Gostei muito desta final da Taça de Portugal, conquistada com todo o mérito pela nossa equipa. Talento, competência, brio, sacrifício, espírito de grupo, fibra de campeões. Foi uma final dinâmica, emotiva, com resultado incerto até quase até ao fim. Grande em qualidade e quantidade: jogaram-se mais de 130 minutos. Com o Sporting a protagonizar uma das mais épicas reviravoltas de que tenho memória: já no final do tempo extra concedido pelo árbitro Luís Godinho, ao minuto 90'+11', quando perdíamos 0-1, Gyökeres protagoniza lance de génio ao passar por António Silva e prosseguir em ritmo avassalador até ser carregado em falta por Renato Sanches em zona proibida. Foi ele a converter o penálti - mais um - e a tornar inevitável o prolongamento. Com o Benfica arrasado psicologicamente, marcámos mais dois nessa etapa suplementar. Fazendo jus por inteiro ao nosso lema: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. A anterior Taça de Portugal fora conquistada em 2019, com Marcel Keizer ao leme da equipa. Rui Borges conseguiu em seis meses um título que Ruben Amorim foi incapaz de ganhar em cinco épocas. E torna-se o primeiro treinador português do Sporting a vencer neste século a dobradinha. A anterior conquista teve como técnico o romeno Laszlo Bölöni, em 2002.
Gostei de Trincão, para mim o melhor em campo. Incompreendido por tantos adeptos, e alvo do injurioso sarcasmo dos letais durante toda a época, voltou a demonstrar como foi imprescindível nesta gloriosa caminhada rumo aos dois títulos supremos do futebol português. Jogador mais utilizado durante a temporada, com 4682 minutos de leão ao peito, esteve ontem envolvido em todos os nossos golos: é ele a isolar Gyökeres num soberbo passe de 30 metros, ultrapassando a débil resistência de Florentino no lance do penálti; foi ele a assistir no segundo, aos 98', com um belo passe em arco para a cabeça de Harder; e é ele quem fecha a contagem, aos 121', num túnel ao inepto António Silva e disparo perante o impotente Samuel Soares após o dinamarquês lhe ter retribuído a gentileza num passe cirúrgico. Lance de génio, golaço para ver e rever. Ilustra bem o que é este Sporting bicampeão de 2024/2025 na frente de ataque, temível para qualquer adversário: trio de luxo composto por Francisco Trincão, Conrad Harder e Viktor Gyökeres. Também gostei da estreia de David Moreira na equipa principal: o lateral esquerdo, de 21 anos, entrou aos 115', ainda a tempo de contribuir para anular Di María. Estreia de sonho.
Gostei pouco da primeira parte, que terminou empatada a zero. Consentimos demasiado domínio territorial à equipa adversária e quase não soubemos critar situações de perigo. Aí brilhou Rui Silva, confirmando aos últimos cépticos que foi um dos nossos melhores reforços da temporada. Sobretudo aos 20', negando o golo a Pavlidis num voo em que desviou a bola para o ferro. Intervenções decisivas também aos 81' e aos 90'+8, bloqueando remates de Belotti e Leandro. Gigante entre os postes, sem culpa no golo encarnado, aos 47', num eficaz remate de meia distância de Kokçu.
Não gostei do desempenho de Pedro Gonçalves, que perdeu várias bolas e foi presa fácil para Otamendi: sem surpresa, saiu aos 75', dando lugar a Harder, que esteve num plano muito superior. Aliás Rui Borges derrotou o treinador rival, Bruno Lage, também nisto: o Sporting, ao contrário do Benfica, foi melhorando a cada substituição. Rendimento mais fraco revelaram também Eduardo Quaresma (substituído por Fresneda aos 83'), que perdeu um duelo aos 81' com Schjeldrup, e Debast (cedeu lugar a Morita aos 58'), que facilitou a tarefa ofensiva de Pavlidis aos 20'. Mas não gostei sobretudo de pressentir que esta 18.ª final da Taça de Portugal conquistada pelo Sporting era a última ocasião para todos vermos Gyökeres de verde-e-branco. Ainda está e já nos desperta saudades: é um dos nossos melhores goleadores de todos os tempos.
Não gostei nada daqueles canalhas que nas bancadas onde se concentrava a maioria dos adeptos benfiquistas desataram a imitar o criminoso som do very light, numa aparente glorificação do assassino que noutra final da Taça, naquele mesmo palco, em 1996, roubou a vida ao sportinguista Rui Mendes, de 36 anos. Esta escumalha já fez o mesmo vezes sem conta no pavilhão encarnado, quando o Sporting lá joga, perante a indiferença cúmplice dos responsáveis desse clube. Merecem bem a derrota que acabam de sofrer em campo. Merecem mil derrotas enquanto continuarem a comportar-se desta forma miserável.
Gostei muito de ver o Sporting carimbar a presença no Jamor como finalista da Taça verdadeira. Segunda participação consecutiva da nossa equipa na final de uma competição que conquistámos pela última vez em 2019, com Marcel Keizer ao comando do onze leonino. Garantimos agora a presença nesse decisivo desafio, a disputar no dia 25 de Maio, ao derrotarmos o Rio Ave na segunda mão da meia-final. Metade da tarefa estava feita, no encontro da primeira mão em Alvalade (vencemos por 2-0). Faltava a confirmação, concretizada anteontem, ao alcançarmos novo triunfo - desta feita por 2-1.
Gostei de ver Viktor Gyökeres continuar em excelente forma. Voltou a marcar: foi dele o segundo, aos 51', em oportuna recarga após Geny ter falhado o remate inicial. Este foi o seu 48.º golo da temporada - e o 57.º, se incluirmos na lista os que apontou ao serviço da selecção sueca: de verde-e-branco, nestas duas épocas, tem no seu registo 91 golos em 97 partidas. Também gostei de Gonçalo Inácio, que abriu o marcador aos 12', cabeceando na direcção certa após canto apontado por Debast - e desvio subtil de Gyökeres. Sexto da temporada para o brioso central canhoto, formado na Academia de Alcochete: protagonizou um dos momentos altos da partida. Outro protagonista, inevitável, foi Pedro Gonçalves: regressou à titularidade mais de cinco meses depois, comprovando que podemos enfim contar de novo com ele. Actuou só na primeira parte, o que se entende pois ainda recupera o melhor ritmo competitivo, já vencíamos por 1-0 ao intervalo e havia que dosear o esforço colectivo a pensar no desafio do Bessa.
Gostei pouco do egoísmo de Harder, jogador que aqui elogiei em fresca data. Lançado por Rui Borges aos 67', claramente para gerir o esforço de Gyökeres antes do confronto de domingo com o Boavista, o jovem dinamarquês protagonizou dois ou três momentos de ataque inconsequente, em que só pensou nele próprio e na baliza, como se jogasse sozinho. Erro maior aos 90'+1: deixou-se interceptar em posição frontal, perdendo a bola, quando tinha colegas em excelente posição para marcar - tanto à esquerda como à direita. Precisa de ganhar maturidade e responsabilidade táctica para evitar dar razão ao técnico, que já lhe chamou «muito trapalhão» em público. Melhor esteve Biel, que também saltou do banco aos 67' (substituindo Trincão). Bons apontamentos do extremo esquerdo brasileiro, nomeadamente quando revelou qualidade técnica num slalom com bola aos 86', queimando linhas e oferecendo um golo a Maxi Araújo, que desperdiçou.
Não gostei que o Rio Ave jogasse em terreno emprestado, no Estádio Capital do Móvel. Mas a transferência de Vila do Conde para Paços de Ferreira foi plenamente justificada: a equipa rioavista viu parte das suas instalações danificadas na recente tempestade que assolou quase todo o país. Compreensível motivo de força maior.
Não gostei nada de ver o Sporting desperdiçar várias oportunidades de golo, repetindo-se o que já sucedera no desafio da primeira mão. Trincão rematou duas vezes: pontapés fracos e à figura, para defesas muito fáceis. Maxi Araújo falhou golo cantado aos 86'. De Harder já falei. E o próprio Gyökeres, isolado, teve o golo nos pés logo aos 9': não falhou mas permitiu uma grande defesa do excelente guardião rioavista, o polaco Miszta. Que não ficaria mal de leão ao peito.
Gostei muito da sexta vitória consecutiva do Sporting, anteontem em Alvalade, na primeira mão da meia-final contra o Rio Ave. Triunfo tranquilo, por 2-0 - resultado que já se registava ao intervalo, construído quase a abrir e mesmo a fechar a primeira parte. Domínio completo do onze leonino: Rui Silva fez a única defesa com dificuldade média no canto do cisne da partida, aos 90'+6, neste seu segundo jogo seguido sem sofrer golos. Rui Borges alcança nesta sequência de desafios sempre a vencer o seu melhor registo como treinador do Sporting, potenciado por ter adoptado o anterior sistema táctico, popularizado por Ruben Amorim: 3-4-3. Aquele que nos levou duas vezes ao título de campeão nacional de futebol, em 2021 e 2024.
Gostei da excelente forma de Viktor Gyökeres. O artilheiro sueco voltou a ser o melhor em campo, empurrando a equipa para a frente, pondo a defesa adversária sempre em sobressalto. Foi dele o segundo golo, aos 45'+1: penálti convertido "à Panenka", com paradinha - algo inédito nele, pelo menos de leão ao peito. Números impressionantes na época em curso: 43 jogos, 43 golos (além de 11 passes para golo). Dezoito foram marcados de grande penalidade, sem falhar uma - 12 na Liga. Também gostei do golaço de Geny, aos 12', em espectacular recarga após um canto. Sexto golo da temporada do moçambicano, que viu outro anulado, por 18 cm, e conquistou o penálti que confirmou a vitória e nos deixa mais tranquilos para o desafio da segunda mão, em Paços de Ferreira, onde o Rio Ave joga por empréstimo. Já de olhos postos no Jamor.
Gostei pouco que Harder só tivesse entrado aos 79', substituindo Trincão. O jovem internacional dinamarquês merece mais tempo de jogo. Mal entrou, agitou o ataque leonino, que estava demasiado previsível e mecanizado. Aos 81', desferiu um tiro que roçou a baliza rioavista. Aos 84', ganhou a bola junto à linha final, do lado direito, e centrou atrasado, com precisão, para Maxi Araújo desperdiçar no centro da área em excelente posição para o remate. Revela alegria a jogar e nota-se nele uma insaciável fome de golos. Merece mais minutos, muitos mais.
Não gostei do desperdício. Faz pouco sentido concretizar apenas dois golos com tanto fluxo ofensivo. Fresneda (aos 56') foi incapaz de aproveitar à boca da baliza uma oferta de Gyökeres, chutando escandalosamente para a bancada. Maxi Araújo conseguiu também o mais difícil -- falhar - depois de Harder a ter colocado redondinha e bem tratada aos seus pés. Aos 62'', Gyökeres disparou um tiro fortíssimo, fazendo a bola embater no ferro: teria sido um golo de antologia. Merecemos vitória mais dilatada: ficou sem efeito por falta ou excesso de pontaria, conforme os casos.
Não gostei nada de confirmar que a contratação de Biel foi um fiasco. Caro, ainda por cima: custou 6 milhões no chamado "mercado de Inverno". Dois meses depois de ter chegado, não restam dúvidas: o ala (?) brasileiro não conta para Rui Borges. Quase sempre fica no banco. Quando entra, como foi o caso há dois dias, mal toca na bola: substituiu Geny aos 88', voltou a dissipar outra oportunidade de mostrar aos adeptos o que vale - se é que vale alguma coisa. Outro Vladan, outro Marsà, outro Sotiris, outro Tanlongo, outro Rochinha, outro Bellerín, outro Koba, outro Pontelo? Parece.
Gostei muito de ver o Sporting passar à fase seguinte da Liga dos Campeões. Com onze pontos (dez dos quais conquistados ainda com Ruben Amorim ao comando da equipa). Faltava-nos o que na noite passada conseguimos: bastou-nos empatar em casa com o Bolonha. A equipa italiana fica pelo caminho, sem acesso ao play off dos oitavos, enquanto nós seguimos em frente. Tal como o nosso adversário de ontem, também Estugarda, Leipzig, Young Boys, Sparta Braga, Salzburgo, Sturm Graz e Estrela Vermelha, entre outros, ficaram por aqui.
Gostei do golo que nos qualificou para o play off. Bela jogada de futebol colectivo toda conduzida pelo lado esquerdo - de longe o melhor da nossa equipa nesta partida. Começou numa recuperação de Diomande, prosseguiu com Morten a dar a melhor sequência para rápida tabelinha entre Maxi Araújo e João Simões, que tocou para Quenda. O benjamim da equipa (17 anos) segurou-a bem, temporizou e aguardou a desmarcação do jovem médio até à linha de fundo para largar a bola com precisão cirúrgica. Simões (18 anos), para mim o melhor em campo, centrou recuado para a boca da área, como mandam as regras. Para ali já se tinha encaminhado Harder (19 anos), que deu conta do recado, empurrando-a para o fundo das redes. Aconteceu aos 77': bastou para o 1-1 final. E para a SAD leonina embolsar mais 5,47 milhões de euros - pelo empate (700 mil euros), pela qualificação (um milhão) e pelo 23.º lugar (3,77 milhões), só um abaixo do poderoso Manchester City. Total até agora nesta campanha europeia do Sporting 2024/2025: 51,849 milhões de euros. É obra.
Gostei pouco da nossa primeira parte, em que sofremos um golo na sequência de um canto, aos 21', e já tínhamos visto a bola embater na barra em lance muito semelhante, logo aos 4'. Sobretudo nessa fase notou-se uma das fragilidades desta equipa: Fresneda é esforçado, mas continua com desempenho abaixo das exigências de um Sporting que se mantém em várias frentes futebolísticas. Geny também teve actuação insuficiente: perdeu quase todos os duelos e continua a passar demasiado tempo no chão. Inversamente, Diomande vem-se impondo como pilar defensivo e o capitão Morten, mesmo fatigado, parece encontrar sempre um suplemento de energia: é um dos nossos imprescindíveis. Infelizmente, por acumulação de amarelos, não contaremos com ele na próxima jornada da Liga milionária.
Não gostei de ver o Sporting desfalcado de tantos titulares. Além de Nuno Santos e Pedro Gonçalves, afastados há largas semanas, também não pudemos contar com os lesionados Gyökeres (o que fez muita diferença), Morita e Eduardo Quaresma. Todos influentes, cada qual à sua maneira. Tal como St. Juste, que veio igualmente de lesão e ontem não saiu do banco. Sem esquecer o guarda-redes titular, Rui Silva, que se mantém indisponível nas competições europeias por não estar inscrito na UEFA pelo Sporting. Ontem foi a vez de Debast, forçado a abandonar o campo aos 50', mal podendo caminhar: resta ver quanto tempo estará fora. Nunca me lembro de tanta gente lesionada em simultâneo na nossa equipa.
Não gostei nada da escumalha anti-Sporting que voltou a atacar, oculta sob a sigla "Juventude Leonina". Assumem-se como implacáveis inimigos internos, fazendo tudo para lesar e manchar a imagem do Clube. Ontem, nos minutos iniciais, voltaram a rebentar petardos e a desfraldar uma enorme tarja ofensiva para a UEFA, além de assobiarem o hino da Champions. Por vontade deles, estávamos excluídos da Liga milionária. Por vontade deles, continuaremos a sofrer multas sem parar, como se os 300 mil euros que já fomos forçados a pagar como castigo imposto pela entidade europeia do futebol lhes parecessem pouco. Ninguém tenha ilusões: eles continuarão a fazer tudo para prejudicar o Clube, não pouparão esforços na tentativa de sabotar a conquista do bicampeonato. Fiéis ao lema que os mobiliza há vários anos: Letais ao Sporting.
Gostei muito de Gyökeres, para não variar. Melhor dos nossos na partida de anteontem em Leipzig, frente à equipa local, na sétima ronda da Liga dos Campeões. O craque sueco só entrou aos 55', para prevenir excesso de fadiga muscular. Estávamos a perder 0-1 desde os 19'. Lançado por um colega que também saltou do banco (Daniel Bragança, segundo passe para golo em dois jogos seguidos), o mais extraordinário ponta-de-lança que vi jogar no Sporting em mais de 20 anos recebeu, conduziu, driblou - e marcou. Mostrando a Harder, titular da posição neste desafio, como se faz. É bom que o jovem dinamarquês aprenda com ele.
Gostei de alguns desempenhos. Morten parece infatigável: continua como pêndulo do meio-campo e merecia melhor parceria do que a de Debast, que rendeu contra o Rio Ave mas se escondeu contra o Leipzig como médio-centro desacaído para a esquerda, sem capacidade de municiar o nosso ataque nem de perturbar o portador da bola quando a equipa alemã subia. Também apreciei Maxi Araújo, muito combativo e determinado: parece ter agarrado a titularidade como lateral esquerdo, falta-lhe um pouco mais de sangue-frio nos duelos para evitar ser amarelado com excessiva facilidade. Morita, lançado aos 55', trouxe consistência e qualidade de passe ao meio-campo: falta saber se já tem físico para render um jogo inteiro.
Gostei pouco da estreia de Rui Borges na Liga dos Campeões. O anterior técnico do Vitória, invicto em dez partidas da Liga da Conferência ao comando do emblema minhoto, teve agora o primeiro embate na prova milionária: perdeu 1-2. Entre lesionados (agora mais um em Leipzig) e jogadores quase presos por arames, por excesso de utilização, o nosso novo treinador registou a primeira derrota ao serviço do Sporting. Seguramente extraiu lições úteis deste desaire tangencial: em competições europeias o meio-campo interior tem de ser reforçado, os extremos devem ajudar a fechar os corredores em processo defensivo e "segurar o resultado" não equivale a baixar linhas para conceder toda a iniciativa atacante ao adversário. Há sobretudo processos colectivos a rever, designadamente no campo defensivo: o golo que sofremos aos 78', marcado por Poulsen após várias carambolas na nossa defesa sem ninguém conseguir aliviar a bola, é um exemplo do que não pode voltar a acontecer. Estes erros pagam-se caros.
Não gostei de vários jogadores nossos. Israel, cada vez mais se confirma, não demonstra categoria para defender a baliza leonina no patamar da Liga dos Campeões: tem responsabilidade no segundo golo sofrido e foi incapaz de transmitir segurança à equipa. Fresneda voltou a revelar lacunas tácticas a defender: falhou a abordagem ao lance no primeiro golo e virou a cara à bola num segundo do Leipzig, que viria a ser anulado por fora-de-jogo milimétrico aos 31'. Geny, em processo defensivo, só marca com os olhos: divide culpas com o espanhol no golo inicial e foi inofensivo a atacar, insistindo na posse estéril da bola e atirando-se para o chão com irritante frequência. Harder tenta muito, mas com pouca habilidade: alguém deve recomendar-lhe que não basta tratar a bola com força se não houver jeito. Trincão perdeu acutilância e atracção pelo golo: não funciona como segundo avançado. Esgaio, lamento dizê-lo, tornou-se uma caricatura de si próprio: bastaria avaliar o seu desempenho no golo que nos custou a derrota, com duas intervenções sucessivas falhadas apenas um minuto após substituir Fresneda, para concluir que não merece integrar o plantel leonino. Finalmente St. Juste voltou a ser St. Juste: após quatro jogos como central ao lado de Diomande, volta a rumar ao estaleiro. Lesionou-se sozinho, aos 27': é pelo menos a oitava lesão do género desde que chegou ao Sporting. Não passa disto.
Não gostei nada da escumalha anti-Sporting que se intitula "grupo organizado de adeptos" e serve apenas para lançar lama sobre o clube e acarretar-lhe prejuízos financeiros e reputacionais. Escumalha que se agrega sob as siglas "Juventude Leonina" e "Brigadas Ultra Sporting". Sempre letais ao Sporting, estes energúmenos ficaram confinados numa secção do estádio bem visível e claramente delimitada: não era possível confundi-los com mais ninguém. Mas nem quiseram saber: aos 56' desataram a lançar tochas e petardos e exibiram uma enorme tarja injuriosa para a UEFA, organizadora da Liga dos Campeões. Todos encapuzados, para evitarem ser identificados. Graças a eles, acabamos de sofrer nova sanção disciplinar decretada pela entidade organizadora da Champions: na próxima semana, o sector A14 ficará encerrado na recepção ao Bolonha. Estas claques já custaram mais de 300 mil euros em multas à SAD leonina: irão tentar o que for possível para que todo o Estádio José Alvalade fique interditado ao público. Merecem as mais implacáveis medidas punitivas: não pode haver qualquer tolerância perante estes actos terroristas, de lesa-desporto.
Parceria Quenda-Gyökeres está a funcionar: três golos em dois jogos seguidos
Gostei muito de Quenda, para mim o melhor de ontem, na meia-final da Taça da Liga contra o FC Porto que disputámos em Leiria. Confirma-se a sua vocação para estar no sítio certo à hora certa, e a sua colaboração bem-sucedida com Gyökeres. Ontem fez a terceira assistência em dois jogos consecutivos para o internacional sueco, no golo que nos valeu o acesso à final desta prova - a primeira final da carreira de Rui Borges. Aos 41' já tinha sido ele a municiar o ponta-de-lança para um forte remate cruzado que passou quase a roçar o poste esquerdo da baliza portista. E ainda foi dele um disparo fulminante que forçou Cláudio Ramos à defesa da noite, aos 45'+1. Sem a intervenção do guarda-redes portista teríamos saído para o intervalo já a vencer 1-0 - que acabou por ser o resultado final. Também gostei muito de ver Viktor manter a impressionante regularidade como artilheiro: foi dele o golo da vitória, aos 56', concluindo da melhor maneira um bom lance colectivo do Sporting. Quarto golo dele nestes escassos dias já decorridos de 2025 e o 31.º da temporada em curso. Um craque.
Gostei dos desempenhos de Fresneda (surpreendente escolha de Rui Borges como lateral direito no onze titular) e Maxi Araújo (primeiro como médio-ala e a partir do minuto 14 adaptado a lateral esquerdo). Fizeram ambos as melhores exibições que lhes vi de leão ao peito. O espanhol, que estará de saída, valorizou-se contra o FCP: adaptou-se muito bem à defesa a quatro, enfrentando com êxito Mora e Galeno, tendo também participado no processo ofensivo, com passes a queimar linhas - notável uma abertura para Gyökeres aos 45'. O uruguaio opôs-se sem temor a Martim Fernandes e envolveu-se bem na dinâmica colectiva, mesmo quando foi forçado a recuar devido à lesão de Matheus Reis. É de elementar justiça realçar também a actuação de Morita: enquanto teve fôlego (saiu aos 70') funcionou como pivô do meio-campo, acorrendo às dobras nos corredores laterais e colocando a bola sempre com precisão, rigor táctico e notável visão de jogo. É dele a recuperação que inicia o golo leonino.
Gostei pouco de ver alguns adeptos ainda cépticos quanto ao mérito de Rui Borges. Em três jogos, dois deles clássicos, levou de vencida Benfica e FC Porto: dificilmente haveria teste mais difícil para um novo treinador. E ainda foi empatar a Guimarães, onde tínhamos perdido no campeonato anterior. Tem um discurso sereno, pausado e claro. Atribui sempre o mérito aos jogadores, como compete a um técnico inteligente. Recuperou a alegria de jogar da equipa, que andou mais de um mês em parte incerta. Impôs a sua ideia de jogo, diferente da que vigorava com Ruben Amorim, e está a conseguir pô-la em prática com sucesso. Isso ficou bem visível na superioridade do Sporting em campo contra o FCP: mesmo quando concedemos a iniciativa ao adversário, tivemos a partida sempre controlada, nunca nos desorganizámos.
Não gostei da fraca réplica do FC Porto, num dos desempenhos mais fracos da temporada. Nenhum dos seus jogadores fez a diferença excepto Cláudio Ramos naquela defesa impossível ao tiro de Quenda, mesmo ao terminar a primeira parte. Em contrapartida, Israel quase não se viu forçado a intervir: a primeira defesa digna desse nome do nosso guarda-redes ocorreu só aos 90'+1, parando um remate rasteiro, sem grande perigo. No duelo dos goleadores, Gyökeres impôs-se a Samu: o avançado espanhol, sempre bem vigiado por Diomande, só apareceu no jogo para um remate que passou muito por cima da nossa baliza. Não por acaso, esta foi a segunda derrota consecutiva da turma ainda orientada por Vítor Bruno frente ao Sporting na temporada 2024/2025: há nove anos que não acontecia. E a quarta derrota que impusemos aos portistas noutras tantas meias-finais da Taça da Liga: costumam ter pouca sorte contra nós.
Não gostei nada da inesperada lesão muscular de Matheus Reis, que ficou impossibilitado de jogar logo aos 13', saindo no minuto seguinte. Outra baixa numa equipa que tem sofrido várias - incluindo algumas de longa duração, como as de Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Daniel Bragança. Também Morita já esteve de baixa clínica e ainda não recuperou a cem por cento. Felizmente Gonçalo Inácio está de volta: ontem voltou a sentar-se no banco, podendo calçar na final de sábado - contra o Benfica ou o Braga, que irão defrontar-se esta noite. Enquanto começa a ser preocupante a condição física de Trincão e Morten, muito apagados nesta meia-final: já acusam notório cansaço por serem dois dos mais utilizados desde o início da época.
Gostei muito de ver o Estádio José Alvalade com 47 mil espectadores, como é próprio das noites grandes de futebol, na recepção ao Arsenal, há três dias. Casa cheia e sem nunca faltar o incentivo ao nosso onze nem ao novo técnico, João Pereira, nesta sua estreia internacional à frente da principal equipa de futebol do Sporting.
Gostei do golo marcado por Gonçalo Inácio ao vice-campeão inglês. Aconteceu no minuto 47 deste Sporting.Arsenal: este primeiro quarto de hora da segunda parte foi o único período positivo da nossa equipa em todo o jogo. O golo, na sequência de um canto apontado por Trincão, permitiu-nos sonhar com uma reviravolta após termos chegado ao intervalo a perder 0-3. Infelizmente foi esforço sem sequência. Aos 65'' sofremos o quarto, que nos despertou os olhos para a realidade: iríamos perder por goleada - a nossa primeira derrota nesta campanha da Liga dos Campeões, em que Ruben Amorim nos deixou invictos. Cenário previsível - e que infelizmente aconteceu.
Gostei pouco da estreia do João Simões, agora um dos dez jogadores portugueses mais jovens de sempre a disputar a Liga dos Camões. Cumpriu um sonho com apenas 17 anos - esta foi a parte positiva. De negativo, entrar só aos 88', quando já perdíamos por 1-5, e mal dispôs de tempo para tocar na bola. Certamente o jovem médio teria preferido um baptismo na Champions muito diferente, em maré de vitória.
Não gostei que o nosso primeiro remate enquadrado tivesse ocorrido apenas aos 47', por Morita, quando já perdíamos por 0-3. Pior foi termos sofrido mais dois, numa quase antítese da goleada que havíamos imposto três semanas antes ao Manchester City, também no José Alvalade. Consequência directa do onze escolhido por João Pereira, com um inoperante Edwards como interior esquerdo sem a capacidade de penetração entre linhas característica do lesionado Pedro Gonçalves. Na prática, não apenas entrámos só com dez de início como rasgámos uma avenida no nosso flanco esquerdo para que o melhor jogador do Arsenal, Saka, pudesse impor o seu futebol como dono e senhor. Edwards não fechava à frente, Maxi Araújo era batido em sucessivos confrontos individuais, Gonçalo Inácio revelou uma tremideira inexplicável como central à esquerda. Enquanto Morita se via forçado a desguarnecer o meio-campo para acorrer às dobras laterais e recuar em apoio da defesa vezes sem conta, deixando Morten isolado. O capitão dinamarquês, apesar disso, foi o melhor do nosso lado: quase marcou aos 73' e aos 90'+2, com Raya a negar-lhe os golos com grandes defesas. Lá atrás as coisas não foram mais bem-sucedidas. Diomande, de cabeça perdida, deixou-se amarelar logo aos 3' e pode considerar-se um homem cheio de sorte: devia ter visto o segundo cartão em duas ocasiões posteriores, nomeadamente quando provocou um penálti, aos 63'. Também Israel esteve muito longe de se mostrar à altura do que lhe era exigido: teve culpas em pelo menos três dos golos que encaixou, aos 7', 21', 45'+1, 65' e 82'. Só neste jogo sofremos tantos como nas sete partidas anteriores. Na primeira derrota em casa desde Outubro de 2023, quando perdemos com a Atalanta, 32 jogos antes deste. Já quase não nos lembrávamos de um desaire assim em Alvalade.
Não gostei nada desta estreia em provas da UEFA de João Pereira como sucessor de Ruben Amorim ao comando da equipa principal do Sporting. Pior do que a derrota foi a inexplicável passividade de toda a equipa técnica no banco, o facto de não terem mexido no onze após o intervalo, quando já perdíamos por 0-3, e de só aos 68' decidirem fazer as primeiras trocas que há muito se impunham, com Daniel Bragança a render o inoperante Edwards e Geny a substituir um errante Maxi Araújo. Pior ainda só as declarações do técnico após o jogo, aludindo a «erros da casting» que ninguém parece ter compreendido, começando por ele próprio, e sublinhando a necessidade de ver a equipa «levantar a cabeça». Frase sem sentido: faz lembrar outros tempos, felizmente bem longe dos actuais.
Edwards, com dois golos, demonstrou a João Pereira que pode contar com ele
Foto: José Sena Goulão / Lusa
Gostei muito da estreia de João Pereira como novo técnico da equipa principal do Sporting. Foi, de facto, uma estreia de sonho: não poderia ter desejado melhor. Goleada (mais uma, nesta época que tem sido fértil nelas) da nossa equipa na recepção ao brioso mas muito inferior Amarante, da Liga 3. Terminou 6-0, mas o resultado poderia ter sido mais volumoso: Harder, Trincão e Gyökeres - este duas vezes, ambas de livre direcro - enviaram quatro bolas aos ferros. Ao intervalo já vencíamos por 4-0. Destaque para as exibições de Edwards (assinou um golaço logo aos 10' evoluindo velozmente no corredor central com a bola dominada, sentou três adversários e finalizou de pé direito; bisou aos 45' encostando com a biqueira quase na linha de golo), Daniel Bragança (passes para o primeiro, segundo e quarto golos, neste dando até a impressão de que a bola já se encaminhava para o fundo das redes sem o desvio do inglês) e Trincão (protagonizou futebol de excelência em Alvalade aos 23' e aos 27', acabando por a meter lá dentro noutro lance sublime, aos 57': era o quinto golo). O minhoto foi o melhor em campo: aplaudido em pé ao dar lugar a Gyökeres, no minuto 66.
Gostei de Esgaio (aposta inicial de João Pereira para ala direito, central à direita no segundo tempo, quando St. Juste cedeu lugar a Quenda): voltou aos golos apontando o segundo, aos 15', e foi dele a pré-assistência no quarto. Nota muito positiva também para Matheus Reis: começou como central à esquerda, acabou como central à direita, fez pré-assistência no segundo golo e cortes preciosos aos 18' e aos 29', neste compensando má colocação de Vladan. Merecidos elogios igualmente para Harder, autor do terceiro golo (27') e do passe para o quinto em tabelinha com Trincão, e para o inevitável Gyökeres, que voltou a fazer o gosto ao pé: entrou só aos 66', mas ainda a tempo de ter sido carregado em falta para penálti e de o ter concretizado com êxito aos 90'. Melhor marcador mundial neste ano de 2024: já soma 59 golos, entre o Sporting e a selecção sueca. Um fenómeno.
Gostei pouco que Eduardo Quaresma tivesse permanecido no banco: não calçou. Estará a ser poupado para a recepção ao Arsenal, em partida da Liga dos Campeões na próxima terça-feira? Em compensação, polegar levantado ao novo técnico por apostar em dois jogadores da Academia Cristiano Ronaldo, lançados ontem em estreia absoluta na equipa principal: o algarvio João Simões (médio ofensivo esquerdino, 17 anos, substituiu Esgaio aos 66') e o madeirense Henrique Arreiol (médio central, 19 anos, rendeu Daniel Bragança aos 73'). Ambos já se destacaram ao serviço do Sporting na Liga Jovem e na Liga 3, aqui sob o comando de João Pereira, que bem os conhece.
Não gostei que o Amarante, equipa amadora, tivesse ficado em branco: merecia um golo de honra para alegrar os mais de mil adeptos que trouxe a Alvalade, mas não chegou a fazer um só remate enquadrado nesta partida que qualificou o Sporting para os oitavos-de-final da Taça - a disputar com Famalicão ou Santa Clara no dia 18 de Dezembro. Nota menos positiva também para Vladan (voltou a não convencer como titular da baliza, saindo mal dos postes aos 29') e Fresneda (peixe fora de água como ala esquerdo, recuou aos 66' para central).
Não gostei nada que disputássemos outra eliminatória da Taça (a nossa segunda esta época, após a vitória por 2-1 em Portimão) sem vídeo-arbitragem. Não faz o menor sentido esta ausência do VAR naquilo a que chamam «prova rainha do futebol em Portugal». Só se for como a rainha madrasta da Branca de Neve...
Rúben Amorim: despedida inesquecível de Alvalade com goleada ao City de Guardiola
Foto: José Sena Goulão / Lusa
Gostei muito do jogo épico do Sporting na passada terça-feira, em Alvalade, contra o Manchester City, que muitos consideram a melhor equipa do mundo, treinada por aquele que também costuma ser apontado como o melhor treinador actual do planeta futebol: o catalão Pep Guardiola. Vencemos por 4-1 (com 1-1 ao intervalo) após uma segunda parte em que o onze leonino se comportou como autêntico rolo compressor, neutralizando uma equipa recheada de estrelas: Haaland, Foden, Ederson, Savinho, Akanji, Kovacic, Bernardo Silva, Gundogan e De Bruyne. Exibições superlativas de Gyökeres (três golos, aos 38', 49' e 80', estes dois de penálti), de Pedro Gonçalves (extraordinário, o passe para golo no primeiro do craque sueco), de Israel (não evitou o golo de Foden aos 4', mas impediu três outros, um dos quais de Haaland) e de Maxi Araújo (em estreia como artilheiro na Champions, aos 46 segundos da segunda parte, num lance colectivo que merece figurar na antologia dos melhores de sempre do historial leonino), sem esquecer Diomande, Quenda e Trincão.
Gostei da simbiose total entre adeptos e equipa - incluindo equipa técnica, neste desafio contra o tetracampeão inglês que marcou a despedida de Rúben Amorim do José Alvalade após 1703 dias no Sporting antes de se tornar treinador do United, onde inicia funções na próxima segunda-feira. Gostei do regresso de Matheus Nunes - como ala esquerdo - ao nosso estádio, onde foi brindado com fortes aplausos apesar de vir como adversário. Gostei da celebração final, com os jogadores a formarem um corredor de honra ao técnico que tão bem serviu o Sporting durante quase cinco anos e levantarem-no ao ar, em clima de euforia, numa das mais belas noites de glória que conhecemos no nosso estádio. Fechamos a primeira metade da jornada da Champions 2024/2025 no segundo lugar da classificação, com 10 pontos, a par do Mónaco, terceiro, e só atrás do Liverpool, que comanda com 12 pontos. Entre 36 equipas.
Gostei pouco de me lembrar que já restam poucos heróis de outro dia épico na história do Sporting: aquele 18 de Março de 1964, em que derrotámos por 5-0 o Manchester United cheio de génios da bola como o inglês Bobby Charlton (futuro campeão do mundo em 1966), o escocês Denis Law e o irlandês George Best. Goleada alcançada na segunda mãos dos quartos-de-final da Taça dos Vencedores das Taças que viríamos a conquistar dois meses depois. Após os recentes falecimentos de Carvalho e Alexandre Baptista, sobrevivem Pedro Gomes, José Carlos, Hilário e Figueiredo.
Não gostei de lembrar um dos nossos, que só por manifesto infortúnio não estava ali, defrontando o campeão europeu de 2023: Nuno Santos, que rompeu pela terceira vez os ligamentos do joelho direito, tendo a época acabado para ele a 27 de Outubro em Famalicão. Mas foi bem substituído por Maxi no difícil confronto com Savinho, o melhor elemento deste City que nos visitou.
Não gostei nada, uma vez mais, do péssimo hábito de alguns idiotas, que teimam em assobiar o hino da Champions no nosso estádio. Como se preferissem disputar outra prova, muito inferior, como a Liga Europa (onde estão FC Porto e Braga) ou a Liga da Conferência (palco do V. Guimarães, que ali está a ser bem-sucedido). Quando é que estes imbecis se deixam de comportar como adeptos de equipa pequena e enfiam os assobios no lugar mais recôndito que tiverem?
Morten e Gyökeres: golos nórdicos na vitória por 3-1 para a Taça da Liga contra o Nacional
Foto: EPA / Rodrigo Antunes
Gostei muito de ver ontem Gyökeres marcar mais dois golos, em Alvalade, perante mais de 32 mil adeptos nas bancadas. Mas um deles não foi um golo qualquer: refiro-me ao segundo (terceiro do Sporting neste desafio da Taça da Liga), marcado de livre directo. Por este simples motivo: há quase quatro anos que não marcávamos desta maneira, desde um inesquecível tiro de Pedro Porro contra o Famalicão em Dezembro de 2020. Foi quebrado o enguiço pelo ponta-de-lança sueco, aos 70', nesta recepção ao Nacional. Cinco minutos antes, já ele tinha marcado, mas de penálti. É um dos melhores avançados que desde sempre envergaram a camisola com o símbolo do Leão: leva 16 golos marcados em 15 jogos desta temporada, mais quatro assistências. Também melhor em campo, claro.
Gostei da vitória por 3-1, naturalmente. Iniciada com um golo de Morten, aos 53': remate cruzado por baixo, sem hipótese de defesa para Lucas França. Seguimos para a final-a-quatro na Taça da Liga: mantemo-nos em todas as frentes. Vitória obtida só no segundo tempo, após o empate a zero registado ao intervalo, com a turma visitante a estacionar o autocarro junto à sua baliza (parece sina, enfrentarmos equipas com semelhante "táctica", o que diz tudo sobre a falta de qualidade do futebol português) e o guarda-redes do Nacional a queimar todo o tempo possível em cada reposição de bola, o que lhe valeu um cartão amarelo ainda na primeira parte. Objectivo cumprido nesta prova, para já. Mas o que mais interessa é o campeonato, onde permanecemos invictos à nona jornada. Segue-se a recepção ao Estrela, depois de amanhã.
Gostei pouco de certas exibições no onze inicial. Fresneda, em estreia como ala esquerdo, esteve totalmente desposicionado, quase sem acertar um centro, tarda em mostrar por que motivo foi contratado. Edwards, de regresso a titular como ponta direito, evidenciou os defeitos que já lhe conhecíamos: alheia-se dos lances, foge da disputa da bola, integra-se com dificuldade no colectivo. Sem surpresa, foram ambos substituídos ao intervalo. E a equipa parecia outra: Trincão muito melhor do que o inglês, Gyökeres incomparavelmente superior ao espanhol (Harder foi remetido à posição de Fresneda com a entrada do sueco para avançado-centro).
Não gostei de ver o onze sem Nuno Santos. Acentuou-se a minha convicção de que o extremo agora lesionado irá fazer-nos muita falta. Matheus Reis (que até quase marcou aos 3') tem mais propensão defensiva, Maxi Araújo ainda não ultrapassou o patamar da vulgaridade no Sporting e Geny é muito mais acutilante quando actua do lado direito, agora com Quenda a fazer-lhe concorrência. Fresneda, à esquerda, não é opção. Problema complicado para o técnico resolver. Já não será Rúben Amorim, ao que tudo indica.
Não gostei nada do ambiente frio no estádio. Estava uma atmosfera estranha, que abrangia o banco leonino e contagiava a própria equipa, a quem faltou desenvoltura e alegria. Havia a noção generalizada de que este talvez fosse o último jogo do Sporting sob o comando de Rúben Amorim após quase quatro anos e oito meses. Espécie de despedida antecipada, com o pano prestes a cair. Pairava ali uma aura de tristeza que noutro contexto talvez deixasse alguém perplexo. Mas todos percebemos o motivo: um ciclo muito feliz está prestes a chegar ao fim.
Gyökeres deixa o primeiro adversário para trás na brilhante jogada do primeiro golo leonino
Foto: EPA / Gintare Karpaviciute
Gostei muito de ver mais um obstáculo superado. Desta vez na milionária Liga dos Campeões, prova em que continuamos invictos. Após impormos derrota ao Lille em Alvalade (2-0) e empatarmos na Holanda frente ao PSV (1-1), arrancámos triunfo fora de portas, contra o Sturm Graz, campeão austríaco, por 2-0. Resultado ainda mais positivo do que o 2-1 que de lá trouxemos há 13 meses, em confronto para a Liga Europa (com golos de Gyökeres e Coates). Mantemos intactas as aspirações a transitar para a fase seguinte da prova, reforçamos a dinâmica vitoriosa nas três competições em que já marcámos presença esta época com balanço brilhante (doze jogos, onze vitórias e um empate, 34 golos marcados e apenas quatro sofridos). Mais: foi a primeira vez que fizemos três jogos seguidos como visitantes sem perder na prova máxima do futebol europeu. Outro marco superado que nos traz proventos financeiros e reforça a boa reputação leonina além-fronteiras.
Gostei do regresso de Pedro Gonçalves após cinco jogos de paragem imposta por lesão: aconteceu só aos 70', por troca com Maxi Araújo, mas ainda a tempo de oferecer golo a Gyökeres, isolando-o aos 82', em lance que viria a ser anulado por deslocação do craque sueco. E, claro, gostei dos nossos golos. O primeiro, fruto de magnífico lance colectivo, finalizado por Nuno Santos aos 23'. Começa num passe frontal de Esgaio para Trincão que toca para Viktor que deixa para Morten que coloca em Geny que centra para um ligeiro toque do sueco em desequilíbrio até a bola chegar ao nosso aguerrido ala esquerdo, ontem uma das figuras do encontro. O segundo, aos 53', golaço do melhor em campo: Gyökeres. Muito bem lançado por Debast junto à linha esquerda, progride com ela sempre dominada num slalom de 40 metros: bate em velocidade o lateral, senta um central, dribla o guarda-redes e dispara lá para dentro, fixando o resultado. Desde já um dos nossos melhores golos da temporada - e não falta por onde escolher.
Gostei pouco que tivéssemos desperdiçado oportunidades de trazer da Áustria uma vitória ainda mais expressiva. Aos 16', num remate à meia-volta em posição frontal dentro da área, Viktor Gyökeres permite a defesa da noite ao holandês Scherpen, seu velho conhecido. Aos 80', servido por Geny, Trincão fez raspar tinta do ferro: esteve a escassos centímetros do golo. Aos 87' de novo o minhoto em foco, desta vez isolando Gyökeres, que permitiu a defesa isolado perante o guarda-redes. Ao intervalo vencíamos apenas pela margem mínima: sabia a pouco, pois tínhamos domínio total do jogo e chegámos a ter 75% de posse de bola nesse período.
Não gostei de Maxi Araújo nesta sua estreia a titular no Sporting. Actuando como interior esquerdo adaptado, completando um tridente ofensivo que também integrava Trincão e Gyökeres, o internacional uruguaio pareceu sempre ali como peixe fora de água: torna-se demasiado evidente que está fora da sua zona de conforto, enquanto lateral esquerdo de raiz. Ali exige-se ganas ofensivas e faro de goleador: servido de bandeja por Viktor logo aos 9', Maxi atirou muito por cima. Tem de treinar muito para adquirir os automatismos que ainda lhe faltam naquela zona - o que não admira, pois está no Sporting há menos de dois meses. Também não gostei da confirmação de que Fresneda, mais de um ano após ter sido contratado por 9 milhões de euros, não é opção para Rúben Amorim: até Esgaio já o ultrapassa na hierarquia dos laterais direitos, como agora aconteceu.
Não gostei nada do mau estado do relvado de Klagenfurt, que tal como em 2023 voltou a apresentar-se impróprio para uma grande competição desportiva europeia. Nem da exibição do dinamarquês Mika Biereth, colega de Harder na selecção sub-21 da Dinamarca e maior goleador do campeonato austríaco (oito golos em dez jogos): foi eficazmente neutralizado pelo nosso bloco defensivo, inicialmente com Esgaio à direita, Debast ao centro e Gonçalo à esquerda (Matheus Reis viria a render Esgaio aos 56' e o ansiado regresso de St. Juste ocorreu aos 70' com a saída de Debast). Antes assim.
Gostei muito do bis de Harder, ontem à noite, no estadio de Portimão. São exibições como esta que definem a qualidade de um jogador. O jovem dinamarquês, internacional sub-21, fez a diferença perante o conjunto que regista mais golos sofridos da Liga 2 ao marcar duas vezes, ambas em momentos decisivos: primeiro aos 40', com Nuno Santos a assistir de trivela, desbloqueando o empate a zero que persistia perante a dupla muralha do onze anfitrião; depois a três segundos do fim do tempo extra, aos 90'+4, dando a melhor sequência a um passe de Gyökeres. Assim fixou o resultado (1-2), conduzindo o Sporting à quarta eliminatória da Taça de Portugal e evitando um desgastante prolongamento de meia hora com desfecho imprevisivel. Seguimos em frente graças a ele, o melhor em campo.
Gostei da aposta de Rúben Amorim em mais dois jovens da formação lançados na equipa principal, embora só possa pronunciar-me sobre um. Refiro-me ao brasileiro Bruno Ramos, de 19 anos, que apenas com 2 minutos de actuação no Sporting B foi ontem titular como central à direita (com Debast ao meio e Gonçalo Inácio à esquerda). Sem inventar, cumpriu. Sem brilhar, foi útil. Sem dar muito nas vistas, transmitiu segurança à equipa. O outro foi o galego Lucas Taibo, também defesa, que aos 18 anos tem-se destacado na B. Este entrou após o segundo golo, trocando com Debast só para queimar tempo: nem chegou a tocar na bola.
Gostei pouco das dificuldades registadas para derrubarmos o autocarro estacionado nos 25 metros defronte da baliza da turma algarvia - que mais parece escola de samba de série B. Incapacidade de penetrar nas linhas (saudades do lesionado Pedro Gonçalves...) e de criar movimentos de ruptura. A lentidão de processos, a falta de domínio no jogo aéreo e a incapacidade de aproveitar cantos e livres ajudaram pouco ou nada. Quando finalmente conseguimos criar perigo, o guardião portimonense, Vinicius, resolveu com um par de boas defesas, negando golos a Harder (3') e Morten (30'). Valha a verdade que vários jogadores vinham de desgastantes participações em desafios das respectivas selecções - de tal maneira que alguns, como Geny e Gyökeres, começaram no banco, e outros, como Morita e Maxi Araújo, nem entraram. Foram poupados pelo treinador - ou foram poupando esforços por livre iniciativa - já a pensar no confronto da próxima terça-feira contra o Sturm Graz, na Áustria, para a Liga dos Campeões.
Não gostei de algumas exibições. Sobretudo de Gonçalo Inácio, muito intranquilo, perdendo a bola e falhando passes: anda irreconhecível. Também de Esgaio, em estreia como titular esta época: ala direito, nunca fez a diferença em missão ofensiva, preferindo tocar para o lado ou para trás. Sem esquecer Vladan, que ontem regressou à baliza após lesão. Num jogo em que teve pouco trabalho, atrapalhou-se numa reposição de bola, aos 83', desmentindo aquele que diziam ser o seu principal atributo: jogar com os pés. E voltou a encaixar mais um golo (o terceiro de leão ao peito), embora obtido de forma irregular.
Não gostei nada de confirmar que nesta fase da Taça de Portugal a vídeo-arbitragem continua ausente dos estádios. Com ela, nunca o golo algarvio validado por Helder Malheiro e o seu árbitro auxiliar aos 87', teria sido considerado legal. Chico Banza está em fora-de-jogo posicional interferindo claramente na jogada. Por aqui se percebe, ainda com maior nitidez, como a introdução do VAR foi uma conquista imprescindível para a verdade desportiva nos estádios de futebol.
Gostei muito do resultado do Sporting (1-1) em Eindhoven, frente ao PSV - equipa que não perde em casa há 42 jogos. Trouxemos da Holanda um precioso ponto que nos dará muito jeito, lá mais para diante, nas contas da Liga dos Campeões. Empate ainda mais precioso por ocorrer num jogo em que a turma dos Países Baixos foi superior durante toda a primeira parte, comprovando que a célebre estrelinha de Ruben Amorim volta a brilhar em momentos difíceis. Com este resultado continuamos invictos na prova máxima do futebol europeu e na própria temporada 2024/2025. Balanço: nove desafios disputados, com oito vitórias e este empate.
Gostei de Daniel Bragança, melhor do Sporting em campo. Só entrou aos 52', substituindo o desastrado Geny, mas chegou muito a tempo de mostrar as suas melhores características: condução da bola, visão de jogo, qualidade de passe, temporização dos lances, chegada à frente. Mexeu com a equipa e brilhou aos 84' com o golo do empate: fugiu à marcação dentro da área e desviou no ar a bola com o seu pé menos bom, o direito, finalizando com brilhantismo. O seu terceiro golo da temporada, comprovando ao treinador que merece ser titular. Rúben certamente levará esta exibição em conta. Tal como a de Maxi Araújo, que fez a assistência e entrou igualmente muito bem, aos 79', rendendo um extenuado Nuno Santos. Também o internacional uruguaio demonstra qualidade para figurar no onze inicial, assim como o seu compatriota Franco Israel, que fez duas grandes defesas, aos 14' e aos 73'. Deve ser ele a continuar entre os postes. A propósito, convém lembrar que não sofríamos um golo desde 17 de Agosto.
Gostei pouco que o nosso treinador tivesse demorado demasiado a mexer na equipa ao verificar que não ganhávamos uma bola dividida e concedíamos toda a iniciativa de jogo ao onze adversário. Além de Daniel e Maxi, também Harder podia e devia ter entrado mais cedo: substituiu Trincão aos 79' e contribuiu para intensificar a nossa pressão atacante. Aos 90''+3 fez um remate com selo de golo que Benítez bloqueou só com muita dificuldade, impedindo assim a derrota do PSV.
Não gostei da exibição de Geny, que rende pouco quando joga à esquerda e se vê forçado a receber a bola de costas para a baliza: não é cenário propício às suas características. Teve responsabilidade no golo sofrido, logo aos 15', ao deixar-se bater por Schouten, que disparou sem hipótese de defesa para Israel. Neste lance o moçambicano divide culpas com Debast: o internacional belga fez um passe de risco totalmente escusado, além de duas entregas de bola comprometedoras noutros momentos. Também Gonçalo Inácio volta a sentir dificuldades num jogo internacional, o que não é inédito nele: entregou aos 14' em zona proibida e aos 56' deixou De Jong fazer o que quis, ficando nas covas. Só por manifesto azar o veterano defesa holandês não a meteu no fundo da nossa baliza.
Não gostei nada de ver tantos jogadores nossos a escorregar o tempo todo no relvado em Eindhoven. Aconteceu com quase todos, com destaque para Gyökeres, ontem neutralizado tanto pelo excelente policiamento do jovem central Flamingo, que não lhe concedeu um centímetro de espaço, como por andar sempre a cair mesmo quando ninguém lhe tocava. O maior escorreganço, no entanto, foi protagonizado por Eduardo Quaresma, que patinou quando se preparava para a meter lá dentro, isolado perante Benítez, aos 71': queda caricata num lance iniciado com brilhante recuperação do próprio lateral leonino. Mas aquilo de que menos gostei foi ver Diomande sair de campo amparado, aparentando torção num pé, aos 32': outra lesão a afligir um defesa nosso, havendo jogo de campeonato, contra o Casa Pia, já daqui a três dias.
Gostei muito que tivéssemos começado com o pé direito a nossa participação na Liga dos Campeões, após uma época de ausência. Vencemos por 2-0 o Lille, quarto classificado da Liga francesa 2023/2024. E convencemos. De tal maneira que Israel só teve de fazer uma defesa digna desse nome, já aos 89', a remate de Cabella. Convencemos, acima de tudo, graças a um golaço (38') de Gyökeres, que marca há oito jogos consecutivos em Alvalade: recebeu a bola na área, rodou para se libertar de marcação e colocou-a no ângulo mais inacessível para o guarda-redes Chevalier. E a um golão (65') de Debast, num tiro disparado a cerca de 30 metros da baliza - de primeira, sem preparação, fazendo as redes balançar no canto superior direito. Melhor em campo e homem do jogo, respectivamente - ambos heróis da noite. Também grande desempenho de Pedro Gonçalves, que cada vez parece mais jogar de olhos fechados com o craque sueco: foi ele a assisti-lo no golo com um gesto técnico de inegável classe.
Gostei que tivéssemos superado com boa nota a primeira etapa da caminhada na Champions, agora com novo formato - por acumulação de pontos, em oito rondas, o que arrastará esta fase da Liga dos Campeões até meados de Janeiro. Com vários estreantes leoninos na prova-rainha do futebol europeu: Israel, Debast, Diomande, Morita, Morten, Geny, Trincão e o próprio Gyökeres. Além de Quenda, que aos 17 anos e 140 dias se tornou o mais jovem jogador português de sempre a participar num onze da Liga dos Campeões - superando as proezas antes ocorridas com Dário Essugo e Rodrigo Ribeiro, ambos também pela mão de Rúben Amorim, embora não como titulares. Sem esquecer outro estreante nestas lides: Maxi Araújo, que substituiu precisamente Quenda, aos 73'. E até se registou a estreia absoluta no Sporting do dinamarquês Conrad Harder, de 19 anos: entrou aos 88', substituindo Trincão, ainda a tempo de dar nas vistas, obrigando Chevalier a grande defesa. Os mais de 41 mil adeptos presentes nas bancadas de Alvalade seguramente apreciaram.
Gostei pouco da equipa adversária, que ficou reduzida a dez por acumulação de amarelos de Angel Gomes após faltas sobre Trincão (20') e Gyökeres (40'), travados à margem das regras: facilitou a nossa tarefa e confirmou que a turma francesa não constitui obstáculo preocupante, não só cá mas também lá. Também gostei pouco que ao intervalo este Sporting-Lille só estivesse 1-0. Resultado escasso para o futebol produzido. Podíamos ter marcado aos 12' (por Morita), aos 18' (Quenda), aos 27' (Trincão) e aos 28' (Pedro Gonçalves). Aos 70' tínhamos já 15 remates (cinco dos quais enquadrados) contra zero da equipa visitante. Chegou e sobrou para os três pontos e para arrecadarmos 2,1 milhões de euros só graças a esta vitória. Numa equipa com reduzida média de idades: apenas 23,8 anos. O futuro é verde e branco.
Não gostei da inesperada lesão de Gonçalo Inácio, forçado a sair logo aos 13', com um pé magoado - avolumando a lista dos nossos centrais a contas com lesões, após St. Juste e Eduardo Quaresma. Também não gostei de ver Tiago Santos, formado na Academia de Alcochete e já convocado para a selecção nacional, actuar contra o clube que representou durante 12 anos nas camadas jovens: saltou do banco e teve bons apontamentos como lateral direito, posição em que já se havia destacado ao serviço do Estoril. Infelizmente não encontrou no Sporting a oportunidade que merecia.
Não gostei nada que tivesse sido assobiado o hino da Liga dos Campeões em Alvalade. Estes anormais gostariam de ver o Sporting mais uma época fora da Champions? Alegam uns tantos que fazem isto porque a equipa foi prejudicada num desafio qualquer ocorrido há uma década: é o cúmulo da imbecilidade. Até os nossos jogadores ficaram perplexos com isto; um deles tinha só sete anos quando o tal jogo aconteceu. Pior do que isto só o uso recorrente de tochas por energúmenos de duas claques ditas leoninas: desta vez chegaram mesmo a ferir dois adeptos que tiveram de receber tratamento no próprio estádio. A administração da SAD do Sporting tem de lidar com estes casos com mão de ferro: tolerância zero. Delinquência e desporto são dois termos antagónicos: não podem confundir-se.
Gostei muito da nossa qualificação para a final da Taça de Portugal, anteontem. Primeiro porque já não acontecia há cinco anos - desde que conquistámos este título, na altura com a nossa equipa sob o comando de Marcel Keizer. Depois porque foi alcançada em casa do nosso mais velho rival, num estádio da Luz com quase 60 mil espectadores - incluindo cerca de 3500 adeptos leoninos. E por ter sido merecida: no conjunto das duas mãos, o Sporting foi superior. Domínio total na primeira parte em Alvalade, com a segunda parte equilibrada, enquanto o Benfica esteve por cima nos 45 minutos iniciais do desafio da segunda mão, com o período complementar disputado taco-a-taco - numa das mais emocionantes partidas de futebol português da temporada em curso, bem arbitrada por João Pinheiro. Como costumo dizer, a sorte sorriu-nos com todo o mérito.
Gostei de que em momento algum, nestes dois desafios da meia-final da Taça, nunca o Benfica tivesse estado em vantagem. Pelo contrário, foi sempre correndo atrás do prejuízo. Aconteceu no final de Fevereiro, em Alvalade, quando conseguiu reduzir com um golo solitário no momento em que já perdia 2-0. Voltou a acontecer agora: fomos nós a inaugurar o marcador desfazendo o empate a zero que se mantinha ao intervalo - primeiro com um golaço de Morten que gelou a Luz, aos 47', depois por Paulinho, dando o melhor caminho à bola na sequência de um cruzamento perfeito de Geny, aos 55'. Os encarnados ainda empataram, mas já não foram capazes de inverter o resultado, que se fixou em 2-2. Nós seguimos para a final do Jamor, a 26 de Maio. Eles ficam pelo caminho.
Gostei pouco de termos desaproveitado três oportunidades para vencer no estádio dos vizinhos. Andámos lá perto. Aos 7' Gyökeres tocou para Morten, já na pequena área, com o dinamarquês a elevar ligeiramente a bola, que rasou a barra: se marcasse neste lance, bisando na partida, teria sido um prémio ainda mais justo para o desempenho do excelente médio leonino, que elejo como melhor em campo. Aos 63', o internacional sueco, num dos seus raides espectaculares, galgou dezenas de metros sem oposição antes de disparar, fazendo a bola embatar com estrondo no poste: esteve prestes a marcar um dos mais belos golos do ano. Aos 84', também servido por Gyökeres, Paulinho rematou mais em jeito do que em força, bem enquadrado com a baliza, mas Trubin salvou in extremis com a ponta das luvas.
Não gostei de alguns desempenhos de jogadores nossos, sobretudo na primeira parte. Na linha defensiva, só Coates não tremeu - ao contrário de Gonçalo Inácio e Diomande, que iam somando decisões erradas, com passes transviados, e de Nuno Santos, que transformou o nosso corredor esquerdo numa passadeira para Di María e lá na frente perdeu sucessivos duelos com Bah. Na ala direita, Esgaio sentiu-se inferiorizado no confronto com Neres, mostrando-se incapaz de estender o nosso jogo para explorar a profundidade. Rúben Amorim, descontente com o que via, fez aquilo que se impunha: três trocas simultâneas ao intervalo. St Juste rendeu Diomande, Geny substituiu Esgaio e Matheus Reis entrou para o lugar de Nuno Santos. Com subida imediata do nosso rendimento colectivo - de tal maneira que segundos após o recomeço, na primeira incursão de Geny no seu corredor, o moçambicano já disparava à baliza e ao minuto 55, naquela assistência para Paulinho, mostrou a Esgaio como se faz no plano ofensivo.
Não gostei nada de ver como alguns jogadores encarnados se deitavam para o chão, uma vez e outra, simulando terem sido atingidos à margem das regras. Nesta ronha antidesportiva o campeão é Di María: felizmente o árbitro não se deixou impressionar por esta medíocre rábula. Quase tão censurável como os engenhos pirotécnicos e os potes de fumo lançados sobre a nossa baliza pela "não claque" benfiquista, que continua a fazer o que quer com total impunidade. Sem esquecer a agressão que teve como alvo Nuno Santos, brindado com um carregador de telemóvel por um energúmeno do SLB quando ia marcar um canto: esteve a centímetros de ser atingido com gravidade, podendo ficar seriamente ferido ou até incapacitado. Inacreditável como coisas destas continuam a acontecer sem uma palavra de censura do clube anfitrião nem as pesadas multas que se impõem. Para que o futebol deixe de ser uma selva.
Gostei muito do belo golo marcado por Pedro Gonçalves em Bérgamo. Foi ontem, aos 33', abrindo o marcador no jogo da segunda mão, após empate com muita sorte nossa em Alvalade (1-1) frente à turma italiana, sexta classificada no campeonato do seu país. Até aí tínhamos sabido fechar os caminhos para a nossa baliza, dando boa réplica à intensa pressão adversária sobre o portador da bola. O golo culminou exemplar lance colectivo em que intervieram Morten e Matheus Reis antes de Pedro Gonçalves pegar nela, fazer eficaz tabelinha com Gyökeres e isolar-se frente ao guarda-redes, encaminhando-a para o fundo da baliza. Sem vacilar, na primeira oportunidade da nossa equipa neste jogo. Décimo-quinta concretização com sucesso do nosso n.º 8 na época em curso, que promete ser a sua segunda mais goleadora de sempre. Infelizmente foi também esse o momento em que Pedro contraiu uma lesão - aparente rotura muscular - que o forçou a sair em lágrimas quando estava a ser o nosso melhor em campo. Talvez permaneça várias semanas afastado. Baixa preocupante nesta recta final da época.
Gostei de alguns jogadores nossos. Desde logo, Israel: a lesão de Adán acabou por dar oportunidade ao jovem guardão uruguaio, já internacional pelo seu país, para mostrar o que vale. Neste seu quinto jogo seguido como titular, confirmou os pergaminhos com boas defesas aos 3', 51', 70' e 77'. Nos dois que sofremos, infelizmente, pouco ou nada podia ter feito. Também gostei de Morten, que fechou como pôde os caminhos para a nossa baliza, recuperou várias bolas e ajudou a construir o golo. Boa nota igualmente para Daniel Bragança: rendeu Pedro Gonçalves aos 36' sem desequilibrar o nosso meio-campo, complementando a acção do dinamarquês, e ainda fez dois grandes passes para golo (visando Geny aos 84' e Paulinho aos 86'). Esteve ele próprio muito perto de marcar com um disparo forte, de longe, aos 70', para defesa incompleta de Musso: infelizmente nenhum colega compareceu nas imediações para a recarga. Nem sequer Gyökeres, bem policiado pelo seu compatriota Hien, seu colega na selecção sueca.
Gostei pouco de alguns passes longos, na fase de construção, que acabaram em pés italianos. Foi o caso do que viria a gerar o primeiro golo da Atalanta, no minuto inicial da segunda parte: Gonçalo Inácio tenta colocar a bola em Trincão, um dos colegas com menor intensidade colectiva na partida de ontem; um adversário antecipa-se e rouba-a, desencadeando um contra-ataque muito rápido em que vão falhando sucessivas tentativas de intercepção - desde logo do próprio Gonçalo, com Diomande aos papéis, St. Juste a falhar o corte no momento indicado e Esgaio ao segundo poste a marcar com os olhos. Lookman facturou à nossa custa. Doze minutos depois foi a vez de Scamacca fazer o mesmo, repetindo a proeza alcançada em Alvalade.
Não gostei do segundo golo sofrido, aos 58'. Novo naufrágio da nossa defesa, desprovida do seu comandante natural: Coates, por precaução física, ficou fora desta partida já a pensar na recepção do Sporting ao Boavista no domingo - menos de 72 horas após o apito final em Bérgamo, ficando assim por cumprir o período mínimo de intervalo para descanso recomendado entre dois jogos do calendário oficial. Esse segundo golo da Atalanta - numa partida em que não tivemos nenhum jogador castigado com cartões - acabaria por ditar a nossa eliminação. Saímos derrotados, caímos nos oitavos-de-final, dissemos adeus à Liga Europa.
Não gostei nada de ver dois jogadores falharem quatro golos nos dez minutos finais. Culpas repartidas por Edwards e Paulinho - sem surpresa, em qualquer dos casos. O inglês falha clamorosamente, trocando os pés, quando estava isolado frente a Musso (84') e consegue ter uma perdida ainda mais escandalosa, sem marcação e de novo com a baliza à sua mercê, disparando para as nuvens (90'). O n.º 20, que substituiu o apático Trincão aos 75', conseguiu entregar a bola ao guardião quando havia sido desmarcado de modo exemplar por Bragança (86') e cabecear na direcção errada, ao segundo poste, a dois metros da linha de golo (89'). Falta de mentalidade competitiva, falta de intensidade, falta de qualidade. Sobretudo no caso de Edwards: nem parecia estar em campo, tantas foram as vezes em que caiu sem ninguém lhe ter tocado, falhou passes fáceis, deixou fugir a bola, perdeu duelos por falta de comparência. Um descalabro. Não mereceu, nem de longe, ser titular nesta partida.
Gostei muito da nossa sorte. Tantas vezes nos queixamos de que ela nos abandona e há mesmo uma elevada percentagem de adeptos caliméricos capazes de jurar que ela jamais nos visita. Pois esta gente terá de mudar o discurso a partir de agora pelo menos durante algum tempo. Pois se há equipa que pode queixar-se de azar, na nossa recepção de ontem à Atalanta para os oitavos-de-final da Liga Europa, é precisamente esta que segue em sexto no campeonato italiano. Em três ocasiões diferentes viu a bola embater no poste direito da baliza confiada a Franco Israel. Aconteceu aos 23', aos 24' e aos 60': bastariam uns centímetros mais ao lado para termos perdido 1-4 em vez de conseguirmos aguentar o empate, sem dúvida lisonjeiro face à pálida actuação leonina.
Gostei do nosso golo madrugador. Perante um adversário que se impõe no terreno com implacável marcação homem-a-homem, atacando sobretudo o portador da bola, uma eficaz jogada de futebol ofensivo com apenas três protagonistas pôs o Sporting em vantagem ainda cedo, aos 17'. Matheus Reis recuperou junto à linha esquerda, Trincão desmarcou-se de modo a libertar-se da marcação, abriu linha de passe e lançou de imediato Paulinho, ontem titular, que parecia imitar o ausente Gyökeres em velocidade, de olhos fitos na baliza. No momento certo disparou forte remate, cruzado e rasteiro, fazendo a bola anichar-se nas redes adversárias: há quase dois meses que não marcava. Curiosamente, esta vantagem pareceu tolher os movimentos da nossa equipa, incapaz de voltar a libertar-se da intensa pressão italiana. Então quem brilhou de leão ao peito foi a figura mais inesperada: Israel, em estreia na Liga Europa. Talvez pudesse ter feito melhor no golo sofrido, aos 39' - incapaz de impedir o espectacular remate de Scamacca após deficiente atraso de Eduardo Quaresma. Mas protagonizou duas excepcionais defesas, ambas em voo: uma aos 30', num salto fenomenal, e outra aos 42', esticando-se em gesto quase impossível. Só ele e o poste evitaram a goleada. O jovem internacional uruguaio parece ter conquistado os adeptos com esta exibição. Foi o melhor em campo do nosso lado.
Gostei pouco das poupanças de Rúben Amorim neste confronto internacional. Já a pensar, seguramente, no desafio do próximo domingo em Arouca, estando assumida a nossa prioridade absoluta, que é a conquista do campeonato. Mas tendo nós já três titulares afastados por lesão (Pedro Gonçalves veio juntar-se na enfermaria a Adán e Gonçalo Inácio), foi arriscar em excesso deixar fora do onze vários outros: Gyökeres, Morten, Nuno Santos e Daniel Bragança. Daí o treinador ter sentido necessidade de rectificar a decisão inicial, fazendo entrar de uma assentada, logo após o intervalo, Gyökeres, Morten e St. Juste. Embora o sueco, muito anulado pela defesa adversária e mal servido pelos companheiros, tenha feito talvez a sua mais discreta exibição de verde e branco, a verdade é que com este trio em campo o resultado que se registava no final do primeiro tempo (1-1) já não se alterou. E aos 62' chegou até a nossa vez de atirar uma bola aos ferros, em cabeceamento de Coates. Para frustração de grande parte dos 28.528 espectadores presentes em Alvalade.
Não gostei da estreia de Koba como titular, lançado precisamente para poupar Morten de início. O ex-Estoril revelou-se demasiado apático, andou escondido do jogo. Pareceu sem ritmo, ainda algo inadaptado ao novo patamar competitivo em que se encontra agora. Como um corpo estranho à equipa. Não surpreendeu que Amorim o tivesse substituído ao intervalo.
Não gostei nada da nossa incapacidade para vencer pela primeira vez os da Atalanta neste terceiro duelo com eles na temporada em curso. Sabendo, ainda por cima, que este adversário se encontra talvez na pior fase da época: vinha de três jogos sem vencer, tendo sofrido duas goleadas consecutivas. E também o treinador Gian Piero Gasperini poupou vários jogadores, a pensar igualmente nas competições internas. A verdade é que a equipa visitante foi claramente superior, como se comprova até no número de remates: fez 12, nós apenas cinco. Teremos de tomar precauções acrescidas na nossa visita a Bérgamo, de hoje a oito dias. Caso contrário dificilmente passaremos aos quartos-de-final da Liga Europa.
Morita e Morten brilharam no meio-campo, vulgarizando o Benfica no clássico da Taça em Alvalade
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
Gostei muito da nossa vitória ontem, em Alvalade, frente ao Benfica, cumprindo a primeira mão da meia-final da Taça verdadeira. Num desmentido vivo e cabal daquela treta - propalada por alguns adeptos que são leões sem juba - de que o Sporting claudica nestes clássicos. O que se viu ontem foi o contrário disto: o Benfica a tremer durante uma hora, em que sofreu dois golos e podia ter sofrido outros tantos, incapaz de construir um lance colectivo digno desse nome, sem posse de bola, remetido ao reduto defensivo, impotente na reacção à contínua pressão atacante da nossa equipa. Basta referir que o primeiro remate deles à nossa baliza aconteceu só aos 59' quando João Mário - sempre muito assobiado cada vez que tocava na bola - atirou à figura, para defesa fácil de Israel.
Gosteideste triunfo por 2-1 que nos dá vantagem para o desafio da segunda mão, a disputar na Luz daqui a mais de um mês - caprichos do calendário futebolístico que está sobrecarregado de jogos nesta fase e devia ser revisto em futuras temporadas. Pusemo-nos em vantagem logo aos 9', com um surpreendente golo de Pedro Gonçalves de cabeça, quase sem tirar os pés do chão, batendo o guarda--redes ucraniano do SLB, que tem quase 2 metros de altura. Mérito inegável do melhor jogador português do Sporting, ontem excelente como segundo avançado: já fez 14 golos esta época, sendo agora o segundo artilheiro da equipa. Assim chegámos ao intervalo. O segundo golo, aos 54', foi de antologia - com Gyökeres muito bem lançado de trivela por Geny junto à linha direita, a correr com ela dominada durante 35 metros e a fuzilar Trubin. Destaco ainda a fantástica dupla Morita-Morten (com o dinamarquês a assistir no primeiro golo), que controlou as operações no meio-campo durante 65 minutos, até a fadiga se instalar. Mas sublinho acima de tudo a presença imperial de Coates no comando da defesa neste seu jogo 355 de Leão ao peito: elejo-o como melhor em campo. Cortes impecáveis aos 22', 38', 45'+2, 51' e 90'+5. Com ele ao leme, nem parecia que estávamos desfalcados de um titular naquele sector: Gonçalo Inácio, lesionado, esteve ausente do onze. Tal como Trincão, pelo mesmo motivo.
Gostei pouco que algumas oportunidades de golo tivessem ficado por consumar. O campeão dos perdulários voltou a ser Edwards, que atravessa fase menos boa. Frente à baliza e com as redes à sua mercê, demorou a rematar, permitindo intercepção, aos 45'. Também muito bem colocado, aos 64', falhou o disparo: a bola saiu-lhe enrolada, perdendo-se assim a hipótese de dilatar o marcador.
Não gostei que o golo de Nuno Santos - obra-prima que prometia dar a volta ao mundo - tivesse sido anulado por deslocação de Paulinho. Aconteceu aos 90'+3: ainda festejámos por alguns momentos o suposto 3-1 após monumental chapéu de mais de 20 metros a desenhar um arco perfeito sobre a cabeça de Trubin com a bola a anichar-se no ninho da águia. Mas ficou sem efeito, o que deve ter causado noite de insónia ao nosso brioso ala esquerdo, que substituiu Geny aos 86' enquanto Paulinho rendera Pedro Gonçalves no minuto anterior.
Não gostei nada da exibição de Esgaio: entrou aos 76', rendendo um Edwards que se perdeu em fintas e fintinhas esquecendo-se de que o futebol é um desporto colectivo. Mas o substituto do inglês não esteve melhor, longe disso: voltou a revelar-se o elemento tecnicamente mais débil do plantel leonino. Aos 80', muito bem enquadrado com a baliza, em posição de disparo e sem marcação, ficou sem saber o que fazer com a bola: sentiu uma espécie de temor cénico e acabou por confundir futebol com râguebi, atirando-a muito por cima da baliza. Pior: voltou a fazer o mesmo aos 88'. Incapaz de tirar um jogador da frente, entregou-a em zona perigosa, aos 90'+1, ficando pregado ao chão e dando origem a uma rápida ofensiva dos encarnados. Tanta asneira junta em tão pouco tempo. Pior só aqueles inenarráveis "olés" que a partir da hora de jogo, num estádio com lotação quase esgotada (45.393 espectadores), começaram a escutar-se nas bancadas: bazófia burra que só contribuiu para desconcentrar os nossos e mobilizar a equipa adversária. Esta gente tarda em perceber que "olés" servem para a tourada, nada têm a ver com futebol.
Gostei muito da passagem do Sporting aos oitavos da Liga Europa, ontem confirmada ao eliminarmos o Young Boys, líder incontestado do campeonato suíço, que fora repescado da Liga dos Campeões. Em boa verdade a eliminatória ficara assegurada uma semana antes em Berna, onde fomos vencer sem margem para dúvida (1-3). Em Alvalade, bastou-nos gerir o resultado e dosear o esforço físico dos jogadores, que depois de amanhã voltam a competir - desta vez para a Liga portuguesa com uma difícil deslocação a Vila do Conde. Foi uma partida tranquila, dominada quase por completo pela nossa equipa, embora muito perdulária em situações de golo.
Gostei que Gyökeres voltasse a marcar - e bem cedo, logo aos 13'. Infiltrou-se na grande área e disparou uma bomba, indefensável, muito perto da marca dos 11 metros. Foi o 29.º golo pelo Sporting do internacional sueco, que também já protagonizou 11 assistências na temporada. A partir daí, os quase 30 mil espectadores deste desafio ao vivo no nosso estádio ficaram com a certeza de que a passagem à fase seguinte da Liga Europa estava assegurada. Mas destaco Trincão como melhor em campo: foi dele a assistência para Viktor nesse lance, com um passe perfeito. E foi também ele a sofrer o penálti aos 55' que podia e devia ter resultado no nosso segundo golo: infelizmente Gyökeres permitiu a defesa do guarda-redes. Nunca antes tinha falhado uma grande penalidade de Leão ao peito.
Gostei pouco de algumas exibições. Esgaio, incapaz de ganhar duelos e sempre receoso de progredir com a bola, fez-nos sentir saudades de Geny - um dos poupados, tal como Coates e Morita (Nuno Santos só fez a segunda parte, por troca com Gonçalo Inácio, e Pedro Gonçalves entrou apenas aos 63'). Outros jogadores que não me impressionaram favoravelmente foram o recém-chegado Koba (substituiu Morten aos 63', com óbvia diminuição da dinâmica colectiva da equipa) e o recém-recuperado Fresneda (substituiu Esgaio aos 85' sem mostrar ainda os atributos que terão levado à sua contratação).
Não gostei que tivéssemos desperdiçado pelo menos quatro flagrantes oportunidades de golo, além do penálti que Gyökeres foi incapaz de concretizar. Em parte devido à competência do guarda-redes e do sector defensivo suíço, onde brilhou Amenda, "polícia" do nosso goleador. Daniel Bragança destacou-se neste capítulo menos positivo com duas perdidas escandalosas, aos 63' e aos 90'+4. Mas o maior falhanço - quase digno dos "apanhados" - foi de Edwards aos 45'+1, com a baliza escancarada e a dois metros da linha de golo. Servido de bandeja por Gyökeres, trocou infantilmente os pés e deixou a bola fugir.
Não gostei nada do golo que sofremos, aos 84', fixando o resultado final (1-1). De penálti, a punir falta cometida por Edwards em trabalho defensivo, num lance que estava controlado e em que a bola aparentemente até se encaminhava sem perigo para a linha de fundo. Os suíços conseguiram assim empatar sem terem construído uma só oportunidade de golo em lance corrido numa partida em que, excepto naquele momento, voltámos a demonstrar muita consistência defensiva - com merecido destaque para Diomande, que não jogava de verde e branco desde 30 de Dezembro e regressou em boa forma do Campeonato Africano das Nações, ao serviço da Costa do Marfim, vencedora da prova.
Gostei muito de mais uma vitória do Sporting - a vigésima sétima, em 34 jogos oficiais já disputados na temporada. Este não foi um triunfo menor, longe disso: derrotámos sem espinhas o líder do campeonato suíço, Young Boys, em desafio disputado em Berna. Viemos da capital suíça com motivos redobrados para sentir orgulho destes jogadores e desta equipa técnica: ganhámos 1-3, fomos sempre superiores, tivemos sempre o jogo controlado e beneficiámos da presença de milhares de adeptos das nossas cores, designadamente emigrantes portugueses que ali vivem. A certa altura as vozes deles ouviam-se com mais nitidez do que as dos suíços. Excelente perspectiva, portanto, para rumarmos aos oitavos-de-final da Liga Europa após esta ronda de qualificação em duas etapas: a próxima será disputada no dia 22 em Alvalade. A vantagem é toda nossa, ao contrário do que grasnavam algumas aves agoirentas.
Gostei de Gyökeres, para não variar. Figura dominante do encontro, imprescindível no onze titular, astro maior deste Sporting 2023/2024. Fez a cabeça em água à turma suíça, desorganizando-a com os seus raides rapidíssimos rumo à baliza adversária - muitos dos quais travados com falta. Só à conta dele, dois jogadores do Young Boys foram amarelados. Foi ele a marcar aos 41' o segundo golo, de penálti, castigando falta cometida pelo guarda-redes sobre Edwards: tem já 28 marcados em 30 jogos, média impressionante. Gostei da sorte que nos acompanhou no golo inicial, aos 31', marcado na própria baliza por um central da equipa visitada. E mais ainda do terceiro golo, apontado de cabeça por Gonçalo Inácio, aos 48', impondo-se no jogo aéreo na sequência de um canto superiormente marcado por Pedro Gonçalves. Gostei ainda de ver quatro jogadores oriundos da formação leonina no onze titular: Gonçalo, Esgaio, Eduardo Quaresma e Daniel Bragança. E de duas estreias absolutas não apenas em competições internacionais pelo Sporting mas na nossa própria equipa principal: o médio Koba, recém-contratado ao Estoril, e o jovem avançado (18 anos) Rafael Nel, outro produto da Academia de Alcochete. Entraram ambos aos 84' e causaram boa impressão.
Gostei pouco que este jogo se tivesse disputado em relvado sintético, que costuma ser mais propício a lesões. Foi um aspecto que nos desfavoreceu perante os suíços, muito mais habituados a jogar nessas condições. Mas valha a verdade: isto não afectou o rendimento da nossa equipa, nem atemorizou os jogadores leoninos que já sofreram lesões muito graves, como Nuno Santos e Daniel Bragança. Teste superado com boa nota também nisto.
Não gostei do golo que sofremos, aos 42'. No minuto imediatamente a seguir à marcação do nosso segundo. Esgaio perdeu a bola para além do grande círculo e ali ficou, desposicionado e estático, enquanto os adversários progrediam em ataque rápido rumo à nossa baliza. Daniel não conseguiu fechar por dentro e o extremo esquerdo centrou sem oposição para a grande área, onde da floresta de pernas emergiu uma bola disparada à queima-roupa que Adán não conseguiu travar. Assim surgiu o 1-2, resultado que se registava ao intervalo. Também não gostei que Pedro Gonçalves tivesse visto embater no poste uma bola muito bem colocada que havia rematado bem ao seu jeito, após primoroso passe de Gyökeres. Aconteceu ao minuto 55: só não foi golo porque o guardião conseguiu desviá-la com a ponta dos dedos, encaminhando-a para o ferro. O nosso n.º 8 tinha merecido este golo.
Não gostei nada das sucessivas faltas cometidas pela equipa anfitriã, visando sobretudo Gyökeres: foram 21, novo máximo estabelecido nesta edição da Liga Europa - contra apenas duas do Sporting, novo recorde mínimo na mesma competição. O árbitro francês foi aplicando critério largo, seguindo as instruções da UEFA, que desaconselha contínuas interrupções e manda fechar os olhos às chamadas faltinhas, omnipresentes no futebol português, onde se apita a torto e a direito e o tempo útil de jogo é dos mais baixos da Europa. Mas os do Young Boys abusaram da agressividade. De tal maneira que um deles, Camará, acabou por receber segundo amarelo e consequente vermelho, sendo expulso aos 88'. Decisão acertada, sem contestação.
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