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És a nossa Fé!

Boa-Morte, Roberto. Deovany Quenda.

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Todos nós já passámos por situações onde não somos queridos.

Somos convidados mas depois ninguém fala connosco, ficamos à parte, isolados, talvez porque o nosso cabelo é diferente, talvez porque os nossos lábios não são finos, talvez porque nascemos noutro continente.

Porque há grupos, porque os meninos maiores, os meninos mais velhos, fazem velhacarias aos meninos menores.

Não tenho nenhuma informação sobre o que se passa no interior da selecção portuguesa mas vejo, oiço e leio. O que terá sentido o jogador do Chelsea que foi escorraçado de Londres para Milão ao saber que o seu (dele) clube contratou um miúdo de 17 anos para o seu (dele) lugar? Será pacífica a relação entre o jogador, suplente, de um clube do meio da tabela, em Itália e o jogador titularíssimo do Campeão português? IMG_20250325_144352.jpg

Às vezes temos de escolher o que é melhor para nós.

A Federação Portuguesa de Futebol, arcebispo, bispos, padres e acólitos não contam com Quenda. Foi chamado uma vez, duas vezes, três vezes, nunca prestou, nunca serviu.

Talvez seja melhor ser um Deus, Deovany para a Guiné-Bissau que um coroinha que nem serve para ajudar à missa na república portuguesa.

A nossa Pátria será onde trabalhamos ou onde nascemos?

Acredito que Geonany Quenda será bem aconselhado e fará a escolha certa (gostaria que o Sporting Clube de Portugal o apoiasse na decisão) entre ser um eterno convocado na selecção portuguesa, ontem n' A Bola, Rogério Azevedo, aconselhava Quenda a ter calma "Fonte só se estreou com mais de 30 anos" (p.31), sem nunca jogar ou optar por levar a Guiné-Bissau, pela primeira vez na História ao Mundial de 2026, a decisão é dele.

Leitura complementar:

Quenda, o leão Balanta

Quenda: o nosso segundo melhor negócio

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Os 74,3 milhões de euros que o Sporting se prepara para receber pelas saídas de Quenda (17 anos) e Dário Essugo (20 anos), ambos para o Chelsea, configuram uma das melhores receitas da história leonina.

Cerca de 52,1 milhões pelo nosso ala, 22,2 milhões pelo médio - que vem jogando no Las Palmas, a título de empréstimo. 

Quenda - lançado ainda por Ruben Amorim no onze leonino, onde não tardou a destacar-se, conquistando os adeptos - tem uma vantagem suplementar: vai continuar na próxima temporada ao serviço do Sporting, já emprestado pelo clube londrino, que lhe garante o pagamento do salário. Excelente notícia.

Estamos perante o segundo melhor negócio alguma vez fechado no futebol verde-e-branco. A escassa distância do primeiro. Bruno Fernandes saiu por valor mais elevado (65 milhões de euros), mas tinha custado 9 milhões à SAD leonina em Junho de 2017.  

Quenda entra directamente para o pódio, na segunda posição. Custos, só os da formação.

 

Segue-se Ugarte, que saiu para o PSG por 60 milhões - mas o Sporting tinha apenas 80% do passe dele, recebendo portanto cerca de 48 milhões.

E depois?

Matheus Nunes (Wolverhampton), Porro (Tottenham) e Nuno Mendes (PSG), todos por 45 milhões de euros.

Anos antes tinham saído João Mário por 40 milhões (Inter de Milão), Slimani por 31 milhões (Leicester), Nani por 25,5 milhões (Manchester United) e Adrien igualmente por 25,5 (também para o Leicester).

A lista dos "doze mais" encerra com Gelson Martins (transferido para o Atlético de Madrid por 22,5 milhões) e agora Dário.

 

Uma curiosidade: dois terços destes futebolistas são fruto da nossa formação - a melhor de Portugal e uma das melhores do mundo. 

Outra: oito foram negociados durante o mandato presidencial de Frederico Varandas. Três (João Mário, Slimani e Adrien) são da era Bruno de Carvalho e há um (Nani) ainda do consulado de Filipe Soares Franco.

Há quem não goste? Paciência: as coisas são o que são.

Rescaldo do jogo de anteontem

 
 

Gostei

 

De outra vitória do Sporting. Terceiro triunfo consecutivo leonino sob o comando de Rui Borges, o que acontece pela primeira vez desde a chegada do actual técnico, no final de Dezembro. Como anfitriões, acabamos vencemos anteontem o Famalicão por 3-1, marca igual à do nosso anterior triunfo frente ao Casa Pia. Na senda do desafio em que eliminámos o Gil Vicente em Barcelos nos quartos-de-final da Taça de Portugal e da vitória sobre o Estoril em casa, para o campeonato. Caso mesmo para dizer: o Sporting soma e segue.

 

De começar a ganhar muito cedo. Bastaram 61 segundos para a metermos lá dentro, logo no nosso primeiro lance de ataque. Proeza de Fresneda, que abriu o activo em Famalicão como se fosse ponta-de-lança. Projectado na ala, graças ao 3-4-3 retomado há um mês por Rui Borges, funcionou como saca-rolhas num desafio que muitos anteviam ser complicado. Afinal não foi, em boa parte graças ao defesa espanhol, que ganhou vida em Alvalade com a chegada do actual treinador. Já leva três golos marcados. É bem provável que não pare aqui.

 

De Gyökeres. Começa a tornar-se monótono: voltou a ser o melhor em campo. Com as suas arrancadas que suscitam aplauso unânime, o sueco pôs os adeptos em delírio encostando a turma minhota às cordas. Outro golo marcado - de penálti, o décimo neste campeonato, sem menor hipótese para o guarda-redes Carevic. Aconteceu aos 64', desfazendo o empate que subsistia desde o minuto 35. E foram também dele os passes para os restantes golos: o primeiro, ainda no minuto inicial do desafio, cruzando a partir da esquerda para Fresneda, e o terceiro, aos 88', oferecendo-o de bandeja a partir da direita para Geny. Números extraordinários: 28 golos nesta Liga, 40 no conjunto das competições, 49 contando com os que já apontou na selecção sueca. Desde Peyroteo, há 78 anos, que o Sporting não tinha um jogador a apontar 40 ou mais golos em duas temporadas consecutiva. Viktor é o maior: ainda está connosco e já temos saudades dele.

 

De Quenda. Alguns imaginariam vê-lo mais contido, agora que acaba de ver o seu passe adquirido pelo Chelsea, naquele que é talvez o mais lucrativo negócio de sempre do Sporting. Puro engano: foi um dos mais activos, dos mais acutilantes, dos que souberam criar mais desequilíbrios até ser rendido, aos 90'+2, numa substituição destinada sobretudo a ouvir aplausos. Bem merecidos. Forçou Carevic à defesa da noite, aos 55', num remate colocadíssimo que levava selo de golo e acabou por embater no ferro já depois da intervenção do guarda-redes. Serviu muito bem Morita (25'), Gyökeres (62' e 67') e Maxi Araújo (68'). Sempre em jogo, melhor sobretudo nas movimentações no corredor direito.

 

De Rui Silva. Outro excelente desempenho: já se tornou num dos pilares da equipa. Boas defesas aos 17' e aos 29', travando remates de Gustavo Sá. Intervenção decisiva aos 86', negando o golo a Sorriso em remate rasteiro e com ressaltos na relva. Veio para ficar.

 

Da nossa segunda parte. Domínio absoluto do Sporting, com vários momentos de puro brilhantismo, com cinco (e às vezes seis) envolvidos na manobra ofensiva. Com os regressos dos lesionados Gyökeres, Morten, Morita e Geny, a equipa recuperou a plena alegria de jogar. É, sem dúvida, a melhor do campeonato em curso. 

 

De Rui Borges. Muito bem novamente a ler o jogo. Fez a mudança que se impunha à hora do jogo, retirando Fresneda por troca com Geny, remetendo o moçambicano à ala esquerda e deslocando Quenda para a direita. Assim pressionámos ainda mais a saída de bola do Famalicão e mesmo a jogar só com dez a partir da expulsão de Maxi Araújo nunca deixámos de manter o domínio da partida. O que se concretizou no terceiro golo, culminando a melhor jogada colectiva do encontro com intervenções de Morten, Trincão, Gyökeres e Geny, que fuzilou as redes e fez as bancadas explodir de alegria, indiferentes à chuva forte que não cessou de cair.

 

De já termos actuado quase com o melhor onze. Faltou Gonçalo Inácio, a cumprir castigo. E falta recuperar Pedro Gonçalves: todos desejamos que o seu regresso esteja para muito breve, logo após esta paragem para jogos das selecções.

 

Do Famalicão. Apresentou-se em Alvalade com uma equipa compacta e organizada, trocando bem a bola e pecando apenas na finalização. O melhor deles é sem dúvida o jovem médio Gustavo Sá, internacional sub-21. Tem apenas 20 anos e já vale 10 milhões de euros, segundo o Transfermarkt. Confesso que não me importaria nada de o ver no plantel leonino.

 

Da nossa liderança reforçada. Continuamos isolados em primeiro. Com 62 pontos. Conseguimos 19 vitórias nestas 26 rondas. Só faltam oito para concretizarmos o maior sonho: a conquista do bicampeonato que nos foge há 74 anos.

 

 

Não gostei

 

Do penálti de Diomande. O jovem central marfinense tem inegável qualidade, mas precisa de corrigir com urgência o seu posicionamento dentro da área. Num lance inofensivo, saltou à bola atingindo Sejk na nuca com o cotovelo. Penálti sem discussão: Aranda converteu-a aos 35'. Assim fomos para o intervalo, empatados 1-1. Sabia a pouco. Naturalmente, instalou-se o nervosismo nas bancadas. Não havia necessidade.

 

Do cartão exibido a Morten. O capitão protestou junto do árbitro de forma demasiado exuberante, gesticulando muito, o que lhe valeu um amarelo aos 38'. Não poderemos contar com ele na próxima jornada, frente ao Estrela da Amadora.

 

De Maxi Araújo. É ele a ganhar aos 62' o penálti que viria a ser convertido por Gyökeres dois minutos depois. Mas não merece nota positiva. Falhou dois golos cantados, aos 45' e aos 45'+3. E fez-se expulsar, sem margem para dúvida, ao calcar de sola o calcanhar de Gustavo Sá em zona livre de perigo. Viu vermelho directo aos 80', forçando o Sporting a jogar 18 minutos com menos um. Outra baixa para o próximo jogo.

 

Do árbitro Miguel Nogueira. Não respeitou elementares regras de equidade, faltando-lhe acção disciplinar sobre os centrais do Famalicão, que placaram Gyökeres confundindo futebol com luta livre. E fez vista grossa a um derrube de Maxi, aos 13', por Rodrigo Pinheiro: ficou um penálti por marcar.

Se não fosse assim

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Começo pelo princípio: Fresneda. Marcou mais um, demonstrando-me que é mais jogador do que aquilo que eu por aqui fui dizendo a seu respeito. Pode não ser grande espingarda a defender, que não é, mas na ala direita tem feito muito boa figura. Mérito dele e de Rui Borges, que lhe sabe retirar o que pode dar.

Dez minutos iniciais de serenata, à chuva da depressão Laurence, que soou depois a desafinada até final da primeira parte, ou não fosse karma dos sportinguistas verem aquilo que se prevê fácil, acabar num cabo de trabalhos e verem sempre em campo menos um jogador. Hoje mais uma vez calhou a Trincão, que demonstrou ter dois tijolos em vez de pés (se calhar por causa da cor das chuteiras) no lance do primeiro golo, fazer de ausente. Regressou, ainda que com cara de envergonhado, na segunda parte, a tempo de fazer uma pré-assistência para o terceiro, a única coisa de jeito que fez em todo o jogo, já depois de estarmos a jogar com nove, após expulsão, mais uma estúpida, de Maxi e da entrada de Esgaio. A meio do caminho, ainda tivemos que levar com mais uma infantilidade de Diomande, que cometeu mais um penalti daqueles que só a parvoíce leva a cometer. Há quem fale em dores de crescimento, eu falo em falta de foco, que vem sendo recorrente. A rever, com alguma urgência nesta paragem se ele não for para a selecção do seu país.

Na segunda parte, as coisas correram bem melhor, Quenda abriu o livro, finalmente, ele que fez tudo na ala direita, o meio campo começou a ter bola, deixou de ser bola na frente e fé em Gyokeres, que, já agora, levou a biblioteca toda e distribuiu cultura em doses industriais, que lhe deram para duas assistências e o picar do ponto da ordem.

E terminou este match de football com uma vitória por três bolas a uma, que poderia ter chegado mais cedo, que sumo para isso foi bastamente espremido e esbanjado, que o redes deles defendeu que se fartou. Quem também demonstrou que a sua contratação foi um tiro certeiro foi Rui Silva, que veio fazer jus à frase "finalmente temos um guarda-redes" e ele hoje numa altura em que os famalicences estavam a arrebitar cabelo, puxou dos galões e demosntrou que se o careca espanhol precisar dele para a baliza, pode contar com classe entre os postes.

Mas claro, se não fose assim, não seria o Sporting. Sofrer é o nosso karma e é para isso que teremos que estar preparados nas oito finais que faltam até este campeonato se finar, isto se os outros não encostarem por aí num campo qualquer, ele às vezes há coisas e mesmo com os MIB (Man In Black) a espaldar qualquer falta de jeito, engenho e capacidade físico-motora, pode ser que a coisa seja mais folgada, a ver vamos como dizia um ceguinho que fazia vida no Metro de Lisboa e "batia" o mercado de Tomar à Sexta-feira, com a frase que ficou para a posterioridade: "Auxiliai o ceguinho". E eu seja ceguinho, salvo seja, se isto não vai acabar em bem, mesmo com toda a tendência dos nossos rapazes para nos colocarem à prova o nosso coração.

Agora é para descansar e para o treinador treinar alguma coisa, pelo menos com a meia-dúzia que fica em casa que isto a bem dizer, temos quatro na selecção nacional, um na da Suécia, outro na da Bélgica, outro na da Costa do Marfim, outro na de Moçambique, outro na do Japão, outro na da Dinamarca e possivelmente dois na do Uruguai. Sabem o que vos digo? Fora o panzer que já tomou da poção mágica novamente, os outros podem nem sequer jogar, que eu não me importo nadinha.

 

A foto é de José Sena Goulão/LUSA

Quenda e Essugo no Chelsea

Aparentemente o Sporting vai encaixar mais de 70M€ com a venda de dois jovens formados em Alcochete para o Chelsea, ainda com a garantia de poder contar com Quenda na próxima época.

São apenas mais dois desde o assalto a Alcochete e da fuga de Rafael Leão e Gelson Martins, numa lista que inclui Thierry Correia, Nuno Mendes, Tiago Tomás, Chermiti, Renato Veiga e Mateus Fernandes, correspondente a um encaixe de cerca de 200M€.

E a lista não ficará por aqui. Além de Gonçalo Inácio que se vai mantendo no clube, como Quenda temos mais quatro vice-campeões da Europa a chegar à equipa A, João Simões e Eduardo Felicíssimo entre eles.

Sempre de acordo com jogadores e respectivos empresários e familiares, sempre sem fugas, braços de ferro, peixeiradas ou queixas na FIFA. 

Daqui a uns anos, a selecção nacional voltará a ser dominada pelos ex-Alcochete como o foi em França. 

Alguns pensam que nos dias de hoje ainda é possível amarrar o jogador ao clube e fazer dele mercadoria. Que os empresários não contam, a vontade dos jogadores também não, é como o clube quer e ponto. Mesmo com regras FIFA que impõem durações máximas aos contratos de menores como Quenda.

Em vez disso, cada jogador no momento actual é uma empresa com objectivos a cumprir e accionistas a satisfazer. Como Jorge Mendes, que põe e dispõe em muitos clubes e controla muita coisa, a começar pelo catalão que é seleccionador de Portugal.

O que o Sporting tem de fazer com Quenda e todos os outros é chegar ao melhor acordo para todos, ao "win-win". E este parece ser. O que não seria mesmo é deixá-lo sair a custo zero em 2027... Não seria o primeiro.

Além disso, importa realçar a força da marca Academia Cristiano Ronaldo de Alcochete, que produz de forma certificada e premiada internacionalmente jogadores de excelência que interessam aos maiores clubes da Europa. Como interessou o próprio Cristiano Ronaldo a seu tempo.

A academia continua no mesmo sítio (apesar dum ex-presidente se queixar da proximidade das vacas e a querer levá-la para perto de Alvalade), muito mudou entretanto em todos os termos, mas continua a existir uma linha de continuidade entre o artesanato e a fábrica, e essa é o mestre Aurélio Pereira.

SL

Quenda quebra-cabeças

Quanto ao resto, já se sabe. Não são lesões, bancos de suplentes ou erros que impedem a convocatória para a seleção. Só admira que Martinez vá ver jogos, se mesmo sem eles, decide as suas listas. Mas venho aqui escrever sobre Quenda e a dor de cabeça que deve estar a dar ao espanhol. Quenda parece que já é jogador do Chelsea, mas ficará mais um ano (e o resto da época) em Alvalade. O que fará o treinador? Trata-o como leão e dá-lhe entre 0 e 5 minutos por jogo ou já o verá como azul e dá-lhe a titularidade?

Clássico emotivo e empolgante até ao fim

FC Porto, 1 - Sporting, 1

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Fresneda eufórico no estádio do Dragão: decorria o minuto 42, acabara de marcar ao Porto

Foto: José Coelho / EPA

 

Foi um clássico emotivo e empolgante, do primeiro ao último minuto. Um clássico com duas partes muito distintas. Na primeira com domínio do Sporting, que silenciou o público do Dragão aos 42', quando Fresneda a meteu lá dentro. Lateral dextro rematando de pé canhoto, como ponta-de-lança improvisado, sem marcação visível, com Quenda a servi-lo no mais belo lance individual do desafio.

Instalava-se o nervosismo nas bancadas portistas. Era caso para isso: o Sporting vencia ao intervalo, o Porto não conseguira melhor do que um remate de Eustáquio que embateu no ferro. Brinde de Gonçalo Inácio que podia ter-nos custado caro.

 

Vale a pena assinalar que este era um Sporting com remendos. Além das ausências de Nuno Santos e Pedro Gonçalves, lesionados de longa duração, também não pudemos contar com Geny, igualmente lesionado. Enquanto Morita e Gyökeres, já recuperados mas longe da forma ideal, se sentavam no banco e de lá só saíram ao minuto 69.

Para agravar a questão, aos 23' ficámos com outro futebolista fora de combate: João Simões saiu em lágrimas, com lesão traumática, após choque violento com Eustáquio, oito minutos antes. Foi assistido, ainda tentou retomar a partida, mas não conseguiu. Teve de ser substituído à pressão por Debast, central direito adaptado a médio-centro.

Andamos assim: tapa-se de um lado, destapa-se de outro. Rui Borges continua a aparentar calma. Mas a tarefa dele está longe de ser fácil.

 

Tudo isto ajuda a explicar o motivo por que a nossa equipa se retraiu no segundo tempo, abandonou a intensa pressão ofensiva dos 45 minutos essenciais e começou a recuar linhas, talvez em excesso, concedendo iniciativa ao adversário.

O Porto, vendo-se a perder e sentindo os adeptos à beira de um ataque de nervos, atirou-se para a frente quase em desespero. Ao ponto de o novo treinador, Anselmi, ter desfeito a linha dos três centrais e ordenado aos jogadores para avançarem no terreno. A ausência de Gyökeres facilitou-lhes a tarefa. Harder é combativo, mas não ataca a profundidade com a mesma intensidade do craque sueco.

O técnico leonino esperou demasiado a mexer no onze, para além da alteração forçada do primeiro tempo. Percebeu-se porquê quando Viktor e Morita entraram, acusando falta de ritmo competitivo: nenhum deles esteve à altura do que já nos habituou. Mesmo assim o ponta-de-lança ofereceu o golo a Quenda aos 70', infelizmente sem resultado: bastou-lhe um minuto em campo para dar nas vistas. Mas o seu primeiro remate digno desse nome só aconteceu aos 90'+3: levava força, mas foi à figura. Diogo Costa defendeu sem dificuldade.

Entre os nossos postes brilhou Rui Silva, aos 68', voando para impedir um cabeceamento de Pepê. Acabaram-se as dúvidas: temos mesmo reforço na baliza.

 

Houve muita pressão nervosa nos minutos finais. O Sporting mostrava-se compacto e competente a defender, o Porto tentava explorar todas as vias de acesso à nossa baliza, destacando-se o jovem Rodrigo Mora, sem dúvida um talento equivalente ao nosso Quenda.

Aos 90' mantinha-se o 0-1. Que só se desfez quando faltava cumprir minuto e meio do tempo extra concedido pelo árbitro. Samu cruzou sem pressão, colocado em jogo por Diomande, e à boca da baliza surgiu Damaso - que Gonçalo Inácio deixou movimentar-se à vontade - metendo-a lá dentro. Rui Silva nada pôde fazer aqui.

 

Mas nos instantes seguintes poderia ter havido nova reviravolta. Com energia inesgotável, em novo lance individual, Quenda infiltrou-se na área portista e acabou derrubado por Zé Pedro em tacle deslizante. O defesa azul e branco tocou na bola, mas derrubou o jovem extremo leonino. Era lance para vídeo-árbitro, mas o VAR Tiago Martins não deu sinal de vida e João Pinheiro deixou passar.

Critério largo? Nem por isso. Logo a seguir "avermelhou" dois dos nossos. Matheus Reis com dois amarelos por protestos com escassos segundos de intervalo, algo pouco compreensível. E Diomande por ter encostado a cabeça a Fábio Vieira numa picardia entre ambos com o portista a atirar-se para o chão como se tivesse fractura exposta.

Maneira feia de terminar um clássico que teve lances bonitos. Mantemos oito pontos de vantagem sobre o Porto - que serão nove para eventuais efeitos de desempate. Mas Rui Borges tem a certeza antecipada de ter dois jogadores a menos no próximo desafio, contra o Arouca. E poderão ser três caso João Simões não recupere até lá.

 

Breve análise dos jogadores:

Rui Silva (6) - Seguro na baliza, excepto num lance em que Samu o apanhou adiantado e quase marcava de chapéu. Enorme defesa aos 68'. Bom jogo de pés.

Fresneda (6) - Brilhou pelo segundo jogo consecutivo ao marcar novamente à ponta-de-lança. O golo valeu-nos um ponto. Quebrou fisicamente a partir dos 60'. 

Diomande (5) - Esteve muito bem durante quase todo o jogo. Impôs-se na defesa, em diversos cortes. Claudicou no golo portista e viu um vermelho escusado a segundos do fim.

Gonçalo Inácio (4) - Exibição oscilante. Desconcentrado, entregou a bola aos 27': quase nos custou um golo. E deu margem de manobra para Namaso marcar aos 90'+4.

Maxi Araújo (6) - Articulou-se bem com Quenda no corredor esquerdo: teve ponto alto no lance do nosso golo, iniciado por ele. Bom corte aos 74'. Saiu esgotado.

Morten (7) - Pendular, como já nos habituou. É ele a controlar e pautar o nosso jogo, tanto ofensivo como defensivo. O primeiro remate com perigo, de cabeça, foi dele logo aos 4'.

João Simões (4) - Azarado. Estava a combinar bem com Morten no meio-campo quando se lesionou após choque com Eustáquio. Saiu em lágrimas.

Daniel Bragança (4). Muito apagado. Longe da influência no plano táctico e da robustez no plano físico que as suas movimentações como médio ofensivo exigem.

Trincão (6) - Tentou o golo aos 35': saiu ligeiramente ao lado. Construiu para Harder marcar, aos 52'. Foi o melhor que fez. Mas soube trabalhar para a equipa, à frente e atrás.

Quenda (8) - Lance de génio em progressão, sentando três portistas. Daí resultou o passe para golo. Podia ter marcado no último lance quando foi rasteirado na área. Melhor em campo.

Harder (5) - Fez o que pôde, mas foi insuficiente. Falhou o golo aos 52'. Esteve mais perto de marcar aos 57', após canto apontado por Quenda, mas também sem conseguir. 

Debast (5) - Entrou aos 23', rendendo João Simões. Numa posição em que não está rotinado. Cumpriu os mínimos, sem brilho. Faltou-lhe dinâmica a complementar Morten.

Gyökeres (6) - Só saltou do banco aos 69', substituindo Harder. Mais acutilante, logo a seguir ofereceu golo a Quenda. Remate forte aos 90'+3. Derrubado por Djaló na área em lance duvidoso.

Morita (5) - Substituiu Bragança aos 69'. Contribuiu para fechar o corredor central, mas percebe-se que está longe do fulgor físico que evidenciava antes da lesão mais recente.

Matheus Reis (3) - Entrou aos 86, substituindo Maxi Araújo. Perdeu a cabeça nos instantes finais, protestando sem parar, o que lhe valeu dois amarelos e a expulsão. Fica fora do próximo jogo.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

De impor ao FC Porto um empate no Dragão. Quando faltava um minuto e meio para o apito final vencíamos por 1-0. 

 

De ampliar a distância para a turma portista. Antes deste clássico tínhamos oito pontos de vantagem sobre o FCP, actual terceiro na classificação. Continuamos assim, mas na prática levamos agora nove pontos de avanço, pois no confronto directo eles ficam a perder connosco. Em Alvalade, vencemos 2-0. Lá, ontem à noite, registou-se empate (1-1). Resultado mais positivo para nós do que para os da freguesia da Campanhã, naturalmente.

 

De Quenda. Melhor em campo, confirmando-se como o grande desequilibrador da nossa equipa. Aos 42' protagonizou um lance genial, junto à linha esquerda, deixando sucessivamente para trás João Mário, Zé Pedro e Neuhén, impotentes para o travar. Foi à linha final e cruzou com precisão para a grande área, oferecendo a oportunidade que Fresneda não desperdiçou. Sempre envolvido no compromisso defensivo sem nunca desperdiçar uma oportunidade de contra-ataque. Podia ter marcado no minuto final: ia embalado para a baliza quando Zé Pedro o ceifou em zona proibida, ficando impune.

 

De Fresneda. Quando o nosso grande goleador não está, improvisa-se outro. Por vezes o mais inesperado. Pela segunda jornada consecutiva o jovem lateral espanhol faz a diferença passando de defesa direito a ponta-de-lança. Foi assim que apareceu na área aos 42', aproveitando da melhor maneira a oferta de Quenda. Remate sem preparação, de pé esquerdo, sem hipóteses para Diogo Costa. Assim fixou o resultado ao intervalo: 1-0. E até já se exprime num português quase fluente, como demonstrou nas declarações após o jogo. Confirma-se: deixou de ser peça descartável no plantel leonino.

 

De Morten. Parece estar em todo o lado. Incansável, infatigável. Toda a construção ofensiva passou por ele. Fundamental também no trabalho sem bola, controlando as operações no plano táctico como prolongamento do treinador em campo. Oportuníssimo corte aos 45'+5, notáveis recuperações aos 74' e aos 75'. 

 

De Diomande até aos dois minutos finais. Impressionante, o seu domínio do terreno defensivo, sobretudo no jogo aéreo. Cortou tudo quanto havia para cortar numa alucinante sucessão de lances de elevado risco, sobretudo na segunda parte. Aos 54', 63', 82', 83', 89 e 90'+1. 

 

De uma excelente defesa de Rui Silva. Teste aos seus reflexos entre os postes superado: aos 68' voou para a esquerda impedindo um cabeceamento de Pepê que levava selo de golo. São momentos como este que definem os grandes guarda-redes. No golo sofrido, nada podia fazer.

 

De ver seis portugueses no onze titular. Foram estes: Rui Silva, Gonçalo Inácio, João Simões, Trincão, Daniel Bragança e Quenda. Há quem considere isto irrelevante. Não é o meu caso, como adepto do Sporting Clube de Portugal. 

 

De registar 51 pontos à 21.ª jornada. Superado outro obstáculo na rota do título. E na conquista do bicampeonato que nos foge há 74 anos. 

 

De Rui Borges. Empate em terreno sempre difícil após três triunfos consecutivos - contra Rio Ave, Nacional e Farense. Continua sem conhecer o sabor da derrota em partidas do campeonato. 

 

 

Não gostei

 

Do empate consentido quando só faltava minuto e meio para o fim do jogo. Dois erros individuais perturbaram a dinâmica colectiva, retirando-nos dois pontos que já pareciam garantidos. Algo que se costuma pagar caro em alta competição. 

 

Da lesão de João Simões. Em cada jogo, perdemos um elemento do plantel. Desta vez foi logo aos 22': o jovem médio magoou-se seriamente num joelho em disputa de bola com Eustáquio. Ainda tentou prosseguir, mas três minutos depois sentou-se no chão, já em lágrimas: teve de ser substituído por Debast, central improvisado como médio de recurso. Não foi a mesma coisa. 

 

Das ausências iniciais de Gyökeres e Morita. Ambos ainda sem condição física para jogarem 90 minutos. Começaram sentados no banco, de onde só saltaram aos 69'. Naturalmente sem a influência revelada noutros desafios

 

De Gonçalo Inácio. É um central muito acima da média, mas tem inexplicáveis lapsos de concentração nos momentos mais inoportunos. Ontem, aos 27', ofereceu a bola a Samu, o que nos ia custando um golo de Eustáquio: felizmente a bola foi ao ferro. Aos 90'+4, quase à boca da baliza, permitiu que Namaso se movimentasse livre de marcação no golo do empate. 

 

De Harder. Não era a noite dele. Maxi Araújo ofereceu-lhe o golo aos 52', mas desaproveitou com um remate desajeitado, muito por cima. Cinco minutos depois, após pontapé de canto por Quenda, tentou dar o melhor caminho à bola em lance acrobático, sem conseguir. Teve estas duas hipóteses, sem concretizar nenhuma. Saiu aos 69', certamente frustrado. 

 

De Diomande nos dois minutos finais. É ele a pôr Samu em linha na jogada do golo portista. Depois, na baliza contrária, descontrolou-se em absoluto quando já estava amarelado cedendo às provocações de Fábio Vieira. Recebeu o segundo amarelo, foi expulso e falha o jogo contra o Arouca. Tornando ainda mais difícil a vida a Rui Borges.

 

De Matheus Reis. Rendeu um esgotado Maxi Araújo aos 86'. Mais valia não ter entrado. Excedeu-se em protestos aos 90'+6, acabando expulso. Outra baixa no desafio contra o Arouca. E não pode sequer invocar a extrema joventude como atenuante: já tem 29 anos.

 

De terminar só com nove em campo. Como se não bastassem as lesões prolongadas de Nuno Santos e Pedro Gonçalves, a lesão recente de Geny e a lesão de João Simões já no decurso do jogo, além de termos Morita e Gyökeres muito longe da melhor forma.

 

Da arbitragem. João Pinheiro abandonou o critério largo protagonizando um festival de cartões: começou por arbitrar "à inglesa", acabou por apitar à pior maneira tuga. O mais grave foi ter feito vista grossa a dois penáltis: um sobre Gyökeres, agarrado por Tiago Djaló em posição frontal à baliza, outro sobre Quenda, derrubado por Zé Pedro em lance que prometia golo. Culpas repartidas, em qualquer dos casos, com o vídeo-árbitro Tiago Martins. Um dos piores árbitros portugueses não se torna competente quando passa a VAR, longe disso - como estas situações comprovam.

A voz do leitor

«Em vários jogos importantes foi ele [Quenda[ o desbloqueador, seja em acções para golo (Man. City) ou em lances que geraram perigo e galvanizaram a equipa (FC Porto). É ainda muito novo e tem de melhorar a relação com a baliza e de arriscar mais o um para um. Será de certeza capaz de mais golos e mais assistências. Vamos ver se ainda no Sporting.»

 

Luís Ferreira, neste meu texto 

Seguimos em frente

Missão cumprida: em noite muito chuvosa no nosso estádio, recebemos o Bolonha e empatámos (1-1). A equipa italiana cai fora, nós seguimos em frente na Liga dos Campeões.

Mesmo sem Gyökeres nem Morita, titulares absolutos. Mesmo com mais um lesionado - desta vez Debast, forçado a abandonar a partida aos 62'.

 

Rui Borges leu bem o jogo, em que perdíamos ao intervalo. Do banco saíram dois dos três jogadores que fizeram a diferença, construindo o empate: Quenda e João Simões. O terceiro - e decisivo - foi Harder, que a meteu lá dentro aos 77'. Em carambola, às três pancadas, mas a nota artística pouco interessa.

O importante é que entrou.

Mais um obstáculo ultrapassado. 

 

Ficámos em 23.º lugar, logo abaixo do poderoso Manchester City.

Iremos agora defrontar Atalanta ou Borussia Dortmund no play off de acesso à próxima etapa da prova milionária.

Confiamos nos jogadores e na equipa técnica? Claro que sim.

Equipa com rija têmpera transmontana

Rio Ave, 0 - Sporting, 3

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Harder e Morten celebram vitória contra o Rio Ave, que não perdia em casa há 15 meses

Foto: Emanuel Fernando Araújo / EPA

 

As notícias sobre a crise de resultados no Sporting e o estado anímico dos nossos jogadores eram francamente exageradas. É verdade que houve um período para esquecer: 44 dias sobre o (des)comando do impreparado João Pereira, agora justamente devolvido ao lugar de origem: a equipa B. Perdemos oito pontos nesse interregno de má memória. Mas a liderança só deixou de ser nossa numa fugaz semana, coincidindo com o Natal. 

Com Rui Borges, tudo voltou aos trilhos. Retomámos o comando, isolados. Levamos três pontos de avanço sobre o Benfica e quatro sobre o FC Porto, equipas que já vencemos em Alvalade. E mantemos incólume o sonho do bicampeonato que nos foge há 74 anos. 

É verdade que a preocupante vaga de lesões vai prosseguindo. O mais recente jogador forçado a parar com queixas musculares é Eduardo Quaresma, que desta vez nem figurou na lista de convocados para o desafio de Vila do Conde. Mas o treinador mantém-se imperturbável, dizendo-se sempre «mais focado na solução» do que no problema.

Muitos adeptos sportinguistas, sempre com os nervos em franja, deviam aprender com ele.

 

Anteontem exibimos classe no Estádio dos Arcos. Perante um adversário que costuma fazer a vida muito difícil a todas as equipas visitantes. Basta saber que não perdiam ali há 15 meses: 20 jogos consecutivos sempre invictos. No campeonato anterior, o Sporting arrancou lá um empate com muita dificuldade: 3-3.

Afinal foi um dos nossos jogos mais fáceis. Dominámos de tal maneira, com pressão intensa desde a saída da baliza adversária e sobre o portador da bola, que os rioavistas não tiveram uma só oportunidade de golo. Mais: não fizeram sequer um remate.

Entre os postes, do nosso lado, estreava-se o guarda-redes internacional Rui Silva, recém-contratado ao Bétis. Mostrou saber jogar com os pés e exibiu segurança, mas não chegou a ser posto à prova.

Esta não foi a única novidade que o treinador introduziu no onze. Retirou Gyökeres, remetido ao banco como precaução contra a fadiga muscular. Trocou St. Juste pelo regressado Gonçalo Inácio, recuperado após um mês de paragem: canhoto, é ele o titular natural como central do lado esquerdo. E experimentou Debast como médio interior, em inédita parceria com Morten. Resultou.

 

A história do jogo acaba por ser a história dos golos. Dos que entraram e dos que só foram evitados devido a uma exibição do outro mundo do guardião do Rio Ave, o polaco Miszta. Foi ele a travar um duelo intenso com vários dos nossos jogadores, vencendo-os quase todos. Que o diga Harder, sempre inconformado: tentou, tentou, tentou, mas não conseguiu metê-la lá dentro. Aos 10', 39', 58', 67' e 69'. Tal como Trincão num pontapé de ressaca, aos 70'. E Morten por duas vezes, aos 11' e aos 60'.

No entanto, o improvável herói do jogo não foi capaz de impedir que ela trepassasse três vezes a baliza à sua guarda. 

A primeira, traído por autogolo do seu colega de equipa Anderllan Santos. Aconteceu logo aos 3', dando o mote para o que seria a partida. Outro central, o argentino Petrasso, cometeu penálti em lance de insistência de Harder. O vídeo-árbitro Vasco Santos alertou, o árbitro Luís Godinho validou. Chamado a converter, Morten não vacilou: aos 23' vencíamos 2-0. E assim chegámos ao intervalo.

 

No recomeço, ao contrário do que sucedeu em Guimarães, a equipa não abrandou o ritmo, não afrouxou o passo, não concedeu iniciativa ao adversário. Continuou a jogar em posse, vencendo sucessivos duelos individuais, procurando sempre o caminho mais curto para a baliza rioavista. Com notável acerto dos corredores laterais - sobretudo o esquerdo, confiado a Maxi Araújo e Quenda. O extremo-esquerdo, com apenas 17 anos, espalhou magia no relvado. Foi, claramente, o melhor dos nossos. No drible, no passe, na mudança de velocidade, no espírito de grupo que tão bem personifica. Só lhe faltou o golo, que quase aconteceu aos 38', num remate cruzado: a bola embateu no ferro.

Rui Borges fez algumas mudanças, todas resultaram. Debast, já fatigado, deu lugar a João Simões aos 68'. O reaparecido Daniel Bragança substituiu Geny aos 81' e, em simultâneo, saía Harder para entrar Gyökeres.

Nem de propósito. Num rápido e acutilante lance ofensivo, Daniel assistiu e Viktor marcou, fixando o resultado aos 88'. Nem assim o sueco se conformou: aos 90'+2 ainda levou a bola a embater no poste.

 

Não há melhor tónico do que a vitória.

E nada melhor para isso do que jogar bem, sem complicar, à imagem e semelhança do nosso técnico, um dos mais tranquilos treinador da Liga portuguesa. Alguém que não se queixa - nem das arbitragens, nem das lesões, nem da chuva ou do vento.

Rija têmpera de transmontano que contagia a equipa. Nem parece a mesma que perdeu contra Santa Clara e Moreirense no tal interregno que nenhum de nós quer recordar.

 

Breve análise dos jogadores:

Rui Silva (5) - Estreia tranquila. A tal ponto que nem chegou a fazer uma defesa. Mas demonstrou segurança e bom jogo de pés, atributos que nos faziam falta entre os postes.

Fresneda (6) - Parece ter agarrado o lugar na lateral direita após duas contratações falhadas para o mesmo posto. Foi numa jogada de insistência dele que nasceu o primeiro golo.

Diomande (7) - Baluarte da nossa muralha defensiva. Cada vez mais acutilante também nos passes longos, bem colocados. Impõe o físico nos duelos individuais.

Gonçalo Inácio (7) - Voltou de lesão e desfez qualquer dúvida: será ele o titular como central à esquerda. Dos pés dele a bola saiu quase sempre bem direccionada, queimando linhas.

Maxi Araújo (7) - Domínio absoluto no nosso corredor esquerdo defensivo. Articulação perfeita com Quenda do meio-campo para a frente. Notável lance individual na grande área aos 52'.

Geny (5) - É um dos tecnicistas do plantel. Mas abusa do individualismo, mesmo quando tem colegas mais bem posicionados. Falha recorrente nele que voltou a demonstrar nesta partida.

Debast (7) - Inesperado joker no baralho do treinador: o central belga tornou-se influente médio-centro. Acorreu às dobras na esquerda e municiou a linha avançada com passes bem medidos.

Morten (8) - Chamado a converter o penálti aos 23', não vacilou: o 2-0 foi dele. Muito activo nas manobras de pressão, viu o guarda-redes impedir-lhe dois golos (11' e 60'). Eficaz nos desarmes.

Quenda (8) - Só lhe faltou o golo, que quase concretizou ao levar a bola ao ferro (38'), para ter exibição perfeita. Intervém no lance do primeiro. Serviu Harder três vezes. O melhor Leão.

Trincão (5) - Trabalhou bem para a equipa, mas dele exige-se um suplemento de criatividade. Só deu nas vistas num remate de ressaca aos 70', que acabou travado pelo guardião Miszta.

Harder (5) - Esforçou-se muito, mas foi vítima do excesso de ansiedade. A vontade de marcar era enorme, nesta sua estreia como ponta-de-lança titular na Liga. Sacou o penálti aos 29'.

João Simões (5) - Substituiu Debast aos 68'. Seguro, certinho, não se esquiva ao choque e ousa até algumas acções ofensivas. Vai ganhando maturidade.

Gyökeres (7) - Saltou do banco aos 81, rendendo Harder. Aos 88', marcava o terceiro, fechando a conta. Ainda viu Miszta negar-lhe o golo aos 90'+2 ao desviar para o poste esquerdo.

Daniel Bragança (6). Em boa hora regressou de lesão. Rendeu Geny aos 81'. Aos 88' assistiu Gyökeres no golo, confirmando a sua inteligência táctica e a sua arguta visão de jogo.

Esgaio (-). Substituiu Trincão aos 89'. Só o jornal Record lhe atribui nota: bastou-lhe tocar uma vez na bola para justificar 1 deste jornal, que pelos vistos não receia cair no ridículo.

Pódio: Quenda, Gyökeres, Morten

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Rio Ave-Sporting (0-3) por quatro diários desportivos:

 

Quenda: 25

Gyökeres: 24

Morten: 24

Diomande: 23

Gonçalo Inácio: 23

Maxi Araújo: 23

Debast: 22

Daniel Bragança: 22

Fresneda: 21

João Simões: 20

Geny: 20

Trincão: 20

Rui Silva: 19

Harder: 18

Esgaio: 1

 

A Bola e O Jogo elegeram Quenda como melhor leão em campo. O Record optou por Gonçalo Inácio. O ZeroZero escolheu Morten.

Rescaldo do jogo de hoje

 

Gostei

 

Desta vitória tranquila e concludente (3-0) do Sporting em Vila do Conde. Há quase 15 meses, desde Outubro de 2023, que o Rio Ave não perdia em casa. Vinte jogos depois, quebrou-se este recorde: impusemos a nossa classe à turma anfritrã numa partida de sentido único, actuando sempre em pressão alta, com o onze leonino sempre compacto e bem organizado. Como as estatísticas demonstram: fizemos 27 remates, 16 dos quais enquadrados. E eles? Nem um para amostra.

 

De Gyökeres. Pela primeira vez ficou fora dos titulares num jogo da Liga 2024/2025. Mas ainda entrou a tempo de marcar o terceiro e último do desafio. Bastaram-lhe sete minutos para fazer o gosto ao pé, no minuto 88. E ainda mandou uma bola ao poste (90'+2). Cumprindo o seu quarto desafio consecutivo a marcar. Soma 42 golos na temporada (nove dos quais pela selecção sueca), 22 no campeonato. Sozinho, já marcou mais até agora do que 12 equipas completas da Liga. Um craque.

 

De Quenda. Melhor em campo. Fazendo parceria de luxo com Maxi Araújo no corredor esquerdo, não deu qualquer hipótese de progressão à turma vilacondense por essa ala. Exibe enorme disponibilidade física e uma impressionante maturidade táctica - nem parece ter apenas 17 anos. Foi dele o passe inicial no lance que aos 3' inaugurou o marcador - autogolo de Aderlan Santos, veterano central do Rio Ave. Serviu Harder em três ocasiões - aos 39', 52' e 55' - que o avançado dinamarquês desperdiçou. Aos 38' mandou a bola ao ferro, num remate potente e bem colocado. Merecia que tivesse entrado.

 

De Maxi Araújo. Ao vê-lo hoje em campo, naquele duo perfeito com Quenda, até parece que jogam juntos há dois anos, não apenas há duas ou três partidas. Ficou na retina uma acção individual dentro da grande área, na meia-esquerda, aos 52', sentando pelo menos três adversários. Pena só aquele cartão amarelo por protestos no último lance do jogo, aos 90'+4, já com o resultado feito: não havia necessidade. 

 

De Morten. Com Viktor sentado no banco, foi ele a protagonizar um momento decisivo: a cobrança de um penálti indiscutível, assinalado pelo árbitro Luís Godinho ao central Petrasso por desviar a bola com o braço. O capitão bateu de modo irrepreensível o pontapé da marca dos 11 metros, aos 23': daí surgiu o 2-0, resultado que se mantinha ao intervalo. Assim se estreou como artilheiro em grandes penalidades neste campeonato. E confirmou que não vacila na hora das decisões.

 

De Debast. Exibição muito positiva do central belga, lançado como médio adaptado por Rui Borges. Com a missão específica de completar e proteger as acções de Morten no miolo do terreno mas também de servir o ataque com a precisão dos seus passes à distância. Cumpriu com nota alta: será ele o tal reforço da nossa linha média de que tanto se falava? Se não é, imita bem.

 

Da estreia de Rui Silva. Acabado de chegar ao Sporting, vindo do Bétis, o internacional português assumiu-se de imediato como dono da baliza. Tranquilo, com boa estampa física e eficiente jogo de pés, tocou pela primeira vez na bola só aos 35'. E chegou ao fim da partida sem necessidade de fazer qualquer defesa. Transmite confiança, atributo fundamental num guarda-redes.

 

Do regresso  de Daniel Bragança. O médio criativo voltou após mais de um mês de ausência por lesão. Em boa hora, também ele confirmando o seu elevado grau de eficácia: substituiu Geny aos 81' e sete minutos depois assistiu Viktor para fechar a conta leonina no Estádio dos Arcos. Fazia-nos falta.

 

De reforçar a nossa posição como melhor ataque da Liga. Registamos 51 golos marcados em 18 jornadas (média: 2,83 golos por jogo). Há quem não goste? É lidar...

 

 

Não gostei

 

Do guarda-redes rioavista, Miszta. Por impedir vários golos leoninos, destacando-se como o melhor elemento da equipa anfitrã, que hoje jogou sem o artilheiro Clayton por acumulação de cartões. O polaco negou golos a Morten (11' e 60'), Trincão (70') e sobretudo ao perdulário Harder (10', 39', 58', 67' e 68'). A ansiedade tomou conta do jovem dinamarquês, titular em vez de Viktor mas sem fazer esquecer o sueco. Sem isso, teríamos saído de Vila do Conde com goleada - o que não escandalizaria ninguém.

 

Da ausência de Eduardo Quaresma. Ficou fora da ficha do jogo por lesão muscular. Mais uma, a somar-se a tantas outras.  

 

De lá ter ido empatar no campeonato anterior (3-3). Mas isso já foi há um ano. Desta vez fizemos bem melhor.

O dia seguinte

Mesmo entrando em campo sem três dos melhores jogadores do plantel - Gyökeres, Pedro Gonçalves e Morita - o Sporting acabou por fazer hoje em Vila do Conde o melhor jogo da era Rui Borges e mesmo um dos melhores jogos desta época.

Um 4-4-2 muito bem montado, com Debast muito importante nas compensações e a permitir que Maxi e Quenda dinamitassem a defesa adversária. Do outro lado Fresneda e Catamo também entraram bem, o que permitiu um jogo variado a toda a largura do campo. Harder muito dinâmico a desestabilizar os centrais contrários, embora pecando no remate ao golo. Trincão muito importante na organização do jogo atacante e na pressão alta aos defensores contrários (suspeito que é um dos que mais kms percorre nos 90'). Hjulmand cada vez mais patrão. Inácio e Bragança voltaram de lesões e estiveram muito bem. Gyökeres entrou para marcar.

Assim o jogo tornou-se num "tiro ao boneco". Mais de uma dúzia de oportunidades de golo desperdiçadas, metade por grandes defesas do guarda-redes contrário, duas bolas nos postes.

Enquanto isso o estreante Rui Silva não fez uma defesa digna desse nome. Oportunidades zero do Rio Ave.

 

Mas onde é que estava este Rui Borges?

Em muito pouco tempo conseguiu mudar o sistema táctico sem pôr em causa os princípios de jogo adquiridos na 1.ª metade da época com Rúben Amorim, os jogadores estão confortáveis nas novas posições e alguns até rendem mais do que antes.

Maxi está um defesa lateral de excelência, Quenda um médio/extremo esquerdo de eleição, Diomande continua imperial, Fresneda renasceu, se calhar o melhor lugar do Debast é este mesmo. 

 

Melhor em campo? Maxi ou Quenda? Um deles.

Arbitragem? Pequenos lapsos, o VAR corrigiu a asneira maior.

E agora? Jogo a jogo, rumo ao bi.

 

PS: Horas antes, o Sporting B outra vez de João Pereira, mesmo sem alguns que estiveram no banco em Vila do Conde, derrotou o Belenenses por 2-1 e ascendeu à faixa da tabela de apuramento de subida de divisão. E jogou em 3-5-2...

SL

Quente & frio

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Parceria Quenda-Gyökeres está a funcionar: três golos em dois jogos seguidos

 

Gostei muito de Quenda, para mim o melhor de ontem, na meia-final da Taça da Liga contra o FC Porto que disputámos em Leiria. Confirma-se a sua vocação para estar no sítio certo à hora certa, e a sua colaboração bem-sucedida com Gyökeres. Ontem fez a terceira assistência em dois jogos consecutivos para o internacional sueco, no golo que nos valeu o acesso à final desta prova - a primeira final da carreira de Rui Borges. Aos 41' já tinha sido ele a municiar o ponta-de-lança para um forte remate cruzado que passou quase a roçar o poste esquerdo da baliza portista. E ainda foi dele um disparo fulminante que forçou Cláudio Ramos à defesa da noite, aos 45'+1. Sem a intervenção do guarda-redes portista teríamos saído para o intervalo já a vencer 1-0 - que acabou por ser o resultado final. Também gostei muito de ver Viktor manter a impressionante regularidade como artilheiro: foi dele o golo da vitória, aos 56', concluindo da melhor maneira um bom lance colectivo do Sporting. Quarto golo dele nestes escassos dias já decorridos de 2025 e o 31.º da temporada em curso. Um craque.

 

Gostei dos desempenhos de Fresneda (surpreendente escolha de Rui Borges como lateral direito no onze titular) e Maxi Araújo (primeiro como médio-ala e a partir do minuto 14 adaptado a lateral esquerdo). Fizeram ambos as melhores exibições que lhes vi de leão ao peito. O espanhol, que estará de saída, valorizou-se contra o FCP: adaptou-se muito bem à defesa a quatro, enfrentando com êxito Mora e Galeno, tendo também participado no processo ofensivo, com passes a queimar linhas - notável uma abertura para Gyökeres aos 45'. O uruguaio opôs-se sem temor a Martim Fernandes e envolveu-se bem na dinâmica colectiva, mesmo quando foi forçado a recuar devido à lesão de Matheus Reis. É de elementar justiça realçar também a actuação de Morita: enquanto teve fôlego (saiu aos 70') funcionou como pivô do meio-campo, acorrendo às dobras nos corredores laterais e colocando a bola sempre com precisão, rigor táctico e notável visão de jogo. É dele a recuperação que inicia o golo leonino.

 

Gostei pouco de ver alguns adeptos ainda cépticos quanto ao mérito de Rui Borges. Em três jogos, dois deles clássicos, levou de vencida Benfica e FC Porto: dificilmente haveria teste mais difícil para um novo treinador. E ainda foi empatar a Guimarães, onde tínhamos perdido no campeonato anterior. Tem um discurso sereno, pausado e claro. Atribui sempre o mérito aos jogadores, como compete a um técnico inteligente. Recuperou a alegria de jogar da equipa, que andou mais de um mês em parte incerta. Impôs a sua ideia de jogo, diferente da que vigorava com Ruben Amorim, e está a conseguir pô-la em prática com sucesso. Isso ficou bem visível na superioridade do Sporting em campo contra o FCP: mesmo quando concedemos a iniciativa ao adversário, tivemos a partida sempre controlada, nunca nos desorganizámos.

 

Não gostei da fraca réplica do FC Porto, num dos desempenhos mais fracos da temporada. Nenhum dos seus jogadores fez a diferença excepto Cláudio Ramos naquela defesa impossível ao tiro de Quenda, mesmo ao terminar a primeira parte. Em contrapartida, Israel quase não se viu forçado a intervir: a primeira defesa digna desse nome do nosso guarda-redes ocorreu só aos 90'+1, parando um remate rasteiro, sem grande perigo. No duelo dos goleadores, Gyökeres impôs-se a Samu: o avançado espanhol, sempre bem vigiado por Diomande, só apareceu no jogo para um remate que passou muito por cima da nossa baliza. Não por acaso, esta foi a segunda derrota consecutiva da turma ainda orientada por Vítor Bruno frente ao Sporting na temporada 2024/2025: há nove anos que não acontecia. E a quarta derrota que impusemos aos portistas noutras tantas meias-finais da Taça da Liga: costumam ter pouca sorte contra nós.

 

Não gostei nada da inesperada lesão muscular de Matheus Reis, que ficou impossibilitado de jogar logo aos 13', saindo no minuto seguinte. Outra baixa numa equipa que tem sofrido várias - incluindo algumas de longa duração, como as de Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Daniel Bragança. Também Morita já esteve de baixa clínica e ainda não recuperou a cem por cento. Felizmente Gonçalo Inácio está de volta: ontem voltou a sentar-se no banco, podendo calçar na final de sábado - contra o Benfica ou o Braga, que irão defrontar-se esta noite. Enquanto começa a ser preocupante a condição física de Trincão e Morten, muito apagados nesta meia-final: já acusam notório cansaço por serem dois dos mais utilizados desde o início da época.

2024 em balanço (3)

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PROMESSA DO ANO: QUENDA

Em Junho brilhou no Europeu de Sub-17, integrando a selecção nacional que perdeu na final com a Itália. Deu nas vistas ao ponto de Ruben Amorim integrá-lo na equipa principal. Estreou-se ainda na pré-temporada, contra o At. Bilbau, para o Troféu Cinco Violinos. Mostrou logo o que valia, sem se atemorizar entre os grandes. Escrevi aqui, na crónica desse jogo: «Melhor em campo. Foi seta apontada à área bilbaína. Serviu Viktor no primeiro golo, rematou ao ferro (33'), quase marcou aos 40'.»

Nascia outro astro na vasta constelação leonina. «Se jogar assim, não voltará à equipa B», profetizava um sorridente Amorim no final do jogo. O vaticínio concretizou-se.

 

Ainda adolescente, nascido em Bissau há 17 anos, Geovany Tcherno Quenda é um extremo clássico. Joga de preferência à direita, onde dá melhor uso ao seu habilidoso pé esquerdo. Com boa finta de corpo, capacidade de condução da bola sem recear duelos, actua tão bem em espaços curtos como no ataque à profundidade, sabendo fazer variações de flanco com passes de longa distância, bem medidos. 

Estreou-se em competições oficiais já integrado na equipa principal que defrontou o FC Porto na Supertaça, a 3 de Agosto. Marcou um golo extraordinário, aos 24' - o terceiro do Sporting, ainda assim insuficiente para garantir o troféu, que fugiu para os portistas após o prolongamento, que perdemos 3-4. Mas ele foi o melhor Leão em campo.

A estreia na Liga ocorreu seis dias depois, 9 de Agosto, na recepção ao Rio Ave. Quenda deu forte contributo para a nossa vitória por 3-1. Desequlibrador nato, com eficaz leitura no jogo ofensivo, ajudou a construir o golo inicial assinando um milimétrico passe de ruptura que fez levantar as bancadas. Naquele momento assegurou lugar no onze titular. A sua vida, como profissional do futebol, não voltaria a ser a mesma.

A 17 de Setembro, cumpria outro marco: aos 17 anos e 140 dias, tornava-se o mais jovem jogador português de sempre a participar num onze da Liga dos Campeões. Contribuindo para a nossa vitória em Alvalade ao Lille, por 2-0.

Em 26 de Outubro, exibia todo o seu virtuosismo no inapelável triunfo leonino em Famalicão, por 3-0. Assinalei então: «O mais jovem goleador de sempre no Sporting em jogos do campeonato, com 17 anos e cinco meses. Aconteceu aos 63'. Festejou - e todos festejámos com ele.» A imprensa desportiva era unânime ao designá-lo melhor em campo.

 

Há cinco dias disputou o seu primeiro clássico com o velho rival lisboeta. Superando outro máximo: tornou-se o mais jovem jogador de sempre do Sporting a defrontar o Benfica. Alinhando como médio-ala esquerdo, anulou Bah, internacional dinamarquês dos encarnados e seu antagonista directo nesta partida, que terminou com vitória nossa. Quenda fez pré-assistência para o golo solitário. Não com os pés mas com os braços, em lançamento lateral.

Nesta fase já ninguém duvida que será bem-sucedido. Com muito trabalho, imensa persistência e alguma sorte. O talento está lá, a formação de base é sólida. Traz a marca inconfundível da Academia Cristiano Ronaldo - simplesmente a melhor formação do mundo.

 

 

Promessa do ano em 2012: Eric Dier

Promessa do ano em 2013: William Carvalho

Promessa do ano em 2014: Carlos Mané

Promessa do ano em 2015: Gelson Martins

Promessa do ano em 2016: Francisco Geraldes

Promessa do ano em 2017: Rafael Leão

Promessa do ano em 2018: Jovane Cabral

Promessa do ano em 2019: Rafael Camacho

Promessa do ano em 2020: Tiago Tomás

Promessa do ano em 2021: Gonçalo Esteves

Promessa do ano em 2022: Mateus Fernandes

Promessa do ano em 2023: Geny Catamo

Se não foi Martínez então quem foi?

Quenda proibido de calçar contra a Croácia

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«Se entrar em campo no Estádio Poljud, em Split, na segunda-feira, Quenda vai estrear-se com 17 anos e 202 dias, superando Futre, que estreou em 21 de Setembro de 1983, com 17 anos e 205 dias.»

Notícia do SAPO Desporto, 17 de Novembro

 

«Roberto Martínez deu minutos a todos os jogadores convocados para o duplo compromisso com Polónia e Croácia para a Liga das Nações, excepto para Geovany Quenda, o único jogador de campo a ficar em branco.»

Notícia do SAPO Desporto, 19 de Novembro

 

«Foi uma maldade. Martínez sabia que ele podia bater o recorde do Futre. Levou-o para o banco, podia tê-lo deixado na bancada, por isso o normal seria entrar. Por dois dias... Por que é que não entrou? Porque defende mal? Joga como ala no Sporting, num sistema de três centrais.»

Pedro Santana Lopes (ontem, n'O Jogo), indignado por ter visto Quenda chamado à selecção A para não jogar

 

«É desonestidade intelectual. Não escolhe os jogadores porque são do Sporting. Há manifestamente uma perseguição. Diz muito bem deles, são todos uns craques e são os jogadores da equipa que vai à frente e ganhou o campeonato, mas, depois, nada disto serve para o senhor Martínez.»

José Dias Ferreira (ontem no Notícias ao Minuto), sobre o mesmo tema

 

«Apetece-me dizer isto: ele [Quenda] foi convocado pelo Roberto Martínez mas não foi o Roberto Martínez quem decidiu que ele não devia jogar. Isto é extraordinário. Noutro país qualquer não tenho dúvidas de que seria utilizado e se calhar em alguns casos até como titular.»

Jorge Baptista (ontem, na SIC N), surpreendido ao ver Quenda permanecer no banco contra a Croácia

Quinta vitória em cinco jogos fora de casa

Famalicão, 0 - Sporting, 3

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Explosão de alegria de Quenda ao marcar pela primeira vez na Liga: o mais jovem Leão de sempre

Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa

 

Por motivos óbvios, ligados ao próprio desenvolvimento de outros factos dentro do Sporting, só hoje escrevo esta crónica. Seis dias depois do jogo, mas ainda a tempo - o próximo realiza-se logo à noite.

Era uma partida que muitos receavam.

Sobretudo os do costume: os que antecipam sempre o pior, os que se intitulam leões mas têm mentalidade de gatinhos, os que convivem muito mal com o hábito reiterado de ganhar, os que preferem carpir mágoas em torno do eterno fracasso, os que insistem em proclamar que "o sistema não nos deixa vencer". Mesmo tendo nós vencido metade dos campeonatos já disputados nesta década de tão boa memória.

Defrontámos, nesse dia 26, uma das raras equipas que têm mantido registo ascendente nos últimos anos do campeonato português. Ainda por cima em casa dela - precisamente o mesmo palco em que na jornada inaugural da Liga 2024/2025 o Benfica foi ao charco, perdendo 0-2

 

Para azar dos profetas da desgraça, nenhuma negra previsão se cumpriu nesta partida em que o Sporting alinhou de cor-de-rosa como símbolo de combate ao cancro da mama, ainda um flagelo em Portugal.

Voltámos a vencer. Voltámos a convencer. Voltámos a ganhar por mais de dois golos de diferença, como temos feito sempre até agora. Dominámos do princípio ao fim. Israel só fez uma defesa ao minuto 66, passando quase todo o tempo como mero espectador.

Algo insólito, para os padrões a que a melhor equipa portuguesa nos habituou, foram os golos só terem surgido após o intervalo.

Mas vieram muito a tempo. 

 

O primeiro, marcado pelo suspeito do costume. Viktor Gyökeres, aos 57', numa rotação perfeita dentro da área, servido de bandeja por Morita, incansável "carregador de piano", como se dizia na gíria futebolística da geração anterior. Naquele instante, adquirimos todos a certeza de que os três pontos já não nos fugiam. 

Só faltava dilatar o resultado.

Assim aconteceu. Por Quenda, aos 63', em recarga após remate inicial de Trincão: justíssimo prémio para o mais recente talento gerado na fábrica de campeões da Academia de Alcochete. Melhor em campo nesta partida, estreou-se a marcar no campeonato. E estabeleceu novo recorde, tornando-se o mais jovem leão de sempre como artilheiro na prova máxima do futebol português. Superando Simão Sabrosa e Cristiano Ronaldo.

Ainda houve tempo e espaço para mais um golo fixando o resultado: 3-0. Autor: Gonçalo Inácio. Com primorosa assistência de Geny, outro jovem talento já de méritos firmados.

 

Em destaque pela negativa, a lesão de Nuno Santos. Ocorrida no final do longo tempo extra da primeira parte, numa tentativa de disputa de bola sem falta. Sofreu rotura do tendão rotuliano do joelho direitoJá foi operado, mas deve ficar incapacitado para o resto da época. Baixa de relevo no onze titular.

Vai certamente sofrer muito pelos seus companheiros, agora só com estatuto de observador enquanto recupera da lesão.

Mas está de certeza cheio de orgulho por ter contribuído para este Sporting que sonha com o bicampeonato há mais de 70 anos. 

 

Vamos no bom caminho. Nove jornadas, nove vitórias, 30 golos marcados e só dois sofridos. Melhor defesa, melhor ataque, melhor goleador (Gyökeres). Permanecemos inexpugnáveis, tanto em casa como fora. Aliás até com melhor registo fora: cinco triunfos, com 20 golos marcados - média de quatro por partida. 

O sonho vai tornar-se realidade. Todos acreditamos nisso.

Todos? Não. Os do costume só acreditam no desaire, no infortúnio, na desgraça, na derrota, na eterna conspiração do destino contra nós. 

Nada de novo. Sempre foram assim.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel (6) - Pouco mais foi do que espectador: o Famalicão atacou pouco e viu quase sempre as vias de acesso à nossa baliza cortadas. Fez a primeira defesa aos 66', sem problema.

Debast (7) - Seguro, em duas posições. Começou como central à direita, passando para o meio aos 71'. Inicia o terceiro golo com soberbo passe para Geny a queimar linhas.

Diomande (6) - Regressou de lesão sem acusar problemas motivados pela paragem. Travou vários duelos com Aranda, levando a melhor. Saiu aos 71' para evitar maior desgaste.

Gonçalo Inácio (7) - Após alguma oscilação, volta a evidenciar grande forma. Sobretudo no passe longo: aconteceu aos 29' e aos 77', servindo colegas lá na frente. Marcou o terceiro.

Quenda (8) - O mais jovem goleador de sempre no Sporting em jogos do campeonato, com 17 anos e cinco meses. Aconteceu aos 63'. Festejou - e todos festejámos com ele. 

Morita (7) - Regressou a titular. E foi um dos obreiros deste triunfo com cheiro a goleada. Excelente assistência para o primeiro golo num movimento de ruptura. 

Daniel Bragança (7) - Já lhe chamam o Pirlo português - e não parece exagerado. Pensa o jogo, temporiza, faz constante pressão sobre a bola. Iniciou construção do segundo golo.

Nuno Santos (6) - Aos 11', centrou com eficácia: foi golo. Mas anulado por deslocação do autor, Pedro Gonçalves. Bom corte aos 29'. Lesionou-se gravemente pouco antes do intervalo.

Trincão (7) - Mesmo quando não marca, como foi o caso, dá espectáculo com o seu virtuosismo técnico. Quase fez golo aos 45'+4. É dele o remate inicial que gerou a recarga no segundo.

Pedro Gonçalves (5) - Regressou de lesão seis jogos depois. Ainda com falhas na dinâmica a que nos habituou entre linhas. Marcou aos 11, mas estava adiantado. Durou uma hora.

Gyökeres (8) - Ele gosta é de jogar. E de marcar. Voltou a acontecer com um golaço aos 57', só ao alcance de grandes talentos. Prodígio de técnica, de intenção e de colocação.

Geny (7) - Fez toda a segunda parte, substituindo Nuno Santos. Dominou ala esquerda, depois a direita, impedindo avanços adversários. Foi dele o centro para o terceiro golo.

Morten (6) - Retomou a braçadeira de capitão ao entrar, no minuto 64', substituindo Pedro Gonçalves. Contribuiu para tornar ainda mais impermeável o nosso meio-campo.

Maxi Araújo (4) - Substituiu Quenda aos 71'. Continua sem encontrar ainda o lugar onde verdadeiramente mais rende. Mas vai-se esforçando por isso.

St. Juste (5) - Substituiu Diomande aos 71'. Parece em boa forma após longas semanas de lesão. Fez corte providencial.

Harder (-) - Entrou aos 82', com a saída de Morita. Já a equipa geria o resultado confortável. Ainda viria a marcar o terceiro, sem intervenção do jovem dinamarquês.

Pódio: Quenda, Gonçalo Inácio, Gyökeres

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Famalicão-Sporting por quatro diários desportivos:

 

Quenda: 27

Gonçalo Inácio: 25

Gyökeres: 25

Daniel Bragança: 24

Trincão: 24

Morita: 22

Debast: 21

Israel: 21

Geny: 20

Pedro Gonçalves: 20

Diomande: 20

Maxi Araújo: 18

St. Juste: 18

Morten: 18

Nuno Santos: 18

Harder: 7

 

Todos os jornais elegeram Quenda como melhor em campo.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

De vencer o Famalicão. Conquistámos os três pontos num terreno habitualmente difícil, onde o SLB tombou logo na primeira jornada, perdendo 0--2. Dominámos por completo. Impusemos o nosso ritmo, o nosso caudal ofensivo, a nossa inegável superioridade física, técnica e táctica. O jogo terminou 3-0, com o Sporting mais perto de marcar o quarto do que a equipa visitada de conseguir o tento de honra. Israel só fez uma defesa digna desse nome em toda a partida, aos 66'.

 

De Quenda. Marcou o nosso segundo golo, aos 63', num pontapé de ressaca: o seu golo de estreia na Liga. Foi o mais jovem jogador leonino de sempre a facturar no campeonato nacional de futebol. Com apenas 17 anos, 5 meses e 27 dias. É também ele a iniciar o primeiro. Merece, sem favor algum, ser designado melhor em campo.

 

De Gyökeres. Desbloqueou o jogo: estava escrito que voltaria a não ficar em branco - e foi o que aconteceu aos 57': recebe a bola de Morita na área, faz uma rotação perfeita libertando-se da marcação e fuzila as redes num remate indefensável. Pôs fim à reputação defensiva da equipa minhota: antes desta partida o Famalicão só tinha um golo sofrido em casa, destacando-se como segunda melhor defesa da Liga. Agora já não é. O craque sueco leva 12 marcados neste campeonato.

 

De Gonçalo Inácio. Outra estreia a marcar na Liga. Foi dele o terceiro, dando a melhor sequência a um centro perfeito de Geny, aos 86'. Assim culminou uma enorme exibição no plano defensivo, não apenas a travar investidas da turma anfitriã mas desenhando passes a romper linhas, como sucedeu aos 29' e aos 77'.

 

De Trincão. Não marcou, mas trabalhou imenso para a equipa, impondo o seu virtuosismo técnico. Remate rasteiro a rasar o ferro aos 33'. Quase marcou aos 45'+4: corte in extremis de um central. Tem intervenção decisiva no segundo golo, confirmado na recarga por Quenda. Imparável a actuar entre linhas e a baralhar marcações com as suas constantes variações de velocidade.

 

De Daniel Bragança. Tornou-se imprescindivel no onze titular. Voltou a ser o pensador da equipa, elemento fundamental no excelente jogo colectivo do Sporting. Faz sempre pressão sobre o portador da bola e, ao recuperá-la, sabe colocá-la no sítio certo. Influente na construção do segundo golo: começa nos pés dele.

 

Dos regressos. Diomande, Morita e Pedro Gonçalves voltaram a ser titulares. No primeiro e no terceiro caso, após lesões. O nipónico na sequência de mais uma participação pela selecção do seu país que envolve sempre deslocações demoradas e cansativas. Nenhum deles está ainda na melhor forma, embora o médio ande já perto disso, como demonstrou no movimento de ruptura de que nasceu a assistência para o primeiro golo.

 

De termos disputado 30 jogos em sequência sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota (1-2) aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, em Guimarães, a 9 de Dezembro. E vamos com 18 triunfos nas últimas 19 partidas disputadas para a maior competição do futebol português.

 

De ver o Sporting marcar há 51 jogos seguidos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde Abril de 2023, perante o Gil Vicente (0-0). Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.

 

De não sofrermos um golo há 680 minutos. Outra marca extraordinária nesta Liga 2024/2025.

 

De continuarmos inexpugnáveis, tanto em casa como fora. Sem uma derrota no ano civil em curso, que começa a aproximar-se do fim.

 

De Gustavo Sá. Médio criativo do Famalicão, internacional sub-21: confesso que é um jogador de que gosto muito. Saiu lesionado, infelizmente, aos 43'.

 

Do árbitro. Boa actuação de Fábio Veríssimo, de quem não temos boas recordações. Mas desta vez cumpriu no essencial, sem nenhum erro digno de registo. Incluindo numa disputa de bola entre Diomande e Aranda que Freitas Lobo teimava em ver penálti (mas não foi) e no golo de Gonçalo, que Freitas Lobo insistia ter sido em fora-de-jogo (mas não foi). 

 

Do balanço após mais de um quarto da prova. Melhor ataque (30 golos), melhor defesa (só dois sofridos), melhor goleador. Comando isolado. Desde 1973/1974 que não facturávamos tanto nas primeiras nove rondas. Ainda não vencemos, até agora, por menos de dois golos de diferença. Temos a equipa mais forte do campeonato português, como até muitos benfiquistas e portistas admitem. Perseguimos um objectivo que nos foge há sete décadas: a conquista do bicampeonato. Estamos no bom caminho.

 

 

Não gostei

 

Da lesão de Nuno Santos. O aguerrido ala esquerdo magoou-se com gravidade numa disputa de bola, bem ao seu jeito, tendo saído de maca aos 45'+8. Vai estar, no mínimo, algumas semanas fora de competição. 

 

Do golo anulado. Aconteceu aos 11': marcado por Pedro Gonçalves, de regresso ao onze seis jogos depois, com assistência de Nuno Santos. Mas não valeu: havia ligeira deslocação, assinalada pelo VAR. 

 

Do 0-0 ao intervalo. Não traduzia, de todo, o intenso domínio leonino forçando o Famalicão a entrincheirar-se no seu reduto. A muralha só começou a ruir ao minuto 57. E acabou por cair com estrondo. Demos três à equipa que tinha levado o Benfica ao tapete.

{ Blogue fundado em 2012. }

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