.

 

Raphinha (3,0)

Começou muitíssimo bem e quando fez aquele imparável remate para o 2-0, tirando doce fruto de um passe extraordinário de Bruno Fernandes, já tinha ficado perto de inaugurar o marcador numa jogada semelhante. Ainda assistiu Bas Dost, que reencaminhou a assistência para Diaby, mas depois começou a perder protagonismo e desapareceu do jogo bem antes do embate que forçou a sua substituição.

 

Diaby (2,5)

Inaugurou o marcador com um excelente golo de cabeça que só o maliano poderá confirmar se nasceu de um cabeceamento deficiente. Certo é que esgotou nessa jogada o seu engenho e sorte, mostrando-se igualmente incapaz de tirar partido da velocidade para causar problemas aos adversários. Para a história da sua passagem por Alvalade fica o lance em que a simulação de Bas Dost o deixou com a bola controlada, dentro da grande área, mas conseguiu demorar tanto a decidir que permitiu o desvio num defesa. Menos escandalosa, mas ainda assim sintomática, foi a oportunidade desperdiçada na segunda parte, cabeceando mal e porcamente (e desta vez sem sorte) uma bola oferecida por Acuña.

 

Bas Dost (2,0)

Mesmo antes do intervalo isolou-se, a passe de Bruno Fernandes, e viu-se cara a cara com o guarda-redes. E o que fez o avançado holandês? Um passe curto para o lado, onde a olho nu ninguém se discernia, talvez destinado a fazer uma abnegada assistência para o golo que esperava ver concretizado pelo fantasma de Peyroteo. Ainda ficou em campo um quarto de hora na segunda parte, cada vez mais afastado das ocorrências, até que o compatriota decidiu poupá-lo a mais 30 minutos de demonstração de irrelevância. Na primeira parte fez uma única coisa certa, numa simulação destinada a permitir que Diaby fizesse o 3-1, o que teria sucedido em condições normais, e muitas tremendamente erradas. Um cabeceamento mais apropriado ao râguebi e a incapacidade de esticar a cabeça para um cruzamento de Raphinha foram as provas de vida. Má vida, neste caso.

 

Luiz Phellype (1,5)

Teve meia hora para demonstrar que é capaz de ser ainda mais irrelevante do que o actual Bas Dost. Membro do clube dos amarelados por Capela, deixou novamente a impressão de que se trata de um Castaignos lusófono com um passe mais barato e que recebe menos.

 

Idrissa Doumbia (2,5)

Muito mais mexido do que Gudelj, tirou o meio-campo do Sporting do ponto morto. Caso estivesse inspirado no passe poderia ter deixado marca.

 

Francisco Geraldes (2,0)

Entrou para os seis minutos de tempo de compensação, o que bastou para ser amarelado e fazer um ou dois toques do tipo de classe que merecia ser vista antes do minuto 90.

 

Marcel Keizer (2,5)

Ele próprio admite que o Sporting esteve mal a partir dos 15 minutos de jogo, faltando-lhe confessar que também a segunda parte não foi flor que se cheire. Expulso no jogo anterior devido ao desabafo “this shit is a joke”, levou a que os escassos adeptos que aceitaram deslocar-se a Alvalade saíssem a pensar o mesmo. Com o Sporting de Braga a três pontos, e um calendário razoavelmente simpático até à última jornada, urge que deixe de confiar tanto no génio de Bruno Fernandes e na raça de Acuña, melhorando os processos defensivos e encontrando solução (ou, vá lá, remendo) para o fraquíssimo desempenho dos recorrentes titulares nas posições 6 e 9. Curiosos números esses, como diria Mota Amaral...

Pódio: Renan, Coates, Acuña

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Braga-Sporting pelos três diários desportivos:

 

Renan: 19

Coates: 17

Acuña: 15

Wendel: 15

André Pinto: 14

Nani: 14

Jefferson: 13

Raphinha: 13

Ristovski: 12

Bruno Fernandes: 12

Gudelj: 12

Mathieu: 11

Luiz Phellype: 11

Bas Dost: 9

 

Os três jornais elegeram Renan como melhor em campo.

Armas e viscondes assinalados: Renan defendeu direito pela arbitragem torta

Sporting 1 - Sp. Braga 1 (4-3 nos pénaltis)

Taça da Liga - Meias-finais

23 de Janeiro de 2019

 

Renan Ribeiro (4,0)

Ainda mal chegara à baliza e já tinha sofrido um golo, como lhe está sempre a acontecer desde que foi emprestado ao Sporting. Mas o certo é que resolveu uma segunda ocasião flagrante, beneficiando da má execução de Wilson Eduardo, e engrenou para uma noite positiva, ainda que tenha sido o videoárbitro a anular novo golo no primeiro lance da segunda parte e que nada pudesse fazer num cabeceamento de Raul Silva que embateu no poste. Foi depois do apito final que se tornou o herói do jogo, garantindo o acesso à final da Taça da Liga com uma sucessão de defesas nas grandes penalidades que compensaram o desacerto de Bas Dost, Coates e Nani.

 

Ristovski (2,5)

Mostrou aos habituais especialistas da equipa como se marca uma grande penalidade e esteve seguro a defender ao longo do jogo. Mas desta vez não conseguiu apoiar tanto o ataque quanto é seu hábito.

 

Coates (3,5)

Seria o herói da noite caso o árbitro Manuel Oliveira não fosse um renomado especialista na avaliação visual da intensidade de agarrões nas camisolas de adversários que se fazem à bola dentro da grande área, ignorando o pénalti que foi cometido sobre o uruguaio mesmo depois de ser convidado a visionar imagens inequívocas. Foi o seu poder de impulsão a permitir o empate que levou à decisão por grandes penalidades, voando sobre os centrais como Jardel para um cabeceamento indefensável. Na defesa teve muito trabalho e decidiu quase sempre bem, lamentando-se apenas que no desempate por pénaltis tenha acertado em cheio no poste.

 

Mathieu (2,5)

Saiu ao intervalo, com claros problemas físicos e o estigma de ter deixado Dyego Sousa à vontade no lance do 1-0. Pela idade e pelas particularidades físicas é um dos mais necessitados de maior rotatividade nos onzes por parte de Marcel Keizer.

 

Acuña (3,0)

Poucos minutos antes de ceder o lugar a Jefferson, numa fase em que a sua cara poderia servir de emoji para designar exaustão, conseguiu chegar ao passe de Nani e rematar contra um adversário dentro da grande área contrária. Já na primeira parte desperdiçara outra oferta do capitão leonino, rematando para a pedreira à entrada da área, pelo que as finalizações foram o calcanhar de Aquiles de mais uma exibição cheia de raça do internacional argentino, responsável acidental pelo chilique colectivo de Abel Ferreira e António Salvador ao sofrer uma falta de Dyego Sousa que levou à anulação daquele que seria o segundo golo dos bracarenses.

 

Gudelj (2,5)

Voltou a denotar carências no arranque de jogadas de ataque e foi um dos responsáveis por um domínio dos adversários no meio-campo que prometia impedir o Sporting de revalidar um dos dois únicos títulos que (pelo menos até agora) resultaram do investimento multimilionário na contratação de Jorge Jesus. Assim como está, não pode ficar.

 

Wendel (2,5)

Ninguém precisa de VAR para ver que o jovem brasileiro não está a conseguir manter a intensidade neste ciclo interminável de jogos, mas Marcel Keizer aparenta não confiar em Miguel Luís ou Francisco Geraldes. Sem virar a cara à luta, Wendel foi bastante menos esclarecido do que é habitual, e o Sporting ressentiu-se disso.

 

Bruno Fernandes (2,5)

Também pareceu ligeiramente fora, perpetrando uma sucessão de passes descalibrados quando pretendia servir os colegas. Sem bons resultados nesse campo durante os 90 minutos, honra seja feita ao facto de ter sido o primeiro jogador leonino a conseguir marcar a Marafona no desempate por grandes penalidades.

 

Raphinha (3,0)

Prometeu ser o herói da noite quando se desenvencilhou de dois adversários, entrou pela grande área do Braga e desferiu um remate forte, rasteiro e colocado que foi desviado para canto. Aliando técnica e velocidade (assim como um Diaby com técnica), o brasileiro tinha tudo para provocar calafrios aos adversários, mas houve um ponto de viragem no lance, ainda na primeira parte, em que se isolou para receber a abertura perfeita de Nani e, completamente à vontade, fez mais um passe do que um chapéu a Marafona. Talvez afectado pelo desperdício daquilo que seria o golo do empate, perdeu fulgor e até ao apito final não mais electrizou a noite.

 

Nani (3,5)

Três grandes passes, diligentemente subaproveitados por Acuña e Raphinha, marcaram uma exibição em que o capitão do Sporting foi o cérebro que faltou a outros e esteve em melhores condições físicas do que a maioria. Também ele ficou em branco nos pénaltis, mas se no sábado a equipa revalidar o título frente ao FC Porto já terá cumprido o primeiro objectivo deste segundo regresso.

 

Luiz Phellype (2,0)

Teve a oportunidade para demonstrar o seu valor, rendendo Bas Dost no onze titular, e não convenceu treinador e adeptos de que é uma alternativa credível. Muito encaixado na combativa defesa bracarense, pouco ou nada fez de útil para os seus e de perigoso para os outros.

 

André Pinto (3,0)

Entrou no início da segunda parte, como sucede quando Mathieu não pode continuar em campo, e desta vez foi o bom “understudy” que na maioria das vezes consegue ser. Um corte a um remate perigoso de Wilson Eduardo, já dentro da área, e outro desarme providencial à entrada da dita, após grande disparate do recém-entrado Jefferson, foram os destaques de uma exibição em que teve de vigiar Dyego Sousa, actual melhor marcador da Liga - e, a avaliar pelo estado de forma de um certo holandês, candidato a manter tal estatuto até ao fim.

 

Bas Dost (2,0)

Até a expressão do avançado denuncia que não está em condições físicas e anímicas. Dos poucos minutos que esteve em campo destaca-se a incapacidade de desviar um bom cruzamento rasteiro de Jefferson. Deixou claro que precisa de ‘reboot’ quando marcou o primeiro pénalti contra o corpo de Marafona mesmo após o guarda-redes se ter atirado nessa direcção.

 

Jefferson (2,5)

Entrado para o merecido descanso de Acuña, o quinto brasileiro de leão ao peito nesta meia-final só pecou por um atraso mal medido que não teve piores consequências graças à intervenção de André Pinto. Quando chegou a sua vez de bater o pénalti rematou com tanta força que talvez tivesse sido golo mesmo que o ex-colega que conhece da temporada passada em Braga agarrasse a bola em vez de apenas lhe tocar.

 

Marcel Keizer (3,0)

Chegou à primeira final e está a 90 minutos de ganhar o menos desejado título do futebol português. São motivos para ter ficado menos triste num dia que, anunciou o presidente do Sporting, foi dramático para o treinador holandês por motivos pessoais. No entanto, a baixa de forma de vários elementos-chave permite questionar o que levará Keizer a não dar oportunidades a outros jogadores do plantel. Lá por Luiz Phellype ter feito fraca figura, nada impede Geraldes ou Jovane Cabral de abanarem algo que começa a estar demasiado parado.

Quente & frio

Gostei muito que o Sporting tenha conseguido qualificar-se - pelo segundo ano consecutivo - para a final da Taça da Liga (e gostaria que os adeptos leoninos deixassem de chamar-lhe "taça da carica", tal como gostava que deixassem de assobiar o hino da Champions em Alvalade). Uma qualificação difícil, suadíssima, e que só ocorreu graças à marcação de pontapés de grande penalidade - aliás à semelhança do que sucedeu duas vezes na época passada, primeiro na meia-final frente ao FCP e depois na própria final contra o V. Setúbal. Como assinalei logo após o jogo, também gostei muito da exibição de Renan, que travou três penáltis do Braga, sagrando-se herói desta partida. Mas já nos 90 minutos regulamentares (que terminaram com um empate 1-1) tinha estado muito bem, com duas grandes defesas aos 67' e aos 75'.

 

Gostei  da luta que soubemos dar à equipa bracarense, que jogava em casa, perante o seu público. Foi um jogo nem sempre bem disputado, e com uma segunda parte muito aquém do que devemos esperar e exigir dos nossos jogadores. Mas a equipa treinada por Marcel Keizer revelou maturidade suficiente para aguentar a pressão alta da turma adversária e levá-la a cometer erros, transferindo a decisão para os penáltis. Aí fomos superiores, uma vez mais. Destaque também para o golo de Coates, aos 37', com um grande cabeceamento ao ângulo superior direito da baliza do Braga: é sempre bom - até por ser raro - vermos os nossos centrais aproveitarem da melhor maneira estes lances de bola parada ofensiva.

 

Gostei pouco dos sustos que sofremos durante a partida. Um golo sofrido logo no terceiro minuto de jogo, por uma imperdoável desconcentração da nossa linha defensiva. Outro golo sofrido - e felizmente anulado pelo árbitro Manuel Oliveira após visionamento da jogada, precedida de falta de Dyego Sousa sobre Acuña - mesmo a abrir a segunda parte. Uma bola a embater-nos com estrondo na trave, estavam decorridos 75'. E tantos passes falhados, sobretudo no meio-campo, com Bruno Fernandes a destacar-se aqui pela negativa.

 

Não gostei  da estreia de Luiz Phellype como titular. O ex-avançado do Paços de Ferreira, hoje inicialmente no lugar de Bas Dost na frente de ataque, só protagonizou um remate que saiu junto ao poste, aos 21', tendo passado ao lado da partida durante o resto do tempo - também, valha a verdade, por ser pouco e mal servido pelos colegas. Aos 69', deu lugar ao holandês, mas sem qualquer melhoria: Dost foi incapaz de criar um só momento de perigo para as redes bracarenses.

 

Não gostei nada  de ver três dos nossos melhores jogadores - Bas Dost, Coates e Nani - falharem penáltis ao serem chamados a decidir, no termo da partida. Uma equipa que se gaba de ser grande não pode claudicar de forma tão gritante num momento decisivo como este: felizmente Bruno Fernandes, Raphinha, Ristovski e Jefferson, por contraste, deram boa conta do recado. Também não gostei nada de ver que Miguel Luís e Jovane, dois jovens jogadores da nossa formação já com provas dadas na equipa principal, deixaram de contar para o treinador: ambos voltaram a ficar fora da convocatória.

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