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És a nossa Fé!

Parabéns, Ruben Amorim

"Remontada" épica hoje em Manchester. Jogadores saíram a chorar, adeptos extasiados nas bancadas.

Ainda há pouco ele saiu e só podemos ter sentimentos de saudade e gratidão, como temos de Bruno Fernandes, Manuel Ugarte e daqui a nada iremos ter de Viktor Gyökeres.

Um grande clube revela-se também pelos grandes sentimentos, gratidão por quem muito contribuiu, compreensão pelos trajectos profissionais de cada um, saber que quem sai leva saudades do tempo que passou entre nós.

Muitos parabéns a Ruben Amorim, extensivos aos outros dois citados.

Não gosto muito da personagem. Foi um enorme jogador mas também um agente-duplo que contribuiu para o triste fim de João Rocha, mas a frase é muito feliz e adaptando-a fica "por cada leão que sair, outro se levantará".

SL

Quando um jogador erra, toda a equipa tem esse erro

Foi o que disse Rúben Amorim depois do empate ontem concedido pelo Man.United frente ao Lyon, com dois "frangos" de Onana.

Rui Borges disse outra coisa do Conrad Harder depois do empate concedido frente ao Sp. Braga num jogo em que o Trincão não passa a bola a Gyökeres completamente desmarcado, o Maxi esquece-se da marcação ao homem que faz o centro fatal, o Quaresma fica a olhar para a bola que vai no ar ignorando o adversário que importava bloquear, o Catamo passou o jogo a fugir do seu lugar em slaloms quase sempre inconsequentes, e ele mesmo, Rui Borges, não viu o evidente: Moutinho era o motor do adversário que importava fazer gripar.

 

Conrad Harder não é extremo nem nunca foi, mas o Sporting que eu saiba joga com extremos de origem em posições interiores.

Conrad Harder é um avançado-centro completamente compatível com Gyokeres, alternando movimentos e confundindo as defesas contrárias, com remate fácil e se calhar com melhor jogo aéreo do que o próprio Gyökeres. Foi fundamental na vitória em Braga.

Também Paulinho não era extremo e jogou com Gyökeres, Slimani com Paulinho, Manuel Fernandes com Jordão, Yazalde com Dé, etc, etc. 

 

No ano passado na Luz, a ganhar por 1-0 em inferioridade numérica quase no final do jogo, Rúben Amorim não mete um defesa: mete o Paulinho. Para defender mais à frente. Não correu bem, acabámos por perder o jogo em dois lances de inspiração individual de jogadores contrários. Mas ficou a ideia. 

Conrad Harder é aquele tipo de jogador que encaixa como uma luva nos valores do Sporting. Humilde, esforçado, jogador de equipa, galvanizador das bancadas. 

 

Mas muito mais do que aquilo que disse de Harder, a conferência de imprensa de Rui Borges foi marcada por uma inesperada desorientação e dificuldade do treinador de assumir e explicar o desaire aos Sportinguistas.

Ficou a ideia de que foi apanhado de surpresa num jogo que estava controlado, quando qualquer um que tenha estado como eu nas bancadas de Alvalade passava o tempo a olhar para o relógio a ver os ponteiros passar lentamente enquanto Moutinho ia correndo solto pelo campo fora.

Liderança é aquilo de que Rúben Amorim mais uma vez deu provas e não é de todo o que aconteceu com Rui Borges.

Vamos ver a conferência de imprensa dele de hoje na antevisão do jogo contra o Santa Clara, esperando que seja um voltar de página que permita encarar o resto do campeonato com a maior confiança. Neste momento estou bem mais preocupado com ele do que com o "estudante" Cláudio Pereira ou o idiota Malheiro.

SL

Rui Borges, o pragmático

Rúben Amorim foi de longe o melhor treinador do Sporting dos últimos 50 anos, transformou o seu futebol, ganhou dois títulos nacionais em quatro épocas, além doutros, e este ano estava em óptimas condições de ganhar o terceiro.

De Rúben Amorim, que defino como visionário, muito lamentamos a saída extemporânea, mas agradecemos todas as conquistas e recordamos a visão clara do caminho a seguir para o sucesso, a obsessão pela perfeição, o espírito de equipa, a capacidade de decisão nas maiores dificuldades, a sua enorme capacidade de comunicação. 

Depois duma aposta falhada em João Pereira, veio Rui Borges do V. Guimarães, e são já 16 jogos, com 7V 6E 3D, sendo as três derrotas uma no desempate por penáltis na final da Taça da Liga com o Benfica, e duas em jogos fora da Champions League (Leipzig, Dortmund), vitórias na Liga com Benfica e Porto, com o Porto na Taça de Liga. O saldo de golos está em 26-18, bem longe dos números de Amorim.

Rui Borges apanhou um bólide em alta velocidade a soluçar e perder peças, e não tem sido nada fácil mantê-lo em pista rumo à vitória final. Nunca contou com Pedro Gonçalves, teve de gerir o físico de Gyökeres, deixou de contar para o resto da temporada com Daniel Bragança e João Simões, muitas lesões aconteceram num calendário muito intenso que cortaram o ritmo de muitos e impediram o consolidar dum onze.

O primeiro elogio que posso fazer a Rui Borges é que percebeu o que o esperava e soube muito bem atacar os problemas existentes, conjugando um novo sistema táctico 4-4-2 com o respeito pelos grandes princípios do modelo de jogo treinado por Amorim, recolocando os jogadores nas suas zonas de conforto e dando-lhes todo o protagonismo nos pequenos sucessos que foram acontecendo.

 

Sempre entendi que um bom treinador não é apenas aquele que ganha mas é também aquele que pela sua capacidade de liderança projecta os jogadores de que dispõe para outros patamares de rendimento. Fresneda e Debast são dois casos de subida tremenda de rendimento sob o comando de Rui Borges, com Maxi, Quenda e João Simões logo a seguir. E os maiores craques do plantel (Diomande, Hjulmand e Gyökeres) não estão piores do que antes. Esgaio acaba de fazer o melhor jogo de que me lembro dele no Sporting.

Um bom treinador é também alguém comprometido com o clube, cuja escolha de jogadores vai bem além do curto prazo, mas obedece a um perfil e um projecto. Rui Silva e Biel vão nesse sentido, vêm preencher espaços vazios no plantel e não existem na B jogadores com esse perfil/maturidade, nos jovens tem promovido a rotatividade de oportunidades para os conhecer a todos. Falta saber que reforços vamos ter para o próximo ano e que repescagem vai fazer dos emprestados.

Tendo quase sempre a equipa entrado bem em campo e dominado as primeiras partes dos jogos, o ponto fraco de Rui Borges tem sido a demora a reagir quando a equipa começa a derrapar pelo cansaço ou pela força do adversário, ou porque não consegue antecipar os problemas, ou porque o banco não lhe dá garantias de mudança para melhor. Jogadores que sofreram amarelos duvidosos acabaram por ser expulsos, jogadores que entraram comprometeram a equipa.

No que respeita a bolas paradas, defensivas e atacantes, não tendo feito as contas, não me parece que a situação actual seja pior do que a que existia com Amorim, digamos que seja idêntica e pode bem melhorar.

No que respeita à Comunicação, ainda se nota imenso a falta de Amorim. O Sporting está a falar por várias vozes, o que se diz no balneário salta para os jornais, as lesões não são explicadas, existem jogadores que desmentem boatos. Amorim sozinho dava conta do recado. Rui Borges não tem essas valências, muita falta faz um novo Octávio Machado na estrutura.

 

Resumindo, Rui Borges é o pragmático que sucedeu ao visionário. Prático, objectivo, sensato, funciona por tentativa e erro. Não tem médios para o 4-4-2? Vai em 3-4-3 e "siga a marinha". 

Isso pode dar a ideia, aqui e ali, de falta de convicções, de vistas curtas, de falta do "golpe de asa" que define os  treinadores de topo.

Mas se calhar é o treinador certo no momento certo para conduzir o Sporting ao sucesso esta época.

E se com todos os problemas que tivemos a época acaba por correr bem?

Eu confio em Rui Borges!

SL

Um homem é um homem, um sobrinho sem o padrinho é um sobrinho

O Man.United foi eliminado nos penáltis pelo Fulham na Taça de Inglaterra, e Rúben Amorim veio dizer: "O objectivo é ganhar a Premier League outra vez. Não sei quanto tempo irá demorar. Temos um objectivo e continuamos em frente, aconteça o que acontecer."

O Milan sofreu mais uma derrota para a Liga, a terceira seguida, depois de ter tentado com um arraial de pancadaria (vulgo atitude) opor-se ao melhor futebol da Lazio. Ainda teve um jogador expulso com uma entrada digna das artes marciais mistas, e o Sérgio Conceição veio dizer: "Sinto muito pelos tiffosi, porque estou habituado a vencer desde criança e isto dói. Não me sinto bem..." 

Depois parece que se o Amorim for despedido, entre ele e a equipa técnica encaixarão cerca de 20M€.

Se o Conceição for despedido, parece que por contrato é um "bye, bye e num boltes".

Enfim, nada que não se esperasse no percurso dum e doutro. 

 

PS: O treinador do Fulham é o tal Marco Silva, aquele que nos deu uma Taça de Portugal no Jamor e que depois foi corrido ao pontapé pelo nosso ex-presidente porque não vestia o fato... Onde é que já vi isso ultimamente?

SL

Do 3-4-3 de Amorim ao 4-2-4 de Borges (parte 2)

Dizia eu em 05/01/2025:

"Não está a ser fácil a transição entre os dois sistemas tácticos, por muito que Rui Borges tenha procurado simplificar o modelo de jogo e ter os jogadores confortáveis nas posições e movimentos solicitados. Rúben Amorim teve quatro anos e quatro pré-épocas para montar e aperfeiçoar um modelo de jogo vencedor, Rui Borges só teve duas semanas, não falando do período de profunda confusão do tempo do João Pereira entre o trabalho dos dois.

Se formos pelos resultados, Rui Borges sai em vantagem na comparação: leva 1V 1E, 5-4 em golos, em campos que Rúben Amorim na época passada conseguiu 1V 1D, 4-4 em golos. Não foi dele a responsabilidade de 1V 1E 2D, 4-4 em golos.

Também não é dele a responsabilidade da indisponibilidade de jogadores importantes como Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Gonçalo Inácio e Daniel Bragança.

Nestes dois jogos a equipa começou bem, com intensidade e objectividade na chegada à baliza adversária. Conquistou vantagem sobre o adversário mas na 2.ª parte foi quebrando fisicamente, sem que as substituições permitissem o regresso ao ritmo inicial. 3-1 golos na 1.ª parte, 2-3 golos na 2.ª. Dos quatro golos sofridos,  dois foram na sequência de lances de bola parada.

Qual tem sido o melhor e o pior deste Sporting de Rui Borges?

 

Melhor:

1. Modelo de jogo simples e objectivo, aproveitando bem a largura do campo e a capacidade de desmarcação de Gyökeres. Entrada forte nos jogos com criação de várias oportunidades de golo.

2. Jogadores nos seus lugares, confortáveis com o que lhes é solicitado. Quenda está a progredir a jogar do lado do seu pé natural, Quaresma não está pior a lateral direito do que estava como defesa do lado direito no 3-4-3 de Amorim. Trincão joga onde jogava com Amorim.

 

Pior:

1. Incapacidade física da equipa para aguentar 90 minutos em ritmo intenso, sem saber descansar com bola, fazendo-a circular por todo o campo. Nos dois jogos, o tempo de posse de bola foi bem inferior ao adversário.

2. Desorganização defensiva decorrente da perda dos automatismos e referências associadas à linha de 3, e falta de capacidade nas bolas paradas defensivas.

3. Encolhimento do plantel, com jogadores de valor sem jogar como Debast e Edwards, ao mesmo tempo que são dados minutos a um Fresneda com empréstimo alinhavado. Neste último jogo, com a equipa em evidente perda física, foram feitas apenas quatro substituições, três delas nos últimos 15 minutos de jogo útil.

 

Além disto, é evidente a necessidade de reforçar a equipa com a abertura do mercado de Inverno. Fresneda estará de saída e é preciso encontrar uma solução para Edwards. Duvido que algum dos nossos craques saia, pelas cláusulas elevadas e as questões de regulamentação da Premier League e de outras Ligas.

Jogadores como Gustavo Sá (Famalicão), Alberto Costa e Manu (V. Guimarães) seriam muito bem vindos para dar outra capacidade defensiva pelas laterais e de controlo do jogo a meio-campo. 

No ataque a troca de Edwards por um jogador mais possante e com capacidade goleadora, nomeadamente na concretização de livres directos.

Na baliza, Israel continua a lutar contra o mau início de época por lesão. Fazia sentido vir um concorrente mais experiente tipo Adán, até porque a defesa é muito nova e precisa de orientação constante.

Enfim, é o que me apetece dizer sobre o assunto. Fica aqui aberto o debate."

 

Quase um mês depois: que evolução?

1. O Sporting com Rui Borges regista 4V2E1D, 13-7 em golos. Marca cerca de 2 golos por jogo e sofre 1.

2. Nos pontos que considerei melhores, podia agora dizer o mesmo. 

3. A equipa está mais disponível fisicamente, já não se vê aquela quebra abrupta a meio da 2.ª parte. Neste último jogo marcou um golo ao cair do pano.

4. O problema principal da defesa tem sido na articulação entre o defesa lateral e o médio (ex-ala) do mesmo lado. Os golos sofridos contra o Benfica na Taça da Liga e o 1.º contra o Leipzig demonstram que Catamo ou não sabe o que tem de fazer quando a bola chega ao extremo contrário desmarcado ou, se tem instruções para fechar no meio e deixar o extremo ao cuidado do lateral, não consegue sair do guião que recebeu. Acabou por fazer que vai e não vai. No último jogo já vi Fresneda sair mesmo ao extremo, penso que será essa a ideia, diferente do que acontecia com Amorim. Em termos da bola parada defensiva, a equipa tem estado muito bem ultimamente.

5. Rui Borges tem procurado alargar o plantel. Desde logo na colocação de Debast como segundo médio centro ao lado de Hjulmand, o que permite na falta deste ter ali uma solução. Deu a titularidade a Harder deixando descansar Gyökeres. João Simões continua a contar. Recuperou Fresneda, que pouco contava para Amorim. Tentou também dar nova oportunidade a Esgaio, com o triste resultado que se conhece. Colocou Rui Silva a titular no campeonato, deixando Israel com a Champions. Todos os jogadores do plantel estão a ser aproveitados, com excepção de Edwards por motivos que desconhecemos, mas que devem ter mais a ver com o jogador do que com o treinador.

6. Os únicos jogadores que poderão sair por interesse das duas partes são Kovacevic, Esgaio e Edwards. O Sporting não facilitará na saída dos craques. Fresneda é para manter, não vejo onde se vai buscar melhor por pouco dinheiro, vide o caso de Bellerin. Continuo a ver nele um projecto de lateral direito internacional A por Espanha, muito melhor a defender do que Porro, com chegada à área contrária para remate frontal ao golo (já teve algumas oportunidades para marcar) mas que continua a pecar na definição das jogadas ofensivas, centrando tarde e mal, tentando fintar sem sucesso.

7. Veio Rui Silva, guarda-redes tipo Adán, mais velho e experiente, para concorrer com Israel (não quer dizer que seja muito melhor). O plantel continua curto, fazem falta jogadores para colmatar lesões e castigos. Com a mudança de sistema táctico e as idas e vindas à enfermaria, é difícil perceber as posições a reforçar. Há pouco eram o meio-campo e as laterais defensivas, agora parece ser o ataque nas alas. Ou seja, substituir Edwards, sendo que o Afonso Moreira da B vai ser emprestado e o Mauro Couto está ainda muito verdinho.

8. Falando em enfermaria, agora andam por lá Nuno Santos, Pedro Gonçalves, St. Juste e Morita. Quatro jogadores num plantel curto de cerca de 20. Tem sido assim ou pior depois da saída do Amorim, é muita gente.

Vai acontecer alguma coisa até ao fecho do mercado? Vamos ver.

SL

2024 em balanço (6)

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DESPEDIDA DO ANO: RUBEN AMORIM

Era a última coisa que queríamos. Mas alguma vez teria de ser. Aconteceu no ano que passou, em Novembro: Ruben Amorim, o treinador português que conquistou mais troféus ao serviço do Sporting, disse adeus e partiu. Ou terá dito "goodbye", pois rumou à Premier League, contratado pelo Manchester United. O histórico emblema inglês ultrapassou até a sua cláusula de rescisão, pagando cerca de 13 milhões de euros pelo conjunto da equipa técnica: todos acompanharam o líder.

A notícia que preferíamos não ter lido tornou-se pública a 29 de Outubro. No dia seguinte recebemos e vencemos (por 3-1) o Nacional para a Taça da Liga. Houve uma atmosfera estranha no estádio. «Pairava ali uma aura de tristeza que noutro contexto talvez deixasse alguém perplexo. Mas todos percebemos o motivo: um ciclo muito feliz está prestes a chegar ao fim», escrevi na altura, horas após o fim do jogo.

Amorim partia ao fim de quatro anos e oito meses: nenhum outro treinador aguentou tanto tempo seguido no Sporting. E nenhum outro soube aproveitar tão bem o tempo: dois campeonatos conquistados, tantos como os que o nosso clube vencera nas quatro décadas anteriores. Daí a sensação de perda, entre os adeptos, ter sido ainda mais acentuada.

Do mal, o menos: Frederico Varandas convenceu-o a ficar mais três jogos antes de passar a bola a João Pereira. Ainda sob o comando de Amorim, para o campeonato, o Sporting goleou em casa, por 5-1, o Estrela da Amadora (1 de Novembro) e teve um jogo épico em Braga, igualmente da Liga 2024/2025, com triunfo leonino por 2-4 (10 de Novembro). Com onze vitórias em onze jogos, igualava o melhor começo de sempre da nossa equipa na competição máxima do futebol português. Há 34 épocas que não começávamos tão bem, desde 1990/1991.

Mas a cereja em cima do bolo foi a goleada ao Manchester City, que saiu de Alvalade vergado a uma derrota por 4-1 (5 de Novembro). Uma das páginas mais brilhantes inscritas pelo Sporting na poderosa Liga dos Campeões. Outra noite épica. Infelizmente, a última do jovem treinador no nosso estádio.

Amorim saiu só com cerca de um terço da época disputada. Campeão nacional em título, com a equipa em todas as frentes. No campeonato, isolada no comando: 33 pontos, 39 golos marcados, só cinco sofridos. Invicta na Liga dos Campeões, com três vitórias e um empate - segundo lugar entre 36 clubes.

Não perdeu um só jogo de leão ao peito durante todo o ano de 2024.

Nada voltaria a ser igual. Muitos de nós ficámos com a convicção de que tão cedo não teremos um treinador tão bem-sucedido. Oxalá Rui Borges possa demonstrar-nos o contrário.

 

Despedida do ano em 2012: Ânderson Polga

 Despedida do ano em 2013: Ricky Von Wolfswinkel

Despedida do ano em 2014: Leonardo Jardim

Despedida do ano em 2015: Marco Silva

Despedida do ano em 2016: Islam Slimani

Despedida do ano em 2017: Adrien Silva

Despedida do ano em 2018: Jorge Jesus

Despedida do ano em 2019: Bas Dost

Despedida do ano em 2020: Bruno Fernandes

Despedida do ano em 2021: Nuno Mendes

Despedida do ano em 2022: João Palhinha

Despedida do ano em 2023: Manuel Ugarte

Os hereges

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Quando oiço por aí falar em "desertor", ou leio palavras como "fugitivo" ou "foragido" nestas caixas de comentários, questiono-me se os adeptos quererão falar de Ruben Amorim ou de Rui Borges.

Seja o visado quem for, estão errados.

Na sexta à noite, em Guimarães, o novo técnico leonino foi recebido com gritos (e tarjas) a chamarem-lhe "traidor". Nestas alturas verifico a enorme semelhança que pode haver entre um clube de futebol e uma seita religiosa - com os seus fiéis, os seus anátemas, os seus hereges. "Traidores", "desertores", "renegados" e expressões do género são típicas de seitas vocacionadas para espalhar o ódio.

Essa é a parte do futebol que menos me interessa. Aliás, é uma parte do futebol de que não gosto nada.

2024 em balanço (2)

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TREINADOR DO ANO: RUBEN AMORIM

É inevitável: teria de ser ele o eleito. Foi o melhor ano de Ruben Amorim (escrito sem acento em Ruben, como apenas soubemos, insolitamente, no dia em que ele nos deixou) no Sporting. Quando ele conquistou o segundo campeonato nacional para o nosso clube desde que iniciou funções. Conseguindo tanto em cinco anos incompletos como tínhamos alcançado nos 40 anos anteriores.

Soube tão bem como em 2021. Ou ainda melhor. Porque desta vez havia espectadores nos estádios e pudemos apreciar a equipa ao vivo. Mas também porque tínhamos um plantel com mais qualidade, o que bem se reflectiu nas exibições. E fomos mais longe na dimensão do triunfo, conseguindo a nossa maior pontuação de sempre: 90 pontos. Segunda maior de que há registo, em termos absolutos, num campeonato nacional. 

Dominámos do princípio ao fim. Numa dinâmica imparável sob a batuta de Amorim. Concluímos as 34 jornadas com 29 vitórias, 3 empates e apenas 2 derrotas. Golos marcados? 96. Sofridos? Apenas 29.

Dez pontos de avanço sobre o Benfica, segundo classificado. Dezoito sobre o FC Porto, que ficou em terceiro.

 

Amorim não se limitou a imprimir categoria, talento e classe aos seus jogadores campeões na Liga 2023/2024. Fez o mesmo nas onze jornadas da Liga seguinte, agora quase a meio. 

Liderou essas rondas só com vitórias, somando 33 pontos. Mais oito do que o Benfica e mais seis do que o FC Porto. 

Na Liga dos Campeões cumpriu quatro jornadas quase com nota máxima: três triunfos, um empate, segundo lugar entre 36 participantes na prova de maior prestígio do futebol europeu. Vencemos o Lille em Alvalade (2-0), empatámos com o PSV em Eindhoven (1-1), fomos à Áustria arrancar um triunfo ao Sturm Graz (2-0). E, cereja em cima do bolo, goleámos o Manchester City em casa (4-1).

Uma das maiores proezas de sempre do Sporting em competições da UEFA. Sem precisarmos do calcanhar do Xandão.

 

Amorim deixou-nos a 11 de Novembro rumando à Premier League, onde estão outros compatriotas: Marco Silva (igualmente ex-técnico do Sporting), Nuno Espírito Santo e agora Vítor Pereira. Foi um trauma para os adeptos.

Mas saiu como o treinador português com mais títulos e troféus alcançados em Alvalade. Com números quase inacreditáveis. Não perdeu qualquer jogo da Liga em 2024. E alcançou 71% de vitórias durante os quatro anos e oito meses que permaneceu entre nós - nenhum outro português aguentou tanto tempo no Sporting. 

Em comparação, recorde-se que José Peseiro conseguiu 64%, Silas não foi além dos 61%, Marcel Keizer ficou-se pelos 60% e João Pereira - fugaz sucessor de Amorim - quedou-se nuns ínfimos 37,5%.

Mais ainda: legou-nos um plantel em grande parte escolhido por ele que continua a dar cartas no campeonato nacional. Basta referir alguns nomes: Morten, Morita, Gyökeres, Diomande, Geny, Harder, Nuno Santos e Pedro Gonçalves. Multifuncionais, em vários casos. Jogarão bem em qualquer sistema táctico.

Quem faz o que pode, a mais não é obrigado. Amorim fez muito. Por mim, ser-lhe-ei sempre grato. Aconteça o que acontecer.

 

Treinador do ano em 2012: Domingos Paciência

Treinador do ano em 2013: Leonardo Jardim

Treinador do ano em 2014: Marco Silva

Treinador do ano em 2015: Jorge Jesus

Treinador  do ano em 2016: Fernando Santos

Treinador do ano em 2017: Jorge Jesus

Treinador do ano em 2018: Nuno Dias

Treinador do ano em 2019: Paulo Freitas

Treinador do ano em 2020: Rúben Amorim

Treinador do ano em 2021: Rúben Amorim

Treinador do ano em 2022: Nuno Dias

Treinador do ano em 2023: Rúben Amorim

Cinco erros de Varandas

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1

Não ter deixado Ruben Amorim sair no momento próprio. Saía campeão, com a maior pontuação de sempre, após quatro anos muito exigentes no Sporting.

 

2

Deixar Hugo Viana sair em diferido. Anúncio feito em Outubro, mas para vigorar só em Maio. Incompreensível. Entretanto, ia andando cá e lá. Não faz sentido.

 

3

Preparar João Pereira como sucessor. Mas porquê ele? Não havia outros no mercado, com habilitação específica? O que revelou este técnico de extraordinário no trabalho com os sub-23 e a equipa B? Percebe-se agora: foram reduzidos os contactos com Amorim. Pouco prolongamento entre um e outro, como não tardou a notar-se em campo.

 

4

Deixar sair Amorim mas aguentá-lo mais duas semanas, orientando outros três jogos. Assim deu-se um péssimo sinal ao plantel: quem vai seguir-se não tem plena confiança da direcção, é solução precária, não assegura verdadeira continuidade.

 

5

Varandas atravessar-se por Pereira com palavras descabidas que o aprisionam ao futuro do técnico. Não faz o menor sentido.

3-4-3 em modo ziguezague

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Penso que ninguém terá dúvidas que um dos pilares do modelo de jogo de Rúben Amorim é a linha defensiva de três elementos comandada pelo elemento central, sempre muito coesa e alinhada para forçar o fora de jogo dos adversários.

Com a saída de Coates foi Diomande que quase sempre assumiu o lugar. Trata-se do defesa mais poderoso, mais forte no jogo aéreo defensivo, mais confiante, mais focado no jogo, naturalmente ainda com aspectos para melhorar. Vale 40M€ no TM, Inácio 45M€, Debast 22M€, Quaresma 14M€, Matheus Reis 8M€, St. Juste 8M€. Preços que me parecem correctos e que têm em conta as idades e os desempenhos.

Dado que no modelo de jogo de Amorim os alas são extremos adaptados que fazem todo o corredor, ele sempre procurou ter um mais defensivo e outro mais ofensivo, de forma a poder formar uma linha de 4 a defender sempre que necessário. Na época passada, as duplas eram Catamo/Matheus Reis e Esgaio/Nuno Santos. 

No Man.United ele chegou e rapidamente fez o mesmo. Neste último derbi com o Man.City o comandante foi Maguire, com De Ligt e Martinez de cada lado. Nas alas Dalot mais defensivo e Diallo mais ofensivo, acabando este por ser decisivo no jogo ao sofrer o penálti no primeiro golo e marcando o segundo.

 

No Sporting veio João Pereira e mudou para pior. Dois alas ofensivos bem avançados no campo, Catamo e Maxi, e o trio defensivo entregue a si próprio. 

Quando depois um dos defesas abandona a posição acontece isto. A linha recta transforma-se num ziguezague...

Assim, são já 12 golos os sofridos pelo Sporting em 6 jogos (6-0, 1-5, 0-1, 1-2, 1-2 e 3-2) com João Pereira. Média de dois por jogo.

SL

Quem nos viu e quem nos vê...

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* Há 21 anos que não éramos derrotados em Moreira de Cónegos.

* No Moreirense-Sporting só fizemos dois remates enquadrados: foi o nosso pior desempenho fora de casa até agora neste campeonato.

* O Sporting não perdia em partidas da Liga há quase um ano, desde a derrota em Guimarães, por 2-3, a 9 de Dezembro de 2023.

* Com João Pereira, já somamos tantas derrotas neste campeonato, à 13.ª ronda, como as que sofremos nas 34 jornadas da Liga 2023/2024.

* O Sporting foi incapaz de marcar um único golo de bola corrida nos últimos três jogos.

* Nos dez dias que antecederam a saída de Ruben Amorim, marcámos 13 golos em três partidas.

* Amorim nunca sofreu três derrotas consecutivas em quatro anos e oito meses ao comando da nossa equipa principal. 

12. A jornada dos flagícios

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Esta foi a jornada em que os poderes ocultos, as toupeiras, os dragões, os devoradores da morte sob o manto da invisibilidade, impediram o Sporting Clube de Portugal de vencer.

É fácil acusar João Pereira mas não é fácil dizer que em Manchester, Rúben Amorim está a destruir o legado de Ruud van Nistelrooy, em quatro jogos o holandês, somou três vitórias e um empate (com o Chelsea) em três jogos, o português, empatou, venceu e perdeu, parece não ter "mãos para o Ferrari".

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Nesta jornada destaco mais uma vitória de Marreco desta vez sobre o Amadora/Sintra e a goleada dos conquistadoras sobre os galos (oxalá façam o mesmo às galinhas).

Mais logo um duelo entre dois ex-colegas, esperemos que seja bem jogado e bem arbitrado.

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O leve, estúpido e descabido sentimento de orfandade em relação a Amorim

 

Como qualquer sportinguista com dois dedos de testa, sou e serei grato a Ruben Amorim pelo que conseguiu nos seus quase cinco anos de Sporting. Como serei grato a outros bons profissionais que serviram o Clube com dignidade e resultados.

Mas como Portugal é dado ao sebastianismo - e como o seu Sporting Clube não é excepção - acho útil neste momento recordar o "lado negro" de Amorim. Isto para contrariar um certo sentimento de orfandade que me parece ter-se instalado no clube com a saída de Amorim. Um sentimento natural - são muitos anos a tê-lo naquela cadeira, mas algo estúpido, inútil e sem razão de ser. 

Recordemos então, a bem de desfazer algum do mito: 

- A qualidade do plantel da primeira época de Amorim (Nuno Mendes, Palhinha, Matheus Nunes, João Mário, Porro);

- As contratações disparatadas que indicou (Esgaio), as ridículas (Camacho), as nunca entendidas (André Paulo); 

- A desistência de jogadores promissores e com ligação forte com a massa associativa, como Tiago Tomás; um deles está actualmente na seleção (Renato Veiga);

- A gestão errática de talentos (Essugo, Rodrigo Ribeiro, Nel, Travassos); 

- O título perdido para o FC Porto (2022/23) com a insistência do ataque sem ponta de lança - prontamente corrigido na época seguinte com a contratação de Gyokeres;

- As várias taças perdidas para o FC Porto na última época e nesta; no balanço dos confrontos com Sérgio Conceição, este foi claramente superior; 

- As goleadas sofridas (Ajax, Man City); os banhos táticos levados do Atalanta;

- A forma intempestiva como saiu, a meio da época, depois de ter dito que não o faria.

Amorim é um bom profissional? Sim. Um bom rapaz? Parece. É um treinador fadado a grandes sucessos como José Mourinho? Não sei. É um mestre da tática? Não como os atuais treinadores do Liverpool, Arsenal ou Atalanta. É um bom gestor de egos e equipas? Sem dúvida.

A nova equipa técnica entrou com o pé coxo. Em particular, a goleada com o Arsenal parece-me ter feito bastantes estragos na confiança dos jogadores. Daí até proclamar que são incompetentes e que "aprés" Amorim, o dilúvio... disparate derrotista.

Daquilo que conheço do João Pereira, ninguém será tão crítico do desempenho da equipa nos últimos dois jogos como ele. E merece sem dúvida a oportunidade, como Amorim mereceu. Vamos puxar por eles e pelo nosso Sporting, mais nada.

Caso raro também nisto

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Em quase cinco anos de permanência de Ruben Amorim no Sporting nunca o ouvi dizer uma frase, uma palavra, contra jornalistas. Nem contra árbitros. Nem contra treinadores, jogadores ou dirigentes de outros clubes.

Além de nos ter fornecido inegáveis provas de competência profissional, também nos deixou estes louváveis exemplos de civilidade desportiva. Mesmo quando empatava, mesmo quando perdia.

Caso raro também nisto.

Harder bisa na maior reviravolta desde 2019

Braga, 2 - Sporting, 4

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Rúben Amorim num abraço apertado a Conrad Harder: despedida em grande do Sporting

Foto: Hugo Delgado / Lusa

 

Faz hoje uma semana, em Braga, aconteceu uma das mais saborosas vitórias do Sporting. Reviravolta com tintas épicas. A segunda em poucos dias após o extraordinário triunfo em Alvalade frente ao Manchester City, considerado melhor equipa do mundo, sob o comando de Pep Guardiola, o treinador com mais fama nos nossos dias.

Primeira parte fraca, com demasiados erros individuais e falta de dinâmica colectiva. A turma anfitriã foi superior nesta fase, marcando duas vezes. Assim chegou o intervalo: perdíamos 0-2. Mais de 20 mil espectadores na Pedreira - parte dos quais sportinguistas.

Para agravar a situação, o melhor jogador português deste Sporting que sonha com o bicampeonato lesionou-se. Sozinho: problema muscular. Estavam decorridos apenas 23 minutos quando Pedro Gonçalves se viu forçado a abandonar o relvado. Ia em lágrimas, sabendo que voltaria também a falhar uma convocatória da selecção nacional. Só regressará às competições em 2025.

Geny teve de aquecer com rapidez. Entrou aos 26' para interior esquerdo.

 

O intervalo fez muito bem aos nossos jogadores. Parecia outra equipa. Mais veloz, mais acutilante, pressionando o Braga, forçando os adversários a recuar, impondo a superioridade natural. Aí ficou patente a excelente organização colectiva leonina, reforçada por jogadores com inegável talento.

Debast já não regressou para a segunda parte: St. Juste rendeu-o. A equipa ganhou com a substituição, beneficiando também com as trocas de Maxi Araújo por Harder e de Daniel Bragança por Morita ao minuto 56. 

Neste confronto no Minho em que disse adeus ao Sporting antes de rumar a Manchester, Amorim confirmou uma das suas maiores virtudes: saber ler o jogo. Muito mais do que a famosa "estrelinha" do treinador, isto explica a reviravolta. Que não tardou a ocorrer, operada pelos jogadores recém-entrados.

St. Juste, num cabeceamento ao poste, e Morita, aproveitando o ressalto em remate fulminante, começaram a reduzir aos 58'.

 

O Braga vencia ainda, mas estava encostado às cordas.

Foi ao tapete no minuto 81', com um disparo fortíssimo de Morten, a cerca de 30 metros da baliza. Golaço indefensável: Matheus foi incapaz de travá-lo. Sério candidato a golo do mês. O internacional dinamarquês, nosso capitão, estreou-se assim a marcar na Liga 2024/2025. 

Faltava entrar em cena um compatriota de Morten: Conrad Harder. Deu festival em campo nos minutos finais, levando ao delírio a massa adepta leonina. Aos 89', num remate cruzado, fortissimo. E aos 90'+4, repetindo a dose e fixando o resultado: 2-4.

Fabuloso bis, com parte do estádio a ovacioná-lo e o resto em silêncio.

De imediato todos os jogadores rodearam o treinador que se despedia, num comovente e eloquente abraço colectivo a demonstrar a força do balneário deste Sporting campeão, mais forte que nunca. 

Faz sentido: vamos com 32 jogos seguidos no campeonato sem perder. Nesta Liga, com 33 pontos em 11 jornadas, temos 39 marcados e apenas 5 sofridos. Média impressionante: 3,54 golos por jogo.

 

Amorim sorria, provavelmente já com saudades antecipadas. E também certamente com sensação de orgulho. 

Pôs fim ao maior período da história do SCP sem vencer o campeonato. Foi o primeiro treinador do Sporting a triunfar na Alemanha (goleando o Eintracht). Foi determinante na nossa mais lucrativa venda de sempre, com a transferência de Ugarte (aposta sua) para o PSG. Deixa o plantel mais valioso de Portugal: 443,5 milhões de euros, segundo o Transfermarkt. 

Ficam os números deste grande treinador, para memória futura: 231 jogos no Sporting com 164 vitórias, 34 empates e só 33 derrotas.

Tornou-se sportinguista entre nós. Devemos-lhe algumas das nossas melhores recordações desportivas de sempre.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel (5) - Sofreu dois golos, aos 20' e aos 45': nada frequente nele. Mas está isento de culpa em qualquer dos lances. 

Debast (2) - Há dias em que mais vale não calçar. Foi esse o dia para o belga. Ofereceu o primeiro golo ao Braga e marcou com os olhos no segundo, desconcentrado. Já não veio do intervalo.

Diomande (5) - Sentiu dificuldades notórias na primeira parte, mas impôs a voz de comando no segundo tempo, ajudando a blindar o nosso reduto defensivo.

Matheus Reis (5) - Titular em vez de Gonçalo Inácio, começou muito intranquilo, parecendo por vezes não saber o que fazer à bola. Melhorou no segundo tempo.

Quenda (7) - Um dos obreiros da reviravolta. Genial, um passe cruzado de 40m a isolar Gyökeres aos 51'. Serviu de aperitivo ao golo, iniciado 7' depois por ele, na marcação dum canto.

Morten (7) - Líder incontestado do meio-campo, muito atento às incursões adversárias. Destacou-se sobretudo no golaço que apontou aos 81' - a sua estreia como artilheiro nesta Liga.

Daniel Bragança (4) - Estranhamente apático, sem velocidade nem ritmo. Falhou no confronto com João Moutinho, perdendo a bola no segundo que sofremos. Saiu aos 56'.

Maxi Araújo (5) - Protagonizou bons cortes, aos 8' e aos 12', mas ainda lhe faltam rotinas no corredor esquerdo. O melhor que fez, na frente, foi atirar à malha lateral (43'). Saiu aos 56'.

Trincão (7) - Poucos como ele revelam tanta qualidade com a bola em espaços curtos. Já faz boa parceria ofensiva com Quenda à direita. É dele o passe para Harder no quarto do Sporting.

Pedro Gonçalves (3) - Noite azarada para o craque transmontano. Viu um amarelo aos 13' por protestos. Aos 23', esticou demasiado a perna e sentiu dor forte: foi substituído aos 26'.

Gyökeres (6) - Noite estranha: ficou em branco. Quase marcou, aos 51': Matheus travou-o. Falhou por pouco a emenda a centro de Geny (60'). Útil nos cartões: forçou três ao Braga (38', 45' e 68').

Geny (6) - Substituiu Pedro Gonçalves aos 56'. Ajudou a encostar a turma braguista às cordas, pressionando na meia esquerda. Remate forte aos 72', para defesa apertada do guardião.

St. Juste (7) - Substituiu Debast na segunda parte. Com larga vantagem, atrás e à frente. Cabeceamento ao ferro que deu golo na recarga (58'). Inicia o terceiro golo numa recuperação.

Morita (8) - Substituiu Daniel aos 56'. Era o dínamo de que a equipa precisava: saiu do banco para abrir a conta leonina. Transformado em "n.º 10", assistiu no terceiro golo.

Harder (9) - Entrou aos 56', substituindo Araújo. Viria a ser o protagonista do jogo - e o melhor em campo - ao bisar, aos 89' (passe de Morita) e aos 90'+4 (passe de Trincão). Está cada vez melhor.

Gonçalo Inácio (7) - Substituiu Matheus Reis no minuto 80. Tal como os outros suplentes utilizados, imprimiu qualidade e talento à equipa. Foi dele o passe para o golaço de Morten.

Não iremos desperdiçar

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Ruben Amorim deixa o Sporting com onze vitórias seguidas na Liga do Bicampeonato - igualando o nosso melhor arranque de sempre na prova máxima do futebol português que só tinha acontecido uma vez, há 34 anos.

Deixa o Sporting com 33 pontos nestas 11 jornadas, com o melhor ataque (39 golos) e a melhor defesa (5 golos).

Deixa o Sporting com 53 jornadas seguidas do campeonato sempre a marcar.

Deixa o Sporting invencível nos 30 últimos jogos consecutivos da Liga portuguesa.

Deixa o Sporting com 16 vitórias em 18 desafios já disputados na temporada 2024/2025. Percentagem: 89%.

Um legado precioso que não iremos desperdiçar.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

Da nossa vitória em Braga. Nova reviravolta no resultado, novo desafio épico em menos de uma semana. Após a goleada ao Manchester City em Alvalade, virámos agora por completo um resultado desfavorável na Cidade dos Arcebispos. Fomos para o intervalo a perder por dois-a-zero, mas no segundo tempo marcámos quatro, fixando o resultado: 2-4. Com golos de Morita (58'), Morten (81') e Harder (89' e 90'+4). Continuamos invictos. Continuamos imbatíveis. 

 

De termos igualado o melhor início de campeonato de sempre. Onze jogos iniciais, onze vitórias, 33 pontos. Há 34 épocas que não começávamos tão bem, desde a temporada 1990/1991, com Marinho Peres. Rúben Amorim despede-se do Sporting, para treinar o Manchester United, deixando a equipa ainda mais bem colocada para concretizar o sonho que alimentamos há 74 anos: a conquista do bicampeonato nacional de futebol.

 

Do treinador. Comprovando o seu talento como técnico capaz de ler os jogos, Amorim fez as substituições que se impunham: trocou Debast por St. Juste no recomeço da partida e Daniel Bragança por Morita aos 56': a dinâmica alterou-se de imediato, com pressão total do onze leonino rumo à baliza adversária. A troca de Maxi Araújo por Harder, também aos 56', acentuou esta tendência: o Braga foi encostado às cordas. A substituição de Matheus Reis por Gonçalo Inácio, aos 80', contribuiu para acentuar a fluidez do nosso jogo. Não só vencemos: voltámos a convencer.

 

De Harder. Não chegou a estar 40 minutos em campo, mas merece ser apontado como o melhor dos nossos. Por ter bisado, em dois grandes remates de meia-distância - fortes, muito bem colocados, com clara intenção de a meter lá dentro. Aproveitamento máximo das oportunidades de que dispôs. Foi graças a ele que trouxemos três pontos de Braga. O empate saberia a pouco, ficaria aquém dos objectivos, deixar-nos-ia sem hipóteses de igualar (e depois superar) o recorde de melhor início de sempre da maior prova desportiva nacional. 

 

Do golo de Morten. Daqueles de fazer levantar um estádio. Golaço - sem dúvida o melhor da jornada, um dos nossos melhores até agora. Este golo, num pontapé fulminante, pôs fim a um período inédito, prolongado por mais de 80 minutos: foi a primeira vez em que estivemos a perder neste campeonato. O capitão dinamarquês, em estreia a marcar nesta Liga, não foi importante apenas por isto: voltou a ser também comandante absoluto do meio-campo. 

 

De Morita. Grande partida do internacional japonês: mudou o fio de jogo leonino mal entrou em campo, tornando a equipa mais veloz, mais objectiva, mais acutilante. Actuando numa espécie de "número 10", estava no local certo para apontar o primeiro golo, apenas dois minutos depois de saltar do banco: foi de recarga, na sequência de um canto muito bem apontado por Quenda e de um cabeceamento de St. Juste ao poste. Foi também ele a fazer o passe para o nosso terceiro golo. Exibição sem mácula.

 

Do ambiente no estádio. Havia 20.585 espectadores nas bancadas da Pedreira, mas em largos períodos da partida escutavam-se sobretudo os apoiantes do Sporting. O chamado "12.º jogador" mostra-se activo e influente como nunca: também nisto se vê a dinâmica de um clube que sonha ser bicampeão.

 

Da união da equipa. Mal foi marcado o quarto golo, os jogadores correram em direcção a Rúben Amorim envolvendo-o num forte, caloroso e prolongado abraço. Símbolo bem expressivo do saudável ambiente do balneário, onde coesão e união são muito mais do que simples palavras. Não podia haver despedida mais empolgante e comovente do melhor treinador de sempre do Sporting.

 

De termos disputado 32 jogos em sequência sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota (1-2) aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, em Guimarães, a 9 de Dezembro. E vamos com 20 triunfos nas últimas 21 partidas disputadas para a maior competição do futebol português.

 

De ver o Sporting marcar há 53 jogos seguidos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde Abril de 2023, perante o Gil Vicente (0-0). Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.

 

Do nosso desempenho nesta temporada oficial. Dezoito jogos disputados, 16 vitórias. São números que dizem quase tudo.

 

Do balanço após quase um terço da prova. Melhor ataque (39 golos), melhor defesa (só cinco sofridos), melhor goleador: Gyökeres. Desde 1973/1974 não facturávamos tanto nas primeiras onze rondas. Ainda não vencemos, até agora, por menos de dois golos de diferença. Temos a equipa mais forte do campeonato português, cem por cento vitoriosa. Perseguimos um objectivo cada vez mais próximo: a conquista do bicampeonato. Só faltam 23 jornadas.

 

 

Não gostei

 

Dos dois golos sofridos. Consequência da boa dinâmica inicial do Braga, que bloqueou os nossos corredores laterais, com Bruma e Ricardo Horta a entrarem à vontade na grande área perante a passividade do trio defensivo - sobretudo Debast, com responsabilidades em ambos os golos  (20' e 45') por manifesta desconcentração. Não admira que o belga já não tenha regressado após o intervalo.

 

Da nossa primeira parte. Sem uma oportunidade de golo, sem um remate enquadrado. O melhor que se fez foi um remate de Maxi Araújo às malhas laterais. Para esquecer. 

 

Dos dois cartões exibidos por protestos. Primeiro Pedro Gonçalves (13'), depois Diomande (80'). Os jogadores devem ter especial atenção às novas regras para evitarem ser amarelados desta forma. Mas o árbitro Luís Godinho não teve critério uniforme, poupando João Moutinho a um cartão que devia ter visto ao protestar de forma ainda mais exuberante.

 

Da lesão de Pedro Gonçalves. O melhor jogador português do Sporting viu-se forçado a sair, com forte dor muscular, logo aos 23'. Baixa para a equipa, baixa (de novo) para a selecção nacional quando já estava convocado para os próximos encontros da equipa das quinas. Esperemos que consiga recuperar nesta pausa do campeonato motivada pelos confrontos internacionais.

 

Da despedida. Desta vez é que foi: Rúben Amorim deixou de orientar a nossa equipa principal de futebol após mais três desafios suplementares em boa hora impostos por Frederico Varandas. Valeu a pena: vitórias sucessivas contra o Estrela da Amadora (5-1), Manchester City (4-1) e Braga (4-2). Que tenha a maior das sortes em Manchester. Bem a merece, após o excelente trabalho em Alvalade durante quatro anos e oito meses - a mais longa permanência de um treinador neste posto em cerca de oito décadas no Sporting. 

Meio a brincar, meio a sério: e se o Rúben continuasse a tempo parcial?

Esta publicação só é "meio a brincar" pois eu não sei se o que proponho seria possível de acordo com os regulamentos. Duvido muito que fosse. Mas... e se o Rúben continuasse a tempo parcial? Vinha a Alcochete um dia por semana dar um treino e falar com o plantel como só ele sabe fazer. Durante os jogos do Sporting, mantinha-se em comunicação com o seu amigo João Pereira via zoom ou via skype. No resto do tempo era treinador do Manchester United. Até ao fim desta época seria este o acordo. Afinal, o Jesus Correia jogava futebol no Sporting e hóquei no Paço de Arcos.

Se isto fosse possível, seria a solução menos má. Para o João Pereira seria melhor - teria menos presão do que a que vai ter. É que o Rúben Amorim vai ser mesmo muito difícil de substituir, seja por quem for. As suas duas últimas vitórias, que têm o seu cunho pessoal, demonstram bem essa dificuldade. Não sei se teriam ocorrido com algum outro treinador.

O que proponho não é possível, infelizmente. Esperemos então que isto corra bem. A estrutura do futebol vai ter que ser muito forte até ao fim da época.

Onde estão os puristas?

Desde que Hugo Viana foi anunciado como futuro diretor para o futebol do Manchester City a partir da próxima época, vi sportinguistas a defenderem o despedimento imediato do atual diretor do Sporting.

Com o anúncio da saída a meio da época de Rúben Amorim, esteve muito bem a direção ao defender os interesses do clube, exigindo a sua permanência num ciclo de jogos importantíssimo até uma pausa para seleções. Vieram piadas de muitos adversários do Sporting, como era de se esperar. Qualquer sportinguista sabe: se há algo que une os adversários do Sporting são as piadas sobre o Sporting. Deveriam ser a elas imunes. Mas não: depois do Hugo Viana exigiam o afastamento imediato de Rúben Amorim (como queria o Manchester United), pois "não teria condições" de continuar à frente do Sporting.

Nesta altura pergunto eu: e se tivesse sido feita a vontade deles e Rúben tivesse sido afastado logo, em nome da "respeitabilidade" (dizem eles) do Sporting? Teria sido essa a atitude de João Rocha, quase de certeza. Alguma vez teria sido melhor?

Tenham juízo.

{ Blogue fundado em 2012. }

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