Gostei muito do belo golo marcado por Pedro Gonçalves em Bérgamo. Foi ontem, aos 33', abrindo o marcador no jogo da segunda mão, após empate com muita sorte nossa em Alvalade (1-1) frente à turma italiana, sexta classificada no campeonato do seu país. Até aí tínhamos sabido fechar os caminhos para a nossa baliza, dando boa réplica à intensa pressão adversária sobre o portador da bola. O golo culminou exemplar lance colectivo em que intervieram Morten e Matheus Reis antes de Pedro Gonçalves pegar nela, fazer eficaz tabelinha com Gyökeres e isolar-se frente ao guarda-redes, encaminhando-a para o fundo da baliza. Sem vacilar, na primeira oportunidade da nossa equipa neste jogo. Décimo-quinta concretização com sucesso do nosso n.º 8 na época em curso, que promete ser a sua segunda mais goleadora de sempre. Infelizmente foi também esse o momento em que Pedro contraiu uma lesão - aparente rotura muscular - que o forçou a sair em lágrimas quando estava a ser o nosso melhor em campo. Talvez permaneça várias semanas afastado. Baixa preocupante nesta recta final da época.
Gostei de alguns jogadores nossos. Desde logo, Israel: a lesão de Adán acabou por dar oportunidade ao jovem guardão uruguaio, já internacional pelo seu país, para mostrar o que vale. Neste seu quinto jogo seguido como titular, confirmou os pergaminhos com boas defesas aos 3', 51', 70' e 77'. Nos dois que sofremos, infelizmente, pouco ou nada podia ter feito. Também gostei de Morten, que fechou como pôde os caminhos para a nossa baliza, recuperou várias bolas e ajudou a construir o golo. Boa nota igualmente para Daniel Bragança: rendeu Pedro Gonçalves aos 36' sem desequilibrar o nosso meio-campo, complementando a acção do dinamarquês, e ainda fez dois grandes passes para golo (visando Geny aos 84' e Paulinho aos 86'). Esteve ele próprio muito perto de marcar com um disparo forte, de longe, aos 70', para defesa incompleta de Musso: infelizmente nenhum colega compareceu nas imediações para a recarga. Nem sequer Gyökeres, bem policiado pelo seu compatriota Hien, seu colega na selecção sueca.
Gostei pouco de alguns passes longos, na fase de construção, que acabaram em pés italianos. Foi o caso do que viria a gerar o primeiro golo da Atalanta, no minuto inicial da segunda parte: Gonçalo Inácio tenta colocar a bola em Trincão, um dos colegas com menor intensidade colectiva na partida de ontem; um adversário antecipa-se e rouba-a, desencadeando um contra-ataque muito rápido em que vão falhando sucessivas tentativas de intercepção - desde logo do próprio Gonçalo, com Diomande aos papéis, St. Juste a falhar o corte no momento indicado e Esgaio ao segundo poste a marcar com os olhos. Lookman facturou à nossa custa. Doze minutos depois foi a vez de Scamacca fazer o mesmo, repetindo a proeza alcançada em Alvalade.
Não gostei do segundo golo sofrido, aos 58'. Novo naufrágio da nossa defesa, desprovida do seu comandante natural: Coates, por precaução física, ficou fora desta partida já a pensar na recepção do Sporting ao Boavista no domingo - menos de 72 horas após o apito final em Bérgamo, ficando assim por cumprir o período mínimo de intervalo para descanso recomendado entre dois jogos do calendário oficial. Esse segundo golo da Atalanta - numa partida em que não tivemos nenhum jogador castigado com cartões - acabaria por ditar a nossa eliminação. Saímos derrotados, caímos nos oitavos-de-final, dissemos adeus à Liga Europa.
Não gostei nada de ver dois jogadores falharem quatro golos nos dez minutos finais. Culpas repartidas por Edwards e Paulinho - sem surpresa, em qualquer dos casos. O inglês falha clamorosamente, trocando os pés, quando estava isolado frente a Musso (84') e consegue ter uma perdida ainda mais escandalosa, sem marcação e de novo com a baliza à sua mercê, disparando para as nuvens (90'). O n.º 20, que substituiu o apático Trincão aos 75', conseguiu entregar a bola ao guardião quando havia sido desmarcado de modo exemplar por Bragança (86') e cabecear na direcção errada, ao segundo poste, a dois metros da linha de golo (89'). Falta de mentalidade competitiva, falta de intensidade, falta de qualidade. Sobretudo no caso de Edwards: nem parecia estar em campo, tantas foram as vezes em que caiu sem ninguém lhe ter tocado, falhou passes fáceis, deixou fugir a bola, perdeu duelos por falta de comparência. Um descalabro. Não mereceu, nem de longe, ser titular nesta partida.
Gostei muito da nossa sorte. Tantas vezes nos queixamos de que ela nos abandona e há mesmo uma elevada percentagem de adeptos caliméricos capazes de jurar que ela jamais nos visita. Pois esta gente terá de mudar o discurso a partir de agora pelo menos durante algum tempo. Pois se há equipa que pode queixar-se de azar, na nossa recepção de ontem à Atalanta para os oitavos-de-final da Liga Europa, é precisamente esta que segue em sexto no campeonato italiano. Em três ocasiões diferentes viu a bola embater no poste direito da baliza confiada a Franco Israel. Aconteceu aos 23', aos 24' e aos 60': bastariam uns centímetros mais ao lado para termos perdido 1-4 em vez de conseguirmos aguentar o empate, sem dúvida lisonjeiro face à pálida actuação leonina.
Gostei do nosso golo madrugador. Perante um adversário que se impõe no terreno com implacável marcação homem-a-homem, atacando sobretudo o portador da bola, uma eficaz jogada de futebol ofensivo com apenas três protagonistas pôs o Sporting em vantagem ainda cedo, aos 17'. Matheus Reis recuperou junto à linha esquerda, Trincão desmarcou-se de modo a libertar-se da marcação, abriu linha de passe e lançou de imediato Paulinho, ontem titular, que parecia imitar o ausente Gyökeres em velocidade, de olhos fitos na baliza. No momento certo disparou forte remate, cruzado e rasteiro, fazendo a bola anichar-se nas redes adversárias: há quase dois meses que não marcava. Curiosamente, esta vantagem pareceu tolher os movimentos da nossa equipa, incapaz de voltar a libertar-se da intensa pressão italiana. Então quem brilhou de leão ao peito foi a figura mais inesperada: Israel, em estreia na Liga Europa. Talvez pudesse ter feito melhor no golo sofrido, aos 39' - incapaz de impedir o espectacular remate de Scamacca após deficiente atraso de Eduardo Quaresma. Mas protagonizou duas excepcionais defesas, ambas em voo: uma aos 30', num salto fenomenal, e outra aos 42', esticando-se em gesto quase impossível. Só ele e o poste evitaram a goleada. O jovem internacional uruguaio parece ter conquistado os adeptos com esta exibição. Foi o melhor em campo do nosso lado.
Gostei pouco das poupanças de Rúben Amorim neste confronto internacional. Já a pensar, seguramente, no desafio do próximo domingo em Arouca, estando assumida a nossa prioridade absoluta, que é a conquista do campeonato. Mas tendo nós já três titulares afastados por lesão (Pedro Gonçalves veio juntar-se na enfermaria a Adán e Gonçalo Inácio), foi arriscar em excesso deixar fora do onze vários outros: Gyökeres, Morten, Nuno Santos e Daniel Bragança. Daí o treinador ter sentido necessidade de rectificar a decisão inicial, fazendo entrar de uma assentada, logo após o intervalo, Gyökeres, Morten e St. Juste. Embora o sueco, muito anulado pela defesa adversária e mal servido pelos companheiros, tenha feito talvez a sua mais discreta exibição de verde e branco, a verdade é que com este trio em campo o resultado que se registava no final do primeiro tempo (1-1) já não se alterou. E aos 62' chegou até a nossa vez de atirar uma bola aos ferros, em cabeceamento de Coates. Para frustração de grande parte dos 28.528 espectadores presentes em Alvalade.
Não gostei da estreia de Koba como titular, lançado precisamente para poupar Morten de início. O ex-Estoril revelou-se demasiado apático, andou escondido do jogo. Pareceu sem ritmo, ainda algo inadaptado ao novo patamar competitivo em que se encontra agora. Como um corpo estranho à equipa. Não surpreendeu que Amorim o tivesse substituído ao intervalo.
Não gostei nada da nossa incapacidade para vencer pela primeira vez os da Atalanta neste terceiro duelo com eles na temporada em curso. Sabendo, ainda por cima, que este adversário se encontra talvez na pior fase da época: vinha de três jogos sem vencer, tendo sofrido duas goleadas consecutivas. E também o treinador Gian Piero Gasperini poupou vários jogadores, a pensar igualmente nas competições internas. A verdade é que a equipa visitante foi claramente superior, como se comprova até no número de remates: fez 12, nós apenas cinco. Teremos de tomar precauções acrescidas na nossa visita a Bérgamo, de hoje a oito dias. Caso contrário dificilmente passaremos aos quartos-de-final da Liga Europa.
Morita e Morten brilharam no meio-campo, vulgarizando o Benfica no clássico da Taça em Alvalade
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
Gostei muito da nossa vitória ontem, em Alvalade, frente ao Benfica, cumprindo a primeira mão da meia-final da Taça verdadeira. Num desmentido vivo e cabal daquela treta - propalada por alguns adeptos que são leões sem juba - de que o Sporting claudica nestes clássicos. O que se viu ontem foi o contrário disto: o Benfica a tremer durante uma hora, em que sofreu dois golos e podia ter sofrido outros tantos, incapaz de construir um lance colectivo digno desse nome, sem posse de bola, remetido ao reduto defensivo, impotente na reacção à contínua pressão atacante da nossa equipa. Basta referir que o primeiro remate deles à nossa baliza aconteceu só aos 59' quando João Mário - sempre muito assobiado cada vez que tocava na bola - atirou à figura, para defesa fácil de Israel.
Gosteideste triunfo por 2-1 que nos dá vantagem para o desafio da segunda mão, a disputar na Luz daqui a mais de um mês - caprichos do calendário futebolístico que está sobrecarregado de jogos nesta fase e devia ser revisto em futuras temporadas. Pusemo-nos em vantagem logo aos 9', com um surpreendente golo de Pedro Gonçalves de cabeça, quase sem tirar os pés do chão, batendo o guarda--redes ucraniano do SLB, que tem quase 2 metros de altura. Mérito inegável do melhor jogador português do Sporting, ontem excelente como segundo avançado: já fez 14 golos esta época, sendo agora o segundo artilheiro da equipa. Assim chegámos ao intervalo. O segundo golo, aos 54', foi de antologia - com Gyökeres muito bem lançado de trivela por Geny junto à linha direita, a correr com ela dominada durante 35 metros e a fuzilar Trubin. Destaco ainda a fantástica dupla Morita-Morten (com o dinamarquês a assistir no primeiro golo), que controlou as operações no meio-campo durante 65 minutos, até a fadiga se instalar. Mas sublinho acima de tudo a presença imperial de Coates no comando da defesa neste seu jogo 355 de Leão ao peito: elejo-o como melhor em campo. Cortes impecáveis aos 22', 38', 45'+2, 51' e 90'+5. Com ele ao leme, nem parecia que estávamos desfalcados de um titular naquele sector: Gonçalo Inácio, lesionado, esteve ausente do onze. Tal como Trincão, pelo mesmo motivo.
Gostei pouco que algumas oportunidades de golo tivessem ficado por consumar. O campeão dos perdulários voltou a ser Edwards, que atravessa fase menos boa. Frente à baliza e com as redes à sua mercê, demorou a rematar, permitindo intercepção, aos 45'. Também muito bem colocado, aos 64', falhou o disparo: a bola saiu-lhe enrolada, perdendo-se assim a hipótese de dilatar o marcador.
Não gostei que o golo de Nuno Santos - obra-prima que prometia dar a volta ao mundo - tivesse sido anulado por deslocação de Paulinho. Aconteceu aos 90'+3: ainda festejámos por alguns momentos o suposto 3-1 após monumental chapéu de mais de 20 metros a desenhar um arco perfeito sobre a cabeça de Trubin com a bola a anichar-se no ninho da águia. Mas ficou sem efeito, o que deve ter causado noite de insónia ao nosso brioso ala esquerdo, que substituiu Geny aos 86' enquanto Paulinho rendera Pedro Gonçalves no minuto anterior.
Não gostei nada da exibição de Esgaio: entrou aos 76', rendendo um Edwards que se perdeu em fintas e fintinhas esquecendo-se de que o futebol é um desporto colectivo. Mas o substituto do inglês não esteve melhor, longe disso: voltou a revelar-se o elemento tecnicamente mais débil do plantel leonino. Aos 80', muito bem enquadrado com a baliza, em posição de disparo e sem marcação, ficou sem saber o que fazer com a bola: sentiu uma espécie de temor cénico e acabou por confundir futebol com râguebi, atirando-a muito por cima da baliza. Pior: voltou a fazer o mesmo aos 88'. Incapaz de tirar um jogador da frente, entregou-a em zona perigosa, aos 90'+1, ficando pregado ao chão e dando origem a uma rápida ofensiva dos encarnados. Tanta asneira junta em tão pouco tempo. Pior só aqueles inenarráveis "olés" que a partir da hora de jogo, num estádio com lotação quase esgotada (45.393 espectadores), começaram a escutar-se nas bancadas: bazófia burra que só contribuiu para desconcentrar os nossos e mobilizar a equipa adversária. Esta gente tarda em perceber que "olés" servem para a tourada, nada têm a ver com futebol.
Gostei muito da passagem do Sporting aos oitavos da Liga Europa, ontem confirmada ao eliminarmos o Young Boys, líder incontestado do campeonato suíço, que fora repescado da Liga dos Campeões. Em boa verdade a eliminatória ficara assegurada uma semana antes em Berna, onde fomos vencer sem margem para dúvida (1-3). Em Alvalade, bastou-nos gerir o resultado e dosear o esforço físico dos jogadores, que depois de amanhã voltam a competir - desta vez para a Liga portuguesa com uma difícil deslocação a Vila do Conde. Foi uma partida tranquila, dominada quase por completo pela nossa equipa, embora muito perdulária em situações de golo.
Gostei que Gyökeres voltasse a marcar - e bem cedo, logo aos 13'. Infiltrou-se na grande área e disparou uma bomba, indefensável, muito perto da marca dos 11 metros. Foi o 29.º golo pelo Sporting do internacional sueco, que também já protagonizou 11 assistências na temporada. A partir daí, os quase 30 mil espectadores deste desafio ao vivo no nosso estádio ficaram com a certeza de que a passagem à fase seguinte da Liga Europa estava assegurada. Mas destaco Trincão como melhor em campo: foi dele a assistência para Viktor nesse lance, com um passe perfeito. E foi também ele a sofrer o penálti aos 55' que podia e devia ter resultado no nosso segundo golo: infelizmente Gyökeres permitiu a defesa do guarda-redes. Nunca antes tinha falhado uma grande penalidade de Leão ao peito.
Gostei pouco de algumas exibições. Esgaio, incapaz de ganhar duelos e sempre receoso de progredir com a bola, fez-nos sentir saudades de Geny - um dos poupados, tal como Coates e Morita (Nuno Santos só fez a segunda parte, por troca com Gonçalo Inácio, e Pedro Gonçalves entrou apenas aos 63'). Outros jogadores que não me impressionaram favoravelmente foram o recém-chegado Koba (substituiu Morten aos 63', com óbvia diminuição da dinâmica colectiva da equipa) e o recém-recuperado Fresneda (substituiu Esgaio aos 85' sem mostrar ainda os atributos que terão levado à sua contratação).
Não gostei que tivéssemos desperdiçado pelo menos quatro flagrantes oportunidades de golo, além do penálti que Gyökeres foi incapaz de concretizar. Em parte devido à competência do guarda-redes e do sector defensivo suíço, onde brilhou Amenda, "polícia" do nosso goleador. Daniel Bragança destacou-se neste capítulo menos positivo com duas perdidas escandalosas, aos 63' e aos 90'+4. Mas o maior falhanço - quase digno dos "apanhados" - foi de Edwards aos 45'+1, com a baliza escancarada e a dois metros da linha de golo. Servido de bandeja por Gyökeres, trocou infantilmente os pés e deixou a bola fugir.
Não gostei nada do golo que sofremos, aos 84', fixando o resultado final (1-1). De penálti, a punir falta cometida por Edwards em trabalho defensivo, num lance que estava controlado e em que a bola aparentemente até se encaminhava sem perigo para a linha de fundo. Os suíços conseguiram assim empatar sem terem construído uma só oportunidade de golo em lance corrido numa partida em que, excepto naquele momento, voltámos a demonstrar muita consistência defensiva - com merecido destaque para Diomande, que não jogava de verde e branco desde 30 de Dezembro e regressou em boa forma do Campeonato Africano das Nações, ao serviço da Costa do Marfim, vencedora da prova.
Gostei muito de mais uma vitória do Sporting - a vigésima sétima, em 34 jogos oficiais já disputados na temporada. Este não foi um triunfo menor, longe disso: derrotámos sem espinhas o líder do campeonato suíço, Young Boys, em desafio disputado em Berna. Viemos da capital suíça com motivos redobrados para sentir orgulho destes jogadores e desta equipa técnica: ganhámos 1-3, fomos sempre superiores, tivemos sempre o jogo controlado e beneficiámos da presença de milhares de adeptos das nossas cores, designadamente emigrantes portugueses que ali vivem. A certa altura as vozes deles ouviam-se com mais nitidez do que as dos suíços. Excelente perspectiva, portanto, para rumarmos aos oitavos-de-final da Liga Europa após esta ronda de qualificação em duas etapas: a próxima será disputada no dia 22 em Alvalade. A vantagem é toda nossa, ao contrário do que grasnavam algumas aves agoirentas.
Gostei de Gyökeres, para não variar. Figura dominante do encontro, imprescindível no onze titular, astro maior deste Sporting 2023/2024. Fez a cabeça em água à turma suíça, desorganizando-a com os seus raides rapidíssimos rumo à baliza adversária - muitos dos quais travados com falta. Só à conta dele, dois jogadores do Young Boys foram amarelados. Foi ele a marcar aos 41' o segundo golo, de penálti, castigando falta cometida pelo guarda-redes sobre Edwards: tem já 28 marcados em 30 jogos, média impressionante. Gostei da sorte que nos acompanhou no golo inicial, aos 31', marcado na própria baliza por um central da equipa visitada. E mais ainda do terceiro golo, apontado de cabeça por Gonçalo Inácio, aos 48', impondo-se no jogo aéreo na sequência de um canto superiormente marcado por Pedro Gonçalves. Gostei ainda de ver quatro jogadores oriundos da formação leonina no onze titular: Gonçalo, Esgaio, Eduardo Quaresma e Daniel Bragança. E de duas estreias absolutas não apenas em competições internacionais pelo Sporting mas na nossa própria equipa principal: o médio Koba, recém-contratado ao Estoril, e o jovem avançado (18 anos) Rafael Nel, outro produto da Academia de Alcochete. Entraram ambos aos 84' e causaram boa impressão.
Gostei pouco que este jogo se tivesse disputado em relvado sintético, que costuma ser mais propício a lesões. Foi um aspecto que nos desfavoreceu perante os suíços, muito mais habituados a jogar nessas condições. Mas valha a verdade: isto não afectou o rendimento da nossa equipa, nem atemorizou os jogadores leoninos que já sofreram lesões muito graves, como Nuno Santos e Daniel Bragança. Teste superado com boa nota também nisto.
Não gostei do golo que sofremos, aos 42'. No minuto imediatamente a seguir à marcação do nosso segundo. Esgaio perdeu a bola para além do grande círculo e ali ficou, desposicionado e estático, enquanto os adversários progrediam em ataque rápido rumo à nossa baliza. Daniel não conseguiu fechar por dentro e o extremo esquerdo centrou sem oposição para a grande área, onde da floresta de pernas emergiu uma bola disparada à queima-roupa que Adán não conseguiu travar. Assim surgiu o 1-2, resultado que se registava ao intervalo. Também não gostei que Pedro Gonçalves tivesse visto embater no poste uma bola muito bem colocada que havia rematado bem ao seu jeito, após primoroso passe de Gyökeres. Aconteceu ao minuto 55: só não foi golo porque o guardião conseguiu desviá-la com a ponta dos dedos, encaminhando-a para o ferro. O nosso n.º 8 tinha merecido este golo.
Não gostei nada das sucessivas faltas cometidas pela equipa anfitriã, visando sobretudo Gyökeres: foram 21, novo máximo estabelecido nesta edição da Liga Europa - contra apenas duas do Sporting, novo recorde mínimo na mesma competição. O árbitro francês foi aplicando critério largo, seguindo as instruções da UEFA, que desaconselha contínuas interrupções e manda fechar os olhos às chamadas faltinhas, omnipresentes no futebol português, onde se apita a torto e a direito e o tempo útil de jogo é dos mais baixos da Europa. Mas os do Young Boys abusaram da agressividade. De tal maneira que um deles, Camará, acabou por receber segundo amarelo e consequente vermelho, sendo expulso aos 88'. Decisão acertada, sem contestação.
Gyökeres e Pedro Gonçalves festejam o segundo golo leonino em Leiria: estamos nas meias-finais da Taça
Foto: Pedro Cunha / Lusa
Gostei muito de ver o estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, cheio de adeptos leoninos a puxar pela equipa. Dos mais de 20 mil espectadores que encheram as bancadas, grande parte incentivava o Sporting. Os jogadores corresponderam, valorizando a festa da Taça de Portugal. Outra vitória concludente do onze comandado por Rúben Amorim, desta vez por 3-0 - com dois dos golos oriundos de cantos, em demonstração clara de que sabemos aproveitar cada vez melhor os chamados lances de "bola parada". Sem darmos a menor hipótese à simpática turma adversária, que ocupa o 13.º posto da segunda divisão. Assim marcamos presença na meia-final desta competição, que queremos muito vencer. Iremos defrontar Benfica ou Vizela, que jogarão amanhã.
Gostei de Gyökeres, uma vez mais. Para não variar, foi o melhor em campo. Marcou dois golos: o primeiro, aos 32', e o terceiro, aos 74'. E ainda foi ele a assistir no segundo: cruzamento a régua e esquadro para Pedro Gonçalves (37'). É um jogador assombroso, tanto do ponto de vista físico como técnico - um dos melhores que passaram desde sempre pelo Sporting. Só na Taça de Portugal, já tem cinco bolas enfiadas nas redes adversárias. Pedra nuclear nesta nossa equipa que sonha com a dobradinha e nos tem propiciado tantos momentos de excelente futebol. Reveja-se o magnífico lance do segundo golo, exemplo de eficácia máxima, conseguido com três toques: passe longo de Nuno Santos junto à linha esquerda, centro do sueco e o melhor português da nossa equipa a metê-la lá dentro. Isto é festa da Taça também.
Gostei pouco que estivéssemos a um pequeno passo da goleada: só faltou um para lá chegarmos. Mas ocasiões não faltaram. Novamente pela falta de sorte, como no mesmo estádio há duas semanas quando perdemos com o Braga para a Taça da Liga. Mas sobretudo por excelentes intervenções do guardião do Leiria, Kieszek. Anotei estas ocasiões soberbas de golos que não se concretizaram por uma unha negra: Gyökeres aos 5'; Trincão aos 23', aos 51' e aos 65'; Gyökeres novamente aos 73'; Pedro Gonçalves aos 82'; Daniel Bragança aos 84' e Nuno Santos aos 90'. Demasiadas.
Não gostei do desempenho do árbitro Tiago Martins. Não porque tivesse influência no resultado, mas pela profusão de cartões amarelos, exibidos a torto e a direito, por tudo e por nada, numa partida que foi correctíssima. Só dos nossos, quatro viram cartões: Nuno Santos aos 16', Edwards aos 38', Trincão aos 45'+4 e Neto aos 88'. Péssimo hábito de muitos ápitadores portugueses, que adoram ser o centro das atenções nos jogos. Sem adoptarem o chamado "critério largo" que vigora no melhor campeonato do mundo, o inglês. Esquecendo que o futebol é desporto que prima pelo contacto físico. Assim é difícil voltarmos a ver portugueses a apitar fases finais de campeonatos do Mundo ou da Europa.
Não gostei nada que Amorim continue sem contar com Diomande, ainda retido ao serviço da selecção da Costa do Marfim no Campeonato Africano das Nações, onde não tem jogado e por vezes nem no banco se senta. Um mês de paragem inglória, em boa verdade. Má notícia para nós. Felizmente Geny veio mais cedo, já podemos contar com ele e ontem foi titular, fazendo uma boa primeira parte. Também Morita está de volta, regressado da Taça Asiática. Ontem só entrou aos 72', substituindo Trincão, mas deu para ver que não perdeu o jeito. Nem a vontade de mostrar serviço.
Gostei muito de ver o estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, cheio de adeptos leoninos. A esmagadora maioria dos 18.500 espectadores, que preencheram mais de 90% das bancadas, puxou pela nossa equipa na meia-final da Taça da Liga, contra o Braga. De falta de apoio nenhum dos nossos jogadores pôde queixar-se.
Gostei da exibição do Sporting durante mais de 60 minutos. Realço os desempenhos de Nuno Santos (para mim o melhor em campo), Eduardo Quaresma, Morten e Pedro Gonçalves. Além de um par de defesas consecutivas de Israel, aos 75', impedindo golos de Victor Gómez e Ricardo Horta. No golo solitário que sofremos, marcado por Abel Ruiz aos 65', o jovem guarda-redes uruguaio não podia fazer nada.
Gostei pouco de ver Gyökeres manietado durante quase todo o jogo pela defesa braguista, sobretudo por Paulo Oliveira (antigo titular do Sporting), que quase não deu espaço ao sueco para desenvolver todo o seu futebol: sem Viktor a 100%, como é sabido, a nossa equipa não rende da mesma forma. E gostei muito pouco - quase nada - da exibição de Esgaio: incapaz de criar dinâmica ofensiva no corredor direito, incapaz de provocar desequilíbrios, no lance do golo do Braga falhou por completo a marcação a Ruiz, que estava há três meses sem facturar.
Não gostei do festival de esbanjamento que protagonizámos nesta meia-final. Com três bolas nos ferros e outras tantas que andaram perto. Aos 13', Pedro Gonçalves fez tremer a baliza adversária com um petardo disparado de 30 metros que embateu no poste. Aos 37', Nuno Santos acertou com estrondo na barra. Aos 45', novamente Nuno, com nota artística, remata de trivela fazendo a bola chocar no ferro. Aos 54', num dos raros momentos em que conseguiu libertar-se da marcação, Gyökeres levou a bola quase a beijar o mesmo poste esquerdo. Aos 59', após boa tabelinha com Trincão, Pedro Gonçalves, encaminha-a rente ao ferro oposto da baliza à guarda de Matheus. Aos 87', Trincão imitou-o. Demasiado desperdício para um jogo só.
Não gostei nadadesta derrota -- a nossa quarta da época, em 30 jogos disputados. Porque nos afasta da Taça da Liga, ficando assim um objectivo por cumprir. Porque foi a primeira partida em que não marcámos nesta temporada. E porque nos quebra uma dinâmica de vitórias: vínhamos de oito desafios seguidos a vencer, três dos quais com goleadas. Resta-nos recuperá-la já no próximo embate do campeonato, frente ao Casa Pia.
Gyökeres e Pedro Gonçalves: ambos bisaram contra o Tondela para a Taça
Foto Lusa
Gostei muito da segunda goleada consecutiva do Sporting em poucos dias. Desta vez a vítima foi o Tondela, que já tínhamos vencido para a Taça da Liga em Dezembro. Desta vez, triunfo por 4-0: a vitória começou a ser construída muito cedo, logo aos 10'. Com um jogador em evidência máxima: Gyökeres, sempre ele. Bisou anteontem em Alvalade, numa noite muito fria e com chuva. Intervem na construção do primeiro com uma fantástica recuperação junto à linha final, marca o terceiro (de cabeça) aos 37' e é também ele a marcar o quarto, no primeiro minuto do segundo tempo, em lance que começa e termina nos seus pés. Melhor em campo, grande figura do jogo, grande figura da temporada: depois de ser substituído, aos 59', a partida entrou em toada morna, perdendo interesse. Enquanto a noite ficava ainda mais fria.
Gostei da prestação de Pedro Gonçalves. Está de regresso aos golos - e logo a bisar, tal como Gyökeres. Aos 10' meteu-a lá dentro, à ponta-de-lança. Aos 16' aproveitou da melhor maneira uma péssima reposição de bola do Tondela para se apoderar dela e encaminhá-la para as redes adversárias. Bom desempenho também de Daniel Bragança, suprindo a ausência de Morita, ao serviço da selecção nipónica: protagonizou recuperações com eficácia máxima, exibiu qualidade no passe curto ou longo, assistiu Pedro Gonçalves no segundo, interveio no terceiro com uma pré-assistência. Passes de qualidade irrepreensível para Paulinho (10') e Nuno Santos (56'). Destaque ainda para o guarda-redes Israel, neste seu sétimo jogo oficial pelo Sporting: impediu duas vezes o golo com vistosas defesas aos 8' (Rui Gomes) e aos 58' (Daniel dos Anjos). Nota muito elevada.
Gostei pouco que só estivessem 15.721 espectadores em Alvalade O adversário era uma equipa do segundo escalão, a noite invernosa não convidava a sair de casa, mas a verdade é que o Sporting atravessa o melhor momento da temporada, confirmado neste apuramento para os quartos-de-final da Taça de Portugal. Merecia mais público, por vários motivos. Eis dois deles: o jogo assinalou o regresso de Coates após quatro semanas de ausência forçada por lesão e foi outra oportunidade de vermos actuar o extremo Afonso Moreira, de 18 anos - uma das jovens estrelas da nossa Academia. Foi o nosso sexto triunfo seguido (após Sturm Graz, FC Porto, Tondela para a Taça da Liga, Portimonense e Estoril). Vencemos há dez partidas consecutivas no nosso estádio para várias competições. Registámos a quarta goleada da época (após Farense, Dumiense e Estoril) e desta vez não sofremos golo nenhum.
Não gostei da estreia de Rafael Pontelo, o central brasileiro que acaba de vir do Leixões. Lançado por Rúben Amorim seis dias após a chegada, o canhoto entrou no onze titular formando trio com Gonçalo Inácio (central ao meio) e Neto (à direita). Fez enorme asneira logo aos 8', perdendo a bola no sector à sua guarda: isto permitiu um perigoso ataque do Tondela que terminou com a bola a embater no nosso poste esquerdo após defesa aparatosa de Israel. Intranquilo, precipitado, transmitiu sinais evidentes de que ainda não está maduro para actuar na posição habitualmente preenchida por Gonçalo Inácio. Melhores dias virão.
Não gostei nada de Paulinho, uma vez mais. Não marcou, não assistiu, limita-se a arrastar defesas enquanto se passeia no último terço do campo, parecendo sentir alguma aversão pela baliza - algo estranho num avançado. Nesta partida falhou quatro clamorosas ocasiões de golo: aos 10' (esbanjando oferta de Daniel Bragança), aos 24' (na cara do golo), aos 52' (autêntico passe ao guarda-redes em vez de fuzilar) e aos 90' (inutilizando brinde de Trincão). Vai faltando a paciência para tanto desperdício, sobretudo por contrastar com a produção ofensiva de Gyökeres. Enorme diferença.
Gostei muito do triunfo leonino em Tondela por 2-1. Os números são claros: em 24 jogos já disputados esta época, vencemos 18 em quatro competições diferentes. Chegamos ao Natal competindo em todas as frentes, o que contraria os pessimistas militantes e os letais que torcem sempre por derrotas verde-e-brancas. A vitória neste gélido frio de tarde na Beira Alta torna-nos semifinalistas da Taça da Liga: iremos disputar o acesso à final com o Braga a 23 de Janeiro, no estádio municipal de Leiria. Com o FC Porto já afastado da prova. Convém recordar que quatro das últimas seis edições foram conquistadas por nós.
Gostei de Daniel Bragança, para mim o melhor em campo. Marcou um belíssimo golo, logo aos 18': pura obra de arte - o seu terceiro da temporada em curso. E ainda assistiu Paulinho no segundo, aos 32', também com nota artística: o passe foi de calcanhar. Coincidência ou não, quando foi substituído por Dário, aos 63', a equipa caiu de rendimento. Gostei globalmente do primeiro tempo, em que dominámos por completo, chegando ao intervalo a vencer por 2-0. Destaque também para Paulinho: não apenas pelo golo que marcou, de pé direito, mas por outros dois lances: aos 5' fez a bola embater na barra; aos 66' proporcionou a defesa da noite ao guarda-redes tondelense. Reforça posição como rei dos goleadores na Taça da Liga: já marcou 21 em várias edições.
Gostei pouco que o Sporting tirasse o pé do acelerador, parecendo conformado com os dois golos de diferença alcançados ainda cedo. Apesar do forte apoio sentido no estádio, onde uma das bancadas estava cheia de adeptos leoninos - muitos inconformados por não terem visto jogar Gyökeres. Aliás Rúben Amorim deixou de fora cinco outros habituais titulares: Adán, Diomande, Coates, Morita e Edwards, além do internacional sueco. Em sentido inverso, fez alinhar Neto - desta vez capitão de início, neste seu centésimo jogo de leão ao peito. Assim poupou alguns jogadores para o próximo confronto do campeonato: será dia 30 em Portimão.
Não gostei de Trincão. Integrou o onze, mas voltou a decepcionar. Parece sempre algo desligado da manobra colectiva, apático, desconcentrado. Com os defeitos habituais: agarra-se à bola e entretém-se com ela, esquecido dos companheiros e da baliza, revelando-se inofensivo. Quando intervém, o nosso jogo empastela, perde dinâmica e fluidez.
Não gostei nada de sofrer um golo. Foi contra a corrente do jogo, é certo, e na única oportunidade de que o Tondela dispôs num desafio em que fez o primeiro remate (não enquadrado) só aos 39'. Aconteceu aos 76', por deficiente cobertura de Matheus Reis em zona frontal da grande área, permitindo que o adversário se movimentasse à vontade no lance, num remate indefensável para Israel. Vínhamos de duas partidas consecutivas sem sofrer golos, algo raro nesta temporada. Mas houve duas sem três: andamos mais inconsistentes do que gostaríamos no capítulo defensivo. E convém anotar que o Tondela segue em oitavo lugar na Liga 2: está longe de ser oponente temível.
Gonçalo Inácio, melhor em campo: bisou contra o Sturm Graz neste desafio da Liga Europa
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
Gostei muito da vitória concludente e sem contestação de qualquer espécie do Sporting, ontem à noite em Alvalade. Recebemos o Sturm Graz, segundo classificado da liga austríaca, num jogo em que Israel - confiante entre os postes - apenas fez uma defesa digna desse nome. Na primeira parte o nosso domínio foi menos evidente, o que se explica pela exclusão de seis habituais titulares do onze: Adán, Diomande, Gonçalo Inácio, Morita, Pedro Gonçalves e Edwards. Mas houve grande eficácia: em duas oportunidades (a primeira, logo no minuto inicial, por Nuno Santos) aproveitámos uma (aos 39, num lance soberbo de Matheus Reis conduzindo a bola pela meia esquerda e entregando-a a Gyökeres, que apenas empurrou para as redes). O segundo tempo foi todo nosso: mais dois golos (Gonçalo Inácio a bisar pela primeira vez de verde-e-branco, aos 60' e aos 71', na sequência de cantos marcados por Edwards). Vencemos por 3-0. E ainda tivemos duas bolas aos ferros: por Gyökeres (aos 41') e Coates (aos 71', no lance do terceiro golo, gerando recarga de Gonçalo). Excelente, este aproveitamento das "bolas paradas". E óptimo, não termos sofrido golos. Bom ensaio geral para o clássico de segunda: o Sporting-FC Porto promete emoções fortes. E, assim espero, novo triunfo leonino.
Gostei da leitura que Rúben Amorim fez do jogo. Com os lesionados do costume (Fresneda e St. Juste) e outro recém-magoado (Geny), e a recepção ao FCP em perspectiva, fez sete alterações ao onze que entrou em Guimarães. Apostando em Israel, Neto, Coates (que cumpriu castigo na jornada 13 da Liga), Daniel Bragança, Nuno Santos, Paulinho e Trincão. Resultou nuns casos, em outros nem por isso. Mas a meio da primeira parte a equipa adoptou o modo pastoso habitual, indiciando a necessidade de haver mexidas. Mesmo estando já garantida a nossa passagem ao play off da fase seguinte da Liga Europa, como segundos classificados do Grupo D, havia que segurar e até ampliar a magra vantagem por 1-0 registada ao intervalo. Acautelando, em simultâneo, o desgaste físico de jogadores que serão essenciais no clássico. O treinador trocou Morten por Morita, Gyökeres por Edwards e Matheus Reis por Gonçalo Inácio - este viria a ser o melhor em campo, com o seleccionador Roberto Martínez como espectador na tribuna de Alvalade. A equipa cresceu em intensidade e velocidade. Tornou-se desafio de sentido único. Garantimos mais pontuação para Portugal nas competições da UEFA (terminamos este grupo com 11 pontos após três vitórias e dois empates) e um conjunto de 7 milhões de euros embolsados nestas seis partidas.
Gostei pouco de algum adormecimento registado entre os minutos 10 e 35. Posse de bola sem progressão, passes inconsequentes no primeiro terço do terreno, uma dupla atacante (Gyökeres-Paulinho) desaproveitada. Mesmo com um onze remendado podíamos e devíamos fazer melhor que isto. Até porque alguns dos "reforços" cumpriram a aposta que neles fez o treinador - destaco aqui Daniel Bragança, primeiro como médio de construção e no segundo tempo em missão mais recuada, já com Morten ausente, sem que o equilíbrio defensivo ou ofensivo da equipa se ressentisse. Felizmente na recta final desses primeiros 45' e em todo a etapa complementar o espírito leonino soltou-se em pleno. Aqui é justo salientar a exibição de Dário, em campo desde o minuto 56, quando substituiu Esgaio: fez a ala direita com brio e valentia, combinando muito bem com Edwards. Experiência bem-sucedida. Terá repetição?
Não gostei que houvesse apenas 24.733 espectadores nas bancadas de Alvalade nesta noite fria de Dezembro, após um dia de trabalho e em véspera de outra jornada laboral. É certo que os dados estavam lançados, pouco havia verdadeiramente em causa neste jogo e o Sturm Graz está longe de ser uma potência europeia. Mas bastaria a perspectiva de ver actuar ao vivo Gyökeres, melhor avançado da Liga em quatro meses consecutivos (Agosto e Setembro, Outubro e Novembro), para valer o preço do bilhete. O internacional sueco não desiludiu, voltando a fazer o gosto ao pé. Já marcou 16 golos e fez cinco assistências de Leão ao peito.
Não gostei nada de Trincão. Outra péssima exibição, com momentos dignos dos "apanhados". Amorim manteve-o em campo até ao fim, na expectativa de vê-lo marcar um golo que lhe restituísse a confiança, e os colegas fizeram tudo para servi-lo com esse objectivo, sobretudo no quarto de hora final. Em vão. O avançado que já passou pelo Barcelona ou escorregava ou se fintava a si próprio ou rodopiava com a bola sem saber o que fazer com ela ou a perdia de modo infantil, totalmente inofensivo tanto na manobra colectiva como no confronto individual. De positivo, em todo o jogo, apenas uma quase-assistência para Nuno Santos logo no minuto inicial a que o guarda-redes da turma austríaca correspondeu com a defesa da noite. Depois Trincão afundou-se para não mais se levantar. Ouviu muitos assobios. É um caso sério de desperdício de talento técnico. Com desfecho em aberto. Veremos o que vai seguir-se.
Gostei muito da goleada do Sporting, para a Taça de Portugal, no confronto com a simpática equipa amadora do Dumiense, do distrito de Braga. Não foi apenas a nossa maior goleada da época: há dez anos que não marcávamos tantos golos nesta competição - a última vez foi na vitória também em casa frente ao igualmente modesto Alba, por 8-1, em Outubro de 2013. E só há 35 anos conseguimos uma vantagem maior, quando cilindrámos o Alhandra por 11-0. Ontem os golos foram apontados por Neto (8'), Paulinho (28'), Trincão (46'), Coates (53'), Paulinho (58' e 70'), Nuno Santos (75') e Gyökeres (83'). Merecem destaque os de Neto, por estrear-se como artilheiro pelo Sporting, e de Trincão, por ser o primeiro que marca nesta temporada.
Gostei da exibição de Nuno Santos, para mim o melhor em campo. Está em metade dos nossos oito golos: três resultam de cantos marcados de forma exemplar por ele, além do que converteu de penálti, também de forma irrepreensível. Nota muito elevada para Paulinho: marcou três, o primeiro com nota artística (de calcanhar), e assistiu no de Trincão (igualmente de calcanhar). Destaque ainda para Gyökeres: entrou só aos 62', mas a tempo de assistir Paulinho no sexto golo, de sofrer o penálti do qual resultou o sétimo e ser ele a apontar o oitavo, em lance que construiu do princípio ao fim. Figuras da partida, tal como o capitão Coates, que ontem se tornou no estrangeiro com mais jogos disputados de Leão ao peito, igualando Polga: são já 342. Com uma diferença assinalável: o central uruguaio marcou até agora 33 golos pelo Sporting enquanto o internacional brasileiro apenas tem quatro no currículo leonino.
Gostei pouco que o treinador não tivesse proporcionado mais minutos a dois dos nossos jogadores menos utilizados: Dário e Eduardo Quaresma. O primeiro substituiu Daniel Bragança aos 62' (já vencíamos por 5-0), o segundo esperou pelo minuto 76 para render Coates (havia 7-0). Com pouco tempo, em qualquer dos casos, para se evidenciarem. Apesar de tudo, o jovem médio defensivo esteve muito bem na recuperação e no passe, protagonizando até lances de ruptura perante uma turma adversária já bastante desgastada. Eduardo, actuando como central à direita, não ultrapassou a mediana. Tudo indica que serão ambos emprestados em Janeiro.
Não gostei da ausência de Gonçalo Inácio, ausente por castigo deste encontro que nos coloca nos oitavos-de-final da Taça. Mas pelo menos isto permitiu-lhe estar pronto para o próximo confronto. Será nesta quinta-feira contra a Atalanta em Bérgamo. Entraremos segurmente com a máxima força, até porque Rúben Amorim decidiu poupar ontem vários jogadores nucleares: Adán (substituído por Israel), Diomande, Morita e Pedro Gonçalves não saíram do banco; Edwards só entrou aos 50'; e St. Juste nem foi convocado, devido a novos problemas físicos. Talvez recupere a tempo do importante desafio da Liga Europa.
Não gostei nada de ver menos de 19 mil espectadores em Alvalade, apesar de o desafio ter começado às 18 horas deste domingo, em claro contraste com os jogos do campeonato, sempre relegados para horários mais tardios. Valha a verdade que o facto de se tratar de uma partida contra um adversário do quarto escalão do futebol nacional - último classificado da série A do impropriamente chamado Campeonato de Portugal - não era grande chamariz, mas havia a expectativa de muitos golos, felizmente concretizada. Merece elogio a forte representação dos adeptos do Dumiense: havia cerca de 500, bastante efusivos, no topo norte do nosso estádio.
Gostei muito da vitória do Sporting (2-1), na noite passada, em jogo da Liga Europa contra o Raków, campeão polaco. Triunfo que nos mantém no segundo posto do grupo D nesta competição europeia: permanecem intactas as leoninas aspirações à fase seguinte da prova. Vale a pena anotar: foi o nosso 16.º desafio da temporada em curso, com balanço largamente positivo. Treze vitórias, dois empates, apenas uma derrota. Percentagem de sucesso: 81,2%. Demonstração inequívoca do mérito desta equipa tão bem orientada por Rúben Amorim.
Gostei que tivéssemos marcado cedo - na conversão de um penálti, logo aos 10', por Pedro Gonçalves a castigar falta claríssima (punida com cartão vermelho) cometida sobre St. Juste quando conduzia um lance de ataque na meia esquerda, em plena grande área polaca. Aos 52', o nosso n.º 8 viria a marcar igualmente o segundo golo, também de penálti, desta vez a punir mão na bola a remate de Edwards. Tem de ser creditado como melhor em campo. Leva já cinco golos nesta época - estes foram os seus primeiros na Liga Europa 2023/2024. Total até agora: 63 convertidos de verde e branco. Merece elogio? Claro que sim.
Gostei pouco que não tivéssemos exibido superioridade na chamada zona de decisão, sobretudo porque defrontámos uma equipa só com dez jogadores durante 80 minutos. Construímos oportunidades, mas fomos incapazes de convertê-las em lances corridos - ou por falta de pontaria ou devido a grandes defesas do guarda-redes sérvio da equipa polaca, que só tem um polaco no plantel (o Sporting teve sete portugueses no onze inicial). Paulinho, que ontem festejou 31 anos, foi um dos elementos com nota insuficiente. Outros foram Nuno Santos e Esgaio, pouco eficazes a municiar o ataque pelos flancos. Para compensar, registou-se a estreia em jogos oficiais da equipa A do jovem Tiago Ferreira, que actuara na pré-temporada: outro miúdo da nossa formação lançado por Amorim. Foi mera amostra, insuficiente para conclusões sólidas. Aos 21 anos, Mamede - como também é conhecido - tem-se destacado no Sporting B, onde já fez dez golos e duas assistências. Oxalá consiga singrar entre os "adultos".
Não gostei da ausência de Gyökeres, ausente por castigo. Nota-se uma diferença enorme, para pior, quando ele está fora do onze titular. A nossa linha ofensiva perde engenho, criatividade, talento, energia, explosão, acutilância, capacidade de desequilíbrio e capacidade de pressionar a saída dos adversários. Felizmente vamos tê-lo de volta no dérbi da Luz, já depois de amanhã. Num jogo em que a equipa da casa contará com mais 24 horas de descanso do que a nossa após ter humilhado o futebol português em San Sebastián, frente à Real Sociedad (equipa que vencemos 3-0 na pré-temporada).
Não gostei nada de ver o Sporting sofrer um golo, aos 70', na sequência de um livre convertido com rapidez e eficácia pelo Raków enquanto alguns dos nossos jogadores se limitaram a defender com os olhos. Quatro jogos da Liga Europa, em todos sofremos golos. Falta-nos capacidade de concentração em momentos cruciais e alguma consistência defensiva. Também não gostei nada dos nossos 20 minutos finais, com a equipa a recuar muito no terreno, mantendo posse estéril de bola e parecendo recear a desfalcada turma adversária. Enfim, continuo a não gostar nada de Fresneda, desta vez em campo desde o minuto 56 (substituiu Esgaio). Está muito longe de ser um novo Pedro Porro. E até agora nem demonstrou sequer qualidade para integrar o plantel principal do Sporting.
Internacional sueco, "o suspeito do costume": ontem marcou três golos em Alvalade. Difícil ser melhor
Foto: António Pedro Santos / Lusa
Gostei muito de Gyökeres: grande atitude, excepcional entrega ao jogo, de longe o melhor em campo. Exibição coroada com três golos frente ao Farense, num desafio da Taça da Liga que vencemos por 4-2. Confirma-se: o sueco é não apenas o mais competente e brilhante jogador a actuar esta época no futebol português, mas uma das melhores contratações de sempre do Sporting. O preço que pagámos por ele é barato, ninguém duvida. Ontem cumpriu o 12.º desafio da temporada com um registo de 11 golos já apontados. Excelente média, contrastando com os Cabrais e os Navarros que aportaram aos nossos adversários com prestações medíocres ou inexistentes. Desta vez abriu o marcador aos 24', quatro minutos depois converteu um penálti e fechou a conta pessoal apontando um golaço aos 63'. Só justifica elogios. Os 22.800 adeptos que compareceram em Alvalade nesta chuvosa noite de quinta-feira certamente gostaram.
Gostei das mudanças feitas por Rúben Amorim na equipa. Desde logo apostando em Gonçalo Inácio como médio mais recuado, talvez já a prepará-lo para actuar ali quando Morita estiver ausente durante semanas ao serviço da selecção daqui a um par de meses. Exibição muito positiva: até parece rotinado na posição. Resultaram outras apostas no onze titular, de onde estiveram ausentes Adán, Coates, Morten, Geny, Morita, Edwards e Pedro Gonçalves. Nuno Santos (marcou o terceiro, de pé direito, aos 56') e Trincão fizeram os melhores jogos da temporada, com destaque para o minhoto: assistiu no primeiro golo protagonizando espectacular lance individual, foi ele quem sofreu a falta que gerou penálti e ainda levou Ricardo Velho à defesa da noite voando para deter um remate em arco dirigido ao ângulo superior direito da baliza. Eis um "reforço" que já tardava.
Gostei pouco que tivéssemos consentido dois golos, aos 49' e aos 79', com disparos fortíssimos de Mattheus Oliveira (um dos mais inúteis jogadores que passaram por Alvalade) e Vítor Gonçalves. Israel podia ter feito melhor? Dificilmente, mas ainda não oferece aos adeptos aquela segurança entre os postes que temos o direito de lhe exigir. Agradou-me ver Daniel Bragança com a braçadeira de capitão, mas continua a fazer tudo em esforço, incapaz de um passe de ruptura ou de criar lances de desequilíbrio na área do terreno onde se movimenta. Mesmo num jogo caracterizado por notório contraste no desempenho ofensivo: protagonizámos 25 remates, contra oito da turma algarvia.
Não gostei de Paulinho. Depois da "vitamina Gyökeres", no início da época, parece voltar a exibir os defeitos que lhe conhecemos de outros campeonatos. Muito condicionado pelas marcações, falhou emendas quase à boca da baliza em centros bem medidos de Esgaio (78') e Nuno Santos (87'). Atirou para a bancada logo aos 10', dando o mote a uma exibição sofrível. E é ele quem perde a bola, com displicência, gerando um rapidíssimo contra-ataque adversário que culminou no primeiro golo que sofremos.
Não gostei nada de ver Dário desperdiçar outra oportunidade de mostrar ao treinador que merece um lugar no plantel leonino. Entrou aos 72', rendendo Bragança, e a partir dos 83' o Farense passou a jogar só com dez por lesão de Zé Luís quando o treinador José Mota já tinha esgotado as substituições - e houve ainda 6' de tempo extra. Nem assim o jovem médio da nossa formação fez a diferença. Pelo contrário: entregou duas vezes a bola no minuto 86 e falhou uma tabelinha aos 88', com fraco domínio técnico. Não se nota evolução neste jogador, lamento concluir. Talvez valha a pena emprestá-lo, como já aconteceu com Mateus Fernandes.
Gostei muito do golo de Coates, ontem contra o Raków em Częstochowa, na Polónia, em jogo da terceira ronda do Grupo D da Liga Europa. Marcado em circunstâncias difíceis, quando a nossa equipa já alinhava com um a menos frente ao campeão polaco. Golo marcado a partir de um canto muito bem apontado por Pedro Gonçalves, com o nosso capitão - melhor Leão em campo - a erguer-se sobre os centrais adversários e a encaminhá-la para o sítio certo. Estavam decorridos 14 minutos. Mantivemos esta vantagem durante mais de uma hora.
Gostei de ver o Sporting aguentar firme o desconforto de passar a jogar com um a menos logo a partir do minuto 8 num relvado indigno de uma competição europeia. A equipa soube reagir ao contratempo, cerrar fileiras, avançar linhas, trocar a bola e espreitar o contra-ataque. Resistiu o mais possível à adversidade: foi para o intervalo a vencer 0-1 em casa do adversário, dando-lhe sempre boa réplica.
Gostei pouco que consentíssemos o empate (1-1) já quase ao cair do pano, aos 79', em lance que culminou a superioridade da turma da casa na meia hora final. Aí recuámos demasiado as linhas, o que favoreceu a manobra ofensiva do Raków, inofensivo até então. Mas este empate na Polónia não altera a classificação no nosso grupo: continuamos no segundo lugar, com 4 pontos, a três do Atalanta e com mais três do que o Rakow. Já vencemos o Sturm Graz, que ontem empatou 2-2 com os italianos na Áustria.
Não gostei que Rúben Amorim, vendo-se tão cedo a jogar só com dez, demorasse demasiado a refrescar a equipa: esperou até aos 58' para fazer as primeiras mexidas. Dando a impressão que pensava mais em poupar alguns titulares habituais para o embate da próxima segunda-feira no Bessa. Valha a verdade que o Sporting não parece ter lucrado muito com a mudança, quando finalmente ocorreu, aos 58': Paulinho e Geny não fizeram melhor do que Edwards e Pedro Gonçalves.
Não gostei nada de ver Gyökeres expulso logo aos 8', com cartão vermelho directo, por pisão dois minutos antes a um adversário após ter sido alertado pelo VAR. O nosso melhor jogador ficará ausente do próximo desafio da Liga Europa. Fica-lhe de lição, esperemos, para ser menos impetuoso nestas entradas, ainda por cima longe da zona de actuação preferencial do ponta-de-lança. Serve também de lição àqueles adeptos leoninos que cultivam teorias da conspiração, passando o tempo a acusar os árbitros portugueses de perseguirem os nossos jogadores e defendendo até a importação de apitadores estrangeiros para a Liga nacional. Este Raków-Sporting foi arbitrado por um grego, tanto quanto se sabe sem qualquer interesse em prejudicar o emblema do Leão: limitou-se a aplicar as leis do futebol.
Daniel Bragança acaba de marcar o terceiro golo, confirmando vitória leonina na Taça
Foto. Rodrigo Antunes / Lusa
Gostei muito de Geny, o melhor jogador da terceira eliminatória da Taça de Portugal contra o Olivais e Moscavide que o Sporting foi hoje disputar ao estádio da Amadora. Após uma primeira parte medíocre, em que aquela equipa do quinto escalão do futebol português nos deu sempre boa réplica, o internacional moçambicano fez a diferença ao ser lançado por Rúben Amorim, para substituir Fresneda, logo no recomeço da partida. Uma troca que se impunha - e resultou sem a menor dúvida. Geny mexeu com o jogo, tornou enfim a nossa equipa dona e senhora do corredor direito. Domínio traduzido em golo aos 53': um grande remate de ressaca, indefensável, assinalando a estreia do jovem extremo como artilheiro da equipa A. E ainda foi ele a assistir no terceiro. Não custa prever que será uma das nossas estrelas da temporada em curso. Tem de jogar mais.
Gostei de ver o Sporting seguir em frente, para a eliminatória seguinte da Taça de Portugal: já estamos melhor do que há um ano, quando fomos varridos nesta fase pelo modesto Varzim, do terceiro escalão. Também gostei do penálti cavado por Edwards, que ele próprio converteu, empatando o jogo aos 44'. E de ver Daniel Bragança estrear-se como goleador esta época ao converter o terceiro, emendando à boca da baliza aos 90'+4 e fixando o resultado: 1-3. Trincão também merece destaque: jogou e fez jogar, servindo Edwards (63'), Geny (69') e Nuno Santos (72'). O terceiro golo começa a ser construído por ele. Gostei igualmente do Olivais e Moscavide, que disputa o campeonato distrital de Lisboa: equipa muito bem orientada por Ricardo Barão, assumido sportinguista e filho de Francisco Barão, antigo campeão nacional com as nossas cores.
Gostei pouco de ver tanto desperdício na zona de finalização. É inacreditável como a baliza parece crescer, em certos momentos, para a linha avançada leonina mesmo defrontando uma equipa não-profissional. Acertámos três vezes na barra - por Trincão (13'), Pedro Gonçalves (20') e Edwards (53'). Na segunda parte, o perdulário Paulinho destacou-se como rei dos golos falhados: apanhado em fora-de-jogo aos 80', cabeceando à figura do guarda-redes Ruben (85'), inutilizando um excelente centro de Geny (86'), incapaz de acertar na bola (89'). Fez-nos sentir saudades de Gyökeres, que desta vez permaneceu no banco de suplentes.
Não gostei de Fresneda: falhou por completo na missão que o técnico lhe confiou. Incapaz de acertar movimentos com Edwards, precipitado, desposicionou-se com facilidade, cometeu um penálti totalmente escusado que nos custou um golo do Olivais e Moscavide, marcado logo aos 8' pelo veterano Fabrício, motorista da Uber. Estivemos a perder até aos 44' e só aos 53' chegámos à vantagem mínima - ampliada no último minuto da partida. Amorim lançou no onze titular, já a pensar no jogo de quinta-feira para a Liga Europa na Polónia, sete jogadores que não têm actuado de início: Israel (no lugar de Adán), St. Juste (Diomande), Neto (Coates), Dário (Morten), Bragança (Morita) e Trincão (Gyökeres), além de Fresneda (que rendeu Esgaio). Alguns não corresponderam à confiança que neles depositou o treinador - com destaque para o jovem espanhol e para Dário, que acusa ainda muita inexperiência, apesar de ter vindo da selecção sub-21.
Não gostei nada que nesta fase da Taça de Portugal os jogos permaneçam sem vídeo-arbitragem. Só isto explica que tenha ficado por marcar um penálti claro cometido por João Varela por mão na bola, aos 36'. Percebe-se que o árbitro de campo e o assistente não tenham visto, mas impunha-se a tecnologia para preservar a verdade desportiva. Hoje é difícil compreender - e tolerar - que a chamada "prova rainha" do futebol português mantenha esta mácula, como se fosse algo imprestável. Isto tem de ser revisto com a máxima urgência. Para evitar que se repita no próximo ano.
Gostei muito de ver Gyökeres voltar a marcar. O sétimo golo em oito jogos. Novamente de penálti - e vão três. Chamado a converter, aos 76', não vacilou. É extraordinária a relação que o internacional sueco tem com a baliza. Infelizmente não bastou para evitar a derrota: perdemos em casa (1-2) contra a Atalanta, equipa italiana com nível de Liga dos Campeões - muito bem comandada há oito anos pelo veterano treinador Gian Piero Gasperini. Foi a nossa primeira derrota da temporada. Que, infelizmente, pôs fim a uma longa série de resultados positivos: há 22 jogos seguidos que não perdíamos um desafio oficial, desde 13 de Abril. Os 42.308 espectadores presentes no estádio mereciam ter visto um Sporting bastante melhor.
Gostei das substituições feitas pelo treinador ao intervalo. Saíram três jogadores com exibições calamitosas no primeiro tempo, entraram três colegas que muito contribuíram para relançar o jogo leonino neste período, em que fomos superiores à turma adversária já com Coates, Edwards e Geny em campo. Um golo, uma bola ao poste e quatro remates enquadrados: nada a ver com os 45 minutos iniciais, em que não fizemos um só disparo à baliza dos italianos. Entendi muito mal por que motivo Rúben Amorim deixou Coates de início no banco: com ele em campo, tudo foi diferente. Também Geny e Edwards mexeram com o jogo, acelerando-o sem temores nem complexos. Distinguiu-se sobretudo o inglês, para mim o melhor dos nossos: conquistou quatro faltas, uma das quais valendo o amarelo ao adversário, fez um cruzamento para golo (Gonçalo Inácio falhou, cabeceando para fora na grande área aos 52') e esteve ele próprio quase a marcar, aos 77'. Devia ter integrado o onze titular.
Gostei pouco de ouvir os mesmos que no início cantavam «farei o que puder pelo meu Sporting» desatarem, cerca de meia hora depois, a destratar a equipa no estádio, dando ânimo e alento à turma adversária. O nosso clube está cheio de adeptos que adoram assobiar. Infelizmente, em vez de assobiarem só no duche, vão de propósito a Alvalade para vaiar os nossos jogadores. «Farei o que puder pelo meu Sporting» é isto? Não parece nada.
Não gostei de perder. Não gostei dos 45 minutos de avanço dados à equipa de Bérgamo. Não gostei da forma como Amorim assistiu impávido àquele descalabro colectivo do primeiro tempo sem ter feito mais cedo as alterações que se impunham, corrigindo sobretudo o naufrágio do nosso meio-campo. Não gostei do enorme desgaste físico e anímico sofrido naquela primeira parte de avassalador domínio do Atalanta, que ficou em quinto lugar na Liga italiana 2022/2023: oxalá não seja mau prenúncio para a nossa partida de domingo contra o Arouca.
Não gostei nada de vários jogadores. Desde logo, a desastrosa estreia de Fresneda a titular: não revelou arcaboiço para aquilo, foi no nosso corredor direito que os italianos entraram como faca em manteiga, perante a impotência do ala espanhol, muito verde (no pior sentido) para tal função, fazendo-nos sentir saudades de Esgaio - que o substituiu aos 67'. Paulinho, sinónimo de nulidade: absolutamente inócuo na construção ofensiva, incapaz de se libertar da marcação individual a que foi sujeito, e é ele quem põe em jogo o autor do passe para o primeiro golo italiano. Morten continua a parecer peixe fora de água: não cumpriu os mínimos como médio defensivo nem formou eficaz parceria com Morita - o japonês melhorou bastante já com ele ausente. Nuno Santos apareceu oxigenado e talvez por isso destacou-se pela negativa, sem um só cruzamento perigoso e abusando dos passes à retaguarda. Pedro Gonçalves destacou-se por uma sucessão quase assustadora de perdas de bola e passes falhados - recebeu cartão aos 84' e devia ter visto outro por um pisão aos 35', convém não abusar da sorte. Finalmente Daniel Bragança, que substituiu Matheus Reis aos 90'+1, voltou a ver o amarelo com poucos segundos em campo pelo segundo jogo consecutivo. Assim mais vale ficar no banco. Ou na bancada.
Vitória ao Sturm Graz desfez a maldição: foi a primeira vez que o Sporting triunfou na Áustria
Foto: Christian Bruna / EPA
Gostei muito da nossa estreia internacional desta época. Fomos vencer ontem (1-2) o Sturm Graz, equipa austríaca que segue em segundo lugar no campeonato do seu país. Não se tratou de uma simples vitória: foi a primeira vez que o Sporting arrancou um triunfo na Áustria - antes tínhamos ali somado dois empates e quatro derrotas. Muito saborosos, portanto, estes três pontos ali conseguidos neste início da nossa campanha na Liga Europa. Outra proeza de Rúben Amorim ao leme do emblema leonino. Balanço da temporada até agora: cinco vitórias e um empate. Melhor ainda: levamos vinte jogos oficiais seguidos sem perder. Nada mal.
Gostei da nossa segunda parte, sacudindo a apatia do primeiro tempo, e sobretudo da actuação do Sporting após a vaga de substituições. Desta vez o treinador mexeu muito bem na equipa, em duas fases: aos 62' tirou Matheus Reis e Trincão, mandando entrar Nuno Santos e Pedro Gonçalves; aos 78', Daniel Bragança, Geny e Morten deram lugar a Edwards, Fresneda e Morita. Perdíamos por 1-0 desde o minuto 58, havia que dar a volta à situação. Amorim não hesitou. As alterações trouxeram nova dinâmica e acutilância à equipa, que passou a visar com insistência a baliza adversária. Aí emergiram as figuras leoninas do jogo Com três destaques. Gyökeres, que marcou o primeiro aos 75', em lance de existência premiando o seu esforço incansável: quarto golo em apenas seis jogos de verde e branco - além de ontem ter feito "amarelar" dois adversários. Pedro Gonçalves, que está nos dois golos: pormenor de classe ao tirar um defesa do caminho e fazer o remate inicial antes da recarga do sueco; e marcando de forma exímia o livre de que resultou o segundo, aos 84'. Finalmente, Diomande: vai deslumbrando de jogo para jogo. Também ele participa nos dois golos, primeiro ao centrar e depois ao rematar cruzado, com a bola ainda a sofrer um ligeiro desvio em Coates. Este golo foi creditado ao uruguaio, mas merecia ser do marfinense, que elejo como o melhor dos nossos em campo. Quem diria que há oito meses andava pela Liga 2...
Gostei pouco da nossa falta de intensidade durante todo o primeiro tempo. Com a equipa a acusar os defeitos do costume: lenta na transição, demasiada posse estéril de bola, falta de capacidade de penetração nas linhas adversárias, processos muitos denunciados na construção ofensiva. E sem um só remate enquadrado. Ficou a sensação que devíamos ter posto o pé no acelerador logo nessa fase de jogo, preservando os jogadores da tensa incerteza daqueles 20 minutos finais. O Sturm é uma equipa totalmente ao nosso alcance, como ficou confirmado nestes três pontos que trouxemos da Áustria. Com apenas dois jogadores claramente acima da média: o guarda-redes holandês Scherpen (fez três defesas de grande categoria) e o médio ofensivo georgiano Kiteishvili (iniciou o lance que culminou no golo deles com um tiro disparado ao nosso poste direito).
Não gostei das cinco alterações simultâneas feitas por Amorim face ao jogo anterior, contra o Moreirense. Para poupar vários titulares ao desgaste da Liga Europa. É verdade que o campeonato nacional é a nossa prioridade e o próximo desafio será com o Rio Ave já na segunda-feira. Mas Daniel Bragança (pouco dinâmico, pouco agressivo, falhando passes em progressão) revelou-se claramente inferior a Morita, Geny é muito mais inexperiente do que Esgaio e Matheus Reis não fez esquecer Nuno Santos. Paulinho foi perdulário na hora de visar as redes: rondou o golo, sem sucesso, aos 41', 59' e 67'. Muito pior esteve Trincão, que continua a parecer perdido em campo: ainda não fez uma só exibição bem conseguida nesta temporada 2023/2024. Sem justificar a titularidade, longe disso.
Não gostei nada do estado da relva. O chamado "tapete verde" apresentou-se impróprio para uma grande competição desportiva europeia. Prejudicando os jogadores mais tecnicistas da melhor equipa - a nossa. Tenho a certeza de que o relvado do José Alvalade estará em muito melhores condições quando recebermos a Atalanta na segunda jornada do nosso grupo, a 5 de Outubro.
Coates: dois falhanços em três minutos contra a Juventus no nosso adeus à Liga Europa
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Gostei muito das exibições de Ugarte e Edwards neste ingrato Sporting-Juventus anteontem disputado no nosso estádio, com 45.903 espectadores - a esmagadora maioria dos quais puxando pela equipa do princípio ao fim. O internacional uruguaio (ausente do desafio da primeira mão, em Turim) revelou impecável sentido posicional, acorrendo às linhas mais recuadas sempre que foi necessário: na frente, sacou um precioso penálti, aos 18'; no meio-campo, distinguiu-se por cortes cirúrgicos, recuperações oportunas e desarmes perfeitos. O inglês soube criar, mostrou todo o seu talento individual em campo e cativou os adeptos com dribles estonteantes: foi dele o nosso golo solitário, de penálti, aos 20'; assistiu Trincão aos 17' (bola ao poste) e Coates aos 87'. Enquanto ex-craques leoninos, como Iordanov e Nani, assistiam ao jogo na tribuna de Alvalade.
Gostei de ver a nossa casa quase cheia, da atmosfera vibrante no estádio, dos cânticos de incentivo do princípio ao fim. Também gostei da exibição de Diomande, o nosso melhor defesa: sereno, seguro, com bom domínio de bola e notável precisão de passe. Notável a desarmar Chiesa aos 17' e aos 43', metendo-o no bolso. Extremamente eficaz a policiar Vlahovic: aos 57' impediu-o de chegar ao golo. Aos 86', interceptou de modo exemplar um passe de Kostic. E ainda foi lá à frente, sem complexos, disparar uma bola que rasou o poste (35'). Não restam dúvidas: estamos bem servidos com ele na linha dos centrais.
Gostei pouco de ver tantos remates infelizmente desaproveitados: 13, da nossa parte, mas apenas dois enquadrados com a baliza. Um desperdício. Nuno Santos cruzou seis vezes, sem nunca encontrar ninguém disponível na área. Pedro Gonçalves, bem posicionado, atirou frouxo, à figura do guarda-redes (74'). Esgaio, em inesperada incursão pela área italiana, rematou por cima aos 75'. Mas ninguém desperdiçou tanto como Coates, já como ponta-de-lança improvisado à beira do fim: quase-golosfalhados aos 87' (oferta de Edwards) e aos 90' (com assistência de Arthur).
Não gostei de sofrer um golo muito cedo nesta partida, marcado por Rabiot na primeira oportunidade, aos 9' - embora a nossa reacção tenha sido muito positiva: empatámos 11 minutos depois. Não gostei de ver o Sporting cair nos quartos-de-final da Liga Europa, fracassando noutro objectivo da época: caiu ingloriamente com este empate, insuficiente para virar a derrota tangencial em Turim (0-1), num desafio em que fomos superiores. Também não gostei de Gonçalo Inácio: teve deslizes comprometedores (o primeiro logo no minuto inicial, oferecendo a bola a Di María, melhor elemento da Juventus) e chocou com Pedro Gonçalves no golo sofrido, de bola parada. Nem de Trincão: sem ritmo nem automatismos como avançado-centro, sem capacidade de luta, foi neutralizado pela defesa adversária, espécie de corpo estranho na nossa equipa.
Não gostei nada que Rúben Amorim demorasse até aos 81' para mexer na equipa, quando o empate persistia e era fundamental agitar o jogo: as trocas de Gonçalo por Matheus Reis e sobretudo de Nuno Santos por Arthur só pecaram por tardias. Nem do nosso balanço nas competições europeias: só vencemos um desafio em Alvalade - contra o Tottenham, por 2-0. Também não gosto nada de ver as equipas portuguesas fora das 12 semifinalistas nas três competições da UEFA: nem uma para amostra. Impressionante contraste com a Itália, que contará com cinco emblemas (Inter e Milan na Liga dos Campeões; Juventus e Roma na Liga Europa; Fiorentina na Liga Conferência). Os restantes são dois espanhóis (Real Madrid e Sevilha), dois ingleses (Manchester City e West Ham), um alemão (Bayer Leverkusen), um suíço (Basileia) e um holandês (AZ Ikmaar). Que frustração.
Morita, dínamo da nossa equipa com exibição de luxo contra a Juventus em Turim
Foto: Marco Bertorello / AFP
Gostei muito da nossa grande exibição em Turim. Neutralizámos a Juventus na primeira parte, vulgarizando-a. A histórica equipa italiana - vencedora de duas Ligas dos Campeões e 36 vezes campeã do seu país - mal conseguiu sair da sua área, empurrada pelos nossos jogadores em constante posse de bola e domínio claro nos dois corredores, com Esgaio a deter Chiesa e Nuno Santos a pôr Cuadrado em sentido. No primeira metade do segundo tempo, até por opção táctica após o empate a zero que se mantinha ao intervalo, a partida esteve equilibrada, mas com o Sporting a manter mais posse, a construir mais oportunidades e a beneficiar de mais cantos. O jogo terminou, após terem-se escutado assobios das bancadas à turma liderada por Massimiliano Allegro, com a vecchia signora toda remetida à sua área, como equipa pequena, sob pressão intensa do onze leonino.
Gostei das exibições de vários jogadores. Com destaque muito especial para Morita, que parecia ocupar o campo inteiro. Sem Ugarte, ausente por castigo, o internacional japonês foi dono e senhor da zona intermédia, cortando numerosas iniciativas de construção atacante dos italianos, mas também se assumiu como médio criativo, aparecendo com frequência em posições mais adiantadas, e funcionou como pronto-socorro em missões defensivas: calou de vez aqueles que ainda suspiram por Matheus Nunes. Também gostei de Coates, irrepreensível como patrão da defesa (até no lance do golo que sofremos) e a mandar a equipa para a frente, dando ele próprio o exemplo. Nuno Santos esteve em grande nível, Pedro Gonçalves foi batalhador do princípio ao fim em duas posições diferentes e Arthur voltou a dar sinais de ser um elemento positivo ao saltar do banco. Sem esquecer a extrema mobilidade de Trincão, disponível como nunca para apoio à defesa, algo que ainda não lhe tínhamos visto.
Gostei pouco das excelentes oportunidades de golo que desperdiçámos na noite de anteontem. Umas por mero azar, algumas por imperícia no momento da decisão e outras tantas devido a grandes defesas dos dois guarda-redes da equipa anfitriã presentes neste desafio dos quartos-de-final da Liga Europa - primeiro o polaco Szczesny, depois o italiano Perin. Contei oito: Morita aos 19', Coates aos 29', Pedro Gonçalves aos 30', Nuno Santos aos 33', Pedro Gonçalves aos 47', Morita aos 89', Pedro Gonçalves e o reaparecido Bellerín em sequências do mesmo lance, aos 90'+1. As duas últimas, sobretudo, foram de bradar aos céus: disparos à queima-roupa a curtíssima distância da baliza e com o guarda-redes em desequilíbrio. Devemos a nós próprios não ter saído de Turim com um empate ou até com uma vitória folgada. Viemos de lá com uma derrota tangencial (1-0), mas mantêm-se em aberto as expectativas para irmos às meias-finais.
Não gostei da troca de Nuno Santos, que estava a ser um dos nossos melhores, pelo trapalhão e desastrado Matheus Reis. Incompreensível decisão de Rúben Amorim - que esteve muito bem em quase tudo o resto, começando pela leitura minuciosa da equipa adversária - assumida aos 62', quando o 0-0 inicial se mantinha. Nuno saiu visivelmente insatisfeito e compreende-se porquê. Tinha a noção clara de que estava a desempenhar muito bem a missão, municiando o ataque a partir da ala esquerda e tentando também ele o golo, com os italianos postos em sentido. A nossa equipa piorou com o brasileiro em campo.
Não gostei nada de Adán. Após a brilhante exibição em Londres, frente ao Arsenal, o guarda-redes volta a prejudicar a equipa - como já tinha feito nas duas partidas da Liga dos Campeões, contra o Marselha, no jogo inicial do campeonato, no estádio do Dragão, e na final da Taça da Liga, entre outros jogos. Agora com uma saída em falso, abandonando a baliza numa tentativa falhada de socar a bola sem estar sequer sob forte pressão adversária, permitindo o golo de Gatti (73'). Estes lapsos em momentos decisivos começam a ser demasiado frequentes, ao ponto de se tornar necessário prepararmos desde já um sucessor para o espanhol na baliza leonina.
Ramsdale voa sem sucesso, minuto 62: Pedro Gonçalves marcava ao Arsenal num disparo de 48 metros
Foto: Vince Mignott / EPA
Quente
A nossa brilhante prestação em Londres, contra o Arsenal. Seguimos em frente, rumo aos quartos-de-final da Liga Europa. Num emocionante desempate por penáltis, com 1-1 após o tempo regulamentar, seguido de meia hora alucinante que manteve o resultado dos 90 minutos. Na sequência, por sua vez, do empate 2-2 em Alvalade. E beneficando das novas regras da UEFA, em que os golos marcados fora de casa deixam de valer a dobrar. Houve estrelinha? Sim. Mas, acima de tudo, houve muito mérito.
Esta sensação de orgulho. Derrubámos o Arsenal, hoje a melhor equipa do melhor campeonato do mundo. Uma equipa com mais de mil milhões de euros no seu orçamento para o futebol, que lidera a Premier League e está cheia de estrelas: Oregaard, Trossard, Jorginho, Gabriel Jesus, Martinelli, Xhaka, Ben White, Zinchenko, Saka, Gabriel Magalhães e o ex-portista Fábio Vieira. Sem nunca tremermos perante os pergaminhos dos gunners.
Os penáltis. Quem diz que os nossos vacilam nos momentos culminantes? Caramba, jamais poderão repetir tal frase após a impecável ronda dos penáltis - a que alguns chamam "lotaria", mas que eu insisto em chamar competência - com todos os jogadores leoninos a converterem, cumprindo a ascensão à glória no estádio Emirates. Aqui ficam os nomes deles, pela ordem de marcação: St. Juste, Esgaio, Gonçalo Inácio, Arthur e Nuno Santos. Quando o nosso ala esquerdo a meteu lá dentro, houve uma explosão de alegria: milhões de nós, em todo o mundo, celebrámos nesse omento. 5-3 nos pontapés de penálti.
Adán.Gigante na baliza. Fez aquilo que para muitos seria tarefa impossível: várias defesas monstruosas, impedindo a vitória do Arsenal. Destaco as suas intervenções aos 30' (Gabriel Jesus), 79' (Fábio Vieira), 90'+7 (Trossard, num desvio para o poste) e 117' (Gabriel Magalhães). Mesmo no golo sofrido de recarga por Xhaka, aos 19', faz inicialmente uma defesa enorme. E é ele o autor de uma quase-assistência, num passe vertical a partir da baliza, no lance do nosso golo. Cereja em cima do bolo: defendeu um dos quatro penáltis finais, travando o remate de Martinelli. Um herói.
Pedro Gonçalves. Aconteceu com ele frente aos gunners o que tantas vezes lhe sucede: parecia alheado do jogo, algo escondido, pouco interventivo. Não lhe peçam para correr atrás da bola: ele funciona sobretudo com ela no pé. Aconteceu aos 62': pegou nela logo após a linha do meio-campo, ainda dentro do círculo central, e quase sem balanço, a 48 metros de distância, desferiu um remate mortal para as redes anfitriãs, num magnífico chapéu ao guarda-redes Ramsdale. Golaço de fazer abrir a boca, conforme as imagens documentam, e até valeu aplausos de alguns adeptos adversários. Um golo que disparou a quotação do nosso melhor artilheiro e o projecta como sério candidato a ingressar nas fileiras da Premier League a partir da próxima temporada. Desde já o mais belo golo do ano. Obra-prima do futebol.
Ugarte. Baluarte nas recuperações. Foram em série: aos 28', 52', 53'', 58', 81' (duas), 99'. Mesmo sem ter por perto o seu parceiro Morita, ausente por castigo. Há quem lhe chame o novo Palhinha, há até já quem o considere superior a Palhinha. Uma coisa é certa: com a mesma idade, Palhinha não fazia ainda o que ele hoje faz. Médio defensivo com superior qualidade técnica e insuperável entrega ao jogo.
Defesa. Enfim, solucionados os problemas no nosso reduto defensivo. Com dois jogadores destros que puseram fim ao domínio de canhotos: St. Juste e Diomande. Magníficos desempenhos no estádio londrino, ambos grandes obreiros deste empate transformado em vitória. O holandês, veloz nas movimentações e muito útil nos cortes e recuperações - além de ter sido o primeiro a converter a decisiva série de penáltis finais. O marfinense, muito seguro e com inacreditável maturidade do alto do seu 1,92m, fez de Coates sem tremer e salvou um golo aos 118' já com Adán batido. Caloroso aplauso para ambos.
Aposta na juventude. Nunca fomos tão longe com jogadores tão jovens. Eis a prova, olhando para os 16 que participaram nesta partida épica: Diomande (19 anos), Gonçalo Inácio (21), Ugarte (21), Chermiti (18), Dário (18) e Tanlongo (19). Além de outros que estão longe de ser veteranos, como Trincão (23 anos), Pedro Gonçalves (24), Edwards (24), Arthur (24) e St. Juste (26). Lugar aos novos neste Sporting 2022/2023.
Aposta na formação. É mito? De forma alguma. Voltou a comprovar-se neste enorme desafio de anteontem, quinta-feira. Terminámos com quatro elementos formados na Academia leonina: Gonçalo Inácio, Esgaio, Dário e Chermiti. Venham mais.
Árbitro. Boa actuação do juiz da partida, o espanhol Mateu Lahoz. Devia servir de exemplo aos apitadores portugueses: deixou jogar, não interrompeu o tempo todo, não tentou ser ele o protagonista, ignora as fitas de quem adora mergulhar para a relva simulando falta, percebe que o futebol é desporto de intenso contacto físico. Valorizou o espectáculo.
Adeptos. Excelente "moldura humana" nas bancadas do Arsenal: quase 60 mil pessoas. Com natural destaque para cerca de quatro mil adeptos do Sporting, que souberam puxar pela equipa o tempo todo, incluindo nos 43 minutos (entre os 19' e os 62') em que estivemos a perder.
Gratidão. Pedro Porro passou de manhã pelo hotel onde a nossa equipa esteve alojada, distribuindo abraços e palavras de incentivo. João Palhinha e Cédric Soares assistiram à partida nas bancadas. Não esquecem o clube que os projectou e valorizou. A gratidão é uma das maiores virtudes.
Rúben Amorim. O nosso treinador merece especial realce. Por estar a formar uma equipa em crescendo, que vem superando obstáculos após um período menos feliz. Por estar a indicar reforços que merecem mesmo receber este rótulo. Por ter introduzido alterações pontuais ao seu sistema táctico de raiz que foram muito bem-sucedidas nos 210' de futebol jogado contra o Arsenal. Por confiar no seu onze ao ponto de só ter feito agora a primeira substituição (troca de Paulinho por Chermiti) ao minuto 89, quando o técnico dos gunners já fizera as cinco alterações regulamentares. E pela sua inegável competência, que o põe no mapa europeu dos futuros técnicos da Premier League após quatro partidas sem derrotas contra clubes ingleses nesta temporada: uma vitória (Tottenham) e três empates (Tottenham e dois frente ao Arsenal). Merece este destaque. É o melhor técnico leonino em muitas décadas.
Morno
Esgaio. Esteve no pior, ao perder a bola e colocando em jogo Martinelli no lance do golo que sofremos, mas redimiu-se depois disso com um passe fabuloso para Edwards, aos 62', autêntica assistência para golo, infelizmente falhado. E sobretudo ao assumir protagonismo nos penáltis finais: converteu o segundo, de modo irrepreensível. E cerrou o punho, com determinação. Também obreiro desta passagem aos quartos da Liga Europa.
Trincão. Boa primeira parte: é dele a primeira oportunidade de golo do encontro, aos 13', num remate cruzado ao poste direito de Ramsdale. Sacou um amarelo a Xhaka (45'+2). Apagou-se durante o quarto de hora inicial da segunda parte, mas tem intervenção no golo. Balanço: pode e deve fazer melhor. Continua intermitente.
Edwards. Noite de desperdício para o avançado inglês, que regressou ao futebol da cidade onde nasceu e se formou para o desporto mais apaixonante do planeta. Estava escrito, porém, que esta não seria a sua noite de glória. Esteve quase a acontecer, mas Edwards, isolado por Esgaio aos 72', conseguiu acertar na cara do guarda-redes, como se a baliza tivesse subitamente encolhido. Convém referir, no entanto, que trabalhou e batalhou muito.
Dário. O mais jovem em campo. Ter-se-á deslumbrado quando entrou, aos 94', para substituir um exausto Pedro Gonçalves? É bem possível. Três minutos depois, foi protagonista pela negativa, entregando a bola em zona proibida - o que só por centímetros não proporcionou golo a Trossard. Único deslize seu digno de nota naquele electrizante prolongamento, mas esteve quase a ser-nos fatal.
Dinheiro da UEFA. A SAD leonina recebe 1,8 milhões de euros nesta passagem à fase seguinte da Liga Europa. Melhor que nada, obviamente. Mas a uma distância enorme dos valores que se praticam na Liga dos Campeões.
Frio
Sem Ugarte nos quartos-de-final. Não poderemos contar com o talentoso médio uruguaio no próximo confronto, já em Abril, frente à Juventus. Expulso por acumulação de amarelos mesmo no fim da partida, aos 118', num lance em que até arriscou o vermelho directo. Será uma baixa relevante: nada fácil de substituir.
Tochas. Voltaram a marcar presença, lamentavelmente. Momentos antes do apito inicial e logo após o nosso golo do empate. Por mais que se repitam os sérios avisos da UEFA, por mais que se renovem os apelos da Direcção leonina, por mais que vão pesando as multas, estes energúmenos continuam apostados em associar o Sporting à imagem de um clube desordeiro, incapaz de respeitar as normas. Nada a ver com os valores leoninos.
Letais. Passaram toda a semana a mandar farpas envenenadas ao treinador nas redes ditas sociais, nos seus blogues de estimação e até em algumas caixas de comentários do És a Nossa Fé. Zurzindo Rúben Amorim por causa de Fatawu, reforço do Sporting nesta temporada 2022/2023 que não chegou a ser utilizado no desafio da primeira mão frente ao Arsenal. Eles estão-se marimbando para o miúdo ganês. Só fazem questão em inventar motivos para cumprirem o seu lema: Letais ao Sporting.
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