Obviamente (5)
Jogadores do Barcelona e do Nápoles antes do jogo da Liga Europa na cidade italiana
Malinovski, avançado ucraniano do Atalanta, após o jogo da Liga Europa contra o Olympiacos
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Jogadores do Barcelona e do Nápoles antes do jogo da Liga Europa na cidade italiana
Malinovski, avançado ucraniano do Atalanta, após o jogo da Liga Europa contra o Olympiacos
Ocorreu ontem uma manifestação “a pedir as demissões de Frederico Varandas e Rogério Alves”.
Não sendo um entusiasta desta direcção, entendo que não é com manifestações que seja encontrada a melhor solução para o Sporting.
A propósito de manifestações, a favor ou contra, ocorre-me este texto de Mário Henrique-Leiria:
«A multidão invadira a praça, rodeando a estátua que lá em cima apontava, imperativa, a grande glória da pátria. Espezinhando canteiros, inundando ruas adjacentes, vociferante. A manifestação.
Os gritos indicados. Guinchos. Várias crianças à procura da mãe e do pai.
Era o apoio. Incondicional, ininterrupto, ao primeiro-ministro.
Ali, na praça enorme e paciente.
O primeiro-ministro olhou por uma das janelas, no terceiro andar antiquíssimo do Paço Ministerial. Sorriu levemente. Apalpou a cara, passou uma das mãos pela lapela do casaco, numa carícia inconstante. Acenou com a cabeça, discreto, um pouco irónico, ao ministério perfilado no fundo da Sala dos Actos.
Dirigiu-se à varanda alta, sobre a praça apoplética.
Abriu a janela num gesto amplo e paternal e deu um passo em frente.
Ouviu-se um som murcho e abafado, uma espécie de pafff das bandas desenhadas, lá em baixo no empedrado decorativo que circundava o Paço.
Alguém tirara a varanda. Toda.»
LEIRIA, Mário Henrique - Novos contos do gin, seguido de Fábulas do próximo futuro. 2ª ed. Lisboa : Estampa. 1978. p. 195
Felizmente os assuntos familiares resolveram-se a contento e conforme aqui anunciei, fui pela primeira vez a uma manif. para protestar contra uma direcção do Sporting. Das outras já fui a centenas, de modo que já estou acostumado.
Cheguei à hora marcada, dei uma volta à volta, passe a redundância, para tentar perceber quem ali estava. Estavam os membros das claques, muitos, pelo menos pelo meu feeling. Mas também, mais uma vez pelo meu feeling, estava muita gente, talvez mais até que das claques, que não tinha nada ar de ter alguma coisa a ver com elas. Desde logo eu e alguns conhecidos consócios, alguns até ex-dirigentes de consulados muito anteriores ao de Bruno de Carvalho, da administração Sousa Cintra até, apresentaram-me um de que me escuso de divulgar o nome, porque para isso não fui mandatado, ainda que a acção fosse pública.
Fruto do tratamento aviltante de que têm sido alvo aqueles que mais abertamente têm contestado este CD e o seu presidente e para separar águas com atitudes menos próprias das claques, havia até uma separação física entre manifestantes e o conjunto de gente que estava mais recuado pareceu-me bastante superior ao que fazia as despesas das palavras de ordem. Talvez para que Frederico Varandas e seus pares percebam que o seu rabo começa a ficar apertado e não é apenas pela acção das claques, mas de um cada vez maior número de sócios que vai ficando farto da sua incompetência, do seu desvario e da sua evidente colagem ao carrossel de Jorge Mendes.
É cada vez maior o número de associados (e adeptos) que quer ver Varandas pelas costas e se outro barómetro não houvesse, pela primeira vez "na história" do I love you baby adaptado, os assobios não se sobrepuseram à cantiga oriunda do topo sul. Sintomático, até porque muitos dos que vão interpretando esta versão estavam fora do estádio, continuando o seu protesto, demonstrando, sem qualquer sombra de dúvida que os que assobiam são cada vez menos e se assim procedem, não será por cansaço, antes porque cada vez mais lhes faz sentido esta contestação.
O que será preciso para que o PMAG, Rogério Alves, se imbua do espírito de bombeiro e tome a decisão de ele próprio se demitir, depois de exigir que os outros OS também o façam? Que o capital da SAD seja vendido por dez réis de mel coado? Pior, que a gente desça de divisão? Ou pior ainda, que o clube deixe pura e simplesmente de existir? Aí, lamento informá-lo caro PMAG, será já tarde demais!
Hoje não estarei em Alvalade, na manifestação de protesto contra Frederico Varandas que conta com a entusiástica adesão da Juventude Leonina. Faço-o por uma questão de princípio. Exerço o meu direito ao protesto, enquanto sportinguista, de duas formas: escrevendo neste blogue (que já vai no nono ano de existência e tem cada vez mais leitores) e votando.
Nas últimas semanas publiquei aqui duras críticas a Varandas e estou firmemente convencido de que o presidente leonino não irá completar o seu mandato, tantos e tão graves têm sido os erros cometidos na gestão do futebol. Nos momentos próprios, quando assim o entendi, fiz o mesmo em relação a Godinho Lopes e Bruno de Carvalho. Mas há duas atitudes que nunca tomei nem tomarei: assobiar quem preside ao clube enquanto estou na bancada do Estádio José Alvalade e integrar protestos públicos em dias de jogo. Desde logo porque uma coisa e outra desestabilizam a equipa e dão alento aos nossos adversários. E eu apoio sempre a equipa - seja quem for o presidente, seja quem for o treinador.
Respeito quem se manifestar mas considero um erro que este protesto público ocorra imediatamente antes do Sporting-Aves - tratando-se ainda por cima do jogo em que se estreia o sucessor de Silas, que a partir de hoje é o timoneiro do plantel leonino, gostemos ou não do tempo e do modo como foi contratado.
Sou coerente com o comportamento assumido no passado. Critiquei aqui o expressivo coro de assobios e injúrias a Bruno de Carvalho, num célebre Sporting-Paços de Ferreira, e recusei participar na manifestação que se realizou contra o ex-presidente, apesar de ter ocorrido após o encerramento da época desportiva. Julgo não ter havido outra a visá-lo. Varandas enfrenta agora a segunda em pouco tempo. Nada mais legítimo: serei sempre o último a contestar o direito à manifestação. Mas estarei sempre entre os primeiros que advogam uma separação clara entre dia de protesto e dia de jogo.
É quanto basta para não aparecer lá.