Vivemos "tempos interessantes", na óptica daquela milenar maldição chinesa. Tempos de emergência sanitária, à escala mundial, que nos impõem drásticas restrições à liberdade de movimentos. Mas também com inevitável repercussão económica e financeira, designadamente no futebol.
Espantosamente, ficámos a saber por estes dias que uma situação como a actual, de paragem forçada das competições profissionais, não estava prevista nos regulamentos federativos ou da Liga de Clubes para efeitos do apuramento do campeão.
Estamos, portanto, num impasse. Que suscita as maiores incógnitas sobre o título desta época. Como resolver este imbróglio? Que solução deve ser adoptada?
Lanço as questões na expectativa de que os leitores se pronunciem. O debate está lançado.
Com a sua atitude no jogo de Guimarães, contra tudo e contra todos, inclusive treinador e jogadores da própria equipa, o maliano "preto como breu" (como se dizia noutros tempos), mas tão pessoa como eu, conseguiu dar uma grande pedrada no charco da podridão que existe no futebol português.
Pedrada no charco, porque põe a nu a mediocridade dos regulamentos do futebol português e o desleixo das entidades que os aplicam, a começar desde logo pelo árbitro que até conseguiu mostrar um cartão amarelo ao maliano, ou a atitude cobarde dos dirigentes reféns de claques.
Acredito que o futebol português não é racista. O maior ídolo do Benfica é Eusébio, no Sporting veneramos Rui Jordão, Oceano foi o nosso capitão muitos anos, na tourada era o Chibanga, o Guimarães tem lá o Neno como director desportivo. O problema não está aí. No plantel do Sporting temos brancos e negros, o rapaz mais promissor de Alcochete é bem negro também.
O problema, penso eu, está nesta conjunção de interesses entre as autoridades judiciais e policiais que tem entendido que o futebol é um mundo à parte onde quase tudo é permitido, e os ultras integrando as claques ou "à paisana" (casuals) que se julgam donos dos clubes e moralmente acima de dirigentes e praticantes. O tal "O clube somos nós". Se depois a vítima do dia é negra, lá virão os cânticos "de macacos" ou as bananas para o campo, se for outra coisa qualquer (cigano, asiático, homossexual, rato traidor, marreco ou coxo), lá virão os cânticos adequados à situação. Ou umas tochas a bombardear. E se as vítimas ripostarem e porventura ofenderem as mães deles, está montada a cena para assaltos terroristas aos centros de treinos ou emboscadas em zonas escuras.
Agora que os políticos estão a perceber a dimensão do problema, até pela vergonha nacional que representou a saída de campo do Marega, e que vão ter de fazer mais do que ir ao estádio e ver um grande jogo como convidados, espero que o castigo ao clube em causa seja exemplar, porque só assim as coisas irão mudar. Mas também que exista gente identificada que nunca mais possa entrar num campo de futebol.
"no caso de expressões dirigidas contra pessoas singulares ou coletivas, ou respetivos órgãos, integrados na Federação Portuguesa de Futebol ou na Liga Portuguesa de Futebol Profissional, individualmente ou por representação orgânica, em virtude do exercício das suas funções, com a sanção de suspensão a fixar entre o mínimo de um e o máximo de quatro jogos e, acessoriamente, com a sanção de multa de montante a fixar entre o mínimo de 5 UC e o máximo de 50 UC."
Extrato do artigo 158.º do regulamento disciplinar da liga Portugal.
Vamos esperar sentados, ou sai o castigo no mesmo dia que o do Jesus?
De acordo com o Artigo 63.º do Regulamento de Competições da LPFP, "têm livre acesso" ao balneário dos árbitros os delegados, o médico responsável pelo controlo antidoping e, "mediante autorização", os "delegados dos clubes intervenientes, o diretor de campo, o diretor de segurança da equipa visitada, forças de segurança pública, médico, enfermeiro, fisioterapeuta e massagista".
Um forróbódó, portanto! Mais fácil que entrar numa casa de passe...
Aqui fica a transcrição da Lei XII do futebol. Que deveria ser lida com atenção por todos aqueles que se dedicam a palrar durante horas nas televisões sobre lances polémicos.
«Handling the ball
Handling the ball involves a deliberate act of a player making contact with the ball with his hand or arm. The referee must take the following into consideration: • the movement of the hand towards the ball (not the ball towards the hand) • the distance between the opponent and the ball (unexpected ball) • the position of the hand does not necessarily mean that there is an infringement • touching the ball with an object held in the hand (clothing, shinguard, etc.) counts as an infringement • hitting the ball with a thrown object (boot, shinguard, etc.) counts as an infringement»
Para um melhor acompanhamento da II Liga e, em especial, das equipas B, será útil tomar em consideração os seguintes seis principais regulamentos relevantes à competição e à ligação às equipas principais.
1. As equipas B não podem subir à Liga principal, mas podem descer à II Divisão.
2. Não podem participar na Taça de Portugal e na Taça da Liga.
3. Nelas, podem actuar jogadores entre os 16 e 23 anos, estando previsto três lugares para jogadores com idade superior àquele limite.
4. Só podem ser convocados 18 jogadores por cada jogo, 10 dos quais têm de ter sido formados em Portugal.
5. Os jogadores que actuam pela equipa principal do clube terão que aguardar 72 horas até poderem alinhar pela equipa B ou vice-versa.
6. Os jogadores da equipa principal não podem alinhar na equipa B para limparem castigos.
* Formação em Portugal significa registo na FPF de pelo menos 3 épocas desportivas, entre os 15 e 21 anos de idade.
* * A restrição dos 3 jogadores com idade superior a 23 anos aplica-se à ficha de cada jogo e não ao plantel.
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