Há um grave problema estrutural neste Sporting 2022/2023. Uma vez e outra, temos de recorrer em desespero a Coates como "ponta-de-lança" improvisado. Uma vez e outra, fica demonstrado que montar uma equipa que sonha ser campeã sem avançados goleadores é um erro lapidar. Imperdoável - e há responsabilidade directa do técnico disso - foi ter-se descurado a contratação de um artilheiro.
Equipa sem golos não vence jogos, não pontua, não ganha títulos. Balanço da temporada até agora: 18 jogos, oito vitórias, dois empates, oito derrotas. Golos marcados: 29. Golos sofridos: 24. Não há coincidências.
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Existe agora a mania de justificar derrotas invocando orçamentos. Se isso servisse para alguma coisa, o Sporting teria a obrigação de golear o Varzim por 8-0 na Taça de Portugal - da qual fomos eliminados pela equipa poveira.
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No final de Dezembro, quando for desmontada a tenda do Mundial do Catar e retomado o campeonato nacional de futebol, estaremos fora de combate. Sem Taça de Portugal, sem possibilidade de competir para sermos campeões. A lutar (espero) pelo segundo lugar da Liga. É voar baixinho. Coisa pouca, com a glória em parte incerta.
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Nunca me recordo de uma época com tantos jogadores nossos lesionados. Na última semana, mais três: Morita, Nuno Santos e Ugarte. O que suscita sérias interrogações sobre o modo como é assegurada a gestão física dos futebolistas.
Se estes jogadores não têm pedalada para jogar pontualmente de três em três dias (mas os do Benfica, do FCP e até do Braga são sujeitos a igual pressão do calendário) é sinal que existem problemas ao nível da preparação física.
Nesta temporada cumprimos 18 jogos em três meses. Será motivo para ter metade da equipa rebentada? Será motivo para estarmos num humilhante sexto lugar à 11.ª jornada?
Tenham paciência, mas não faz o menor sentido.
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Questiono-me se as "bolas paradas", ofensivas e defensivas, não fazem parte dos treinos leoninos. E se o mesmo acontece com os pontapés de meia-distância.
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Na opinião de alguns, o Sporting está na segunda pior época de que há memória por causa dos árbitros, das claques, do mega-empresário Mendes e do seleccionador nacional de futebol. E também dos comentadores e dos jornalistas que escrevem nos mesmos diários a que dá jeito recorrer quando se pretende validar a tese de que «o Sporting é sempre roubado».
Culpas próprias? Jamais. Ou "jamé", como dizia o outro.
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Desde a exclusão de Slimani, em Abril, nunca mais o Sporting se endireitou. Muitos falam de Palhinha e Matheus Nunes, mas o grande problema para mim sempre foi lá na frente. Perdermos o artilheiro argelino causou mais danos do que a saída dos outros dois, que aliás geraram uma receita de cerca de 67 milhões de euros.
Convém não esquecer: Palhinha e Matheus Nunes já declararam publicamente que queriam jogar na Premier League. Sem deixar lugar a dúvidas. Faria algum sentido mantê-los em Alvalade contrariados? O que lucraria o Sporting com isso?
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Alguns dos que agora tentam desviar as atenções invocando a saída daqueles dois jogadores como causa fundamental dos problemas são os mesmos que há um ano diziam que Ugarte era «claramente melhor» que Palhinha e criticavam Matheus por «querer a bola só para ele» e «empastelar» o nosso jogo a meio-campo.
É sempre assim. Entoam hinos aos jogadores do Sporting... apenas quando eles deixam de ser jogadores do Sporting.
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Parece sina deste clube: quando há um pequeno ciclo de vitórias, logo é engolido por um longo ciclo de não-vitórias. Foi assim com os últimos presidentes vencedores - João Rocha (por três vezes), Roquette, Dias da Cunha. Está a ser assim também com Frederico Varandas.
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Rúben Amorim tem cometido vários erros. A exclusão de Slimani, a obstinação em não contratar um ponta-de-lança alternativo a Paulinho, a reacção absurda à saída de Matheus Nunes como se isso o privasse dum salvador da pátria (algo que não deve ter dado moral nenhuma aos que ficaram), contínuas indirectas à estrutura directiva, a insistência em fazer alinhar Trincão de início para um lugar em que Edwards está muito mais qualificado, a confissão de que tem jogadores "preferidos" no plantel...
Precisa de adquirir alguma humildade. E de saber conviver com a pressão e as críticas.
Ser fiel às ideias é de aplaudir. Mas se as ideias não forem adequadas às necessidades impostas pelas circunstâncias, deve ter flexibilidade suficiente para se recriar, para se reciclar, para assimilar novas ideias, novos processos de jogo, novas dinâmicas.
Se me perguntarem quem prefiro como seu sucessor, responderei sem hesitar: Amorim deve substituir o próprio Amorim. Ou seja: o treinador do Sporting tem de reinventar-se. Corrigindo teimosias, atenuando obstinações, limando casmurrices.
Está em início de carreira, tudo lhe sorriu até agora, falta experimentar o outro lado - menos feliz e sorridente. Se estes problemas o ajudarem a crescer como profissional do futebol, um dia há-de olhar para eles com alguma gratidão. Possamos nós dizer o mesmo.
«Frederico Varandas já não tem como fugir. O Sporting tomou más decisões e, para as consertar, tomou outras piores que o escorraçaram do pódio, a uns lunares 22 pontos do campeão. Perdeu seis dos sete jogos que fez com as três equipas das quais quer estar próximo e, pelo menos, meia dúzia dos nove reforços contratados foram pouco mais do que inúteis. De fortes hipóteses, os erros potenciais passaram a factos.
A justificação de que, no último defeso, só pôde escolher entre o mau e o péssimo foi-se esgotando com o andar da época e os sucessivos fracassos nas correcções de curso. As várias opções de alto risco também foram dando razão aos contestatários, uma a uma. Bolasie, Jesé e Fernando não substituíram Bas Dost, nem sequer Raphinha, e o Varandas "Mário Centeno" que vendeu dessa maneira dois titulares acabou a contrastar violentamente com o Varandas "Indiana Jones" que paga (um dia destes) 12 milhões de euros por um treinador. Mesmo que Rúben Amorim funcione, e pode acontecer (como Bolasie e Jesé podiam ter funcionado), continua a ser um indício de que a administração do Sporting não valoriza a sua própria (e natural) inexperiência, porque se continua a rodear de estreantes, em todos os postos, quase como se o fizesse por ideologia.»
Peritos em urnas. Nisto nos tornámos. Salvíficas. Incontornáveis. Inadiáveis. A última oportunidade para resgatar o clube dos seus mais temíveis e terríveis algozes antes da próxima última oportunidade.
Nisto se tem transformado o nosso voto, depositado, na verdade, na urna caixão, tumba de jogadores, treinadores. Presidentes.
A par da condição de maior potência desportiva nacional, alcançámos o estatuto de elite das funerárias da bola. Do mata-mata. Do baralha e mata de novo. Especialistas na gestão de cemitério.
Nisto se tornou o futebol leonino. Nisto se tornaram as eleições no Sporting. E se antecipadas assim serão, de novo.
Também já quis ver Varandas fora da presidência. E continuo a querer.
Confesso. No meu reservado e parcialíssimo tribunal Cheguei mesmo a sentenciar: "O som do estádio está aos gritos. Porra...demita-se o gajo!"
Um danado impulso para o radicalismo quase descontrolado, alimentado pela constatação de que as compras foram praticamente só de entulho. Somada à perda de jogadores nucleares que só revelou a incapacidade de preencher os vazios deixados pelos maus negócios. Mais o intolerável silêncio de presidente e director desportivo que nunca deram a cara pela miserável preparação da época que agora ingloriamente finda.
Um rol crítico, transformado em rolo compressor, impiedosamente empurrado pelas derrotas, empates e péssimas exibições da equipa orientada pelos muitos treinadores que depois enterrámos.
O cenário é negro. Deprimente, mesmo! Mas como sair dele? Por outras palavras: que alternativas há a esta incompetente gestão?
A pergunta é retórica, claro que é. Sei que no papel existem alternativas e boas, por isso reformulo a interrogação: Há alternativas viáveis para uma disputa eleitoral a tempo do seu vencedor preparar bem a próxima época?
Sou da opinião que não, não há.
É conhecida a máxima de que o futebol é a coisa mais importante das coisas menos importantes. Pois, discordo. O futebol é tão importante como as coisas mais importantes.
Todos concordarão que o Sporting é uma nação. Que move milhões. De sonhos e de euros. Que tem um papel fulcral na defesa dos valores que constituem as sociedades cobiçadas pelos povos desvalidos que há pelo mundo fora. Que forma homens e mulheres. Que é um embaixador da excepcionalidade dos portugueses na arte da bola.
Todos sabemos que muitas vezes o Sporting, um jogo de futebol do Sporting, é a coisa mais importante à face da terra.
Teve ou não contornos de fim do mundo aquela canalha combinação de resultados de ontem na Luz e na pedreira? E o impante Salvador e a sua soberba incontida alavancada pela insuportável ascensão ao pódio de onde nos desalojou?
Para mim, evitar que o acima descrito se repita é tão importante e consumir-me-á tanto quanto ter a certeza que o SNS está cheio de saúde.
O futebol não é um caso sério, é seriíssimo! Como tal, quem gere e preside aos destinos do nosso clube tem de ser criticado, supervisionado, interrogado, implacavelmente cobrado. A cultura deve ser a da exigência através de uma insistente e consistente crítica com alternativa apresentada, como fazem as boas oposições partidárias aos Governos nas verdadeiras e sólidas democracias liberais. A chamada marcação cerrada. Com pressão alta e equipa balanceada para o ataque construtivo, só assim ganhadora.
A apresentação e consequente consolidação de uma alternativa só acontecerá através de um trabalho a tempo inteiro, feito durante o mandato presidencial.
Aqui chegado, pergunto. Que alternativas são verdadeiramente conhecidas do grande universo leonino? Que escolhas poderemos fazer que nos dêem as garantias de sucesso, para além do fraco consolo de nos fazermos ouvir, na forma de voto, sobre uma coisa que no fim redundará mais numa fezada do que numa certeza?
Temos o impulso (e eu também a ele soçobrei ao longo da época) de logo convocar eleições, destituir, correr com quem dirige o clube, porque não nos dá as vitórias que queremos. Não nos faz campeões de futebol.
Mas como coisa séria que é o futebol permito-me o exercício de perguntar se era aceitável adoptar a prática de deitar abaixo por sistemas os Governos que não executassem as políticas certas para todos termos aumentos salariais de 20% a cada ano da governação (sei que é subjectivo mas é nesta ordem de grandeza proporcional que estimo o valor da conquista do campeonato).
Ir para eleições sem alternativas conhecidas e reconhecidas, não será mais que uma reacção em vez de uma acção. Um impulso para satisfazer a ausência de vitórias dentro das quatro linhas e que teria uma só virtude: emoção, o sentimento que cimenta o futebol.
Ora, valha-nos isso, a tendência sufragista, a paixão pelos candidatos e facções em disputa, mais a incerteza do resultado seriam a garantia de que a maioria de nós ganharia. Pelo menos nas urnas. Mas seria enganador. Ninguém ganharia verdadeiramente.
Faço por isso votos para que as eleições não sejam "agora!", "já!", e sim quando houver projectos e equipas definidos e de todos conhecidos.
Antes disso, para mim, tudo não passará de uma ida às urnas sinónimo de caixão. De pôr os votos numa futura tumba, cujo destino será o cemitério cada vez maior de sonhos que vamos enterrando.
Conhecem aquela piada batida que os norte-americanos gostam de repetir: "Ten years ago we had Johnny Cash, we had Steve Jobs and we had Bob Hope. No we have got no cash, no jobs and no hope"?
Lembrei-me muito disso à medida que a conjugação de resultados dos jogos desta noite indicava que o Sporting iria perder o terceiro lugar, afundando-se ainda mais na irrelevância para a qual caminha. Além de ser uma idiotice perder o miserável último lugar do pódio por culpa própria, sujeitando-nos a mais dois jogos de resultado incerto para aceder a uma Liga Europa que atribui um prémio de participação dez vezes inferior ao da Liga dos Campeões, o que mais me perturbou nesta temporada de pesadelo, da humilhação na Supertaça à impossibilidade de defender a Taça após sermos eliminados por uma equipa do terceiro escalão, à fraca figura nas competições europeias, ao recorde de derrotas no campeonato, à saída dos melhores jogadores sem substitutos à altura, às contratações milionárias de reforços incapazes de merecerem esse nome, à sucessão de treinadores até à batida da cláusula multimilionária de rescisão de um novato promissor mas com muito para aprender, é a triste constatação de que não devemos esperar melhorar na próxima época.
E é por isso que sinto nostalgia daquela temporada em que acabámos no sétimo lugar (algo que poderia muito bem ter sucedido neste ano, pois além do Braga também o Rio Ave, o Famalicão e o Vitória de Guimarães apresentaram melhor futebol do que o Sporting), visto que pelo menos nessa altura tínhamos esperança de que o futuro seria (como veio a ser, mas não tanto quanto merecíamos ou quanto foi permitido que acontecesse) bastante melhor.
Por muitos defeitos que se possam apontar à gestão de Godinho Lopes, ele pelo menos teve noção de que fizera um trabalho miserável, afastando-se para que os sócios encontrassem um rumo. Por muitos defeitos que se possam apontar à figura de Bruno de Carvalho, nem nos seus momentos de pior desvario que marcaram o colapso da sua presidência se aproximou dos níveis de incompetência e falta de aderência à realidade demonstrados por Frederico Varandas.
Até ao confinamento foi quase sempre com extrema tristeza que me encaminhei ao estádio em dias de jogo, assistindo à pobreza franciscana no relvado - contrariada aqui e acolá pelo génio de Bruno Fernandes, pela classe mundial de Coates, Mathieu e Acuña, e pela afirmação de Luís Maximiano, Wendel e por vezes Jovane Cabral - e ao clima de divisão e desmobilização nas bancadas. Uma e outra desgraça atribuíveis ao dirigente que assegurou não estar "estriste" com o estado em que meteu o Sporting.
Aproximando-me do meio século de vida, ocupada pelo Sporting desde que me lembro, de Rui Jordão e Manuel Fernandes, de Carlos Lopes a Fernando Mamede, de Joaquim Agostinho a António Livramento, de Teresa Machado a Naide Gomes, de Miguel Maia a Carlos Silva, sinto um vazio que só posso descrever como falta de esperança.
Temo que a continuação deste conselho de descalabro nos acabe por derrotar a todos pelo cansaço, temo que não reste força para continuar a lutar, temo que desapareça a minha fé, tal como temo que o mesmo suceda a muitos daqueles que seguem o leão.
Do ponto de vista mais prático e menos filosófico, sucede o seguinte: a próxima época será aquela em que Portugal voltará a colocar três equipas na Liga dos Campeões, sendo o terceiro suficiente para ter a possibilidade de, com engenho e um sorteio feliz, encaixar as dezenas de milhões de euros necessárias para reaproximar o Sporting daquilo que merece ser há quase duas décadas.
O problema é que não acredito que tão fraca gente seja capaz de montar uma equipa que consiga esse objectivo mínimo. E as perspectivas são pouco animadoras: Acuña e Wendel serão alvos do mercado, alguns dos jovens talentos que foram utilizados na fase final da temporada podem estar de saída (curiosamente, também no final da época do sétimo lugar Eric Dier e Bruma acabariam por ir embora) e o plantel está repleto de futebolistas que nunca teriam lugar no FC Porto e Benfica. Em alguns casos, nem nas outras equipas da primeira metade da tabela, sendo que alguns deles têm salários pesados. Perante isto, o que se vê é a contratação de um central trintão, com historial de lesões e que nunca foi campeão pelo Barcelona, o empréstimo prolongado de um lateral-direito (esperando-se que não seja mais um a acrescentar pouco numa posição muito mal ocupada desde que Piccini foi transferido depois de não se juntar à manobra do "toca a rescindir") e o possível resgate de um eterno suplente da baliza do Atlético de Madrid.
O Sporting precisaria, mesmo que todos os melhores do plantel actual ficassem, de um guarda-redes experiente para enquadrar Luís Maximiano (Beto Pimparel acaba de anunciar que vai deixar a Turquia), um lateral-direito que seja mais do Ristovski, Rosier e Rafael Camacho juntos, um central de créditos firmados (há trintões em final de contrato que, mesmo auferindo mais do que o reforço vindo de Espanha, dispensariam a entrega, material ou contabilística de três milhões ao Betis de Sevilha, mas conviria encontrar um sucedâneo de Demiral), um médio defensivo com físico e estatuto que imponha respeito aos adversários, um médio criativo para desafiar Wendel a crescer, um extremo com golo nos pés (assim como Raphinha demonstrava ser) e um ponta de lança na senda de Liedson, Slimani e Bas Dost (três avançados de características muito diferentes, mas que tinham em comum a apetência para marcar golos).
Infelizmente não creio que a actual gerência tenha capacidade para garantir o que é necessário, e mantenho a infausta impressão de que se contentará em aceitar os restos de catálogo que empresários amigos e clubes devedores se dignem apresentar-lhes.
Vejo também com apreensão o que se prepara nas modalidades, ainda que o futsal tenha uma base e um treinador fortes o suficiente para contrariar o desinvestimento, o basquetebol seja um projeto acarinhado pelos seus criadores e o hóquei possa beneficiar da integração na equipa dos dois jovens que se destacaram no empréstimo ao Barcelos.
Após ter resistido demasiados anos a pertencer a um clube que me aceitasse como sócio, continuarei a pagar as minhas quotas para ajudar a financiar as modalidades e para quando chegar a altura, espero que não tarde de mais, possa afastar os actuais dirigentes com o meu voto. Mas na ressaca do final desta época miserável afigura-se-me improvável que venha a renovar a Gamebox mesmo que as bancadas voltem a ter público. Com grande pena minha, há momentos em que se torna necessário dizer basta, mesmo que o estejamos a dizer a nós próprios.
Na quinta-feira, em Guimarães, vi, finalmente, uma equipa. Com debilidades? Com certeza. Com muito por e para trabalhar? Óbvio que sim. Já se nota dedo do treinador? Evidente, a começar pelo sistema táctico que utilizou e pelos jogadores que escolheu. Recordo que Jorge Silas tentou o mesmo 3-4-3 e falhou. Com o mesmo plantel, mas com Rúben Amorim ao leme, a diferença qualitativa é total e absoluta, para melhor.
Como já disse, e cito-me, “gosto de um treinador que transborda de confiança sem arrogância, que transpira inteligência sem sobranceria, que extravasa crença em si próprio e na equipa sem soberba. O Rúben é, desde o dia em que entrou no Sporting Clube de Portugal, o meu treinador. Assim será até ao dia em que, inevitavelmente, sairá”.
Claro que já vi por aí muita gente a apontar a “mediocridade” de alguns jogadores, a falta de intensidade, os erros defensivos e ofensivos (que existiram), até as escolhas de um treinador que nos custou “14 milhões”.
Mas estavam à espera de quê após 90 dias de paragem? Alguém deu por alguma janela de mercado que se tivesse aberto durante este período e que nos permitisse reforçar-nos? E os génios que, atrás do teclado, debitam postas de pescada têm, porventura, a noção do que é não competir nem treinar (não é fazer corridinhas e manutenção, é não treinar) durante 90 dias? Têm, por acaso, consciência de que aquilo de que estamos a falar corresponde a três vezes mais o tempo de férias habitual, e, ainda por cima, sem pré-época, que está a ser feita em competição? Alguém julga que o regresso poderia ser diferente?
Quem assim o exige, e isto é válido para os espertalhões de todos os clubes, é porque de duas, uma: ou é ignorante ou está de má fé.
Vamos a factos: dos chamados “três grandes”, o Sporting Clube de Portugal era o que tinha o adversário mais cotado e mais difícil. Nenhum dos três ganhou, o que não pode obviamente servir-nos de desculpa, mas é um facto. No que diz respeito às principais estatísticas de jogo, e apesar de haver, obviamente, diferenças, aquilo que se verifica, no que respeita quer a índices físicos quer a remates à baliza, repito, remates à baliza, é um grande equilíbrio.
O Sporting foi o único que mudou de sistema táctico e estreou jogadores que deram ótimas indicações para o futuro. Além disto, começámos com cinco jogadores da formação no 11 titular – Max, Eduardo Quaresma, Rafael Camacho, Matheus Nunes e Jovane – e tínhamos mais dois no banco – Plata e Pedro Mendes – tendo, um deles, entrado na segunda parte. Há quanto tempo isto não acontecia?
Aqui está o caminho que defendo, como já escrevi em artigo publicado no Record: montar uma equipa que equilibre experiência e formação, não como uma fatalidade, mas como uma oportunidade.
Para o fim, deixo aquilo que sempre me preocupou, e que nada tem que ver com a dimensão desportiva: a militância ou falta dela. No Sporting Clube de Portugal sempre fomos assim, autofágicos e intolerantes connosco próprios.
Bem sei que nos falta o cimento das vitórias e das conquistas, mas há razões objectivas para que assim seja e que todos conhecemos. Por isso é que defendo que se deve falar verdade, não por falta de ambição, mas por realismo e pragmatismo.
Ontem, como é hábito, o discurso mais praticado por muitos Sportinguistas foi o da maledicência e da detracção. Ainda para mais, numa noite em que os jogadores e staff dos nossos rivais foram alvos de uma tentativa de homicídio por parte, alegadamente, de elementos das claques que não existem, mas que eles insistem em apoiar, apesar de não existirem. E, perante isto, o que é que vários de nós fazemos? Ficamos entretidos a dizer mal de nós próprios.
Isto para já não falar de uma grupeta que, além de pretender dar-me lições de Sportinguismo que não admito a ninguém, ainda me brinda com insultos e calúnias, só porque me limito a ser militante do Sporting Clube de Portugal e, ao contrário deles, quero que o Sporting ganhe sempre.
Ou seja, isto é que é a falta de militância que sempre existiu no nosso Clube, e sobre a qual tantas vezes falei enquanto servi o Sporting. Este comportamento é a contradição absoluta dos que passam a vida a encher a boca com o chavão da militância no Clube, mas que depois são militantes de tudo menos do Sporting Clube de Portugal.
Isto é o paradoxo completo dos que passam a vida a encher a boca com os chavões da “defesa dos superiores interesses do Sporting” ou de que “ninguém está acima do Sporting”, mas que depois colocam agendas pessoais e individuais acima do Sporting Clube de Portugal.
Enquanto continuarmos assim não vamos, seguramente, a lado nenhum.
Eu, por mim, estou onde sempre estive, isto é, no Sporting Clube de Portugal, com Esforço, Dedicação e Devoção.
Eu, por mim, é desta causa que sou militante, e nunca me ouvirão denegrir ou fragilizar a imagem da Instituição no espaço público.
Falo com a autoridade de quem defendeu, publicamente, que, seja qual for o ângulo ou perspectiva por que se analise a absolvição de um ex-Presidente e de um ex-funcionário do Clube, esta foi uma excelente notícia para o Sporting Clube de Portugal, na medida em que manteve sem qualquer mácula o nome e a reputação desta Instituição mais do que centenária.
Eu, por mim, não alinho em cultos de personalidade, porque, para mim, ninguém é maior do que o Clube.
Sporting Sempre!
Texto de Nuno Saraiva, publicado originalmente ontem, na Tribuna Expresso
Imagine-se um estádio onde se "joga" à porta fechada, sem público, com som de "música ambiente" para evitar o silêncio e fotografias de adeptos nas bancadas para fingir que há gente a ver ao vivo.
Imagine-se um "jogo" em que os jogadores tudo fazem para manter distância física dos rivais em vez de procurarem o contacto, se abstêm de tossir, espirram sempre para a dobra do cotovelo, engolem o cuspo e fogem da bola para evitarem contagiar ou ser contagiados num lance dividido. Com receio permanente de que lhes sejam imputadas responsabilidades por opções que não tomaram, como está patente no ponto 1 do "código de conduta" elaborado pela Direcção-Geral de Saúde: se algo correr mal, a culpa será deles.
Eis a "nova normalidade" da terceira volta da Liga 2019/2020. Com regresso agora previsto para 4 de Junho, como anunciou Pedro Proença, alterando a data inicialmente apontada pelo primeiro-ministro e assinalando que se trata da "25.ª jornada".
Está equivocado: o que vai acontecer - se acontecer - será algo inteiramente novo. Com regras diferentes e sem a salvaguarda de elementares princípios da equidade desportiva, fundamentais para a credibilidade da competição.
Sou contra a realização desta "terceira volta", inédita no futebol português. Por ferir de forma grosseira a verdade desportiva. Na primeira divisão, ao estabelecer regras diferentes para os clubes (umas equipas jogarão nos próprios estádios e outras não voltarão a jogar em casa). Entre a primeira e a segunda divisão, ao aplicar critérios antagónicos para o desfecho das respectivas ligas profissionais (prolongando uma e anulando outra). E sobretudo ao nível do chamado "Campeonato de Portugal", como o meu colega João Goulão já escreveu neste blogue em termos inequívocos.
A situações idênticas aplicam-se princípios que não podiam ser mais diferentes. Perante o aplauso dos basbaques e com o monolitismo acrítico a imperar entre os colunistas da imprensa. Opinando em causa própria, quase todos defendem que o futebol "regresse", mesmo que as regras sejam mandadas às malvas.
Fariam bem melhor os clubes em montar estruturas desportivas que atenuassem os efeitos de uma potencial segunda vaga desta pandemia, estabelecer regras de competição em reforço da transparência e salvaguardar os seus direitos numa altura em que se aproxima o fim do vínculo contratual de muitos jogadores.
Acima de tudo, fariam bem melhor em rever de alto a baixo as suas precárias bases financeiras. O que vale para o conjunto da indústria futebolística, que tem movimentado fortunas muito mal distribuídas e tornou-se prisioneira de uma rede de intermediários sem escrúpulos. Estes agem como verdadeiros parasitas dos clubes ao ponto de lhes determinarem as prioridades orçamentais enquanto arruinam as carreiras de muitos futebolistas promissores, alvos de indecorosos leilões que mais parecem versões actualizadas das antigas "praças de jorna" para recrutar mão-de-obra.
E não adianta varrer a porcaria para debaixo do tapete: é cada vez mais evidente que o negócio não gera liquidez suficiente para manter tanta prosperidade de fachada e tanta ostentação postiça. Que sirvam de alerta peças jornalísticas como a da Eurosport, que há dias aludia ao FC Porto como «monumento em perigo».
Se este período de paralisia forçada imposto pela pandemia não serviu para reflectir sobre tudo isto, não serviu para nada.
Num destes dias li algures por aí que as datas no futuro passarão a definir-se por AC e DC, isto é, antes do Corona (AC) e depois do Corona (DC). Quase parece uma brincadeira, mas infelizmente não é.
Nada do que era antes desta pandemia ficará igual… e, quer queiram quer não, os clubes irão ser também vítimas deste surto epidémico que vai crescendo exponencialmente.
Seria assim bom que TODOS os dirigentes desportivos aproveitassem esta contingência para reformularem prioridades para os seus clubes, associações, federações.
Há quase um ano que nada escrevo por aqui. Ao que parece foi no dia 6 de Abril do ano passado. Posso justificar-me com as alterações na vida profissional, na vida pessoal ou até mesmo com o afastamento que diversas situações que ocorreram no nosso clube causaram na vontade de me manifestar.
Hoje, talvez compelido pelo facto de o nosso grupo se ir reunir, sinto que devo deixar aqui umas palavras.
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Nunca deixei de apoiar e ir sempre que posso a Alvalade, mas a verdade é que as informações que fui recebendo sobre acções da anterior direção, acções de Cintra e da comissão de gestão e agora sobre a atual direção me fizeram perceber por que motivo continuamos tão atrás dos nossos rivais.
Não escondo que votei Frederico Varandas. Não por o achar mais capaz, pois já por várias vezes tive oportunidade de dizer que o acho fraco, mas por confiar em elementos da sua equipa e no seu trabalho.
Não vou aqui falar sobre os negócios ruinosos que Cintra fez ou sobre algumas das já sabidas falcatruas de Bruno (atenção que há mais para vir a descobrir nos próximos tempos). Vou-me focar em quem está em funções e no que pode ser melhorado.
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Para começar, parece-me inadmissível que, mesmo trabalhando com a maior empresa de comunicação nacional, a nossa comunicação seja no geral fraca.
Em segundo lugar, em nada ajuda ter o fundador dessa mesma empresa - mesmo que já não exerça vai estar sempre ligado a ela - a mandar bitaites online, ajudando a que posições suas sejam confundidas com posições do clube, mesmo que já tenha sido defendido por elementos do clube que nada têm a ver com o que é dito e que se trata da simples opinião de um adepto como outro qualquer.
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Em terceiro lugar, a postura de "a direção e o treinador têm desculpa este ano, quaisquer que sejam os resultados, porque no início da época nem sabíamos se tínhamos equipa para a manutenção ou sétimo lugar", é manifestamente pouco ambiciosa para um clube que se quer vencedor.
Em quarto lugar, surpreende-me que digam que este treinador, mesmo entrando a meio da época, era uma aposta já para esta época, mesmo que isso lhe tire margem para preparar a próxima, mas que já seja visto por algumas pessoas como um erro de casting e tenha estado inclusive perto de sair, não tivesse a equipa apresentado uma agradável surpresa, tanto na exibição como no resultado frente ao Braga.
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Percebo que em seis meses não se vira uma ruína numa mansão, mas a margem para dar tiros nos pés está cada vez menor em Alvalade. Precisamos urgentemente de dinheiro e por isso acredito que, mesmo tendo aliviado - e bem - a pauta salarial, dificilmente conseguiremos manter os nossos dois melhores jogadores.
Mathieu é claramente acima da média, apesar de revelar alguns problemas físicos, mas já não vai para novo, tem um vencimento considerável e tem mercado.
Bruno Fernandes é de outro planeta. Não é formado em Alcochete mas dá lições de sportinguismo e profissionalismo. Um craque da cabeça aos pés, dentro e fora de campo. Se não for a melhor venda da nossa história, algo de muito errado se passa.
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Espero que a próxima época esteja a ser já muito bem preparada e que levem em conta estas receitas e poupanças, bem como a de Acuña, jogador que para mim continua a fazer mais sentido na ala esquerda do que a lateral.
Sei que querem uma equipa made in Academia, por isso não era mau reinvestir na academia, já largamente ultrapassada pelo Seixal, bastando olhar para os juniores e sub-23 para perceber isso.
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Temos de começar a dar minutos ao Max ou colocá-lo a rodar numa equipa mais competitiva para um dia assumir as redes. Renan não é mau mas Salin está longe de me convencer, sendo necessário alguém que nos assegure que a baliza fica bem entregue
Espero que olhem para as laterais e percebam bem onde têm de se reforçar. Borja é bom, Ristovski é um bom suplente, mas Jefferson e Bruno Gaspar são do pior que já vi com a verde e branca. Thierry e Abdu Conté têm potencial, mas tal como Max precisam de minutos a um ritmo competitivo mais elevado se um dia quiserem ser donos do lugar no onze.
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No centro da defesa, sem Mathieu, temos um problema. Gosto muito de Coates, um verdadeiro líder, tal como Bruno, mas basta não ter um parceiro da qualidade de Mathieu para se notarem algumas das suas debilidades. André Pinto parece-me manifestamente pouco e Ilori, sendo rápido e alto, é uma boa opção, apenas tem de deixar de inventar na saída de jogo.
Mas fica a faltar pelo menos um. Não gosto de fazer sugestão de reforços porque os jogadores às vezes enganam. Por exemplo Borja, que achei que poderia ter problemas de adaptação ao ritmo e posicionamento, tem sido uma bela surpresa enquanto Gudelj continua a ser uma decepção.
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Para o meio-campo há o homem dos livros. Geraldes entra sempre cheio de vontade, só tem de aprender a posicionar-se defensivamente. Por outro lado, há um mini-Adrien e um mini-Moutinho em potência, estou a falar, claro, de Miguel Luís e Daniel Bragança.
Há ainda um jogador que sempre gostei de ver jogar, Bruno Paz. Além de Wendel, Doumbia e o emprestado Palhinha.
Não incluí Gudelj, não por ser mau jogador - acho que, se quisesse, pelo seu físico e posicionamento, varria um meio-campo - mas pelo seu valor excessivo de opção de compra e pela atitude demonstrada em campo. Ficando ainda a faltar o útil mas limitado Battaglia e Petrovic que, na minha opinião, pode seguir viagem.
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Nas alas, havendo Acuña é menos um problema; não havendo, é preciso encontrar alguém. Ficam Raphinha, Diaby, Jovane.
Raphinha tem potencial, mas precisa de ter cabeça para ser constante, sem as oscilações de forma que já apresentou. Diaby é limitado mas voluntarioso: parece-me pouco para quem quer ser vencedor. De Jovane diria o mesmo que de Raphinha, apesar de achar o brasileiro mais jogador.
Pode regressar Matheus, ainda com muito a provar, depois dos problemas ocorridos no início da época. O potencial está lá, mas a cabeça tem de ser outra. Havendo ainda dois extremos da formação com potencial por comprovar: estou a falar do Elves Baldé e do Diogo Brás.
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Para a frente de ataque, há Dost que, já dizia Jesus, não pode jogar sempre e faltam opções.
Luiz Phellype foi um erro de casting, já não há Montero e, neste momento, faltam na Academia jogadores que tenham capacidade para fazer essa posição.
12
Esta é a minha visão do que pode ser feito. Gostava de saber as das outras pessoas, por isso venham daí as vossas opiniões.
Fique o Sporting no lugar que ficar este ano no campeonato, fará tanto sentido imputar responsabilidade pela classificação do clube, no final da época, a Frederico Varandas como teria feito se houvesse dedos acusadores apontados na direcção de Bruno de Carvalho, que já presidia ao clube quando ficámos num inédito sétimo posto em 2012/2013. Na altura, ninguém o fez. E muito bem.
O actual presidente chegou já com a época iniciada e o plantel fechado, encontrou o clube fracturado como nunca e herdou o atribulado processo das rescisões de jogadores, decorrente da página mais negra da história leonina. Os remendos feitos em Janeiro não iludem a questão de fundo: este é, de facto, um "ano zero" no nosso futebol, como o próprio Varandas reconheceu aliás em recente entrevista. Enquanto profissionais que abandonaram Alvalade, como Gelson Martins, Podence e Rafael Leão - todos formados em Alcochete - se destacam noutras ligas europeias. Esperemos que a justiça não tarde e seja dura nas punições.
A única responsabilidade directa que lhe é imputável relaciona-se com a escolha da actual equipa técnica. Que inclui, não esqueçamos, não apenas o treinador principal, Marcel Keizer, mas também Raul José (director do departamento de prospecção de jogadores) e Francisco Tavares (coordenador da nova Unidade de Desempenho), ambos já a trabalhar em Alvalade, e Miguel Quaresma, prestes a chegar como director técnico da nossa formação.
Há que deixá-los trabalhar. A eles e a João Pedro Araújo (director clínico), Alireza Rabbani (cientista do desporto), Paulo Gomes (director-geral da Academia), José Guilherme Chieira (prospecção) e Tomaz Morais (departamento de liderança e formação interna). Sem hipotecarmos o sentido crítico, naturalmente. Mas com a noção de que ninguém obtém resultados sem dois ingredientes indispensáveis em qualquer organização: meios e tempo.
Há sete meses exactos, o Sporting bateu no fundo. Qualquer reflexão que possa hoje fazer-se nunca poderá escamotear este dado factual.
Parece ter sido muito mais tempo atrás, mas a verdade é que só decorreram sete meses. A 15 de Maio de 2018, ainda em estado de choque perante o que acabáramos de saber (e não tínhamos visto muitas das imagens mais chocantes, nem havia então qualquer inquérito judicial em curso), percebemos de imediato que uma linha de fronteira fora cruzada. Uma linha que tornava irrisórios todos os debates e todas as fracturas anteriores: entrava-se numa etapa diferente, que pelos piores motivos punha o Sporting nas bocas do mundo do futebol e nada nos augurava de bom. Uma linha que estabelecia um nítido contraste entre um núcleo de valores civilizacionais do qual um cidadão bem formado jamais abdica e a total ausência deles.
Um Verão escaldante
Superámos, em larga medida, essa dura provação.
Isto deve-se, desde logo, a um restrito conjunto de sportinguistas que vale a pena nomear. Com destaque para a Mesa da Assembleia Geral, integrada por Jaime Soares, Eduarda de Carvalho e Diogo Orvalho. Este trio suportou todos os enxovalhos, todos os insultos, todas as ameaças - tenaz na sua intransigente vontade de devolver a decisão aos sócios: até este elementar direito esteve para nos ser sonegado. Em paralelo, aos cinco elementos que aceitaram integrar a provisória Comissão de Fiscalização: João Duque, António Paulo Santos, Luís Pinto de Sousa, Henrique Monteiro e Rita Garcia Pereira. E também, claro, aos membros da Comissão de Gestão que orientou o clube e a SAD leonina naquelas precárias semanas entre a inédita assembleia geral de 23 de Junho que sufragou a destituição do Conselho Directivo e o acto eleitoral de 8 de Setembro.
Por mim, nunca deixarei de lhes estar grato.
Regeneração tranquila
Falta, enfim, fazer uma referência a Frederico Varandas, não o primeiro mas o principal pilar desta regeneração tranquila que o Sporting tem conhecido. Sem procurar os holofotes mediáticos, sem declarações rimbobantes, teve o mérito de se propor encabeçar um novo ciclo no clube. Enquanto outros se resguardavam e faziam cálculos, no momento mais difícil, ele deu um passo em frente e declarou-se pronto para o justo combate: havia que reerguer esta centenária instituição de utilidade pública a que nos orgulhamos de pertencer.
Escolheu o melhor dos lemas: "Unir o Sporting". Recebeu uma maioria de votos expressiva em Setembro. Viu o segundo candidato mais votado, João Benedito, endossar-lhe o apoio na própria noite eleitoral - um gesto que só engrandeceu o nosso antigo capitão de futsal, glória desportiva do clube. E nada fez nem disse desde então que traísse o feliz mote que apresentou aos eleitores. Pelo contrário, o Sporting está hoje mais mobilizado, mais coeso, mais unido. Triunfa na frente futebolística, continua a singrar nas modalidades, procura a estabilidade financeira consciente de que haverá novos cabos das tormentas a dobrar no horizonte.
Um lema e um rumo
Não ouvimos de Varandas, nestes três meses, uma palavra que dividisse hostes, apenas frases cirúrgicas destinadas a congregar os sportinguistas. Sem retórica balofa, sem exposição constante, sem qualquer obsessão de arregimentar tropas nem de cavar trincheiras. Desta forma, transformou o benefício da dúvida que muitos lhe deram, tendo ou não votado nele, em apoio declarado e confiante neste último trimestre de 2018. Alguns acusam-no de falar pouco. Mas se havia coisa que sobrava, no Sporting pré-Varandas, eram palavras. No desporto, como na vida, nenhuma meta credível se alcança com incontinência verbal.
Para um clube que há sete meses bateu no fundo, este era o caminho que se impunha. "Unir o Sporting": mantenha-se o presidente leonino fiel ao lema que escolheu para a campanha no mais desolador Verão de que há memória em Alvalade e saberá sempre qual o rumo a seguir.
Marketing como fonte geradora de receita. De André Granado.
Eleições justas: proposta de novo modelo. De Carlos Correia.
Com estes 25 textos, subscritos por sócios de sensibilidades diferentes, chega ao fim esta série de reflexões que durou quase um mês no nosso blogue.
Agradeço a todos quantos aceitaram colaborar connosco neste período de campanha eleitoral - talvez a mais importante de sempre na história centenária do nosso clube.
Torcendo para que tudo corra bem, e para que tenhamos uma AG, desta vez, cordial e pacífica, não deixo de ficar apreensivo com a representatividade e justiça que o resultado possa vir a trazer. Na minha opinião, havendo um número alargado de candidatos, os resultados com apenas uma volta poderão não traduzir os desejos dos sócios, mas penso também que a segunda volta poderia não resolver a questão com eficácia.
Exemplificando, tenhamos em conta que existem quatro candidatos e que a votação irá ser distribuida da seguinte forma:
A : 23%
B: 24%
C: 25%
D: 28%
Sem dúvidas que havendo eleições a uma volta, o candidato D será o vencedor com 28% dos votos.
Partamos agora do pressuposto que o candidato D é persona no grata para todos aqueles que não votaram nele. Que é alguem destrutivo, sem berço, sem princípios, mas que tem o seu séquito de seguidores fanáticos. Agora consideremos uma segunda volta.
Concorreriam as listas C (25%) e D (28%). Dada a consideração anterior, obviamente quem votou nas listas A e B transferiria o voto para a lista C, ficando o resultado final:
C: 72%
D: 28%
(lindos números, a propósito)
Uma segunda volta traz problemas logísticos, de custos e de mobilização, dada toda essa problemática e de necessitarmos no mínimo de marcar eleições em dois fins de semana consecutivos. Será que os resultados aí poderão não ser justos?
A resposta óbvia é sim. Os resultados podem não ser justos. O problema neste tipo de democracia é que, ao votarmos numa lista, estamos a tratar da mesma forma as listas em que não votamos. E não é tudo igual! Transpondo para a política, por exemplo, se eu fosse militante do PP, consideraria de forma bastante diferente o PSD e o Bloco de Esquerda!
Jean-Charles Borda, um matemático e cientista francês do século XVII, resolveria isto com grande mestria.
Exemplifiquemos, partindo agora do pressuposto que para quem nele não vota, o candidato A é o mais consensual, de seguida o B e depois o C.
Como vimos antes, o candidato D estaria no fim da linha para todos os votantes de A, B e C. Isto significa que o candidato A, pelas suas características pareceria ser o mais consensual entre todos, pois seria primeira e segunda escolha!
Assim, ordenando as preferências teriamos:
Votantes da A: A >B>C>D
Votantes da B: B >A>C>D
Votantes da C: C >A>B>D
Votantes da D: D>A >B>C
Borda atribuiria, por exemplo quatro votos à primeira escolha, dois à segunda e um à terceira.
E, agora sim, com esta magia do século XVIII, acredito na justeza dos resultados, e sem necessidade de duas voltas!
Teriamos, então:
A : 35%
B: 28%
C: 21%
D: 16%
Posso ceder estes cálculos, mas aqui perceberiamos que o vencedor candidato A seria o mais justo. Isto porque se percebe que este é a primeira escolha de 23% dos votantes, mas é a segunda escolha dos restantes 77%. E isto importa.
Por outro lado, o candidato D, apesar dos 28% de primeira escolha, seria a última opção para todos os restantes 72% (aqui faço o match perfeito com um putativo candidato...)
Como factor negativo temos apenas que o apuramento dos resultados torna-se um pouco mais complexo, mas nada do outro mundo tendo em conta as ferramentas computacionais de que dispomos.
Tendo isto em conta, considero que os resultados do Festival da Eurovisão (utiliza-se este método), são os mais representativos possível. O bom gosto nas escolhas é outra estória...
Estou disponível para trabalhar com os futuros órgãos sociais para aprofundar e avaliar o modelo. O que vos parece a aplicação e os resultados do mesmo?
A cada dia que passa, o marketing vem ocupando cada vez mais espaço e cada vez mais importância dentro das organizações, pois nele se concentra a inteligência competitiva e estratégica da empresa, analisando todo o mercado: pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades, os players, o branding... É fundamental para elaborar estratégias que possam atender às necessidades e desejos dos seus clientes, neste caso os adeptos.
Em suma, o marketing é o principal aliado das empresas para alavancar o crescimento, fidelizar clientes e alcançar a rentabilidade do negócio, dando-lhes um direcionamento por meio de suas análises e pesquisas oferecendo um produto/serviço ideal ao mercado em vez de oferecer ao produto/serviço um mercado ideal.
Muito há para dizer e para fazer a partir do próximo dia 9 para melhor potenciar a marca Sporting e conseguir gerar mais receitas e dar mais valor acrescentado aos adeptos.
Neste contexto, partilho aqui, de forma muito resumida, um conjunto limitado de ideias, indiciador do caminho que pode e deve ser seguido pela nova direção:
1- "Digital billboards" no estádio: Este tipo de tecnologia utilizada nos estádios permite ter publicidade diferenciada para onde está a ser transmitido o jogo. Em termos práticos, dou o exemplo das competições europeias em que isto pode ter um impacto ainda maior porque pode propiciar mais eficácia aos anunciantes e até duplicar os anunciantes. Ou seja, uma marca pode estar a passar o anúncio para a transmissão nacional enquanto ao mesmo tempo, em Espanha, estão a ver outra marca que tem alcance/mercado mais abrangente.
2- Merchandising: Ao nível do merchandising o Sporting tem um longo caminho a percorrer, quer para o futebol quer para as modalidades, onde não temos praticamente nenhuma oferta. Temos de olhar para bons exemplos de marketing promocional e de merchandising, tais como a competição de Rugby SUPER XVIII, bem como todo o marketing à volta da seleção dos All Blacks, numa bem sucedida parceria com a Adidas e que gera milhões em receitas para a SANZAR (responsável da competição Super XVIII) e para a Federação Neozelandesa de Rugby.
3- Parcerias e marketing digital: O reforço da oferta do merchandising terá de ser obrigatoriamente acompanhado por uma boa estratégia de distribuição, não só ao nível das lojas Sporting, bem como parcerias interessantes que possam ser feitas com grandes cadeias de distribuição (e.g. Sportzone, Decathlon etc). Outro fator de potenciação deste incremento de receitas tem de ser o marketing digital e uma boa plataforma de e-Commerce suportada no site do Sporting. A conjugação das potencialidades destes dois fatores permitirá personalizar a oferta e fazê-la chegar a todo o universo potencial de três milhões de adeptos que hoje indubitavelmente utilizam e navegam na internet. Depois a própria dinamização do site do Sporting com conteúdos atrativos, jogos (tipo liga fantasy) pode incrementar substancialmente o tráfego orgânico do site e incrementar também as receitas, uma vez que podemos ter uma plataforma de publicidade para outras marcas que queiram publicitar os seus produtos, estabelecendo novas formas de receitas e de parcerias comerciais.
4- Experiência do utilizador: Marcar a ida das pessoas ao estádio, personalizando os conteúdos e as ofertas que lhes são dadas no dia do jogo, criando momentos lúdicos para os diferentes targets (crianças, mulheres, etc) que reforcem a ligação afetiva dos adeptos ao seu clube e que façam com que os adeptos queiram trazer toda a família a Alvalade.
Alguns exemplos, que podem parecer simbólicos mas penso que são ilustrativos do muito que se pode fazer com pouco:
As câmaras no estádio não focam muito os espectadores, que gostam sempre de aparecer. Dinamizar isto cria uma dinâmica apelativa, que pode ser levada ao limite, e um pouco à semelhança do que se vê nos estádios norte-americanos de beisebol, futebol americano e basket, pedindo p.e. a um casal no estádio para estes se beijarem, ou escolher um miúdo apanha-bolas e perguntar ao estádio "futuro Cristiano?" ao mesmo tempo que o incitam a dar uns toques com a bola.
Durante o intervalo porque não dar um espetáculo de um craque a dar toques de bola que ponha o estádio todo maravilhado e criar sempre esta expectativa de um espetáculo surpreendente durante os tempos mortos do jogo que faça as pessoas ficarem com a convicção de que, ao pagarem o seu bilhete ou a sua gamebox, vão ter mais pelo mesmo valor?
Em resumo, a experiência que se vende aos sócios no estádio não pode só depender do "produto" desportivo (entenda-se, o jogo, até porque o desfecho pode não ser o desejável). Já é feita alguma animação no estádio, mas muito mais pode ser feito e, mesmo que a comparação possa parecer desproporcionada, devíamos ter como referência a super bowl ou outras grandes competições desportivas para conseguirmos dar valor acrescentado pelo bilhetes e pelas quotas que os adeptos pagam.
O Sporting tem cada vez mais de deixar de ser um clube elitista, passando em vez disso a ser um clube representativo, pensado e participado pelo universo dos seus representantes.
É inegável o orgulho que o Sporting sente pela sua universalidade espalhada por Portugal e pelo mundo. Infelizmente muitas vezes fica-se simplesmente por aí, no orgulho e nada mais.
Semana após semana são várias as equipas do Sporting a competir pelo País. Era imperioso que antes dessas competições houvesse um diálogo permanente com o universo do Sporting para que a mobilização acontecesse em pleno. Grande parte deste universo - e que tem claramente opinião - está longe de Alvalade. As verdadeiras claques são aquelas que albergam os grupos organizados de adeptos: estes são em grande parte o motor e alavanca, ao despertarem, ao dinamizarem e ao acompanharem as diversas equipas do Sporting.
Um presidente é um comandante, um líder, um agregador, um ouvinte, um gestor (de recursos, processos, pessoas e de sensibilidades). Acredito que, bem ou mal, cada um dos ex presidentes da história do Sporting deu em cada momento da sua governação o seu melhor pelo clube que ama. O Sporting Clube de Portugal é o clube mais eclético de Portugal, da Europa e do Mundo - desse facto todos nos orgulhamos. As modalidades são importantíssimas no nosso ADN, aliás o ecletismo desportivo é o ADN do Sporting.
Legitimamente e orgulhosamente se levanta a nossa bandeira da formação no futebol. A nossa Academia e o nosso Pólo do EUL são os exponentes máximos dessa formação. Não podemos deixar de ouvir as opiniões nem deixar de recolher as sugestões dos representantes destas estruturas. Os Cinquentenários, Stromp, Fundação Sporting e Leões de Portugal são organizações autónomas e fundamentais no desenvolvimento de diversas acções envolventes na sociedade que nos envolve.
Face ao exposto, considero uma enorme mais valia, a todos os níveis, que o universo sportinguista possa pronunciar-se através de opiniões e sugestões, mesmo sem carácter vinculativo e que este mesmo universo possa ser representado num órgão consultivo do presidente e da sua direcção mas nunca num órgão electivo e sempre com elevado sentido de confidencialidade.
Sugiro que seja esta a sua composição:
2 representantes dos Núcleos Nacionais
1 representante dos Núcleos Internacionais
1 representante das Delegações
1 representante das Filiais
1 representante das Claques
2 representantes das Modalidades
Director da Academia de Alcochete
Director do Pólo da EUL
Ex- Presidentes da Direcção
1 representante do Grupo Stromp
1 representante dos Cinquentenários
1 representante da Fundação Sporting
1 representante dos Leões de Portugal
Esta é a minha opinião de fundo. Obviamente que a questão da universalidade poderá ser alterada acrescentando ou diminuindo a sua representatividade. Poderá também ser meramente um grupo ou órgão regimental ou regulamentar, podendo não existir a necessidade de figurar estatutariamente, mas considero que o respeito por todo o universo Leonino ficará salvaguardado neste modelo de auscultação.
No próximo sábado, teremos uma das mais importantes eleições da história centenária do Sporting Clube de Portugal. Nela se vai decidir muito do futuro do nosso Clube, depois dum conturbado período recente, que muito nos fez sofrer e nos fragilizou. Neste contexto, é importante que destas eleições saia vencedor um PROJECTO e uma LISTA DE PESSOAS (incluindo obviamente, e em destaque, o Presidente, mas não se reduzindo minimamente a este) que possam habilitar o Sporting a conseguir múltiplos desideratos, que (simplificando o mais possível), resumiria aos seguintes vectores:
- Negação inequívoca de projectos do passado, baseados numa ditadura de imposições financeiras, resumindo o Clube a um parceiro económico, refém de superiores interesses de terceiros (que não o Clube), que nos conduziu em tempos não longínquos a uma atrofia e a uma menorização inaceitáveis;
- Capacidade de manter tudo o que de positivo teve a Direcção de Bruno de Carvalho, em termos de engrandecimento do Clube, transversal a todas as modalidades, e à recuperação da mística, da garra e do orgulho de sermos Sportinguistas;
- Ser capaz de aumentar a competência global na estrutura (total e transversal) do Futebol do Sporting, com uma equipa de pessoas que tenham o diagnóstico preciso dos males de que tem padecido o Futebol do Sporting (que tem impedido o seu sucesso a nível da equipa principal de Futebol Profissional, apesar das invulgares verbas investidas nos últimos anos, e que tem conduzido à atrofia e menorização do Futebol de Formação);
- Ter um Presidente com carisma, rigor, inflexibilidade, resistência, coragem e determinação para enfrentar os verdadeiros adversários do Clube, fora do Sporting (e não dentro, como por vezes a campanha pareceu demonstrar) a todos os níveis onde eles se encontrarem (e são muitos …).
Para termos esperanças na possibilidade de sucesso em todas estas frentes de luta, o Sporting Clube de Portugal precisa (e não precisa …):
- De um programa de acção global, completo, detalhado e transversal de todos os focos de intervenção necessários e de quais as acções concretas para o conseguir (e não de afirmações avulsas de boas intenções, sem substrato efectivo);
- De uma equipa globalmente definida à partida, com profissionais com enorme competência em cada uma das áreas de acção (futebol, modalidades, finanças, marketing, negócio, media,…), que garantam o maior sucesso na sua intervenção. Não precisa seguramente de equipas incompletas, desequilibradas, ou com elementos que nos oferecem a certeza de insucesso na sua acção;
- Precisa de uma equipa de pessoas que amam o Clube, e que saíram da sua zona de conforto e sucesso profissional, porque entenderam que neste momento de enorme fragilidade do Clube, poderiam ser a chave do sucesso e do reencontro com um futuro de glória e vitórias que todos desejamos e merecemos; não precisamos seguramente de pessoas que sempre estiveram no Clube para se servir, pessoal e profissionalmente, ou que anseiam chegar ao poder para poderem obter benefícios e proveitos próprios;
- Precisa de uma equipa estruturada desde o início em bloco, em conjunto, que funciona em si mesmo dessa forma – como Equipa, como um TODO- , e não de uma manta de retalhos de interesses que se foram aglutinando sucessivamente (e até à última hora …) não para defesa e bem do Sporting, mas para defesa e proveitos próprios. Não precisamos de um conjunto sem qualquer elo de ligação interpessoal que não seja o benefício próprio, mas sim de um conjunto de pessoas que se uniu de forma apaixonada e integrada desde o início com um único objectivo – Servir o Sporting, restaurar o Prestígio e a Glória do Clube !;
- Precisa, por fim, do tal Presidente, com cultura e ADN do Sporting, com conhecimento profundo do Clube, mas com a coragem e a resiliência de ser capaz de, com coerência, frontalidade e isenção, enfrentar as duras batalhas internas, mas sobretudo externas, que o futuro nos reservará decerto.
Estamos a terminar um período eleitoral muito intenso. Em que uns afirmaram mais ideias, projectos, equipas e conhecimento do que outros. Em que uns saíram mais da sua zona de conforto do que outros (que fizeram uma campanha mais defensiva, e por isso mais calma e menos penalizadora, mas eventualmente menos esclarecedora) e ousaram questionar, denunciar, alertar e identificar os erros, as incongruências e as inoperâncias de outras candidaturas. Em que uns usaram sobretudo a ofensa, a mentira e a calúnia, sempre para prejuízo dos mesmos. Em que foi visível quem tem carisma para ser líder e defender o Sporting, e quem o não tem…
Sábado seremos TODOS grandes Sportinguistas, companheiros de sempre de uma luta que agora apenas vai continuar, e em que temos TODOS um ÚNICO objectivo – o BEM do nosso SPORTING !
Saibamos escolher, escolhamos o projecto que entendemos melhor defender o nosso Clube, mas tenhamos a grandeza de ser capazes de fazer aquilo que o nosso Clube nos EXIGE – termos TODOS um só Presidente a partir de 8 de Setembro de 2018 !
Faço desde já uma declaração de interesses. Apoio Rui Rego e faço parte da Lista E, candidata à Assembleia Geral.
Sem embargo, vou tecer algumas considerações sobre o que entendo de importante neste acto eleitoral.
O Sporting tem vivido há muitos anos em sistemáticos processos eleitorais. Os Presidentes que antecedem tiveram vida curta. Roquete liderou 4 anos, Dias da Cunha 5 anos, Soares Franco 4 anos, José Eduardo Bettencourt 2 anos, Godinho Lopes 2 anos e, por fim, Bruno de Carvalho 5 anos.
Em 15 anos o Sporting teve seis Presidentes enquanto Benfica e Porto apenas um. Isto tem muita importância e relevância e por aqui se compreende não apenas a instabilidade governativa como a sucessão infinita de modelos de governação sem que o sucesso desportivo se materialize e sem que a SAD dê lucros. Passam os anos e os sportinguistas, em vez de falarem de títulos conquistados e a conquistar, falam de reestruturações financeiras. E, extensivo e factual, todos os Presidentes que se sucederam prometeram o toque de Midas, a salvação, as soluções imediatas e mediatas.
Em vão, como vimos.
Por outro lado, e paralelamente, o Sporting tem-se revelado um clube que padece de autofagia. Impressiona a capacidade que temos de nos ferir e dividir. Os fenómenos do imediatismo com que comunicamos e dos inúmeros programas televisivos existentes com comentadores afectos aos clubes têm, na minha opinião, acentuado a questão. Mas entenda-se que o problema antecede, pois a tónica só se vislumbra no nosso clube.
Devemos todos, a bem de nós e do Clube, repensar este fenómeno e acima de tudo o conceito de Família Sportinguista que deveria imperar.
Retomando, não há muito tempo para inverter os sistemáticos ciclos de governação. Apresentam-se sete candidatos e a todos respeito profundamente pois considero-os, sem excepção, grandes sportinguistas que, na sua liberdade e sportinguismo, vão a jogo pelos superiores interesses do Sporting.
Ao contrário do que por aí ouvi, não há voto útil nestas eleições. Ninguém pode dizer votar em A para que B não ganhe. Se não há voto útil, todos os votos são pelo candidato e pelo projecto que se consideram melhores para dirigir nos próximos anos os destinos do Clube. É aqui, na verdade, que eu fiz a minha escolha. Escolhi um candidato desconhecido e que trouxesse novidade. Rui Rego é esse candidato. É novo, é um sócio comum do Sporting, não vem do croquetismo, tem ideias, tem visão a médio e longo prazo e acima de tudo corta radicalmente com os modelos de governance que tão maus resultados têm dado ao Clube.
É a única candidatura que se diferencia das demais com o seu modelo de gestão que, quando antes usado, deu os derradeiros títulos nacionais ao Sporting.
É bom lembrar isto.
Olharia com desconfiança para um advogado, meu Colega, a dirigir a SAD de um Clube. Mutatis mutandis, olharei sempre com a mesma desconfiança para outros candidatos que assumam tal cargo porque, na vida, cada coisa a seu dono. É a minha opinião. Por isso estar tão identificado com o modelo de profissionalismo que Rui Rego propõe. Acho sensato e perfeito. Tem um homem que sabe de futebol como poucos para liderar a SAD.
A propósito de visão, destacaria indubitavelmente a proposta feita para o Estádio do Futuro, ecológico, digital, sustentável e rejuvenescido.
Isto é ter visão, é ir além de chavões.
No mais, todos os candidatos apresentam soluções para a gestão do futebol e Academia, umas melhores que outras, umas mais notadas que outras, mas todas válidas.
Naturalmente que dentro destas ambiciono para o meu Sporting a que tem mais mundo, mais conhecimentos, contactos e prestígio.
Falo de Roberto Carlos.
Por último, faço uma abordagem que me parece de absoluta importância. Falo da capacidade ou falta dela que as candidaturas têm mostrado para responder a uma simples pergunta: onde vão buscar dinheiro para o Sporting?
O Sporting precisa e muito de dinheiro para fazer face às necessidades mais imediatas mas igualmente para investir. Fique claro, sem investir no futebol não haverá títulos e seremos remetidos para a segunda divisão europeia. E isso, não queremos!
Não há um sportinguista que o queira, que o deseje.
Nas sete candidaturas, apenas duas apresentaram soluções deste cariz e destas apenas uma materializou com nomes concretos dos parceiros estratégicos. Este ponto é fundamental. Quiçá o mais importante.
Não menosprezo as equipas que se apresentam. Parece inconsistente as candidaturas que, ao longo de semanas, vão “encaixando” personalidades. Não tarda existirão mais pessoas que cargos e os conflitos serão uma possibilidade. Inversamente, dou maior ênfase a equipas formadas inicialmente e que vão à luta sem retoques ou cosméticas. Porque são estas que são verdadeiramente equipas e não aglomerados de pessoas.
No mais, aplauso para todas as candidaturas que pretendem que a Formação do clube volte a ser o que foi vários anos atrás, sem o desinvestimento verificado recentemente. E, por outro lado, aplauso para todos quantos pretendem que as Modalidades se mantenham na senda vencedora e com o investimento necessário mas racional.
Na conjugação das variáveis, uma lista me confere maior e melhor credibilidade para um Sporting de futuro. Futuro! E que a SAD dê lucros para fortalecer o Clube. É a lista E.
Nela irei votar porque quero um Sporting grande como os maiores da Europa.
Descrever num pequeno texto o que é o Sporting é uma aventura.
Como somos? O que somos os que sofremos com e pelo Sporting? Os que não desistimos e que, mesmo quando tudo parece correr mal, estamos lá. Sabemos porque não ficamos em casa.
O Sporting é o meu clube há 70 anos. E nunca desisti porque sei que amanhã vai ser melhor. Vamos ganhar!
O Sporting e o futebol já não são o que eram. Mudaram, como tudo na vida, nem sempre para melhor, mas o caminho faz-se caminhando. Eu gosto de mudança, penso que é a maneira de evoluir. O meu tempo não foi melhor do que o actual, foi diferente.
Alegra-me e dá-me confiança ver toda uma nova geração de leões a quererem liderar o Clube, principalmente quando essa nova geração defende princípios de ética e de rigor. São os princípios do Sporting - e estes nunca mudam.
Temos, finalmente, de aprender a viver uns com os outros. Com ideias diferentes, escolhas diferentes, mas garantindo o nosso ADN e querendo todos o mesmo: a glória do nosso Sporting. É isto que espero para o futuro.
Associo-me a esta vossa iniciativa com algumas opiniões sucintas sobre assuntos que gostaria de ver alterados no nosso Sporting, que sempre foi a paixão da minha vida.
1. Gostaria que houvesse mais respeito pelos sócios, constituindo-se um gabinete a funcionar em permanência em Alvalade onde pudessem ser escutados, de modo a que os problemas fossem resolvidos.
2. Gostaria que houvesse maior interacção entre a direcção e os sócios.
3. Gostaria que houvesse merchandising acessível, principalmente para bebés e crianças, considerando que em poucos meses deixa de servir. Padrinhos, amigos e outros familiares adorariam, certamente, oferecer equipamentos do Sporting.
4. Gostaria que fossem revistas as situações dos sócios com quotas de reformados que perderam o direito ao voto pela antiguidade que tinham. Há sócios com 50 anos de filiação só com três votos porque há dez ou vinte anos passaram a usufruir de reformas abaixo do ordenado mínimo nacional.
5. Gostaria de ver melhorada a comunicação entre o clube e os sócios. Não compreendo como o contacto telefónico é praticamente inexistente, e o pouco que há é muito mau. A linha é um call center ineficaz, além de ter chamadas de valor acrescentado.
6. Gostaria de ver rentabilizadas as zonas devolutas no estádio.
Saudações Leoninas.
EUGÉNIA MARTINS
Sócia n.º 10.884
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