Mixed feelings sobre a reação sincera e genuína de Ruben acerca do erro do VAR, no pós match do jogo com o Casa Pia.
Por um lado, é de louvar o desportivismo, que creio ser próprio do nosso clube.
Por outro, vem-nos à cabeça a interrogação permanente sobre se vale a pena ser assim em Portugal.
Porque talvez Amorim devesse ter falado daquela patada em Esgaio no primeiro ou segundo lance do jogo, que creio ser mais que amarelo (e que nem amarelo foi). Ou do penalty óbvio sobre Marcus E. (ainda que sejam penalties da treta, do futebol português).
Pessoalmente abomino este tipo de contabilidade, mas também abomino mosquitos e não é por isso que eles não deixam de me picar na mesma.
Ou seja, fazemos a figura do bem comportado - que nos orgulha – mas no intenso futebol português de lideranças mais fracas que a lanterna de um iphone numa noite de breu, convém não facilitar.
Note-se como o Porto já está de faca na Liga, nos dentes, em todo o lado e mais algum, não falando com os jornalistas em três jogos seguidos, não se mostrando portanto os logótipos dos sponsors nas entrevistas antes e depois (já para não falar dos seus adeptos), sem que nada, absolutamente nada, lhes suceda.
De vencer o Casa Pia. Em jogo disputado no municipal de Rio Maior (e porque não no municipal de Leiria, que leva muito mais gente?), por escolha do chamado clube anfitrião, trouxemos de lá três pontos. Frente à mesma equipa que na época passada venceu o FC Porto e impôs um empate ao Braga na pedreira.
De Paulinho. Está em grande, o nosso ponta-de-lança, fazendo enfim jus à posição agora que tem Gyökeres como parceiro lá na frente. Figura do jogo, melhor em campo. Devemos-lhe estes três pontos: foi ele a bisar no 2-1 em Rio Maior. Remate de primeira, sem deixar a bola ir ao chão, metendo-a lá dentro logo ao terceiro minuto (assistência de Esgaio). Fixou o resultado com igual eficácia logo aos 61' (assistência de Nuno Santos). Cedeu lugar a Trincão, aos 87', sob merecida ovação. Já leva três golos marcados - marca só alcançada, no campeonato anterior, à 23.ª jornada.
De Gyökeres. Claro que é reforço, não restam dúvidas a ninguém. Incansável nos duelos, na procura de espaços, na abertura de linhas. Mandou a bola à barra (29'), fê-la rasar o poste (63'). Excelente trabalho na grande área (66'). Esteve quase a concluir com êxito um dos nossos melhores ataques rápidos (79'). Viu o árbitro anular-lhe muito mal, por falta inexistente, uma das suas acções no reduto dos "gansos". Combativo do princípio ao fim.
De Morita. Novamente um todo-o-terreno. Parece actuar no campo todo, dando luta sem fraquejar. Não apenas no meio-campo, onde foi o patrulheiro de serviço, mas em apoio à defesa sem descurar a ligação ao ataque. Todas as grandes equipas têm o seu "carregador de piano": o internacional nipónico cumpre essa missão neste Sporting 23/24.
Da estreia de Morten. O dinamarquês recém-chegado do Lecce (16.º classificado da Liga italiana na época anterior) apresentou-se pela primeira vez de verde e branco a partir dos 75', rendendo Edwards. Jogou 22 minutos, contando com o tempo extra. Exibiu segurança na posse de bola, abrindo linhas de passe. Vai ser-nos muito útil como médio defensivo titular preenchendo a vaga aberta desde a saída de Ugarte.
Do regresso de Nuno Santos. O ala esquerdo veio de lesão, não fez partida exuberante mas cumpriu no essencial ao assistir no segundo golo - replicando o que o ala direito, Esgaio, fizera no primeiro. Substituído aos 64' por Matheus Reis, saiu certamente com esta certeza: missão cumprida.
Do resultado ao intervalo. Vencíamos 1-0, com domínio total em campo. Uma bola à barra, uma grande oportunidade de Paulinho além do golo que marcou, boa adaptação da equipa ao novo sistema dos dois avançados que se vão revezando frente à baliza.
De Rúben Amorim. Tem melhorado a equipa, leu bem o jogo, acertou nas substituições. Mas merece este destaque pela sua honestidade intelectual ao reconhecer, logo nas entrevistas rápidas subsequentes ao apito final, que o Sporting foi indevidamente beneficiado pela validação do primeiro golo, em micro fora-de-jogo. O seu colega do Casa Pia, Filipe Martins, merece igualmente elogio ao não escudar-se nesse lance para justificar a derrota. Dois treinadores em bom nível. Evidenciando uma saudável forma de estar no futebol, em contraste absoluto com o técnico que ainda orienta o FC Porto.
De termos cumprido 16 jogos seguidos sem perder. Se somarmos o de ontem às 14 rondas finais da Liga 2022/2023 e à vitória na abertura do novo campeonato, é este o número de desafios que já levamos sem conhecer o mau sabor da derrota em jogos oficiais.
Da nossa supremacia total perante o Casa Pia. Vitórias leoninas nas últimas 17 partidas. É preciso recuar quase cem anos para registar um empate com esta equipa.
De olhar para a classificação e ver o Sporting em primeiro. Lideramos o campeonato no momento em que escrevo estas linhas. Dois jogos, seis pontos. No campeonato anterior, tínhamos apenas quatro à segunda jornada.
Não gostei
Da vídeo-arbitragem. Má intervenção de Hugo Miguel, que quase em piloto automático validou o primeiro golo, em que parece ter havido microdeslocação de Paulinho (90 milímetros). Sempre defendi que estas microdeslocações não deviam ser assinaladas - já vimos um golo de Pedro Gonçalves, noutro campeonato, ser anulado por supostos 20 milímetros, algo que não é possível acontecer, por exemplo, na Premier League. Erro, no entanto, há que reconhecer - prejudicando também a actuação do árbitro Nuno Almeida. Tal como foi erro não ter sido assinalado um penálti cometido sobre Edwards, igualmente por responsabilidade suprema do vídeo-árbitro.
De sofrermos três golos em dois jogos. Dois contra o Vizela, um agora. Razão evidente, que os números confirmam, para termos ido buscar um médio defensivo rotinado na posição. Quando fomos campeões, em 2020/2021, exibimos na sólida organização defensiva o nosso principal trunfo. Temos de recuperá-lo com urgência.
De Coates. Responsabilidade no golo sofrido, com falha de marcação: deixou o avançado do Casa Pia progredir como quis no corredor central. Ficou tremido na fotografia, intranquilizando o próprio Adán, que saiu mal da baliza neste lance, aos 58'. O internacional uruguaio esteve também muito desastrado nos passes longos, sempre para fora do alcance dos colegas: aconteceu aos 34', 45'+2, 45'+7, 45'+11 e 73'.
De Pedro Gonçalves. Pela segunda jornada consecutiva, passou ao lado da partida. Desligado dos companheiros, volta a falhar a parceria com Morita, deixando quase todo o desgaste nas pernas do japonês. Em largos momentos nem parecia estar em campo.
Da ausência de Daniel Bragança. O nosso médio criativo anda em maré de azar: após ter falhado toda a temporada 2022/2023 por grave lesão, desta vez nem foi convocado por se ressentir ainda do choque com Nuno Moreira na jornada inaugural. Só podemos desejar-lhe rápida recuperação: faz falta à equipa.
Da longa interrupção do jogo na primeira parte. Por grave indisposição do mais conhecido adepto sportinguista de Rio Maior: o antigo presidente da Câmara Municipal Silvino Sequeira, que assistia à partida mesmo atrás do banco leonino. Acometido de grave indisposição, que o deixou inconsciente, foi prontamente assistido por responsáveis clínicos das duas equipas, o que lhe terá salvo a vida. Conduzido de ambulância ao hospital, forçou a interrupção do jogo durante 11 minutos. Oxalá melhore e recupere, tão cedo quanto possível. Merece as nossas saudações leoninas.
Os jogadores não evoluem só nos clubes. Evoluem também nas selecções.
Ao impedir cinco dos nossos jogadores de comparecer no Euro sub-19, Amorim corta-lhes as pernas. Não faz qualquer sentido.
Continuo sem perceber - e a comunicação do clube não fez o menor esforço para explicar - por que motivo Dário, Chermiti, Mateus Fernandes, João Muniz e Afonso Moreira foram proibidos por Amorim de se deslocar ao Europeu de Malta.
Poderiam vir de lá como campeões europeus. Seguramente, pelo menos, como vice-campeões europeus: a final será disputada frente a Itália depois de amanhã.
Viriam muito mais valorizados em termos financeiros. Mas sobretudo em termos desportivos, aquilo que mais me interessa enquanto adepto.
Sete jogadores do Sporting foram convocados para o Campeonato da Europa sub-19, que se realiza em Malta entre os próximos dias 3 e 16.
Diogo Pinto (guarda-redes)
David Monteiro (lateral)
Martim Marques (ala esquerdo)
Gonçalo Esteves (lateral)
Samuel Justo (médio)
Mateus Fernandes (médio)
Rodrigo Ribeiro (avançado)
O nosso clube foi o mais representado nesta convocatória.
Estiveram para ser onze. Mas Rúben Amorim vetou desde logo a deslocação de quatro: João Muniz (central), Dário Essugo (médio), Afonso Moreira (avançado) e Chermiti (avançado). Alegando que queria contar com eles logo no início dos trabalhos da pré-época, já esta semana. Escudou-se, aparentemente, no facto de não ser um torneio inscrito no calendário da FIFA.
Os sete passaram logo a seis: Martim Marques foi pouco depois transferido para o Lugano (Suíça) após 13 épocas em Alcochete.
Depois, ficaram apenas cinco: o treinador vetou igualmente a participação de Mateus Fernandes. Garantindo que também precisaria já dele em Alvalade, pois haveria escassez de médios no plantel principal.
Isto tem um lado bom e um lado mau.
O lado bom é confirmar-se, ao contrário do que alguns ainda apregoam, que o Sporting tem formação em quantidade e com manifesta qualidade. Daí figurarem tantos jogadores nesta convocatória inicial.
O lado mau é ver que tantos acabam por não seguir viagem. Algo incompreeensível para mim. A participação no Europeu daria traquejo a estes miúdos, levava-os a um patamar competitivo mais exigente e certamente os valorizaria muito mais do que participar nos treinos do início da pré-época da equipa principal. As competições dos escalões juniores são cada vez mais chamativas: quem nelas participa fica logo debaixo dos holofotes.
Passamos o tempo no fado choradinho digno de calimeros, com a queixa recorrente de que os nossos jogadores não são chamados às selecções...
Quando são chamados, o treinador veta-os.
Quando não vão por responsabilidade nossa, acaba a lamúria. Está tudo bem.
Confesso que me custou acreditar na notícia. E ainda não descortino a verdadeira causa deste veto.
Nuno Santos esteve na formação do FC Porto, chegou a jogar na equipa principal do Benfica. Aplaudo-o no Sporting como faço com os outros profissionais do meu clube.
Rúben Amorim é benfiquista. Jogou vários anos na equipa encarnada.
É um princípio geral que mantenho. Interessa-me que os jogadores e os treinadores tenham bom desempenho de Leão ao peito. Venham de onde vierem, vão para onde forem.
Não tenho ódio a emblema algum.
Para mim o futebol é competição, não é guerra.
Há rivais, não há inimigos.
Fica a minha declaração de interesse pelo desporto. E de total desinteresse pelo ambiente bélico, antítese do espírito desportivo.
Nenhum treinador do Sporting, tanto quanto me lembro, valorizou tanto os jogadores como Rúben Amorim. A confirmar-se a saída de Manuel Ugarte por 60 milhões de euros, para o Chelsea ou para o PSG, esta será uma das raras vezes que um dos nossos sai pela cláusula de rescisão - durante anos havia apenas o registo da transferência de Nani para o Manchester United, em 2007, por 25,5 milhões de euros.
Se isto ocorrer, como tudo indica, o internacional uruguaio torna-se, ao fim de apenas 21 meses em Alvalade, o segundo jogador mais rentável de sempre para o nosso clube - só ultrapassado por Bruno Fernandes, que saiu em Janeiro de 2020 e já nos rendeu 65 milhões de euros.
Os outros três que integram a lista dos cinco mais valiosos para os cofres leoninos, tal como sucedeu com Ugarte, são produto directo do trabalho de Rúben: Nuno Mendes (valeu 45 milhões de euros), Matheus Nunes (45 milhões + 10% de uma futura transferência) e Pedro Porro (45 milhões, rumando ao Tottenham também pela cláusula).
São dados factuais. Que aqui deixo à consideração daqueles que passam o tempo a desconsiderar e a rebaixar o nosso treinador. Saudosos nem sei bem do quê.
Deixa-te disso Amorim, isso é conversa "para boi dormir". Quando quiseres vais para a Premier League e se não vais mesmo neste mercado de Verão é porque de parvo não tens nada e queres escolher muito bem quando e para onde.
Percebe que quem te quer ver fora do Sporting ou é adepto dos rivais que ficaram muito chateados com o título nacional e preferem que no Sporting esteja um JJ qualquer que ladre muito e morda pouco, ou é um ressabiado interno que ache que a melhor forma de dar cabo do Varandas como presidente é dar cabo de ti enquanto treinador.
Se o Varandas ganhou as eleições para presidente com 85% dos votos, se calhar tu ganharias as eleições para treinador por 95%, dado que quase todos os Sportinguistas estão contigo. Recordam o que já ganhaste, reconhecem a tua capacidade enquanto treinador, o teu esforço e dedicação ao trabalho, a tua educação enquanto treinador nas antípodas do arruaceiro batoteiro do norte, a tua inteligência, o teu carinho pelos putos de Alcochete, o teu compromisso para com o projecto do Sporting. Não se conhece um teu ex-jogador que tenha dito mal de ti por muito pouco que tenha jogado, e estão aí os elogios do Tabata a confirmar.
Por isso és aplaudido em Alvalade e fora dele pelos sócios e adeptos quando entras no relvado e te diriges ao banco.
Claro que isto não quer dizer que sejas perfeito e não precises de melhorar, de aperfeiçoar métodos de trabalho, de perceber o que correu mesmo mal esta temporada. A principal motivação para isso é a tua profunda e visível desilusão sobre o desfecho da mesma. Pena que não tenhas ao lado alguém mais velho que te ajude a ver determinadas coisas, como teve Paulo Bento.
Todos os grandes clubes portugueses são clubes vendedores. Benfica, Porto e Sporting ficarão sem alguns dos melhores jogadores este Verão (e no Sporting não existem jogadores a sair a custo zero, como existem nos rivais), o que importa é encontrar a melhor mistura entre o talento existente e aquele que pode ser contratado de acordo com o modelo de jogo pretendido. Israel, Diomande, Tanlongo, Fatawu, Chermiti, mesmo Sotiris e Marsà, são jovens de grande potencial que acabaram de chegar ao plantel principal e muito poderão melhorar na próxima temporada.
O que tens a fazer é enfrentar essas saídas e montar um plantel com a profundidade correcta para os objectivos da época, equilibrado nas posições e nas características físicas dos jogadores, e um modelo de jogo contundente contra adversários de menor valia. Sem a Champions para disputar, podes esquecer por uns tempos o futebol do Guardiola.
E fazer o óbvio: pensar jogo a jogo, deixar para amanhã o que é de amanhã (ou seja, deixar o plantel da B com a B, não misturar oportunidades com renovações de contratos) e inventar o menos possível.
É fundamental planificar desde já a próxima época. Rúben Amorim está a trabalhar nesse sentido, até no plano táctico - como ficou patente no modo como dispôs a equipa num inédito (para ele) 4-4-2 no quarto de hora final do jogo em Paços de Ferreira.
Bom sinal? Seguramente. Para mim, sem sombra de dúvida.
Falta o mais importante: saber quem fica e quem sai do actual plantel. O treinador já exigiu três reforços a Frederico Varandas: um lateral direito (Bellerín não permanecerá em Alvalade), um médio ofensivo e um avançado.
Suprindo assim lacunas óbvias no núcleo de jogadores titulares.
Entre as incógnitas que subsistem, destacam-se as possíveis saídas de Ugarte (cobiçado pelo Liverpool) e Nuno Santos.
Se assim for, o caderno reivindicativo do técnico leonino amplia-se: precisará também de um novo médio defensivo e de um novo ala esquerdo.
Veremos o que acontece. Para já, confirma-se algo já esperado: Rúben está consciente de que houve erros de planificação da época prestes a terminar. Erros de quantidade (o plantel era demasiado curto) e de qualidade (houve posições fundamentais que ficaram desguarnecidas com as saídas de Sarabia, Palhinha, Matheus Nunes e Tabata, além da lesão prolongada de Daniel Bragança).
Sinal positivo, pois. Gosto de ver o copo meio cheio. E é mesmo assim que o encaro.
Gostava muito que Rúben Amorim ficasse no Sporting pelo menos mais uma temporada - e que essa temporada fosse coroada de êxito.
Para tanto, a época tem de começar a ser muito mais bem preparada do que a anterior. Caso contrário o cenário desta que ainda decorre tende a repetir-se.
Recordo que em relação à época anterior perdemos quase de imediato cinco jogadores, todos acima da média: Sarabia, Palhinha, Daniel Bragança, Tabata e Matheus Nunes. Por motivos diferentes, é certo. Mas foi excessivo.
Dos que vieram, só Morita e Diomande (este já em Janeiro) podem ser considerados verdadeiros reforços. St. Juste já vai na quinta lesão e Arthur tem jogado pouco.
Claramente insuficiente. Há que fazer mudanças, quanto mais cedo melhor.
Se ele gosta muito de estar no Sporting, a esmagadora maioria dos Sportinguistas adora que ele cá esteja.
Existem muitas razões para isso ser assim: os títulos e vitórias conquistadas, a evolução notável de quase todos os jogadores sob o seu comando, a aposta na formação, o desempenho da equipa em jogos que vão ficar na história do clube, a atitude de trabalho e exigência, o espírito de equipa que promove no plantel resumido no "Onde vai um vão todos".
Entre todos os apoiantes de Rúben Amorim não podia deixar de referir o líder da Juve Leo. Mustafá, como todos sabem, está envolvido numa guerra pessoal e sem quartel contra este presidente, mas num momento complicado da temporada veio dizer o seguinte:
«Não cairás sozinho. Aqui ninguém é cego ou ingrato. És um escudo protector de um clube inteiro, um escudo enorme que leva pancada de todos os lados. Tu e a tua equipa técnica não têm quem vos defenda e quem vos ajude, apenas têm quem vos lance às feras para proteger a sua própria pele, dando asas e deixando que agora muita gente critique o teu trabalho, mesmo sabendo o que eles te fizeram e ao que eles te sujeitaram. Mesmo assim, tu disseste "PRESENTE", "vamos à luta" e "os meus jogadores são os melhores do mundo"!
Só um Homem com H grande e um grande treinador o faria! Não vamos esquecer nunca o que fizeste pelo Sporting Clube de Portugal, pelo nosso clube e a forma como meteste o clube debaixo da tua armadura e o defendeste como se fosse o teu clube de sempre!»
Independentemente das motivações para o que escreveu, a verdade é que tocou em dois pontos essenciais. Os Sportinguistas não são cegos nem ingratos e Amorim defende o Sporting como se fosse o seu clube de sempre.
Alguns dirão que é um treinador casmurro e com muito para aprender, que esta época parcialmente fracassada é muito da responsabilidade dele, mas Amorim ainda nem tem 40 anos. Ferguson, Guardiola, Klopp e Mourinho são ainda mais casmurros, todos tiveram momentos altos e baixos nas suas carreiras, mas são alguns dos maiores treinadores europeus de todos os tempos.
O algodão não engana, e neste caso o algodão é o sentimento das bancadas de Alvalade, onde Amorim sempre teve o maior aplauso mesmo em momentos de derrota. Como vai ter mais logo na recepção ao Famalicão.
Foi seguramente a pior conferência de imprensa de Rúben Amorim ao serviço do Sporting. Irritado, frustrado, assumindo o fracasso, trazendo para a conversa nomes que nada têm a ver com o assunto e sugerindo um divórcio que não faz o menor sentido.
Caso o quarto lugar se confirme, o Sporting ficará fora da Champions da próxima época, o que vai ter custos directos e indirectos elevados. Falhará assim aquele que considero ser o principal objectivo de qualquer época. Um passo atrás na construção duma grande equipa.
Mas não é a primeira vez na história do Sporting que isso acontece. Nos últimos dez anos, apenas em cinco estivemos presentes.
Desde o início da época temos aqui alertado para situações e decisões do próprio Amorim que nada auguravam de bom: um plantel curto e desequilibrado, falho de altura e peso no eixo central, uma ideia de ataque móvel condenada ao fracasso pela forma como jogam as equipas pequenas em Portugal, uma equipa B a funcionar num modelo de jogo diferente da A e sem plantel fixo. Mas não podíamos adivinhar que os pilares da equipa cedessem como cederam. E com os pilares a ceder, a ponte não se aguenta.
Adán, Coates, Esgaio, Paulinho (e podia acrescentar Neto), os pilares do plantel, pela idade, experiência, peso no balneário, não conseguiram render o seu melhor. Ainda agora, nesta eliminatória, Adán oferece o golo fora, Coates falha dois golos feitos ao cair do pano, Esgaio isolado remata para a bancada e Paulinho estava mais uma vez lesionado. Talvez existam questões na sua vida privada ou no seu estado físico que ignoramos, só conhecemos as viagens intercontinentais de Coates ao serviço da sua selecção.
O maior problema do Sporting actual não é a falta dum Fran Navarro qualquer. É a falta do melhor rendimento deste quarteto.
Poderão dizer que o problema é de solução bem simples. Sentar os quatro no banco e alinhar com Israel, Inácio, Arthur e Chermiti nos seus lugares. Mas a diferença entre o melhor de uns e o de outros é enorme.
Esteve mal Amorim na gestão desta situação? O que poderia fazer de diferente senão insistir na confiança nestes quatro jogadores a quem devemos muito, que sentem o clube e deixam tudo em campo?
Ruben Scolari: Eu só estava a defender o minino, o, o, o, o Pêdrinho.
Jornalista: Então e a falta de eficácia, como explica?
Ruben Scolari: Bom, cês viram, foi um massacre de bolas para a baliza e sem ninguém para empurrar a minina pro véu da noiva.
Jornalista: Notou-se a falta de um avançado-centro, um matador...
Luis Felipe Amorim: Até parece que não viu o Chermiti.
Jornalista: Mister e a saída do Nuno Santos, que estava a metê-las lá mesmo no sítio com cruzamentos certeiros?
Luís Ruben Felipe Amorim: Não viu mesmo o Chermiti!
Jornalista: Quem, eu ou o Nuno Santos?
Ruben Luís Amorim Scolari: E o burro sou eu?
Jornalista: ahhhh...
Assessor de imprensa in extremis: Meus senhores, ficamos por aqui, obrigado pela vossa presença.
Ruben Scolari: Mas eu só queria difendê o minino...
Alguém lá atrás: Cala-te, pá! Metam-lhe mazé um par de orelhas e obriguem-no a repetir cem vezes "sou burro" e outras cem "não sei fazer substituições".
Outro alguém lá mais atrás: Cala-te Varandas, senão ele desconvoca-te.
Hugo Viana saiu sorrateiro.
Adenda: escusam de entrar os que se referem, de forma pouco simpática, aos meus colegas de blog, ainda que eu possa concordar com o essencial do comentário no que a outras pessoas diga respeito. A cabecinha não consegue atamancar uma dúzia de linhas sem ofender o próximo? Vá lá, digam o que vos vai na alma, que sois livres de o dizer sem ofender ninguém.
Ramsdale voa sem sucesso, minuto 62: Pedro Gonçalves marcava ao Arsenal num disparo de 48 metros
Foto: Vince Mignott / EPA
Quente
A nossa brilhante prestação em Londres, contra o Arsenal. Seguimos em frente, rumo aos quartos-de-final da Liga Europa. Num emocionante desempate por penáltis, com 1-1 após o tempo regulamentar, seguido de meia hora alucinante que manteve o resultado dos 90 minutos. Na sequência, por sua vez, do empate 2-2 em Alvalade. E beneficando das novas regras da UEFA, em que os golos marcados fora de casa deixam de valer a dobrar. Houve estrelinha? Sim. Mas, acima de tudo, houve muito mérito.
Esta sensação de orgulho. Derrubámos o Arsenal, hoje a melhor equipa do melhor campeonato do mundo. Uma equipa com mais de mil milhões de euros no seu orçamento para o futebol, que lidera a Premier League e está cheia de estrelas: Oregaard, Trossard, Jorginho, Gabriel Jesus, Martinelli, Xhaka, Ben White, Zinchenko, Saka, Gabriel Magalhães e o ex-portista Fábio Vieira. Sem nunca tremermos perante os pergaminhos dos gunners.
Os penáltis. Quem diz que os nossos vacilam nos momentos culminantes? Caramba, jamais poderão repetir tal frase após a impecável ronda dos penáltis - a que alguns chamam "lotaria", mas que eu insisto em chamar competência - com todos os jogadores leoninos a converterem, cumprindo a ascensão à glória no estádio Emirates. Aqui ficam os nomes deles, pela ordem de marcação: St. Juste, Esgaio, Gonçalo Inácio, Arthur e Nuno Santos. Quando o nosso ala esquerdo a meteu lá dentro, houve uma explosão de alegria: milhões de nós, em todo o mundo, celebrámos nesse omento. 5-3 nos pontapés de penálti.
Adán.Gigante na baliza. Fez aquilo que para muitos seria tarefa impossível: várias defesas monstruosas, impedindo a vitória do Arsenal. Destaco as suas intervenções aos 30' (Gabriel Jesus), 79' (Fábio Vieira), 90'+7 (Trossard, num desvio para o poste) e 117' (Gabriel Magalhães). Mesmo no golo sofrido de recarga por Xhaka, aos 19', faz inicialmente uma defesa enorme. E é ele o autor de uma quase-assistência, num passe vertical a partir da baliza, no lance do nosso golo. Cereja em cima do bolo: defendeu um dos quatro penáltis finais, travando o remate de Martinelli. Um herói.
Pedro Gonçalves. Aconteceu com ele frente aos gunners o que tantas vezes lhe sucede: parecia alheado do jogo, algo escondido, pouco interventivo. Não lhe peçam para correr atrás da bola: ele funciona sobretudo com ela no pé. Aconteceu aos 62': pegou nela logo após a linha do meio-campo, ainda dentro do círculo central, e quase sem balanço, a 48 metros de distância, desferiu um remate mortal para as redes anfitriãs, num magnífico chapéu ao guarda-redes Ramsdale. Golaço de fazer abrir a boca, conforme as imagens documentam, e até valeu aplausos de alguns adeptos adversários. Um golo que disparou a quotação do nosso melhor artilheiro e o projecta como sério candidato a ingressar nas fileiras da Premier League a partir da próxima temporada. Desde já o mais belo golo do ano. Obra-prima do futebol.
Ugarte. Baluarte nas recuperações. Foram em série: aos 28', 52', 53'', 58', 81' (duas), 99'. Mesmo sem ter por perto o seu parceiro Morita, ausente por castigo. Há quem lhe chame o novo Palhinha, há até já quem o considere superior a Palhinha. Uma coisa é certa: com a mesma idade, Palhinha não fazia ainda o que ele hoje faz. Médio defensivo com superior qualidade técnica e insuperável entrega ao jogo.
Defesa. Enfim, solucionados os problemas no nosso reduto defensivo. Com dois jogadores destros que puseram fim ao domínio de canhotos: St. Juste e Diomande. Magníficos desempenhos no estádio londrino, ambos grandes obreiros deste empate transformado em vitória. O holandês, veloz nas movimentações e muito útil nos cortes e recuperações - além de ter sido o primeiro a converter a decisiva série de penáltis finais. O marfinense, muito seguro e com inacreditável maturidade do alto do seu 1,92m, fez de Coates sem tremer e salvou um golo aos 118' já com Adán batido. Caloroso aplauso para ambos.
Aposta na juventude. Nunca fomos tão longe com jogadores tão jovens. Eis a prova, olhando para os 16 que participaram nesta partida épica: Diomande (19 anos), Gonçalo Inácio (21), Ugarte (21), Chermiti (18), Dário (18) e Tanlongo (19). Além de outros que estão longe de ser veteranos, como Trincão (23 anos), Pedro Gonçalves (24), Edwards (24), Arthur (24) e St. Juste (26). Lugar aos novos neste Sporting 2022/2023.
Aposta na formação. É mito? De forma alguma. Voltou a comprovar-se neste enorme desafio de anteontem, quinta-feira. Terminámos com quatro elementos formados na Academia leonina: Gonçalo Inácio, Esgaio, Dário e Chermiti. Venham mais.
Árbitro. Boa actuação do juiz da partida, o espanhol Mateu Lahoz. Devia servir de exemplo aos apitadores portugueses: deixou jogar, não interrompeu o tempo todo, não tentou ser ele o protagonista, ignora as fitas de quem adora mergulhar para a relva simulando falta, percebe que o futebol é desporto de intenso contacto físico. Valorizou o espectáculo.
Adeptos. Excelente "moldura humana" nas bancadas do Arsenal: quase 60 mil pessoas. Com natural destaque para cerca de quatro mil adeptos do Sporting, que souberam puxar pela equipa o tempo todo, incluindo nos 43 minutos (entre os 19' e os 62') em que estivemos a perder.
Gratidão. Pedro Porro passou de manhã pelo hotel onde a nossa equipa esteve alojada, distribuindo abraços e palavras de incentivo. João Palhinha e Cédric Soares assistiram à partida nas bancadas. Não esquecem o clube que os projectou e valorizou. A gratidão é uma das maiores virtudes.
Rúben Amorim. O nosso treinador merece especial realce. Por estar a formar uma equipa em crescendo, que vem superando obstáculos após um período menos feliz. Por estar a indicar reforços que merecem mesmo receber este rótulo. Por ter introduzido alterações pontuais ao seu sistema táctico de raiz que foram muito bem-sucedidas nos 210' de futebol jogado contra o Arsenal. Por confiar no seu onze ao ponto de só ter feito agora a primeira substituição (troca de Paulinho por Chermiti) ao minuto 89, quando o técnico dos gunners já fizera as cinco alterações regulamentares. E pela sua inegável competência, que o põe no mapa europeu dos futuros técnicos da Premier League após quatro partidas sem derrotas contra clubes ingleses nesta temporada: uma vitória (Tottenham) e três empates (Tottenham e dois frente ao Arsenal). Merece este destaque. É o melhor técnico leonino em muitas décadas.
Morno
Esgaio. Esteve no pior, ao perder a bola e colocando em jogo Martinelli no lance do golo que sofremos, mas redimiu-se depois disso com um passe fabuloso para Edwards, aos 62', autêntica assistência para golo, infelizmente falhado. E sobretudo ao assumir protagonismo nos penáltis finais: converteu o segundo, de modo irrepreensível. E cerrou o punho, com determinação. Também obreiro desta passagem aos quartos da Liga Europa.
Trincão. Boa primeira parte: é dele a primeira oportunidade de golo do encontro, aos 13', num remate cruzado ao poste direito de Ramsdale. Sacou um amarelo a Xhaka (45'+2). Apagou-se durante o quarto de hora inicial da segunda parte, mas tem intervenção no golo. Balanço: pode e deve fazer melhor. Continua intermitente.
Edwards. Noite de desperdício para o avançado inglês, que regressou ao futebol da cidade onde nasceu e se formou para o desporto mais apaixonante do planeta. Estava escrito, porém, que esta não seria a sua noite de glória. Esteve quase a acontecer, mas Edwards, isolado por Esgaio aos 72', conseguiu acertar na cara do guarda-redes, como se a baliza tivesse subitamente encolhido. Convém referir, no entanto, que trabalhou e batalhou muito.
Dário. O mais jovem em campo. Ter-se-á deslumbrado quando entrou, aos 94', para substituir um exausto Pedro Gonçalves? É bem possível. Três minutos depois, foi protagonista pela negativa, entregando a bola em zona proibida - o que só por centímetros não proporcionou golo a Trossard. Único deslize seu digno de nota naquele electrizante prolongamento, mas esteve quase a ser-nos fatal.
Dinheiro da UEFA. A SAD leonina recebe 1,8 milhões de euros nesta passagem à fase seguinte da Liga Europa. Melhor que nada, obviamente. Mas a uma distância enorme dos valores que se praticam na Liga dos Campeões.
Frio
Sem Ugarte nos quartos-de-final. Não poderemos contar com o talentoso médio uruguaio no próximo confronto, já em Abril, frente à Juventus. Expulso por acumulação de amarelos mesmo no fim da partida, aos 118', num lance em que até arriscou o vermelho directo. Será uma baixa relevante: nada fácil de substituir.
Tochas. Voltaram a marcar presença, lamentavelmente. Momentos antes do apito inicial e logo após o nosso golo do empate. Por mais que se repitam os sérios avisos da UEFA, por mais que se renovem os apelos da Direcção leonina, por mais que vão pesando as multas, estes energúmenos continuam apostados em associar o Sporting à imagem de um clube desordeiro, incapaz de respeitar as normas. Nada a ver com os valores leoninos.
Letais. Passaram toda a semana a mandar farpas envenenadas ao treinador nas redes ditas sociais, nos seus blogues de estimação e até em algumas caixas de comentários do És a Nossa Fé. Zurzindo Rúben Amorim por causa de Fatawu, reforço do Sporting nesta temporada 2022/2023 que não chegou a ser utilizado no desafio da primeira mão frente ao Arsenal. Eles estão-se marimbando para o miúdo ganês. Só fazem questão em inventar motivos para cumprirem o seu lema: Letais ao Sporting.
A Rúben Amorim e aos jogadores da nossa equipa por um dos melhores jogos do Sporting que vi na vida. Ontem, diante do Arsenal, houve esforço dedicação, devoção e glória. O caminho é este.
Obrigado também ao novo selecionador nacional por ter convocado Gonçalo Inácio. Já merecia e espero que seja para jogar. Mas ter deixado de fora Nuno Santos e Pedro Gonçalves (Pote) vem demonstrar realmente ao que vem: é mais do mesmo. Todos os sinais que dá são errados, desde a permanência de Pepe (com 40 anos) à insistência em jogadores que teimam em não mostrar nas quinas o que vão fazendo nos clubes.
Roberto Martínez deixa de fora os jogadores do momento, ambos candidatos ao prémio Puskas e ambos com lugar nesta convocatória, mesmo que tenham concorrência muito apertada nos lugares que ocupam. É injusto e eles não mereciam. Mas também não vão desistir e serão cada vez melhores. Aquele clube "reservado" tem outras lógicas e só a realidade os fará ver a evidência. Foi assim com Bruno Fernandes, no início, e com Palhinha, mais recentemente.
Foi mesmo uma grande noite do Sporting em Londres, que deixou pelo caminho mais do que justamente o lider da Premier League. E se havia alguém que merecia isso, chama-se Rúben Amorim. O melhor treinador do Sporting desde há muitos, muitos, muitos anos.
Com Diomande a fazer excelentemente o papel de Coates, com um 3-4-3 muito bem equilibrado defensiva e ofensivamente, o Sporting foi superior ao Arsenal durante os 90 minutos. Recuperámos a desvantagem criada por um lance infeliz de Esgaio num lance genial de Pote (um daqueles que marcam a carreira dum jogador, quando for velhinho ainda vai ter toda a gente a lembrá-lo daquele golo que marcou em Londres contra o Arsenal), e apenas a noite muito infeliz de Edwards fez com que a eliminatória não ficasse resolvida. Depois veio o prolongamento, o cansaço começou a imperar, os que entraram não fizeram esquecer os titulares, e foi mesmo preciso um grande Adán para nos levar aos penáltis.
E nos penáltis foi o mesmo Adán que defendeu um enquanto St. Juste, Esgaio, Inácio, Arthur e Nuno Santos não falharam.
Hoje estiveram em campo St. Juste, Diomande, Trincão, Chermiti, Arthur e Tanlongo, todos novidades de Amorim para esta época. Foram eles, com os outros "mais antigos" na A, que construíram esta grande vitória. E se alguns foram muitas vezes menosprezados internamente, hoje todos temos de perceber que existe um scouting que selecciona, um Amorim que escolhe, e um presidente que "banca" as escolhas e não se arma em iluminado. Só assim existem decisões difíceis que se revelam fantásticas. Como fantástica foi a contratação do próprio Amorim.
Quando falo em aquisições fantásticas falo em St. Juste e Diomande. O holandês é um defesa assombroso, extremamente veloz e muito efectivo quando sobe no terreno, pena só ter podido chutar com o pé que tinha mais à mão. Diomande é um colosso no centro da defesa. De repente com esses dois, Inácio, Coates e Matheus Reis, ficámos com uma super-defesa. Quem diria pelo que foi o a primeira metade da temporada...
Dos outros destaco Esgaio, que depois dum lance infeliz que custou o golo contrário, soube reencontrar-se e fazer um resto de jogo em grande, penálti incluido; Ugarte, que mais uma vez foi um leão indomável em campo; e o genial Pote, mais uma vez fora da sua posição, numa missão de grande sacrifício e que mesmo assim marcou o golo da sua vida. Também Adán, que merecia uma noite assim.
Grande vitória de Rúben Amorim, que continua a pôr os olhos no chão e a não olhar para os penáltis. Onde estão hoje aqueles exigentes da treta que andaram a acenar os lenços em Alvalade?
E agora? Há festejar, depois treinar, pois há que ganhar ao Santa Clara e ao Gil Vicente, quando o campeonato recomeçar. E logo se vê o resto.
A esta hora em que posso escrever já muito se disse da partida de ontem em Alvalade, pelo que me vou resumir a comentar o desempenho dos actores mais relevantes no que se assistiu.
Mas antes vou dizer uma coisa que cada vez mais me parece relevante. Muitos dos que comentam e opinam não vão aos jogos e assim não conseguem perceber muito do que se passou em campo. Funcionam apenas pelo que a TV mostra e outros dizem relativamente ao assunto. Isso explica muita opinião descabida e muitos ódios de estimação que alguns têm com um ou outro jogador. Não indo não fazem nem ideia do que o jogador realmente vale, porque muito do que ele faz dentro do campo não passa na TV, sendo que quem lá vai e os segue muitas vezes se surpreende com os que eles afinal conseguem fazer ou não.
Mas vou então entrar no comentário do tal desempenho:
1. Treinador Rúben Amorim. Entre a teimosia e a determinação vai uma pequena distância, no fundo são os resultados que decidem. E o 3-4-3 de Amorim mais uma vez demonstrou a sua valia em termos de controlo do jogo, de criação de oportunidades sem as consentir ao adversário. Mas também o pivot ofensivo de referência mostrou que o ataque móvel não interessa ao Sporting: ataca mais e marca menos e defende muito pior. A conclusão que eu tiro é que entre as ilusões de uns e os maus desempenhos doutros o Sporting hipotecou muito do que tinha a ganhar esta época.
2. Equipa. Do onze inicial àquele que finalizou a partida notou-se uma grande cumplicidade e entreajuda dentro do campo, sem baratas tontas descomprometidas com o resultado que não percebem o que andam ali a fazer, ou em crise de identidade. E com os mais novos Israel, Diomande, Ugarte, Tanlongo e Chermiti a demonstrarem que aquilo afinal não é assim tão complicado para quem quiser lá chegar. E há outros no banco e na B com imenso potencial a aguardar oportunidade. E uma grande evolução de quase todos ao longo da época.
3. Jogadores. Nuno Santos é um caso à parte, entre o génio e o louco. Ontem marcou o golo da sua carreira, e sendo assim o que ficou por marcar em Arouca fica definitivamente esquecido. Diomande é um caso à parte e não digo mais nada, n´A Bola fala-se em substituir o (vou poupar os adjectivos) Pepe depois de naturalizado na Selecção Nacional. Esgaio é o tal pé frio que tem de ir a Fátima. Se aquela bola baixasse mais um nadinha, mais a assistência para o golo, competiria com o Nuno Santos para o melhor em campo. O adiantamento de Pedro Gonçalves, além de golos e assistências, possibilita um triângulo móvel no miolo com Morita e Ugarte que muito valoriza o modelo de jogo da equipa.
4. Árbitro. Não sei se recebe e quanto pelo coração pelo Benfica e pelos favores pelo Porto, ou outra coisa qualquer, mas a verdade é que já não falando doutras épocas e dos três penaltis de Coates sobre Taremi, João Pinheiro foi determinante no ano passado para a vitória do campeonato pelo Porto, ao convencer o árbitro Hugo Miguel (e ele levou quase 5 minutos a convencer-se) a assinalar penálti favoravel ao Braga em Alvalade a abrir a 2.ª parte, quando o Sporting vencia por 1-0, e a expulsar Coates no clássico do Dragão. Ontem a sua arbitragem foi mais uma vez um nojo, mostrando amarelos pelos gritos teatrais dos jogadores do Boavista e fazendo vista grossa a uma carga para penálti e expulsão mais que evidente sobre Trincão. Aqui estou completamente contra a política do nosso presidente e do diálogo construtivo com Fontelas Gomes, acho que é mesmo caso para um pedido de veto a João Pinheiro acompanhado dum relatório exaustivo das decisões erradas que nos custaram pontos e títulos. Não tem condições para apitar o Sporting, isso é evidente. Na Grécia e na Europa parece que só fez porcaria ultimamente. Que vá apitar os Benfica-Porto que há muitos, iniciados incluidos.
5. Claque, no caso Juveleo. Desculpem lá, mas com o Sporting em luta com Porto e Braga pelo segundo lugar, trocarem os cânticos pelo Sporting pelos cânticos contra o Benfica, e fecharem os olhos ao lance para penálti que ocorreu à vossa frente continuando nas cantorias e no espectáculo piroténico como se nada fosse (ao contrário do jogo com o Arsenal), só demonstram que andam a correr em pista própria, sem qualquer respeito pelos interesses do clube a que pertencem.
E assim, comparando com a primeira volta, vamos com mais 8 pontos, e é por aí que temos mesmo de ir. Ganhando todos os jogos até ao final o terceiro lugar é quase certo e o segundo se calhar também. E com isso o acesso directo à Champions do próximo ano.
Assim falou ontem Rúben Amorim de Pedro Gonçalves. Dando razão àquilo que vários de nós aqui temos escrito sobre o mesmo assunto.
Não percebo muito bem estas palavras, vindas de quem vêm. Não é o treinador que escala o onze? Estará a implorar por um novo n.º 8? Então nenhum dos reforços contratados nem nenhum dos miúdos promovidos à equipa principal (Sotiris, Tanlongo, Rochinha, Mateus Fernandes) serve para o efeito? Será mesmo necessário recuar Pedro Gonçalves, diminuindo-lhe a sua potencialidade como homem-golo?
Enfim, esta declaração algo incompreensível tem pelo menos o condão de iluminar uma evidência: o nosso plantel possui um valor superior àquilo que vem exibindo em campo. Porque vários jogadores estão deslocados das posições em que mais rendem.
Se Rúben me permite, sugiro-lhe que não espere pela próxima época para pôr em prática as mudanças que se impõem. Faça-as já.
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