Vivo o Sporting à distância física de 300 quilómetros.
Anseio pelo dia em que terei oportunidade para assistir a mais partidas ao vivo, no Pavilhão e no Estádio. Reconheço que ser Sportinguista não se esgota na possibilidade de assistir às partidas, pagar quotas, comprar merchandising, e trocar impressões - sempre muito gratificantes - neste espaço que me é tão caro.
Nas últimas eleições fui traída por um internamento hospitalar imprevisto que me impediu de votar (não tive coragem de pedir que me tratassem das formalidades associadas: reconhecimento da assinatura, colocação cuidada dos documentos nos envelopes e expedição). Foi no ano passado e essa foi a última ocasião em que lamentei não haver possibilidade de votar de forma electrónica. Sabia-se à partida quem saíria vencedor mas nem essa circunstância me faz sentir menos obrigada e menos em falta para com uma obrigação. Nem falo das Assembleias que se destinam a votar Relatórios de Contas e Planos de Actividades.
A minha ordem profissional - a dos psicólogos - terá sido das primeiras a adoptar o método agora proposto e que, por isso, e de alguma forma, não estranho.
Reconheço, contudo, que a realidade desportiva desperta sentires que tendem a ser exacerbados e que podem encontrar nesta metodologia uma forma de manipulação mais acessível. Por isso mesmo, tenho algumas reservas quanto ao método mais indicado para alargar a (oportunidade) de participação efectiva na vida do Clube.
Em complemento ao texto do caro Luís Lisboa, deixo-vos os contributos de Miguel Poiares Maduro, na sua conta twitter, e que dão corpo à reserva com que, em parte, encaro esta metodologia aplicada à realidade desportiva. No final, duas referências: a de um texto da autoria do próprio e uma outra que versa a realidade estoniana.
«A propósito da proposta de voto online (electrónico à distância, não confundir com electrónico presencial) no Sporting recordo um artigo que escrevi sobre propostas partidárias semelhantes. Segue um thread relativo ao tema no Sporting:
1 - Ponto prévio: um sistema eleitoral não pode ser escolhido com base na confiança que temos em quem ocupa naquele momento o poder, mas sim com base no pressuposto de que o poder (e esse sistema) pode vir a ser controlado por alguém de quem profundamente desconfiamos…
2 - Não vou valorizar a questão mais discutida: a segurança. Refiro apenas que só a Estónia o mantém e que outros que o testaram não o implementaram. Partilho no final links para alguns artigos científicos que avaliam o sistema da Estónia e tb esses outros testes.
3 - Vamos presumir que seria possível ter um sistema online totalmente seguro. Essa segurança será controlada por uma entidade escolhida para assegurar o escrutínio eleitoral. Isto pressupõe uma mudança quântica no pressuposto de confiança em que assentam os atos eleitorais.
4 - Hoje o voto é controlado pelo eleitor e o escrutínio feito pelos representantes das diferentes candidaturas. Este escrutínio passaria a ser delegado numa entidade terceira. No caso do clube, uma entidade escolhida pela direção em funções. Este é um salto enorme de confiança.
5 - Aqueles que agora apoiam este sistema tb o fariam se fosse um Presidente de quem desconfiassem a escolher a entidade a quem passaria a ser confiado o escrutínio do voto?… Estas regras vão valer quer para Presidentes em que confiamos quer para alguns em que não confiemos.
6 - E essa confiança será de todos e permanente? Num clube com as divisões do Sporting, numa próxima eleição em ambiente de conflitualidade uma lista derrotada aceitará um resultado escrutinado por uma entidade escolhida pela direção (qualquer que seja a direção em funções)?
7 - O voto online tb acaba com a confidencialidade do voto, agravando-nos riscos de controlo e compra de votos. Estas práticas já existem, mas estão limitadas por voto presencial ocorrer em última instância em segredo, onde ninguém poder ser pressionado ou controlado.
Passa a permitir, por ex, que grupos orgs estejam junto dos seus membros para garantir que eles votam como pretendido. Permite também a venda e controlo do voto (na prática vendem-se os dados - senha, número etc - que permitem exercer aquele direito de voto online)
Estes são apenas alguns dos argumentos. Temos um problema sério de baixa participação. No Sporting e na política também. Mas a solução não pode trazer problemas ainda piores…
No mínimo, qualquer avanço nesta matéria deve ser gradual (para gerar confiança) e ser controlado por uma entidade totalmente independente que não pode ser escolhida por quem exerce o poder num determinado momento mas resultar de uma maioria qualificada numa AG presencial por ex.
Miguel Poiares Maduro, ao que parece representando um grupo alargado de sócios, vem agora propor um conjunto de alterações estatutárias a que o jornal Record dá destaque na edição de hoje, com chamada de capa e uma página inteira no interior.
Há quem considere que este não é o momento para promover grandes alterações aos estatutos leoninos. Penso o contrário. Se há ocasião indicada, é esta mesmo. Terminou uma temporada desportiva, o próximo campeonato de futebol só começa na segunda quinzena de Setembro, não concebo melhor altura para debatermos estas questões. Antes de a bola começar novamente a rolar.
Tudo deve ser debatido. Sem tabus.
Li com atenção as propostas de Poiares Maduro e confesso alguma decepção. Salvo erro de interpretação da minha parte, o documento é omisso num tema fundamental: a adopção tendencial do princípio "um sócio, um voto". Não adianta empurrar com a barriga: este é um assunto que não deixará de figurar na agenda leonina dos próximos anos.
Porque não começar a debatê-lo já?
O antigo ministro rejeita o voto electrónico à distância, que já defendi aqui, optando por uma solução muito conservadora, quase imobilista: quer manter o voto presencial em exclusivo, forçando todos os sócios a deslocarem-se a Lisboa, embora admitindo que "quatro núcleos" possam funcionar também como futuras mesas eleitorais. Não especifica, no entanto, por que motivo só abre a excepção a quatro núcleos nem menciona em que zona do País se situarão, o que não adianta grande coisa ao debate.
Mas o que me merece mais reservas, entre as propostas agora apresentadas por Poiares Maduro, é a criação de dois novos órgãos na estrutura directiva leonina. Um Conselho de Ética e Disciplina, que funcionaria apenas no âmbito do Clube, para «avaliar, sanar e punir situações relacionadas com falta de transparência», e um Conselho Geral e de Supervisão, em exclusivo para a SAD, com a missão de «garantir o cumprimento dos princípios e das regras previstos e reportar aos associados do Clube sobre aspectos estratégicos da sociedade».
Isto parece replicar o pior das instituições políticas: quando há um problema por resolver, cria-se mais uma comissão. Ou duas.
Ora, salvo melhor opinião, o Sporting não carece de novas estruturas orgânicas, que acabariam por colidir com as já existentes, conduzindo à paralisia dos processos de decisão.
O Sporting necessita, simplesmente, de dirigentes mais competentes e de órgãos que funcionem melhor. Multiplicar conselhos e comissões, numa espécie de fuga para a frente, não resolverá nenhum problema actual e poderá desencadear outros. É a última coisa de que precisamos.
No dia 12 de Maio publiquei excertos de um artigo de opinião assinado por Miguel Poiares Maduro no qual defendia a sua visão sobre como gerir o Sporting Clube de Portugal. Tomei conhecimento da existência do mesmo como referi na caixa de comentários através de uma publicação no Twitter.
Foi para esta rede social que remeti um dos intervenientes na caixa de comentários quando surgiu uma dúvida a respeito do modelo. Assumi o compromisso de averiguar se haveria dúvida semelhante e respectiva resposta. Deixei um tweet que não chegou a ser respondido e que já removi.
No dia seguinte, a 13 de Maio, foi neste blogue publicado um texto em que era estabelecida uma relação entre os conteúdos de um texto de 24 de Julho de 2018 e o texto de 12 de Maio de 2020 assinado por Poiares Maduro.
Pensei reagir com base nos conteúdos disponíveis na caixa de comentários da minha publicação e com os links para textos de datas anteriores aos quais cheguei com relativa facilidade via motor de busca Google [1].
Mas e da breve passagem pela FIFA, haveria rasto que enquadrasse este texto de 12 de Maio? O ponto 2 do artigo de 12 de Maio não me parecia específico ao ponto de não puder ser da autoria de Miguel Poiares Maduro. Entre a autonomia científica que se lhe reconhece e o percurso recente…
Acordou-se que haveria lugar a uma aproximação ao jornalístico ‘Direito de Resposta’. Enquanto se afinavam pormenores, a realidade precipitou a compreensível necessidade de Poiares Maduro reagir ao artigo assinado por Rui Calafate publicado no Record de hoje.
Com a autorização do próprio, gostaria antes de aqui partilhar a resposta de Miguel Poiares Maduro, mais do que algumas impressões minhas, algumas das suas palavras.
«Como pode ver até o meu longo ensaio no Público (que já inclui praticamente todas essas ideias que incluí de novo neste artigo mais recente) é anterior... Ou seja, quando muito teria sido essa pessoa que me copiou a mim...! Mas também não o vou acusar disso. Sendo várias dessas ideias comuns a bons modelos de governação (embora não frequentes no futebol) pode ter-se simplesmente inspirado nisso. Não vou presumir que as foi copiar do meu artigo do Publico.»
Sinais de zanga?
«E já agora se alguns dos membros do seu grupo quiserem conversar sobre futebol e estes temas terei muito gosto.»
A porta está aberta e a carpete verde estendida. Teríamos muito gosto em lê-lo, em ouvi-lo falar sobre futebol, sobre os temas de que se tem ocupado. No dia em que quiser, sobre o que quiser, sem qualquer tipo de restrição, faça chegar o texto que muito bem entender. Da mesma forma que o coordenador achou muito bem deixar-lhe o convite sine die para um dos jantares que acontecem no Café Império.
«Terei muito gosto em me encontrar e discutir com os membros “plurais” do vosso blog quando oportuno [ou] até num evento por skipe ou zoom.»
A genuína simplicidade, ponderação e boa fé de Miguel Poiares Maduro, o movimento claro a favor de ‘paz’ são o perfeito exemplo do que para mim é ser Sporting. Ser Sporting, o Sporting Clube de Portugal já que ‘Sporting’ temos mais alguns (bem lembrado, caro Anónimo). Unir o Sporting? É este o espírito.
Não ficaria em paz com a minha consciência se não assumisse aberta e frontalmente o meu envolvimento nesta questão. Ignorava, por completo, que Rui Calafate iria abordar o assunto. E a abordagem inicialmente pensada obedecia, de facto, a outro protocolo. A realidade a impor-se e a baralhar os planos, nada de novo.
Foi nesta casa que se levantaram mais do que dúvidas, é também nesta casa que fica registada a sua resposta e por quem a procurou.
«O futebol é um terreno irracional e emocionalmente violento em que se aplica bem aquela máxima inglesa de que não há uma boa ação que não seja punida... Na sequência do artigo que publiquei esta semana defendendo um modelo não presidencialista para o futebol (e o meu clube - o Sporting - em particular) chamaram-me a atenção para que nalguns blogs sportinguistas circularia que algumas propostas do meu artigo desta semana seriam idênticas a um post publicado num blog sportinguista em 24 de Julho de 2018 por um outro associado do Sporting (nalgumas dessas críticas estaria mesmo implícito que teria plagiado estas propostas; nota importante, penso que não foi o autor do post que fez essas acusações e por isso não menciono o seu nome). Curiosamente esse post até defende um modelo presidencialista (o total contrário do que defendo) mas há, de facto, coincidências noutros aspectos: limites à renovação de mandatos, controlos de integridade e comissão de ética para os aplicar. Acontece que eu já tinha defendido estas propostas antes de 24 de Julho de 2018... Como podem verificar já constavam, por ex, neste longo ensaio que escrevi para o Público em data anterior: https://www.publico.pt/…/como-o-jogo-mais-bonito-ficou-tao-… E já nem falo de as defender bem antes disso, durante a minha presidência do comitê de governação da FIFA e depois. Só que, nesse caso, são documentos e declarações em inglês. Mas para quem tiver interesse tem por exemplo alguns desses temas tratados nesta conferência que dei no Asser Sports Institute em 2017 sobre Boa Governação no Futebol (video): https://www.lawinsport.com/…/report-from-the-first-islj-ann… Se alguma coisa, portanto, seria eu a vítima de plágio. Mas também não acho que tenha sido isso que aconteceu com a pessoa em causa. Acontece simplesmente que alguns destes mecanismos são hoje comuns como formas de boa governação. Quem quer que estude minimamente estes temas conhece-os e pode sugerir a sua aplicação ao seu clube. Não acho que fui plagiado, mas era bom que pessoas que saltam para fazer essas acusações tivessem um pouco mais de cuidado... Ou se calhar não quiseram mesmo ter cuidado... Um dos problemas dos que, com a sua irracionalidade e violência, passam o tempo a lançar bombas no futebol é que um dia arriscam que lhes rebente na cara»
Na sequência do texto que confrontou duas propostas de gestão do Clube/SAD, a de Tomás Froes e a de Pedro Azevedo, apresento-vos, hoje, excertos de um modelo defendido por Miguel Poiares Maduro (artigo de opinião publicado no Record). Entende que o modelo que propõe pode e deve exceder a realidade do Clube e alargar-se à própria gestão do futebol português.
«Qual é a probabilidade de encontrar nos associados do clube uma equipa altamente profissional de gestão desportiva? Nós somos apaixonados pelo clube mas poucos são profissionais de gestão desportiva.»
«Devem ser eleições para escolher quem melhor representa os associados na escolha da gestão da SAD (e no clube onde isso também seja necessário). Desta forma alargamos substancialmente o campo de recrutamento para escolher os melhores (nacionais ou estrangeiros).»
«A concentração de poderes (na figura do presidente) que o atual modelo promove limita fortemente os instrumentos de escrutínio, responsabilização e controlo de poder. Dá-se o poder absoluto durante o seu mandato.»
«É verdade que outros têm tido vitórias com tais modelos, mas com duas características: a criação de cultos de personalidade, independentemente do que faça para vencer; a eternização no poder e a perda de controlo sobre o que se passa dentro do clube. Na prática, teme-se a venda do clube mas, depois, dá-se de graça a alguns para porem e disporem…»
«O modelo que defendo permite e exige ainda a criação adicional de um conjunto de princípios de bom governo interno: limitação de mandatos; controlos de integridade para os titulares dos órgãos sociais e os gestores da SAD; declaração de interesses e de património e controlo dos conflitos de interesse; código de conduta para dirigentes, atletas e funcionários do clube; promoção da transparência, desde a situação financeira e contratações de jogadores aos concursos para funcionários e prestações de serviços; uma unidade de ‘compliance’ e uma comissão independente de ética no clube que monitorize estas diferentes dimensões (separando as funções do Conselho Fiscal e Disciplinar).»
«Num clube com a cultura certa de gestão estas diferentes dimensões são não apenas necessárias como se alimentam mutuamente. É essa cultura que temos de promover.»
«Se passarmos a escolher quem nos representa em vez de escolhermos o ‘Imperador’ do Sporting retiramos boa parte dos incentivos perversos que fraturam o clube.»
«Esta semana tivemos um debate de qualidade entre o Tomás Froes e o Samuel Almeida iniciado nas páginas do Record. Eu estou mais de acordo com o Samuel [1], mas reconheço que ambos querem o melhor para o Sporting.»
«(…) temos de retirar o ‘Santo Graal’ do poder absoluto à presidência. Quem for eleito deve antes de mais moderar várias sensibilidades numa proposta aos sócios de um modelo de gestão profissional e na escolha dos gestores que o irão implementar. Não precisamos de mais dirigentes arrogantes mas sim de quem conheça os limites do que sabe. Não precisamos de quem queira mandar na SAD, mas de quem esteja disposto a representar os sportinguistas na escolha dos profissionais que a irão gerir.»
A última edição do programa Sporting160 teve como convidado Miguel Poiares Maduro.
Foi uma entrevista muito interessante, com boas (e pertinentes) perguntas e melhores respostas. Vale a pena escutar!
Poiares Maduro tem ideias muito concretas sobre o Sporting e o caminho que deverá seguir. Defendeu um debate sobre um novo modelo de governação para reger o clube (indicando, a esse respeito, tipos diferentes), considerando que o modelo actual está falido e o Sporting, persistindo no mesmo, não inverterá o rumo dos últimos 30 anos.
Uma análise desassombrada sobre o clube, a confirmar Poiares Maduro como uma boa reserva para o futuro do Sporting.
O apelo de Poiares Maduro et al para um adiamento das eleições e uma congregação de listas denota, decerto que entre outras louváveis reflexões sobre o Sporting, uma manifesta preocupação com o futuro do clube face ao prisma da continuidade da intervenção de Bruno de Carvalho, se este não for vencido em eleições. Julgo que estão errados, como o julgou a actual presidência da mesa da assembleia-geral. Mas não apenas por questões formais, que consagram a possibilidade de suspensão dos membros resilientes da última direcção do clube devido aos seus atropelos estatutários. Estão também errados porque sobrevalorizam o impacto futuro do presidente destituído e desconsideram os efeitos dissolventes da sua deriva.
BdC não compreendeu porque e como dissipou, de forma tão abrupta, o apoio quase unânime que tinha no Universo Sporting e, em particular, nos associados. Disso não foi capaz enquanto esteve na presidência, no "stress" do exercício (o tal putativo burnout), nem depois, num hipotético remanso de auto-reflexão. A imprensa, sequiosa de títulos sonantes, continua a dar-lhe palco. São entrevistas nas televisões, nas revistas "cor-de-rosa", nos diários desportivos. Mas veja-se o que ele diz hoje no Record, na senda do que já havia proferido antes: agora afirma que a responsabilidade dos acontecimentos em Alcochete será muito dos jogadores (que não saíram do balneário, etc.) e de alguém de dentro, com óbvia alusão a Varandas (que se ria daquilo tudo, etc., diz). E com manipulações fotográficas (a imagem que correu mundo de Bas Dost), encomendadas. Enfim, tudo resumindo a uma acção conspirativa interna para o prejudicar, a ele, Bruno de Carvalho. Repito, deixando entender a responsabilidade de Varandas, dos jogadores e, até, a sua aliança com o ex-líder da Juve Leo, actualmente preso.
Isto tudo é mau demais. É um ocaso, demorado, doloroso. Que seria pungente se não fosse perverso, tão perverso. E acredito que a mole de apoiantes mais continuados de BdC nisto tudo se vai esbroando, acalmados que foram os ânimos, passando como vai passando o tempo, entreabrindo-se o futuro do clube. E, acima de tudo, ouvindo como se vão ouvindo as cada vez mais demenciais (e como é possível que a sua irrealidade ainda vá em crescendo) declarações de BdC. O ânimo (o "elan") dessa mole, truculenta, muito irreflectida, com laivos de desespero social, minguou e desaparecerá. Acima de tudo pelo cada vez mais triste espectáculo que o indivíduo, agora sem qualquer dos que foram seus próximos em torno dele, continua e continuará a dar. Enquanto a perfídia necrófaga da comunicação social lhe der espaço.
Vamos lá deixá-lo para trás, um pesadelo para mais tarde recordar, para evitar aproximações futuras. Mas, agora, seguindo o calendário da vida normal. Deixando-o no seu ocaso, minguante, na desesperança da incompreensão. E deixando também os seus cada vez menos apoiantes, no bulício da sua mudez significante. Lá fora. E aqui, no blog.
Siga o clube. Viva o Sporting. E nunca esquecer isto: este ano (ainda para mais com os outros um bocado distraídos), este ano, dizia eu, é que é!
e algo engasgado o "apelo" do ex-ministro Poiares Maduro e de alguns outros sportinguistas. No sonho de uma "união nacional" (ou "bloco central"), temerosos das "fracturas sociais e geracionais" do clube e do ressuscitar da hidra carvalhesca. Vamos lá a ver, as fracturas sociais, culturais, existem e há que viver com elas. O bestialismo carvalhesco é resiliente, até neste blog. Há que proceder à nossa quimioterapia, tentando que ele não metastize. Mas não há tempo a perder, siga o clube o seu caminho. E sim, mudem os estatutos, e incluam a segunda volta eleitoral, é inacreditável que isso não esteja regulamentado. E aqui entre nós, deixemo-nos de coisas, um Espírito Santo não pode pertencer à direcção de um grande clube português. Muito menos ser presidente. O primo do ex-DDT que tenha juízo e fique lá entre a sua malvada parentela e clube de escroques.
«Na sua opinião, este é o pior momento de que se lembra da história do Sporting?
Daquilo que me recordo desde que sou miúdo, adepto e sócio, a minha resposta é sim.
Nem com Godinho Lopes foi pior?
Mesmo nessa altura não houve uma tentativa de subverter as regras estatutárias e o poder dos sócios. Se calhar a gestão desportiva e financeira podia ser mais criticável, mas não se tentou fazer um golpe de Estado. É a mesma coisa que um governo descontente com um Parlamento substituir os deputados eleitos por deputados da sua confiança. Impensável.»