Consta que o Paris Saint-Germain gostaria de receber Gonçalo Inácio, estando disponível para pagar 30 milhões de euros pelo nosso central, formado em Alcochete. A SAD leonina já terá mandado dizer que Gonçalo só sai pela cláusula de rescisão, fixada em 45 milhões.
Deverá mudar de posição, aceitando a proposta do clube parisiense, se a negociação incluir o regresso de Sarabia a Alvalade, novamente por empréstimo?
É um cenário talvez não tão improvável como possa parecer. Veriam isto com bons olhos?
Duas das três maiores receitas de sempre no Sporting, obtidas com transferências de jogadores, foram concretizadas durante o mandato presidencial de Frederico Varandas. A segunda acaba de confirmar-se: o Paris Saint-Germain accionou a cláusula de opção por Nuno Mendes, que foi ala titular na temporada agora concluída, participou em 37 jogos e chegou até a ser eleito para o melhor onze da Liga francesa 2021/2022.
Com esta operação, a SAD leonina receberá 38 milhões de euros, a liquidar no prazo de um ano, acrescidos dos 7 milhões da taxa de empréstimo embolsados no Verão passado. Total: 45 milhões de euros.
Só a saída de Bruno Fernandes no mercado de Inverno 2019/2020, por 55 milhões mais 8 milhões por objectivos já concretizados, foi ainda mais rendosa.
Mas Nuno Mendes ocupa o topo da lista num aspecto que merece destaque: ele é o jogador mais lucrativo de sempre da nossa formação. O segundo foi João Mário, transferido em Agosto de 2016 para o Inter por 40 milhões de euros, acrescidos de 3 milhões por objectivos. A maior proeza financeira do consulado Bruno de Carvalho.
O pódio dos craques da formação leonina que renderam mais dinheiro ao Sporting encerra com a saída de Nani, em 2007, por 25,5 milhões de euros para o Manchester United. Quantia que à época constituiu a melhor venda leonina de sempre, concretizada durante o mandato de Filipe Soares Franco.
Le Parisien, diário com muito boas fontes no Paris Saint-Germain, garantia ontem que Rúben Amorim é o preferido no clube campeão de França para suceder a Pochettino. Especificando: «O jovem treinador português do Sporting é a prioridade de Luís Campos, o futuro director desportivo do PSG. Poderá substituir nas próximas semanas Mauricio Pochettino, que não permanecerá quando falta um ano para terminar o contrato.»
O milionário clube parisiense acaba de conquistar o oitavo campeonato em dez anos e tem como proprietário o magnata catari Nasser Al-Khelaifi, que ontem anunciou a renovação de Mbappé por três temporadas, gorando-se a hipótese de transferência do avançado para o Real Madrid na próxima temporada.
Pochettino, mesmo sendo campeão, estará na porta de saída por ter voltado a falhar a conquista da Liga dos Campeões após ter sido eliminado pelo clube madrileno.
O diário parisiense exibe o invejável cartão-de-visita de Amorim em três épocas como treinador: cinco troféus conquistados, o primeiro dos quais ainda ao serviço do Braga. E lembra a sua cláusula de rescisão: 30 milhões de euros.
Estará o PSG disposto a batê-la?
Este é o preço do sucesso. A SAD do Sporting deve estar preparada para qualquer cenário - também para este, evitando ser apanhada desprevenida. A primeira obrigação dos responsáveis leoninos é reafirmar o apoio ao técnico, que tem contrato até 2024, mas sem ilusões quanto à sua continuidade a longo prazo. Na melhor das hipóteses, sejamos realistas, Amorim ficará mais uma época.
E depois dele? Como estamos em férias futebolísticas, podemos especular à vontade. Adianto cinco nomes que deixo à vossa consideração: Abel Ferreira, Bruno Lage, Carlos Carvalhal, Leonardo Jardim e Paulo Sousa. Imaginariam algum deles no comando técnico da nossa equipa principal?
O jogo disputou-se entre as 21H00 e as 23H00, boa hora para estar em casa, com um vinho tinto e uma manta, má hora para andar a correr na periferia da capital francesa, de calções e manga curta.
A inútil (ao contrário das pontes que projectou para Portugal) torre de metal, estava iluminada, projectando uma aura dourada, num céu nublado, permitindo uma cumplicidade tardia, entre Eiffel e uns quantos turistas que regressavam ao ar condicionado dos hotéis.
O Moulin Rouge movia as pecaminosas velas, buscando transeuntes necessitados de calor bem pago em francos franceses que, apesar da vontade de alguns, agora se chamam euros.
Era nisto que José pensava, passo largo, a caminho da "mansarde".
Pensava no seu Sporting, tão roubado, pensava na sua vida difícil, em França, pensava em Nuno Mendes, bem mais novo que ele, mas que frequentara a mesma escola.
Chegou a casa , pijama vestido, blusão de ir à lua, atabafante, peúgas bem grossas a aquecerem-lhe os pés de futebolista não concretizado, televisão sintonizada na Inácio TV, tinha interferências e "dê lá" (ou lá como se diz) mas era o que José tinha.
Viu Nuno Mendes na televisão, viu-o a ser escolhido para falar no intervalo, nem Sérgio Ramos, nem Mbappé, nem Neymar, nem um jogador tímido e sobrevalorizado (que, curiosamente, marcaria o golo que fez do PSG campeão) não senhor, o escolhido foi o miúdo do seu bairro.
A vida pode ser injusta, a inveja é irreprimível como a água que corria na quadra de Aleixo.
José não reprimiu a água que lhe corria, sabia que quem prende a água que corre, é por si próprio enganado, o ribeirinho não morre, vai correr para outro lado, enxugou as lágrimas, de tristeza, de inveja mas, também, de orgulho e de alegria.
Todos nós, como José, temos dentro de nós sentimentos contraditórios, alguns preferiam a derrota de Messi à vitória de Nuno Mendes, eu e José não pensamos assim, a inveja pode fazer-nos crescer, tornarmo-nos melhores, o ódio assumido ou encapotado é sempre mau.
Era mais do que esperado que uma equipa de um campeonato periférico fosse goleada em casa, ontem. O poderoso PSG ia juntar, pela primeira vez, Messi, Neymar e Mbappé e o campeão belga pouco poderia fazer. Mas, na realidade o jogo deu um a um e nenhum dos mega craques marcou. Afinal, a equipa goleada seriamos nós por outra equipa de uma liga periférica ainda que com muita história.
Nuno Mendessai. Segue para o Paris Saint-Germain, por empréstimo pelo que resta da temporada, com opção de compra - acordada entre os clubes - cifrada em 40 milhões de euros. E sete milhões de euros garantidos já ao Sporting pelo emblema parisiense a título de taxa de empréstimo, elevando a conta final para 47 milhões. Ao que tudo indica, será a segunda mais lucrativa venda leonina de sempre, após a transferência de Bruno Fernandes em Janeiro de 2020. Com uma vantagem adicional: fica assegurada para nós uma percentagem de 10% em futuras transferências do jogador.
Pablo Sarabia, médio ofensivo que actuou pela selecção espanhola no recente Europeu, onde marcou dois golos, está prestes a chegar. Vem por empréstimo, cedido precisamente pelo PSG, que garante o pagamento integral dos salários do jogador enquanto actuar de verde e branco.
Ontem, como milhões de pessoas no Mundo inteiro, assisti à final da Liga dos Campeões disputada no nosso país, ali naquele estádio junto ao Colombo.
Frente a frente dois conceitos de clube completamente antagónicos: O Bayern de Munique um clube dos sócios, há muito dirigido por ex-jogadores (deve ser coisa quase inédita no mundo do futebol), agora por Karl-Heinz Rummeningge e antes por Franz Beckenbauer e o Paris Saint-Germain, propriedade de um magnata do Qatar, que diziam os papagaios da TVI ter investido nos últimos anos 1,2 mil milhões de Euros em aquisições (alô fair-play financeiro!).
Nem sempre se pode ganhar por oito golos e mesmo que os golos sejam o sal do jogo, a final de ontem pareceu-me muito bem disputada, principalmente até ao golo dos alemães, curiosamente marcado por um miúdo que começou nos franceses, pelo qual foi duas vezes campeão, até. Depois disso, veio ao de cima o factor "equipa" do Bayern, e foi por aí abaixo o factor "conjunto" do PSG, que passou a praticar um futebol desgarrado, à procura do milagre Neymar que não apareceu.
Ganhou quem eu gostava que ganhasse. Não por ter uma simpatia por aí além com os bávaros, mas porque plasmam o que eu entendo dever ser um clube de futebol, nesta época mercantilista e da ditadura do dinheiro associada ao desporto. Um clube detido pelos sócios, terá sempre mais "um bocadinho assim" de energia na hora da verdade, porque a força dos seus associados está também lá dentro, onde os onze lutam pelo emblema. E porque o futebol é paixão e por uma questão de princípio, não me estou a ver um dia a torcer por um clube propriedade dum fulano qualquer, ou duma sociedade por quotas qualquer.
Chegámos ao ponto: Adormecida com a época das contratações, que desta vez foram cautelosas e aparentemente acertadas, que isto sendo como os melões, há sempre uma probabilidade de dar certo e bem se os contratados não forem cromos do catálogo de um qualquer fornecedor e sim analizados por quem vai trabalhar com eles, adormecida, dizia eu, está a venda da maioria do capital da SAD do Sporting a investidores. A coisa por cá, com vários exemplos atrozes, não tem dado certo e como não estou a ver um Xeique do Qatar ou das vizinhanças que gaste o mesmo que o do PSG no Sporting, a venda do capital, tida por uns como inevitável, por outros como necessária e por outros vital para a sobrevivência do clube, não será mais que, salvo as devidas proporções, criar um PSG em Lisboa que precisou de mais de 400 jogos na era "qatarense" para chegar à final da LC (numa situação muito especial de pandemia), para a perder de forma clara para um clube poderoso. Já havia passado os "quartos" com alguma felicidade, no tempo suplementar. Tem ganho a nível interno, os factos demonstram-no, é inegável, mas será caso para perguntar a que custo. A sua superioridade evidente entre portas, ter-lhe-á retirado a competitividade e a rotina de enfrentar equipas da sua igualha e a questão que se coloca é esta mesmo: Haverá necessidade de gastar tanto dinheiro, "apenas" para ganhar campeonatos? Não será essa "gastança" uma necessidade de fazer rodar dinheiro com objectivos pouco claros a que inevitavelmente o nome do Sporting estaria associado, não apenas a comissões pagas a um sem número de abutres que pairam sobre o futebol, mas a lavagem de dinheiro oriundo de actividades ilícitas, algumas de crimes de sangue?
O PSG contorna o problema do fair play financeiro com pagamentos "em géneros", tanto nas transferências como nos vencimentos aos jogadores, numa manobra que de transparente não tem absolutamente nada. Eu não quero isto para o Sporting, porque para aqueles que defendem a venda da SAD, se não for para ganhar sempre como ganha o PSG, para quê então? Não, eu prefiro continuar a ter a ilusão (sim, nos tempos que correm é apenas ilusão dos sócios pensarem que mandam no clube, mas podem a qualquer momento decidir mandar, podem fazê-lo) de que posso contribuir para que o clube (por consequência a SAD detida maioritariamente por ele) seja uma entidade de bem.
E como é Verão e o tempo vai estando agradável, sonhar que um dia o clube tem dinheiro para pagar aos investidores privados e compre o capital da SAD que anda disperso e feche a porta da sociedade, assumindo-se como um Bayern! Sonhar não custa, pois não?
Os 222 milhões de euros pagos pelo Paris Saint-Germain (nome de santo ironicamente patrocinado por um país islâmico) para desviar Neymar do Barcelona cavam ainda mais fundo o fosso que separa o futebol enquanto actividade económica da genuína competição desportiva: deixaram de ser mundos complementares para se tornarem realidades antagónicas. Este inédito montante adultera os princípios de transparência do mercado desportivo cotado em bolsa e transforma os jogadores em mera mercadoria à mercê dos capitães da fortuna fácil. Desde logo, parece colidir com as normas da concorrência vigentes na União Europeia e as regras de fair play financeiro da UEFA: qualquer resquício de equidade evapora-se de vez quando os Estados começam a investir em força nos clubes - neste caso o do Catar, com base nos seus lucros petrolíferos. E provoca um sério choque inflacionário na indústria do futebol: os preços vão disparar, a espiral da dívida aumentará em flecha, avizinham-se as mais desvairadas loucuras financeiras no horizonte. Convém entretanto seguir em pormenor a origem e o rasto desta verba astronómica, que faz subir para 700 milhões de euros o orçamento anual do PSG para o futebol. À atenção das autoridades jurisdicionais - do desporto e não só. Finalmente, está por demonstrar que um único jogador - e desde logo Neymar, com desempenho em campo inferior a Cristiano Ronaldo ou Messi - justifique estas cifras galácticas. O dinheiro pago por ele para o transformar em emblema de um clube sem tradição na alta-roda do futebol duplica o seu justo valor, nada tendo a ver com genuínos "preços de mercado". Ao dar este passo, o futebol de alta competição transforma-se num jogo de fortuna e azar - uma espécie de roleta russa para usufruto de caprichos milionários. O desporto, digam o que disserem, nada tem a ver com isto.
Aquilo a que acabámos de assistir, o Chelsea (Benfica) vs. o Paris Saint-Germain (Sporting), fez-me lembrar a eterna luta do bem contra o mal, de David (Luiz) contra Golias (Mourinho).
Como tantas vezes acontece, triunfou o bem. Ainda bem.
O bem, o futebol bem jogado, venceu o mal, o futebol mal jogado; o futebol positivo venceu o futebol negativo.
O futebol de quem queria vencer venceu o futebol de quem queria empatar.
O futebol de dez contra onze (Sporting vs. Penafiel, por exemplo) venceu o futebol de onze contra dez (Benfica vs. quase todas as equipas portuguesas que defronta).
O futebol prejudicado pelas arbitragens venceu o futebol que é levado ao colo.
Grande jogo de futebol, grande vitória do Paris Saint-Germain (Sporting).
As relações entre o Benfica e o jornal A Bola já conheceram melhores dias. Nos bons velhos tempos, hoje seria o dia ideal para dar a boa nova ao povo - com destaque de capa inteira - que o Markovic já come pataniscas, que o Bruno Cortez tem um tio-avô que jogou às cartas com a mãe do Eusébio ou que o Siqueira visitou a casa do Benfica de Leça da Palmeira e se emocionou com uma imagem dos tempos do Béla Guttmann. Agora esta capa é que não. Qual é o interesse disto para 6 milhões de almas?