Paulinho, golo 3 na Liga: tudo está bem quando acaba bem
Foto: Luís Forra / EPA
Quarta vitória consecutiva do Sporting - incluindo um desafio para a Liga Europa. Cinco vitórias em seis jogos disputados nesta segunda volta do campeonato. Terceiro triunfo seguido fora de casa na Liga 2022/2023.
Estamos no bom caminho? Parece que sim. Mais vale tarde do que nunca. Continuamos a perseguir o Braga para um lugar no pódio que pode permitir-nos o acesso à Liga dos Campeões. Objectivo difícil, mas longe de ser impossível. Basta que a turma minhota tropece duas vezes e nós saibamos superar todos os obstáculos ainda pela frente.
Este, no Algarve, revelou-se complicado. O resultado demonstra-o: 0-1. Num dos desafios em que até agora criámos mais oportunidades e fizemos mais de 20 remates, a bola teimava em não entrar. Pedro Gonçalves teve quatro vezes a hipótese de abrir o marcador - a mais flagrante das quais aos 42', num penálti a castigar falta cometida contra Nuno Santos. Mas por nervosismo, desconcentração ou algum excesso de confiança - vá lá saber-se - acabou por desperdiçar, mandando a bola para a bancada.
Em verdade se diga que foi ele também o mais batalhador dos nossos. Só uma exibição fenomenal do guarda-redes Nakamura lhe tirou o golo aos 17' e aos 51'. Aos 65', com pontaria a mais, fez a bola embater no poste.
Parecia ser uma daquelas partidas a que estamos habituados: grande caudal ofensivo que só empancava na finalização. Os nervos iam-se instalando no mau relvado do estádio de Portimão e fora dele, entre os adeptos que seguiam as jogadas à distância, observando-as no ecrã. Pedro Gonçalves, tantas vezes herói, começava a ser amaldiçoado como vilão, como é (mau) costume entre nós, ao passarmos do oito oitenta.
Acontece que foi ele precisamente a desatar o nó - num magnífico passe teleguiado para Paulinho a meter lá dentro, com toque artístico. Era o minuto 77': o avançado ex-Braga entrara dois minutos antes, rendendo Ugarte quando Rúben Amorim já apostava todas as fichas num ataque demolidor. Bastaram-lhe dois minutos para sacar os três pontos na primeira vez em que tocou na bola.
Novo herói leonino? Nem por sombras. Mas durante um par de semanas deixará de ser vilão.
Outros destaques nesta equipa?
Morita, sem dúvida, pelo que joga e faz jogar - articulando bem com Ugarte no meio-campo, mas superando o uruguaio na forma hábil como consegue pôr a bola sempre a circular para o local que pode gerar maior perigo para o adversário.
Nuno Santos, incansável a percorrer o corredor esquerdo municiando a frente de ataque.
E Diomande: desta vez como titular, confirmou mesmo ser reforço. Sólido a defender, exímio no passe longo. Construir com eficácia a partir de trás é com ele.
O central marfinense promete. E só tem 19 anos.
Objectivo cumprido num jogo em que o resultado foi muito lisonjeiro para o Portimonense: criámos oportunidades propícias a uma goleada. Tantas ou talvez mais do que no desafio da primeira mão, quando cilindrámos a equipa treinada por Paulo Sérgio por 4-0 no Estádio José Alvalade.
Lições a extrair? Nunca baixar os braços, nunca esmorecer, nunca desistir. Faltam onze jornadas, há 33 pontos em disputa, muita coisa ainda pode acontecer.
Tudo menos deitar a toalha ao chão. Alguns já fazem isso? Não admira: serão talvez os mesmos que já a tinham lá posto antes de o campeonato começar. E que haviam feito o mesmo no início da nossa gloriosa caminhada rumo ao inesquecível título 2020/2021.
Velhos do Restelo, com os catastrofismos de sempre. São daqueles que só apoiam quando um título é conquistado. Fazem pouca falta. Ou nenhuma.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Não teve grande ocasião para brilhar: o Portimonense esteve mais de uma hora sem fazer um remate. Mas quando foi preciso esteve atento. Duas boas intervenções aos 90'.
Diomande - Reforço de Inverno que já está a demonstrar utilidade. Permitiu devolver Gonçalo à esquerda da linha de centrais e mostrou-se seguro, atento e com precisão de passe.
Coates - Atravessa uma fase de menor frescura física. Algo lento a recuperar posições. Amarelado aos 33', Rúben Amorim mandou-o sair aos 60' para não correr risco disciplinar.
Gonçalo Inácio - Exibição regular, desta vez sem fazer a diferença na construção com passes de ruptura. Teve duas hesitações prontamente emendadas pelos colegas.
Esgaio - Novamente titular: Bellerín talvez tenha sido poupado a pensar no Arsenal, nesta quinta-feira. Actuou mais em zonas interiores, como terceiro médio. Sem deslumbrar.
Ugarte - Regressou após um jogo de castigo. Um pouco menos eficaz nas recuperações do que já nos habituou. Tentou visar a baliza de meia-distância, mas continua sem fazer golos.
Morita - Muito útil, na ligação entre o meio-campo e o ataque e a funcionar como primeiro tampão contra as incursões ofensivas da turma algarvia. Esteve quase a marcar aos 17'.
Nuno Santos - Um dos mais dinâmicos, um dos mais inconformados com o zero-a-zero. Muitos cruzamentos para a grande área, rasteiros ou por alto. Foi sempre tentando municiar o ataque.
Edwards - Costuma ser desequilibrador, mas desta vez esteve longe do brilhantismo de outros jogos. Pecou por excesso de individualismo em vários lances. Falhou emenda para golo (32').
Pedro Gonçalves - Esteve no pior (falhou penálti) e no melhor (uma assistência, uma bola ao poste, dois remates com selo de golo muito bem defendidos por Nakamura). Digno de elogio.
Chermiti - Muito móvel na área, deu grande trabalho aos defesas mas revelou-se inconsequente nas acções de finalização. Precisa de mais jogos para robustecer a confiança.
Matheus Reis - Substituiu Coates aos 60', passando Gonçalo para o eixo da defesa. Combinou bem com Nuno Santos nas acções ofensivas do corredor esquerdo.
Paulinho - Rendeu Ugarte aos 75' e dois minutos depois marcava o golo que nos garantiu três pontos em lance de belo efeito. Terceira vez em que surge como artilheiro na Liga 2022/2023.
Trincão - Em campo desde os 85', substituindo Edwards. Tentou repetir o grande slalom que na partida anterior lhe rendeu um dos mais vistosos golos deste campeonato. Agora sem sucesso.
St. Juste - Substituiu Nuno Santos aos 85'. Quando a palavra de ordem era já reter a bola, congelar o ataque e privilegiar a garantia dos três pontos robustecendo a defesa. Cumpriu.
Estranhamente, entre tanta gente que prognosticou o desfecho deste Portimonense-Sporting, ninguém conseguiu antecipar a nossa vitória tangencial no Algarve por um golo sem resposta. Desde goleadas ao canónico 0-2 (aquele que mais vezes é aqui referido), houve um pouco de tudo.
As minhas desculpas ao Paulinho, por ter duvidado da sua eficácia.
É exasperante ver uma equipa que até joga bem, muito bem aliás ontem e é tão ineficaz na finalização.
É certo que o GR japonês fez três ou quatro defesas de luxo, mas aquilo que se faz tão bem até ao tiro final, não merecia a falta de pontaria que se está a tornar um (mau) hábito.
Valeu-nos hoje Paulinho, o mal amado (mea culpa), com um golo de belo efeito e de difícil execução.
E valeu-nos o arrojo de Amorim, que nos deixou praticamente sem meio-campo para ganhar o jogo. Conseguiu-o, está de parabéns.
Tudo está bem, quando acaba bem.
Uma nota final para o apoio que se ouviu sempre do início ao fim do jogo. Eram escusadas as tarjas, bastavam as bandeiras e os cachecois.
Foi um Sporting muito competente que no batatal de Portimão, frente a uma equipa que defendia de forma bem compacta e com onze, conseguiu uma vitória que só o dia negro de Pedro Gonçalves no que respeita ao golo complicou.
No primeiro tempo o Sporting controlou, temporizou, e... desperdiçou. O Portimonense não teve qualquer oportunidade. Uma defesa muito certinha com Diomande a demonstrar que ali (como no Fatawu) há ouro, Ugarte e Morita a fazerem uma bela dupla, e lá na frente três máquinas de desperdício, independentemente do esforço que tiveram. Adán na primeira parte foi espectador. Foram cinco ou seis oportunidades desperdiçadas só à conta do Pote, incluindo um penálti. Valeu apenas a assistência para o golo de Paulinho.
No segundo tempo o Sporting deixou a temporização e foi para cima do Portimonense depressa e em força. As ocasiões de golo foram-se sucedendo e desperdiçando. A entrada de Paulinho para o lado de Chermiti desestabilizou a defesa contrária e dum lance de ressace o Pote encontrou Paulinho livre para desviar o centro e marcar.
O Portimonense enfim meteu toda a carne do assador e tentou marcar, mas foi mais intenção que outra coisa.
Melhor em campo? Diomande, um craque, imperial a defender, não falha um passe, lança em profundidade com classe.
E agora? Continuamos com cinco pontos a mais nesta segunda volta relativamente à primeira, considerando apenas os mesmos adversários. Tivemos mais uma vitória sem sofrer golos, estamos a fazer o que compete, esperamos que os rivais falhem nos seus propósitos,
Chermiti, hoje titular no ataque, cumprimenta Paulinho pelo golo que marcou 2' depois de entrar
Foto: Luís Forra / EPA
Gostei
Da nossa quarta vitória consecutiva. Há pouco, contra o Portimonense, no Algarve. Triunfo suado, por marca tangencial: 0-1. Mas absolutamente indiscutível num jogo que dominámos por completo, em que fizemos 20 remates e tivemos 11 oportunidades de golo. Talvez mesmo o desafio com maior número de oportunidades para o nosso lado neste campeonato 2022/2023.
De Paulinho. Desta vez ficou fora do onze titular. Entrou apenas aos 75', substituindo Ugarte, quando Rúben Amorim apostou tudo para desfazer o empate a zero que se mantinha. Dois minutos depois, marcou o golo que nos deu três pontos - na primeira vez em que tocou na bola. Terceiro remate para o fundo das redes à 23.ª jornada, primeiro em 2023. Bastou para merecer ser distinguido como homem do jogo.
De Pedro Gonçalves. Esteve no melhor e no pior deste desafio em Portimão. Aqui só interessa o melhor - acima de tudo a assistência para Paulinho desbloquear a partida: foi quase meio golo ao fazer a bola sobrevoar a defesa. A sua sexta assistência no campeonato. Jogando no trio da frente, quase todos os lances de maior perigo passaram por ele. Esteve perto de marcar aos 17' e aos 51' (enormes defesas do guarda-redes Nakamura, uma das figuras da partida). Aos 65', num remate bem ao seu jeito, fez a bola embater no poste esquerdo.
De Morita. Vem-se impondo como pêndulo da equipa no nosso meio-campo. Põe a bola sempre a rolar, com notável precisão de passe, e não perde de vista a baliza, fazendo a ligação ao ataque. Cheirou o golo em recarga aos 17': a bola foi travada quase em cima da linha de baliza.
De Diomande. Chegou há muito pouco tempo, no mercado de Janeiro, mas já começa a dar nas vistas. Titular na linha de centrais, colocado mais à direita, teve exibição irrepreensível. Liberta o ala nas acções de desmacarção, transmitindo confiança no sector à sua guarda. Bons passes verticais isolando Edwards (16') e Esgaio (18'). Nem parece, mas ainda só tem 19 anos. Carreira promissora pela frente.
De não termos sofrido qualquer golo. Dos 23 desafios já disputados neste campeonato 2022/2023, só mantivemos as nossas redes intactas em nove. Pela segunda jornadas consecutiva, este foi um deles.
Da segunda volta até agora. Seis jogos, cinco vitórias. Contra Braga, Rio Ave, Chaves, Estoril e hoje ao Portimonense. Excepção: a derrota em Alvalade (1-2) frente ao FC Porto. De qualquer modo, mais cinco pontos do que as rondas similares da primeira volta. Foi também o nosso quarto triunfo seguido fora de casa, se somarmos o campeonato à Liga Europa. Estamos a progredir.
Da centésima vitória de Amorim no Sporting. En 144 jogos já disputados como técnico da nossa principal equipa de futebol. Número emblemático, que merece ser assinalado.
Não gostei
Do penálti falhado por Pedro Gonçalves. Castigo máximo a assinalar falta indiscutível sobre Nuno Santos na grande área da turma algarvia. Chamado a converter, o maior goleador leonino atirou muito por cima, pelo menos 2 metros sobre a barra. Nem foi necessário o guarda-redes esboçar defesa. Neste campeonato já beneficiámos de oito grandes penalidades e falhámos duas. Oportunidades que não devem ser desperdiçadas.
Do 0-0 que se mantinha ao intervalo. Resultado que não traduzia o domínio absoluto da nossa equipa. Mesmo com uma linha defensiva de seis jogadores(!) imposta pelo técnico Paulo Sérgio, a equipa da casa só com muita sorte - e alguma displicência nossa - não se viu a perder no final da primeira parte. Pedro Gonçalves (17', 51', 78'), Morita (17'), Edwards (32'), Esgaio (63') e duas bolas aos ferros - pelo central Park, que quase fez autogolo (47') após cruzamento de Edwards, e por Pedro Gonçalves (65').
Da nossa tremideira nos últimos dez minutos. A equipa recuou demasiado, concedendo a iniciativa atacante ao adversário, perdeu-se a gestão da posse de bola e a vontade de tentar o segundo golo. Período curto, mas complicado. Adán esmerou-se ao evitar o possível empate com duas defesas aos 90'.
Do relvado. O estádio do Portimonense foi considerado o melhor da Liga em cinco temporadas consecutivas. Já não é. Agora apresenta evidentes indícios de desgaste, o que prejudicou a qualidade do espectáculo.
Enfim, um jogo disputado a hora propícia para ver futebol ao vivo: amanhã, sábado, às 18 horas. Iremos a Portimão com o objectivo declarado de dar continuidade a este microciclo de três vitórias consecutivas: em Chaves, na Dinamarca e em Alvalade frente ao Estoril.
Conseguiremos diminuir distâncias face ao FC Porto (que joga em Chaves também amanhã) e ao Braga (que recebe o Rio Ave no domingo)?
Para já, teremos de fazer a nossa parte. Qual é o vosso prognóstico para este Portimonense-Sporting?
O Sporting-Portimonense terminou em goleada: 4-0. A nossa primeira da época em curso. Jogo fundamental para alguns mais cépticos acreditarem enfim na nossa equipa.
Primeira goleada da época. Em nossa casa, num jogo quase de sentido único em que o Sporting foi a única equipa a ambicionar a vitória perante um Portimonense que até se encontra ainda à nossa frente na classificação e que, já treinado por Paulo Sérgio, na época passada impôs uma derrota ao Benfica na Luz.
O trio móvel delineado por Rúben Amorim para a nossa frente de ataque voltou a dar boas provas. Com Edwards, Trincão e Rochinha - titulares da linha avançada - em contínuas mudanças de posição que foram baralhando e desgastando a defesa adversária.
Pedro Gonçalves recuou, colocando-se um pouco à frente de Morita no meio-campo, com Ugarte a ficar no banco de início, já a pensar no confronto em casa com o Tottenham, na terça-feira, para a Liga dos Campeões. Também Porro (rendido por Esgaio) e Matheus Reis (dando lugar a Nuno Santos) ficara fora do onze titular.
Estes jogos pós-rondas europeias costumam causar-nos surpresas desagradáveis devido ao acrescido desgaste físico e anímico dos futebolistas.
Desta vez sucedeu ao contrário. A vitória em Frankfurt por 3-0, três dias antes, funcionou como tónico suplementar para jogadores como Trincão e Nuno Santos, que ontem em Alvalade voltaram a ter sucesso ao procurarem o caminho da baliza. Marcaram na Alemanha e marcaram cá - Trincão bisando, aos 7' e 41', Nuno fechando a contagem: selou a nossa primeira goleada da época, fixando o 4-0 final aos 76'.
Destaque também para Pedro Gonçalves, que fez duas posições. Começou a médio e aos 54', com a saída de Rochinha e a entrada de Ugarte, avançou para interior esquerdo, posição em que mais rende. Foi já dali que marcou o terceiro, aos 72'. Também ele justifica destaque.
Elogio merecido igualmente para a nossa defesa, que já vai na terceira partida consecutiva sem sofrer golos. Amoreira (0-2), Frankfurt (0-3) e Alvalade nesta recepção ao Portimonense (4-0). Parece recuperada a solidez defensiva que tanto contribuiu para conquistarmos o campeonato nacional de futebol há 16 meses após 19 anos de jejum.
Isto apesar das alterações que o treinador se viu forçado a fazer neste sector. Primeiro trocando Gonçalo Inácio por Matheus Reis ao intervalo, depois designando Esgaio para central à direita, fazendo entrar Porro, quando Neto saiu por lesão. Problema acrescido para o técnico, pois St. Juste, o nosso outro central dextro de raiz, nem foi convocado pois lesionou-se contra o Eintracht.
Enfim, houve festa do futebol. Num jogo às 18 horas deste quente sábado de Verão, propiciando deslocações em família ao estádio, com a temperatura atmosférica a funcionar como aliciante suplementar.
Um espectáculo desportivo que merecia ser presenciado ao vivo por mais do que os 29 mil que lá estivemos. Há certamente coisas a rever na organização destes jogos, até porque a curva norte e a curva sul apresentavam grandes clareiras. É necessário dar atenção a isto.
Breve análise dos jogadores:
Adán- Voltou a exibir grande forma, na sequência do que já tinha demonstrado na partida da Liga dos Campeões. Fundamental para evitar o golo aos 24'.
Neto- Titular sem surpresa, face à ausência de St. Juste. Concentrado e atento às dobras a Esgaio. Alvo de uma falta dura, aos 48', teve de sair pouco depois.
Coates - A eficácia de sempre, como pêndulo da defesa. Desta vez arriscou pouco na saída com bola dominada. Tentou o golo de bola parada, ainda sem sucesso.
Gonçalo Inácio- Atravessa um momento de menor rendimento, revelando intranquilidade e errando passes. Amorim só contou com ele na primeira parte.
Esgaio - Titular como ala direito, deslocou-se para central a partir dos 54'. Cumpriu em ambas as funções, comprovando a sua utilidade no colectivo leonino.
Morita- Funcionou como verdadeiro pivô do nosso meio-campo, cabendo-lhe distribuir jogo e tapar linhas de passe aos de Portimão. Saiu aos 60', já a pensar no Tottenham.
Pedro Gonçalves - Começou a 8, com a missão de servir o trio dianteiro. Mas rende mais na frente. Foi já aí, aos 72', que fez o terceiro golo. E assistiu no quarto.
Nuno Santos- Anda muito motivado - isso nota-se no seu desempenho em campo. Criou desequilíbrios e tentou o golo, acabando por conseguir o quarto, aos 76'.
Edwards- Desta vez não marcou, mas participou nos lances que originaram os dois primeiros golos. É o mais imprevisível e crativo dos nossos avançados.
Rochinha- O menos exuberante do nosso trio da frente, mas revelando utilidade. Aos 41', fez um cruzamento letal assistindo Trincão no segundo golo.
Trincão- Jogou a partida inteira e parecia andar um pouco por toda a parte. O melhor em campo num jogo em que marcou dois e esteve quase a marcar outro (65').
Matheus Reis - Fez toda a segunda parte como central à esquerda, articulando bem com Nuno Santos. Sem necessidade de incursões ofensivas.
Porro- Esteve para ser poupado, mas acabou por entrar aos 54', com Neto lesionado. Dominou o corredor com a genica habitual. Assistiu Pedro Gonçalves no terceiro.
Ugarte- Substituiu Rochinha aos 54'. Entrou cheio de vontade de mostrar serviço e de procurar o golo. Quase o conseguiu, aos 65', com um disparo que raspou na barra.
Sotiris. Rendeu Morita aos 60'. Jogador dinâmico, com propensão ofensiva, voltou a demonstrar bom toque de bola e a impressionar as bancadas de Alvalade.
Paulinho.Após um mês de ausência na Liga, regressou entre aplausos, substituindo Edwards aos 60'. Precioso toque de calcanhar para Trincão aos 65'. Quase deu golo.
Se as grandes equipas são aquelas que depois de cairem logo se levantam e ficam ainda mais fortes, este Sporting de Amorim é mesmo uma grande equipa. Depois da derrota caseira contra o Chaves foram três vitórias consecutivas e 9-0 em golos.
O que mudou para melhor entre o 0-2 contra o Chaves e o 4-0 de ontem contra uma equipa em nada inferior aos flavienses? Não foi a táctica, exactamente a mesma, com Pedro Gonçalves atrás de três avançados móveis. Foram antes do mais desempenhos muito superiores de dois ou três, e foi a sorte. Se contra o Chaves a 1.ª parte foi um festival de golos falhados e a bola a parar sempre nas pernas dos defensores, ontem o segundo remate do Sporting deu golo por tabela num defensor contrário e no terceiro golo aconteceu a mesma coisa, aliás com o mesmo defensor.
Amorim já tinha avisado que a equipa tinha regressado bem cansada do jogo da Alemanha, pelo que fez descansar Porro, Matheus Reis e Ugarte. Mas Coates, Inácio, Morita, Edwards e Rochinha pareceram também a precisar de descanso. Foram Nuno Santos, Pedro Gonçalves e muito especialmente Trincão que estiveram em grande nível e decidiram o encontro.
Nuno Santos, o mais fraco contra o Chaves mas moralizado pelo golo na Alemanha, reviu completamente o posicionamento e a forma de centrar, agora foram centros tensos rasteiros, sempre muito difíceis de anular pela defensiva contrária. Pena que Esgaio nunca tivesse conseguido fazer o mesmo na ala contrária. Continuo a dizer que ainda não vi o verdadeiro Esgaio neste seu regresso a Alvalade. Este não é, de certeza.
Pedro Gonçalves trabalhou imenso, teve pormenores deliciosos a recuar no terreno e a solicitar os avançados tipo "quarterback" do futebol americano, depois voltou à sua posição onde foi o grande Pote de sempre.
Trincão mostrou finalmente porque estava no Barcelona. Solidário nas missões defensivas, sempre a procurar esticar jogo com a bola dominada, e com remate pronto à baliza contrária, por muito pouco não fez um "hat-trick". Potencial titular da selecção A. Saiu Sarabia, jogador com outras características, mas se calhar não ficámos a perder com Trincão.
Aquele lance em que Trincão não consegue o "hat-trick" é um belo exemplo do que Paulinho dá à equipa, Ugarte antecipa-se e corta, Paulinho lê bem o lance e chega primeiro à bola para logo assistir Trincão para golo. Ainda bem que está de volta.
Mas nem tudo correu bem ontem. O apitador da AF Aveiro, mas residente no Porto, 35 anos e estudante de profissão (!) fez tudo para estragar o encontro. Primeiro não viu que o remate de Nuno Santos foi desviado pela mão do guarda-redes contrário para canto e aceitou muito mal a reclamação do jogador acompanhado pelos assobios das bancadas, depois foi permissivo para o jogo agressivo do Portimonense (foram três "porradas" para aleijar Inácio, Neto e Rochinha, o primeiro substituido por precaução, o segundo aleijado mesmo, o terceiro também saiu pouco tempo depois, apenas o segundo viu amarelo), foi intratável para as reacções dos jogadores e do treinador-adjunto do Sporting no calor da luta, sempre com cara de "cão raivoso" que apenas o desqualifica.
Se não consegue gerir os jogadores doutra forma dedique-se a outra actividade. Sempre quero ver como vai ser a sua actuação quando for ao Dragão, lá na sua terra e dos Superdragões. O "rotweiller" vai transformar-se num "poodle"?
E assim, depois de St.Juste, ficámos sem Neto e com Inácio com um tornozelo em obras, isto pouco dias antes da visita do Tottenham. Foi mesmo o pior do dia de ontem.
Da goleada. Vencemos em casa o Portimonense, equipa que nunca é fácil - a tal ponto que na época passada derrotou o Benfica na Luz e deu-nos muita luta em Alvalade, numa partida que vencemos por 3-2. Desta vez houve triunfo folgado e categórico: 4-0. Terceiro seguido, na sequência das vitórias fora contra o Estoril (2-0) para o campeonato e contra o Eintracht Frankfurt (3-0) para a Liga dos Campeões. Primeira goleada da época. Aposto que não será a última.
De Trincão. Ainda há poucos dias as redes sociais eram inundadas de supostos adeptos a rasgarem de alto a baixo este jovem e talentoso jogador indicado por Rúben Amorim, não faltando quem garantisse que ele não poderia ser considerado reforço. Trincão, que já marcara na Alemanha, voltou a fazer o gosto ao pé neste embate contra os de Portimão. São dele os nossos dois primeiros golos - aos 7' e aos 41', movimentando-se dentro da área à ponta-de-lança. E esteve quase a fazer outro, aos 65', travado pelo defesa Pedrão na linha de baliza. Melhor em campo nesta tarde em que se estreou a marcar pelo Sporting para o campeonato.
De Edwards. É o novo herói leonino. Ontem, mais duas preciosas intervenções em lances cruciais - é ele a centrar na movimentação de que resulta o primeiro golo e a recuperar na jogada colectiva que gera o segundo. Vários pormenores de classe que o definem como futebolista de fino recorte técnico. Quase marcou, num forte disparo aos 45'+2, para defesa muito apertada do guarda-redes.
De Porro. Forçado a entrar devido à lesão de Neto que obrigou o treinador a mexer na defesa, agitou logo o jogo, como é seu timbre. Aos 64', grande centro para Paulinho. Aos 72', cruzou para Pedro Gonçalves fazer o terceiro, "as três tabelas" com Pedrão. Está em grande forma.
De Pedro Gonçalves. Amorim voltou a tirá-lo da linha da frente, fazendo-o recuar de início para a posição 8. Voltou a confirmar-se que este não é o lugar ideal para ele, longe da baliza. A melhor faceta do artilheiro da Liga 2020/2021 surgiu a partir do minuto 54, quando avançou na sequência da saída de Rochinha. O ataque leonino tornou-se ainda mais acutilante com o ex-Famalicão na posição que mais prefere, a de interior esquerdo. Foi dali que cabeceou com força, levando Pedrão a fazer autogolo, traindo o guarda-redes que veio de Portimão. E ainda assistiu no quarto golo.
De Morita. Está transformado num elemento pendular do nosso onze. Crucial no desenho dos lances de ataque. Quase todos passaram por ele, sobretudo no primeiro tempo. Rigor geométrico, precisão de passe, visão de jogo, domínio do corredor central.
Das poupanças iniciais feitas por Amorim. Já a pensar no confronto da próxima terça-feira para a Liga dos Campeões, na recepção ao Tottenham, o treinador fez entrar para o onze inicial Esgaio, Nuno Santos e Rochinha. Ficaram no banco Porro, Matheus Reis e Ugarte, que acabariam por ser lançados durante a partida. Jogo a jogo, sim. Mas doseando o esforço físico do plantel. Comprovando que temos soluções no banco.
Da atitude de Sotiris. O jovem reforço grego voltou a causar boa impressão, desta vez na estreia em Alvalade. Entrou aos 60', para substituir Morita (poupado a maior desgaste também a pensar no Tottenham) quando já vencíamos por 2-0, e mostrou acutilância e dinâmica na ligação do meio-campo ao ataque. É voluntarioso e tem bom toque de bola.
Do regresso de Paulinho. Há mais de um mês que o nosso avançado não jogava em Alvalade. Ontem entrou aos 60', rendendo Edwards, voltando a demonstrar requinte técnico (passe de calcanhar dentro da área para Trincão que quase resultou em golo aos 65') e boas movimentações em linha diagonal, tornando a equipa ainda mais difícil de marcar lá na frente. Falta-lhe o golo: ainda não foi desta vez.
Que não tivéssemos sofrido golos. Terceiro jogo seguido sem vermos tocadas as nossas redes, confiadas a um Adán que parece ter recuperado a sua melhor forma (defesa preciosa, aos 24', a remate cruzado de Gonçalo Costa com selo de golo). Equilibrámos o saldo das nossas contas na Liga 2022/2023: 12 golos marcados, oito sofridos. E vamos subindo na classificação, após o mau começo: estamos agora em quinto - à condição, pois as contas da jornada 6 ainda não fecharam.
Da hora do jogo. Excelente tarde de Verão, propícia ao futebol. A partida teve início às 18 horas deste sábado, permitindo a muitos pais levarem os filhos ao estádio. Pena haver só 29.782 espectadores em Alvalade, mesmo no rescaldo imediato da nossa primeira vitória de sempre na Alemanha para a Liga dos Campeões. Custa entender tão fraca mobilização. Há cada vez mais gente a trocar a bancada pelo sofá.
Não gostei
Da ausência de St. Juste. O central holandês não tem sido bafejado pela sorte neste início de prestação no Sporting. Depois de ter passado ao lado da pré-temporada por lesão num treino inicial, viu-se forçado a sair no desafio de Frankfurt devido a um problema físico que o deixou fora da convocatória para ontem.
Da lesão de Neto. Escalado para o onze inicial como central do lado direito, foi alvo de uma entrada muito dura aos 48', que o forçou a sair seis minutos depois (entrando Porro e passando Esgaio para central). Saiu a coxear e com lágrimas nos olhos, ovacionado pelo público. Oxalá recupere sem demora.
De Gonçalo Inácio. O que se passa com o nosso central que foi campeão em 2021? Voltou a entrar intranquilo, compondo o trio defensivo com Neto e Coates. Pisa muito a bola, demora a centrá-la, faz passes à queima, deixa-se envolver por adversários sem necessidade alguma. Lendo bem estas dificuldades, talvez potenciadas por algum problema físico, Amorim trocou-o por Matheus Reis ao intervalo.
Idade e profissão do artista que hoje deu pelo ofício de árbitro em Alvalade.
Resta acrescentar que para as vigarices da gestão de carreiras, o rapaz mora no Porto, mas é arbitro da AF de Aveiro.
Consta que foi, ou é (já que é estudante) membro daquela matula dirigida pelo macaco.
Andem lá com a filme do jogo para trás e vejam com olhos de ver a sua "actuação".
"Ai e tal não vamos aos grandes palcos, europeus e mundiais" dizem os tugas do apito. Pois, pelas amostras continuadas de vergonhosas apitadelas, como a de hoje em Alvalade, esperam o quê?
Sérgio belga? Perguntarão as pessoas, mais novas, que nos lêem.
Sérgio em francês, diz-se: Serge, em algarvio, da foz do Arade, diz-se Serge Cadorin.
Cadorin, um dos primeiros a denunciar que foi alvo de aliciamento, que o tentaram corromper, um dos primeiros a mostrar que no futebol, na vida, não vale tudo.
Existem princípios, não vale tudo para ter mais comentários, não vale tudo para ser promovido "por mérito" no final do ano, não vale tudo.
A história de Cadorin, o jogador que o Futebol Clube do Porto, tentou contratar para cometer um penalty está disponível "on-line".
Foi um dos primeiros a denunciar a corrupção que o FC Porto faz para vencer jogos, internamente.
Pagou com a vida.
Sobreviveu à primeira (alegadamente) tentativa de homicídio com 70% do corpo queimado, anos mais tarde não resistiu, morreu com 45 anos.
Serge Cadorin, nasceu num dia 7 de Setembro, precisamente, no mesmo dia que o Sporting Clube de Portugal mostrou, para todo o mundo, que é possível vencer sem esquemas.
Que é possível vencer sem, praticamente, cometer faltas (apenas um cartão amarelo) que é possível vencer, jogando bom futebol.
Jogando limpo, sem corromper e sem favores da arbitragem.
(imagem n° 9 da rua Ivens, Lisboa, em desrespeito ao acordo ortographico e à utilização dum 9 puro )
Depois da inesquecível exibição coroada com uma inédita vitória na Alemanha para a Liga dos Campeões, retomamos as competições domésticas. O Sporting recebe amanhã, a partir das 18 horas, o Portimonense - partida que se antevê difícil, até pelo bom percurso que tem vindo a ser feito pela turma algarvia, sob o comando de Paulo Sérgio.
Na época passada, vencemos por 3-2. Num desafio que para nós começou mal mas felizmente terminou bem: estivemos a perder 0-1 em nossa casa entre os minutos 21 e 65. Demos a volta com três golos de Paulinho.
De vencer em Portimão.Contra uma equipa que soube bater-se bem, trouxemos três pontos do Algarve (vitória por 2-3). Reforçámos o segundo lugar na Liga, agora com uma vantagem de 11 pontos em relação ao distante terceiro, o Benfica.
De Sarabia. Fez a diferença. Espalhando classe em campo, confirmando que é o melhor futebolista a actuar na Liga portuguesa. Em campo apenas desde o minuto 56, entrou quando perdíamos e foi capaz de protagonizar a reviravolta, marcando dois golos, aos 71' e aos 76' - ambos com o pé direito, o menos bom dele. O primeiro é um prodígio de sabedoria táctica, iniciado e concluído por ele, sem nunca tirar os olhos da bola. Também sem nunca assumir ares de vedeta, como se estivesse apenas a cumprir o seu dever. Segue com 20 golos marcados nesta temporada - superando a sua anterior melhor época, ao serviço do Sevilha, em 2018/2019. O melhor em campo.
De Tabata. Enfim, o treinador apostou nele como titular num jogo do campeonato. Foi só à penúltima jornada, mas ainda chegou a tempo. O ex-internacional júnior brasileiro correspondeu: marcou um golo - o primeiro, logo aos 12', e assistiu Sarabia num cruzamento perfeito para o terceiro golo. E aos 37' cabeceou à trave, solicitado por Matheus Nunes. Do trio ofensivo, que integrava Edwards e Pedro Gonçalves, foi o que esteve em melhor nível e também o que mais actuou no centro do ataque. Desta vez sem ponta-de-lança, pois Slimani já não está e Paulinho voltou a não comparecer.
De Porro. Actuando muito mais como extremo do que como lateral, o jovem internacional espanhol voltou a fazer uma exibição de grande nível, sempre em alta rotação. Esteve quase a marcar, na conversão de um livre directo, aos 39': Samuel Portugal, o bom guardião do Portimonense, impediu-o a custo de atingir o objectivo. Dois minutos antes, num cruzamento a régua e esquadro, ofereceu de bandeja um golo que Pedro Gonçalves desperdiçou com um pontapé disparatado.
De Nuno Santos. Extremo à moda antiga, com óptima prestação de novo. Cruzou várias vezes com perigo, mas faltava à equipa mais presença na área. Aos 61', serviu muito bem Edwards. É ele quem inicia o terceiro golo, aos 76', com uma recuperação de bola. E ainda marcou um quarto, que não valeu, por deslocação. Um dos jogadores em melhor condição física neste final de época. Promete, desde já, para 2022/2023.
De Edwards. Por vezes dá a ideia que gosta de complicar aquilo que é simples, mostrando-se algo lento a decidir. Mas teve uma prestação muito positiva. Assistiu no primeiro golo tocando para Tabata e fez um excelente remate na passada aos 61' que só não beijou as malhas devido a uma enorme intervenção de Samuel Portugal. Vai-se enturmando mais com os colegas e assimilando os processos de jogo do Sporting.
Da reviravolta. Estivemos a perder entre os minutos 30 e 76. Soubemos virar o resultado contra um Portimonense bem apetrechado e que deu muita luta - nada a ver com a miserável prestação de há dias, no amigável frente ao FC Porto em que entrou em campo já resignado à derrota, com o consentimento expresso do treinador Paulo Sérgio.
De termos terminado o jogo com quatro da formação. Estavam em campo Gonçalo Inácio, Esgaio (substituiu Matheus Reis no recomeço), Daniel Bragança (entrou aos 61', substituindo um fatigado Matheus Nunes, e teve nota muito positiva) e Rodrigo Ribeiro (mais uns minutos entre os adultos, a partir dos 84', quando rendeu Tabata).
Do árbitro. Nota positiva para Rui Costa, que adoptou o chamado "critério largo", para os dois lados, algo que tarda em impor-se nos estádios portugueses. Ajuizou bem os lances, não atrapalhou nem quis ser a estrela do desafio.
Do relvado. Sem favor algum, o Portimonense tem sido distinguido por apresentar o melhor "tapete" dos estádios portugueses. Volta a merecer este destaque: está de parabéns por isto, o que favorece bons espectáculos como o que ontem ali ocorreu.
De Samuel Portugal. Apesar do apelido, é brasileiro. E um dos melhores a jogar no campeonato português na sua posição. Não me importaria nada, confesso, de vê-lo actuar de Leão ao peito.
De somarmos agora 82 pontos. Depois de termos assegurado o segundo lugar na Liga 2021/2022 e nova presença directa na Liga dos Campeões, ainda podemos igualar a pontuação da época passada, algo jamais antes conseguido. Todos esperamos isso.
Não gostei
De entrar em campo sabendo que já não chegávamos ao primeiro lugar. O objectivo era muito remoto, mas ainda havia possibilidade aritmética de conquistar o título. A vitória do FC Porto na Luz, frente ao Benfica, desfez por completo esse sonho.
De sofrer dois golos de rajada. Aos 25', de livre directo, e aos 33', marcado por Welinton sem qualquer oposição da nossa defesa nem a menor hipótese para Adán.
De Coates. Cometeu uma falta absolutamente desnecessária, quase à entrada da nossa área, quando Palhinha tinha acorrido à dobra e o atacante da equipa algarvia estava controlado: do livre resultou o primeiro golo algarvio. Depois falhou a recepção no passe à queima que Gonçalo lhe fez, dando origem à cavalgada que culminou no segundo golo do Portimonense. Noite para esquecer.
De Gonçalo Inácio. Começou como central à direita, muito intranquilo. Tem grande responsabilidade no segundo golo dos adversários: no nosso meio-campo ofensivo, com dois colegas (Edwards e Porro) a darem-lhe linha de passe, preferiu tocar para trás, oferecendo a bola a Coates num toque mal medido. Aparente desconcentração de ambos num lance que nos custou o segundo golo - e deixarmos de ser a equipa menos batida do campeonato. Melhorou no segundo tempo, quando Amorim o colocou do lado esquerdo, sua posição natural.
De Pedro Gonçalves. Uma nulidade. Com ele em campo, só tínhamos dez. Porro ofereceu-lhe um golo aos 37': ele, só com o guarda-redes pela frente, desperdiçou por completo com um pontapé digno dos "apanhados". Saiu aos 56': devia ter ficado no balneário ao intervalo. Está sem condição física nem anímica para ser titular.
Que Sarabia só entrasse aos 56'. Opção insólita do treinador: não faz qualquer sentido deixar o melhor jogador do Sporting no banco durante toda a primeira parte e mais de dez minutos da segunda. Quando entrou, fez a diferença.
Do 2-1 registado ao intervalo. Entrámos no segundo tempo a perder. E não foi fácil dar a volta ao resultado.
Da escumalha. Os mesmos de sempre. Letais ao Sporting. Quando Porro conduzia um ataque prometedor junto à linha, bombardearam o craque leonino com uma chuva de tochas que obrigou o árbitro a parar o jogo. Quando é que estes canalhas começam a ser impedidos de frequentar os estádios?
Ontem em Portimão o jogo do Sporting lembrou-me um dia que passei na ilha Terceira. Primeiro um sol radioso, depois as nuvens chegaram depressa com chuva e vento de assustar qualquer um, para a seguir tudo voltar ao início.
Com a tal frente móvel que anda na cabeça de Amorim, o Sporting construia jogo de trás para a frente com critério, ninguém estava parado e a bola chegava com facilidade à area do adversário. E quando era perdida, de pronto era recuperada.
O problema era traduzir todo esse domínio em reais oportunidades de golo. Tabata ainda cabeceou à trave, mas ter Porro e Nuno Santos a cruzar por alto para três baixinhos não faz muito sentido. Mesmo assim, num lance em que Edwards foi por ali fora naquele seu jeito de quem não quer a coisa, o guarda-redes deles sacode o remate para a frente, e oferece o golo a Tabata. O Sporting ficou confortável e tranquilo no jogo, parecia ser questão de entrar o segundo para o resultado ganhar forma de goleada.
Mas dum lance inofensivo Coates corta de forma mais ríspida e há um livre. Do livre nasce um golo por tabela no pé do segundo jogador da barreira, logo a seguir Coates ainda devia estar a pensar no assunto em vez de acudir ao passe à queima de Inácio, e veio outro golo sofrido. Com a desvantagem no marcador tudo começou a ficar pior, os passes deixaram de entrar, os possíveis cantos só davam pontapés de baliza, os de Portimão corriam bem mais do que os do Sporting. Com a saída de Matheus Reis e a entrada de Esgaio ao intervalo, tudo o que era mau ficou bem pior.
Enfim, parecia o naufrágio açoriano com o Santa Clara revisitado.
Depois entrou Sarabia. As nuvens negras dissiparam-se e veio o sol radioso. Recupera a bola na esquerda, abre muito bem para a direita, vai ao centro e... golo. Vê a desmarcação de Tabata e corre para a recepção do centro e... golo.
Ainda houve outra bola lá dentro, golo anulado por fora de jogo a Nuno Santos. Voltámos a dominar com calma e competência.
Assim o Sporting fez a sua obrigação. Mais uma vitória, na jornada que fez do Porto campeão, ficámos a 6 pontos e com uma vantagem de 11em relação ao Benfica num segundo lugar que deixa a sensação de que as coisas podiam ter sido diferentes. Para melhor.
Mas nos momentos críticos uns tiveram uma mãozinha a ajudar a nadar, outros uma manápula a empurrar para baixo. Soares Dias e João Pinheiro merecem também a medalha de campeões, se calhar recebem-na na tranquilidade do lar, com fruta e chocolate a acompanhar.
Melhor em campo? Sarabia, obviamente, mas Tabata fez uma grande primeira parte. Continuo a dizer que o lugar dele é o do Matheus Nunes.
O que correu pior?
Por muita polivalência que tenha um jogador, defender uma semana na esquerda, na outra na direita, e logo voltar à esquerda, numa equipa que constrói desde trás, é tarefa hercúlea. Para a bola correr rápido, o jogador tem de executar "de memória" e não analisar primeiro e executar depois. E a memória constrói-se com a rotina. Gonçalo Inácio não é o Hercules. Esquerda ou direita, Amorim? O rapaz é canhoto...
Outra coisa que correu muito mal foi a exibição de Pedro Gonçalves. Mais uma. Se um "scouter" tivesse visto alguns dos jogos da primeira parte da temporada, por exemplo o Sporting-Dortmund, tomasse nota do 23 e agora visse este jogo também, não acreditaria que seja o mesmo jogador. Bom, pelo menos esta época ele não sai e para a próxima acredito que volte a ser o que já foi. O melhor jogador do Sporting.
Mais logo, quando a nossa equipa entrar em campo, já saberá o resultado do Benfica-FC Porto. Algo estranho, nesta ponta final do campeonato. Não faria muito mais sentido estes jogos realizarem-se em simultâneo?
Mas vamos ao que interessa: os vossos prognósticos para este Portimonense-Sporting, com início previsto para as 20.30.
Que resultado prevêem?
E quem irá marcar pela nossa equipa?
Recordo que na primeira mão, a 29 de Dezembro, vencemos por 3-2. Lembro também que na Liga 2020/2021 fomos a Portimão ganhar por 2-0, com golos de Nuno Mendes e Nuno Santos.
Nunca lá fui e não é desta que lá irei, ao estádio do Portimonense onde o Sporting vai jogar amanhã para a penúltima jornada deste campeonato marcado pela batotice e falta de vergonha dalguns figurões a mando de quem bem sabemos.
Se o 2.º lugar está assegurado e a entrada directa na Champions também, importa encarar estes dois jogos que faltam com o maior empenho e determinação, independentemente do que aconteça noutros palcos.
Rúben Amorim está a dar palco a alguns jogadores que foram essenciais no ano passado e este ano não tiveram o mesmo rendimento devido a lesões, como Porro, Palhinha e Pedro Gonçalves. Por outro lado está a utilizar Sarabia na posição natural para ele, a âncora dum trio ofensivo móvel sem posições definidas. Como acontece com resultados distintos na Liga e na Champions com ManCity e Liverpool. Francamente não é o sistema em que gosto de ver jogar o Sporting, mas Paulinho na forma actual não merece a titularidade.
Neto estará ausente por castigo e Nuno Santos foi o melhor em campo no último jogo. Pelo que deve continuar como titular.
Sendo assim apostava no seguinte onze:
Adán; Inácio, Coates e Matheus Reis; Porro, Palhinha, Matheus Nunes e Nuno Santos; Pedro Gonçalves, Sarabia e Edwards.
Concluindo,
Amanhã o Sporting entra em campo em Portimão para conquistar mais 3 pontos e prosseguir para o melhor fecho da época possível.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
Alguns leitores andaram muito perto. Os que vaticinaram 3-1, por exemplo. Mas nenhum acertou no resultado deste Sporting-Portimonense: 3-2.
Caso para dizer, portanto, que os prognósticos passaram ao lado. E para esperar que a vossa pontaria ande mais afinada na próxima jornada da Liga, já em 2022.
Mas assinalo, com muito gosto, uma "menção honrosa" ao meu colega jpt, que acertou em cheio nos golos leoninos: um "tricórnio de Paulinho", como referiu. Se tivesse antecipado também os dois da equipa algarvia, atingiria a perfeição.
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