Bancadas festejam, jogadores agradecem apoio, claques aplaudem sem reservas: festa foi bonita
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
Este foi o jogo da consagração. O jogo do título. O jogo que permitiu desfazer as definitivas dúvidas. O jogo que nos manteve invictos no nosso estádio durante toda a temporada 2023/2024. Proeza notável, associada a tantas outras que ainda se mantêm em aberto. Poderemos registar também a nossa melhor pontuação de sempre num campeonato. E o maior número de vitórias nesta prova.
E chegar ainda aos cem golos marcados - objectivo difícil, mas não impossível.
Passámos a ter 92 após esta recepção ao Portimonense que terminou com três golos sem resposta. Com outra exibição de encher o olho num estádio José Alvalade que quase transbordou: havia 49.557 espectadores. Sinal de comunhão perfeita entre adeptos e equipa - mérito inequívoco do presidente Frederico Varandas neste Maio do nosso contentamento. Tão diferente daquele triste Maio de 2018, quando o Sporting bateu no fundo. Foi só há seis anos, mas parece ter sido há uma eternidade. Felizmente.
Faz hoje oito dias que se disputou esta partida. Que terminou em vitória, que culminou em euforia com a certeza de termos garantidos 84 pontos, mas faltava a cereja em cima do bolo: viria no dia seguinte, quando o Benfica foi ao tapete em Famalicão, onde exibiu péssimo futebol e sofreu derrota por 2-0.
Só nesse domingo, dia 5, o povo leonino saiu à rua em genuína e espontânea celebração do título. O 24.º campeonato nacional de futebol da nossa história. O segundo desta década. O segundo da era Amorim, já hoje um dos mais bem-sucedidos treinadores do Sporting Clube de Portugal.
Foi, portanto, festejo a dois tempos. Um em nossa casa, há uma semana. Outro na noite e madrugada dos dias imediatos. Desejamos muito que esta tarde, no Estoril, aconteça o terceiro marco das celebrações.
A festa assim, em várias etapas, sabe ainda melhor.
O Portimonense apresentou-se em Alvalade com o autocarro estacionado frente à sua baliza, obedecendo à "táctica" do técnico Paulo Sérgio. Mas o ferrolho não tardou a ser arrombado. Logo ao minuto 13, em jogada exemplar de futebol geométrico: centro do veloz Nuno Santos, uma das figuras do encontro, e Paulinho a finalizar sem mácula de pé direito, que nem é o seu mais dotado para a arte futebolística.
Ovação merecida para ambos: foi o 13.º golo de Paulinho no campeonato, foi a 14.ª assistência de Nuno Santos. No minuto 36 a mesma dupla esteve a centímetros de conseguir o segundo, mas desta vez a bola embateu no poste. Havia vantagem mínima ao intervalo. E chegaram até a soar uns absurdos assobios a Coates, quando o excelente capitão leonino temporizava o jogo: há gente que nestes dias não devia sair de casa.
Vantagem ampliada aos 70' quando Nuno Santos voltou a estar em grande ao lançar Paulinho no corredor esquerdo e o colega a recolher a bola quase em cima da linha final antes de cruzar recuado para a grande área onde Trincão - outra das figuras da partida - não perdoou, batendo o guarda-redes Nakamura. Que já tinha negado o golo a Pedro Gonçalves (21'), Gonçalo Inácio (45') e Paulinho (45' e 60').
Mesmo sem Gyökeres a marcar haveria festa rija. Mas foi mais vibrante ainda porque o craque sueco acabou por fazer o gosto ao pé, já no minuto 90'+2. Completando excelente lance protagonizado dentro da área algarvia por Daniel Bragança, que por sua vez fora servido de modo exemplar por um passe teleguiado de Gonçalo Inácio a 30 metros de distância.
Vencemos e convencemos. Uma vez mais. O nosso eterno capitão Manuel Fernandes, com doença grave, não pôde comparecer no estádio. Mas assistiu pela televisão e ficou certamente grato e comovido com a magnífica homenagem prestada pelos adeptos ao exibirem cartolinas com o seu rosto enquanto jovem e ao levantarem-se em aplauso no minuto 9. Em homenagem ao número que o nosso Manel exibiu na camisola nas doze saudosas épocas em que actuou de leão ao peito.
«O sonho será real», lia-se numa tarja da Juventude Leonina.
É verdade: tornou-se real. Fomos campeões. Somos campeões.
Breve análise dos jogadores:
Israel - Jogou tocado e em esforço - viria a saber-se depois. Mas não comprometeu. Aliás nem chegou a fazer uma defesa digna desse nome.
Diomande - Como central à direita, sua posição natural, até parece outro. Muito melhor. Grande corte aos 9'. Cabeceou ao lado num canto (38').
Coates - Com o contrato renovado, o capitão fechou o caminho para a nossa baliza. Aos 17' cabeceou a poucos centímetros do poste. Magnífico passe longo aos 45'.
Gonçalo Inácio - Intervenção directa em dois golos, que começou a construir com passes à distância. O primeiro e o terceiro. Nakamura roubou-lhe golo aos 45'.
Esgaio- Regressou ao onze evidenciando as virtudes e as limitações que bem lhe conhecemos. Melhor momento: bom centro logo aos 4'.
Morten - Cumpriu muito bem a missão de equilibrador do meio-campo leonino. Destacou-se em recuperações de bola (7' e 19', por exemplo).
Pedro Gonçalves - Novamente remetido ao meio-campo, com autorização para deambular entre linhas, quase marcou aos 21': Nakamura impediu-o.
Nuno Santos - Voltou a ser titular. Cumpriu com distinção com uma assistência e uma pré-assistência para golo. Foi sempre seta apontada ao Portimonense.
Trincão - Outro golo para a sua conta pessoal: o nosso segundo, aos 70'. Passe genial a servir Pedro Gonçalves (21'). Pareceu carregado na área, em lance duvidoso (16').
Paulinho - Melhor dos nossos em campo nesta sua centésima vitória de leão ao peito. Marcou o primeiro (13'), assistiu no segundo e ainda enviou uma bola ao poste (36').
Gyökeres- Batalhou como sempre, venceu vários duelos. Acabou premiado: marcou mais um. O terceiro, aos 90'+2. Seu 27.º golo na Liga, 17.º em Alvalade. Um dos reis da festa.
Geny - Entrou para o lugar de Esgaio, aos 68'. Desta vez sem fazer a diferença.
Daniel Bragança - Substituiu Pedro Gonçalves (68'). Assistiu Gyökeres no terceiro golo com domínio perfeito da bola: belíssimo lance técnico.
Morita - Substituiu Morten aos 80'. Refrescando o meio-campo contra um Portimonense inofensivo.
Eduardo Quaresma - Substituiu Diomande (80'). Preciso no passe, atento às incursões na sua ala.
Matheus Reis - Substituiu Nuno Santos aos 89'. Veio de lesão, já não jogava há um mês.
Desta vez foi um quarteto. Composto por estes nossos leitores: Fernando, Leão do Xangai, Manuel Oliveira e Manuel Pinheiro. Todos acertaram no resultado do Sporting-Portimonense, todos anteciparam que Trincão e Gyökeres seriam dois dos três marcadores. Ganharam, portanto, a antepenúltima ronda destes palpites 2023/2024.
É justo mencionar também aqueles que ficaram em segundo - acertaram no 3-0 final, mas apenas mencionaram o craque sueco como artilheiro desta partida: Carlos Santos Silva, Fernando Albuquerque, José Vieira, Manuel Parreira, Maximilien Robespierre, Pedro Batista e Soares Dias.
Facto digno de realce: quanto mais nos aproximamos do fim - e agora já com o Sporting campeão - mais os prognósticos se aproximam dos resultados em campo. Vale a pena registar isto.
Quando o Sporting ganha por 3-0 com o guarda-redes adversário a ter quatro ou cinco defesas entre a excelência e o milagre, mais uma bola no poste, e tudo isso sem conceder qualquer oportunidade ao adversario, só se pode dar os parabéns ao seu treinador, e Rúben Amorim bem os merece.
Quem acompanha o Sporting, e tem um mínimo de idade e memória, terá de reconhecer que não é fácil encontrar jogos assim. Foram 3-0 contra o Portimonense, podiam mais facilmente ser 7-0 ou 8-0 do que o Sporting sofrer um golo.
Com Paulinho no onze, Amorim montou uma formação de tracção à frente. Três avançados, Pote a ser mais um nos movimentos atacantes, dois alas também muito projectados, os três defesas e Hjulmand a segurar as pontas. Com isso, atacando devagar para ter a equipa próxima e logo conseguir reagir à perda, foi baralhando marcações e criando oportunidades. Tudo isto com Gyökeres (mais) e Pote (menos) em dia francamente não.
Vieram as substituições, Bragança entrou muito bem e esteve no terceiro golo.
Melhor em campo? Paulinho. Um golo, uma bola no poste, um remate para grande defesa, uma assistência para golo. O papel de segundo ponta-de-lança é mesmo o dele.
Depois dele, os três centrais. Vai ser mais difícil segurar Diomande ou Inácio do que Gyköeres. Digo eu.
Arbitragem? Na Liga 3 e assim, um ou outro melhor.
E agora? Ganhar no Estoril, irmos ao Marquês. Tem que ser.
E Amorim? Se o Liverpool ou o Chelsea não se chegam à frente, porque não fica e disputa a Champions? Idiotas e exigentes da treta existem em todos os clubes, mas a grande maioria dos Sportinguistas estão gratos, estão com ele passe o que passar. No Sporting estará sempre em sua casa.
Da onda verde. Hoje mais inequívoca que nunca nesta temporada. Comunhão total entre sócios e jogadores, entre adeptos e equipa técnica, até entre a direcção e as claques - quem diria? Quando estamos a um curto passo de nos sagrarmos campeões nacionais pela segunda vez nesta década, com Rúben Amorim ao leme da equipa. Desta vez derrotámos o Portimonense em nossa casa: 3-0: desafio de toada única desde o apito inicial. Vencemos e convencemos, uma vez mais. Com domínio total do jogo.
De Paulinho. Melhor Leão em campo. Desbloqueou o empate a zero muito cedo, logo aos 13', numa finalização perfeita, bem enquadrado com a baliza - marcando com o seu pé menos bom, o direito. Leva já 13 golos marcados nesta Liga. E ainda foi ele a fazer a assistência para o segundo, indo à linha de fundo e servindo Trincão. Só a excelente exibição do guarda-redes adversário o impediu de brilhar ainda mais.
De Nuno Santos. O médio esquerdo, muito activo na manobra ofensiva, brilhou em vários momentos. Fez um cruzamento teleguiado que funcionou como assistência para Paulinho no primeiro golo: e vão 14, só à sua conta, nesta temporada. Novo centro perfeito aos 36', com o mesmo colega desta vez a enviar a bola ao poste. E foi ainda dele a pré-assistência no segundo golo. Ao ser substituído, um minuto antes do fim do tempo regulamentar, recebeu calorosa ovação dos adeptos, com inteira justiça.
De Gyökeres. Parecia que desta vez ficaria em branco, mas não foi assim. Aos 90'+2 meteu-a lá dentro, dando a melhor sequência a um espectacular lance de Daniel Bragança dentro da grande área. Com este golo, terceiro e último na recepção ao Portimonense, o internacional sueco isolou-se ainda mais na lista dos artilheiros da Liga 2023/2024. Os números confirmam: 27 golos em 31 partidas disputadas - cinco dos quais nos últimos três encontros. Mais seis do que o segundo - Banza, do Braga. É craque, ninguém duvida.
De Gonçalo Inácio. Desta vez devolvido à sua posição natural (central do lado esquerdo), brilhou ao iniciar a construção de dois dos nossos golos. O primeiro, com um passe junto à linha a solicitar a desmarcação de Nuno Santos. E o terceiro, colocando a bola em Daniel Bragança a uma distância de 30 metros. Um dos obreiros deste triunfo indiscutível que já nos torna pré-campeões.
Do guarda-redes da turma visitante. Grande exibição do internacional nipónico Nakamura: só ele evitou que o Portimonense saísse goleado de Alvalade. Impediu pelo menos cinco golos: de Pedro Gonçalves (21'), Paulinho (45' e 60'), Gonçalo Inácio (45') e Gyökeres (81').
Da homenagem a Manuel Fernandes. Lutando contra grave doença numa cama de hospital, o eterno capitão leonino recebeu impressionante manifestação de carinho dos adeptos, que exibiram cartolinas com a sua cara. E foi brindado com uma vibrante ovação das bancadas ao minuto 9 deste jogo - em alusão ao número que o nosso querido Manel usava na camisola que envergou durante 12 épocas no Sporting.
De estarmos há 19 jogos sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota aconteceu na distante jornada 13, disputada em Guimarães, a 9 de Dezembro. Há quase cinco meses.
De já termos marcado 136 golos em 2023/2024. Destes, 92 foram nas 32 jornadas da Liga até agora disputadas. Há precisamente meio século, desde a época 1973/1974, que não fazíamos tantos golos num campeonato.
Dos 84 pontos amealhados. Quando nos faltam só 180 minutos para chegar ao fim, basta-nos um empate nestes dois desafios por disputar. O título já não foge.
De podermos ainda bater o recorde de pontos. O máximo, no Sporting, foi estabelecido por Jorge Jesus há oito anos: 86 pontos. Tudo indica que será batido nesta Liga. Conquista suplementar de Rúben Amorim, a merecer aplauso ainda mais prolongado.
Da nossa 26.ª vitória consecutiva em casa na Liga. Alvalade é talismã para a equipa desde a época passada. Fizemos o pleno no campeonato em curso: 16 triunfos nos 16 desafios disputados como anfitriões na Liga 2023/2024. Nunca tinha acontecido nada semelhante desde que o nosso actual estádio foi inaugurado, em 2003. Outra conquista que ficará ligada à liderança de Amorim.
De ver o estádio cheio. Havia 49.557 espectadores nas bancadas - a melhor casa da época, ultrapassando o número de presenças registado na recepção ao Benfica. Torna-se mais fácil encher Alvalade quando os jogos decorrem em dias e horas apropriados - neste caso, às seis da tarde de sábado.
Daquela enorme tarja da Juventude Leonina. «O sonho será real», assim se lia. Reflectindo aquilo que sentem todos os verdadeiros adeptos do Sporting.
Da arbitragem. Boa actuação do luso-romeno Iancu Vasilisa neste seu primeiro jogo a apitar a equipa principal do Sporting.
Não gostei
Do 1-0 ao intervalo. Resultado escasso para as oportunidades criadas. Sabia a pouco.
Da impaciência dos adeptos. Ao minuto 44, ouviram-se vaias bem sonoras quando Coates, com a bola nos pés, fazia aquilo que tão bem sabe: temporizar o jogo, procurando atrair a turma algarvia para o nosso meio-campo com a intenção de abrir clareiras lá na frente. É uma estupidez haver quem insista em assobiar a equipa - sobretudo uma equipa como a nossa, que não perdeu até agora um só ponto no nosso estádio.
Do Portimonense. Paulo Sérgio arrumou a sua turma, de início, num hiperdefensivo 6-4-0. Com o autocarro totalmente estacionado. De nada lhe valeu esta atitude medrosa: continua em 16.º na classificação, orienta a equipa que mais golos sofreu até agora (69) e corre sério risco de descer à Liga 2. Chegou ao fim deste jogo sem esboçar uma oportunidade de golo nem fazer um único remate enquadrado à nossa baliza.
Acelera a contagem decrescente para o fim do campeonato: vem aí a ronda 32. Depois de amanhã, pelas 18 horas, recebemos o Portimonense.
É a mesma equipa que na primeira volta desta Liga nos deu muita luta no Algarve: conseguimos lá um triunfo tangencial, por 2-1. Com Gyökeres - sempre ele - a destacar-se como melhor em campo neste desafio marcado por três ausências no nosso onze titular: Coates lesionado, Gonçalo Inácio e Morten cumprindo castigo.
No campeonato anterior o Sporting-Portimonense terminou em goleada: 4-0. Golos de Trincão (2), Pedro Gonçalves e Nuno Santos.
Segue um teste à argúcia dos nossos leitores: qual será o resultado do desafio deste sábado?
Foi um resultado algo banal: deslocámo-nos a Portimão, vencendo a equipa local por 2-1. Mesmo assim, quase todos os nossos leitores revelaram falta de pontaria. Valeu, para que os prognósticos não tivessem falhado por completo, uma honrosa excepção: a do leitor que assina Olho Vivo.
Não só vaticinou o resultado como acertou em Paulinho, um dos marcadores. Muitos parabéns.
Gyökeres, mesmo sob marcação cerrada, voltou a brilhar: por vezes cansa só de o ver
Foto Luis Forra / Lusa
A expressão "estacionar o autocarro" parece ter sido inventada por Paulo Sérgio. O treinador do Portimonense - que passou há mais de dez anos por Alvalade, sem deixar saudades - adoptou nesta recepção à nossa equipa um sistema hiper-defensivo. Espécie de 6-3-1, anichando os seus pupilos numa extensão máxima de 25 metros, deixando toda a iniciativa atacante ao Sporting. Dois defesas receberam a missão de patrulhar Gyökeres a tempo inteiro, roubando-lhe espaço de manobra e remetendo-o a zonas mais recuadas.
Muralha própria de equipa pequena, receando ser goleada em casa pelo onze que pratica melhor futebol da temporada.
Funcionou, mas só até ao intervalo. O primeiro tempo decorreu com os nossos jogadores à procura de uma fresta naquela muralha, sem sucesso. O melhor que conseguiram foi já no tempo extra, quando Edwards rematou forte mas por cima.
É verdade que anteontem nos faltavam três titulares: Coates estava ausente por lesão, Gonçalo Inácio e Morten cumpriam castigo. Mas isto não explica a nossa lentidão de processos neste primeiro tempo nem a inoperância do corredor direito do Sporting, onde Edwards e Geny por vezes se atropelavam e o moçambicano parecia estar já com a cabeça na selecção do seu país, que representará nas próximas semanas.
Também não explica a incapacidade de gerarmos perigo nos lances de bola parada, que apareceram em catadupa: dez cantos nos primeiros 45 minutos, igualando o registo máximo da prova até ao momento.
Rúben Amorim soube puxar pelos jogadores na prelecção que lhes fez ao intervalo. Surgiram com outro ânimo no excelente tapete verde de Portimão. Beneficiando também dos primeiros sinais de fadiga física revelados pela turma algarvia. Aí o eficaz Sporting desta Liga 2023/2024 voltou à tona.
O nosso ponto forte era o corredor esquerdo, com boa articulação entre Matheus Reis e Nuno Santos. Pedro Gonçalves, novamente remetido ao meio-campo, tentava infilitrar-se entre linhas, beneficiando da solidez posicional de Morita: o japonês brilhou como n.º 6 improvisado num dos seus melhores desempenhos de sempre ao serviço do Sporting. É um dos jogadores mais completos deste plantel. E um dos obreiros deste percurso vitorioso que já produziu 19 triunfos em 25 partidas nas quatro frentes futebolísticas e nos confirma no comando do campeonato à entrada deste ano novo.
Algo que não acontecia desde 2021. Sabemos o final feliz dessa história.
A insistência foi tanta que acabou por produzir bons frutos. Num magnífico passe teleguiado de Pedro Gonçalves aproveitando uma das raras ocasiões em que Gyökeres dispôs de espaço de manobra em posição frontal. O sueco, letal como poucos, não perdoou: num par de segundos, meteu-a lá dentro. Inaugurando o marcador naquele minuto 59. Confirma-se a tendência: cumprimos 15 jornadas sem nunca ficar em branco.
Lá teve Paulo Sérgio de tirar o autocarro do parque de estacionamento, procurando enfim - também ele - esticar o jogo. Aproveitando sobretudo deslizes defensivos dos nossos. Houve três. À primeira, o Portimonense marcou. Na cobrança de um livre a punir falta desnecessária de Diomande na meia esquerda e o mau posicionamento da barreira. Depois, aos 78' e aos 85', brilhou Adán ao fazer a mancha e cortar ângulo de remate aos adversários que se isolavam. Beneficiando, no primeiro lance, da preciosa ajuda de Eduardo Quaresma.
Estava escrito que não sairíamos do Algarve sem os três pontos. Assim foi: a bola voltou a entrar na baliza certa, coroando a melhor jogada colectiva do desafio, também desenrolada no corredor esquerdo. Com a "gordinha" a girar de Matheus para Nuno e deste para Morita com o internacional nipónico a cruzar para o centro da área: Paulinho, de costas para as redes, pôs a funcionar o calcanhar. Era noite de sorte: a bola tabelou caprichosamente num defesa e traiu o guarda-redes Vinicius. Que cinco minutos antes, num voo espectacular, impedira Morita de marcar.
Paulinho esteve no melhor e também no pior, quando falhou golo cantado após centro milimétrico do suspeito do costume. Gyökeres voltou a terminar um jogo da forma que já começa a tornar-se habitual: parece ter energia para começar tudo de novo.
"Cansa só de ver", deve ter pensado o tristonho Paulo Sérgio. O sueco - melhor em campo - derrubou-lhe a muralha. Bastou um tiro só.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Ainda não é desta que o nosso guarda-redes mete os papéis para a reforma. Bons reflexos a impedir golos aos 78' e aos 85'. Sem culpa no que sofreu, aos 68'.
Neto - Fez só a primeira parte, como central à direita. Amarelado aos 34', ficou condicionado. Já tinha abusado dos passes à queima e de falta de fluidez na construção.
Diomande - Supriu ausência de Coates. Seguro excepto em dois momentos: entrada fora de tempo aos 67' (valeu-lhe um amarelo) e falta desnecessária aos 68' (custou-nos o golo).
Matheus Reis - Completou trio de centrais, actuando pela esquerda. Foi o que teve melhor desempenho, articulando muito bem com Nuno Santos. Iniciou construção do segundo golo.
Geny - Titular na ala direita, demasiado discreto. Complicou alguns lances, pecou por falta de entendimento com Edwards. Quando saiu, aos 83', parecia que já não estava lá.
Morita - Com Morten ausente, foi ele o número 6. Mas fez muito mais do que isso: variou flancos com visão de jogo e precisão de passe, recuperou 14 bolas, assistiu no golo 2. Exemplar.
Pedro Gonçalves - Médio de construção, tentou explorar zonas interiores. Marcou mal vários cantos. Mas redimiu-se com espectacular assistência para Gyökeres no primeiro golo.
Nuno Santos - Dinâmico, dominou o corredor esquerdo num constante vaivém à procura de espaços para colocar a bola. Interveio no segundo golo, em passe açucarado para Morita.
Edwards - Apagado no primeiro tempo. Ainda assim, foi dele o nosso único remate digno desse nome (45'+1). Melhorou muito após o intervalo. Ofereceu três golos que Paulinho desperdiçou.
Paulinho - Esteve no melhor (o golo-carambola, de calcanhar, que nos valeu três pontos) e no pior (desperdiçou três ou quatro). Voltou a marcar na Liga após quase dois meses de jejum.
Gyökeres - Quase sem espaço para se movimentar, aos 59' libertou-se enfim do espartilho e meteu-a lá dentro. Nada egoísta, construiu golo para Paulinho (90'+5), mas o colega falhou.
Eduardo Quaresma - Rendeu Neto no segundo tempo. Exibição muito positiva. Deu nas vistas com um carrinho que tirou o pão da boca ao Portimonense, a meias com Adán (78').
Daniel Bragança - Substituiu Pedro Gonçalves, com lesão no pé esquerdo, aos 75'. Pareceu condicionado, no plano físico ou psicológico. Errou passe aos 85': podia ter corrido mal.
Esgaio - Entrou aos 83', rendendo Geny. Jogo importante por simbolismo: foi a 150.ª vez que actuou pela equipa principal do Sporting. Não falhou nenhum dos 15 jogos desta Liga.
Trincão - Entrou aos 90'+1, substituindo Edwards. Só para queimar tempo. Mal tocou na bola.
O jogo de ontem fez-me lembrar o Nápoles de 1988/1989.
Primeiro golo do n° 9, Careca, embora o nosso 9 seja só careca, lateralmente. Eu opto por um penteado diferente, cabeludo nas laterais e careca no topo, gostos.
Primeiro golo de Careca (Viktor) e segundo golo de Alemão, como aconteceu algumas vezes com o Nápoles.
E onde é que entra Maradona?
Maradona, o nosso, Pedro Gonçalves, fez o passe primoroso para Viktor, e o nosso Careca fez o mais fácil ("este até eu marcava", pensou Paulinho; "marcavas, marcavas..." sorriu [em pensamento] Viktor.
O segundo golo é um hino ao futebol, destaco a parte final, Paulinho toca de calcanhar para Alemão e Alemão, também de calcanhar marca um grande golo, um golo maravilhoso.
Notas finais:
1. O segundo golo do Sporting foi um auto-golo, é inacreditável como é que nestes lances, o golo é creditado ao avançado.
2. No lance entre Hélio Varela, Adán e Eduardo Quaresma é este último que atira a bola pela linha de fundo, seria canto. Como vimos, anteriormente, se a bola entrasse na baliza o golo seria creditado a Hélio Varela, o que não faz nenhum sentido.
3. Em lance corrido parece que o último toque é do avançado algarvio. Num jogo entre Benfica e Portimonense transmitido na BTV este lance nunca se tornaria um caso, não existiria nenhuma repetição.
Saudações desportivas, um excelente 2024 para todas as pessoas e para lampiões e andrades, também.
Da vitória em Portimão. Outro triunfo leonino, desta vez por 2-1. Foi o 12.º em 15 jornadas desta Liga 2023/2024. Quarto consecutivo. Terminamos o ano civil da melhor maneira. Mostrando que somos a equipa a jogar melhor futebol e com mais solidez exibicional. Num estádio que não costuma ser fácil para os chamados "clubes grandes". E numa jornada em que Benfica (contra o Famalicão) e FC Porto (contra o Chaves) viram penáltis claros perdoados por árbitros incompetentes.
Da nossa segunda parte. Após 45 minutos iniciais com diversos momentos penosos, enfrentando um Portimonense que defendia com sete ou oito, formando muralha intransponivel, conseguimos ser muito mais acutilantes na etapa complementar. Menos conformados, menos previsíveis, menos apostados em bombear bolas de forma rotineira. Fez toda a diferença, para melhor.
De Gyökeres. Começa a ser repetitivo: voltou a ser o melhor em campo. Foi ele a desbloquear o jogo, após o empate a zero que se registava ao intervalo, inaugurando o marcador. Aos 59', coroando de forma exemplar um excelente passe de Pedro Gonçalves que era quase meio golo. O internacional sueco - autêntico "abono de família" da nossa equipa - dispôs apenas dessa oportunidade. Que não desperdiçou: já soma 11 golos no campeonato. Mas proporcionou, ele próprio, uma assistência de bandeja a Paulinho, aos 90'+5: o colega só precisaria de empurrar. Infelizmente, não conseguiu.
De Morita. Grande jogo do internacional japonês, revelando inegável classe com a bola nos pés. Disponibilidade total para as tarefas defensivas e ofensivas, funcionando como pêndulo da equipa. Aos 75', fuzilou a baliza de Portimão, levando Vinicius a fazer a defesa da noite. Cinco minutos depois, assistiu Paulinho no golo que nos garantiu os três pontos.
De Adán. É verdade que sofreu um golo. Aos 68', na marcação de um livre com a barreira mal formada em que foi apanhado em contrapé: dificilmente poderia ter mantido as redes invictas na conversão desse castigo. Mas salvou a equipa duas vezes cortando o ângulo de remate ao portador da bola que se isolava para a meter lá dentro. A primeira aos 78', a segunda aos 85' - esta com a ajuda de Eduardo Quaresma nesse lance complicado. Exibição positiva, a merecer destaque.
Do nosso segundo golo. Valeu-nos os três pontos. Fruto de eficaz jogada colectiva em que intervieram Matheus Reis, Nuno Santos, Morita e Paulinho, com este a rematar de calcanhar, tendo a sorte do seu lado: a bola tabelou primeiro no defesa Alemão, traindo o guarda-redes. Valha a verdade: todo o lance começou com um lapso da equipa de arbitragem, que assinalou pontapé-de-baliza para o Sporting quando devia ter sido canto favorável ao Portimonense. O VAR não pode intervir em lances destes.
De ver o Sporting marcar em todos os jogos. Ainda não ficou em branco neste campeonato. Já contabilizamos 32 golos: mais dez do que o FC Porto, mais quatro do que o Benfica. Por enquanto só o Braga marcou mais.
De somarmos 37 pontos em 15 rondas do campeonato. Apenas oito pontos perdidos. Nas deslocações a Braga, Guimarães e Luz. Mantemos folha limpa em casa.
De terminarmos 2023 no comando. Mantemos a liderança isolada do campeonato e continuamos em todas as frentes, de aspirações intactas. O Natal ficou para trás. Vamos festejar o Ano Novo de forma ainda mais alegre e vibrante. A sonhar com o título máximo do futebol português.
Não gostei
Da primeira parte. Sem oportunidades de golo e apenas um pontapé enquadrado com a baliza: aos 45'+1 por Edwards, que levou a bola a sobrevoar a trave. Dez cantos e quinze remates desperdiçados.
Das ausências simultâneas de três titulares. Faltaram Coates (por lesão), Gonçalo Inácio e Morten (ambos por castigo). Fizeram falta.
De Neto. Actuou no onze, como central à direita, revelando as limitações técnicas que já lhe conhecemos: abusa dos passes à queima, arriscando entradas negligentes. Numa delas, aos 34', viu Manuel Oliveira mostrar-lhe o amarelo: com outro árbitro, talvez a cor fosse outra. Já não regressou após o intervalo: foi substituído, com vantagem, por Eduardo Quaresma.
De Paulinho. Viu-lhe ser creditado um golo, beneficiando da carambola em Alemão. Mas protagonizou um festival de desperdício, fiel à sua imagem de marca. Aos 49', muito bem servido por Edwards, cabeceou à figura. Aos 57', novamente a centro do inglês, atirou para fora. Aos 66', ainda com Edwards a municiá-lo quando estava isolado, demorou uma eternidade a finalizar, permitindo o corte da defesa. Aos 90'+5, com a baliza à sua mercê e Gyökeres a assisti-lo, fez o mais difícil, incapaz de a meter lá dentro. Impossível dar-lhe nota positiva.
Das tochas atiradas para a nossa baliza logo a abrir o jogo. Letais ao Sporting, travestidas de "claques", confirmaram uma vez mais que são inimigas do clube. Merecem um castigo pesadíssimo que vai tardando.
Como disse o nosso treinador, água mole em pedra dura, tanto dá até que fura. Por outras palavras, que ele é um cavalheiro e não quis chamar motorista da Carris ao seu colega de profissão.
Jogo extremamente complicado em Portimão, contra uma equipa bem orientada por uma velha raposa, o Paulo Sérgio, forte fisicamente, que "montou o autocarro". Até sofrer o golo, 90% do jogo desenrolava-se em 30% do campo. E para onde ia Gyökeres iam dois ou três deles.
Até ao passe magistral de Pedro Gonçalves, já então a coxear devido a uma pisadela dum adversário, para o belo golo de Gyökeres a verdade é que o Sporting teve poucas oportunidades de marcar, muito devido a um flanco direito desarticulado e desinspirado mas também ao desaproveitamento completo dos muitos cantos de que dispôs.
Ao fim e ao cabo a equipa sentiu muito a falta do trio Coates, Inácio e Hjulmand nas duas áreas de rigor. Dos muitos cantos nada resultou, de dois livres laterais resultou o golo adversário. Neto viu amarelo e foi trocado ao intervalo. Ficou o Catamo a marcar... o Relvas.
Com a saída de Pedro Gonçalves tudo se complicou. Aqui se calhar o Catamo devia ter saído também, para a equipa se compensar defensivamente com Esgaio e Bragança, até porque Diomande andava já a ser perseguido pelo medíocre apitador. Daquele lado, de Bragança-Catamo-Quaresma, veio o perigo que podia ter dado uma derrota se calhar mais merecida do que a de Guimarães. Valeu então o "santo" Adán.
E valeu também o grande cruzamento de Morita para o golo de calcanhar de Paulinho, com a sorte no ressalto que que lhe faltou nos dois ou três golos que falhou.
Por isso, para mim, melhor em campo: Adán. Depois Diomande e Morita no jogo, Pedro Gonçalves, Gyökeres e Paulinho nos golos.
Arbitragem? A mediocridade do costume do portuense, incapacidade de segurar o jogo pelo diálogo com os jogadores, sem critério disciplinar entendível, amarelos a granel, para o Sporting ao primeiro toque e ao adversário lá pela meia dúzia, falta mais que discutível de Diomande que está na origem do golo sofrido. Pelo menos não estragou o jogo com penáltis e expulsões. Dizem que foi dos melhores classificados na época passada, o que só prova o estado miserável da arbitragem em Portugal.
No tempo do Apito Dourado era pior? Pois era. E daí?
E agora como vai ser todo um mês sem o "samurai" e o "príncipe"? Vai ter que ser jogo a jogo, ainda nem chegámos ao fim da 1.ª volta. Treinador, temos o melhor da Liga.
Boas passagens e um óptimo 2024 para todos, com o Sporting Campeão!!! Vamos fazer por isso!
Não serei eu a contrariá-lo, esperando que este favoritismo se confirme em campo. Como aconteceu com o Portimonense-Sporting da época anterior: fomos lá vencer 1-0. Soube a pouco, após 20 remates e 11 oportunidades de golo. A vitória só nos sorriu no minuto 87, graças a Paulinho.
Qual será o desfecho da partida de hoje? Aguardo os vossos prognósticos.
Paulinho, golo 3 na Liga: tudo está bem quando acaba bem
Foto: Luís Forra / EPA
Quarta vitória consecutiva do Sporting - incluindo um desafio para a Liga Europa. Cinco vitórias em seis jogos disputados nesta segunda volta do campeonato. Terceiro triunfo seguido fora de casa na Liga 2022/2023.
Estamos no bom caminho? Parece que sim. Mais vale tarde do que nunca. Continuamos a perseguir o Braga para um lugar no pódio que pode permitir-nos o acesso à Liga dos Campeões. Objectivo difícil, mas longe de ser impossível. Basta que a turma minhota tropece duas vezes e nós saibamos superar todos os obstáculos ainda pela frente.
Este, no Algarve, revelou-se complicado. O resultado demonstra-o: 0-1. Num dos desafios em que até agora criámos mais oportunidades e fizemos mais de 20 remates, a bola teimava em não entrar. Pedro Gonçalves teve quatro vezes a hipótese de abrir o marcador - a mais flagrante das quais aos 42', num penálti a castigar falta cometida contra Nuno Santos. Mas por nervosismo, desconcentração ou algum excesso de confiança - vá lá saber-se - acabou por desperdiçar, mandando a bola para a bancada.
Em verdade se diga que foi ele também o mais batalhador dos nossos. Só uma exibição fenomenal do guarda-redes Nakamura lhe tirou o golo aos 17' e aos 51'. Aos 65', com pontaria a mais, fez a bola embater no poste.
Parecia ser uma daquelas partidas a que estamos habituados: grande caudal ofensivo que só empancava na finalização. Os nervos iam-se instalando no mau relvado do estádio de Portimão e fora dele, entre os adeptos que seguiam as jogadas à distância, observando-as no ecrã. Pedro Gonçalves, tantas vezes herói, começava a ser amaldiçoado como vilão, como é (mau) costume entre nós, ao passarmos do oito oitenta.
Acontece que foi ele precisamente a desatar o nó - num magnífico passe teleguiado para Paulinho a meter lá dentro, com toque artístico. Era o minuto 77': o avançado ex-Braga entrara dois minutos antes, rendendo Ugarte quando Rúben Amorim já apostava todas as fichas num ataque demolidor. Bastaram-lhe dois minutos para sacar os três pontos na primeira vez em que tocou na bola.
Novo herói leonino? Nem por sombras. Mas durante um par de semanas deixará de ser vilão.
Outros destaques nesta equipa?
Morita, sem dúvida, pelo que joga e faz jogar - articulando bem com Ugarte no meio-campo, mas superando o uruguaio na forma hábil como consegue pôr a bola sempre a circular para o local que pode gerar maior perigo para o adversário.
Nuno Santos, incansável a percorrer o corredor esquerdo municiando a frente de ataque.
E Diomande: desta vez como titular, confirmou mesmo ser reforço. Sólido a defender, exímio no passe longo. Construir com eficácia a partir de trás é com ele.
O central marfinense promete. E só tem 19 anos.
Objectivo cumprido num jogo em que o resultado foi muito lisonjeiro para o Portimonense: criámos oportunidades propícias a uma goleada. Tantas ou talvez mais do que no desafio da primeira mão, quando cilindrámos a equipa treinada por Paulo Sérgio por 4-0 no Estádio José Alvalade.
Lições a extrair? Nunca baixar os braços, nunca esmorecer, nunca desistir. Faltam onze jornadas, há 33 pontos em disputa, muita coisa ainda pode acontecer.
Tudo menos deitar a toalha ao chão. Alguns já fazem isso? Não admira: serão talvez os mesmos que já a tinham lá posto antes de o campeonato começar. E que haviam feito o mesmo no início da nossa gloriosa caminhada rumo ao inesquecível título 2020/2021.
Velhos do Restelo, com os catastrofismos de sempre. São daqueles que só apoiam quando um título é conquistado. Fazem pouca falta. Ou nenhuma.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Não teve grande ocasião para brilhar: o Portimonense esteve mais de uma hora sem fazer um remate. Mas quando foi preciso esteve atento. Duas boas intervenções aos 90'.
Diomande - Reforço de Inverno que já está a demonstrar utilidade. Permitiu devolver Gonçalo à esquerda da linha de centrais e mostrou-se seguro, atento e com precisão de passe.
Coates - Atravessa uma fase de menor frescura física. Algo lento a recuperar posições. Amarelado aos 33', Rúben Amorim mandou-o sair aos 60' para não correr risco disciplinar.
Gonçalo Inácio - Exibição regular, desta vez sem fazer a diferença na construção com passes de ruptura. Teve duas hesitações prontamente emendadas pelos colegas.
Esgaio - Novamente titular: Bellerín talvez tenha sido poupado a pensar no Arsenal, nesta quinta-feira. Actuou mais em zonas interiores, como terceiro médio. Sem deslumbrar.
Ugarte - Regressou após um jogo de castigo. Um pouco menos eficaz nas recuperações do que já nos habituou. Tentou visar a baliza de meia-distância, mas continua sem fazer golos.
Morita - Muito útil, na ligação entre o meio-campo e o ataque e a funcionar como primeiro tampão contra as incursões ofensivas da turma algarvia. Esteve quase a marcar aos 17'.
Nuno Santos - Um dos mais dinâmicos, um dos mais inconformados com o zero-a-zero. Muitos cruzamentos para a grande área, rasteiros ou por alto. Foi sempre tentando municiar o ataque.
Edwards - Costuma ser desequilibrador, mas desta vez esteve longe do brilhantismo de outros jogos. Pecou por excesso de individualismo em vários lances. Falhou emenda para golo (32').
Pedro Gonçalves - Esteve no pior (falhou penálti) e no melhor (uma assistência, uma bola ao poste, dois remates com selo de golo muito bem defendidos por Nakamura). Digno de elogio.
Chermiti - Muito móvel na área, deu grande trabalho aos defesas mas revelou-se inconsequente nas acções de finalização. Precisa de mais jogos para robustecer a confiança.
Matheus Reis - Substituiu Coates aos 60', passando Gonçalo para o eixo da defesa. Combinou bem com Nuno Santos nas acções ofensivas do corredor esquerdo.
Paulinho - Rendeu Ugarte aos 75' e dois minutos depois marcava o golo que nos garantiu três pontos em lance de belo efeito. Terceira vez em que surge como artilheiro na Liga 2022/2023.
Trincão - Em campo desde os 85', substituindo Edwards. Tentou repetir o grande slalom que na partida anterior lhe rendeu um dos mais vistosos golos deste campeonato. Agora sem sucesso.
St. Juste - Substituiu Nuno Santos aos 85'. Quando a palavra de ordem era já reter a bola, congelar o ataque e privilegiar a garantia dos três pontos robustecendo a defesa. Cumpriu.
Estranhamente, entre tanta gente que prognosticou o desfecho deste Portimonense-Sporting, ninguém conseguiu antecipar a nossa vitória tangencial no Algarve por um golo sem resposta. Desde goleadas ao canónico 0-2 (aquele que mais vezes é aqui referido), houve um pouco de tudo.
As minhas desculpas ao Paulinho, por ter duvidado da sua eficácia.
É exasperante ver uma equipa que até joga bem, muito bem aliás ontem e é tão ineficaz na finalização.
É certo que o GR japonês fez três ou quatro defesas de luxo, mas aquilo que se faz tão bem até ao tiro final, não merecia a falta de pontaria que se está a tornar um (mau) hábito.
Valeu-nos hoje Paulinho, o mal amado (mea culpa), com um golo de belo efeito e de difícil execução.
E valeu-nos o arrojo de Amorim, que nos deixou praticamente sem meio-campo para ganhar o jogo. Conseguiu-o, está de parabéns.
Tudo está bem, quando acaba bem.
Uma nota final para o apoio que se ouviu sempre do início ao fim do jogo. Eram escusadas as tarjas, bastavam as bandeiras e os cachecois.
Foi um Sporting muito competente que no batatal de Portimão, frente a uma equipa que defendia de forma bem compacta e com onze, conseguiu uma vitória que só o dia negro de Pedro Gonçalves no que respeita ao golo complicou.
No primeiro tempo o Sporting controlou, temporizou, e... desperdiçou. O Portimonense não teve qualquer oportunidade. Uma defesa muito certinha com Diomande a demonstrar que ali (como no Fatawu) há ouro, Ugarte e Morita a fazerem uma bela dupla, e lá na frente três máquinas de desperdício, independentemente do esforço que tiveram. Adán na primeira parte foi espectador. Foram cinco ou seis oportunidades desperdiçadas só à conta do Pote, incluindo um penálti. Valeu apenas a assistência para o golo de Paulinho.
No segundo tempo o Sporting deixou a temporização e foi para cima do Portimonense depressa e em força. As ocasiões de golo foram-se sucedendo e desperdiçando. A entrada de Paulinho para o lado de Chermiti desestabilizou a defesa contrária e dum lance de ressace o Pote encontrou Paulinho livre para desviar o centro e marcar.
O Portimonense enfim meteu toda a carne do assador e tentou marcar, mas foi mais intenção que outra coisa.
Melhor em campo? Diomande, um craque, imperial a defender, não falha um passe, lança em profundidade com classe.
E agora? Continuamos com cinco pontos a mais nesta segunda volta relativamente à primeira, considerando apenas os mesmos adversários. Tivemos mais uma vitória sem sofrer golos, estamos a fazer o que compete, esperamos que os rivais falhem nos seus propósitos,
Chermiti, hoje titular no ataque, cumprimenta Paulinho pelo golo que marcou 2' depois de entrar
Foto: Luís Forra / EPA
Gostei
Da nossa quarta vitória consecutiva. Há pouco, contra o Portimonense, no Algarve. Triunfo suado, por marca tangencial: 0-1. Mas absolutamente indiscutível num jogo que dominámos por completo, em que fizemos 20 remates e tivemos 11 oportunidades de golo. Talvez mesmo o desafio com maior número de oportunidades para o nosso lado neste campeonato 2022/2023.
De Paulinho. Desta vez ficou fora do onze titular. Entrou apenas aos 75', substituindo Ugarte, quando Rúben Amorim apostou tudo para desfazer o empate a zero que se mantinha. Dois minutos depois, marcou o golo que nos deu três pontos - na primeira vez em que tocou na bola. Terceiro remate para o fundo das redes à 23.ª jornada, primeiro em 2023. Bastou para merecer ser distinguido como homem do jogo.
De Pedro Gonçalves. Esteve no melhor e no pior deste desafio em Portimão. Aqui só interessa o melhor - acima de tudo a assistência para Paulinho desbloquear a partida: foi quase meio golo ao fazer a bola sobrevoar a defesa. A sua sexta assistência no campeonato. Jogando no trio da frente, quase todos os lances de maior perigo passaram por ele. Esteve perto de marcar aos 17' e aos 51' (enormes defesas do guarda-redes Nakamura, uma das figuras da partida). Aos 65', num remate bem ao seu jeito, fez a bola embater no poste esquerdo.
De Morita. Vem-se impondo como pêndulo da equipa no nosso meio-campo. Põe a bola sempre a rolar, com notável precisão de passe, e não perde de vista a baliza, fazendo a ligação ao ataque. Cheirou o golo em recarga aos 17': a bola foi travada quase em cima da linha de baliza.
De Diomande. Chegou há muito pouco tempo, no mercado de Janeiro, mas já começa a dar nas vistas. Titular na linha de centrais, colocado mais à direita, teve exibição irrepreensível. Liberta o ala nas acções de desmacarção, transmitindo confiança no sector à sua guarda. Bons passes verticais isolando Edwards (16') e Esgaio (18'). Nem parece, mas ainda só tem 19 anos. Carreira promissora pela frente.
De não termos sofrido qualquer golo. Dos 23 desafios já disputados neste campeonato 2022/2023, só mantivemos as nossas redes intactas em nove. Pela segunda jornadas consecutiva, este foi um deles.
Da segunda volta até agora. Seis jogos, cinco vitórias. Contra Braga, Rio Ave, Chaves, Estoril e hoje ao Portimonense. Excepção: a derrota em Alvalade (1-2) frente ao FC Porto. De qualquer modo, mais cinco pontos do que as rondas similares da primeira volta. Foi também o nosso quarto triunfo seguido fora de casa, se somarmos o campeonato à Liga Europa. Estamos a progredir.
Da centésima vitória de Amorim no Sporting. En 144 jogos já disputados como técnico da nossa principal equipa de futebol. Número emblemático, que merece ser assinalado.
Não gostei
Do penálti falhado por Pedro Gonçalves. Castigo máximo a assinalar falta indiscutível sobre Nuno Santos na grande área da turma algarvia. Chamado a converter, o maior goleador leonino atirou muito por cima, pelo menos 2 metros sobre a barra. Nem foi necessário o guarda-redes esboçar defesa. Neste campeonato já beneficiámos de oito grandes penalidades e falhámos duas. Oportunidades que não devem ser desperdiçadas.
Do 0-0 que se mantinha ao intervalo. Resultado que não traduzia o domínio absoluto da nossa equipa. Mesmo com uma linha defensiva de seis jogadores(!) imposta pelo técnico Paulo Sérgio, a equipa da casa só com muita sorte - e alguma displicência nossa - não se viu a perder no final da primeira parte. Pedro Gonçalves (17', 51', 78'), Morita (17'), Edwards (32'), Esgaio (63') e duas bolas aos ferros - pelo central Park, que quase fez autogolo (47') após cruzamento de Edwards, e por Pedro Gonçalves (65').
Da nossa tremideira nos últimos dez minutos. A equipa recuou demasiado, concedendo a iniciativa atacante ao adversário, perdeu-se a gestão da posse de bola e a vontade de tentar o segundo golo. Período curto, mas complicado. Adán esmerou-se ao evitar o possível empate com duas defesas aos 90'.
Do relvado. O estádio do Portimonense foi considerado o melhor da Liga em cinco temporadas consecutivas. Já não é. Agora apresenta evidentes indícios de desgaste, o que prejudicou a qualidade do espectáculo.
Enfim, um jogo disputado a hora propícia para ver futebol ao vivo: amanhã, sábado, às 18 horas. Iremos a Portimão com o objectivo declarado de dar continuidade a este microciclo de três vitórias consecutivas: em Chaves, na Dinamarca e em Alvalade frente ao Estoril.
Conseguiremos diminuir distâncias face ao FC Porto (que joga em Chaves também amanhã) e ao Braga (que recebe o Rio Ave no domingo)?
Para já, teremos de fazer a nossa parte. Qual é o vosso prognóstico para este Portimonense-Sporting?
O Sporting-Portimonense terminou em goleada: 4-0. A nossa primeira da época em curso. Jogo fundamental para alguns mais cépticos acreditarem enfim na nossa equipa.