Rodrigo Ribeiro: momento de glória no Estádio Algarve, com um golo e uma assistência
Jogo amigável, mas não muito. Houve demasiada dureza do Sevilha, equipa escolhida para este último desafio de preparação do Sporting antes do início da temporada oficial de futebol. Há três dias, num Estádio Algarve com muito público embora longe de estar cheio.
Quem pretendia voltar a ver Gyökeres em campo, desiludiu-se. O astro sueco voltou a estar fora do onze: Rúben Amorim preferiu usá-lo num desafio à porta fechada, nessa manhã de terça-feira, contra o Farense. Vencemos 3-0 - os três golos foram marcados por ele.
Mas só falo de jogos a que assisto. É o caso deste.
O que vi? Uma equipa bem organizada, controlando os corredores ofensivos do Sevilha, sem revelar temor da pressão adversária sobre a nossa saída de bola. Diomande, no eixo da defesa, controlava as operações lá atrás. Morita, quando necessário, recuava em auxílio à linha defensiva. Outras vezes era Geny quem recuava, permitindo o avanço sistemático de Nuno Santos, na ala oposta, a esticar o jogo.
Novidade maior foi a inclusão de Rodrigo Ribeiro como avançado-centro, bem servido por Pedro Gonçalves pela esquerda e Trincão pela direita. O jovem cumpriu a missão que Rúben Amorim lhe confiou. De tal maneira que apontou um golo, fez passe decisivo para o outro e emergiu como melhor em campo.
Vladan voltou a estar entre os postes, pelo segundo jogo consecutivo. Entre as ausências, além do craque sueco, também se registou a falta de dois titulares habituais: Gonçalo Inácio e Morten.
Alguns dirão que o Sevilha era adversário fraco para um desafio de preparação quase em cima do recomeço do calendário oficial das competições. É verdade que a equipa andaluza andou pelos últimos lugares da tabela no campeonato anterior e chegou ao fim na 14.ª posição. Mas convém não esquecer o seu currículo: cinco vitórias na Liga Europa entre 2014 e 2023. E há um ano perdeu à tangente a Supertaça Europeia, sendo derrotada só nos penáltis pelo poderoso Manchester City.
Basta para qualificá-la como antagonista de respeito.
Dominámos e vencemos. Com dois grandes golos.
O primeiro, aos 14', culminando magnífica jogada colectiva. Iniciada por Eduardo Quaresma na ala esquerda: colocou-a em Nuno Santos, que progrediu em rápida tabelinha com Pedro Gonçalves, confundindo as marcações do Sevilha. Mal a bola foi devolvida a Nuno, Este serviu Rodrigo Ribeiro com milimétrica diagonal que funcionou como verdadeira assistência para golo. O jovem avançado, frente ao guarda-redes, não perdoou: encaminhou-a para o sítio certo. Talvez estivesse em fora-de-jogo, as imagens não esclarecem. Mas sem vídeo-árbitro, foi validado sem discussão.
O segundo surgiu aos 17 segundos do segundo tempo, mal soara o apito do árbitro para o recomeço da partida. Novamente com Rodrigo no centro das atenções: desta vez, para variar, foi ele a servir. Oferecendo a bola a Trincão, que agradeceu e marcou, num toque de classe, picando-a sobre o guardião dos andaluzes.
O jogo, a partir daí, baixou de intensidade. Com o Sporting a controlar, o Sevilha em busca do golo mas com notório défice de talento. Adivinhava-se a vitória leonina, mas ainda se registaram dois percalços: um cartão vermelho exibido a Diomande pelo árbitro Fábio Veríssimo por falta absolutamente escusada sobre o extremo do Sevilha. Num amigável, quando já vencíamos por 2-0 e a sete minutos do fim. Deve servir de alerta a Diomande como eventual sucessor de Coates: não basta ter bom físico, bons dotes técnicos, eficiente jogo de pés. Também precisa de usar a cabeça para raciocinar em lances como este.
Jogámos com dez a partir daí. E foi já nesse cenário que sofremos o golo, aos 86'. Com a bola a ressaltar em Eduardo Quaresma, traindo Vladan.
Pior foi termos perdido dois jogadores por lesão. Primeiro Nuno Santos, magoado num joelho aos 28'. Depois St. Juste aos 52', por incapacidade muscular logo após ter acelerado mais do que devia.
Não contaremos com eles na Supertaça. O holandês, aliás, já estava excluído, a cumprir castigo, tal como Matheus Reis. Dor-de-cabeça para Amorim. Com três baixas na defesa (contabilizo aqui Coates, que nos deixa com saudades), esta é uma dor-de-cabeça má.
Breve análise dos jogadores:
Vladan - Pouco trabalho. Não fez uma defesa na primeira parte. Sofreu golo aos 86', no primeiro remate dos espanhóis digno desse nome. Sem culpa.
Eduardo Quaresma - Começou como central à esquerda, posição em que não se sente confortável. Apesar de tudo, mostrou-se combativo. Iniciou lane do primeiro golo.
Diomande - Assumiu-se como comandante do trio defensivo, já com Coates fora da equipa. Iniciou golo 2 com passe longo para Rodrigo. Expulso aos 83': não havia necessidade.
Geny - Deu primeiro sinal de perigo, rematando ao lado (10'). Inflectiu muito da ala para o centro, transportando a bola como ele sabe. Precioso corte de carrinho aos 64'.
Morita - Operário sempre activo na casa das máquinas. Baixou para defesa sempre que foi necessário. Atento às recuperações, sem descurar acções ofensivas.
Daniel Bragança - Com Morten e Gonçalo ainda ausentes, foi desta vez o capitão da equipa. Discreto, talvez em demasia, fez parceria eficaz com Morita no meio-campo.
Nuno Santos - Estava a ser o melhor em campo até se lesionar, aos 28'. Excelente assistência para o primeiro golo, queimando linhas para servir Rodrigo na perfeição.
Pedro Gonçalves - Preciosa tabelinha com Nuno na construção do primeiro golo. Podia ter marcado também: aos 70', rematou ligeiramente ao lado; aos 75', falhou chapéu por centímetros.
Trincão - Um dos melhores. Marcou o segundo golo, ao minuto 46, contornando opositores com primor técnico. Aos 75', grande recuperação: ofereceu golo a Pedro Gonçalves, que falhou por pouco.
Rodrigo Ribeiro - Aos 19 anos, demonstrou ao treinador que pode contar com ele. Figura do jogo ao marcar o primeiro e fazer o passe que permitiu o segundo.
Esgaio - Único trintão que resta no plantel. Substituiu Nuno Santos aos 31', actuando como ala esquerdo. Passou para ala direita e depois central na segunda parte. Polivalente.
Travassos - Maior surpresa deste jogo: entrou aos 53', substituindo o lesionado St. Juste. Mas actuando como ala esquerdo. Tem 20 anos, sonha com lugar na equipa. Cumpriu.
Miguel Alves - Estreia absoluta, aos 18 anos: substituiu Geny aos 85'. Central da formação, não esquecerá estes escassos minutos em campo num jogo que vencemos.
Samuel Justo - Entrou aos 90' para render Eduardo Quaresma. Teve pouco trabalho. Ou nenhum.
Terminou o estágio anual em Lagos do Sporting com uma vitória frente a um grande clube espanhol que está a atravessar uma má fase, pouco futebol e muita porrada.
Francamente não dei pelo equipamento, nem andei a contar os Sportinguistas da bancada com igual camisola, deixo isso para outros, para mim o importante foram o jogo e os jogadores.
Daquilo que vi pela TV em dois jogos, a equipa está a regressar ao modelo da 1ª época, a apostar mais no contra-golpe incisivo e letal do que no controlo do jogo em si. Um modelo de jogo em que Pedro Gonçalves e Trincão se sentem como peixes na água. Foram eles que mais se destacaram nos dois jogos televisionados. E esse modelo de jogo também muito favorece Gyökeres.
Mas atacando mais rápido também se perde a bola mais rápido e a defesa sofre mais. Com a saída de Coates, precisávamos duma aposta firme e continuada no melhor trio de defesas, St.Juste-Diomande-Inácio, e dum tampão efectivo à sua frente, porque Debast vai precisar de algum tempo de adaptação e Matheus Reis é preciso na ala esquerda. Com a lesão de St. Juste, o possível castigo de Diomande (continuo a achar o vermelho mal mostrado, no momento da falta Quaresma está a um par de metros e à frente de Diomande na corrida para a sua baliza, seria um lance revertido pelo VAR) e a chegada tardia de Inácio temos ali um problema. Quaresma cumpriu sem mais.
Na ala direita Catamo começa bem a época, mas Fresneda parece estar de fora das opções. O que levanta outro problema, porque precisamos dum ala direito melhor a defender do que Catamo. Entretanto Esgaio, que era para sair, continua.
Na ala esquerda continuamos com Nuno Santos e Matheus Reis. Para mim não está ali o problema.
No meio Morita está no caminho do seu melhor, oxalá a selecção do Japão meta férias por uns meses, Hjulmand a chegar, Bragança e Mateus Fernandes são opções mas doutro patamar. Contra o Sevilha, nas bolas paradas, foi notória a falta de altura do onze. Continuamos sem uma alternativa a Hjulmand alta e forte como ele.
Aparentemente Edwards está como Fresneda. É mesmo para ficar ou está a fazer as malas para Inglaterra?
Quanto aos jovens, andam a aproveitar muito bem as oportunidades. Rodrigo Ribeiro e Nel estiveram muito bem nos jogos televisionados, os outros actuaram nos jogos de porta fechada, não sei como estão.
A temporada ainda agora começou. Muita coisa para definir e acertar até ao fecho do mercado, a base está lá e funciona, e a base chama-se Rúben Amorim.
O resto vai com esforço, dedicação, devoção e muita... tranquilidade, como dizia o míster Paulo Bento.
Para mim o branco e alto Sebastián Coates foi o mehor defesa central do Sporting, pelo menos nos últimos 50 anos. Estão aí os números de jogos, títulos e golos para o demonstrar.
Mas o facto é que teve de sair, pelas razões que se conhecem.
Na defesa a três de Amorim, quem é mais parecido e tenta fazer o mesmo que Coates é um preto e alto chamado Diomande. Para mim é o novo Coates, aquele que não pode mesmo sair seja por que razão for. E se ficar no Sporting os anos que o Coates ficou até poderá superar os números dele. Classe não lhe falta, mas duvido.
Ao lado de Diomande, existem várias opções. À frente Hjulmand, lá na frente Gyökeres, atrás Kovacevic. Será esta a coluna vertebral da equipa do Sporting para a próxima temporada.
Depois existem os Veríssimos desta vida, atrevidos e incompetentes em doses iguais, peões de brega para quem os saiba controlar. Como o fizeram no Jamor. Olé!!! Se o vermelho o retirar da Supertaça então é mesmo caso para investigar.
De resto este Sporting-Sevilha foi um jogo por demais táctico: marcações em cima, poucas oportunidades de golo e essas a surgir de lances casuais.
O resultado de 2-1 contra o Sevilha apenas reflecte a actual inteligência táctica deste Sporting de Amorim.
Mateus, regressado de empréstimo ao Estoril, deu nas vistas com assistência no segundo golo
As partidas da pré-temporada não interessam para coisa nenhuma, proclamam alguns. Sempre os ouvi falar assim, sempre discordei deles. Acompanho todos os jogos do Sporting que antecedem o início da época oficial de futebol - e em todos foi logo possível detectar tendências dominantes. A título de exemplo, recordo este contra o Villarreal, em Julho de 2022. Já lá estava quase tudo: a inoperância de certos jogadores, a forma empastelada de sair com a bola, a incapacidade gritante de concretizar.
Foi, por sinal, o primeiro desafio de Trincão pelo Sporting. Sobre ele, escrevi estas linhas sucintas: «Estreia absoluta de verde e branco. Ainda sem entrosamento com os colegas, valeu pelos aplausos que ouviu ao entrar (65'), substituindo Matheus Nunes.» Também um jogo em que tivemos rara oportunidade de ver actuar pela equipa principal, durante escassos minutos, o jovem Renato Veiga, agora no Chelsea. Eis o meu breve apontamento: «Rendeu Pedro Gonçalves aos 87'. Percebe-se que tem vontade e que não lhe falta boa técnica.» Um desperdício, nunca o termos visto numa partida oficial pela equipa A.
Ontem à noite, no Estádio do Algarve, assistimos a um razoável jogo de pré-temporada. Com duas faces: domínio claro do Sporting no primeiro tempo; cansaço prematuro no segundo, mais evidente ainda quando a equipa adversária foi renovada quase por inteiro enquanto a nossa permaneceu quase intocada.
Não era um adversário qualquer, o Saint-Gilloise. Vice-campeão belga, perdeu o campeonato por uma unha negra, venceu a Taça e disputará daqui a dias a Supertaça contra o Brugge, emblema campeão. Entrou quase com o seu habitual onze titular enquanto do nosso lado faltavam elementos como St. Juste, Edwards e Daniel Bragança, que haviam participado de manhã num jogo-treino à porta fechada com o Portimonense, além de quatro ainda de férias devido à participação no Europeu da Alemanha e na Copa América: Morten, Gonçalo Inácio, Franco Israel e o nosso jovem reforço Debast, oriundo também da Bélgica.
O melhor deste jogo foram os golos, ambos com participação de jogadores da nossa formação: o médio ofensivo Rafael Nel (19 anos), que em Fevereiro tinha alinhado na nossa recepção ao Young Boys para a Liga Europa, e o médio de construção Mateus Fernandes (20 anos), recém-regressado do Estoril, onde deu boa prova como titular na temporada anterior.
Um e outro foram decisivos. O primeiro marcou o golo leonino inaugural, aos 45'+1, fazendo a recarga que se impunha após impecável centro de Nuno Santos e um primeiro remate de Morita. O segundo ao fazer passe para golo, aos 54', desenhando uma diagonal perfeita a isolar na meia-esquerda Pedro Gonçalves, que não perdoou.
Teste superado, portanto: parece que têm direito a sonhar com um lugar no plantel do Sporting 2024/2025. Mas o jogo foi pouco entusiasmante devido às lacunas na equipa, ao calor que se fazia sentir mesmo às 20.30 e à vontade de Rúben Amorim de manter o onze inicial até ao minuto 86. E talvez também por ser o primeiro já sem Coates ao fim de quase nove anos.
O primeiro remate só surgiu aos 26'. A primeira oportunidade (por Geny) aconteceu apenas aos 44'. Mais preocupantes, as lacunas defensivas. Que permitiram os dois golos dos belgas, em transições rápidas - a primeira com um tiro indefensável (73'), a segunda causando apreensão devido ao mau posicionamento do sérvio Vladan (88'), em estreia absoluta entre os nossos postes. Tem boa estampa física, com 1,93m, parece dominar bem a bola com os pés, mas revelou insegurança neste lance que valeu o empate ao Saint-Gilloise.
E Gyökeres? Ainda a recuperar de uma operação, compareceu no estádio. Mas na bancada, onde não teve mãos a medir, sobretudo junto dos adeptos mais jovens. Fartou-se de dar autógrafos.
Que regresse depressa aos relvados. Precisamos muito dele.
Breve análise dos jogadores:
Vladan - Estreia absoluta do reforço sérvio, sucessor de Adán. Fez primeira defesa aos 57'. Sofreu golos aos 73' e aos 88': neste hesitou em sair dos postes, ficando a meio caminho.
Eduardo Quaresma - Está sem ritmo, notou-se bem. Falhas de concentração causaram riscos desnecessários na nossa ala defensiva direita.
Diomande - Será o patrão defensivo de que esta equipa sem Coates tanto necessita? Central ao meio, podia ter feito muito melhor no lance do segundo golo belga.
Matheus Reis - O canhoto completou o trio de centrais. Reparte culpas com Diomande (e com o guarda-redes) no golo sofrido aos 88'.
Geny - Foi o maior desequilibrador na primeira parte, ganhando duelos individuais. Primeiro remate enquadrado, aos 44', saiu do pé esquerdo do moçambicano.
Morita - Médio de equilíbrio, pautando o jogo, assiste no primeiro golo. Muito trabalho defensivo. Caiu fisicamente após o minuto 60.
Mateus Fernandes - Começo titubeante. Mas foi ganhando confiança e protagonizou bons lances no corredor central. O melhor, sem dúvida, foi o passe para o nosso segundo golo.
Nuno Santos - Capitão improvisado, estando os três "oficiais" ainda ausentes. Cumpriu, com a eficácia habitual. Um cruzamento seu, desenhando arco perfeito, origina primeiro golo.
Trincão - Tentou muito, com a sua inegável capacidade de drible, mas conseguiu pouco. Ou nada. Remate ao lado (43'). Isolado, permitiu a defesa do guarda-redes (75').
Pedro Gonçalves - Deambulando como interior esquerdo, pareceu largos períodos alheado do jogo, como é seu timbre. Mas marcou com inegável eficácia o segundo golo (54').
Nel - Com Gyökeres ausente, coube a este extremo de origem funcionar como n.º 9. Marcou aos 45'+1. Ofereceu golos a Trincão (75') e Pedro Gonçalves (83'). O melhor dos nossos.
Samuel Justo - Médio-centro de 20 anos, entrou aos 86' para avançado ao render Nel. Com o jogo empatado, pediu várias vezes a bola, mas sem sucesso. Já quase todos esperavam o apito final.
Tinha algumas dúvidas sobre como o Sporting de Rúben Amorim iria abordar hoje este primeiro jogo público da temporada, perante o segundo classificado do campeonato belga e com duas semanas de avanço na preparação, e o que vi foi um "back to basics". A volta à fórmula que nos deu o título quatro anos atrás: 3-4-3, segurança defensiva, muito trabalho no miolo, contra-ataques rápidos aproveitando os alas projectados.
Uma primeira parte de domínio total sobre o Saint-Gilloise, onde Diomande se assumiu como novo "El patrón" da equipa. Várias oportunidades nos tais contra-ataques ou transições, como agora se diz, e um golo de plena oportunidade de Nel.
Na segunda parte, duma brilhante jogada de Mateus Fernandes, muito apagado na primeira parte, saiu o golo de Pedro Gonçalves. Eram 2-0 e normalmente a vitória estaria assegurada.
Vieram as substituições, os belgas trocaram quase a equipa toda, e lançaram-se a correr (e correr bem depressa) atrás do prejuízo, enquanto o Sporting manteve os mesmos que foram colapsando fisicamente um após outro até terminarem de rastos após sofrerem o empate. Vão dormir bem esta noite.
Gosto desta ideia do duplo jogo com dois onzes distintos e de forçar ao desgaste físico no decorrer dos jogos. Porque é assim que se ganha a endurance e a resiliência e se detectam os erros e as insuficiências. O último golo dos belgas foi um bom exemplo do que não pode acontecer na temporada: a desmarcação em diagonal dum adversário que vem da zona de Matheus Reis para a dum ausente Quaresma com Diomande a marcar com os olhos e o guarda-redes apanhado no meio da viagem. Já o primeiro golo dos belgas me pareceu proveniente dum claro fora-de-jogo.
Antes disso Kovacevic tinha feito duas belas defesas. Recordo-me que Adán fez pior em situações análogas. E não foi só numa.
Estiveram melhor nos 94 minutos: Ele, Diomande, Trincão (que jogou mais e falhou) e Pote (que jogou menos e marcou).
Gostei do Nel, quem já bem conhecia da B, focalizado, avesso ao protagonismo, oportuno. Marcou um golo e fez uma assistência de excelência desperdiçada por Pedro Gonçalves. Vai ser o Nel o tal terceiro ponta-de-lança de que bem precisamos no plantel? Não vi Rodrigo Ribeiro no jogo da manhã onde marcou um golo também.
No final, soube a pouco. Quando é que o Sporting volta ao estádio Algarve para defrontar o Sevilha?
O sorteio não foi meigo para o Sporting. Vamos ter um início de campeonato bem complicado com Rio Ave (C), Nacional (F) e Farense (F) antes de receber o Porto (C).
Temos de contar que Coates saiu já com a pré-época a decorrer. Gyökeres, Hjulmand e Inácio não começarão a época nas melhores condições.
Mas as outras quatro equipas terão os seus problemas também.
A escolha da nova estrutura de capitães está feita e para mim muito bem feita. Hjulmand envergará a braçadeira e terá dois sub-capitães formados em Alcochete, Daniel Bragança e Gonçalo Inácio, a ajudá-lo na tarefa. Qualquer um dignifica o Sporting e encarna os valores do esforço, dedicação e devoção para alcançar a glória, mas Hjulmand foi realmente um achado extraordinário algures em Itália.
Na sequência da época passada, o onze de referência também está definido. Se nenhum deles entretanto sair temos um bom onze:
Kovacevic; St.Juste, Diomande e Inácio; Catamo, Hjulmand, Morita e Nuno Santos; Trincão, Gyökeres e Pedro Gonçalves.
Agora importa ter jogadores que possam substituir qualquer destes numa época de Champions, bem mais exigente do que foi a época passada, acrescentando novas coisas à equipa.
Guarda-redes: Para mim um guarda-redes em final de carreira como Rui Patrício seria muito bem vindo para disputar com Kovacevic a titularidade, como Beto foi com o mesmo Rui Patrício, libertando Israel para jogar com regularidade num empréstimo. Depois se veria qual o o futuro titular. Diogo Pinto tem muita estrada para andar, tal como Callai.
Defesas: Quaresma, Debast e Matheus Reis garantem a rotação necessária no trio. Vamos ver a evolução do belga. Quaresma e Matheus Reis já demonstraram a sua utilidade e os seus pontos fortes e fracos. Pontelo e Muniz deverão ser emprestados. Falta alguém? Para já não, a não ser que algum destes faça falta noutro lado.
Alas direitos: Saindo Esgaio, fica apenas Fresneda, que tem condições físicas para a posição muito superiores a Catamo, muito mais um extremo que um defesa lateral, ainda por cima de pé contrário. Penso que deveria vir mais alguém com valências em falta na equipa, como o jogo aéreo e remate de meia-distância. Ou então pensar mesmo na adaptação de Quaresma ou St. Juste à posição, abrindo espaço para Debast na defesa.
Alas esquerdos: Matheus Reis substitui sem problemas Nuno Santos, em muitos jogos até rende mais do que ele. Falta alguém? Que se passa com o Pedro Bondo da B?
Médios: Bragança e Mateus Fernandes são mais alternativas viáveis a Morita do que a Hjulmand. Falta mais um médio destruidor de jogo tipo Palhinha, que poderá ser ou não Essugo, que poderia ser o Tanlongo se Rúben Amorim não o tivesse reprovado algures, ou que poderá ser um reforço experiente. Não era esse o caso do Koindredi? Pelos vistos não.
Interiores: Edwards é o "abre-latas" que faz sempre falta, Catamo joga perfeitamente na posição, o lado direito está assegurado. No lado esquerdo falta alguém para substituir Pedro Gonçalves. Eu gostaria que não fosse mais um baixinho, mas alguém forte no jogo aéreo e com chegada à área. Depois temos Quenda para dar minutos aqui e ali, mas sem pressões descabidas.
Pontas de lança: Faltam dois avançados trabalhadores e goleadores para alternar com Gyökeres, o homem não é de ferro e os joelhos já começaram a dar de si. Quem pensar que vai andar nas cavalgadas heróicas a época toda engana-se, e tipo "pinheiro" ele não rende.
Resumindo: no meu entender faltam um ala direito, um médio "nº 6", um interior de pé direito, e dois avançados goleadores.
Algum dos miúdos que estão a fazer a pré-época vai explodir esta época? Rodrigo Ribeiro, Nel, Moreira? Esperemos que sim, mas ainda não vi nada nesse sentido.
Enfim, Amorim já demonstrou que nos consegue surpreender pela positiva. Vamos andando e vendo. Os jogos agendados já vão dizer alguma coisa. Estes quatro iniciais da Liga são muito importantes, importa começar de prego a fundo.
Deixo o convite a cada um de vós para dizer o que falta para o Sporting ser novamente campeão e passar à fase final da Champions.
Rúben Amorim: cada vez menos dúvidas sobre a escolha do onze titular
Foto: António Cotrim / Lusa
A esta hora, Rúben Amorim tem certamente cada vez menos dúvidas sobre o onze titular da sua equipa que entrará em campo na jornada inaugural da Liga 2023/2024, frente ao Vizela. Salvo questões do foro clínico, a única grande incógnita relaciona-se com esta questão: chegará ou não o novo médio defensivo a tempo de integrar os trabalhos do colectivo leonino antes do apito inicial do campeonato?
Se havia incógnitas, ontem ter-se-ão dissipado no último jogo de preparação do Sporting na temporada prestes a terminar. Testes a sério, nada de amigáveis com equipas da terceira divisão suíça. Enfrentámos o segundo classificado do campeonato belga (Genk), o quarto e quinto da exigente La Liga (Real Sociedad e Villarreal) e agora, em Liverpool, o Everton - da Premier League, o mais competitivo campeonato do planeta futebol.
Recapitulo aqui os nossos jogadores que agora entraram de início: Adán; Eduardo Quaresma, Diomande, Gonçalo Inácio; Geny, Morita, Daniel Bragança, Matheus Reis; Pedro Gonçalves, Trincão e Gyökeres. Quase todos com exibição positiva.
Estivemos, portanto, desfalcados de três titulares habituais. Coates nem seguiu viagem, magoado. Paulinho, também com queixas musculares, ficou de fora. Nuno Santos está parado há vários dias, fazendo companhia a St. Juste nas sessões de recuperação física em Alcochete.
Foi a nossa primeira e única derrota desta pré-época - tangencial, em casa do adversário, debaixo de chuva copiosa e com temperatura muito abaixo da média, mais parecia fim do Outono do que auge do Verão. O golo solitário do Everton foi marcado aos 45'+2, de penálti, nesta partida sem vídeo-árbitro, num lance mais que duvidoso, em que a bola parece embater no braço de Eduardo Quaresma estendido no chão após lhe tabelar no corpo.
Em futebol corrido, ficámos empatados. Israel viu a bola arrancar tinta ao poste esquerdo da baliza à sua guarda - num tiro de Onana, o melhor da turma inglesa, aos 74'. Mas onze minutos depois Pedro Gonçalves fez o mesmo, num remate em arco, mais em jeito do que em força, já com o guardião Pickford batido. Teria sido outro golaço do nosso n.º 8.
Novidades? Várias.
Desde logo, um inédito trio defensivo: Quaresma à direita, Diomande (em estreia nestes jogos de preparação) ao meio, Gonçalo Inácio à esquerda. Também em estreia, o duo titular no corredor central: Morita e Daniel Bragança. Com o primeiro a disfarçar a principal lacuna da equipa, imitando o melhor possível a tarefa habitual de um médio defensivo - algo para que não tem vocação inata no plano táctico.
Ao nível das ideias de jogo, dois factos merecem registo: abdicámos aparentemente daquela "saída de bola" lenta, pastosa e previsível que nos consumia precioso tempo e dava alento aos adversários; e reforçámos em larga medida o ataque à profundidade, onde aquele que é até agora o nosso único reforço, Viktor Gyökeres, parece sentir-se como peixe na água.
Nas bancadas do histórico Goodison Park, onde a selecção portuguesa cilindrou a Coreia do Norte nos quartos-de-final do Mundial de 1966, talvez houvesse ainda testemunhas desse jogo mítico, em que virámos um resultado negativo de 0-3 transformando-o numa vitória por 5-3. Com um Eusébio do outro mundo, um Simões a brilhar na ala esquerda, um Coluna como inteligente médio de transição e um bloco defensivo onde avultavam três leões: Hilário da Conceição, Alexandre Baptista e João Morais.
Neste recinto, que não tardará a ser demolido, o Sporting apresentou-se sem complexos nem temores, praticando um futebol fluido embora com desequilíbrios pontuais. Matheus Reis foi muito mais contido na ala esquerda, contrastando com um exuberante Geny no lado oposto. Gyökeres parecia estar em todo o lado - e protagonizou a melhor oportunidade do primeiro tempo em lance corrido ao cabecear com intenção e força, para a defesa da noite de Pickford: só este conseguiu travar o endiabrado internacional sueco.
Na tarde fria de Liverpool, registava-se 1-0 ao intervalo. E assim ficou até ao fim.
Faltava ver talvez o melhor da equipa portuguesa, mesmo sem traduzir essa boa exibição em golos. Aos 69', Rúben Amorim fez quatro trocas simultâneas que aumentaram a dinâmica da equipa e foram encostando a equipa inglesa ao seu reduto e a recorrer em excesso ao jogo faltoso (cartões amarelos por faltas "alaranjadas" sobre Esgaio e Morita).
Se a troca de Daniel Bragança por Mateus Fernandes pouco adiantou, já na ala esquerda Afonso Moreira trouxe muito mais dinâmica, na comparação com um apático Matheus Reis. Estamos perante um jovem cheio de talento que merece não apenas integrar o plantel leonino como fazer parte das apostas efectivas do treinador. Duas das nossas três oportunidades de golo neste segundo tempo tiveram a marca dele.
Quem já não esteve do nosso lado foi Chermiti: vai estrear-se dentro de dias como profissional do Everton. Desejo-lhe boa sorte, mas creio que muda para pior.
Breve avaliação dos nossos:
Adán. Grande exibição enquanto esteve em campo, durante todo o primeiro tempo. Salvou dois golos no mesmo lance, aos 33', com defesas aparatosas. Só lhe faltou parar o penálti aos 45'+2.
Eduardo Quaresma. Melhora de jogo para jogo. Enfrentou sem temor Onana, o melhor do conjunto inglês. No lance do penálti, já no chão, a bola embate-lhe no braço. Faltou o VAR para ver à lupa.
Diomande. Estreia nesta pré-temporada leonina, precisamente no jogo de encerramento. Logo com a responsabilidade de ocupar o posto do ausente Coates. Cumpriu, com nota positiva.
Gonçalo Inácio. Oscilou entre o menos bom, quando pareceu pecar por falta de velocidade, e aquilo que mais se espera dele, nos passes longos, a lançar o ataque. Foi capitão na segunda parte.
Geny. Cria desequilíbrios na ala direita. Não vira a cara aos duelos, vai para cima do adversário e centra com critério. Falta-lhe apurar o remate. Falhou por pouco aos 67', a rasar o poste.
Morita. Quem disse que não aguenta 90' em campo? O japonês desfez esta dúvida, numa das missões mais desgastantes, em constante vaivém entre o meio-campo e a defesa. Fundamental.
Daniel Bragança. Distribui com precisão, alterna o passe curto com o passe longo, sabe pensar o jogo. Peça importante na organização do nosso meio-campo.
Matheus Reis. Demasiado contido nas incursões pelo seu corredor, indisciplinado quando mais se lhe exigia cabeça fria, arriscando o cartão. Foi o segundo mais fraco do nosso onze titular.
Pedro Gonçalves. Esteve no pior durante o primeiro tempo (três vezes servido por Gyökeres, desperdiçou com remates à figura) e no melhor no segundo (acertou no poste aos 83').
Trincão. A chuva copiosa e o relvado empapado em nada facilitaram o seu futebol tecnicista. A verdade é que passou ao lado do encontro. Amorim confiou nele sem ser correspondido.
Gyökeres. Dispôs da melhor oportunidade da primeira parte, num forte cabeceamento para defesa apertada de Pickford (9'). Combativo, surgiu em excesso nas alas. Tem de jogar mais no centro.
Israel. Jogou toda a segunda parte, sem sofrer golos. Ainda apanhou um calafrio, quando viu Onana atirar a bola ao poste (74').
Mateus Fernandes. Rendeu Daniel Bragança aos 69'. Sem vantagem para a equipa, excepto no refrescamento físico. Arrisca-se a passar outra época na obscuridade.
Esgaio. Substituiu Geny aos 69'. Entrou com energia e vontade de mostrar serviço: faz-lhe bem ter concorrência. Melhor momento: um centro rasteiro, aos 80', oferecendo o golo a Afonso.
Edwards. Entrou para o lugar de Trincão, aos 69', e pareceu menos apático. Protagonizou bom lance individual aos 83'. Mas agarra-se demasiado à bola ou desinteressa-se dela. Tem de melhorar.
Afonso Moreira. A maior surpresa. Entrou muito bem aos 69', substituindo Quaresma. Veloz, intenso, agitou o corredor esquerdo. Atirou com perigo à malha lateral (80'). Tiro a rasar o poste (90'+2).
No último dos jogos de preparação o Sporting perdeu com o Everton no seu estádio de Liverpool por 1-0. Com Genk, Real Sociedad e Vilarreal foram 2V,1E,1D com equipas das primeiras Ligas da Bélgica, Espanha e Inglaterra, equipas chatas e durinhas, excelentes para identificar os pontos fracos do modelo e do plantel de acordo com os objectivos desta temporada sem presença na Champions.
Sem Coates, Paulinho e Nuno Santos, e debaixo de chuva constante, o onze colocado por Rúben Amorim em campo deixava a desejar do ponto de vista físico, com os baixinhos e macios Bragança e Morita muito juntos no miolo, um Catamo falso extremo que pouco defendia na ala direita, e dois interiores também eles semelhantes fisicamente. A falta de poder de choque no meio-campo deixava Quaresma entregue à sua sorte e os dois outros centrais em trabalhos forçados em lances iniciados nas costas de Catamo. Do outro lado, um Matheus Reis mais recuado e um Pedro Gonçalves deambulando pela zona central deixava toda a ala para as arrancadas de Viktor, tarefa que o esgotou precocemente. Trincão tentava sem grande sucesso ser a cola daquilo tudo, ajudando a defender na esquerda e a transportar a bola pelo centro.
Com isto uma primeira parte de oportunidades para os dois lados, as maiores do Sporting por Pedro Gonçalves e Catamo, e um penálti duvidoso a fechar a primeira parte de Quaresma, julgado sem recurso ao VAR para perceber se houve remate contra o braço, ou um ressalto do corpo para o braço.
Na segunda parte o Everton apertou ainda mais no meio-campo. O Sporting passou por dificuldades, a perder bolas que davam contra-ataques perigosos, com Morita "de cadeirinha" a marcar com os olhos e Bragança a trote atrás de médios adversários a galope. No ataque, com o sueco já sem a mesma disponibilidade, os lances eram resolvidos com centros por alto a que Pickford e a sua defesa chamavam um figo.
Vieram então as substituições. Saiu todo o lado direito do onze: Catamo, Quaresma, Trincão e Bragança. Esgaio e Edwards equilibraram o jogo desse lado e com Afonso Moreira muito activo do outro, tudo foi diferente. As oportunidades começaram a surgir, Pedro acertou na barra e Afonso teve dois remates que mereciam melhor sorte.
Se dúvidas ainda existissem, este jogo tornou evidente a falta dum 6 fisicamente possante que faça esquecer Palhinha. Deixou de haver saída a jogar desde o guarda-redes atraindo os avançados contrários para ganhar espaço atrás deles, passou a haver a intenção de colocar a bola rapidamente no sueco para com as suas arrancadas desestabilizar a defesa contrária e ajudar a surgirem os espaços por onde aparecerão Pedro Gonçalves e Trincão a rematar ao golo.
Mas se a bola rapidamente chega ao ataque, tambem rapidamente pode voltar e o meio-campo tem de ter capacidade de parar as iniciativas do adversário, preferencialmente sem falta e em zonas distantes da linha defensiva. Morita e Daniel Bragança, se individualmente já têm grandes carências a esse nível, como dupla não servem de todo.
Imaginando que chega o tal 6, dinamarquês ou brasileiro, e "pega de estaca", o resto do onze titular está mais ou menos definido. Com Pedro Gonçalves a médio ou a avançado, e Paulinho a entrar para o lado do sueco, conforme os adversários e o momento do jogo:
Adán; Diomande, Coates e Inácio; Esgaio, o tal 6, Pedro Gonçalves e Nuno Santos; Edwards, Viktor e Trincão.
Na retaguarda todos os outros, mas Afonso Moreira é mesmo craque.
Sem lesões a atrapalhar não estaria nada mal. Com mais um 6/8, melhor ainda, já que um St.Juste recuperado terá sempre lugar no onze, mesmo que na ala direita. Quem quiser perceber porquê basta rever o Arsenal-Sporting.
Sporting, 3 - Villarreal, 0 (Troféu Cinco Violinos)
Pedro Gonçalves, muito batalhador e eficaz marcador: novamente o melhor em campo
Foto: António Cotrim / Lusa
Grande espectáculo, grande moldura, grande ambiente, grande jogo, grande resultado.
Conclusão a que cheguei após observação atenta do plantel leonino para 2023/2024: tem qualidade, combina jogadores que se complementam muito bem, faz-nos renascer a esperança na conquista de títulos e troféus.
Falta ainda definir o onze-base da nova temporada. Desde logo porque se fala na chegada iminente de Pedro Neto, do Wolverhampton, por empréstimo. E da possivel vinda de André, do Fluminense.
Não adianto prognósticos, mas se aparecerem ficaremos com uma equipa de luxo. Em todas as posições.
Ontem, em Alvalade, com as bancadas muito bem compostas apesar da hora tardia a que começou o jogo e das dificuldades que milhares de adeptos tiveram para entrar no recinto, os nossos jogadores cumpriram. Tanto com o equipamento tradicional, na primeira parte, como com o equipamento alternativo, na etapa complementar: branco com listas verdes.
Vencemos e convencemos. Desta vez o Villarreal, equipa que se classificou na quinta posição da Liga espanhola 2022/2023 e acabara de empatar 1-1 com o Feyenoord. Agora, em Alvalade, derrotada por 3-0 - a mesma marca do nosso triunfo anterior, frente à Real Sociedad, que ficou em quarto no campeonato do país vizinho.
Balanço destas duas partidas: marcámos seis golos, não sofremos nenhum.
Com a diferença, quanto ao desafio de ontem, que nos valeu um troféu. Um dos que mais estimamos, por motivos óbvios: o Cinco Violinos.
Com 30.103 adeptos nas bancadas - número oficial. Mas a contabilidade peca por defeito: a partir de certo momento, face à enorme procura e à longa espera, os torniquetes foram levantados e deixou de haver registo.
Desta vez Rúben Amorim recuperou sem hesitar o sistema 3-4-3 que introduziu em 2020 no Sporting. Com uma alteração digna de registo: deixámos de sair com a bola daquela forma lenta e facilmente anulável pelas equipas adversárias que estudam bem a nossa. Agora somos mais rápidos, objectivos e aptos a queimar linhas na construção ofensiva, explorando a profundidade. Suprindo uma lacuna que começava a tornar-se incómoda.
Onze inicial ontem em campo: Adán; Eduardo Quaresma, Coates, Gonçalo Inácio; Esgaio, Morita, Pedro Gonçalves, Matheus Reis; Edwards, Trincão e Gyökeres. Principal novidade: a inclusão de Eduardo, elemento da nossa formação.
Outros jovens nascidos para o futebol em Alcochete viriam a actuar mais tarde: Geny, Daniel Bragança e Jovane. Com Rodrigo no banco - outra feliz notícia. Ainda bem.
Ouviu-se O Mundo Sabe Que em modo artístico, ao som de violino real: bom auspício para o que iria seguir-se.
A verdade é que houve alguns lances a pedir música da melhor. Os nossos três golos, por exemplo.
O primeiro, fruto da inspiração individual de Edwards, que pareceu ter despertado da letargia galgando muitos metros com a bola dominada no corredor central e acabou por rematar com êxito após deixar para trás vários adversários. Um quase-golo à Maradona, estavam decorridos 44 minutos. Assim, com 1-0, se foi para o intervalo.
O segundo, obra e graça de Pedro Gonçalves, marcando de pé esquerdo: assim coroou de êxito exibição de classe no corredor central. A veia goleadora dele permanece, agora incentivada por ter nas costas o n.º 8, que pertenceu a Bruno Fernandes.
O terceiro, aos 83', teve assinatura de Paulinho, que saltou do banco aos 53'. Ao primeiro toque, à ponta-de-lança, correspondendo com eficácia a um centro de régua e esquadro de Geny numa boa jogada colectiva iniciada nos talentosos pés de Daniel Bragança. Impecável a jogar de frente para a baliza.
Este Sporting está bem e recomenda-se. Faltam acertos pontuais. Falta recuperar St. Juste, há quase um mês no estaleiro. Falta saber se a lesão de Nuno Santos, ontem ausente do tapete verde de Alvalade, será debelada em breve.
Falta saber se ainda há reforços a caminho.
Falta, sobretudo, ter a certeza de que nenhum dos nossos melhores irá sair. Há um ano, por alturas da terceira jornada da Liga 2022/2023, a partida de Matheus Nunes desestabilizou a equipa ao ponto de ela nunca mais se ter reencontrado.
Nenhum de nós quer que este filme se repita.
Breve avaliação dos nossos:
Adán. Grande defesa aos 24', negando o golo à turma espanhola. Saiu aos 65', cedendo protagonismo entre os postes ao jovem Israel.
Eduardo Quaresma. Titular: prova de que o treinador confia nele. Causou dois calafrios na primeira parte, melhorou na segunda. Até sair, aos 85'.
Coates. O melhor do nosso reduto defensivo, confirmando-se como comandante. Cortes providenciais aos 9' e 48'. Saiu aos 65', entregando a braçadeira.
Gonçalo Inácio. Mais contido do que nos jogos anteriores, sem sair com a bola dominada. Foi capitão entre os minutos 65' e 85'.
Esgaio. Voluntarioso. Bons centros aos 28', 41' e 45'+2. Mas sem fazer a diferença, ao contrário das partidas anteriores.
Morita. Trabalhador incansável, aguentou 90 minutos em campo. Fez de médio defensivo, preocupado sobretudo com a recuperação de bolas. De uma delas nasce o segundo golo.
Pedro Gonçalves. Melhor em campo. Volta a ser o mais influente. Assistiu Edwards no nosso primeiro golo e marcou ele próprio o segundo, aos 72'. Quase repetiu a proeza aos 80'.
Matheus Reis. Subiu de rendimento em relação ao desafio anterior, desta vez actuando como ala esquerdo. Esta subida no terreno potencia as suas melhores características.
Edwards. Parecia alheado do jogo quando pega na bola e galga terreno com ela dominada, dribla vários e marca o nosso primeiro. Inventou golo que mal festejou. Nota artística.
Trincão. Protagonizou grande arrancada aos 9, ceifado em falta - com cartão amarelo para o adversário. Substituído por Daniel aos 65'.
Gyökeres. Combativo, sem fugir aos duelos. Na zona de tiro, obrigou Jorgensen a grande defesa (18'). Sacou um amarelo (22'). Com ele, o futebol leonino fica mais acutilante e vertical.
Geny. Dinâmico, substituiu Esgaio aos 57'. Foi dele a assistência para o nosso terceiro golo. Amorim parece contar com ele.
Paulinho. Ponta-de-lança sem golos é como jardim sem flores. O minhoto, por troca com Edwards (57'), marcou o terceiro (75'). E ainda atirou a roçar a barra (83'). Desta vez cumpriu.
Israel. Substituiu Adán aos 65'. Sem trabalho intenso quase até ao cair do pano. Defesa aparatosa aos 90'+4.
Daniel Bragança. Quem sabe, nunca esquece. Parecendo totalmente recuperado da grave lesão do Verão passado, substituiu Trincão aos 65'. Inicia construção do terceiro golo.
Diomande. Mostrou o que vale - e é muito. Em cortes e recuperações, como central improvisado à esquerda, a partir do minuto 65', quando rendeu Coates.
Neto. Entrou aos 65', para o lugar de Eduardo Quaresma. Passando a ostentar a braçadeira de capitão, após Coates e Gonçalo Inácio. Com todo o mérito.
Jovane. Gyökeres saiu aos 85', recebendo calorosos aplausos da massa adepta. O caboverdiano entrou para o seu lugar, sem comprometer. Marcou livre a rasar a trave (89').
Sporting, 3 - Real Sociedad, 0 (jogo de preparação)
Bastaram 19 minutos para o nosso reforço mais caro de sempre fazer o gosto ao pé
Foto: Lusa
Grande atmosfera no estádio do Algarve, com as bancadas ontem muito bem preenchidas, ao final de um dia de Verão. Milhares de sportinguistas, em férias ou não, marcaram ali presença para apoiar a equipa no segundo teste a sério da pré-época, à porta aberta, com transmissão televisiva.
Este tinha um condimento muito especial, ao contrário do anterior, contra o Genk. Marcou a estreia do nosso mais caro reforço de sempre: Viktor Gyökeres, principal foco de atracção desta partida em que Rúben Amorim já escalou um onze que irá aproximar-se muito da equipa-base da nova temporada.
Frente à Real Sociedad, equipa que disputará a Liga dos Campeões, o sueco não defraudou as expectativas. Fez o gosto ao pé, logo aos 19', aproveitando da melhor maneira a sua primeira oportunidade - que foi também a primeira oportunidade da nossa equipa frente ao quarto classificado da Liga espanhola 2022/2023.
Explosão de alegria no estádio: é mesmo reforço. Não apenas pelo golo, mas pelo que lutou em campo pela posse da bola e pela boa condição física que evidenciou até ao apito final.
À segunda oportunidade, voltámos a metê-la lá dentro. Desta vez pelo mais inesperado dos goleadores: Ricardo Esgaio, aos 28', dando a melhor sequência a um excelente passe picado de Pedro Gonçalves a sobrevoar a defesa. O transmontano, que agora joga com o número 8, foi o melhor em campo. Já tinha sido ele a iniciar o lance do primeiro, com um passe de 40 metros solicitando a desmarcação de Esgaio junto à lateral direita. E foi ele a marcar o terceiro, aos 55', muito bem servido por Nuno Santos naquela que foi a melhor jogada colectiva do Sporting em todo o desafio.
Dominámos sempre, do meio-campo para a frente, pondo a Real Sociedad em sentido. E revelámos consistência lá atrás, com uma linha automática de defesa a cinco em situações de perda de bola. Adán, bem apoiado, deu conta do recado entre os postes. Deixámo-nos da irritante "saída em futebol apoiado", com trocas inconsequentes de bola na zona mais recuada. Há muito que não via o Sporting explorar tão bem o ataque em profundidade com passes de pelo menos 30 metros. Foram vários, quase todos bem-sucedidos. Dois dos golos nascem de situações deste género.
Menos positiva, mas sem surpresa, foi a actuação de Paulinho. Enquanto o colega recém-chegado deu a melhor sequência ao lance logo à primeira oportunidade, o nosso n.º 20 viu-se três vezes isolado (numa das quais em fora-de-jogo, assinalado pelo VAR) mas foi incapaz de finalizar com critério, permitindo que a defesa apanhada em contrapé o neutralizasse. Mais do mesmo, portanto.
Negativa foi a entrada em cena - estreia absoluta pela equipa principal - do lateral direito Barroso. Na primeira bola disputada, fez falta grosseira, pondo em risco a integridade fisica de um adversário. Viu o vermelho. Oportunidade perdida: talvez não tenha outra.
Nesse minuto 81 estreou-se outro jovem da formação: Tiago Ferreira, mais conhecido por Mamede. Ala esquerdo, rendeu o excelente Nuno Santos numa fase mais distendida do jogo. Lembrará para sempre este dia. Mas é duvidoso que seja muito aproveitado entre os "crescidos" num futuro próximo.
Um pouco mais jogou Dário, que rendeu Morita aos 70'. Mal tocou na bola, errou um passe - dando origem a lance perigoso da equipa basca. Tem boa técnica, mas falta-lhe evoluir bastante para alimentar o sonho de ser titular na equipa principal do Sporting.
O que nos alerta para um problema de fundo: continuamos sem um médio defensivo adequado aos nossos pergaminhos e à nossa legítima ambição.
Breve avaliação dos nossos:
Adán.Melhor: grande defesa, muito apertada, aos 88'. Pior: nem sempre esteve bem na reposição de bola.
Esgaio.Melhor: marcou o nosso segundo golo, correspondendo da melhor forma a um belo passe de Pedro Gonçalves. Pior: perda de bola aos 46', num ataque rápido da equipa basca.
Gonçalo Inácio.Melhor: grande obreiro do segundo golo, desequilibrando no corredor central com a bola bem dominada. Pior: faltou-lhe eficácia nas bolas paradas ofensivas.
Coates.Melhor: calma olímpica num corte cirúrgico dentro da área (24'). Pior: pontapeou a bola já com o jogo parado, o que lhe teria valido amarelo num desafio mais a sério.
Matheus Reis.Melhor: articulou-se bem com Nuno Santos no flanco esquerdo. Pior: faltou-lhe arriscar mais no passe e na progressão com bola.
Nuno Santos.Melhor: excelente cruzamento para Pedro Gonçalves marcar o terceiro. Pior: tentou o golo de trivela, mas atirou para a bancada.
Morita.Melhor: inicia a construção do segundo golo no corredor central. Pior: caiu fisicamente a partir da hora do jogo, acabando substituído aos 70' por Dário.
Pedro Gonçalves.Melhor: esteve nos três golos e marcou o terceiro, sem preparação, ao primeiro toque. Pior: desta vez não fez a diferença nas bolas paradas, todas a seu cargo.
Edwards.Melhor: prestou apoio ocasional aos colegas mais recuados, integrando-se no processo defensivo. Pior: apatia generalizada, desinteressando-se de vários lances.
Paulinho.Melhor: pareceu combinar bem com Gyökeres, seu novo parceiro no ataque. Pior: podia ter marcado, mas continua com sérios problemas de finalização.
Gyökeres.Melhor: estreia em grande, abrindo o marcador aos 19'. Pior: gostávamos que tivesse marcado outro, mas ele não nos fez a vontade.
Dário.Melhor: é neste momento, talvez, o nosso único médio defensivo. Pior: perde a bola logo no primeiro lance, confirmando que ainda lhe falta evoluir muito.
Mamede.Melhor: estreou-se aos 21 anos na equipa principal, substituindo Pedro Gonçalves, após extenso percurso nas camadas jovens. Pior: não protagonizou qualquer lance digno de registo.
Leonardo Barroso.Melhor: estreou-se aos 18 anos na equipa principal, substituindo Nuno Santos. Pior: foi expulso logo a seguir.
Na época passada por esta altura deixei aqui bem claro que o plantel apresentado aos sócios me parecia curto e desequilibrado para as necessidades da época. Depois da troca de Matheus Nunes por Sotiris ainda mais curto e desequilibrado ficou, e todo o esforço de Rúben Amorim para obviar a situação não chegou para conseguir o desejado sucesso.
Mas, além dos jogadores em si, havia uma nova ideia de modelo de jogo, esboçada contra a Roma no estádio do Algarve, a do ataque móvel, que até funcionou bem nas competições europeias mas que fracassou internamente.
Esta época começou também no mesmo estádio, agora contra o Genk, com um esboço de ideia de jogo bem diferente. Um futebol mais directo, de "tracção à frente", com um ponta de lança possante apoiado de perto por um avançado móvel, alimentados por dois alas ofensivos, dois organizadores de jogo e um passador à distância tipo "quaterback" do futebol americano que torna bem menos previsível o futebol da equipa. Uma ideia muito à medida de Gyokeres, Trincão e Inácio, em que Pote e Morita ainda estão a procurar o melhor encaixe.
Por outro lado começa também com uma estranha "purga" de jogadores contratados ou emprestados com intenção de compra na última época, como Arthur, Rochinha, Sotiris, Fatawu, Tanlongo e Alcantar, e de alguma desvalorização do trio proveniente do FC Porto: Gonçalo Esteves, Diogo Abreu e Marco Cruz. Estranha porque para além de terem sido avaliados e seleccionados por Amorim, são quase todos jogadores de inegável valor que poderiam integrar o plantel deste ano. Se calhar a mudança de ideia de jogo teve alguma coisa a ver com isso.
A contrapartida é uma aposta ainda mais forte na formação, com alguns jovens de Alcochete a darem tudo para aproveitar a oportunidade, como foi visível neste último jogo em Chermiti e Afonso Moreira, e mesmo em Quaresma e Jovane. Afonso demonstrou que, depois de Chermiti, é um valor seguro, não para competir com Nuno Santos ou Matheus Nunes a fazer todo o corredor, mas para actuar no terço ofensivo quando o 3-4-3 se transformar num 3-3-4 pela sua entrada a substituir o ala e o adiantamento de Gonçalo Inácio.
Não existe grande equipa sem grande espinha dorsal. No 3-4-3 a espinha dorsal é constituida pelo guarda-redes, o defesa do meio, o médio defensivo, médio ofensivo e o ponta de lança. Neste momento não se percebe bem se o 3-4-3 é para manter, e quem assumirá esses lugares, se Coates ou Inácio serão os centrais do meio, se o médio defensivo será ou não Morita, e o ofensivo Pedro Gonçalves. Mas fica claro que não existe nenhum Palhinha nem nenhum Matheus Nunes no plantel para as posições de médio - jogadores altos, fortes, rotativos, resistentes, que durem toda uma época em bom nível. O único com esse perfil é Essugo, que ainda tem enorme dificuldade de gerir a sua intensidade e escapar a amarelos que muito o condicionam para o resto do jogo.
Fixada a espinha dorsal, tudo o resto se encaixa. Pode haver maior rotatividade noutras posições de forma a garantir frescura física sem prejuízo da qualidade de jogo. Mas com jogadores pequeninos, macios e tecnicistas nessas posições centrais, sem conseguir impor o físico nas bolas divididas e manter a intensidade nos 90 minutos de jogo, tudo se torna mais difícil.
Não é preciso ser um Conceição qualquer para perceber esse ponto fraco, lançar contra-ataques pelo corredor central solicitando no momento certo em profundidade um atacante ou cavando faltas perigosas e tentando a sorte nas bolas paradas.
Estamos em plena pré-época, o fecho do mercado vem ainda longe, a primeira prioridade em termos de reforços está realizada, importa agora fazer os acertos restantes.
Sem pressas excessivas, importa contratar soluções e não novos problemas como parecia ser o caso do defesa direito do Sevilha.
Na terça-feira temos mais uma jornada dupla no Algarve. Podemos então confirmar ou não as ideias que aqui deixo para debate.
Todos os pontos de vista contrários são bem vindos. Comentários idiotas dos "trolls" do costume seguem directamente para o lixo.
Trincão marcou logo aos 10': regresso de férias com o pé quente
Foto: Lusa
Primeiro jogo de preparação aberto aos adeptos do Sporting. Foi no estádio do Algarve contra o Genk, vice-campeão da Bélgica. Terminou 1-1, resultado feito na primeira parte.
Rúben Amorim pôs em campo o seguinte onze. Israel; Eduardo Quaresma, Coates, Gonçalo Inácio, Matheus Reis; Morita, Edwards, Afonso Moreira, Pedro Gonçalves; Trincão e Chermiti. Uma espécie de 4-4-2, com 5-3-2 em momento defensivo, fazendo supor que passará a actuar com dois avançados, dois extremos com pendor mais clássico e um par de médios criativos resguardados com um quarto defesa elástico, Gonçalo Inácio, como sucedâneo de "trinco" ou médio posicional.
As aparências iludem. Veremos se esta mudança do modelo táctico virá para ficar ou se visa apenas baralhar os nossos adversários a escassas semanas do início do campeonato.
Apesar de o nosso golo ter surgido cedo (marcado por Trincão à ponta-de-lança, muito bem servido por Chermiti logo aos 10'), foi na segunda parte que estivemos em melhor nível. Com destaque para o regresso muito aplaudido de Daniel Bragança após um ano de lesão grave. Ele e três outros elementos da formação leonina (Afonso, Eduardo e o já mencionado Chermiti) foram os elementos mais em foco.
Faltou Gyökeres, a nova estrela da companhia.
Alterações, apenas duas. A troca de Morita por Daniel ao intervalo e a entrada de Jovane aos 80', substituindo Eduardo Quaresma, que saiu com queixas físicas.
Perante uma equipa forte e que iniciou mais cedo a preparação da época, faltou-nos o quê? Mais poder de fogo. Faltou também maior consistência defensiva - ponto fraco da época passada. O golo do Genk foi brinde nosso: erro clamoroso de Matheus Reis, aos 24', com passe lateral à queima para o guarda-redes que Israel não conseguiu interceptar.
Até nem me importo muito que tenham erros destes nos jogos de preparação. Se nos desafios a sério nada disto acontecer.
Breve avaliação dos nossos:
Israel. O melhor: saiu duas vezes bem dos postes. O pior: o golo sofrido, embora o grande culpado tenha sido Matheus Reis.
Eduardo Quaresma. O melhor: enfrentou bem Fadera, o mais acutilante do onze belga. O pior: saiu com queixas físicas, oxalá não seja nada grave.
Coates. O melhor: resolveu vários problemas com a sabedoria que só a experiência dá. O pior: algo preso de movimentos em lances pontuais.
Matheus Reis. O melhor: aguentou 90 minutos. O pior: o erro caricato que traiu Israel e permitiu aos belgas empatarem o jogo.
Gonçalo Inácio. O melhor: Amorim experimentou-o em movimentos de transição para a posição 6, confirmando a confiança nele. O pior: falhou alguns passes.
Morita. O melhor: passe longo, de 40 metros, que isolou Chermiti iniciando o nosso golo. O pior: substituído ao intervalo, pareceu longe da melhor forma física.
Edwards. O melhor: um passe de ruptura, mesmo ao findar o jogo para dentro da área que poderia ter gerado golo. O pior: pareceu apático, longe das zonas de decisão.
Afonso Moreira. O melhor: várias iniciativas individuais vistosas no flanco esquerdo, com vontade de impressionar o técnico. O pior: alguma precipitação ocasional, motivada pela ansiedade.
Pedro Gonçalves. O melhor: vê-lo agora com o número 8, que pertenceu a Bruno Fernandes. O pior: passou praticamente ao lado do jogo.
Trincão. O melhor: o golo, à ponta-de-lança. O pior: não ter aproveitado três outras oportunidades que lhe foram surgindo.
Chermiti. O melhor: soberba assistência ao recuperar uma bola junto à linha final e cruzando, em oferta de golo a Trincão. O pior: ter ficado desta vez em branco.
Daniel Bragança. O melhor: vê-lo regressar em boa forma, aparentemente sem sequelas da grave lesão. O pior: já amarelado, cometeu falta que lhe teria valido segundo amarelo num jogo a sério.
Jovane. O melhor: excelente pormenor técnico ao receber um passe longo de Coates e rodar, deixando para trás um adversário, aos 86', e "assistindo" Trincão. O pior: esteve pouco tempo em campo.
Bom jogo de preparação contra o vice-campeão belga, mais avançado na preparação, em mais uma dupla jornada com o plantel repartido por dois jogos em horas distintas.
Trata-se antes de tudo duma metodologia de preparação que dá minutos (a grande maioria fez hoje 70 ou mais) e oportunidades a todos os jogadores. São eles que dizem ao treinador o que valem agora e o que podem valer na temporada.
Mas além disso existem também algumas ideias e dinâmicas novas para esta temporada testadas neste segundo jogo do dia: o avanço de Gonçalo Inácio para a linha média em momento de ataque; o posicionamento de Trincão deambulando atrás do ponta de lança, no caso Chermiti; e o ataque à profundidade num jogo mais directo do que o posicional da época passada. Claro que umas vezes isso traduziu-se em situações de golo na baliza adversária, noutras em perdas de bola inglórias na frente e contra-ataques perigosos do adversário.
Os piores em campo foram alguns dos melhores jogadores, habituais titulares do plantel, especialmente Pedro Gonçalves, Morita e Edwards. Os melhores, além de Inácio e Trincão, foram os putos de Alcochete: Quaresma, Moreira e Chermiti.
Nota especial para Daniel Bragança e Jovane, dois já não tão miudos mas que também passaram por Alcochete e andam a correr atrás do tempo perdido pelas lesões.
O jogo da manhã não vi: vitória sobre o Farense por 2-1. Jogaram alguns habituais titulares que viram o segundo jogo desde a bancada.
Enorme aposta na formação que Rúben Amorim e o Sporting estão a fazer nesta pré-época. Está à vista de todos. Neste jogo foram Quaresma, Inácio, Moreira, Bragança, Jovane e Chermiti, de manhã foram outros. O futuro está nas mãos (pés) deles.
O Sporting de Rúben Amorim começou da melhor forma a nova época numa jornada dupla com E. Amadora de manhã e Marítimo pela tarde, duas equipas distintas em campo e duas vitórias no final, 4-1 com "hat-trick" de Chermiti de manhã, 3-0 com um "bis" de Trincão à tarde.
Pelas minhas contas estiveram em campo 25 jogadores, 14 da formação de Alcochete. Como dois guarda-redes são estrangeiros contratados não daria para formar um onze com os não-formados em Alcochete. Eu que sempre defendi a existência duma quota mínima da formação no plantel principal não me recordo duma situação assim, nem no tempo do Paulo Bento.
Por exemplo, na época da "mão de Ronny", 2006-2007, o plantel contava apenas 9 em 26: Rui Patrício, Miguel Garcia, Caneira, Carlos Martins, Nani, Miguel Veloso, João Moutinho, Pereirinha e Djaló. Ninguém mais, mesmo tendo o Sporting sido campeão de juvenis e juniores dois anos antes.
O que demonstra bem a falta de noção de algumas críticas dirigidas a Rúben Amorim no que à formação diz respeito, que misturam ignorância com a forte vontade de o ver pelas costas, julgando que com ele vai o presidente, o que está tudo menos provado.
Será esta a situação ideal em termos de composição do plantel? Penso que não, faltam mais dois ou três reforços de peso no plantel (e para isso é preciso investir), dois ou três dos 14 deveriam ser libertados para ficarmos enfim com um plantel equilibrado e competitivo. Mas é uma boa base de trabalho para identificar as reais necessidades e comprar cirurgicamente.
O Sporting B de Filipe Çelikkaya começou também a época. O único reforço conhecido é o angolano Pedro Bondo, de 18 anos. Média de idades ainda mais baixa no que no ano passado, quase todos com 19-20 anos, o único com mais é o Tiago Ferreira, por enquanto integrado no plantel principal e que alinhou ontem. Claro que desta forma, com um plantel bem mais novo do que os das equipas B dos rivais e sem quase reforços externos, será difícil que a subida de divisão se concretize, mas a ideia não é essa, é a de formar jogadores para a equipa A e/ou para o mercado internacional.
Os sub23 de João Pereira também já começaram os trabalhos. Mais um espaço de competição e de evolução para os melhores juvenis e juniores.
Começou já a nova época futebolística, a quarta que Rúben Amorim inicia como treinador do Sporting. Daquilo que vou lendo e vendo, parece que fez uma reflexão sobre aquilo que correu mal, especialmente na primeira metade da época passada, e aposta numa ideia diferente de jogo para esta temporada fora da Champions, mais físico, mais intenso, mais vertical. O ataque móvel dos três baixinhos foi colocado na gaveta e por mim é lá mesmo o lugar dele. O Guardiola é na Premier League.
Logo no arranque da época passada falei aqui em plantel curto e desequilibrado com falta de peso e altura no eixo central. Com as entradas em jogo de Chermiti, Diomande e Tanlongo ainda na época passada e agora com Gyokeres e José Angel, com as saídas de Ugarte, Rochinha e Arthur Gomes, com mais uma outra entrada ou saída, vamos ficar com um plantel bem mais forte fisicamente.
Com Pedro Gonçalves, Trincão, Edwards, Gyokeres, Paulinho e Chermiti, mais Fatawu a "joker", ficamos finalmente com um ataque que dá opções a Amorim para entrar em campo ou mudar o rumo do jogo.
Com Diomande, St.Juste, Coates, Neto, Inácio, Matheus Reis, mais Muniz às sobras, também na defesa a coisa está bem resolvida. E bem resolvida está também em termos de guarda-redes, com Adán, Israel e Callai.
Nas alas, Esgaio, José Angel, Afonso Moreira, Nuno Santos e mais o Matheus Reis quando necessário também cumprem os requisitos.
O problema está apenas por resolver no meio-campo, continuando a faltar o legítimo sucessor de Matheus Nunes, que muito bem poderia ter sido Sotiris mas não conseguiu adaptar-se. Mateus Fernandes e Daniel Bragança continuam a parecer-me cartas fora do baralho neste 3-4-3, Tanlongo e Essugo têm ainda de aprender a passar ao lados dos cartões, fica apenas mais um baixinho, Morita, que não aguenta mais de 60 minutos em bom ritmo. Continuo a não entender porque é que o Diogo Abreu e até o Marco Cruz não têm outras oportunidades, como as tiveram e desaproveitaram Chico Lamba, Nazinho, Mateus Fernandes e Rodrigo Ribeiro na época passada.
Alguns dizem que Amorim não aposta na formação. Parece-me que aposta até demais. Os formados em Alcochete estão a ter mais oportunidades que os jovens contratados, aos que já referi podia ainda acrescentar Alcantar e Marsà, e a verdade é que apenas Chermiti justificou.
É o tal gap que muitos teimam em não entender, como não entendem que ganhar títulos na formação só por si não é garantia de coisa nenhuma. Muitos campeões nacionais de iniciados, juvenis e juniores dos anos de 2016 a 2018 devem andar agora a "servir cafés" algures. Pelo menos o Rafael Leão finalmente pagou parte do que deve e ficou Daniel Bragança como amostra. Gostei muito de o ouvir na última entrevista, merece todo o apoio que o Sporting lhe deu no momento difícil que atravessou.
... seria alguém como o senhor que aparece acima, alguém como Roger Spry.
Foi Malcolm Allison, que já tinha trabalhado com o Radisic em Alvalade, que o escolheu para o ajudar em Setúbal a transformar um conjunto de pré-reformados numa equipa de futebol que conquistou o título da 2.ª Liga, com métodos revolucionários que incluiam pinturas de futebol americano na cara e bofetões nos treinos, foi Bobby Robson, aconselhado pelo Manuel Fernandes (que com Jordão e outros integrava essa equipa do Setúbal) que o escolheu para o ajudar em Alvalade e depois o levou para o FC Porto. Roger Spry continuou por outras paragens com grande sucesso e deixando sempre saudades por onde passava. Dizia ele: «Basicamente, ensinamos os jogadores a levar porrada e sorrir. O adversário fica a pensar: este gajo é maluco ou é o super-homem.»
Foi outro membro daquela que foi a melhor equipa técnica de sempre do Sporting, José Mourinho, que muito pôs em causa a figura do preparador físico numa equipa de futebol. Dizia ele que nunca viu um pianista preparar-se a correr à volta do piano e hoje em dia essa figura raramente existe destacada numa equipa técnica.
Ora para mim um dos grandes problemas do Sporting esta época foi exactamente o desempenho físico dos jogadores, com muitos sem condições para aguentar os 90 minutos ao mesmo ritmo, e alguns até a ficarem por meias partes. Isso obrigou em muitos jogos a substituições forçadas, e a finais de jogos penosos onde o apito do árbitro evitou males maiores.
Por isso a figura do preparador físico/mental como era Roger Spry deveria ser equacionada pela "troika" que manda no futebol. Rúben Amorim, também ele praticante de artes marciais, seria o primeiro a ganhar com a adição dum especialista como ele na sua equipa técnica.
Mas para isso é importante reflectir se a posição de preparador físico/mental (Roger Spry demonstrou bem a ligação entre os dois conceitos) deveria ser independente da posição de treinador na estrutura de futebol do clube. Eu acho que sim.
E deixo mais uma foto, com o Radisic do lado esquerdo e o Big Mal do lado direito. Que saudades, ai ai.
Se esta equipa do Sporting fosse uma empresa, diríamos estar perante uma preocupante escassez de recursos humanos. Este início de época será muito desgastante: face à paragem de seis semanas em Novembro e Dezembro, devido ao Campeonato do Mundo no Catar, as competições europeias vão desenrolar-se com vários jogos em prazo curto. O que pode causar estragos suplementares no plantel. Já vamos no terceiro, ainda as competições não começaram: Daniel Bragança, Ugarte e Adán lesionaram-se em fase de preparação. Ou por mero azar ou devido à implacável intensidade dos treinos.
Foi, portanto, um conjunto já desfalcado que entrou ontem em cena no Estádio do Algarve para defrontar a equipa "mais portuguesa de Inglaterra", o Wolverhampton, com cinco compatriotas no seu onze inicial - só menos um do que a nossa. Dois deles, Moutinho e Podence, foram assobiadíssimos do princípio ao fim. O problema da "cultura do assobio" agora instalada nos adeptos leoninos é que em vários casos acaba por constituir um incentivo suplementar para os visados. Aconteceu com Podence, o mais vaiado e também o melhor em campo.
Seria mais importante, creio, aplaudirmos os nossos do que xingarmos os outros. Porque o assobio também pode soar a prémio.
Mas aplaudirmos quem, entre os sportinguistas?
Não seguramente Matheus Nunes, que voltou a fazer um jogo muito abaixo das suas possibilidades. Nem Gonçalo Inácio, que logo aos 13' cometeu um penálti óbvio sobre Pedro Neto em nova demonstração de que devia ser central à esquerda e não improvisado à direita, como acontece devido à prolongada lesão do reforço St. Juste, ainda por estrear. Nem o inoperante Paulinho, com mais tendência para cair na área do que para rematar à baliza.
Ontem o ex-Braga não fez um só remate, mas caiu duas vezes: à segunda justificava-se mesmo a marcação de grande penalidade, convertida aos 44' por Pedro Gonçalves. A quem só por isto elejo o melhor dos nossos. Tenho pena que não tivesse actuado como na meia-hora final frente ao Sevilha, recuado uns metros, como médio ofensivo - posição que parece potenciar-lhe as qualidades.
Morita também voltou a justificar nota positiva, mas trabalha muito desacompanhado e não vai chegar para as encomendas sem ajustes urgentes no corredor central. O japonês está a integrar-se mais depressa na equipa do que Trincão, que continua a parecer carta fora do baralho como ala direito, sempre com um toque a mais na bola.
Dos restantes reforços, destaque óbvio para Franco Israel, agora titular da baliza leonina devido à inesperada lesão de Adán: será ele, tudo o indica, a integrar o nosso onze contra Braga (fora), Rio Ave (casa) e FC Porto (fora) nas primeiras três jornadas da Liga 2022/2023, prestes a iniciar-se. Ter o compatriota Coates à sua frente deve transmitir-lhe segurança: o jovem guardião merece nota positiva. No penálti convertido por Rúben Neves, nada a fazer.
O ganês Fatawu, de apenas 18 anos, voltou a parecer um prometedor reforço nos escassos minutos que esteve em campo neste último desafio da pré-temporada. Dando mais nas vistas do que Rochinha, outro recém-contratado.
Esta foi a pré-época dos empates - exceptuando a tangencial vitória contra a Roma, de José Mourinho, por 3-2. Reforçando a pertinência dos reiterados alertas aqui feitos sobre a necessidade de termos outro avançado, de preferência mais vocacionado para o golo do que Paulinho.
Por outro lado, é evidente que nem Palhinha nem Sarabia têm por enquanto sucessores do mesmo nível. O facto de Rúben Amorim não ter ontem utilizado Tabata parece confirmar que o brasileiro - criativo, desequilibrador e com golo - poderá mesmo estar de abalada. O que acentua a preocupação para o futuro próximo num início de temporada muito exigente não apenas no plano táctico mas também no plano físico.
Disputar a Liga dos Campeões é excelente por proporcionar grande receita financeira, mas tem este ónus suplementar: há que saber gerir com pinças o grupo de trabalho em várias frentes.
Breve análise dos jogadores:
Israel- Oriundo dos juniores da Juventus, sem jogos de equipa principal no currículo. Sofreu penálti (15'), saiu bem (19') e saiu mal (84') da baliza. O titular agora é ele.
Gonçalo Inácio- Pressionado por Pedro Neto, o esquerdino que actua no lado direito da defesa cometeu penálti (13'). Ficou algo marcado por este lance.
Coates - Pêndulo habitual da nossa defesa, que tem sofrido mais golos do que estávamos habituados - em todos os jogos da pré-temporada.
Matheus Reis- Outra adaptação: o lateral esquerdo continua a jogar como central. Momento alto: impediu um golo certo, na linha de baliza (84'). Evitando a derrota.
Porro - Parece andar com os nervos à flor da pele. Não foi fácil enfrentar Podence. Grande remate aos 56', para defesa difícil de José Sá. Substituído aos 78'.
Morita- Tornou-se titular muito depressa devido à ausência de Ugarte por lesão. Bom a transportar e a colocar a bola. Parece com elevado índice de confiança.
Matheus Nunes- Combinou pouco e mal com o japonês no meio-campo. Perdeu a bola (6' e 29') e falhou alguns passes. Incapaz de mostrar o seu melhor até agora.
Nuno Santos- Tem vontade de ser titular absoluto na ala esquerda. Oscilou nos cruzamentos, mas é dele o centro que gera o nosso penálti. Tentou remate, sem êxito.
Trincão- Melhor momento: um remate ao ângulo que saiu a rasar do poste direito da equipa inglesa (73'). Quase sempre desinspirado. Saiu aos 83'.
Pedro Gonçalves - Mais apagado do que no jogo anterior. Mas marcou o penálti - sexto golo dele na pré-época. Excelente passe para Trincão (73'). Saiu aos 83'.
Paulinho - Teatralizou um lance, caindo na grande área, aos 33'. Voltou a cair aos 43': desta vez foi penálti. Saiu com amarelo mas sem remates, aos 68'.
Edwards- Substituiu Paulinho, mas sem fazer a diferença, numa fase em que a equipa já parecia resignada ao empate. Falhou passe aos 77'.
Esgaio - Rendeu Porro aos 78' talvez para poupar o espanhol a algum desgaste físico e emocional. Cumpriu no essencial, sem rasgo nem erros.
Rochinha- Substituiu Pedro Gonçalves aos 83'. Está ainda em fase de adaptação à equipa, o que salta à vista.
Fatawu- Entrou aos 83' para o lugar de Trincão, voltando a agitar o jogo. Não no remate, pois continua com falta de pontaria, mas na pressão alta e na disputa da bola.
Finda a pré-época, resta desejar boa sorte à equipa: boa sorte! Vamos com tudo, leões!
ADENDA 13:54 de 31/07
Falta-me o ar só de me lembrar (ainda estávamos longe e já se tinha avançado qualquer coisa)
Aquecimento dos suplentes
Aquecimento da equipa inicial
A garotada que irrompeu campo adentro já tinha saído e Matheus Reis foi oferecer a sua camisola.
O autocarro mais bonito da galáxia.
P.S. Estimo que o Senhor árbitro não se cruze connosco muitas vezes. Se num amigável nos trata assim, mal posso esperar por vê-lo num jogo a sério *inserir vernáculo a contento*.
(Qualquer dia ainda o vemos entrar num anúncio duma cadeia de "fitness")
Todos sabemos que Rúben Amorim se dá mal com egos e birras, prefere trabalhar com plantéis curtos, com líderes de balneário bem marcados e grande peso da formação, de modo a ter toda a gente satisfeita e motivada.
Sabemos também que o Sporting está a fazer um grande esforço de redução da folha salarial, mais de 20 jogadores seniores já saíram, como aqui dei nota, e como isso é importante para o necessário equilíbrio financeiro da SAD.
No entanto, todo este emagrecimento começa a parecer como o daquelas pessoas que se metem em dietas radicais. Quanto mais peso perdem mais se acham gordas ao espelho, perdem a noção de onde parar, e sujeitam-se ao que não querem. Não digo que seja o caso de Amorim, está muito bem assim.
Sempre ouvi dizer que um plantel equilibrado deveria ter dois jogadores por posição de valor tanto quanto possível idêntico, mais um terceiro guarda-redes, e dois ou três jogadores polivalentes tipo Tabata, "jokers" tipo Jovane ou "estagiários" tipo Essugo.
Então podemos fazer o exercício seguinte: compor três equipas com os jogadores que têm treinado com Amorim, incluindo o infeliz Bragança a quem volto a desejar a melhor recuperação:
A - Adán; St.Juste, Coates e Inácio; Porro, Ugarte, M.Nunes e M.Reis; Trincão, Paulinho e Pedro Gonçalves.
B - Israel; Neto, Marsà e Nazinho; Esgaio, Morita, Daniel Bragança e Nuno Santos; Edwards, Tabata e Rochinha.
C - André Paulo; Hevertton, Essugo, Chico Lamba; Travassos, Renato Veiga, Mateus Fernandes e Fatawu; Chermiti, Rodrigo Ribeiro e Luís Gomes
A equipa A vale 195M€ no TM, e podemos considerar que está ao nível das dos rivais.
A equipa B vale 48,5M€ no TM, quatro vezes menos do que a anterior, se calhar teria muitas dificuldades em competir com as melhores equipas dos dois ou três clubes candidatos à Liga Europa.
A equipa C vale quase nada no TM e é basicamente a que vai alinhar na 3.ª Liga contra adversários como Belenenses, V. Setúbal e Académica, e poucas hipóteses tem de ficar nos lugares cimeiros.
Então salta à vista de todos que faltam aqui dois ou três jogadores de qualidade para equilibrar os plantéis, desde logo na coluna vertebral da equipa, por exemplo um defesa central (um novo Coates), um médio-centro mais defensivo (um novo Palhinha) e um avançado centro/ponta de lança mais goleador (um novo Slimani/Bas Dost).
Se alguém sair até ao fecho do mercado, pior um pouco...
Bom, de qualquer forma as gameboxes já chegaram. Logo à noite, com um destes onzes ou com outro qualquer, lá estarei para desfrutar em Alvalade de mais uma grande noite de futebol e aproveitar para rever Acuña e Gudelj.
SL
{ Blogue fundado em 2012. }
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