Gostei muito de ver o Estádio José Alvalade com 47 mil espectadores, como é próprio das noites grandes de futebol, na recepção ao Arsenal, há três dias. Casa cheia e sem nunca faltar o incentivo ao nosso onze nem ao novo técnico, João Pereira, nesta sua estreia internacional à frente da principal equipa de futebol do Sporting.
Gostei do golo marcado por Gonçalo Inácio ao vice-campeão inglês. Aconteceu no minuto 47 deste Sporting.Arsenal: este primeiro quarto de hora da segunda parte foi o único período positivo da nossa equipa em todo o jogo. O golo, na sequência de um canto apontado por Trincão, permitiu-nos sonhar com uma reviravolta após termos chegado ao intervalo a perder 0-3. Infelizmente foi esforço sem sequência. Aos 65'' sofremos o quarto, que nos despertou os olhos para a realidade: iríamos perder por goleada - a nossa primeira derrota nesta campanha da Liga dos Campeões, em que Ruben Amorim nos deixou invictos. Cenário previsível - e que infelizmente aconteceu.
Gostei pouco da estreia do João Simões, agora um dos dez jogadores portugueses mais jovens de sempre a disputar a Liga dos Camões. Cumpriu um sonho com apenas 17 anos - esta foi a parte positiva. De negativo, entrar só aos 88', quando já perdíamos por 1-5, e mal dispôs de tempo para tocar na bola. Certamente o jovem médio teria preferido um baptismo na Champions muito diferente, em maré de vitória.
Não gostei que o nosso primeiro remate enquadrado tivesse ocorrido apenas aos 47', por Morita, quando já perdíamos por 0-3. Pior foi termos sofrido mais dois, numa quase antítese da goleada que havíamos imposto três semanas antes ao Manchester City, também no José Alvalade. Consequência directa do onze escolhido por João Pereira, com um inoperante Edwards como interior esquerdo sem a capacidade de penetração entre linhas característica do lesionado Pedro Gonçalves. Na prática, não apenas entrámos só com dez de início como rasgámos uma avenida no nosso flanco esquerdo para que o melhor jogador do Arsenal, Saka, pudesse impor o seu futebol como dono e senhor. Edwards não fechava à frente, Maxi Araújo era batido em sucessivos confrontos individuais, Gonçalo Inácio revelou uma tremideira inexplicável como central à esquerda. Enquanto Morita se via forçado a desguarnecer o meio-campo para acorrer às dobras laterais e recuar em apoio da defesa vezes sem conta, deixando Morten isolado. O capitão dinamarquês, apesar disso, foi o melhor do nosso lado: quase marcou aos 73' e aos 90'+2, com Raya a negar-lhe os golos com grandes defesas. Lá atrás as coisas não foram mais bem-sucedidas. Diomande, de cabeça perdida, deixou-se amarelar logo aos 3' e pode considerar-se um homem cheio de sorte: devia ter visto o segundo cartão em duas ocasiões posteriores, nomeadamente quando provocou um penálti, aos 63'. Também Israel esteve muito longe de se mostrar à altura do que lhe era exigido: teve culpas em pelo menos três dos golos que encaixou, aos 7', 21', 45'+1, 65' e 82'. Só neste jogo sofremos tantos como nas sete partidas anteriores. Na primeira derrota em casa desde Outubro de 2023, quando perdemos com a Atalanta, 32 jogos antes deste. Já quase não nos lembrávamos de um desaire assim em Alvalade.
Não gostei nada desta estreia em provas da UEFA de João Pereira como sucessor de Ruben Amorim ao comando da equipa principal do Sporting. Pior do que a derrota foi a inexplicável passividade de toda a equipa técnica no banco, o facto de não terem mexido no onze após o intervalo, quando já perdíamos por 0-3, e de só aos 68' decidirem fazer as primeiras trocas que há muito se impunham, com Daniel Bragança a render o inoperante Edwards e Geny a substituir um errante Maxi Araújo. Pior ainda só as declarações do técnico após o jogo, aludindo a «erros da casting» que ninguém parece ter compreendido, começando por ele próprio, e sublinhando a necessidade de ver a equipa «levantar a cabeça». Frase sem sentido: faz lembrar outros tempos, felizmente bem longe dos actuais.
Edwards, com dois golos, demonstrou a João Pereira que pode contar com ele
Foto: José Sena Goulão / Lusa
Gostei muito da estreia de João Pereira como novo técnico da equipa principal do Sporting. Foi, de facto, uma estreia de sonho: não poderia ter desejado melhor. Goleada (mais uma, nesta época que tem sido fértil nelas) da nossa equipa na recepção ao brioso mas muito inferior Amarante, da Liga 3. Terminou 6-0, mas o resultado poderia ter sido mais volumoso: Harder, Trincão e Gyökeres - este duas vezes, ambas de livre direcro - enviaram quatro bolas aos ferros. Ao intervalo já vencíamos por 4-0. Destaque para as exibições de Edwards (assinou um golaço logo aos 10' evoluindo velozmente no corredor central com a bola dominada, sentou três adversários e finalizou de pé direito; bisou aos 45' encostando com a biqueira quase na linha de golo), Daniel Bragança (passes para o primeiro, segundo e quarto golos, neste dando até a impressão de que a bola já se encaminhava para o fundo das redes sem o desvio do inglês) e Trincão (protagonizou futebol de excelência em Alvalade aos 23' e aos 27', acabando por a meter lá dentro noutro lance sublime, aos 57': era o quinto golo). O minhoto foi o melhor em campo: aplaudido em pé ao dar lugar a Gyökeres, no minuto 66.
Gostei de Esgaio (aposta inicial de João Pereira para ala direito, central à direita no segundo tempo, quando St. Juste cedeu lugar a Quenda): voltou aos golos apontando o segundo, aos 15', e foi dele a pré-assistência no quarto. Nota muito positiva também para Matheus Reis: começou como central à esquerda, acabou como central à direita, fez pré-assistência no segundo golo e cortes preciosos aos 18' e aos 29', neste compensando má colocação de Vladan. Merecidos elogios igualmente para Harder, autor do terceiro golo (27') e do passe para o quinto em tabelinha com Trincão, e para o inevitável Gyökeres, que voltou a fazer o gosto ao pé: entrou só aos 66', mas ainda a tempo de ter sido carregado em falta para penálti e de o ter concretizado com êxito aos 90'. Melhor marcador mundial neste ano de 2024: já soma 59 golos, entre o Sporting e a selecção sueca. Um fenómeno.
Gostei pouco que Eduardo Quaresma tivesse permanecido no banco: não calçou. Estará a ser poupado para a recepção ao Arsenal, em partida da Liga dos Campeões na próxima terça-feira? Em compensação, polegar levantado ao novo técnico por apostar em dois jogadores da Academia Cristiano Ronaldo, lançados ontem em estreia absoluta na equipa principal: o algarvio João Simões (médio ofensivo esquerdino, 17 anos, substituiu Esgaio aos 66') e o madeirense Henrique Arreiol (médio central, 19 anos, rendeu Daniel Bragança aos 73'). Ambos já se destacaram ao serviço do Sporting na Liga Jovem e na Liga 3, aqui sob o comando de João Pereira, que bem os conhece.
Não gostei que o Amarante, equipa amadora, tivesse ficado em branco: merecia um golo de honra para alegrar os mais de mil adeptos que trouxe a Alvalade, mas não chegou a fazer um só remate enquadrado nesta partida que qualificou o Sporting para os oitavos-de-final da Taça - a disputar com Famalicão ou Santa Clara no dia 18 de Dezembro. Nota menos positiva também para Vladan (voltou a não convencer como titular da baliza, saindo mal dos postes aos 29') e Fresneda (peixe fora de água como ala esquerdo, recuou aos 66' para central).
Não gostei nada que disputássemos outra eliminatória da Taça (a nossa segunda esta época, após a vitória por 2-1 em Portimão) sem vídeo-arbitragem. Não faz o menor sentido esta ausência do VAR naquilo a que chamam «prova rainha do futebol em Portugal». Só se for como a rainha madrasta da Branca de Neve...
Rúben Amorim: despedida inesquecível de Alvalade com goleada ao City de Guardiola
Foto: José Sena Goulão / Lusa
Gostei muito do jogo épico do Sporting na passada terça-feira, em Alvalade, contra o Manchester City, que muitos consideram a melhor equipa do mundo, treinada por aquele que também costuma ser apontado como o melhor treinador actual do planeta futebol: o catalão Pep Guardiola. Vencemos por 4-1 (com 1-1 ao intervalo) após uma segunda parte em que o onze leonino se comportou como autêntico rolo compressor, neutralizando uma equipa recheada de estrelas: Haaland, Foden, Ederson, Savinho, Akanji, Kovacic, Bernardo Silva, Gundogan e De Bruyne. Exibições superlativas de Gyökeres (três golos, aos 38', 49' e 80', estes dois de penálti), de Pedro Gonçalves (extraordinário, o passe para golo no primeiro do craque sueco), de Israel (não evitou o golo de Foden aos 4', mas impediu três outros, um dos quais de Haaland) e de Maxi Araújo (em estreia como artilheiro na Champions, aos 46 segundos da segunda parte, num lance colectivo que merece figurar na antologia dos melhores de sempre do historial leonino), sem esquecer Diomande, Quenda e Trincão.
Gostei da simbiose total entre adeptos e equipa - incluindo equipa técnica, neste desafio contra o tetracampeão inglês que marcou a despedida de Rúben Amorim do José Alvalade após 1703 dias no Sporting antes de se tornar treinador do United, onde inicia funções na próxima segunda-feira. Gostei do regresso de Matheus Nunes - como ala esquerdo - ao nosso estádio, onde foi brindado com fortes aplausos apesar de vir como adversário. Gostei da celebração final, com os jogadores a formarem um corredor de honra ao técnico que tão bem serviu o Sporting durante quase cinco anos e levantarem-no ao ar, em clima de euforia, numa das mais belas noites de glória que conhecemos no nosso estádio. Fechamos a primeira metade da jornada da Champions 2024/2025 no segundo lugar da classificação, com 10 pontos, a par do Mónaco, terceiro, e só atrás do Liverpool, que comanda com 12 pontos. Entre 36 equipas.
Gostei pouco de me lembrar que já restam poucos heróis de outro dia épico na história do Sporting: aquele 18 de Março de 1964, em que derrotámos por 5-0 o Manchester United cheio de génios da bola como o inglês Bobby Charlton (futuro campeão do mundo em 1966), o escocês Denis Law e o irlandês George Best. Goleada alcançada na segunda mãos dos quartos-de-final da Taça dos Vencedores das Taças que viríamos a conquistar dois meses depois. Após os recentes falecimentos de Carvalho e Alexandre Baptista, sobrevivem Pedro Gomes, José Carlos, Hilário e Figueiredo.
Não gostei de lembrar um dos nossos, que só por manifesto infortúnio não estava ali, defrontando o campeão europeu de 2023: Nuno Santos, que rompeu pela terceira vez os ligamentos do joelho direito, tendo a época acabado para ele a 27 de Outubro em Famalicão. Mas foi bem substituído por Maxi no difícil confronto com Savinho, o melhor elemento deste City que nos visitou.
Não gostei nada, uma vez mais, do péssimo hábito de alguns idiotas, que teimam em assobiar o hino da Champions no nosso estádio. Como se preferissem disputar outra prova, muito inferior, como a Liga Europa (onde estão FC Porto e Braga) ou a Liga da Conferência (palco do V. Guimarães, que ali está a ser bem-sucedido). Quando é que estes imbecis se deixam de comportar como adeptos de equipa pequena e enfiam os assobios no lugar mais recôndito que tiverem?
Morten e Gyökeres: golos nórdicos na vitória por 3-1 para a Taça da Liga contra o Nacional
Foto: EPA / Rodrigo Antunes
Gostei muito de ver ontem Gyökeres marcar mais dois golos, em Alvalade, perante mais de 32 mil adeptos nas bancadas. Mas um deles não foi um golo qualquer: refiro-me ao segundo (terceiro do Sporting neste desafio da Taça da Liga), marcado de livre directo. Por este simples motivo: há quase quatro anos que não marcávamos desta maneira, desde um inesquecível tiro de Pedro Porro contra o Famalicão em Dezembro de 2020. Foi quebrado o enguiço pelo ponta-de-lança sueco, aos 70', nesta recepção ao Nacional. Cinco minutos antes, já ele tinha marcado, mas de penálti. É um dos melhores avançados que desde sempre envergaram a camisola com o símbolo do Leão: leva 16 golos marcados em 15 jogos desta temporada, mais quatro assistências. Também melhor em campo, claro.
Gostei da vitória por 3-1, naturalmente. Iniciada com um golo de Morten, aos 53': remate cruzado por baixo, sem hipótese de defesa para Lucas França. Seguimos para a final-a-quatro na Taça da Liga: mantemo-nos em todas as frentes. Vitória obtida só no segundo tempo, após o empate a zero registado ao intervalo, com a turma visitante a estacionar o autocarro junto à sua baliza (parece sina, enfrentarmos equipas com semelhante "táctica", o que diz tudo sobre a falta de qualidade do futebol português) e o guarda-redes do Nacional a queimar todo o tempo possível em cada reposição de bola, o que lhe valeu um cartão amarelo ainda na primeira parte. Objectivo cumprido nesta prova, para já. Mas o que mais interessa é o campeonato, onde permanecemos invictos à nona jornada. Segue-se a recepção ao Estrela, depois de amanhã.
Gostei pouco de certas exibições no onze inicial. Fresneda, em estreia como ala esquerdo, esteve totalmente desposicionado, quase sem acertar um centro, tarda em mostrar por que motivo foi contratado. Edwards, de regresso a titular como ponta direito, evidenciou os defeitos que já lhe conhecíamos: alheia-se dos lances, foge da disputa da bola, integra-se com dificuldade no colectivo. Sem surpresa, foram ambos substituídos ao intervalo. E a equipa parecia outra: Trincão muito melhor do que o inglês, Gyökeres incomparavelmente superior ao espanhol (Harder foi remetido à posição de Fresneda com a entrada do sueco para avançado-centro).
Não gostei de ver o onze sem Nuno Santos. Acentuou-se a minha convicção de que o extremo agora lesionado irá fazer-nos muita falta. Matheus Reis (que até quase marcou aos 3') tem mais propensão defensiva, Maxi Araújo ainda não ultrapassou o patamar da vulgaridade no Sporting e Geny é muito mais acutilante quando actua do lado direito, agora com Quenda a fazer-lhe concorrência. Fresneda, à esquerda, não é opção. Problema complicado para o técnico resolver. Já não será Rúben Amorim, ao que tudo indica.
Não gostei nada do ambiente frio no estádio. Estava uma atmosfera estranha, que abrangia o banco leonino e contagiava a própria equipa, a quem faltou desenvoltura e alegria. Havia a noção generalizada de que este talvez fosse o último jogo do Sporting sob o comando de Rúben Amorim após quase quatro anos e oito meses. Espécie de despedida antecipada, com o pano prestes a cair. Pairava ali uma aura de tristeza que noutro contexto talvez deixasse alguém perplexo. Mas todos percebemos o motivo: um ciclo muito feliz está prestes a chegar ao fim.
Gyökeres deixa o primeiro adversário para trás na brilhante jogada do primeiro golo leonino
Foto: EPA / Gintare Karpaviciute
Gostei muito de ver mais um obstáculo superado. Desta vez na milionária Liga dos Campeões, prova em que continuamos invictos. Após impormos derrota ao Lille em Alvalade (2-0) e empatarmos na Holanda frente ao PSV (1-1), arrancámos triunfo fora de portas, contra o Sturm Graz, campeão austríaco, por 2-0. Resultado ainda mais positivo do que o 2-1 que de lá trouxemos há 13 meses, em confronto para a Liga Europa (com golos de Gyökeres e Coates). Mantemos intactas as aspirações a transitar para a fase seguinte da prova, reforçamos a dinâmica vitoriosa nas três competições em que já marcámos presença esta época com balanço brilhante (doze jogos, onze vitórias e um empate, 34 golos marcados e apenas quatro sofridos). Mais: foi a primeira vez que fizemos três jogos seguidos como visitantes sem perder na prova máxima do futebol europeu. Outro marco superado que nos traz proventos financeiros e reforça a boa reputação leonina além-fronteiras.
Gostei do regresso de Pedro Gonçalves após cinco jogos de paragem imposta por lesão: aconteceu só aos 70', por troca com Maxi Araújo, mas ainda a tempo de oferecer golo a Gyökeres, isolando-o aos 82', em lance que viria a ser anulado por deslocação do craque sueco. E, claro, gostei dos nossos golos. O primeiro, fruto de magnífico lance colectivo, finalizado por Nuno Santos aos 23'. Começa num passe frontal de Esgaio para Trincão que toca para Viktor que deixa para Morten que coloca em Geny que centra para um ligeiro toque do sueco em desequilíbrio até a bola chegar ao nosso aguerrido ala esquerdo, ontem uma das figuras do encontro. O segundo, aos 53', golaço do melhor em campo: Gyökeres. Muito bem lançado por Debast junto à linha esquerda, progride com ela sempre dominada num slalom de 40 metros: bate em velocidade o lateral, senta um central, dribla o guarda-redes e dispara lá para dentro, fixando o resultado. Desde já um dos nossos melhores golos da temporada - e não falta por onde escolher.
Gostei pouco que tivéssemos desperdiçado oportunidades de trazer da Áustria uma vitória ainda mais expressiva. Aos 16', num remate à meia-volta em posição frontal dentro da área, Viktor Gyökeres permite a defesa da noite ao holandês Scherpen, seu velho conhecido. Aos 80', servido por Geny, Trincão fez raspar tinta do ferro: esteve a escassos centímetros do golo. Aos 87' de novo o minhoto em foco, desta vez isolando Gyökeres, que permitiu a defesa isolado perante o guarda-redes. Ao intervalo vencíamos apenas pela margem mínima: sabia a pouco, pois tínhamos domínio total do jogo e chegámos a ter 75% de posse de bola nesse período.
Não gostei de Maxi Araújo nesta sua estreia a titular no Sporting. Actuando como interior esquerdo adaptado, completando um tridente ofensivo que também integrava Trincão e Gyökeres, o internacional uruguaio pareceu sempre ali como peixe fora de água: torna-se demasiado evidente que está fora da sua zona de conforto, enquanto lateral esquerdo de raiz. Ali exige-se ganas ofensivas e faro de goleador: servido de bandeja por Viktor logo aos 9', Maxi atirou muito por cima. Tem de treinar muito para adquirir os automatismos que ainda lhe faltam naquela zona - o que não admira, pois está no Sporting há menos de dois meses. Também não gostei da confirmação de que Fresneda, mais de um ano após ter sido contratado por 9 milhões de euros, não é opção para Rúben Amorim: até Esgaio já o ultrapassa na hierarquia dos laterais direitos, como agora aconteceu.
Não gostei nada do mau estado do relvado de Klagenfurt, que tal como em 2023 voltou a apresentar-se impróprio para uma grande competição desportiva europeia. Nem da exibição do dinamarquês Mika Biereth, colega de Harder na selecção sub-21 da Dinamarca e maior goleador do campeonato austríaco (oito golos em dez jogos): foi eficazmente neutralizado pelo nosso bloco defensivo, inicialmente com Esgaio à direita, Debast ao centro e Gonçalo à esquerda (Matheus Reis viria a render Esgaio aos 56' e o ansiado regresso de St. Juste ocorreu aos 70' com a saída de Debast). Antes assim.
Gostei muito do bis de Harder, ontem à noite, no estadio de Portimão. São exibições como esta que definem a qualidade de um jogador. O jovem dinamarquês, internacional sub-21, fez a diferença perante o conjunto que regista mais golos sofridos da Liga 2 ao marcar duas vezes, ambas em momentos decisivos: primeiro aos 40', com Nuno Santos a assistir de trivela, desbloqueando o empate a zero que persistia perante a dupla muralha do onze anfitrião; depois a três segundos do fim do tempo extra, aos 90'+4, dando a melhor sequência a um passe de Gyökeres. Assim fixou o resultado (1-2), conduzindo o Sporting à quarta eliminatória da Taça de Portugal e evitando um desgastante prolongamento de meia hora com desfecho imprevisivel. Seguimos em frente graças a ele, o melhor em campo.
Gostei da aposta de Rúben Amorim em mais dois jovens da formação lançados na equipa principal, embora só possa pronunciar-me sobre um. Refiro-me ao brasileiro Bruno Ramos, de 19 anos, que apenas com 2 minutos de actuação no Sporting B foi ontem titular como central à direita (com Debast ao meio e Gonçalo Inácio à esquerda). Sem inventar, cumpriu. Sem brilhar, foi útil. Sem dar muito nas vistas, transmitiu segurança à equipa. O outro foi o galego Lucas Taibo, também defesa, que aos 18 anos tem-se destacado na B. Este entrou após o segundo golo, trocando com Debast só para queimar tempo: nem chegou a tocar na bola.
Gostei pouco das dificuldades registadas para derrubarmos o autocarro estacionado nos 25 metros defronte da baliza da turma algarvia - que mais parece escola de samba de série B. Incapacidade de penetrar nas linhas (saudades do lesionado Pedro Gonçalves...) e de criar movimentos de ruptura. A lentidão de processos, a falta de domínio no jogo aéreo e a incapacidade de aproveitar cantos e livres ajudaram pouco ou nada. Quando finalmente conseguimos criar perigo, o guardião portimonense, Vinicius, resolveu com um par de boas defesas, negando golos a Harder (3') e Morten (30'). Valha a verdade que vários jogadores vinham de desgastantes participações em desafios das respectivas selecções - de tal maneira que alguns, como Geny e Gyökeres, começaram no banco, e outros, como Morita e Maxi Araújo, nem entraram. Foram poupados pelo treinador - ou foram poupando esforços por livre iniciativa - já a pensar no confronto da próxima terça-feira contra o Sturm Graz, na Áustria, para a Liga dos Campeões.
Não gostei de algumas exibições. Sobretudo de Gonçalo Inácio, muito intranquilo, perdendo a bola e falhando passes: anda irreconhecível. Também de Esgaio, em estreia como titular esta época: ala direito, nunca fez a diferença em missão ofensiva, preferindo tocar para o lado ou para trás. Sem esquecer Vladan, que ontem regressou à baliza após lesão. Num jogo em que teve pouco trabalho, atrapalhou-se numa reposição de bola, aos 83', desmentindo aquele que diziam ser o seu principal atributo: jogar com os pés. E voltou a encaixar mais um golo (o terceiro de leão ao peito), embora obtido de forma irregular.
Não gostei nada de confirmar que nesta fase da Taça de Portugal a vídeo-arbitragem continua ausente dos estádios. Com ela, nunca o golo algarvio validado por Helder Malheiro e o seu árbitro auxiliar aos 87', teria sido considerado legal. Chico Banza está em fora-de-jogo posicional interferindo claramente na jogada. Por aqui se percebe, ainda com maior nitidez, como a introdução do VAR foi uma conquista imprescindível para a verdade desportiva nos estádios de futebol.
Gostei muito do resultado do Sporting (1-1) em Eindhoven, frente ao PSV - equipa que não perde em casa há 42 jogos. Trouxemos da Holanda um precioso ponto que nos dará muito jeito, lá mais para diante, nas contas da Liga dos Campeões. Empate ainda mais precioso por ocorrer num jogo em que a turma dos Países Baixos foi superior durante toda a primeira parte, comprovando que a célebre estrelinha de Ruben Amorim volta a brilhar em momentos difíceis. Com este resultado continuamos invictos na prova máxima do futebol europeu e na própria temporada 2024/2025. Balanço: nove desafios disputados, com oito vitórias e este empate.
Gostei de Daniel Bragança, melhor do Sporting em campo. Só entrou aos 52', substituindo o desastrado Geny, mas chegou muito a tempo de mostrar as suas melhores características: condução da bola, visão de jogo, qualidade de passe, temporização dos lances, chegada à frente. Mexeu com a equipa e brilhou aos 84' com o golo do empate: fugiu à marcação dentro da área e desviou no ar a bola com o seu pé menos bom, o direito, finalizando com brilhantismo. O seu terceiro golo da temporada, comprovando ao treinador que merece ser titular. Rúben certamente levará esta exibição em conta. Tal como a de Maxi Araújo, que fez a assistência e entrou igualmente muito bem, aos 79', rendendo um extenuado Nuno Santos. Também o internacional uruguaio demonstra qualidade para figurar no onze inicial, assim como o seu compatriota Franco Israel, que fez duas grandes defesas, aos 14' e aos 73'. Deve ser ele a continuar entre os postes. A propósito, convém lembrar que não sofríamos um golo desde 17 de Agosto.
Gostei pouco que o nosso treinador tivesse demorado demasiado a mexer na equipa ao verificar que não ganhávamos uma bola dividida e concedíamos toda a iniciativa de jogo ao onze adversário. Além de Daniel e Maxi, também Harder podia e devia ter entrado mais cedo: substituiu Trincão aos 79' e contribuiu para intensificar a nossa pressão atacante. Aos 90''+3 fez um remate com selo de golo que Benítez bloqueou só com muita dificuldade, impedindo assim a derrota do PSV.
Não gostei da exibição de Geny, que rende pouco quando joga à esquerda e se vê forçado a receber a bola de costas para a baliza: não é cenário propício às suas características. Teve responsabilidade no golo sofrido, logo aos 15', ao deixar-se bater por Schouten, que disparou sem hipótese de defesa para Israel. Neste lance o moçambicano divide culpas com Debast: o internacional belga fez um passe de risco totalmente escusado, além de duas entregas de bola comprometedoras noutros momentos. Também Gonçalo Inácio volta a sentir dificuldades num jogo internacional, o que não é inédito nele: entregou aos 14' em zona proibida e aos 56' deixou De Jong fazer o que quis, ficando nas covas. Só por manifesto azar o veterano defesa holandês não a meteu no fundo da nossa baliza.
Não gostei nada de ver tantos jogadores nossos a escorregar o tempo todo no relvado em Eindhoven. Aconteceu com quase todos, com destaque para Gyökeres, ontem neutralizado tanto pelo excelente policiamento do jovem central Flamingo, que não lhe concedeu um centímetro de espaço, como por andar sempre a cair mesmo quando ninguém lhe tocava. O maior escorreganço, no entanto, foi protagonizado por Eduardo Quaresma, que patinou quando se preparava para a meter lá dentro, isolado perante Benítez, aos 71': queda caricata num lance iniciado com brilhante recuperação do próprio lateral leonino. Mas aquilo de que menos gostei foi ver Diomande sair de campo amparado, aparentando torção num pé, aos 32': outra lesão a afligir um defesa nosso, havendo jogo de campeonato, contra o Casa Pia, já daqui a três dias.
Gostei muito que tivéssemos começado com o pé direito a nossa participação na Liga dos Campeões, após uma época de ausência. Vencemos por 2-0 o Lille, quarto classificado da Liga francesa 2023/2024. E convencemos. De tal maneira que Israel só teve de fazer uma defesa digna desse nome, já aos 89', a remate de Cabella. Convencemos, acima de tudo, graças a um golaço (38') de Gyökeres, que marca há oito jogos consecutivos em Alvalade: recebeu a bola na área, rodou para se libertar de marcação e colocou-a no ângulo mais inacessível para o guarda-redes Chevalier. E a um golão (65') de Debast, num tiro disparado a cerca de 30 metros da baliza - de primeira, sem preparação, fazendo as redes balançar no canto superior direito. Melhor em campo e homem do jogo, respectivamente - ambos heróis da noite. Também grande desempenho de Pedro Gonçalves, que cada vez parece mais jogar de olhos fechados com o craque sueco: foi ele a assisti-lo no golo com um gesto técnico de inegável classe.
Gostei que tivéssemos superado com boa nota a primeira etapa da caminhada na Champions, agora com novo formato - por acumulação de pontos, em oito rondas, o que arrastará esta fase da Liga dos Campeões até meados de Janeiro. Com vários estreantes leoninos na prova-rainha do futebol europeu: Israel, Debast, Diomande, Morita, Morten, Geny, Trincão e o próprio Gyökeres. Além de Quenda, que aos 17 anos e 140 dias se tornou o mais jovem jogador português de sempre a participar num onze da Liga dos Campeões - superando as proezas antes ocorridas com Dário Essugo e Rodrigo Ribeiro, ambos também pela mão de Rúben Amorim, embora não como titulares. Sem esquecer outro estreante nestas lides: Maxi Araújo, que substituiu precisamente Quenda, aos 73'. E até se registou a estreia absoluta no Sporting do dinamarquês Conrad Harder, de 19 anos: entrou aos 88', substituindo Trincão, ainda a tempo de dar nas vistas, obrigando Chevalier a grande defesa. Os mais de 41 mil adeptos presentes nas bancadas de Alvalade seguramente apreciaram.
Gostei pouco da equipa adversária, que ficou reduzida a dez por acumulação de amarelos de Angel Gomes após faltas sobre Trincão (20') e Gyökeres (40'), travados à margem das regras: facilitou a nossa tarefa e confirmou que a turma francesa não constitui obstáculo preocupante, não só cá mas também lá. Também gostei pouco que ao intervalo este Sporting-Lille só estivesse 1-0. Resultado escasso para o futebol produzido. Podíamos ter marcado aos 12' (por Morita), aos 18' (Quenda), aos 27' (Trincão) e aos 28' (Pedro Gonçalves). Aos 70' tínhamos já 15 remates (cinco dos quais enquadrados) contra zero da equipa visitante. Chegou e sobrou para os três pontos e para arrecadarmos 2,1 milhões de euros só graças a esta vitória. Numa equipa com reduzida média de idades: apenas 23,8 anos. O futuro é verde e branco.
Não gostei da inesperada lesão de Gonçalo Inácio, forçado a sair logo aos 13', com um pé magoado - avolumando a lista dos nossos centrais a contas com lesões, após St. Juste e Eduardo Quaresma. Também não gostei de ver Tiago Santos, formado na Academia de Alcochete e já convocado para a selecção nacional, actuar contra o clube que representou durante 12 anos nas camadas jovens: saltou do banco e teve bons apontamentos como lateral direito, posição em que já se havia destacado ao serviço do Estoril. Infelizmente não encontrou no Sporting a oportunidade que merecia.
Não gostei nada que tivesse sido assobiado o hino da Liga dos Campeões em Alvalade. Estes anormais gostariam de ver o Sporting mais uma época fora da Champions? Alegam uns tantos que fazem isto porque a equipa foi prejudicada num desafio qualquer ocorrido há uma década: é o cúmulo da imbecilidade. Até os nossos jogadores ficaram perplexos com isto; um deles tinha só sete anos quando o tal jogo aconteceu. Pior do que isto só o uso recorrente de tochas por energúmenos de duas claques ditas leoninas: desta vez chegaram mesmo a ferir dois adeptos que tiveram de receber tratamento no próprio estádio. A administração da SAD do Sporting tem de lidar com estes casos com mão de ferro: tolerância zero. Delinquência e desporto são dois termos antagónicos: não podem confundir-se.
Gostei muito da nossa qualificação para a final da Taça de Portugal, anteontem. Primeiro porque já não acontecia há cinco anos - desde que conquistámos este título, na altura com a nossa equipa sob o comando de Marcel Keizer. Depois porque foi alcançada em casa do nosso mais velho rival, num estádio da Luz com quase 60 mil espectadores - incluindo cerca de 3500 adeptos leoninos. E por ter sido merecida: no conjunto das duas mãos, o Sporting foi superior. Domínio total na primeira parte em Alvalade, com a segunda parte equilibrada, enquanto o Benfica esteve por cima nos 45 minutos iniciais do desafio da segunda mão, com o período complementar disputado taco-a-taco - numa das mais emocionantes partidas de futebol português da temporada em curso, bem arbitrada por João Pinheiro. Como costumo dizer, a sorte sorriu-nos com todo o mérito.
Gostei de que em momento algum, nestes dois desafios da meia-final da Taça, nunca o Benfica tivesse estado em vantagem. Pelo contrário, foi sempre correndo atrás do prejuízo. Aconteceu no final de Fevereiro, em Alvalade, quando conseguiu reduzir com um golo solitário no momento em que já perdia 2-0. Voltou a acontecer agora: fomos nós a inaugurar o marcador desfazendo o empate a zero que se mantinha ao intervalo - primeiro com um golaço de Morten que gelou a Luz, aos 47', depois por Paulinho, dando o melhor caminho à bola na sequência de um cruzamento perfeito de Geny, aos 55'. Os encarnados ainda empataram, mas já não foram capazes de inverter o resultado, que se fixou em 2-2. Nós seguimos para a final do Jamor, a 26 de Maio. Eles ficam pelo caminho.
Gostei pouco de termos desaproveitado três oportunidades para vencer no estádio dos vizinhos. Andámos lá perto. Aos 7' Gyökeres tocou para Morten, já na pequena área, com o dinamarquês a elevar ligeiramente a bola, que rasou a barra: se marcasse neste lance, bisando na partida, teria sido um prémio ainda mais justo para o desempenho do excelente médio leonino, que elejo como melhor em campo. Aos 63', o internacional sueco, num dos seus raides espectaculares, galgou dezenas de metros sem oposição antes de disparar, fazendo a bola embatar com estrondo no poste: esteve prestes a marcar um dos mais belos golos do ano. Aos 84', também servido por Gyökeres, Paulinho rematou mais em jeito do que em força, bem enquadrado com a baliza, mas Trubin salvou in extremis com a ponta das luvas.
Não gostei de alguns desempenhos de jogadores nossos, sobretudo na primeira parte. Na linha defensiva, só Coates não tremeu - ao contrário de Gonçalo Inácio e Diomande, que iam somando decisões erradas, com passes transviados, e de Nuno Santos, que transformou o nosso corredor esquerdo numa passadeira para Di María e lá na frente perdeu sucessivos duelos com Bah. Na ala direita, Esgaio sentiu-se inferiorizado no confronto com Neres, mostrando-se incapaz de estender o nosso jogo para explorar a profundidade. Rúben Amorim, descontente com o que via, fez aquilo que se impunha: três trocas simultâneas ao intervalo. St Juste rendeu Diomande, Geny substituiu Esgaio e Matheus Reis entrou para o lugar de Nuno Santos. Com subida imediata do nosso rendimento colectivo - de tal maneira que segundos após o recomeço, na primeira incursão de Geny no seu corredor, o moçambicano já disparava à baliza e ao minuto 55, naquela assistência para Paulinho, mostrou a Esgaio como se faz no plano ofensivo.
Não gostei nada de ver como alguns jogadores encarnados se deitavam para o chão, uma vez e outra, simulando terem sido atingidos à margem das regras. Nesta ronha antidesportiva o campeão é Di María: felizmente o árbitro não se deixou impressionar por esta medíocre rábula. Quase tão censurável como os engenhos pirotécnicos e os potes de fumo lançados sobre a nossa baliza pela "não claque" benfiquista, que continua a fazer o que quer com total impunidade. Sem esquecer a agressão que teve como alvo Nuno Santos, brindado com um carregador de telemóvel por um energúmeno do SLB quando ia marcar um canto: esteve a centímetros de ser atingido com gravidade, podendo ficar seriamente ferido ou até incapacitado. Inacreditável como coisas destas continuam a acontecer sem uma palavra de censura do clube anfitrião nem as pesadas multas que se impõem. Para que o futebol deixe de ser uma selva.
Gostei muito do belo golo marcado por Pedro Gonçalves em Bérgamo. Foi ontem, aos 33', abrindo o marcador no jogo da segunda mão, após empate com muita sorte nossa em Alvalade (1-1) frente à turma italiana, sexta classificada no campeonato do seu país. Até aí tínhamos sabido fechar os caminhos para a nossa baliza, dando boa réplica à intensa pressão adversária sobre o portador da bola. O golo culminou exemplar lance colectivo em que intervieram Morten e Matheus Reis antes de Pedro Gonçalves pegar nela, fazer eficaz tabelinha com Gyökeres e isolar-se frente ao guarda-redes, encaminhando-a para o fundo da baliza. Sem vacilar, na primeira oportunidade da nossa equipa neste jogo. Décimo-quinta concretização com sucesso do nosso n.º 8 na época em curso, que promete ser a sua segunda mais goleadora de sempre. Infelizmente foi também esse o momento em que Pedro contraiu uma lesão - aparente rotura muscular - que o forçou a sair em lágrimas quando estava a ser o nosso melhor em campo. Talvez permaneça várias semanas afastado. Baixa preocupante nesta recta final da época.
Gostei de alguns jogadores nossos. Desde logo, Israel: a lesão de Adán acabou por dar oportunidade ao jovem guardão uruguaio, já internacional pelo seu país, para mostrar o que vale. Neste seu quinto jogo seguido como titular, confirmou os pergaminhos com boas defesas aos 3', 51', 70' e 77'. Nos dois que sofremos, infelizmente, pouco ou nada podia ter feito. Também gostei de Morten, que fechou como pôde os caminhos para a nossa baliza, recuperou várias bolas e ajudou a construir o golo. Boa nota igualmente para Daniel Bragança: rendeu Pedro Gonçalves aos 36' sem desequilibrar o nosso meio-campo, complementando a acção do dinamarquês, e ainda fez dois grandes passes para golo (visando Geny aos 84' e Paulinho aos 86'). Esteve ele próprio muito perto de marcar com um disparo forte, de longe, aos 70', para defesa incompleta de Musso: infelizmente nenhum colega compareceu nas imediações para a recarga. Nem sequer Gyökeres, bem policiado pelo seu compatriota Hien, seu colega na selecção sueca.
Gostei pouco de alguns passes longos, na fase de construção, que acabaram em pés italianos. Foi o caso do que viria a gerar o primeiro golo da Atalanta, no minuto inicial da segunda parte: Gonçalo Inácio tenta colocar a bola em Trincão, um dos colegas com menor intensidade colectiva na partida de ontem; um adversário antecipa-se e rouba-a, desencadeando um contra-ataque muito rápido em que vão falhando sucessivas tentativas de intercepção - desde logo do próprio Gonçalo, com Diomande aos papéis, St. Juste a falhar o corte no momento indicado e Esgaio ao segundo poste a marcar com os olhos. Lookman facturou à nossa custa. Doze minutos depois foi a vez de Scamacca fazer o mesmo, repetindo a proeza alcançada em Alvalade.
Não gostei do segundo golo sofrido, aos 58'. Novo naufrágio da nossa defesa, desprovida do seu comandante natural: Coates, por precaução física, ficou fora desta partida já a pensar na recepção do Sporting ao Boavista no domingo - menos de 72 horas após o apito final em Bérgamo, ficando assim por cumprir o período mínimo de intervalo para descanso recomendado entre dois jogos do calendário oficial. Esse segundo golo da Atalanta - numa partida em que não tivemos nenhum jogador castigado com cartões - acabaria por ditar a nossa eliminação. Saímos derrotados, caímos nos oitavos-de-final, dissemos adeus à Liga Europa.
Não gostei nada de ver dois jogadores falharem quatro golos nos dez minutos finais. Culpas repartidas por Edwards e Paulinho - sem surpresa, em qualquer dos casos. O inglês falha clamorosamente, trocando os pés, quando estava isolado frente a Musso (84') e consegue ter uma perdida ainda mais escandalosa, sem marcação e de novo com a baliza à sua mercê, disparando para as nuvens (90'). O n.º 20, que substituiu o apático Trincão aos 75', conseguiu entregar a bola ao guardião quando havia sido desmarcado de modo exemplar por Bragança (86') e cabecear na direcção errada, ao segundo poste, a dois metros da linha de golo (89'). Falta de mentalidade competitiva, falta de intensidade, falta de qualidade. Sobretudo no caso de Edwards: nem parecia estar em campo, tantas foram as vezes em que caiu sem ninguém lhe ter tocado, falhou passes fáceis, deixou fugir a bola, perdeu duelos por falta de comparência. Um descalabro. Não mereceu, nem de longe, ser titular nesta partida.
Gostei muito da nossa sorte. Tantas vezes nos queixamos de que ela nos abandona e há mesmo uma elevada percentagem de adeptos caliméricos capazes de jurar que ela jamais nos visita. Pois esta gente terá de mudar o discurso a partir de agora pelo menos durante algum tempo. Pois se há equipa que pode queixar-se de azar, na nossa recepção de ontem à Atalanta para os oitavos-de-final da Liga Europa, é precisamente esta que segue em sexto no campeonato italiano. Em três ocasiões diferentes viu a bola embater no poste direito da baliza confiada a Franco Israel. Aconteceu aos 23', aos 24' e aos 60': bastariam uns centímetros mais ao lado para termos perdido 1-4 em vez de conseguirmos aguentar o empate, sem dúvida lisonjeiro face à pálida actuação leonina.
Gostei do nosso golo madrugador. Perante um adversário que se impõe no terreno com implacável marcação homem-a-homem, atacando sobretudo o portador da bola, uma eficaz jogada de futebol ofensivo com apenas três protagonistas pôs o Sporting em vantagem ainda cedo, aos 17'. Matheus Reis recuperou junto à linha esquerda, Trincão desmarcou-se de modo a libertar-se da marcação, abriu linha de passe e lançou de imediato Paulinho, ontem titular, que parecia imitar o ausente Gyökeres em velocidade, de olhos fitos na baliza. No momento certo disparou forte remate, cruzado e rasteiro, fazendo a bola anichar-se nas redes adversárias: há quase dois meses que não marcava. Curiosamente, esta vantagem pareceu tolher os movimentos da nossa equipa, incapaz de voltar a libertar-se da intensa pressão italiana. Então quem brilhou de leão ao peito foi a figura mais inesperada: Israel, em estreia na Liga Europa. Talvez pudesse ter feito melhor no golo sofrido, aos 39' - incapaz de impedir o espectacular remate de Scamacca após deficiente atraso de Eduardo Quaresma. Mas protagonizou duas excepcionais defesas, ambas em voo: uma aos 30', num salto fenomenal, e outra aos 42', esticando-se em gesto quase impossível. Só ele e o poste evitaram a goleada. O jovem internacional uruguaio parece ter conquistado os adeptos com esta exibição. Foi o melhor em campo do nosso lado.
Gostei pouco das poupanças de Rúben Amorim neste confronto internacional. Já a pensar, seguramente, no desafio do próximo domingo em Arouca, estando assumida a nossa prioridade absoluta, que é a conquista do campeonato. Mas tendo nós já três titulares afastados por lesão (Pedro Gonçalves veio juntar-se na enfermaria a Adán e Gonçalo Inácio), foi arriscar em excesso deixar fora do onze vários outros: Gyökeres, Morten, Nuno Santos e Daniel Bragança. Daí o treinador ter sentido necessidade de rectificar a decisão inicial, fazendo entrar de uma assentada, logo após o intervalo, Gyökeres, Morten e St. Juste. Embora o sueco, muito anulado pela defesa adversária e mal servido pelos companheiros, tenha feito talvez a sua mais discreta exibição de verde e branco, a verdade é que com este trio em campo o resultado que se registava no final do primeiro tempo (1-1) já não se alterou. E aos 62' chegou até a nossa vez de atirar uma bola aos ferros, em cabeceamento de Coates. Para frustração de grande parte dos 28.528 espectadores presentes em Alvalade.
Não gostei da estreia de Koba como titular, lançado precisamente para poupar Morten de início. O ex-Estoril revelou-se demasiado apático, andou escondido do jogo. Pareceu sem ritmo, ainda algo inadaptado ao novo patamar competitivo em que se encontra agora. Como um corpo estranho à equipa. Não surpreendeu que Amorim o tivesse substituído ao intervalo.
Não gostei nada da nossa incapacidade para vencer pela primeira vez os da Atalanta neste terceiro duelo com eles na temporada em curso. Sabendo, ainda por cima, que este adversário se encontra talvez na pior fase da época: vinha de três jogos sem vencer, tendo sofrido duas goleadas consecutivas. E também o treinador Gian Piero Gasperini poupou vários jogadores, a pensar igualmente nas competições internas. A verdade é que a equipa visitante foi claramente superior, como se comprova até no número de remates: fez 12, nós apenas cinco. Teremos de tomar precauções acrescidas na nossa visita a Bérgamo, de hoje a oito dias. Caso contrário dificilmente passaremos aos quartos-de-final da Liga Europa.
Morita e Morten brilharam no meio-campo, vulgarizando o Benfica no clássico da Taça em Alvalade
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
Gostei muito da nossa vitória ontem, em Alvalade, frente ao Benfica, cumprindo a primeira mão da meia-final da Taça verdadeira. Num desmentido vivo e cabal daquela treta - propalada por alguns adeptos que são leões sem juba - de que o Sporting claudica nestes clássicos. O que se viu ontem foi o contrário disto: o Benfica a tremer durante uma hora, em que sofreu dois golos e podia ter sofrido outros tantos, incapaz de construir um lance colectivo digno desse nome, sem posse de bola, remetido ao reduto defensivo, impotente na reacção à contínua pressão atacante da nossa equipa. Basta referir que o primeiro remate deles à nossa baliza aconteceu só aos 59' quando João Mário - sempre muito assobiado cada vez que tocava na bola - atirou à figura, para defesa fácil de Israel.
Gosteideste triunfo por 2-1 que nos dá vantagem para o desafio da segunda mão, a disputar na Luz daqui a mais de um mês - caprichos do calendário futebolístico que está sobrecarregado de jogos nesta fase e devia ser revisto em futuras temporadas. Pusemo-nos em vantagem logo aos 9', com um surpreendente golo de Pedro Gonçalves de cabeça, quase sem tirar os pés do chão, batendo o guarda--redes ucraniano do SLB, que tem quase 2 metros de altura. Mérito inegável do melhor jogador português do Sporting, ontem excelente como segundo avançado: já fez 14 golos esta época, sendo agora o segundo artilheiro da equipa. Assim chegámos ao intervalo. O segundo golo, aos 54', foi de antologia - com Gyökeres muito bem lançado de trivela por Geny junto à linha direita, a correr com ela dominada durante 35 metros e a fuzilar Trubin. Destaco ainda a fantástica dupla Morita-Morten (com o dinamarquês a assistir no primeiro golo), que controlou as operações no meio-campo durante 65 minutos, até a fadiga se instalar. Mas sublinho acima de tudo a presença imperial de Coates no comando da defesa neste seu jogo 355 de Leão ao peito: elejo-o como melhor em campo. Cortes impecáveis aos 22', 38', 45'+2, 51' e 90'+5. Com ele ao leme, nem parecia que estávamos desfalcados de um titular naquele sector: Gonçalo Inácio, lesionado, esteve ausente do onze. Tal como Trincão, pelo mesmo motivo.
Gostei pouco que algumas oportunidades de golo tivessem ficado por consumar. O campeão dos perdulários voltou a ser Edwards, que atravessa fase menos boa. Frente à baliza e com as redes à sua mercê, demorou a rematar, permitindo intercepção, aos 45'. Também muito bem colocado, aos 64', falhou o disparo: a bola saiu-lhe enrolada, perdendo-se assim a hipótese de dilatar o marcador.
Não gostei que o golo de Nuno Santos - obra-prima que prometia dar a volta ao mundo - tivesse sido anulado por deslocação de Paulinho. Aconteceu aos 90'+3: ainda festejámos por alguns momentos o suposto 3-1 após monumental chapéu de mais de 20 metros a desenhar um arco perfeito sobre a cabeça de Trubin com a bola a anichar-se no ninho da águia. Mas ficou sem efeito, o que deve ter causado noite de insónia ao nosso brioso ala esquerdo, que substituiu Geny aos 86' enquanto Paulinho rendera Pedro Gonçalves no minuto anterior.
Não gostei nada da exibição de Esgaio: entrou aos 76', rendendo um Edwards que se perdeu em fintas e fintinhas esquecendo-se de que o futebol é um desporto colectivo. Mas o substituto do inglês não esteve melhor, longe disso: voltou a revelar-se o elemento tecnicamente mais débil do plantel leonino. Aos 80', muito bem enquadrado com a baliza, em posição de disparo e sem marcação, ficou sem saber o que fazer com a bola: sentiu uma espécie de temor cénico e acabou por confundir futebol com râguebi, atirando-a muito por cima da baliza. Pior: voltou a fazer o mesmo aos 88'. Incapaz de tirar um jogador da frente, entregou-a em zona perigosa, aos 90'+1, ficando pregado ao chão e dando origem a uma rápida ofensiva dos encarnados. Tanta asneira junta em tão pouco tempo. Pior só aqueles inenarráveis "olés" que a partir da hora de jogo, num estádio com lotação quase esgotada (45.393 espectadores), começaram a escutar-se nas bancadas: bazófia burra que só contribuiu para desconcentrar os nossos e mobilizar a equipa adversária. Esta gente tarda em perceber que "olés" servem para a tourada, nada têm a ver com futebol.
Gostei muito da passagem do Sporting aos oitavos da Liga Europa, ontem confirmada ao eliminarmos o Young Boys, líder incontestado do campeonato suíço, que fora repescado da Liga dos Campeões. Em boa verdade a eliminatória ficara assegurada uma semana antes em Berna, onde fomos vencer sem margem para dúvida (1-3). Em Alvalade, bastou-nos gerir o resultado e dosear o esforço físico dos jogadores, que depois de amanhã voltam a competir - desta vez para a Liga portuguesa com uma difícil deslocação a Vila do Conde. Foi uma partida tranquila, dominada quase por completo pela nossa equipa, embora muito perdulária em situações de golo.
Gostei que Gyökeres voltasse a marcar - e bem cedo, logo aos 13'. Infiltrou-se na grande área e disparou uma bomba, indefensável, muito perto da marca dos 11 metros. Foi o 29.º golo pelo Sporting do internacional sueco, que também já protagonizou 11 assistências na temporada. A partir daí, os quase 30 mil espectadores deste desafio ao vivo no nosso estádio ficaram com a certeza de que a passagem à fase seguinte da Liga Europa estava assegurada. Mas destaco Trincão como melhor em campo: foi dele a assistência para Viktor nesse lance, com um passe perfeito. E foi também ele a sofrer o penálti aos 55' que podia e devia ter resultado no nosso segundo golo: infelizmente Gyökeres permitiu a defesa do guarda-redes. Nunca antes tinha falhado uma grande penalidade de Leão ao peito.
Gostei pouco de algumas exibições. Esgaio, incapaz de ganhar duelos e sempre receoso de progredir com a bola, fez-nos sentir saudades de Geny - um dos poupados, tal como Coates e Morita (Nuno Santos só fez a segunda parte, por troca com Gonçalo Inácio, e Pedro Gonçalves entrou apenas aos 63'). Outros jogadores que não me impressionaram favoravelmente foram o recém-chegado Koba (substituiu Morten aos 63', com óbvia diminuição da dinâmica colectiva da equipa) e o recém-recuperado Fresneda (substituiu Esgaio aos 85' sem mostrar ainda os atributos que terão levado à sua contratação).
Não gostei que tivéssemos desperdiçado pelo menos quatro flagrantes oportunidades de golo, além do penálti que Gyökeres foi incapaz de concretizar. Em parte devido à competência do guarda-redes e do sector defensivo suíço, onde brilhou Amenda, "polícia" do nosso goleador. Daniel Bragança destacou-se neste capítulo menos positivo com duas perdidas escandalosas, aos 63' e aos 90'+4. Mas o maior falhanço - quase digno dos "apanhados" - foi de Edwards aos 45'+1, com a baliza escancarada e a dois metros da linha de golo. Servido de bandeja por Gyökeres, trocou infantilmente os pés e deixou a bola fugir.
Não gostei nada do golo que sofremos, aos 84', fixando o resultado final (1-1). De penálti, a punir falta cometida por Edwards em trabalho defensivo, num lance que estava controlado e em que a bola aparentemente até se encaminhava sem perigo para a linha de fundo. Os suíços conseguiram assim empatar sem terem construído uma só oportunidade de golo em lance corrido numa partida em que, excepto naquele momento, voltámos a demonstrar muita consistência defensiva - com merecido destaque para Diomande, que não jogava de verde e branco desde 30 de Dezembro e regressou em boa forma do Campeonato Africano das Nações, ao serviço da Costa do Marfim, vencedora da prova.
Gostei muito de mais uma vitória do Sporting - a vigésima sétima, em 34 jogos oficiais já disputados na temporada. Este não foi um triunfo menor, longe disso: derrotámos sem espinhas o líder do campeonato suíço, Young Boys, em desafio disputado em Berna. Viemos da capital suíça com motivos redobrados para sentir orgulho destes jogadores e desta equipa técnica: ganhámos 1-3, fomos sempre superiores, tivemos sempre o jogo controlado e beneficiámos da presença de milhares de adeptos das nossas cores, designadamente emigrantes portugueses que ali vivem. A certa altura as vozes deles ouviam-se com mais nitidez do que as dos suíços. Excelente perspectiva, portanto, para rumarmos aos oitavos-de-final da Liga Europa após esta ronda de qualificação em duas etapas: a próxima será disputada no dia 22 em Alvalade. A vantagem é toda nossa, ao contrário do que grasnavam algumas aves agoirentas.
Gostei de Gyökeres, para não variar. Figura dominante do encontro, imprescindível no onze titular, astro maior deste Sporting 2023/2024. Fez a cabeça em água à turma suíça, desorganizando-a com os seus raides rapidíssimos rumo à baliza adversária - muitos dos quais travados com falta. Só à conta dele, dois jogadores do Young Boys foram amarelados. Foi ele a marcar aos 41' o segundo golo, de penálti, castigando falta cometida pelo guarda-redes sobre Edwards: tem já 28 marcados em 30 jogos, média impressionante. Gostei da sorte que nos acompanhou no golo inicial, aos 31', marcado na própria baliza por um central da equipa visitada. E mais ainda do terceiro golo, apontado de cabeça por Gonçalo Inácio, aos 48', impondo-se no jogo aéreo na sequência de um canto superiormente marcado por Pedro Gonçalves. Gostei ainda de ver quatro jogadores oriundos da formação leonina no onze titular: Gonçalo, Esgaio, Eduardo Quaresma e Daniel Bragança. E de duas estreias absolutas não apenas em competições internacionais pelo Sporting mas na nossa própria equipa principal: o médio Koba, recém-contratado ao Estoril, e o jovem avançado (18 anos) Rafael Nel, outro produto da Academia de Alcochete. Entraram ambos aos 84' e causaram boa impressão.
Gostei pouco que este jogo se tivesse disputado em relvado sintético, que costuma ser mais propício a lesões. Foi um aspecto que nos desfavoreceu perante os suíços, muito mais habituados a jogar nessas condições. Mas valha a verdade: isto não afectou o rendimento da nossa equipa, nem atemorizou os jogadores leoninos que já sofreram lesões muito graves, como Nuno Santos e Daniel Bragança. Teste superado com boa nota também nisto.
Não gostei do golo que sofremos, aos 42'. No minuto imediatamente a seguir à marcação do nosso segundo. Esgaio perdeu a bola para além do grande círculo e ali ficou, desposicionado e estático, enquanto os adversários progrediam em ataque rápido rumo à nossa baliza. Daniel não conseguiu fechar por dentro e o extremo esquerdo centrou sem oposição para a grande área, onde da floresta de pernas emergiu uma bola disparada à queima-roupa que Adán não conseguiu travar. Assim surgiu o 1-2, resultado que se registava ao intervalo. Também não gostei que Pedro Gonçalves tivesse visto embater no poste uma bola muito bem colocada que havia rematado bem ao seu jeito, após primoroso passe de Gyökeres. Aconteceu ao minuto 55: só não foi golo porque o guardião conseguiu desviá-la com a ponta dos dedos, encaminhando-a para o ferro. O nosso n.º 8 tinha merecido este golo.
Não gostei nada das sucessivas faltas cometidas pela equipa anfitriã, visando sobretudo Gyökeres: foram 21, novo máximo estabelecido nesta edição da Liga Europa - contra apenas duas do Sporting, novo recorde mínimo na mesma competição. O árbitro francês foi aplicando critério largo, seguindo as instruções da UEFA, que desaconselha contínuas interrupções e manda fechar os olhos às chamadas faltinhas, omnipresentes no futebol português, onde se apita a torto e a direito e o tempo útil de jogo é dos mais baixos da Europa. Mas os do Young Boys abusaram da agressividade. De tal maneira que um deles, Camará, acabou por receber segundo amarelo e consequente vermelho, sendo expulso aos 88'. Decisão acertada, sem contestação.
Gyökeres e Pedro Gonçalves festejam o segundo golo leonino em Leiria: estamos nas meias-finais da Taça
Foto: Pedro Cunha / Lusa
Gostei muito de ver o estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, cheio de adeptos leoninos a puxar pela equipa. Dos mais de 20 mil espectadores que encheram as bancadas, grande parte incentivava o Sporting. Os jogadores corresponderam, valorizando a festa da Taça de Portugal. Outra vitória concludente do onze comandado por Rúben Amorim, desta vez por 3-0 - com dois dos golos oriundos de cantos, em demonstração clara de que sabemos aproveitar cada vez melhor os chamados lances de "bola parada". Sem darmos a menor hipótese à simpática turma adversária, que ocupa o 13.º posto da segunda divisão. Assim marcamos presença na meia-final desta competição, que queremos muito vencer. Iremos defrontar Benfica ou Vizela, que jogarão amanhã.
Gostei de Gyökeres, uma vez mais. Para não variar, foi o melhor em campo. Marcou dois golos: o primeiro, aos 32', e o terceiro, aos 74'. E ainda foi ele a assistir no segundo: cruzamento a régua e esquadro para Pedro Gonçalves (37'). É um jogador assombroso, tanto do ponto de vista físico como técnico - um dos melhores que passaram desde sempre pelo Sporting. Só na Taça de Portugal, já tem cinco bolas enfiadas nas redes adversárias. Pedra nuclear nesta nossa equipa que sonha com a dobradinha e nos tem propiciado tantos momentos de excelente futebol. Reveja-se o magnífico lance do segundo golo, exemplo de eficácia máxima, conseguido com três toques: passe longo de Nuno Santos junto à linha esquerda, centro do sueco e o melhor português da nossa equipa a metê-la lá dentro. Isto é festa da Taça também.
Gostei pouco que estivéssemos a um pequeno passo da goleada: só faltou um para lá chegarmos. Mas ocasiões não faltaram. Novamente pela falta de sorte, como no mesmo estádio há duas semanas quando perdemos com o Braga para a Taça da Liga. Mas sobretudo por excelentes intervenções do guardião do Leiria, Kieszek. Anotei estas ocasiões soberbas de golos que não se concretizaram por uma unha negra: Gyökeres aos 5'; Trincão aos 23', aos 51' e aos 65'; Gyökeres novamente aos 73'; Pedro Gonçalves aos 82'; Daniel Bragança aos 84' e Nuno Santos aos 90'. Demasiadas.
Não gostei do desempenho do árbitro Tiago Martins. Não porque tivesse influência no resultado, mas pela profusão de cartões amarelos, exibidos a torto e a direito, por tudo e por nada, numa partida que foi correctíssima. Só dos nossos, quatro viram cartões: Nuno Santos aos 16', Edwards aos 38', Trincão aos 45'+4 e Neto aos 88'. Péssimo hábito de muitos ápitadores portugueses, que adoram ser o centro das atenções nos jogos. Sem adoptarem o chamado "critério largo" que vigora no melhor campeonato do mundo, o inglês. Esquecendo que o futebol é desporto que prima pelo contacto físico. Assim é difícil voltarmos a ver portugueses a apitar fases finais de campeonatos do Mundo ou da Europa.
Não gostei nada que Amorim continue sem contar com Diomande, ainda retido ao serviço da selecção da Costa do Marfim no Campeonato Africano das Nações, onde não tem jogado e por vezes nem no banco se senta. Um mês de paragem inglória, em boa verdade. Má notícia para nós. Felizmente Geny veio mais cedo, já podemos contar com ele e ontem foi titular, fazendo uma boa primeira parte. Também Morita está de volta, regressado da Taça Asiática. Ontem só entrou aos 72', substituindo Trincão, mas deu para ver que não perdeu o jeito. Nem a vontade de mostrar serviço.
Gostei muito de ver o estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, cheio de adeptos leoninos. A esmagadora maioria dos 18.500 espectadores, que preencheram mais de 90% das bancadas, puxou pela nossa equipa na meia-final da Taça da Liga, contra o Braga. De falta de apoio nenhum dos nossos jogadores pôde queixar-se.
Gostei da exibição do Sporting durante mais de 60 minutos. Realço os desempenhos de Nuno Santos (para mim o melhor em campo), Eduardo Quaresma, Morten e Pedro Gonçalves. Além de um par de defesas consecutivas de Israel, aos 75', impedindo golos de Victor Gómez e Ricardo Horta. No golo solitário que sofremos, marcado por Abel Ruiz aos 65', o jovem guarda-redes uruguaio não podia fazer nada.
Gostei pouco de ver Gyökeres manietado durante quase todo o jogo pela defesa braguista, sobretudo por Paulo Oliveira (antigo titular do Sporting), que quase não deu espaço ao sueco para desenvolver todo o seu futebol: sem Viktor a 100%, como é sabido, a nossa equipa não rende da mesma forma. E gostei muito pouco - quase nada - da exibição de Esgaio: incapaz de criar dinâmica ofensiva no corredor direito, incapaz de provocar desequilíbrios, no lance do golo do Braga falhou por completo a marcação a Ruiz, que estava há três meses sem facturar.
Não gostei do festival de esbanjamento que protagonizámos nesta meia-final. Com três bolas nos ferros e outras tantas que andaram perto. Aos 13', Pedro Gonçalves fez tremer a baliza adversária com um petardo disparado de 30 metros que embateu no poste. Aos 37', Nuno Santos acertou com estrondo na barra. Aos 45', novamente Nuno, com nota artística, remata de trivela fazendo a bola chocar no ferro. Aos 54', num dos raros momentos em que conseguiu libertar-se da marcação, Gyökeres levou a bola quase a beijar o mesmo poste esquerdo. Aos 59', após boa tabelinha com Trincão, Pedro Gonçalves, encaminha-a rente ao ferro oposto da baliza à guarda de Matheus. Aos 87', Trincão imitou-o. Demasiado desperdício para um jogo só.
Não gostei nadadesta derrota -- a nossa quarta da época, em 30 jogos disputados. Porque nos afasta da Taça da Liga, ficando assim um objectivo por cumprir. Porque foi a primeira partida em que não marcámos nesta temporada. E porque nos quebra uma dinâmica de vitórias: vínhamos de oito desafios seguidos a vencer, três dos quais com goleadas. Resta-nos recuperá-la já no próximo embate do campeonato, frente ao Casa Pia.
Gyökeres e Pedro Gonçalves: ambos bisaram contra o Tondela para a Taça
Foto Lusa
Gostei muito da segunda goleada consecutiva do Sporting em poucos dias. Desta vez a vítima foi o Tondela, que já tínhamos vencido para a Taça da Liga em Dezembro. Desta vez, triunfo por 4-0: a vitória começou a ser construída muito cedo, logo aos 10'. Com um jogador em evidência máxima: Gyökeres, sempre ele. Bisou anteontem em Alvalade, numa noite muito fria e com chuva. Intervem na construção do primeiro com uma fantástica recuperação junto à linha final, marca o terceiro (de cabeça) aos 37' e é também ele a marcar o quarto, no primeiro minuto do segundo tempo, em lance que começa e termina nos seus pés. Melhor em campo, grande figura do jogo, grande figura da temporada: depois de ser substituído, aos 59', a partida entrou em toada morna, perdendo interesse. Enquanto a noite ficava ainda mais fria.
Gostei da prestação de Pedro Gonçalves. Está de regresso aos golos - e logo a bisar, tal como Gyökeres. Aos 10' meteu-a lá dentro, à ponta-de-lança. Aos 16' aproveitou da melhor maneira uma péssima reposição de bola do Tondela para se apoderar dela e encaminhá-la para as redes adversárias. Bom desempenho também de Daniel Bragança, suprindo a ausência de Morita, ao serviço da selecção nipónica: protagonizou recuperações com eficácia máxima, exibiu qualidade no passe curto ou longo, assistiu Pedro Gonçalves no segundo, interveio no terceiro com uma pré-assistência. Passes de qualidade irrepreensível para Paulinho (10') e Nuno Santos (56'). Destaque ainda para o guarda-redes Israel, neste seu sétimo jogo oficial pelo Sporting: impediu duas vezes o golo com vistosas defesas aos 8' (Rui Gomes) e aos 58' (Daniel dos Anjos). Nota muito elevada.
Gostei pouco que só estivessem 15.721 espectadores em Alvalade O adversário era uma equipa do segundo escalão, a noite invernosa não convidava a sair de casa, mas a verdade é que o Sporting atravessa o melhor momento da temporada, confirmado neste apuramento para os quartos-de-final da Taça de Portugal. Merecia mais público, por vários motivos. Eis dois deles: o jogo assinalou o regresso de Coates após quatro semanas de ausência forçada por lesão e foi outra oportunidade de vermos actuar o extremo Afonso Moreira, de 18 anos - uma das jovens estrelas da nossa Academia. Foi o nosso sexto triunfo seguido (após Sturm Graz, FC Porto, Tondela para a Taça da Liga, Portimonense e Estoril). Vencemos há dez partidas consecutivas no nosso estádio para várias competições. Registámos a quarta goleada da época (após Farense, Dumiense e Estoril) e desta vez não sofremos golo nenhum.
Não gostei da estreia de Rafael Pontelo, o central brasileiro que acaba de vir do Leixões. Lançado por Rúben Amorim seis dias após a chegada, o canhoto entrou no onze titular formando trio com Gonçalo Inácio (central ao meio) e Neto (à direita). Fez enorme asneira logo aos 8', perdendo a bola no sector à sua guarda: isto permitiu um perigoso ataque do Tondela que terminou com a bola a embater no nosso poste esquerdo após defesa aparatosa de Israel. Intranquilo, precipitado, transmitiu sinais evidentes de que ainda não está maduro para actuar na posição habitualmente preenchida por Gonçalo Inácio. Melhores dias virão.
Não gostei nada de Paulinho, uma vez mais. Não marcou, não assistiu, limita-se a arrastar defesas enquanto se passeia no último terço do campo, parecendo sentir alguma aversão pela baliza - algo estranho num avançado. Nesta partida falhou quatro clamorosas ocasiões de golo: aos 10' (esbanjando oferta de Daniel Bragança), aos 24' (na cara do golo), aos 52' (autêntico passe ao guarda-redes em vez de fuzilar) e aos 90' (inutilizando brinde de Trincão). Vai faltando a paciência para tanto desperdício, sobretudo por contrastar com a produção ofensiva de Gyökeres. Enorme diferença.
Gostei muito do triunfo leonino em Tondela por 2-1. Os números são claros: em 24 jogos já disputados esta época, vencemos 18 em quatro competições diferentes. Chegamos ao Natal competindo em todas as frentes, o que contraria os pessimistas militantes e os letais que torcem sempre por derrotas verde-e-brancas. A vitória neste gélido frio de tarde na Beira Alta torna-nos semifinalistas da Taça da Liga: iremos disputar o acesso à final com o Braga a 23 de Janeiro, no estádio municipal de Leiria. Com o FC Porto já afastado da prova. Convém recordar que quatro das últimas seis edições foram conquistadas por nós.
Gostei de Daniel Bragança, para mim o melhor em campo. Marcou um belíssimo golo, logo aos 18': pura obra de arte - o seu terceiro da temporada em curso. E ainda assistiu Paulinho no segundo, aos 32', também com nota artística: o passe foi de calcanhar. Coincidência ou não, quando foi substituído por Dário, aos 63', a equipa caiu de rendimento. Gostei globalmente do primeiro tempo, em que dominámos por completo, chegando ao intervalo a vencer por 2-0. Destaque também para Paulinho: não apenas pelo golo que marcou, de pé direito, mas por outros dois lances: aos 5' fez a bola embater na barra; aos 66' proporcionou a defesa da noite ao guarda-redes tondelense. Reforça posição como rei dos goleadores na Taça da Liga: já marcou 21 em várias edições.
Gostei pouco que o Sporting tirasse o pé do acelerador, parecendo conformado com os dois golos de diferença alcançados ainda cedo. Apesar do forte apoio sentido no estádio, onde uma das bancadas estava cheia de adeptos leoninos - muitos inconformados por não terem visto jogar Gyökeres. Aliás Rúben Amorim deixou de fora cinco outros habituais titulares: Adán, Diomande, Coates, Morita e Edwards, além do internacional sueco. Em sentido inverso, fez alinhar Neto - desta vez capitão de início, neste seu centésimo jogo de leão ao peito. Assim poupou alguns jogadores para o próximo confronto do campeonato: será dia 30 em Portimão.
Não gostei de Trincão. Integrou o onze, mas voltou a decepcionar. Parece sempre algo desligado da manobra colectiva, apático, desconcentrado. Com os defeitos habituais: agarra-se à bola e entretém-se com ela, esquecido dos companheiros e da baliza, revelando-se inofensivo. Quando intervém, o nosso jogo empastela, perde dinâmica e fluidez.
Não gostei nada de sofrer um golo. Foi contra a corrente do jogo, é certo, e na única oportunidade de que o Tondela dispôs num desafio em que fez o primeiro remate (não enquadrado) só aos 39'. Aconteceu aos 76', por deficiente cobertura de Matheus Reis em zona frontal da grande área, permitindo que o adversário se movimentasse à vontade no lance, num remate indefensável para Israel. Vínhamos de duas partidas consecutivas sem sofrer golos, algo raro nesta temporada. Mas houve duas sem três: andamos mais inconsistentes do que gostaríamos no capítulo defensivo. E convém anotar que o Tondela segue em oitavo lugar na Liga 2: está longe de ser oponente temível.
Gonçalo Inácio, melhor em campo: bisou contra o Sturm Graz neste desafio da Liga Europa
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
Gostei muito da vitória concludente e sem contestação de qualquer espécie do Sporting, ontem à noite em Alvalade. Recebemos o Sturm Graz, segundo classificado da liga austríaca, num jogo em que Israel - confiante entre os postes - apenas fez uma defesa digna desse nome. Na primeira parte o nosso domínio foi menos evidente, o que se explica pela exclusão de seis habituais titulares do onze: Adán, Diomande, Gonçalo Inácio, Morita, Pedro Gonçalves e Edwards. Mas houve grande eficácia: em duas oportunidades (a primeira, logo no minuto inicial, por Nuno Santos) aproveitámos uma (aos 39, num lance soberbo de Matheus Reis conduzindo a bola pela meia esquerda e entregando-a a Gyökeres, que apenas empurrou para as redes). O segundo tempo foi todo nosso: mais dois golos (Gonçalo Inácio a bisar pela primeira vez de verde-e-branco, aos 60' e aos 71', na sequência de cantos marcados por Edwards). Vencemos por 3-0. E ainda tivemos duas bolas aos ferros: por Gyökeres (aos 41') e Coates (aos 71', no lance do terceiro golo, gerando recarga de Gonçalo). Excelente, este aproveitamento das "bolas paradas". E óptimo, não termos sofrido golos. Bom ensaio geral para o clássico de segunda: o Sporting-FC Porto promete emoções fortes. E, assim espero, novo triunfo leonino.
Gostei da leitura que Rúben Amorim fez do jogo. Com os lesionados do costume (Fresneda e St. Juste) e outro recém-magoado (Geny), e a recepção ao FCP em perspectiva, fez sete alterações ao onze que entrou em Guimarães. Apostando em Israel, Neto, Coates (que cumpriu castigo na jornada 13 da Liga), Daniel Bragança, Nuno Santos, Paulinho e Trincão. Resultou nuns casos, em outros nem por isso. Mas a meio da primeira parte a equipa adoptou o modo pastoso habitual, indiciando a necessidade de haver mexidas. Mesmo estando já garantida a nossa passagem ao play off da fase seguinte da Liga Europa, como segundos classificados do Grupo D, havia que segurar e até ampliar a magra vantagem por 1-0 registada ao intervalo. Acautelando, em simultâneo, o desgaste físico de jogadores que serão essenciais no clássico. O treinador trocou Morten por Morita, Gyökeres por Edwards e Matheus Reis por Gonçalo Inácio - este viria a ser o melhor em campo, com o seleccionador Roberto Martínez como espectador na tribuna de Alvalade. A equipa cresceu em intensidade e velocidade. Tornou-se desafio de sentido único. Garantimos mais pontuação para Portugal nas competições da UEFA (terminamos este grupo com 11 pontos após três vitórias e dois empates) e um conjunto de 7 milhões de euros embolsados nestas seis partidas.
Gostei pouco de algum adormecimento registado entre os minutos 10 e 35. Posse de bola sem progressão, passes inconsequentes no primeiro terço do terreno, uma dupla atacante (Gyökeres-Paulinho) desaproveitada. Mesmo com um onze remendado podíamos e devíamos fazer melhor que isto. Até porque alguns dos "reforços" cumpriram a aposta que neles fez o treinador - destaco aqui Daniel Bragança, primeiro como médio de construção e no segundo tempo em missão mais recuada, já com Morten ausente, sem que o equilíbrio defensivo ou ofensivo da equipa se ressentisse. Felizmente na recta final desses primeiros 45' e em todo a etapa complementar o espírito leonino soltou-se em pleno. Aqui é justo salientar a exibição de Dário, em campo desde o minuto 56, quando substituiu Esgaio: fez a ala direita com brio e valentia, combinando muito bem com Edwards. Experiência bem-sucedida. Terá repetição?
Não gostei que houvesse apenas 24.733 espectadores nas bancadas de Alvalade nesta noite fria de Dezembro, após um dia de trabalho e em véspera de outra jornada laboral. É certo que os dados estavam lançados, pouco havia verdadeiramente em causa neste jogo e o Sturm Graz está longe de ser uma potência europeia. Mas bastaria a perspectiva de ver actuar ao vivo Gyökeres, melhor avançado da Liga em quatro meses consecutivos (Agosto e Setembro, Outubro e Novembro), para valer o preço do bilhete. O internacional sueco não desiludiu, voltando a fazer o gosto ao pé. Já marcou 16 golos e fez cinco assistências de Leão ao peito.
Não gostei nada de Trincão. Outra péssima exibição, com momentos dignos dos "apanhados". Amorim manteve-o em campo até ao fim, na expectativa de vê-lo marcar um golo que lhe restituísse a confiança, e os colegas fizeram tudo para servi-lo com esse objectivo, sobretudo no quarto de hora final. Em vão. O avançado que já passou pelo Barcelona ou escorregava ou se fintava a si próprio ou rodopiava com a bola sem saber o que fazer com ela ou a perdia de modo infantil, totalmente inofensivo tanto na manobra colectiva como no confronto individual. De positivo, em todo o jogo, apenas uma quase-assistência para Nuno Santos logo no minuto inicial a que o guarda-redes da turma austríaca correspondeu com a defesa da noite. Depois Trincão afundou-se para não mais se levantar. Ouviu muitos assobios. É um caso sério de desperdício de talento técnico. Com desfecho em aberto. Veremos o que vai seguir-se.
Gostei muito da goleada do Sporting, para a Taça de Portugal, no confronto com a simpática equipa amadora do Dumiense, do distrito de Braga. Não foi apenas a nossa maior goleada da época: há dez anos que não marcávamos tantos golos nesta competição - a última vez foi na vitória também em casa frente ao igualmente modesto Alba, por 8-1, em Outubro de 2013. E só há 35 anos conseguimos uma vantagem maior, quando cilindrámos o Alhandra por 11-0. Ontem os golos foram apontados por Neto (8'), Paulinho (28'), Trincão (46'), Coates (53'), Paulinho (58' e 70'), Nuno Santos (75') e Gyökeres (83'). Merecem destaque os de Neto, por estrear-se como artilheiro pelo Sporting, e de Trincão, por ser o primeiro que marca nesta temporada.
Gostei da exibição de Nuno Santos, para mim o melhor em campo. Está em metade dos nossos oito golos: três resultam de cantos marcados de forma exemplar por ele, além do que converteu de penálti, também de forma irrepreensível. Nota muito elevada para Paulinho: marcou três, o primeiro com nota artística (de calcanhar), e assistiu no de Trincão (igualmente de calcanhar). Destaque ainda para Gyökeres: entrou só aos 62', mas a tempo de assistir Paulinho no sexto golo, de sofrer o penálti do qual resultou o sétimo e ser ele a apontar o oitavo, em lance que construiu do princípio ao fim. Figuras da partida, tal como o capitão Coates, que ontem se tornou no estrangeiro com mais jogos disputados de Leão ao peito, igualando Polga: são já 342. Com uma diferença assinalável: o central uruguaio marcou até agora 33 golos pelo Sporting enquanto o internacional brasileiro apenas tem quatro no currículo leonino.
Gostei pouco que o treinador não tivesse proporcionado mais minutos a dois dos nossos jogadores menos utilizados: Dário e Eduardo Quaresma. O primeiro substituiu Daniel Bragança aos 62' (já vencíamos por 5-0), o segundo esperou pelo minuto 76 para render Coates (havia 7-0). Com pouco tempo, em qualquer dos casos, para se evidenciarem. Apesar de tudo, o jovem médio defensivo esteve muito bem na recuperação e no passe, protagonizando até lances de ruptura perante uma turma adversária já bastante desgastada. Eduardo, actuando como central à direita, não ultrapassou a mediana. Tudo indica que serão ambos emprestados em Janeiro.
Não gostei da ausência de Gonçalo Inácio, ausente por castigo deste encontro que nos coloca nos oitavos-de-final da Taça. Mas pelo menos isto permitiu-lhe estar pronto para o próximo confronto. Será nesta quinta-feira contra a Atalanta em Bérgamo. Entraremos segurmente com a máxima força, até porque Rúben Amorim decidiu poupar ontem vários jogadores nucleares: Adán (substituído por Israel), Diomande, Morita e Pedro Gonçalves não saíram do banco; Edwards só entrou aos 50'; e St. Juste nem foi convocado, devido a novos problemas físicos. Talvez recupere a tempo do importante desafio da Liga Europa.
Não gostei nada de ver menos de 19 mil espectadores em Alvalade, apesar de o desafio ter começado às 18 horas deste domingo, em claro contraste com os jogos do campeonato, sempre relegados para horários mais tardios. Valha a verdade que o facto de se tratar de uma partida contra um adversário do quarto escalão do futebol nacional - último classificado da série A do impropriamente chamado Campeonato de Portugal - não era grande chamariz, mas havia a expectativa de muitos golos, felizmente concretizada. Merece elogio a forte representação dos adeptos do Dumiense: havia cerca de 500, bastante efusivos, no topo norte do nosso estádio.
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