Nove anos em Portugal de leão ao peito terminaram com um sentido "até sempre" às bancadas de Alvalade: Anderson Polga despediu-se em Maio, encerrando uma meritória carreira como defesa central do Sporting, onde por vezes dividiu opiniões mas foi sempre de um profissionalismo incontestado. "Levo mais alegrias do que tristezas", referiu no seu último dia vestido de verde e branco. Sorte a dele: já não assistiu à pior fase do clube, no segundo semestre de 2012, em que tantas vezes a nossa defesa - que devia ser um baluarte - entrou em descalabro acelerado, rendida às investidas de equipas como o Moreirense, o Rio Ave e o Estoril.
Muitos dos que ocasionalmente assobiaram Polga, nas noites de refrega futebolística em Alvalade, já devem estar muito arrependidos de o terem feito. Porque a verdade é que a equipa decaiu muito depois da despedida deste atleta de 33 anos que integrou a selecção brasileira campeã mundial de 2002. A verdade é que ele faz falta a este Sporting tão desorientado, para mal de todos nós. Com a sua raça, a sua combatividade, a sua entrega ao jogo. Na bagagem, de regresso ao Brasil, levou excelentes memórias - em particular a conquista de duas Taças de Portugal e duas supertaças. Do lado de lá do Atlântico, viu o seu Corinthians sagrar-se campeão mundial de clubes.
Apetece trazer aqui a letra de Tanto Mar, a célebre canção de Chico Buarque, dirigindo-a desta vez de Portugal ao Brasil: "Sei que estás em festa, pá / Fico contente. / E enquanto estou ausente / guarda um cravo para mim. / Eu queria estar na festa, pá, / Com a tua gente, / E colher pessoalmente / Uma flor do teu jardim."
Depois da vergonhosa atitude no Jamor, quero apenas dizer o seguinte: não vou ter saudades do Polga; o negócio do João Pereira é patético, ainda antes do Europeu começar; se trocarem o grande Capel por aquele javardo do Micael nesse mesmo dia abro um período de nojo durante o qual não farei tenção de meter os pés em Alvalade enquanto o contrato desse indivíduo durar.
É certo, agora: o nosso capitão deixará de ser jogador do Sporting no final de Junho. Foram nove temporadas de esforço e de qualidade dados às nossas cores, com alguns hiatos de menos boa forma ou de infelicidades. Não é por acaso que todos os treinadores confiaram nas suas qualidades de jogador e de líder de balneário. Em muitos momentos alguns adeptos descarregaram em Polga as suas frustrações, face aos resultados do nosso time. Foi triste (é sempre triste) ouvir assobios dirigidos a um profissional como ele foi, muitas vezes vindos de quem, no seu dia a dia, talvez seja medíocre e falhe mais do que o nosso Polga! Mas alguns adeptos esperam dos nossos jogadores uma constância e uma perfeição que não exigem a si próprios no seu trabalho. Coisas do futebol de bancada.
O certo é que Polga esteve connosco NOVE anos, envergou a camisola verde e branca com profissionalismo e arreganho, deu o que tinha a dar, sofreu pelo Sporting (as suas lágrimas no final da Taça foram exemplo dos seus sentimentos) e, estou certo, leva o Sporting, Lisboa e Portugal no coração. Ele também ficará no coração da maioria dos sportinguistas. Ele será, sempre, UM DOS NOSSOS. Felicidades, gaúcho verde e branco!
Não haverá sportinguista algum espalhado pelos quatros cantos da Terra que não tenha, pelo menos por uma vez, criticado (para não dizer insultado) Anderson Polga. É humanamente impossível. Se houver, entre em contacto comigo, pois tenho de lhe perguntar onde vai buscar tanta calma, ponderação e paciência. Porém, apesar de Polga ter um íman que o liga, invariavelmente, a golos adversários, ele suscita em nós sentimentos contraditórios. Em Alvalade, já o critiquei de pé e já o aplaudi de pé. Em casa, ainda bem que existe um ecrã que nos separa. E isto configura claramente uma característica tipicamente “polguiana” – estar no céu e no inferno, no melhor e no pior. E por vezes, no mesmo jogo.
Ora, faço este texto a propósito da sua provável saída do Sporting ao fim de 9 épocas de Leão ao peito. É muito tempo, muitos jogos, muitas vitórias, derrotas, alegrias e dissabores. E talvez também por isso, não o deixamos ir – falo por mim – de ânimo leve. Porque é característica dos adeptos deste grande clube não tratar mal quem opta por ficar tanto tempo para servir o Sporting. Quer se goste quer não, ele foi (e ainda é) o patrão da nossa defesa e é estranho, ao fim de tantos anos, pensar no sector ofensivo sem o número 4 lá atrás.
Quando chegou, vinha rotulado de campeão. O “1º campeão do mundo a jogar em Portugal”. As esperanças eram muitas e Polga, então de cabelo comprido, mais magro e obviamente, muito mais novo, prometia. Com o passar do tempo, passámos a habituar-nos a algo que o caracteriza e que já dei conta lá em cima: a irregularidade. Polga já fez épocas muito boas no Sporting: foi o caso dos dois primeiros anos de Paulo Bento, com Tonel ao lado, e épocas para esquecer, como a de 2009/2010. Quantas vezes já não vibrámos com um corte in extremis ou vociferámos por uma bola que passa por baixo do corpo de Polga e acaba no fundo da nossa baliza? É este o Polga que conheço, o irregular, um central que está sempre na corda-bamba, mas que acaba por ficar, ano após ano, treinador após treinador.
Sinceramente, admito que não ficava triste se o Sporting renovasse contrato com Polga, pois mesmo que deixe de ser opção para jogar sempre a titular, poderá ser um jogador importante para o balneário, para ensinar aos mais novos o que é jogar de verde de branco. Seria um novo Tiago, mas sem luvas. E os clubes também precisam de anciãos para ter sucesso.
Como disse há uns tempos, nos últimos meses passei a chamar-lhe de “Imperador Polga”. Sim, é forte, eu sei. Mas Polga merece pela entrega ao clube e por tudo o que já passou em Alvalade e acredito que não terão sido fáceis alguns momentos. Quer fique quer vá, não será esquecido tão brevemente. Como todos os imperadores, Polga cometeu os seus erros, mas também faz as suas proezas. E para mim, destaco uma: Anderson Polga nunca marcou um único golo numa competição oficial em Portugal e os únicos dois tentos que apontou ao serviço do Sporting foram na milionária Liga dos Campeões, em 2007-2008, das duas vezes em que defrontámos o Dínamo de Kiev. Um golo na Ucrânia e outro em Alvalade. Também por isto, Polga é especial.
Para mim dos melhores centrais que vi jogar no Sporting. Um dos dois campeões do mundo que já actuaram na Liga Portuguesa. Nove anos de dedicação e profissionalismo. Duas Taças de Portugal e duas Supertaças.
Tiago
Um "menino" da casa. Um de nós. Quinze anos de dedicação e profissionalismo. Uma Liga Portuguesa, três Taças de Portugal e quatro Supertaças.
Se se confirmar que vão sair do Sporting no final da época gostava que fossem os dois titulares amanhã e que fossem ambos substituidos perto do fim. Para poder aplaudi-los de pé. Obrigado, Tiago e Polga.
P.S. - Entretanto já sei que o Polga amanhã não pode jogar. Para mim ele não foi expulso no Dragão. De qualquer maneira fica a ideia.
Polga, Polga. Se aquele teu petardo que fez tremer a baliza do Helton tivesse sido disparado uns centímetros mais para a direita a bola entraria, o Sporting ganhava avanço e a sorte do jogo teria sido diferente. Claro que acabaríamos sempre em óbvia desproporção numérica em campo: nove contra doze, como ontem vimos no Dragão. Claro que há sempre factores que não dependem das contingências da partida, como bem demonstrou aquele primeiro cartão mostrado ao Onyewu, sem sombra de fundamento face às leis do jogo e ao mais elementar bom senso que deveria inspirar o comportamento de uma equipa de arbitragem escolhida para apitar o clássico. E o cartão vermelho que tu próprio recebeste, precedido de uma evidente falta do Hulk sobre o Pereirinha a que o árbitro fez vista grossa.
O futebol também é isto, meu caro Anderson Polga. É bipolar. Tem uma face obscura e uma face límpida. Na límpida, inseriu-se aquele teu petardo ao poste direito da baliza do guardião portista. Não foi golo por questão de centímetros. Uns chamam a isto sorte, outros chamam a isto azar. Tudo depende do ponto de vista.
Mas esta é a face leal, legal, do futebol. Aquela em que um destino se joga numa inspirada fracção de tempo, numa desesperada nesga de espaço.
Jogo a jogo Sá Pinto cada vez melhor, em cada um tomando sempre a decisão certa.
Ontem foram duas. Queixas-te de um dói-dói na unha do mindinho? Salta cá para fora, há mais quem queira. Elias a esconder-se atrás dos médios deles, sempre a acenar aos outros passa a ele e não a mim? Quero lá saber quanto custaste, salta cá para fora, há mais quem queira. E com o puto pézinhos de mel, uma arte e uma visão de bola de estarrecer, André Martins (fica, fica!) lá vai mostrando a estrela dentro dele – um Pilro à portuguesa.
Este não é o Sá Pinto de que me lembro, voluntarioso pois sim, mas precipitado e errado na hora das opções. Este é um homem ponderado, decidido e entendido.
PS – Finalmente Polga marca um golo em Alvalade, fazendo esquecer aquela noite de geada nas estepes ucranianas, já lá vão uns anitos.
De volta, depois de algum tempo sem acesso no trabalho, com muito trabalho e pouco tempo fora dele. E logo em dia de derby consigo aceder ao blog. Parece-me bem.
Os nervos do derby… desde sempre à minha volta. Incontornável por Lisboa.
Mais uma vez, ouve-se de tudo. E a nós (todos) só importa ganhar. Derby é derby, não importam os lugares em discussão. Sempre foi, sempre será.
A nervoseira às vezes dá-me para bloquear, outras para divagar. E eu divago muito sobre a defesa do Sporting. Há anos.
Gostava de dizer que temos centrais para substituir Polga, mas também já vou deixando essa birra de lado. No último jogo em Alvalade ouviu-se “sai com o número 4, Andersen Polga” e houve segundos de espanto, até meu. Era engano, mas foi sintomática a reacção de todos. Goste-se ou não, Polga não costuma sair.
São estes os meus nervos: relembrar momentos e episódios no estádio. Hoje deu-me para aquele.
Já tive várias fases com a defesa do Sporting. Ultimamente optei por pensar que é esta que faz de Rui Patrício o guarda-redes em que se vai transformando. Quando se conta quase só consigo... Brilhante nos dois jogos com o Metalist, brilhante. Fiz promessa de me tornar mais Patricette depois de passados os quartos de final.
Nervos. Faltam menos de sete horas e começa-se-me a entrelaçar o estômago com o coração. Derby é derby.
E estaria a ser injusta com os momentos em que Xandão está bem. Ou com as saudades que tenho de Onyewu. Na verdade, a minha implicação é só mesmo com Polga. Há anos que assim é.
Falava da defesa, mas não falarei mais. Minto, faltou-me isto: gosto muito, muito de Ínsua, embora seja mais a subir e a chutar de longe que gosto dele, do que propriamente lá atrás. Agora sim, não falo mais da defesa porque hoje pouco importam individualmente, interessa que todos joguem para ganhar. E porque com o aproximar da hora, farei cada vez menos sentido.
Os treinadores não sabem nada de futebol. Penso nisso de cada vez que leio e releio certas crónicas de alguns jornalistas e comentaristas e adeptistas. Polga esteve menos bem (ou mal, até), em certos momentos da época passada e teve pequenas falhas em um ou dois jogos. No restante, esteve bem ou muito bem. Dele disse Mancini, antes do jogo com o Sporting: «Polga é um defesa fantástico, com grande experiência.» Uma vez passou por ele (e por Xandão, agora na moda) um jogadorzeco do City, apenas conhecido lá no bairro do Ethiad Stadium, de seu nome Aguero. Falha horrível! Como pode um jogador de 3ª passar assim (e uma só vez!) pelo Polga? Não pode. O Carrillo, que colocou inguenuamente o Joe Hart em jogo, naquele finalzinho que o S.Patrício safou, o Carrillo teve boa imprensa. O Renato Neto, que fez um penalti, teve boa imprensa. O Polga teve boa, pudera! o que ele jogou!, mas lá veio a farpazinha do costume: «uma distração... um golo» (A Bola). Já é preconceito. Deve ser por ele ser louro ou por ser casado com uma mulher linda. Invejas, já se vê.
Outro dia, num dos últimos jogos em casa, um gajo vestido de sportinguista na fila acima da minha, quando o Xandão falhou uma interceção de bola, clamou: «tinha de ser o Polga.» Já é azar, foi o Xandão. Eu sei que o Mancini, o Domingos e o Sá Pinto (para falar apenas desta temporada) não sabem nada de futebol e querem que o Polga coloque sempre o Sporting em desvantagem, senão não o fariam titular ou o elogiariam. Proponho, assim, que o Polga seja a nossa Joana D'Arc. Coloque-se uma pilha de lenha no centro do estádio, meta-se o gajo no topo, deite-se-lhe fogo e dê-se um prazer masturbatório aos adeptos detratores e aos jornalistas e cronistas que o odeiam só por ser louro e ter uma mulher bonita e ser um bom defesa. De resto, ele é gaúcho e que melhor morte para um gaúcho do que ser churrascado? Até poderia ser que alguém encontrasse, no Polga churrasco, algum pedacinho especial para trincar.
Gostei mesmo do Sporting, no último jogo. Mais confiança, mais futebol e a raça das anteriores partidas. Faltaram mais golos, mas ainda não se melhorou muito no servir o Ricky (apesar do bom regresso de Capel), a falta de sorte do Elias na cara do golo continua, o Xandão parece ser um bom reforço e o Polga mostrou como ainda é um dos esteios da defesa. Polga, que este ano tem feito uma época muito positiva, ainda que se lhe não perdoe nada em campo - numa manifesta demonstração do 'mais vale cair em graça que ser engraçado'. A uns batem palmas, quando falham, a outros assobiam. Espero que, em respeito para com um bom profissional, os aplausos de domingo venham para ficar. E, sobretudo, que esta melhoria da equipa também venha para ficar.
Uma: a vitória, pois claro. Outra: a determinação dos jogadores. Outra ainda: a fidelidade e a solidariedade dos adeptos para com a equipa. Mais outra:a tendência de (alguns) adeptos para não perdoarem ao Polga e serem muito complacentes para outros jogadores, em iguais circunstâncias. E ainda outra: marcador de golos, precisa-se (volta Postiga, estás perdoado). Finalmente: a equipa vai bater-se pela vitória na quinta-feira.
PS: a falta de personalidade do árbitro, quando acossado pelos jogadores do Paços.
Rinaudo é fantástico. Matias esteve muito bem (já foi assim nos últimos jogos). Gostei de Xandão. Carrillo é um jogador esgotante. Tão depressa nos esgota os elogios como a seguir nos esgota a paciência. Polga esteve igual ao que lhe conhecemos nos últimos tempos. João Pereira foi igual a si próprio. Ganhar ao Rui Alves é coisa para encher a alma de qualquer sportinguista. Da arbitragem poderíamos até dizer que coiso mas, como sabemos, os tempos não estão para permitirmos lamúrias. Existe uma forte probabilidade de o Sporting ganhar um título nesta época e de um dos outros dois grandes não ganhar nada. O Jamor tem mais encanto quando se veste de verde e branco.
O homem mais importante no jogo desta quarta-feira é Wolfswinkel, pois é preciso marcar golos ao Nacional. O homem mais esperado é Rinaudo, cujo regresso pode ser o início da recuperação do tempo e dos pontos perdidos desde a sua lesão. No entanto, eu vou estar de olho nos senhores que ficarão à frente de Rui Patrício, procurando ajudá-lo a manter o placard dos donos da casa a zeros. É bem sabido que Anderson Polga e Daniel Carriço não são primeiras escolhas para Domingos, ao ponto de o último estar a ser preparado para médio defensivo. Mas não tenho a memória assim tão curta que não me lembre dos muitos jogos em que essa dupla nos ajudou a vencer jogos importantes. Espero que a história se repita, até porque Xandão deve ser reservado para uma noite que não seja de tudo ou nada.
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