Tenho falado aqui em vários jogadores que passam pelo Sporting sem poderem revelar as suas verdadeiras capacidades. Mal desembarcam, são empurrados para a borda do prato - e desaparecem sem deixar rasto.
Um deles é Gonzalo Plata, internacional equatoriano. Chegou em Janeiro de 2019, aureolado de jovem craque, a SAD assinou com ele um contrato válido por cinco épocas (vigente até 2024) e fixou-lhe uma cláusula de 60 milhões de euros - demonstração máxima de que lhe reconhecia valor.
Plata andou demasiado tempo a alinhar pelos sub-23. Mas, mesmo como figura secundária, foi um dos obreiros do nosso título 2020/2021 - participação em nove jogos, com um golo e uma assistência. Isto não evitou que na época seguinte sofresse o mesmo destino de tantos outros: saiu de Alvalade empurrado pela equipa técnica, não havia lugar para ele no plantel. Neste caso, como em tantos outros, a lei da impaciência ditou as regras.
Acabou emprestado ao Valladolid, que no final da época subiu ao primeiro escalão do futebol espanhol e decidiu ficar com ele: Plata foi importante na campanha desse emblema ao participar em 31 jogos - 23 dos quais como titular - em que marcou seis golos e fez cinco assistências. Rendeu 6 milhões de euros ao Sporting. Agora, um ano depois, os espanhóis acabam por recuperar o que investiram no jovem jogador, cedendo-o a um clube do Catar - pelo dobro daquele preço.
Leio as notícias de hoje. Dizem que o nosso clube também lucra neste negócio, embora os valores se alterem em função de quem informa, com maior ou menor rigor - uns falam em dois milhões, outros em três milhões, outros até em seis milhões. Há quem festeje como se tivéssemos ganho algum troféu. E já ninguém se lembra da tal cláusula inicial dos 60 milhões.
Plata continua a ser titular na selecção do seu país (34 jogos, cinco golos). Tem apenas 22 anos. Passou como um cometa pelo Sporting. Apontaram-lhe a porta de saída com a impaciência do costume.
Ainda vai muito a tempo de construir uma carreira fulgurante. Mas, para isso, precisa de mudar de atitude. Dentro e fora de campo. Gonzalo Jordy Plata Jiménez, equatoriano de 21 anos, participou na conquista do título leonino em 2020/2021 jogando a espaços mas marcando alguns golos de belo efeito, confirmando os seus dotes técnicos. Um deles, destaquei-o até como um dos nossos melhores de toda a temporada: o que apontou contra o Marítimo, na última jornada desse campeonato.
Na euforia da celebração do título, Plata aproximou-se de um microfone e exigiu ao treinador que apostasse nele com regularidade. Disse-o em tom de brincadeira, mas Rúben Amorim não deve ter apreciado o atrevimento. A verdade é que deu luz verde ao empréstimo do extremo, que a 31 de Agosto rumou ao país vizinho, passando a jogar no Valladolid, da segunda divisão espanhola.
Números do seu desempenho ao serviço deste clube: 13 jogos, quatro golos, 830 minutos em campo. Razoáveis para um futebolista médio, insuficientes para alguém com as suas potencialidades.
No critério de Amorim, que põe a equipa a jogar em permanente transição sobretudo nos corredores laterais, Plata peca por falta de comparência no processo defensivo. Falta-lhe cultura táctica. E alguma disciplina mental - também fora do rectângulo de jogo. Em Dezembro, protagonizou um acidente rodoviário, felizmente sem consequências graves, mas a polícia descobriu que conduzia embriagado.
O caso provocou celeuma entre os adeptos do clube castelhano, que de imediato instaurou medidas de punição disciplinar ao jogador. Não falta em Valladolid quem exija a devolução imediata de Plata ao Sporting. Fora de causa estará a opção de compra por 70% do seu passe, quantia avaliada em 10 milhões de euros.
Em entrevista recente, o futebolista confessou-se arrependido e prometeu ganhar juízo. Bem precisa dele para não desperdiçar o capital desportivo que já alcançou, também ao serviço da selecção do seu país, nomeadamente na Copa América.
Um regresso para jogar no Sporting, quatro meses após ter partido, parece ainda mais problemático. Plata, que várias vezes nos deslumbrou com o seu futebol de rua, não pode queixar-se do treinador nem dos colegas: só pode queixar-se de si próprio.
Plata parece ter os dias contados no Valladolid devido ao lamentável episódio em que foi detectado com excesso de álcool após ter perdido o controlo do carro que conduzia.
O clube admite devolvê-lo ao Sporting já em Janeiro. Neste cenário, subsistem duas hipóteses: ou novo empréstimo, eventualmente a outro emblema espanhol, ou o regresso ao plantel leonino para aqui fazer a segunda metade da temporada em curso.
Na vossa perspectiva, qual é a opção mais recomendável?
Saiu à noite para se divertir um pouco, normalmente, é o que as pessoas fazem quando têm 20 anos.
Estive a ver num simulador a que corresponderiam 0.60 gramas; pois bem, com a altura e o peso de Gonzalo, dois copos de vinho, 0.14 l, cada e uma cerveja, 0.33 l, correspondem a 0.67 (como podemos ver na imagem).
Estou solidário com o miúdo, embora sair à noite, em Dezembro, para beber dois copos de vinho e uma cerveja, se calhar, tinha sido melhor ficar em casa, bebia sério e dormia tranquilo.
O equatoriano voltou a ter uma oportunidade de mostrar o que vale, alinhando a partir dos 59' neste último desafio do campeonato, com o Sporting já campeão. E cumpriu, como ala direito, fazendo o vaivém no seu corredor. Exibição coroada com um golo magnífico, o nosso quinto nesta goleada por 5-0, aos 75', fazendo um chapéu sobre o guarda-redes do Marítimo a 30 metros de distância. Foi um dos grandes golos leoninos da temporada..
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre PLATA:
- Luís Lisboa: «Já é internacional A por uma selecção bem colocada para chegar ao Mundial. Tem de crescer. Mas daqui a uns anitos quanto valerá? Se calhar mais do que Pedro Gonçalves ou o próprio Nuno Mendes.» (16 de Dezembro)
- Francisco Vasconcelos: «Nem Camacho, nem Borja, nem Antunes ou Plata devem ser considerados para ocupar esse lugar [em alternativa a Porro].» (13 de Janeiro)
- Sol Carvalho: «É um jogador típico de futebol de rua... quando são génios disfarçam dando ao futebol toda a beleza do inesperado, da "ginga". Quando não o são têm de perceber que a dinâmica do futebol moderno é outra, sob o risco de serem mais nocivos do que úteis.» (17 de Janeiro)
- Luís Barros: «Neste momento o Sporting não tem ninguém além de Plata que faça a diferença no um-para-um e para desbloquear jogos precisam-se de artistas.» (13 de Abril)
Aqui está um dos fulcrais destes dois resultados menos positivos: deixamos de jogar pelas alas. Quando temos um ponta de lança, deixamos de "fazer" jogo para a área.
Ontem [anteontem] vi um defesa/ala esquerdo com 18 anos a jogar sozinho contra três adversários e mesmo assim sem comprometer. Vi igualmente um defesa/ala direito, sozinho, sem chama e descoordenado, que depois de ser chamado à seleção desaprendeu de jogar e que comprometeu. Foi a segunda vez em dois jogos seguidos que sofremos golos a partir do lado direito.
Vi também um João Mário a jogar naquele estilo muito peculiar de não se querer gastar muito nem sujar os calções.
Por último, vi uma defesa completamente perdida a sofrer um golo de forma indesculpável.
Já afirmei mais do que uma vez: neste momento o Sporting não tem ninguém além de Plata que faça a diferença no um-para-um e para desbloquear jogos precisam-se de artistas. Jovane, mais uma vez, não aproveitou para fazer a diferença e mostra que o caminho em Alvalade já não deve ser muito mais longo.
Continuo a não perceber o súbito desaparecimento de Matheus Nunes, um dos poucos que seguram e transportam a bola em condições.
Pedro Gonçalves, com uma das melhores exibições dos últimos tempos, jogando solto sem ficar amarrado a uma posição no terreno, fez-me lembrar um pouco o Adrien mas com mais golo.
Concluíndo. Amorim falhou pela segunda vez nas opções que fez e demonstrou algum nervosismo durante quase todo o jogo.
Se é verdade que ainda estamos à frente por seis pontos, também é verdade que vejo os principais adversários a jogar com mais atitude e contando ainda com mais soluções no banco.
Nota final. Pela primeira vez não gostei do discurso de Amorim. A ideia de que o Sporting já "ganhou" o campeonato com a valorização de alguns jogadores e, se o perder efectivamente, é o treinador que o perde, não me parece a política mais correcta. Na prática nada está ganho: o Sporting e seus jogadores só ganham se forem campeões e chegarem à liga milionária.
Texto do leitor Luís Barros, publicado originalmente aqui.
Um destes dias, em conversa com alguém que passou brevemente pela presidência dum clube de Lisboa há uns bons anos, ele dizia que uma vez pegou no telefone para falar com um jogador que até conhecia, para o convidar a vir para o clube, ele sim senhor que sim a tudo, até que no dia seguinte recebeu uma chamada do empresário a dizer que podia esquecer o jogador e qualquer um representado por ele. E aconteceu assim mesmo. Se calhar por isso mesmo não durou lá muito.
Recordo-me também duma conversa telefónica mesmo ao meu lado enquanto esperava pela abertura de portas do estádio do Bonfim no tempo de Keizer, do empresário ou de alguém ligado a ele, do Matheus Pereira, num frenesim para falar com Hugo Viana sobre o regresso imediato do jogador do empréstimo mal sucedido da Alemanha, coisa que acabou por não se concretizar.
Quer se concorde ou não com a situação, ou que se tente impor regras, no futebol profissional de hoje os jogadores funcionam como pequenas (?) empresas onde o CEO é o empresário. Claro que o dono da empresa (o jogador) pode mudar de empresário, mas o que não pode é pensar que pode fazer o que quer e o que lhe apetece. E assim, um clube sabe que ao lado dum seu jogador está sempre o seu empresário. O que me faz lembrar um tinto da minha terra...
Quando se analisam as boas ou má compras e vendas do Sporting nos últimos tempos, não se pode simplesmente dizer que o Sporting não devia ter vendido A ou B pelos valores que conseguiu sem perceber a dinâmica da relação com jogador e empresário.
Para um empresário é insustentável ter um jogador com potencial como Matheus Pereira, Domingos Duarte ou tantos outros, a saltar de empréstimo em empréstimo sem perspectivas de chegar a titular do seu clube e depois até dar o salto para a alta roda, e vai tentar forçar a saída de todas as formas para um clube que o recompense a ele e ao jogador. O Sporting tem de entender isto: ou os convence que é para apostar a sério ou tem mesmo que vender. Se não o fizer corre o risco de o ver sair a custo zero para a concorrência, como aconteceu com Carrillo.
Agora está a acontecer algo semelhante com Gonzalo Plata e Rafael Camacho, dois extremos talentosos com dificuldades em imporem-se no esquema sem extremos de Amorim, e com os dois pontas de lança emprestados, Pedro Marques e Pedro Mendes. Ou o Sporting cria as condições para que os jogadores evoluam na equipa principal, e Amorim já veio dizer que está disposto a isso no caso de Plata, ou vai ter mesmo que vender.
Falar de empresários é falar de comissões. E como hoje nada se faz sem eles, há comissões nas compras, nas vendas, nos primeiros contratos, nas renovações, cada caso é um caso, não existem regras definidas.
O esforço que o Sporting está a fazer na fidelização dos jovens e dos mais importantes do plantel obviamente tem custos de intermediação, aos quais acrescem as compras e as colocações de quem se pretende colocar.
Com tudo isso é bom saber algumas coisas:
1. Que a fase dos "negócios" de corda ao pescoço decorrentes do assalto a Alcochete está ultrapassada, e é coisa para não mais repetir, apenas para responsabilizar quem lá foi assaltar e quem criou as condições para o assalto.
2. Que não estão a acontecer compras "esquisitas" de "iniciativa presidencial", tipo Spalvis e Castaignos, nem autocarros de "promessas" para a equipa B, tipo Sackos, Dramés e Gazelas, mesmo nas piores compras se pode entender a racionalidade das mesmas.
Longe vão os tempos em que o ex-presidente na sequência do caso Adrien mandava os jogadores defenderem os seus interesses, porque ele estava lá para defender os interesses do Sporting. Claro que depois alguns fizeram... isso mesmo, e quem se lixou foi... ele mesmo. E também o Sporting.
Agora o que se vê é um Sporting próximo dos jogadores e dos seus diferentes empresários, sem qualquer posição dominante da Gestifute/Jorge Mendes, e é assim que deve acontecer. Obviamente quando for o momento das grandes vendas lá aparecerá o maior empresário do mundo a intervir no negócio, mas isso pelos vistos é incontornável, e servindo os interesses do Sporting nada a opor.
Não ha crucificações até porque não estamos no calvário. Mas não posso deixar de fazer duas notas:
- Plata é um jogador típico de futebol de rua... quando são génios disfarçam dando ao futebol toda a beleza do inesperado, da "ginga". Quando não o são têm de perceber que a dinâmica do futebol moderno é outra, sob o risco de serem mais nocivos do que úteis.
- A segunda é uma péssima memória que me vem de Silas. Na obsessão do ataque organizado é preciso organizar as malas, as roupas, os sapatos e tudo antes de partir para a frente. Nas calmas (??). Só que, com esse tempo todo, os outros já lá estão... Falta intensidade e perceber que 1-0 nunca é resultado seguro e devemos partir para cima deles quando se mostram mais frágeis. Mas fizemos precisamente ao contrário...
Têm a palavra o treinador e os jogadores.
Mantenho intactas as esperanças mesmo admitindo que um terceiro objectivo se possa perder para a semana. O que não me espantaria desde que se "coma a relva". Como já o fizemos em momentos recentes.
O Sporting conquistou ontem mais uma vitória e, mesmo com arbitragens tendenciosas, chega ao Natal muito justamente como líder destacado da 1.ª Liga. Há quantos anos isso não acontecia? Aproveitemos.
Mas o jogo de ontem deixou muito a desejar, a equipa de alguma forma regrediu relativamente ao que vinha a mostrar, mesmo com um adversário com a lição bem estudada e um árbitro que foi pactuando com o teatro constante dos jogadores do adversário.
Neste modelo de Amorim os alas estão bem adiantados e a bola tem de entrar rápido no ala oposto, de forma a dar-lhe espaço e tempo para a melhor decisão. Ontem parecia que a bola era "entregue ao domicílio", e quando lá chegava já toda a equipa adversária estava posicionada, dali nada poderia sair. O losango central - João Mário, Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Tiago Tomás - é todo ele muito igual, baixinho e levezinho, e não pode mesmo jogar a gasóleo. Tem de acelerar para desequilibrar.
Por outro lado, jogar sem ponta de lança implica que quem vai centrar tenha de decidir no momento para quem e para onde. Ou que nem centre mesmo e jogue para trás.
Pois ontem na 1.ª parte o Sporting atacou mal e defendeu pior, podia muito bem ter saído para o intervalo em desvantagem, felizmente Ryan Gauld (porque não trazê-lo de volta ?) falhou dois golos cantados.
A 2.ª parte já foi bem diferente, o cansaço dos jogadores do Farense abriu espaços, Tabata entrou muito bem, Plata e Sporar também, e o golo foi ficando cada vez mais perto. E surgiu quando o guarda-redes do Farense saiu a murro meio na bola e meio na cara de Feddal, num lance em que também Coates sofreu falta para penálti.
E assegurámos os três pontos jogando bem pior do que jogámos em Famalicão donde saimos só com um. Se calhar é a tal estrelinha de candidato a campeão que começa timidamente a luzir.
Mas isso agora não interessa. Interessa é ganhar o próximo jogo no Jamor contra o B-SAD e chegarmos a 2021 na liderança da Liga. Depois logo se vê.
Boas Festas para todos, muito especialmente para os que como eu são sócios do Sporting Clube de Portugal.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-Mafra (Taça da Liga) pelos três diários desportivos:
Plata: 16
Sporar: 16
Daniel Bragança: 16
Nuno Mendes: 15
Eduardo Quaresma: 15
Tabata: 15
Gonçalo Inácio: 14
Pedro Gonçalves: 13
Borja: 13
Luís Maximiano: 13
João Mário: 12
Tiago Tomás: 12
Palhinha: 11
Porro: 11
Matheus Nunes: 11
Antunes: 10
A Bola e o Record elegeram Plata como melhor jogador em campo. O Jogo optou por Sporar.
Não deixou de ser uma aposta arriscada a de ontem: entrar na eliminatória de acesso à Taça da Liga, contra uma equipa que ocupa um dos lugares de topo da 2.ª Liga, com apenas um titular e oito sub-23. Todos se recordarão que jogos deste tipo no passado correram muito mal, um deles custou até a cabeça de Peseiro, além da instabilidade que iria produzir agora uma eliminação do Sporting.
Mas o onze escalado por Amorim portou-se muito bem, no modelo de jogo habitual e repetindo os mesmos movimentos, embora numa velocidade menor e também com menor precisão no passe. Alas bem avançados, alternando circulação de bola com ataque à profundidade e assim convidando o adversário à pressão dum lado e doutro e ao inevitável desgaste. Mesmo com um meio-campo em sub-rendimento, pois a articulação entre Matheus Nunes e Daniel Bragança não foi a melhor, Amorim preferiu substituir ao intervalo duas peças de desgaste nas alas. Assim, vieram duas frescas que acenturam o desgaste do adversário e ajudaram a uma vitória tranquila, que só pecou por escassa. Sporar teve oportunidades para facilmente fazer um "hat-trick".
Desta forma Amorim assentou ideias sobre a qualidade do plantel de que dispõe e deu uma injecção de moral importante aos menos utilizados, todos importantes para o que aí vem.
O que aproveitou melhor a oportunidade, a jogar no lugar do Porro, foi Plata, a ultrapassar facilmente o defesa adversário, a criar lances de perigo algumas vezes e pecar na decisão noutras, é o tal "jogador de rua" que joga na improvisação permanente, nem ele sabe o que vai sair quando enfrenta o defesa contrário. Ontem deu o segundo golo a marcar e tem uma assistência fabulosa para o Sporar que daria o terceiro. Além disso, jogou na direita, jogou na esquerda, defendeu e atacou, tem físico, tem técnica, tem futebol para ser um enorme jogador. Mas também tem 20 anos, não chegou a Alcochete com a mesma idade de Nuno Mendes, diz Amorim que lhe falta "formação técnico-táctica", mas já é internacional A por uma selecção bem colocada para chegar ao Mundial. Tem de crescer. Mas daqui a uns anitos quanto valerá? Se calhar mais do que Pedro Gonçalves ou o próprio Nuno Mendes.
Além de Plata, Tabata e Nuno Mendes entraram muito bem, Bragança deslumbra aqui e ali, mas falta-lhe estofo físico para a guerra do meio-campo. Quaresma está a voltar ao seu normal. Mais uma vez gostei bastante de Gonçalo Inácio, que tem tudo para vir a ser o futuro comandante da defesa do Sporting.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre PLATA:
- Luís Lisboa: «Nuno Mendes e Eduardo Quaresma são valores seguros a médio prazo. Plata e Camacho poderão surpreender esta época.» (5 de Agosto)
- Leonardo Ralha: «Quando Plata for o jogador que já acredita ser, apesar da taxa de sucesso nas iniciativas individuais ainda ter considerável margem de progresso, é possível que seja um dos pilares de um Sporting que conte para o Totoloto. Mas mesmo nestes dias sombrios pode e deve contribuir para a obtenção dos poucos objectivos que restam à equipa, o que passa necessariamente por mais do que 10 ou 20 minutinhos em campo, quase sempre numa fase em que o resto dos colegas já desmobilizaram.» (26 de Fevereiro)
- Paulo Guilherme Figueiredo: «É verdade que Plata ainda pode vingar, mas é cedo para lhe pôr sobre os ombros a responsabilidade de referência da equipa.» (28 de Fevereiro)
- Eu: «As incógnitas são imensas, dada a pandemia que está a mudar por completo as nossas vidas, mas não custa vaticinar um futuro auspicioso a este ala criativo ainda no início da carreira como futebolista profissional. Assim não lhe falte a sorte, pois talento já tem.» (26 de Março)
- Eduardo Hilário: «É jovem, irreverente e tem qualidade. Falta-lhe o mesmo que Wendel (acompanhamento) e o seu destino apenas depende dele. Pode ser um dos melhores.» (5 de Agosto)
Vou falar de jogadores, que é o que mais gosto de fazer. Para o bem ou para o mal.
O que define um bom jogador? Esta é uma pergunta infinitamente repetida e que, pela sua (aparente) simplicidade de resposta, bem podia figurar num exame do curso para treinador de futebol, no qual parece não haver reprovações.
Independente da ordem, Força, Técnica e Velocidade são alguns dos atributos mais comummente utilizados como resposta. Entrando um pouco mais em detalhe, "visão de jogo", "capacidade de passe", "facilidade, força e precisão no remate", "recepção orientada" (termo inventado na era pós-Gabriel Alves) são qualidades que definem a Técnica e que devem ser devidamente avaliadas antes de se avançar para a contratação de um jogador.
Ora bem, um jogador pode reunir todos estes atributos, mas se só fizer uso deles no "dia em que o rei faz anos" (para parafrasear uma canção de festival do José Cid) será que isso faz dele um bom jogador? Estamos todos de acordo que não.
Pois bem, existem muitos jogadores em que este pequeno grande pormenor acontece, o que, para além de ofuscar as suas qualidades, torna-os jogadores irritantes aos olhos da massa adepta. Existem muitos exemplos de jogadores que, pelo motivo de só jogarem quando o rei faz anos, são muito irritantes e fazem esgotar a paciência dos adeptos.
Vou dar apenas três exemplos.
Um num passado distante, um num passado recente e outro no presente.
Pedro Barbosa foi um jogador que às vezes me encheu as medidas e que, muitas vezes, esgotou a minha paciência.
Todos se lembram das jogadas incríveis que por vezes saíam daquela forma lânguida de jogar e dos golos que resultavam dos seus remates teleguiados a partir da esquina da área. Eu gostava de o ver jogar sempre assim. Mas não, tínhamos que esperar que o rei fizesse anos. Os adeptos desses tempos lembram-se que circulava aquela máxima que o Pedro Barbosa só jogava quando se aproximava o termo do contrato. Enfim, um jogador que podia ter sido muito maior do que foi, tivesse ele querido.
André Carrillo, jogador que chegou ao Sporting bastante jovem, de inegáveis qualidades inatas mas que esgotava a paciência dos adeptos. Também jogava quando o rei fazia anos, o que era profundamente irritante porque todos lhe reconhecíamos capacidade para mais.
Atingiu o auge em meia dúzia de jogos com o Jorge Jesus. Convenceu-se que era uma vedeta. Recusou assinar pelo Sporting e foi colocado de lado. O Benfica foi no engodo de o recrutar, à espera que jogasse bem, mesmo nos dias em que o rei não fizesse anos. Mas nada disso, Carrillo foi sempre igual a si próprio, e nunca aprendeu. Poderia ter tido uma brilhante carreira, tivesse ele querido.
Finalmente, chegamos ao presente e provavelmente já adivinharam o jogador que seleccionei: Gonzalo Plata.
Será pessimismo meu dizer que já não acredito neste jogador? Capaz das maiores fantasias e ao mesmo tempo das jogadas mais inconsequentes. O treinador tem-no colocado sempre a jogar, na esperança que chegue o dia em que o rei faz anos. Mas será que vale a pena insistir num jogador destes? Será que o Plata vai pelo mesmo caminho do Carrillo - passar de jovem a velho sem nada aprender?
Até agora, o que tem dado a ver tem mostrado que sim. Não sei se ainda vai a tempo de se modificar. Pode ser que aconteça um milagre.
Texto do leitor AHR, publicado originalmente aqui.
O Santa Clara teve três ocasiões flagrantes de golo, chegando a levar a bola a entrar na baliza num golo invalidado por evidente posição irregular, mas os açorianos desterrados deixaram a eficácia na Cidade do Futebol. Sem grandes defesas para executar, Maximiano revelou-se bem melhor no jogo de pés, ao ponto de deixar de ser arriscado atrasar-lhe a bola. Terá certamente mais trabalho na recta final do campeonato, a começar na visita ao FC Porto, e espera-se que dê boa conta de si.
Eduardo Quaresma (3,0)
Retomou a titularidade que se tornou garantida, somando boas acções defensivas e qualidade aliada à precisão na hora de lançar jogo. Há um "golden boy" a nascer em Alvalade.
Coates (3,0)
Além dos cortes e da voz de comando ainda teve ensejo de cabecear com muito perigo num canto, levando a que Idrissa Doumbia encaminhasse a recarga para o fundo das redes já depois de o árbitro assinalar uma falta na área do Santa Clara bem difícil de discernir.
Acuña (3,0)
Interpretou muito bem o papel de terceiro central descaído para a esquerda, mostrando-se intratável no desarme e na posse de bola. Só se esqueceu daquilo que está nas tábuas da lei: qualquer jogador do Sporting que esteja “à calha” em véspera de jogo com o FC Porto ou Benfica verá um cartão amarelo.
Ristovski (3,0)
Sempre muito criticado por não ser um César Prates, um Abel, um Cédric Soares ou sequer um Piccini, muito se esforça quem não tem culpa de que contratações que custaram mais aos cofres leoninos lhe ofereçam a titularidade. Boa recuperação de bola e lançamento de Gonzalo Plata para uma das maiores oportunidades de golo da primeira parte, já agora.
Idrissa Doumbia (2,5)
Chutou para a baliza já depois de o árbitro apitar, impedindo o videoárbitro de esclarecer quem raio fez o quê antes do cabeceamento de Coates. Com o jogo a decorrer não fez melhor, permitindo apenas que o também nada resplandecente Matheus Nunes pudesse repousar.
Wendel (3,5)
Inventou uma nesga de relvado para assistir Jovane Cabral no lance do golo que alimenta as esperanças de manutenção do terceiro lugar. Foi o melhor momento de um jogo de esforço intenso, impondo clarividência no meio-campo e juntando-se sempre que possível ao esforço ofensivo dos extremos endiabrados que jogam à sua frente.
Nuno Mendes(3,0)
Incansável e inesgotável, voltou a combinar bem com Jovane Cabral, ainda que o ascendente que o novo patrão da equipa exerce sobre o lateral-esquerdo tenha impedido que este rematasse para golo depois de se apoderar da bola na grande área do Santa Clara. O caminho faz-se caminhando.
Jovane Cabral (3,5)
Conquistou os três pontos na raça, ganhando posição na grande área e esticando a perna para desviar a bola para as redes mesmo com a ponta da chuteira. Bastaria para ser o homem do jogo, mas também foi o mais rematador, o mais intenso e o mais capaz de ser ídolo de adeptos cada vez mais órfãos de referências.
Gonzalo Plata (3,0)
Num belo remate no primeiro tempo, bem servido por Ristovski, ficou perto de inaugurar o marcador. No resto do jogo foi mexido, como é de seu timbre, mas não tão desequilibrador como se lhe pede que seja.
Sporar (2.0)
Começou por falhar a emenda de cabeça a um excelente livre indirecto de Jovane Cabral, desviando-a com as costas por cima da barra. E há que reconhecer que o mais perto que esteve de marcar sucedeu quando o guarda-redes do Santa Clara chutou contra as suas pernas, levando a bola a sair caprichosamente ao lado. Muito escasso para quem é titular do Sporting e não saiu propriamente de brinde na compra de um pacote de corn flakes.
Tiago Tomás (2,0)
Tão insuficiente foi o avançado esloveno que Rúben Amorim o substituiu por mais um adolescente, tendo este procurado combinar com os colegas sem consequências particularmente palpáveis.
Matheus Nunes (2,5)
Entrou para retomar o lugar que deverá ser seu nos últimos desafios desta Liga de má memória. Muito do futuro imediato do jovem brasileiro recrutado na Ericeira jogar-se-á no Dragão e na Luz.
Borja (2,5)
Acuña já ficara de fora do jogo seguinte e uma lesão muscular retirou-o também deste. Coube ao internacional colombiano, agora e sempre apavorado como o coiote dos desenhos animados, reocupar o lugar que deixou de ser de Mathieu e deverá passar a pertencer a um marroquino trintão.
Rúben Amorim (3,0)
Mais três pontos para o Sporting, mais uma ou outra experiência, mais uma constatação de que tem graves problemas para resolver no centro do terreno e no centro do ataque. Toda a sua estratégia fica bloqueada pelo fraco desempenho de elementos-chave e as opções no banco são limitadas, por muito que Francisco Geraldes e Pedro Mendes pudessem merecer maior confiança. Certo é que chegou ao fim da fase tranquila do futebol pós-pandemia com vitórias em todos os jogos que não implicaram deslocações ao Minho e sem conhecer a experiência de perder. Caso consiga manter-se assim na visita ao Dragão adiará a festa do FC Porto por uns dias e aumentará as hipóteses de não perder o terceiro lugar que em muito facilitaria, pela entrada directa na fase de grupos da Liga Europa, a preparação da incerta temporada seguinte.
A/C de um certo e manhoso tipo de treinador de bancada
É fácil acertar no Totobola às segundas, não é?
Oh... não fiques nesse estado. Respira fundo. Conta até dez e enquanto isso esvazia essa indignação inflamada. Mas, sim, leva lá a bibicleta. Tens razão. Não é às segundas-feiras, pois não. Agora, é a qualquer dia da semana que se pode acertar no Totobola. Afinal, para a Covid-19 ainda não se arranjou treinador à altura, menos ainda de bancada.
Mas, tens razão, toda a razão. Enfim, não nos chateemos por causa disto. Adiante.
Posto isto, diz-me lá, confessa, sff, quantas vezes chamaste nomes ao Wendel? Não te pergunto se o renomeaste, se o rebaptizaste, não quero saber se no decorrer do jogo gritaste qualquer coisa do tipo: "Passa a bola, Wanderlei! Não mastigues o jogo, Wanilson! Não fintes mais, Wanderson!"
Nada disso. Nomes do tipo palavrão é sobre esses que indago. Peço-te que partilhes connosco do alto da cátedra que tiraste no lugar que tens no primeiro ou no segundo anel de Alvalade, no aconchego do teu sofá ou da lamuriosa mesa de um qualquer café com Sporttv que frequentas; diz-nos lá: Quantas vezes chamaste nomes ao Wendel e à mãe dele, já agora?
Muitas, calculo. Muitas mesmo. Tantas que parecerão ainda mais quando comparadas com as nulas vezes em que vislumbraste no brasileiro o maestro da orquestra que ele é hoje. Mas tu podias lá vislumbrar esse talento. Podias lá fazê-lo quando talento para o futebol só tens o de dizer mal. A mesma estafada maledicência que não reconhece que foi preciso chegar a Alvalade alguém que é mesmo treinador, e que é visto da bancada, para revelar um Wendel de batuta nas botas.
E ao Jovane? Ainda a ele não lhe passava pela cabeça descolorá-la e tu o que dizias que ele tinha nela? Nada, não era? Não gritavas tu que a cabeça do caboverdiano era incapaz de ordenar dribles imparáveis ou sprints de bola dominada no pé rumo à baliza adversária? Não sentenciavas tu que a cabeça do Jovane não tinha capacidade para executar rápido a jogada mais improvável ou o remate mais certeiro? Não declaravas tu que ele era mais um brinca-na-areia inconsequente?
Tenho a certeza que tudo isto que gritavas, às vezes urravas, do alto do teu douto desconhecimento do esférico, o repetias para o Plata.
Os três já estavam em Alvalade antes de cá chegar Rúben Amorim, não estavam? Mas ninguém os pôs a jogar bem, verdadeiramente bem, pois não?
No entanto, mesmo que esta tripla encante o verdadeiro adepto de futebol com o belíssimo futebol que nos oferece, tu continuas a dizer mal. Dos três jogadores e de tudo o resto.
Talvez o faças, afinal, roído de inveja. Inferior ao facto de que quem revela os fantásticos dotes futebolísticos dos três craques acima enunciados é um treinador que custou uma fortuna, que tem pouco currículo e ainda uma costela do grande rival. Todos estes rótulos para ti serão sempre mais fortes, relevantes e importantes do que a evidência da qualidade técnica-táctica e de liderança do treinador que chegou ao clube pela mão de um presidente que tu reprovas. E reprovarás sempre, mesmo que o Sporting venha a ser campeão durante o seu mandato. O mesmo presidente que parece estar a acertar o passo e a apostar definitivamente na formação. Essa mina de coisa preciosa achada em Alcochete e que põe ainda em campo craques como Eduardo Quaresma, Matheus Nunes ou Nuno Mendes.
Já sei, já sei...! Já os conhecias a todos. Pois, olha, humildemente te digo, que eu passei a conhecê-los pela batuta do Rúben Amorim, durante a presidência de Frederico Varandas.
A principal intervenção do jovem guarda-redes consistiu em resolver um atraso mal calculado de Gonzalo Plata que o apanhou em contramão. Houve momentos de maior perigo, devido à inquietante superioridade aérea do Moreirense na grande área do Sporting, mas nesses lances Maximiano pouco ou nada poderia fazer e coube à sorte que ninguém dirigisse a bola para o fundo das redes, limitando-se numa ocasião a acertar nas redes laterais.
Neto (3,0)
Resgatado do esquecimento a que foi votado enquanto suplente de Coates, aproveitou a necessidade imperiosa de fazer descansar um fatigado adolescente para voltar a jogar. Sem a desenvoltura na saída com bola demonstrada por Eduardo Quaresma, há que reconhecer que o veterano internacional português esteve bastante acertado no passe longo, nada catastrófico na construção de jogo e razoavelmente eficiente nas tarefas defensivas.
Coates (3,0)
Mais uns excelentes cortes e desarmes para a exposição permanente do Museu Sebástian Coates de Cortes e Desarmes, com posicionamento irrepreensível e serenidade quase irritante. Referência número 1 para os cruzamentos e bolas paradas, venceu nas alturas mas não nas trajetórias de cabeceamento, não conseguindo melhor contributo para o ataque leonino do que ser pública e notoriamente agarrado pela camisola na pequena área da equipa da casa em tempos de desconto. O videoárbitro Jorge Sousa chamou a atenção para o facto e o apitador Tiago Martins encarregou-se de ignorar a falta para grande penalidade que poderia valer os três pontos que manteriam o sonho do segundo lugar durante uns dias mais.
Borja (2,5)
Além do pânico que irradia quando tem a bola sob a custódia das chuteiras, pouco de errado fez durante os longos minutos que permaneceu no relvado. Não foi pelo colombiano que ficaram mais dois pontos esquecidos no Minho.
Ristovski (2,5)
Menos incisivo e eficaz no apoio ao ataque do que nos últimos jogos, o macedónio também esteve longe de ser a muralha capaz de conter um Moreirense que esteve melhor do que o Sporting em partes significativas do encontro. Quando foi substituído nem ele pareceu capaz de apresentar recurso da decisão para uma instância superior.
Matheus Nunes (2,0)
Faltou-lhe um terceiro remate em zona frontal para conseguir levar a bola a sair do estádio em vez de ficar nas últimas filas da bancada vazia. E na manobra do meio-campo também ficou longe de ser brilhante, reforçando a impressão de que as notícias acerca da futura venda que pagará a cláusula de rescisão de Ruben Amorim talvez sejam manifestamente exageradas.
Battaglia (2,0)
Mais um jogo excessivamente faltoso e desinspirado, demonstrando que o elenco do miolo do terreno é um calcanhar de Amorim no sistema táctico em implementação.
Acuña (3,0)
Regressou ao onze titular sem a disponibilidade física do adolescente que o substituiu nos últimos jogos, mas com a qualidade técnica e combatividade que lhe foram cozidas à pele. Não deixa de ser curioso que nos últimos minutos tenha sido mais útil à equipa enquanto terceiro central descaído para a esquerda. Ainda estamos a tempo, antes de o argentino ser vendido a preço de amigo, na sequência da notícia sobre o “apertão” que deu a Jovane Cabral, de experimentar o que valerá enquanto ponta de lança.
Jovane Cabral (3,0)
Pode muito bem padecer de excesso de individualismo, como tende a acontecer aos futebolistas que fazem muitos golos, assistências e são eleitos jogadores do mês, mas o regresso do extremo que aprecia flectir para o centro foi uma lufada de ar fresco no futebol do Sporting. Derrubado na grande área do Moreirense logo ao início, provavelmente quando o videoárbitro ainda degustava uma francesinha, procurou levar a equipa consigo, mas não raras vezes pareceu ressentir-se das ausências de Nuno Mendes e de Wendel. Quando um e outro saíram do banco de suplentes melhorou de rendimento, ainda que sem repetir a precisão nos livres directos, e mesmo depois do segundo pénalti sonegado ao Sporting ficou muito perto de desfazer a empate a zero no remate em arco que encerrou o jogo.
Gonzalo Plata (2,5)
A mesma velocidade que lhe permitiu marcar ao Gil Vicente em Alvalade forçou Halliche a derrubá-lo e a ver o cartão vermelho após perder a bola em zona proibida. Mago das fintas ainda com défice de pragmatismo, o jovem equatoriano acabaria por terminar o jogo como uma espécie de lateral-direito, funções nas quais não se distinguiu por aí além.
Sporar (2,5)
Ficou em posição em remate uma vez ao longo do jogo, disparando de ângulo complicado para defesa do guarda-redes caseiro. Sendo admissível que o sistema não privilegie quem ocupa a sua posição, é impossível não exigir mais a quem trabalha para a equipa e demais chavões.
Wendel (2,5)
Entrou tarde e não conseguiu impor completamente o seu jogo, mas a maior presença do Sporting no meio-campo contrário teve a ver, em partes iguais, com a superioridade numérica depois da expulsão de Halliche e com a influência do jovem-mas-já-não-tão-jovem brasileiro.
Nuno Mendes (3,0)
Foi um regalo ver entrar o recém-chegado à maioridade que joga como se pertencesse ao plantel principal há uns quantos anos, que centra como mais nenhum dos colegas – o que faria o Bas Dost pré-invasão com aqueles cruzamentos... – e que combina inteligência táctica e disponibilidade física. Com tantas lacunas no plantel é de pensar se Acuña não poderá ser aproveitado noutra posição.
Joelson Fernandes (2,0)
Alguns fogachos de quem poderá ter muito futuro e deverá ser gerido com cuidado, entrando sobretudo em jogos em que os três pontos já estejam no cofre.
Ruben Amorim (2,0)
Saberá melhor do que os observadores externos o motivo profundo para mexer tanto na equipa titular, retirando quem jogou mal e quem jogou bem, mas dificilmente poderá questionar que o resultado não foi brilhante. O regresso de Jovane Cabral até poderia ter garantido tranquilidade desde cedo, em vez do crescente domínio da equipa da casa, motivado pela superioridade numérica no meio-campo e desinspiração dos poucos que por lá andavam. Sem a inteligência do suplente Wendel ou dos lesionados Francisco Geraldes e Vietto, dependeu demasiado do individualismo dos extremos e nem ver-se com mais um em campo melhorou por aí além o desempenho da equipa. Nota final para o facto de só ter realizado 60% das substituições permitidas, o que diz bastante acerca da confiança que deposita num plantel construído de forma desastrosa e que foi perdendo pelo caminho alguns dos melhores (Bruno Fernandes, Raphinha e até o período azul de Bas Dost) e ainda está a criar alternativas. Certo é que, com ajuda do árbitro Tiago Martins e da saída de Bruno Lage do Benfica, o sonho do acesso à Champions esfumou-se e o Sporting de Braga ficou mais parte de recuperar o lugar no pódio que já foi seu.
Mais uma boa exibição só se não se traduziu no proverbial lençol limpo porque alguém se lembrou de cometer uma grande penalidade e permitir que um fulano de cabelo oxigenado sem dotes de rapper fizesse mais em Alvalade do que quando foi assalariado do Sporting. Certo é que o jovem guarda-redes esteve à altura com uma série de defesas, uma das quais a evitar um espectacular golo olímpico, que asseguraram sossego num jogo em que Coates e Wendel foram os únicos titulares que restaram da equipa-base do início da temporada.
Eduardo Quaresma (3,5)
Mostrou que os deslizes frente ao Belenenses SAD foram apenas um contratempo, revelando-se uma muralha intransponível com notável “timing” nos desarmes e com visão de jogo necessária para passes de ruptura de longa distância. Na segunda parte deu um ar da sua graça na condução de um contra-ataque que deveria servir de exemplo para jogadores pouco mais velhos e que custaram um punhado de milhões de euros.
Coates (3,0)
Novamente patrão de uma linha defensiva que começa a estabilizar, procurou sempre descomplicar e impôs a sua qualidade,sendo digno do apelido Stromp que carregava na camisola. Pena que tenha sido menos eficaz a ajudar o ataque do que no jogo anterior.
Borja (2,5)
Cada bola que lhe vai parar aos pés é encarada pelo colombiano como se fosse uma mina anti-pessoal que ameaça rebentar-lhe as pernas. Dito isto, poderia ter feito bem pior.
Ristovski (3,0)
Esteve muito activo no apoio ao ataque, mas também fez sentir a sua presença nas missões defensivas, como poderá comprovar um ex-colega de balneário de cabelo oxigenado e sem dotes de rapper.
Matheus Nunes (2,5)
Ainda não foi desta que deslumbrou, limitando-se a pressionar os adversários e a garantir circulação de bola. Mas com demasiados passes errados.
Wendel (3,5)
Muitíssimo oportuno no lance do primeiro golo, no qual acorreu ao cruzamento atrasado de Gonzalo Plata, desperdiçou uma excelente oportunidade para bisar, novamente servido pelo equatoriano, mas permitiu a defesa do guarda-redes e falhou a recarga de cabeça. No resto do jogo procurou controlar as operações no meio-campo desguarnecido pelas opções tácticas de Ruben Amorim.
Nuno Mendes (3,0)
O jovem lateral-esquerdo é outro que não engana, conjugando velocidade de execução e inteligência táctica. Quando engrenar no um-contra-um poderá ser um caso muito sério.
Gonzalo Plata (3,5)
Um golo e uma assistência foram a resposta do adolescente equatoriano ao desafio de substituir o lesionado Jovane Cabral como acelerador do futebol leonino. Particularmente oportuno no lance do 2-0, que se deve à sua rapidez e perseverança, também cometeu umas quantas parvoíces, a maior das quais um passe de calcanhar quando Wendel lhe passou a bola de modo a que pudesse seguir isolado para a baliza.
Rafael Camacho (1,5)
Titular na ala esquerda, na sequência de mais um azar de Francisco Geraldes - ressentiu-se de um toque pouco antes de assumir a titularidade -, o fugitivo de Alcochete resgatado ao Liverpool por não querer ser lateral-direito voltou a demonstrar uma desconcertante apetência para as perdas de bola, passes disparatados e deficiência na atitude competitiva. É um crime de lesa-simbolismo atribuir-lhe a camisola 7, mas ainda fica mais aberrante com o nome de Luís Figo nas costas.
Sporar (2,5)
Embora tenha “lutado muito pela equipa” e todos os chavões do género, é bastante preocupante que um ponta-de-lança do Sporting, num jogo em casa, contra uma equipa de fundo da tabela, não faça um único remate à baliza.
Idrissa Doumbia (1,5)
Entrou para segurar a vantagem de 2-0 e não se lembrou de melhor do que cometer uma grande penalidade que deu um mínimo de “frisson” aos derradeiros minutos de jogo.
Battaglia (2,0)
Voltou a entrar para ganhar ritmo. E, provavelmente, para dar prova de vida na esperança de uma transferência que garanta alguma entrada de dinheiro e alivie a folha salarial.
Tiago Tomás (2,0)
O avançado com idade de junior estreou-se na equipa principal e procurou integrar-se na manobra ofensiva.
Joelson Fernandes (2,0)
O extremo com idade de juvenil estreou-se na equipa principal já nos descontos e assumiu a cobrança de um livre directo que saiu ao lado da baliza do Gil Vicente. Ainda bem. Se tivesse sido golo talvez tivesse já embarcado para um país com menos sol.
Ruben Amorim (3,0)
Muitas ausências dificultaram a convocatória e a escolha do onze titular. Mas a equipa-base está escolhida, a aposta na juventude é assumida e vai dando frutos, e o Sporting voltou a aproximar-se de quem está à frente e a afastar-se de quem está atrás. Com os verdadeiros testes – as deslocações ao Dragão e à Luz – cada vez mais próximos, o treinador ainda sem derrotas na Liga NOS precisa de aprimorar aspectos importantes como os livres indirectos.
Gonzalo Plata, internacional equatoriano com apenas 19 anos de idade, é claramente uma das melhores contratações feitas por Frederico Varandas para o futebol leonino, como aqui assinalei há mais de três meses.
A imprensa desportiva da passada quinta-feira, analisando o confronto da véspera entre o Sporting e o Gil Vicente, não teve a menor dúvida: elegeu-o como melhor em campo. Confirmando a minha observação,publicada hora antes.
Não custa perceber porquê: ele marcou um dos golos e fez assistência para o outro: foi decisivo para os três pontos conquistados pela nossa equipa.
Valeu-lhe - e valeu-nos - que este jogo fosse disputado à porta fechada em Alvalade, sem a presença de público. Se não fosse assim, este talentoso jovem que vem completando a sua formação desportiva no Sporting teria sido assobiado do princípio ao fim. Confirmando uma das piores tradições praticadas por um ruidoso núcleo da massa adepta: apupar quem veste de verde e branco, dando moral às equipas adversárias.
Plata teve sorte: assim os assobios só foram virtuais. Mas não deixaram de ser estridentes, como se comprova num dos espaços onde costumam albergar-se alguns "verdadeiros adeptos", que olham mais para o teclado do que para o relvado durante os jogos.
Visitei esse espaço depois do Sporting-Gil Vicente e deparei com imensos "piropos" dirigidos ao internacional equatoriano - e ao próprio treinador Rúben Amorim.
Transcrevo alguns desses dislates, já com erros ortográficos devidamente corrigidos e os substantivos próprios devolvidos à letra maiúscula imposta pelas boas regras gramaticais:
«O Plata e o Camacho podem ser zero jogo após jogo que têm sempre um lugar na equipa do lampião.» [antes do jogo]
«Camacho e Plata são zero. Outra vez…» [momentos antes da marcação do primeiro golo]
«Teve um pouco de sorte no drible o Plata.» [logo após a assistência de Plata para esse golo]
«O Plata toma (mais) uma decisão absurda, tem a sorte de ganhar o ressalto.»
«O Plata… ludibriou o defesa com um tropeção.»
«Tenho a impressão que só vi dois jogos completos dele mas já se tornou o meu odiozito de estimação. Muito bem estamos quando podemos dar a titularidade a quem decide tão mal.»
«Plata dá o quê?»
«Até agora deu um engano que resultou em golo…»
«Ó Plata… Manda-te ao mar e diz que eu te empurrei. F***-*e!»
«Plata coitado .. completamente perdido…»
«O Rúben Amorim está vestido de palhaço?»
«Que tem na cabeça este Plata?»
«Plata mentalmente está de rastos... Zero confiança.»
«F***-*e, e eu perdi a segunda parte do WH-Chelsea para ver isto…»
«P***a, não fizeram nada nos últimos 20 minutos. Tirando aquela cagada do Plata.»
«Não vejo como [Joelson] pode fazer pior que Plata.»
«Plata e Camacho são embaraçosamente maus.»
«Max e Wendel os melhores, Plata um desastre.»
«Plata pouco mais que isso [nulidade], com muitas decisões incorrectas.» [ao intervalo]
«O Plata toma decisões péssimas o jogo todo, mas nesta jogada só com o redes na frente teve a frieza de levantar a cabeça e colocar para golo.» [momentos após Plata ter marcado o segundo]
«Este Camacho também parece que está a aprender com o Plata. Cruzes credo!»
«Agora é que reparei. Estamos com o Peyroteo a central. Este treinador bate mal.»
«Este Plata é mesmo estúpido f***-*e.»
«Vá-se lá saber como, acaba por ser o homem do jogo. Aos tropeções e às cambalhotas mas dois golos são dois golos.» [quase no fim]
«Alguém ofereça um pé direito ao Plata…» [no fim]
«Plata com um golinho, um engano que deu outro golo e mais dois remates que podiam ter dado golo.»
«O Plata marcou um golo, mas fez tan-ta porcaria.»
«Max o melhor em campo diz muita coisa.»
«Jogo ao nível do Varandas.»
«Pós-covid a liga tuga está a bater todos os recordes de mediocridade.»
{ Blogue fundado em 2012. }
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