Delírio entre os madridistas: Kylian Mbappé foi ontem apresentado perante 80 mil adeptos no estádio Santiago Bernabéu. Vai formar uma equipa galáctica com Courtois, Alaba, Modric, Bellingham e Vinicius.
Chega ao Real, aos 25 anos, beneficiando do maior "prémio de assinatura" de que há memória: uma quantia entre 117 milhões e 150 milhões de euros. São para ele, pois estava livre de qualquer vínculo anterior: havia chegado ao fim o seu contrato com o PSG, clube onde manifestamente não foi feliz. Como já houve quem titulasse, com manifesta ironia, é «a transferência gratuita mais cara da história» do futebol.
Na apresentação, Mbappé falou num castelhano fluente - prova inequívoca de que este foi um passo preparado com a devida antecedência. E repetiu as palavras de Cristiano Ronaldo, no mesmo local, quando foi apresentado em 2009 aos sócios do Real Madrid.
Em Madrid, Mbappé manterá 80% dos seus direitos de imagem. O outro único astro do Real que ali teve este estatuto foi precisamente Cristiano Ronaldo, em 2009. Contrariando a prática habitual: os jogadores do Real costumam partilhar os seus direitos de imagem em partes iguais com o clube.
Com uma fonte de inspiração como esta, o craque francês acaba de dar o passo mais adequado na sua carreira. Não custa vaticinar que irá ainda muito mais longe. Ele merece.
O prémio para o vencedor da Liga do Campeões é de 20 milhões.
Contas feitas, se perder o Dortmund ganha 40 milhões, se ganhar o Dortmund perde 20 milhões.
De quem é a culpa?
Das vendas por objectivos que podem colocar em causa a verdade desportiva. Esta questão coloca-se na final mas, também, se podia ter colocado nas meias finais ou nos oitavos de final. Imaginemos que o sorteio tinha determinado um Dortmund vs. Real Madrid mais cedo, o clube alemão tentaria passar a eliminatória ou apostaria nos 25 milhões?
Como é que se resolve?
Proibido todas as vendas por objectivos que possam colocar em causa a verdade desportiva, nomeadamente, em jogos entre a equipa que vende e a equipa que compra.
Thibaut Courtois, campeão de Espanha e campeão europeu
O futebol é desporto colectivo, sim. Mas com partidas decisivas em que um só jogador pode fazer toda a diferença.
Assim foi, ontem à noite, na final da Liga dos Campeões disputada no Stade de France. A turma madrilena aguentou o ímpeto ofensivo do vice-campeão inglês, que se foi instalando no meio-campo adversário sempre de olhos na baliza. Desenhando as jogadas mais diversas. Acontece que na baliza do Real estava um gigante apostado em levar para casa o mais cobiçado troféu da modalidade a nível de clubes: Thibaut Courtois. Com os seus 2 metros de altura, parecia preencher todo o espaço disponível na linha de meta.
É a Courtois, guarda-redes titular da selecção belga e desde 2018 em Madrid, que a larga falange de adeptos do Real deve este 14.º título europeu, arrancado a ferros na segunda parte com um fabuloso passe cruzado de Valverde para Vinicius encostar, com um Alexander-Arnold incapaz de cobrir o ágil extremo brasileiro.
Foi o segundo e último remate da turma merengue nesta final: o anterior, ainda no primeiro tempo, resultou em golo de Benzema anulado por deslocação.
Antes e depois do intervalo, tudo fez o Liverpool para triunfar. Mesmo sabendo que chegava muito mais desgastado a este confronto após disputa cerrada pelo título inglês, perdido mesmo ao cair do pano para o Manchester City por apenas um ponto. Muito mais tranquilos os madrilenos, com o campeonato garantido há várias semanas e a certeza de terem eliminado o City numa quase miraculosa meia-final em que fizeram o primeiro remate enquadrado só aos 90'.
Agora mantiveram a toada: dois remates, um dos quais resultou no golo solitário que decidiu o título. Na baliza, o gigante belga fechava tudo. Impediu o Liverpool cinco vezes de marcar - quatro por Salah, uma por Sadio Mané. O craque egípcio tentou de várias maneiras, em jeito e em força: foi incapaz de superar Courtois. O destino do jogo estava traçado: desilusão máxima para os pupilos de Jürgen Klopp, sem avançado fixo; júbilo sem fim para o plantel orientado por Carlo Ancelotti, que não hesitou em fazer linha defensiva com cinco para travar as investidas inglesas.
Não ganhou o melhor: ganhou o mais eficaz. Resultadista? Sim, à Mourinho - que há dias conquistou o seu quinto título europeu. Sem problema em "jogar feio", em conceder iniciativa ao adversário, em fazer da fraqueza força. Obedecendo à estratégia do técnico italiano, agora detentor de quatro Ligas dos Campeões - duas pelo Milan (2003, 2007), outras tantas pelo Real (2014, 2022).
E, claro, com Courtois a fazer toda a diferença. Campeão de Espanha, campeão europeu. Pena a Bola de Ouro fazer de conta que os guarda-redes não existem: em 65 edições, só uma vez distinguiu alguém nesta posição - o russo Lev Yashin, em 1963. Este ano o prémio devia ser do gigante belga.
ADENDA: Por cá, a maioria dos prognósticos atribuía vitória ao Liverpool. Não se confirmaram.
Stade de France, onde Portugal se sagrou campeão europeu em 2016
Não é meu costume estender estes prognósticos a finais europeias, mas vou abrir uma excepção. Perguntando a quem me lê qual será o resultado do decisivo desafio que vai opor amanhã, a partir das 20.00 (hora portuguesa, excepto nos Açores), o Liverpool ao Real Madrid. Naquela que se antevê como uma espectacular final da Liga dos Campeões. Chegou a estar marcada para a Rússia, mas a guerra em curso na Ucrânia desde 24 de Fevereiro levou a UEFA a trocar Sampetersburgo pelo Stade de France parisiense, onde Portugal se sagrou campeão europeu em 2016.
Estarão em confronto dois colossos europeus. Os madrilenos, vencedores de 13 títulos máximos do futebol do nosso continente - em 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1966, 1998, 2000, 2002, 2014, 2016, 2017 e 2018. Os ingleses, seis vezes vencedores - em 1977, 1978, 1981, 1984, 2005 e 2019. Os primeiros comandados pelo italiano Carlo Ancelotti, os segundos pelo alemão Jürgen Klopp.
Quem vencerá? E quem marcará os golos? Aguardo os vossos vaticínios.
Pelo Liverpool devem actuar Alisson, Alexander-Arnold, Konaté, Van Dijk, Robertson, Henderson, Thiago Alcântara, Keïta, Salah, Mané e Luis Díaz. E o Real pode apresentar Courtois, Carvajal, Éder Militão, Alaba, Mendy, Kroos, Casemiro, Modrić, Valverde, Benzema e Vinícius.
Com Fabinho e Firmino em dúvida pelos reds e o jovem brasileiro Rodrygo, estrela absoluta da épica meia-final ao marcar dois golos pelo campeão espanhol contra o Manchester City, podendo figurar no onze inicial madrileno.
Se quiserem, aproveitem também para revelar por qual destes dois clubes torcem mais.
A magia do futebol pairou na espectacular meia-final da Liga dos Campeões hoje disputada no Santiago Bernabéu. O Manchester City entrou em campo com vantagem - e algo sobranceiro - após ter vencido 4-3 na primeira mão. Aumentou a confiança - e ganhou um toque adicional de arrogância - quando se adiantou no marcador, aos 73', com golo de Mahrez, com assistência de Bernardo Silva.
O Real só fez o primeiro remate enquadrado aos 90', já em desespero, com os de Manchester prontos a celebrar a passagem à final. Foi golo, marcado por Rodrygo. Que bisou no minuto seguinte, já no tempo extra, igualando a eliminatória.
Tudo teria sido bem diferente se Grealish, entrando pelo lado direito da defesa espanhola como faca em manteiga, não tivesse desperdiçado duas soberanas oportunidades de marcar, aos 82' e aos 83'. Numa delas Mendy tirou a bola quase em cima da linha de golo, a outra foi impedida por Courtois, em defesa por instinto com o pé.
Seguiu-se o electrizante prolongamento: Benzema ampliou a vantagem, de grande penalidade. Assim selou o resultado e colocou os merengues na final da Champions contra o Liverpool, a 28 de Maio, em Paris. Um embate que vai ser tira-teimas, pondo em confronto o futebol inglês com o espanhol.
E renovando o interesse por esta modalidade que apaixona o mundo.
Alguns - muito poucos - receiam que o corte entre a Direcção leonina e duas claques possa reduzir drasticamente a afluência de público ao estádio José Alvalade.
São receios sem fundamento. Basta olhar para o que sucedeu em Espanha. Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, baniu os Ultra Sur do Santiago Bernabéu e o ex-presidente do Barcelona Joan Laporta baniu os Boixos Nois de Camp Neu. Decisões que se revelaram extremamente positivas para ambos os clubes.
Aí estão eles, com os estádios cada vez mais cheios. O fim da insegurança provocada pelas claques atraiu ainda mais gente aos recintos desportivos.
Haja equipas com qualidade e pratiquem-se horários decentes - e o público acorre às bancadas, em família, sem receio de distúrbios, agressões físicas e verbais, fumos tóxicos e tochas incendiárias. Não podem é afastar pequenos e grandes ídolos leoninos como Nani, Matheus Pereira, Domingos Duarte e Bas Dost da maneira como afastaram. Para trazerem coxos e inválidos.
Após a vitória no dérbi de ontem à noite, com uma vez mais Bruno Feranades (o regressado) em grande evidência, fico com a ideia de que este "craque" como lhe chamaram os repórteres da Antena 1, dificilmente ficará mais uma época no Sporting. Mesmo que lhe paguem o dobro do que estão a pagar agora...
Ao mesmo tempo li, ainda esta semana, que o jornal "A Marca" mui ligado ao Real Madrid apresentou treze, repito treze jogadores, numa lista de dispensas para a próxima época.
Ainda do que li, entre eles estariam Bale, Benzema, Isco, Varane...
Ora bem... seria a altura ideal para os dirigentes do Sporting perguntarem aos responsáveis do clube merengue se a notícia é verdadeira e se o fosse fazer uma simples proposta de negócio: nós ficaríamos com os jogadores dispensados e o Real ficaria com o nosso capitão.
Não receberíamos dinheiro mas pela quantidade e qualidade dos atletas do Real, para a próxima época ficaríamos com uma belíssima equipa...
Doutor Varandas já pensou na eventualidade deste negócio?
Revolução à vista no Real Madrid: Florentino Pérez prepara-se para dispensar até 13 jogadores, naturalmente com o acordo do recém-regressado Zidane. Não há intocáveis: entre os que estão quase na porta de saída incluem-se Bale, Benzema, Varane, Isco, Vallejo, Brahim, Ceballos, Keylor Navas e Lucas Vázquez. A lista é hoje divulgada no jornal Marca, muito conotado com o clube madrileno.
E por cá? Que jogadores deviam abandonar o Sporting se houvesse "limpeza de balneário" em Alvalade?
Rejubilei com a magnífica vitória do Ajax (resumo aqui). Meu clube, não por aqui no Benelux (quem se lembra ainda deste acrónimo?) - vi o jogo num canal flamão (como aqui dizemos flamengo) no qual os locutores exultavam, naqueles seus sons tão africanderes, com o desenrolar do resultado. Mas porque me fiz adepto de futebol no tempo do seu expoente máximo, décadas depois subalternizado por esta economia de futebol totalmente desequilibrada, a da concentração dos clubes nas mãos dos oligarcas internacionais.
Há pouco aqui evoquei a época em que me fiz adepto de futebol, a de 1971 que me tornou fiel ao Sporting e, lá (então muito) longe, um pouco ao Barcelona e ao Arsenal, devido a belas vitórias televisionadas, quando os jogos na tv eram bem raros. A mesma época em que o Ajax encetou o trio de taças dos campeões europeus (e o Feyennord tinha ganho na época anterior), com uma equipa fabulosa, da qual ainda tenho de cor alguns nomes - Krol, Haan, Hulshoff, Suurbier, Neeskens, Stuy na baliza, Rep, Muhren, um centrocampista magnífico, Keizer - o tio do nosso, que era um excepcional jogador. E o maior mestre do futebol mundial, Johan Cruyff, um jogador monumental, que comandou essa equipa e a selecção "laranja mecânica" que devia ter sido bicampeã mundial (ele já não participou em 1978 pois já num problemático ocaso de carreira), refez o Barcelona como jogador e depois viria a refazê-lo como técnico, nisso deixando como legado o clube destas últimas décadas - e o ciclo internacional Guardiola, também. Sim, o Ajax ainda viria a ser campeão em 1995, muito já em contra-ciclo no cada vez mais hierarquizado mundo do futebol, com uma bela e jovem equipa com jogadores (Litmanen, Seedorf, de Boer, Kluivert, Davids, Overmars, e o veterano Rijkard que não jogou pelo Sporting) que marcaram uma era no futebol europeu.
Mas o encanto, a paixão mesmo, e nisso o júbilo de ontem, vem-me daquelas transmissões a preto-e-branco, de som roufenho de há quase 50 anos. Estou velho, não há dúvida. E como quase todos os velhos fiquei resmungão. O que faltou ontem? O equipamento
Espero que na final possam jogar (e ganhar) com as suas cores. Espero mesmo e muito, a torcer (ainda vou a Amsterdão no caminho, se me sobrarem umas moedas).
Da derrota do horrível Real (sem Cristiano a gente já pode dizer isto) muitos dirão que lhe falta o CR7. Decerto que sim. Mas ao ver o jogo de ontem uma coisa salta à vista. As caras de putos (felizes) de tantos dos jogadores do Ajax (blindados com Blind, claro) e o ar maduro (se calhar uma média etária 5-7 anos superior) dos do Real. Zidane soube sair, percebeu o fim de ciclo e anunciou-o. Renovar uma equipa tricampeã é difícil e o Real vacilou nisso, e algo borregou - por melhor que seja o belga Courtois será que o problema do Real estaria na baliza?
O CR7 também o terá percebido. O seu ocaso também está a chegar, e ele está a enfrentá-lo com uma grandeza extraordinária. E nisto tudo, ontem pensei na nossa selecção. O "engenheiro de Paris" estará consciente de tudo isto, e mais o deve ter apreendido ontem, se tal lhe fosse ainda necessário. E terá que o enfrentar, e parece está-lo a fazer. Mas enquanto o CR7 carbura e bem (e o nosso Patrício se afirma ainda mais), vêm-se chegar jogadores com as tais caras de putos, Dalot, os centrais do Benfica (e outros que poderão explodir, que em centrais é costume surgirem surpresas), Ruben Neves como jogador de excepção, este João Félix - e Sanches, se o Benfica usar a fortuna que vai agora fazer para o resgatar e o entregar a Lage que o conhecerá (sim, digam lá mal do sportinguista que louva o Benfica). O monumental Bernardo Silva, essa pérola que desperdiçámos Rafael Leão que tem tudo para ir aos céus, se tiver cabeça, aquele Jota que brilha na pérfida Albion, talvez Gelson se Jardim ... Temos Ajax na casa pátria.
São 21H05. Sob a luz dos projectores do antigo Delle Alpi, Cristiano Ronaldo, procurando corresponder a um passe atrasado de Carvajal, roda sobre si mesmo e, de costas para a baliza, inicia o vôo. O seu tronco está agora paralelo ao plano da relva, a uma altura aí de 1,70 m. Os jogadores à sua volta sustêm a respiração. A "máquina" começa a dar aos pedáis: primeiro o esquerdo para dar propulsão, logo o direito que vai de encontro ao esférico quasi perdido. Nunca uma bola foi tão redonda como aquela saída do pé direito de Ronaldo, cinquenta centímetros acima da cabeça de um já aí desesperado DiSiglio, também ele a subir e a procurar o Céu. Buffon, espectador privilegiado do lance, não se mexe, como que hipnotizado pela grandeza do gesto. A bola, obediente, entra inapelávelmente junto ao poste da sua baliza. Das bancadas do estádio irrompe um aplauso generalizado. Adeptos da Juventus e do Real, outrora rivais, levantam-se e batem palmas. Há um sorriso nas sua bocas. Estão agora unidos pelo mesmo sentimento: tocado por Deus, Cristiano (o nome será coincidência?) acaba de protagonizar um momento único, um sortilégio, uma recordação eterna na memória de todos. O resultado já pouco interessa. Mais do que a vitória do seu clube, todos em uníssono celebram o triunfo do futebol.
Cristiano Ronaldo acaba de ganhar o seu 5º "Ballon d`Or", juntando-se ao argentino Leonel Messi como os dois jogadores que mais vezes conquistaram o prestigiado troféu criado pela France Football para premiar o melhor jogador do mundo.
Gostaria que os nossos Leitores elencássem, por ordem de importância (da mais para a menos relevante), qual destes factores mais contribuiu para o sucesso desportivo deste fenómeno que tanto nos orgulha:
1) Formação social e desportiva recebida no Sporting Clube de Portugal;
2) A sua própria atitude comportamental, a sua resiliência e desejo de evoluir constantemente;
3) A importância de Alex Ferguson no burilar da matéria-prima que lhe chegou às mãos;
4) A projecção que um clube enorme como o Real Madrid conferiu à sua carreira.
Agradeço desde já as Vossas opiniões, as quais deverão ser submetidas até às 00:00 da madrugada de Domingo para Segunda-feira, momento após o qual anunciarei o resultado das votações.
Criticamos nós (eu também) tantas vezes Jorge Jesus por gerir tarde e de forma um tanto incompreensível as substituições no campeonato e afinal, se repararmos, Zidane está a receber críticas em Madrid pelo mesmo motivo. Os adeptos, que no Santiago Bernabéu também são de assobio fácil, contestam o técnico por excessiva passividade na gestão do jogo. Ontem, por exemplo, demorou 81 minutos a mexer na equipa em San Mamés, no Atlético de Bilbau-Real Madrid que terminou empatado a zero.
O Real segue em quarto lugar na Liga espanhola, atrás do Barcelona, do Valência e do Atlético madrileno. Já está a oito pontos do líder. Pior: nas 14 jornadas já decorridas, empatou quatro vezes e perdeu duas, concluindo três jogos sem marcar.
Lembro este facto para relativizar as críticas internas a Jesus. Zidane - lenda viva do futebol, campeão mundial e campeão europeu, três vezes eleito melhor jogador do mundo - também hesita, enquanto treinador, na hora de mexer no onze titular e nem sempre consegue superar em termos tácticos os seus antagonistas.
O futebol, que vive de emoções imediatas, é igualmente um jogo de paciência. Conciliar a momentânea pressão dos adeptos com uma visão sustentada de longo prazo é o desafio supremo para qualquer treinador da alta roda do futebol. E que permite distinguir o trigo do joio nesta profissão a que muitos aspiram mas que poucos abraçam com sucesso.
O Real Madrid venceu a Supertaça espanhola. No jogo decisivo, no Santiago Bernabéu, os merengues derrotaram ontem o Barcelona por 2-0 (tinham vencido o desafio da primeira mão em Camp Nou por 3-1). Os adeptos do Barça devem estar destroçados. Mas têm uma atenuante, pelo menos no confronto da noite passada: só jogaram com dez. André Gomes alinhou de início.
Os inimigos do vídeo-árbitro devem ter-se congratulado: esta tecnologia esteve ausente do Manchester United-Real Madrid de ontem, em disputa da Supertaça Europeia. Vitória tangencial do Real, por 2-1, com um golo (o primeiro) marcado por Casemiro em nítido fora de jogo não assinalado pela equipa de arbitragem.
Mas, pensem eles o que pensarem, não podia haver maior cartaz de propaganda do vídeo-árbitro perante esta nova demonstração de falsidade desportiva traduzida em título para os merengues, ontem sem Cristiano Ronaldo a titular. O melhor jogador do mundo só saltou do banco aos 81 minutos, com o resultado já feito.
Espantosamente, no canal público que transmitiu em directo a partida houve quem celebrasse a mentira, varrendo o rigor dos factos para debaixo do tapete. Foi o caso do comentador Bruno Prata, que num primeiro momento admitiu ter visto o jogador brasileiro "claramente adiantado" para depois conceder que "a diferença [face ao último defesa do Manchester] é muito pequena". Acabando por sentenciar: "Neste tipo de casos não podemos ser muito severos."
É assim que os comentadores de turno encaram a verdade desportiva: algo muito relativo. Por isso são quase todos contra a introdução do vídeo-árbitro. Um deles, com visível desdém, dizia há dias nem saber se esta tecnologia já está a ser aplicada em mais algum país da Europa além de Portugal. Ignorando que na Holanda, por exemplo, não só vigora mas foi vital para restabelecer a verdade desportiva na Supertaça disputada entre o Feyernoord e o Vitesse. Ignorando que já foi introduzida no Brasil e na Alemanha, por exemplo.
Ao contrário desses comentadores, não consigo compreender um futebol que convive tão bem com o erro grosseiro, que coabita de forma tão descontraída com a mentira, que pactua sem abalos de consciência com a fraude. Alguém se aproveita disto, seguramente. Mas não o desporto, que nada tem a ver com isto.
Mais dois golos nesta campanha da Liga dos Campeões, em que marcou doze, e com um total de 105 desde sempre apontados nas competições europeias. Os de hoje, na final frente à Juventus, ajudaram a construir a goleada do Real Madrid: 4-1.
Cristiano Ronaldo, decisivo na conquista da terceira Champions em quatro anos para os merengues, confirma-se assim como candidato à conquista da quinta Bola de Ouro da sua carreira - já ganha em 2008, 2013, 2014 e 2016.
O sócio n.º 100.000 do Sporting vai superando todos os obstáculos, transitando da história à lenda. Naturalmente.
Bem pode Fernando Santos "torcer" pelo Real Madrid, eu não.
Não gostei da forma como o Real chegou a esta final, tropeçando na minhoca e à custa de expulsões manhosas, a única coisa boa do Real Madrid (se exceptuarmos Cristiano Ronaldo) é Fábio Coentrão e a forma concentrada como comete penalties (ele que fique por lá).
Gosto da forma como a Gazzetta coloca a questão da final de logo,acreditando na cabala será a equipa italina a vencer a final de hoje, é assim de sete em sete anos, 1996; Juventus, 2003; Milão, 2010; Inter, 2017?
Jogámos 80 minutos muito bem no Santiago Bernabéu, silenciando a afición madridista naquele dia 14 de Setembro. Até que Jorge Jesus, com os nervos à flor da pele, se fez expulsar.
Já da bancada, de cabeça perdida, deu ordem ao adjunto para mandar tirar do campo o Adrien e o Gelson, que estavam a ser os melhores em campo, fazendo entrar Elias e Markovic.
Sabe-se o que aconteceu: reviravolta no marcador nos últimos cinco minutos. O Real Madrid passou de uma iminente derrota por 0-1 à vitória por 2-1.
Nas declarações pós-jogo, mais destemperado que nunca, Jesus apontou para si próprio, reclamando os louros da vitória moral. A diferença estava não nos jogadores mas no treinador. A tal ponto - garantiu - que o jogo só foi perdido por ele já não estar no banco.