Foi o que disse, em entrevista à Antena 1, Ivone De Franceschi, jogador muito importante na conquista do título nacional na época 1999/2000 sob o comando de Giuseppe Materazzi e Augusto Inácio. Era um extremo clássico, colado à linha, fintava pouco, cruzava bem.
O plantel do Sporting foi agora revisto em alta em cerca de 10% pelo Transfermarkt para um valor de 330M€, bem mais próximo do Benfica (360M€) do que do Porto (283M€).
Este plantel inclui alguns jogadores fora-de-série com valor de mercado igual ou superior a 30M€, ao nível do melhor que alguma vez tivemos, como Gyökeres, Pedro Gonçalves, Diomande, Inácio e Hjulmand. Todos foram escolhidos por Rúben Amorim: viu neles o que escapou a muitos, e foi com ele que atingiram patamares de rendimento reflectidos nos valores de mercado que nunca antes tinham experienciado.
Muito poucos foram os jogadores escolhidos por Amorim que fracassaram no Sporting, talvez apenas Vinagre e Rochinha. Do Nuno Mendes ao Ugarte, do Paulinho ao Esgaio, do Edwards ao Trincão, do Adán ao Israel, muitos outros exemplos podia dar, trata-se de jogadores que foram e são importantes no plantel e nos sucessos da equipa.
Sendo Slimani um caso à parte, um regresso mal pensado dum ídolo dos adeptos de feitio complicado, Amorim nunca deixou cair ninguém por muito mal que tivesse estado aqui e ali, conseguiu recuperar jogadores que andavam meio perdidos, como Quaresma e Catamo, e não foi criticado por algum jogador que tivesse saído por iniciativa própria ou do clube. Com Amorim não houve nenhum David Carmo chutado para a B.
Também não conheço nenhum jogador menos utilizado por Amorim que tenha saído sem ser por venda lucrativa e explodido de rendimento noutro clube.
Quinta-feira em Bérgamo, ganhando ou perdendo, continuarei a concordar com o Ivone. O verdadeiro fora-de-série do Sporting é Rúben Amorim.
Quatro anos depois de Rúben Amorim chegar ao Sporting continuamos com o mesmo sistema táctico, pouco visto no futebol português, o 3-4-3, e os mesmos princípios de jogo. Construção pausada a partir do guarda-redes para atrair o adversário à pressão e "alargar" o terreno de jogo, alas bem projectados nos corredores, avançados interiores de pé contrário a recuar para pedir a bola, ponta de lança móvel alternando entre as desmarcações em profundidade e em largura. Neste modelo de jogo, o maestro, aquele que define o ritmo, acaba por ser o defesa do meio, normalmente Coates, por vezes Inácio ou Diomande.
O ponto fraco é o meio-campo, cujos dois médios-centro têm de fazer pela vida muitas vezes em inferioridade numérica com ajudas pontuais dos restantes. Quando fraquejam logo a linha de 3 defensiva fica em apuros. Foi assim com Palhinha e João Mário no primeiro ano, Palhinha e Matheus Nunes no segundo, Ugarte e Morita no terceiro, e agora Hjulmand e Morita. Curiosamente Palhinha e Matheus Nunes estão na Premier League, Ugarte no PSG, João Mário sabemos onde, Hjulmand bate à porta da selecção dinamarquesa e Morita é titular da selecção do Japão. Se há jogadores que Amorim consegue projectar ao máximo são os médios-centro. Ou seja aqueles que integram o tal ponto fraco, o que não deixa de ser curioso.
Também Bragança conseguiu evoluir tremendamente com Amorim e neste momento é uma alternativa viável aos titulares. Já Pedro Gonçalves tem um talento que dispensa treinador.
Mateus Fernandes é o melhor exemplo que se pode encontrar da actual política de gestão da formação do Sporting. Entrou no Sporting com 14 anos vindo do Olhanense, percorreu todos as equipas da formação, foi chamado por Amorim ainda júnior para o "grupo de elite", alternando os treinos na A com os jogos na B, foi a jogo na A duas ou três vezes e agora, com 19 anos e contrato até 2027, é titular absoluto no Estoril com quase 2.000 minutos de jogo. Na próxima temporada está pronto para lutar pela titularidade no Sporting.
Não sei se alguma vez foi campeão de algum escalão, mas isso não é o mais importante. Formou-se a ganhar e a perder com muitos mais velhos do que ele.
Samuel Justo e Dário Essugo estão no mesmo percurso. Formação centrada no jogador.
Depois temos aqueles jovens que vieram de fora de Alcochete, todos internacionais, todos também com características distintas. Os estrangeiros Sotiris, Tanlongo e Koindredi e os nacionais Diogo Abreu e Marco Cruz.
Projectos de crescimento, jogadores com muito potencial, mas que ainda não encontraram o seu caminho para o sucesso.
De repente temos aqui uma dúzia de médios, de diferentes idades e características, muito interessantes. Para quem, como eu, vê da bancada, o futuro do Sporting na posição está bem assegurado.
Daquilo que fui vendo, Pedro Gonçalves à parte, podia dividi-los em quatro grupos:
- Médios defensivos, posição "6", jogar à frente da defesa: Tanlongo (20) e Essugo (18)
- Médios versáteis, "6/8" subindo ou descendo no terreno à vez: Hjulmand (24), Morita (28), Diogo Abreu (21), Marco Cruz (19)
- Médios "box-to-box", de esticar jogo, posição "8": Sotiris (22), Koindredi (22)
- Médios ofensivos, próximos dos avançados: Bragança (23), Mateus Fernandes (19), Samuel Justo (19).
Quanto custaram no conjunto ao Sporting? Digamos que à volta de 30M€. A maior parte foi formada em Alcochete ou veio a "custo zero". Bem menos do que vendemos Ugarte.
Quanto é que já valem e poderão valer no futuro? Vários Ugartes, isso é certo.
Existem duas grandes razões para explicar a diferença entre o desempenho da equipa nesta primeira metade da época e a do mesmo momento da época passada. A exigência da Champions relativamente à Liga Europa e o equilíbrio do plantel em termos físicos e técnicos.
Rúben Amorim sempre foi apologista de plantéis curtos, à moda inglesa: cerca de 20 jogadores "adultos" polivalentes e adaptáveis, o resto jovens "estagiários" da formação. Isso garante oportunidades para todos e facilita um balneário saudável.
Pensou o plantel da época passada para um modelo de jogo de avançados móveis ao jeito dos grandes clubes ingleses ou espanhóis, descurou o peso e altura na zona central, a lesão de Paulinho no início da temporada não ajudou e a equipa sofreu bastante na primeira volta da Liga.
Para esta época contava já com Diomande. Vieram Gyökeres e Hjulmand, Fresneda foi uma terceira opção ainda muito jovem. E, mesmo com os problemas físicos recorrentes de St. Juste, conseguiu-se um plantel curto mas com diferentes soluções para diferentes problemas.
Na baliza, Adán e Israel têm dado conta do recado, mesmo que distantes daquela excelência que faz a diferença frente aos rivais. Diego Callai acabou de ser emprestado e no final da época se definirá o futuro na posição.
Na defesa temos dois dos jogadores mais valiosos da Liga: Diomande e Inácio. St. Juste estaria no mesmo plano se não fossem as lesões. Coates começa a sentir o desgaste da carreira. Matheus Reis e Neto fiáveis dentro das suas possibilidades e limitações e Quaresma a recuperar a olhos vistos do fosso em que se deixou enfiar. Pontelo parece ser um projecto de Feddal para a próxima época. Os (demasiados) golos sofridos têm mais a ver com as flutuações do quinteto composto pelos três defesas e dois médios do que pelo desempenho individual dos defesas.
Nas bandas laterais, entre alas e interiores - Pedro Gonçalves à parte, que esse é doutro patamar competitivo - todos começaram relativamente mal a época mas têm vindo a crescer de rendimento individual.
Esgaio, com todas as suas limitações em termos de definição de lances atacantes, cumpre o que lhe é pedido.
Nuno Santos começa finalmente a centrar em condições, mas continuo a pensar que Catamo e Edwards combinam bem mas já Edwards e Trincão não deviam jogar juntos, que Trincão é muito mais objectivo quando joga do lado esquerdo, mas ali é o lugar de Pedro Gonçalves, o jogador mais importante da equipa em termos de manobra colectiva.
Pedro Gonçalves no ataque significa que o meio-campo joga com 2,5 elementos, o mesmo no meio-campo, significa que joga com 1,5 elementos, e a defesa fica necessariamente exposta. Afonso Moreira precisaria de sair para rodar, de momento pouco acrescenta à equipa.
No miolo também Hjulmand, Morita e Bragança têm progredido imenso física e tecnicamente ao longo da época, o japonês muito "castigado" pelos compromissos da selecção. Essugo precisa de sair para jogar, o francês do Valência será também um projecto para a próxima época. Continuo sem perceber porque é que Diogo Abreu não tem hipóteses, nem que seja no banco, como já tiveram outros que não demonstram a mesma maturidade e competência quando jogam na B.
No centro do ataque, Gyökeres e Paulinho (este com a falta de instinto matador que vem de longe) dão garantias, quer jogue apenas um ou em dupla, são os dois melhores marcadores da equipa e dos melhores marcadores da Liga. Assim nunca mais tivemos os avanços suicidas de Coates no terreno a meio da 2.ª parte.
De qualquer forma mais um avançado seria bem vindo. Rodrigo Ribeiro está a passar ao lado da época, e o Nel ainda está muito verde.
Que tipo de avançado? Um "rato de área" com bom jogo de cabeça. Por exemplo o Bozenick, do Boavista: 24 anos, 1,88m, 9 golos na temporada.
Tudo isto obviamente supondo que nenhum grande inglês chega aqui e bate a cláusula dum ou doutro. Espero bem que não.
Assim sendo, o (meu) melhor onze do Sporting ainda não alinhou:
Adán; Diomande, Coates e Inácio; St. Juste, Hjulmand, Morita e Nuno Santos; Edwards, Gyökeres e Pedro Gonçalves.
Trocava algum destes por jogadores dos dois rivais? Se calhar um ou dois, mas não mais que isso.
Chega para sermos campeões? Ainda agora a primeira volta terminou, até Maio muita água passará por baixo das pontes. Vamos com calma, jogo a jogo, que a sorte nos acompanhe, e que a arbitragem tenha a isenção que até agora não demonstrou sempre em prejuízo do Sporting relativamente aos dois rivais.
Quase um mês depois do último post que fiz sobre este assunto, a situação do plantel ficou substancialmente mais clarificada:
Saídas confirmadas:
Papuna Beruashvili (19) - Sem justificar a contratação definitiva.
Alcantar (19) - México - Defesa central com potencial, para mim o melhor da B. Sem acordo para contratação.
Gilberto Batista (19) - Moreirense
Martim Marques (19) - Lugano - Actuou na Youth League sem grande destaque.
João Ferreira (19) - Santa Clara - Defesa esquerdo que actuava na B
Fatawu (19) - Empréstimo ao Leicester c/ opção de compra
Renato Veiga (20) - Basileia
Joelson Fernandes (20) - Hatayspor
José Marsà (21) - Andorra
Tiago Tomás (21) - Wolfsburgo
Ugarte (21) - PSG - Mais uma venda por números colossais dum jogador projectado por Rúben Amorim.
Sotiris (21) - Empréstimo ao Olimpiakos c/ opção de compra
Arthur Gomes (24) - Cruzeiro
Jovane Cabral (25) - Empréstimo ao Salanitana c/ opção de compra
Idrissa Doumbia (25) - Al Ahli
André Paulo (26) - Mafra
Rochinha (28) - Empréstimo ao Al-Markhiya SC, c/ opção de compra
Bellerín (28) - Betis?- Sem justificar a contratação definitiva.
Tiago Ilori (30) - Rescisão
Entradas confirmadas:
Fresneda (18) - Valladolid
Pedro Bongo (19) - Petro Luanda
Hjulmand (24) - Lecce
Gyokeres (25) - Coventry
Empréstimos de jovens com contrato longo:
Samuel Justo (19) - Contrato até ? - Casa Pia
Mateus Fernandes (19) - Contrato até ? - Estoril
Gonçalo Esteves (19) - Contrato até 2026 - ?
Tanlongo (19) - Contrato até 2027 - ?
Flávio Názinho (19) - Contrato até 2025 - ?
Saídas definitivas em negociação:
Rafael Camacho (23) - Contrato até 2024
Eduardo Henrique (28) - Contrato até 2024
Com esta quantidade de jogadores a sair claro que as equipas B e C/Sub23 ficaram enfraquecidas e a viver dos melhores juniores e juvenis. Mesmo assim, as competições começaram e a A segue em 1º lugar na 1ª Liga com 3 V, a B em 2º na 3ª Liga com 3V1D, a C / Sub23 em 2º com 1V2E.
Pelo que se tem visto nestas primeiras três jornadas, com a chegada dos dois últimos reforços o onze padrão do Sporting a alinhar num 3-4-3 / 4-2-4, com um ala bem mais ofensivo que o outro, deverá ser o seguinte:
Adán; Diomande, Coates e Inácio; Fresneda, Hjulmand, Morita e Nuno Santos; Pedro Gonçalves, Gyökeres e Paulinho.
Mas em cada jogo podem entrar em campo 16, existem lesões e castigos, importa que o onze sombra, aquele que se pode formar com os jogadores restantes, tenha qualidade próxima do de base. E é por aqui muito que se pode avaliar a qualidade do plantel. Neste caso seria o seguinte:
Israel (Callai); St Juste (Quaresma), Neto e Matheus Reis (Muniz); Esgaio (Catamo), Essugo, Bragança e Afonso Moreira; Edwards, Rodrigo Ribeiro e Trincão.
E para mim este plantel se calhar é o melhor de todas as épocas de Amorim ao serviço do Sporting, com St. Juste, Matheus Reis, Edwards e Trincão, tudo titulares anteriores que deram bom rendimento no onze sombra. Melhor ainda ficaria com apenas mais um médio, temos dois defensivos e 2/3 ofensivos, não temos nenhum box-to-box ao jeito de Matheus Nunes. Ou do Sotiris, que já marcou um golaço decisivo ao serviço do Olympiakos. Um jogador assim com arranque em velocidade, chegada à área e poderoso remate de meia distância, dava mesmo muito jeito.
Mas parece que a opção não é essa, será para mais um interior com características de extremo que, não saindo nem Edwards nem Trincão, será a pensar no Pedro Gonçalves a recuar para o meio-campo quando necessário. O que continuo a entender como um desperdício das qualidades do nosso melhor jogador.
Neste último jogo viu-se o Pedro numa posição e com parceiros próximos a que não está habituado, e precisa de tempo e rotinas para demonstrar que continua a ser claramente o melhor jogador do plantel.
Quase um mês depois do último post que fiz sobre este assunto, a situação do plantel ficou substancialmente mais clarificada:
Saídas confirmadas:
Papuna Beruashvili (19) - Sem justificar a contratação definitiva.
Alcantar (19) - México - Defesa central com potencial, para mim o melhor da B. Sem acordo para contratação.
Gilberto Batista (19) - Moreirense
Martim Marques (19) - Lugano - Actuou na Youth League sem grande destaque.
João Ferreira (19) - Santa Clara - Defesa esquerdo que actuava na B
Joelson Fernandes (20) - Hatayspor
José Marsà (21) - Andorra
Tiago Tomás (21) - Wolfsburgo
Ugarte (21) - PSG - Mais uma venda por números colossais dum jogador projectado por Rúben Amorim.
Sotiris (21) - Empréstimo ao Olimpiakos c/ opção de compra
Arthur Gomes (24) - Cruzeiro
Idrissa Doumbia (25) - Al Ahli
André Paulo (26) - Mafra
Rochinha (28) - Empréstimo ao Al-Markhiya SC, c/ opção de compra
Bellerín (28) - Betis?- Sem justificar a contratação definitiva.
Tiago Ilori (30) - Rescisão
Entradas confirmadas:
Pedro Bongo (19) - Petro Luanda
Gyokeres (25) - Coventry
Hjulmand (24) - Lecce
Empréstimos prováveis de jovens com contrato longo:
Gonçalo Esteves (19) - Contrato até 2026
Fatawu (19) - Contrato até 2027
Tanlongo (19) - Contrato até 2027 - Empréstimo ao Valladolid ?
Renato Veiga (19) - Contrato até 2025
Flávio Názinho (19) - Contrato até 2025
Saídas definitivas em negociação:
Rafael Camacho (23) - Contrato até 2024
Eduardo Henrique (28) - Contrato até 2024
É mesmo muita gente a sair, com reflexo directo na folha salarial e no que vão ser os planteis das 3 equipas seniores. Vamos ter uma equipa A com muitos jovens que rodaram na B, uma equipa B maioritariamente composta de juniores, uma sub23 com juniores e juvenis, a de juniores com juvenis, e assim sucessivamente.
Pelos vistos continua a ser difícil para o Sporting encontrar clubes nacionais ou estrangeiros onde pôr a rodar jogadores jovens sem opção de compra. Por isso Gonçalo Esteves, Fatawu, Tanlongo, Renato Veiga e Flávio Nazinho continuam por colocar.
Catamo depressa fez esquecer Gonçalo Esteves, outra maturidade e outro andamento.
Tanlongo com o dinamarquês jogaria muito pouco e existe Essugo para fazer crescer. Uma temporada a jogar seria óptimo.
Renato Veiga rendeu na Alemanha, se conseguiu por intensidade no seu futebol se calhar já está num plano superior que o próprio Essugo. Só vendo.
Nazinho depois daquele falhanço na Champions em frente ao golo desapareceu do radar. Na B jogou pouco e mal.
Fatawu aparentemente será mais um caso de falta de cabeça do jogador para perceber o que Rúben Amorim espera dele, dentro e fora do campo, diferente do que gosta e está habituado a fazer na selecção e até na B. Assim é complicado. Exigir a Amorim que abdique da disciplina e comprometa o espírito de grupo para acomodar os egos de Slimanis e Fatawus é um disparate. O que já não é disparate é questionar qual é o acompanhamento que estes jovens mais complicados mas de grande potencial têm em Alcochete, e que cuidados se tiveram aquando da contratação para deixar claro o que era pretendido.
Com a chegada do dinamarquês e a recuperação de St. Juste, o onze padrão do Sporting poderia ser o seguinte:
Adán; Diomande, Coates e Inácio; St.Juste, Hjulmand, Pedro Gonçalves e Nuno Santos; Edwards, Gyökeres e Trincão.
Seria um onze ao meu gosto, com peso e altura no eixo central, e velocidade e imprevisibilidade nas alas.
Mas em cada jogo podem entrar em campo 16, existem lesões e castigos, importa ter no plantel um onze sombra de qualidade próxima do base. Neste caso seria o seguinte:
Israel (Callai); Quaresma, Neto e Matheus Reis (Muniz); Esgaio (Catamo), Essugo, Morita (Bragança, Mateus Fernandes) e Afonso Moreira; Catamo (Jovane), Paulinho e Rodrigo Ribeiro.
Aqui nota-se que existem dois ou três que muito pouco jogarão esta temporada e que poderiam também ser emprestados para rodar e voltar mais fortes.
Este plantel é melhor ou pior do que os anteriores do tempo do Amorim? Daquele que nos deu o título, com Palhinha e João Mário, a segunda posição no ano seguinte, com Palhinha e Matheus Nunes, e a quarta do ano passado, com Ugarte e Morita, no centro do terreno? Eu diria que em termos de guarda-redes, defesas e atacantes é mesmo o melhor, já nas alas e meio-campo penso que não. Falta um novo Matheus Nunes no meio e falta um novo Porro/Nuno Mendes na direita.
É hoje o jogo de apresentação da equipa do Sporting aos sócios frente a mais uma equipa espanhola, o Villarreal, que terminou em 5.º lugar o respectivo campeonato.
Segundo o Record, o plantel a apresentar mais logo aos sócios vai ser o seguinte, ordenado por idade e indicando o número de épocas que cada um deles leva no Sporting, contando com as passagens por outros clubes pelo meio e com três anos na "escolinha" do clube no caso de alguns:
Treinador:
Rúben Amorim: 38 / 4
Jogadores:
1. António Adán: 36 / 3, 1,90m
2. Luís Neto: 35 / 4, 1,85m
3. Sebastian Coates: 32 / 6, 1,96m
4. Ricardo Esgaio: 30 / 18, 1,72m
5. Paulinho: 30 / 3, 1,87m
6. Matheus Reis: 28 / 3, 1,84m
7. Nuno Santos: 28 / 3, 1,77m
8. Hidemasa Morita: 28 / 1, 1,77m
9. Jeremiah St. Juste: 26 / 1, 1,86m
10. Pedro Gonçalves: 25 / 3, 1,73m
11. Vicktor Gyokeres: 25 / 0, 1,87m
12. Jovane Cabral: 25 / 9, 1,74m
13. Marcus Edwards: 24 / 2, 1,68m
14. Daniel Bragança: 24 / 14, 1,69m
15. Francisco Trincão: 23 / 1, 1,84m
16. Franco Israel: 23 / 1, 1,90m
17. Jeny Catamo: 22 / 4, 1,74m
18. Gonçalo Inácio: 21 / 11, 1,85m
19. Eduardo Quaresma: 21 / 11, 1,85m
20. Ousmane Diomande: 19 / 1, 1,90m
21. Youssef Chermiti: 19 / 8, 1,92m
22. Diogo Callai: 19 / 8, 1,92m
23. Mateus Fernandes: 19 / 7, 1,78m
24. Dário Essugo: 18 / 8, 1,78m
25. Afonso Moreira: 18 / 8, 1,76m
26. João Muniz: 18 /4, 1,90m
O que dizer deste plantel?
1. Um plantel com um peso importante da formação e com uma média bem elevada de anos de casa, nas antípodas das "legiões estrangeiras" acabadas de chegar do tempo do Jorge Jesus.
2. Um plantel bem mais possante do ponto de vista físico (50% com 1,84m ou mais) do que o da época passada.
3. Um plantel que demonstra bem o enorme buraco de qualidade que Amorim encontrou na formação do Sporting, apenas Daniel Bragança e Jovane Cabral, nenhum deles titular, representam a geração de Alcochete que foi campeã de juvenis e juniores há seis anos. Ganhar títulos na formação nunca pode ser o objectivo principal da academia de Alcochete.
4. Um plantel que justifica o pedido de dispensa de alguns para os compromissos das selecções abaixo da sua capacidade actual.
5. E um plantel que continua a precisar de dois ou três retoques em posições centrais, a começar por um jogador com a idade e o físico de Gyokeres para a posição 6, já que Pedro Gonçalves parece ter assumido definitivamente a posição 8.
Sendo assim só faltam umas horas para rumar a Alvalade para participar na festa, ver a equipa do Sporting pela primeira vez esta época a cores e ao vivo, e assim poder ter uma opinião mais fundamentada sobre a real valia da mesma para alcançar os objectivos da época.
Toda a confiança em Amorim, um treinador inteligente, coerente, comprometido, trabalhador, inovador, disciplinador, que promove e defende até ao fim o espírito de grupo. Um líder como muito poucas vezes tivemos à frente da equipa. O que não quer dizer que não falhe aqui e ali no processo de treino, nas ideias de jogo, no relacionamento com personalidades mais complicada ou nas apostas noutras personalidades mais limitadas.
Não há homens perfeitos, muito menos treinadores e jogadores. E se o fossem não estariam de certeza no Sporting. Amorim disse mais ou menos isso sobre St.Juste (que tem tido tantas lesões no Sporing como Nuno Mendes no PSG) e tem toda a razão.
E mais logo:
O Mundo Sabe Que, Pelo teu amor eu sou doente Farei o meu melhor Para te ver, Sempre na frente Irei onde o coração Me levar e sem receio Farei o que puder Pelo meu Sporting !!!
Na época passada por esta altura deixei aqui bem claro que o plantel apresentado aos sócios me parecia curto e desequilibrado para as necessidades da época. Depois da troca de Matheus Nunes por Sotiris ainda mais curto e desequilibrado ficou, e todo o esforço de Rúben Amorim para obviar a situação não chegou para conseguir o desejado sucesso.
Mas, além dos jogadores em si, havia uma nova ideia de modelo de jogo, esboçada contra a Roma no estádio do Algarve, a do ataque móvel, que até funcionou bem nas competições europeias mas que fracassou internamente.
Esta época começou também no mesmo estádio, agora contra o Genk, com um esboço de ideia de jogo bem diferente. Um futebol mais directo, de "tracção à frente", com um ponta de lança possante apoiado de perto por um avançado móvel, alimentados por dois alas ofensivos, dois organizadores de jogo e um passador à distância tipo "quaterback" do futebol americano que torna bem menos previsível o futebol da equipa. Uma ideia muito à medida de Gyokeres, Trincão e Inácio, em que Pote e Morita ainda estão a procurar o melhor encaixe.
Por outro lado começa também com uma estranha "purga" de jogadores contratados ou emprestados com intenção de compra na última época, como Arthur, Rochinha, Sotiris, Fatawu, Tanlongo e Alcantar, e de alguma desvalorização do trio proveniente do FC Porto: Gonçalo Esteves, Diogo Abreu e Marco Cruz. Estranha porque para além de terem sido avaliados e seleccionados por Amorim, são quase todos jogadores de inegável valor que poderiam integrar o plantel deste ano. Se calhar a mudança de ideia de jogo teve alguma coisa a ver com isso.
A contrapartida é uma aposta ainda mais forte na formação, com alguns jovens de Alcochete a darem tudo para aproveitar a oportunidade, como foi visível neste último jogo em Chermiti e Afonso Moreira, e mesmo em Quaresma e Jovane. Afonso demonstrou que, depois de Chermiti, é um valor seguro, não para competir com Nuno Santos ou Matheus Nunes a fazer todo o corredor, mas para actuar no terço ofensivo quando o 3-4-3 se transformar num 3-3-4 pela sua entrada a substituir o ala e o adiantamento de Gonçalo Inácio.
Não existe grande equipa sem grande espinha dorsal. No 3-4-3 a espinha dorsal é constituida pelo guarda-redes, o defesa do meio, o médio defensivo, médio ofensivo e o ponta de lança. Neste momento não se percebe bem se o 3-4-3 é para manter, e quem assumirá esses lugares, se Coates ou Inácio serão os centrais do meio, se o médio defensivo será ou não Morita, e o ofensivo Pedro Gonçalves. Mas fica claro que não existe nenhum Palhinha nem nenhum Matheus Nunes no plantel para as posições de médio - jogadores altos, fortes, rotativos, resistentes, que durem toda uma época em bom nível. O único com esse perfil é Essugo, que ainda tem enorme dificuldade de gerir a sua intensidade e escapar a amarelos que muito o condicionam para o resto do jogo.
Fixada a espinha dorsal, tudo o resto se encaixa. Pode haver maior rotatividade noutras posições de forma a garantir frescura física sem prejuízo da qualidade de jogo. Mas com jogadores pequeninos, macios e tecnicistas nessas posições centrais, sem conseguir impor o físico nas bolas divididas e manter a intensidade nos 90 minutos de jogo, tudo se torna mais difícil.
Não é preciso ser um Conceição qualquer para perceber esse ponto fraco, lançar contra-ataques pelo corredor central solicitando no momento certo em profundidade um atacante ou cavando faltas perigosas e tentando a sorte nas bolas paradas.
Estamos em plena pré-época, o fecho do mercado vem ainda longe, a primeira prioridade em termos de reforços está realizada, importa agora fazer os acertos restantes.
Sem pressas excessivas, importa contratar soluções e não novos problemas como parecia ser o caso do defesa direito do Sevilha.
Na terça-feira temos mais uma jornada dupla no Algarve. Podemos então confirmar ou não as ideias que aqui deixo para debate.
Todos os pontos de vista contrários são bem vindos. Comentários idiotas dos "trolls" do costume seguem directamente para o lixo.
Com os jogadores que estiveram presentes no dia do início da nova temporada, os que não estiveram presentes, os que vêm mais tarde e as transferências confirmadas e por confirmar, pode-se começar a fazer um pequeno esboço do plantel para 2023/2024:
Jogadores que se apresentaram no dia do regresso:
Guarda-Redes: Antonio Adán, Francisco Silva, Diego Calai
Alas-Direitos: Ricardo Esgaio
Centrais: Sebastián Coates, Matheus Reis, Ousmane Diomande, Gonçalo Inácio, João Muniz, Luís Neto, Eduardo Quaresma, Jeremiah St. Juste
Alas-Esquerdos: Nuno Santos
Médios: Mateus Fernandes, Dário Essugo, Daniel Bragança
Extremos: Pedro Gonçalves, Marcus Edwards, Jovane Cabral, Francisco Trincão, Geny Catamo, Afonso Moreira
Pontas-de-Lança: Youssef Chermiti, Paulinho
Jogadores que se apresentam mais tarde, por terem jogado pela selecção:
Foi a ideia para a próxima época que Frederico Varandas deixou na entrevista de ontem à Sporting TV, considerando que nesta que terminou a equipa esteve forte com os fortes e fraca com os fracos, ou seja, evolução na estabilidade de estrutura e processos e aposta na eficácia atacante.
Com as vendas de Porro e Ugarte o suporte financeiro da época está assegurado e vai permitir investimento cirúrgico no plantel. Além do sueco mais alguns serão contratados e alguns de segundo plano serão vendidos.
Por mim até poderia haver maior intervenção no onze-base, vendendo mais dois ou três valorizados pela Champions ou pelo Mundial, como Edwards, Morita ou Nuno Santos, que deixariam mais espaço a jovens e a reforços que pudessem fazer a diferença.
Mas é preciso ver que para Adán, Coates e Neto será provavelmente a última época. Pretende-se uma aposta forte no núcleo duro que resta daquele que nos deu os títulos de há dois e três anos. Para isso os melhores que chegaram no ano passado são essenciais.
Claro que alguns falarão nos favoritos de Rúben Amorim que sempre treinam e jogam, mas é assim que funcionam as grandes equipas, com uma base estável e experiente que vai acolhendo e ajudando a potenciar os mais novos.
Pela evolução desses mais novos, como Israel, Diomande, Tanlongo, Essugo, Fatawu e Chermiti, mais alguns da equipa B que Amorim já deu indicação de levar para estágio, passará muito do sucesso da próxima época.
Os mesmos que agora clamam contra a «evidente falta de qualidade» do plantel leonino são aqueles que há poucos meses gritavam contra Fernando Santos por não convocar elementos do Sporting para o Mundial do Catar.
Faz sentido? Claro que não. Mas eles lá vão gritando, agora como antes. O que importa é gritar, a propósito seja lá do quê.
Em tempos tinha feito aqui um balanço das aquisições ou empréstimos do tempo de Frederico Varandas. Venho actualizar essa avaliação, conhecendo agora mais sobre o valor desportivo e financeiro dos mesmos. Na lista mais ou menos cronológica assinalei com (A) aqueles que vieram com Rúben Amorim.
Excelentes:
Matheus Nunes
Pedro Gonçalves (A)
Nuno Santos (A)
Porro (A)
Ugarte (A)
Sarabia (A)
Edwards (A)
Fatawu (A)
Diomande (A)
Boas:
Adán (A)
Feddal (A)
Matheus Reis (A)
Paulinho (A)
Morita (A)
Trincão (A)
Tanlongo (A)
Razoáveis:
Neto
Luiz Phellype
Plata
João Pereira (A)
Antunes (A)
Esgaio (A)
André Paulo (A)
João Virgínia (A)
Tabata (A)
Slimani (A)
St.Juste (A)
Marsà (A)
Arthur Gomes (A)
Diogo Abreu (A)
Gonçalo Esteves (A)
Marco Cruz (A)
Alcantar (A)
Israel (A)
Bellerin (A)
Falhadas:
Doumbia
Vietto
Rosier
Sporar
Borja
Bolasie
Rochinha (A)
Sotiris (A)
Fiascos totais:
Ilori
Camacho
Eduardo
Fernando
Jesé
Vinagre (A)
Obviamente que poderão discordar da classificação dum ou doutro, mas o que me interessa é analisar o conjunto.
Foram 49 jogadores para 5 épocas, uma média pouco superior a 9 jogadores novos por temporada. Note-se que, ao contrário do que acontecia no tempo de Bruno de Carvalho, não existem nas equipas B e sub23 jogadores contratados ou emprestados especificamente para essas equipas sem perspectivas de chegar à equipa principal. Todos estão ali em regime de teste para eventual chegada à equipa A.
Então, desses jogadores, considero nove excelentes contratações, cerca de 20% do total e 16 excelentes/boas, cerca de 30% do total. Todos menos um vieram com Rúben Amorim, a excepção é Matheus Nunes.
Quem são e de onde vieram esses 16?
Portugueses - 5
Espanhóis - 3
Africanos - 3
Argentinos / Uruguaios - 2
Brasileiros - 1
Japoneses - 1
Ingleses - 1
Quantos desses vieram ou andaram na 1.ª Liga Portuguesa ou em Ligas secundárias portuguesas? A grande maioria, 10 em 16.
Alguns repetem que com Varandas, Viana e Amorim o recrutamento é uma vergonha e o "scouting" não existe, no tempo do Bruno é que havia competência e se compravam Slimanis por meia dúzia de euros. Do que me recordo dos cinco anos dele e Inácio/Jorge Jesus, os números são bem diferentes, à volta de 100 jogadores contratados/emprestados para as equipas A e B. Desses, quantos podemos considerar contratações excelentes? Coates, Slimani, Acuña, Bas Dost e Bruno Fernandes. Não recordo mais nenhum. Mathieu tinha problemas físicos recorrentes, como tem St.Juste. Do Brian Ruiz vimos 80 numa época e 8 na época seguinte. Teo Gutiérrez foi passar férias à Colômbia em pleno campeonato. Algum mais de que não me recorde?
Por último, curiosamente ou talvez não, nos fiascos totais encontramos três jogadores que passaram pela formação de Alcochete, forçosamente velhos conhecidos de Varandas e Viana. Não foi preciso scouting nenhum para chegar até eles. Isso não justifica os erros cometidos mas explica alguma coisa. Se calhar, e no que às contratações diz respeito, ser Sportinguista e/ou ter passado por Alcochete não garante coisa nenhuma.
É fundamental planificar desde já a próxima época. Rúben Amorim está a trabalhar nesse sentido, até no plano táctico - como ficou patente no modo como dispôs a equipa num inédito (para ele) 4-4-2 no quarto de hora final do jogo em Paços de Ferreira.
Bom sinal? Seguramente. Para mim, sem sombra de dúvida.
Falta o mais importante: saber quem fica e quem sai do actual plantel. O treinador já exigiu três reforços a Frederico Varandas: um lateral direito (Bellerín não permanecerá em Alvalade), um médio ofensivo e um avançado.
Suprindo assim lacunas óbvias no núcleo de jogadores titulares.
Entre as incógnitas que subsistem, destacam-se as possíveis saídas de Ugarte (cobiçado pelo Liverpool) e Nuno Santos.
Se assim for, o caderno reivindicativo do técnico leonino amplia-se: precisará também de um novo médio defensivo e de um novo ala esquerdo.
Veremos o que acontece. Para já, confirma-se algo já esperado: Rúben está consciente de que houve erros de planificação da época prestes a terminar. Erros de quantidade (o plantel era demasiado curto) e de qualidade (houve posições fundamentais que ficaram desguarnecidas com as saídas de Sarabia, Palhinha, Matheus Nunes e Tabata, além da lesão prolongada de Daniel Bragança).
Sinal positivo, pois. Gosto de ver o copo meio cheio. E é mesmo assim que o encaro.
Gostava muito que Rúben Amorim ficasse no Sporting pelo menos mais uma temporada - e que essa temporada fosse coroada de êxito.
Para tanto, a época tem de começar a ser muito mais bem preparada do que a anterior. Caso contrário o cenário desta que ainda decorre tende a repetir-se.
Recordo que em relação à época anterior perdemos quase de imediato cinco jogadores, todos acima da média: Sarabia, Palhinha, Daniel Bragança, Tabata e Matheus Nunes. Por motivos diferentes, é certo. Mas foi excessivo.
Dos que vieram, só Morita e Diomande (este já em Janeiro) podem ser considerados verdadeiros reforços. St. Juste já vai na quinta lesão e Arthur tem jogado pouco.
Claramente insuficiente. Há que fazer mudanças, quanto mais cedo melhor.
É uma frase atríbuída a Luís Duque, na altura um presidente da SAD diferente do presidente do clube em vez do que acontece actualmente, para dar conta da sua insatisfação perante o que encontrou no plantel, muito devido às mudanças sucessivas de treinador, de entendimento sobre o tipo de jogadores necessário e dos fracassos nos jogos e nas épocas. Um conjunto de entulho que importava despachar, e ir contratar craques ou pseudo-craques fosse onde fosse.
Bom, se fosse eu amanhã na SAD em vez de Hugo Viana a última coisa que diria era isso. Para mim não existe entulho no actual plantel do Sporting como existiu em anos recentes. Todos os jogadores "feitos" tiveram minutos e mostraram as suas capacidades e a sua utilidade. Depois temos um conjunto de jogadores "a fazer-se", de grande potencial mas ainda de inferior desempenho, o futuro dirá da sua evolução.
O que falta no futebol de Sporting e que terá de ser devidamente acautelado na definição do plantel da próxima época é o equilíbrio interno e o peso na balança. Imaginem uma balança com dois pratos, dum lado com os objectivos da época, conquista da Liga, acesso à Champions, conquista das Taças, a força da concorrência, e do outro Rúben Amorim e o seu plantel. Com certeza não será com a equipa B reforçada com Adán, Coates, Neto, Esgaio e Paulinho que teremos a balança nivelada.
Saindo ou não Ugarte, saindo ou não Edwards, saindo ou não um ou outro, é preciso fazer um exercício sério de definição de dois jogadores de valor tanto quanto possível idêntico por posição, com jovens "sombra" para evoluir na retaguarda, e também de definição de um valor mínimo de peso e altura do plantel.
Para este novo Sporting de Amorim, e sem ele voltaríamos para trás vários anos, jogadores do tipo de Diomande, de Essugo, de Tanlongo ou de Chermiti são fundamentais: altos, fortes, massacrantes para os adversários. Poderão dizer que ainda não conseguem ser nada disso, mas a ideia está lá, o físico e a idade também, e os anos de carreira farão o resto de acordo com as capacidades de cada um.
Vamos então imaginar que Ugarte e Edwards sairiam mesmo.
Na baliza, Adán, Israel e Callai garantiriam a época, com uma rotação maior do que a deste ano.
Na defesa, Arthur, St.Juste, Diomande, Neto, Coates, Inácio, Matheus Reis, Nuno Santos também, com Marsà e Muniz na retaguarda. Se calhar St.Juste é melhor ala direito do que defesa central pela direita. Arthur precisa de rotinas na posição.
Na linha média, um 6 tipo Musrati a contratar, um 8 tipo Matheus Nunes a contratar, Tanlongo e Morita, com Essugo e Diogo Abreu na retaguarda.
Nos interiores, um craque como Sarabia a contratar, que garanta golos e assistências, um bulldozer tipo Marega a contratar, Pedro Gonçalves, Fatawu e Tiago Tomás, com Afonso Moreira e Diogo Cabral na retaguarda.
Nos pontas de lança, um 9 tipo Bas Dost a contratar, Paulinho e Chermiti, com Rodrigo Ribeiro na retaguarda.
Fora desta lista ficam Bellerín, Esgaio, Daniel Bragança, Mateus Fernandes, Nazinho, Chico Lamba, Gonçalo Esteves, Jovane, Rochinha, Trincão, Sotiris, Quaresma, Rafael Veiga e Catamo. Jogadores que já alinharam pela A ou andaram perto. Gosto de todos e é mesmo difícil dizer mal de jogadores nados e criados em Alcochete. Mas uns precisam de "estrada", outros passaram ao lado da sorte, alguns falhos de intensidade competitiva, outros sempre a tentar fazer a festa sozinhos. Não vejo em nenhum deles, no momento, para o futuro próximo do Sporting.
Poderão dizer: Amorim gosta duns e não gosta doutros. Mas a verdade é que alguns de quem ele gosta não conseguem desempenho, pelo menos constante, e alguns que conseguem desempenho não se percebe porque não gosta.
Talvez o que esteja a faltar seja alguém ao lado dele mais velho e experiente e que faça de advogado do diabo. Recordo-me de que o adjunto de Paulo Bento foi Carlos Pereira, o pendular defesa-esquerdo da magnífica equipa de Mário Lino que conquistou a dobradinha no ano da revolução de Abril, e não por acaso irmão do mestre Aurélio Pereira.
Mas não é agora que isso vai acontecer.
Outra questão é a equipa B. Se calhar faria sentido acabar pura e simplesmente com a equipa de sub23, criada por uma decisão infeliz do ex-presidente a reboque do seu amigo Proença. O Porto nunca a teve, o V.Guimarães acabou agora com ela.
É também preciso garantir para a B um plantel fixo e um modelo de jogo idêntico à da primeira equipa. Desta forma não seria difícil lutar pela subida à 2.ª Liga em vez de andarmos a lutar pela manutenção na 3.ª.
Eu conheço alguém que também está desiludido. Com os jogadores.
Conheço o Manuel, que ganha o ordenado mínimo e rouba um pouco do seu ordenado miserável para pagar as quotas e a GB mais baratinha, porque o seu único vício é o Sporting e todas as vezes que vai a Alvalade, salvo raras excepções, sai de lá a pensar que esse dinheiro seria mais bem empregue num belo jantar com a família num restaurante baratinho lá do bairro;
A Rita, que veio de Angola para se licenciar e pôde finalmente passar a assistir aos jogos do seu clube do coração. Como estuda com uma bolsa e o dinheiro é pouco, fez-se sócia de uma claque, mas está triste porque é revistada jogo sim, jogo sim, como se fosse um guerrilheiro do MPLA nos anos 1960 e vista como uma perigosa agitadora;
O António, com um bom emprego e sem dificuldades financeiras, que está na bancada A, é sócio desde que se lembra de ser gente e não falha um jogo e que apesar de tudo acha que os bilhetes em geral são demasiado caros para o espectáculo apresentado;
A Margarida, que gosta de ver o Sporting e que conta com a boa vontade e o sportinguismo do avô para comprar os bilhetes para ir espaçadamente a Alvalade, que quer rapidamente ser independente e fazer-se sócia e comprar uma entrada anual, mas que vem de lá sempre cabisbaixa com as paupérrimas exibições a que tem assistido e pensa seriamente se há-de dar esse passo tão ansiado;
O João, empresário e Sportinguista que faz um esforço para manter dois lugares de camarote que vai dividindo com um cliente a cada jogo e que de há tempos a esta parte deixou de ter companhia e ele sabe bem porquê e está ele próprio a pensar desistir de ir ao estádio e de manter os dois lugares, que a pequena empresa está também ela a passar por dificuldades e o entusiasmo com o jogo praticado começa a desvanecer-se;
E provavelmente mais de 95% dos sócios que ainda vão pagando as quotas está desiludido com o desempenho da equipa. E com o desempenho da direcção que tem uma política de preços e de comunicação que está completamente divorciada dos sócios, dos adeptos e dos núcleos, pois o João, que vem de Castelo Branco fazer 500 km e o Francisco que vem de Faro e que faz 600 e a Joana que vem com a Claudia de Braga e faz as mesmas centenas de km que os seus consócios, poderiam ter um incentivo para virem mais vezes, mas como gastam uma fortuna nas deslocações e nas entradas, vão deixar de vir. Dizem eles todos que os bilhetes para os núcleos, deveriam ter em atenção os sportinguistas de mais longe e os custos associados às viagens. E quem não concorda?
Como consequência disto tudo, o estádio vai estando às moscas. Nem com o Porto, num jogo que nos poderia deixar mais confortáveis no ataque ao acesso à liga dos campeões, o estádio encheu.
Alguém um dia, adaptando JF Kennedy, disse que os adeptos deverão perguntar o que deverão fazer pelo Sporting e não o que o Sporting deve fazer por eles e eu não poderia estar mais de acordo.
Mas querem mais exemplos do que os adeptos fazem pelo seu clube do que os que vos dei acima? Desde quem tem uma vida desafogada a quem faz enormes sacrifícios? Multipliquem os Manuéis e as Joanas por milhares.
E depois, depois temos as prima-donas, que são pagos a peso de ouro, que não jogam um carapau, que pouco fazem pelo seu clube e que não entusiasmam os adeptos, que estão desiludidos connosco, dizem, assim a modos que a meterem o carro à frente dos bois. Pergunta de "caracacá": O que têm feito eles este ano pelo nosso clube?
Pepe no FCP-Brugge (0-4): «noite de desastre» no Dragão, segundo O Jogo
Há 15 dias, precisamente, perguntei aqui aos leitores - em jeito de óbvia provocação - que jogadores do FC Porto gostariam de ter no Sporting.
Eis algumas respostas recolhidas, que agora recordo sem comentários adicionais:
«Todos.»
«Diogo Costa, Pepê, Otávio e Evanilson.»
«Toni Martínez no lugar do Paulinho.»
«São tantos que se tornaria exaustivo referir todos. Nesse sentido, vou referir aqueles que acho que entrariam no onze titular, ou seja, Diogo Costa, Pepe, Zaidu, Uribe, Otávio e Edmilson ou Tony Martínez.»
«Qualquer ponta-de-lança deles tinha lugar no Sporting.»
«Otávio para o lugar do Matheus Nunes, Evanilson para o lugar do Paulinho.»
«Diogo Costa, um excelente guarda-redes. Uribe para o nosso carenciado meio-campo. Toni Martínez para o ataque.»
«O Pepê é mesmo um belo jogador, o melhor do Porto. Para ser titular no SCP, só mesmo ele e o Uribe.»
«Diogo Costa, Uribe e Evanilson. (...) Creio que estes jogadores supriam lacunas no nosso plantel actual!»
«Se fizermos o exercício ao contrário, Porro, Matheus Reis e Pedro Gonçalves são os únicos que entram de caras no 11 do FCP.»
«Nenhum Sr. Pedro Correia, nenhum Sr. grande mestre do blog. Ai de quem se atreva a responder com nomes a esta inocente pergunta. Leva logo um correctivo que é para aprender. É claro que nenhum dos jogadores do Porto pode ser superior aos do nosso grande Sporting ou teria a mais mínima possibilidade de entrar no nosso melhor onze. Aquele frangueiro do Costa, aquele molinho do Uribe, aquele brinca na areia do Otávio ou aquele cabeça de pepino do Martinez que mete um golo cada vez que entra. Nunca na vida. O facto de eles nos terem enfiado 3 batatas é só porque nós deixámos. Foi para dar um pouco de animação ao campeonato. Assim, com o Sporting a 8 pontos da liderança a partir desta noite, os outros distraem-se e há grandes probabilidades de ganharmos o campeonato. Principalmente se contratarmos mais um extremo ao Estoril.»
Enfim, limito-me a questionar os mesmos se duas semanas depois - e após o FCP ter sido humilhado pelo Brugge no Dragão, sofrendo goleada 0-4 - continuam a pensar tão bem do plantel portista e tão mal do plantel leonino.
Já comecei este post há tanto tempo que algumas frases já foram por mim utilizadas no blogue entretanto, mas repito-as aqui em benefício da ideia que vou tentar expressar:
Parece que ainda foi ontem que Rúben Amorim chegou ao Sporting, numa aposta de altíssimo risco do presidente Frederico Varandas, com direito a uma manifestação à porta do estádio a "saudar" a sua vinda e com um dos ambientes mais crispados de que me lembro nas bancadas de Alvalade.
E no entanto entrámos já na 4.ª época de Rúben Amorim como treinador do nosso clube, depois dum errático Silas e dum menosprezado Keizer, a segunda após ter sido campeão nacional, coisa de que nem Bölöni, nem Inácio, nem Malcolm Allison, nem Fernando Mendes, nem Mário Lino se puderam orgulhar. O Sporting realmente tem sido um clube marcado pela ingratidão e demonstrado uma enorme dificuldade de conviver com o próprio sucesso.
Com um título de campeão nacional, duas taças da Liga, uma Supertaça e uma passagem aos oitavos de final da Champions, e mesmo no contexto duma competição interna viciada pelo poder mafioso do norte, Rúben Amorim já ganhou mais do que qualquer outro treinador desde que comecei a frequentar as bancadas de Alvalade, e só mesmo algum ignorante ou ressabiado poderá dizer que ele não reúne condições para ganhar bastante mais.
E ganhou com um modelo de jogo assente no 3-4-3 que implantou desde o dia que chegou e do qual não abdica, e um plantel assente em princípios bem definidos, como sejam a liderança de balneário, o compromisso e a atitude em campo e fora dele, a força da juventude, a ligação à formação, mas ganhou também na potenciação da qualidade individual e colectiva dos jogadores.
A época não começou da melhor forma. As lesões em elementos chave sucederam-se, são já duas derrotas e um empate em cinco jogos na Liga, o melhor médio - Matheus Nunes - saiu entretanto por uma oferta irrecusável dum clube inglês, o mercado fechou sem reforços dignos desse nome, e vamos entrar na Champions num grupo muito equilibrado e que nos pode pôr facilmente fora das competições europeias na segunda metade da época.
Tempo para fazer uma análise sucinta do nosso plantel, sempre tentando ir de encontro às ideias de Rúben Amorim e nunca tentando encontrar aquilo que ele não pretende. Porque antes de comentar o plantel teria de comentar o treinador e talvez sugerir um Jorge Jesus qualquer para pôr a equipa a jogar o triplo, pelo menos quando o vento não sopra mais forte e a chuva não resolve cair.
Então é assim:
Sempre ouvi dizer que a receita para um bom plantel é assegurar dois jogadores de valor idêntico por posição, complementando depois com "jokers" (jogadores que podem ser tremendamente importantes em momentos específicos) e estagiários. Dificilmente algum jogador será totalista durante a temporada, as lesões e os castigos irão forçosamente aparecer, as baixas de rendimento também, então importa que quem entre consiga igualar ou suplantar quem sai, mesmo no próprio jogo essa questão se coloca.
Por outro lado importa que o plantel esteja bem distribuido do ponto de vista físico, com o peso e a altura a serem determinantes em certas posições, de forma a poder dispor duma forte presença física nas duas áreas de rigor.
Vou então analisar o plantel desse ponto de vista:
Guarda-Redes - Antonio Adán (35, 1,90m, 2,5M€) / Franco Israel (22, 1,90m, 1M€) e... André Paulo (25, 1,88m, 0,1M€), Diego Callai (18, 1,90m, -M€)
Se é senso comum que um guarda-redes está lá é para defender, no modelo de Amorim tem de fazer algo mais, desde logo coordenar o processo de sair a jogar, sabendo onde e quando colocar a bola perto ou longe. Nem todos conseguem.
Se primeiro pensava que enquanto existisse Adán estávamos bem, depois lesionou-se e surgiu um Israel a dar óptimas indicações, depois ele regressou... muito mal, e agora já nem dá para perceber se o problema é o Adán como titular ou o Israel como suplente.
André Paulo completa o trio base e assegura que Callai tem tempo para crescer e amadurecer jogando pela equipa B.
No modelo de Amorim, existe uma "troika" de defesas em linha que além das tarefas óbvias tem como linhas de orientação o controlo da profundidade a defender provocando o fora de jogo contrário e a atracção dos avançados contrários à pressão na construção libertando espaço livre no meio-campo contrário onde o processo ofensivo se pode iniciar.
Se é verdade que quaisquer 3 destes 5 jogadores nucleares podem constituir a tal "troika" , também o é que o lugar de comando está no meio, e esse é o lugar de Coates. Já por lá passaram outros, como Gonçalo Inácio e até Marsà, mas não é a mesma coisa, talvez fizesse sentido contratar mais um central com essas características e que pudesse actuar também como trinco.
Pelo menos era isso que pensava até ver na B um Marsà muito mais assertivo relativamente ao que era na época passada e um Alcantar com uns pezinhos de encantar. Sendo assim, parece-me que não será por aqui que teremos problemas, desde que os mais velhos, Coates e Neto, estejam ao melhor nível.
St. Juste já se percebeu que se encaixa como uma luva na ideia de jogo de Amorim, precisará apenas de confiança a nível físico depois de muito tempo para estar no seu melhor.
Alas Direitos - Pedro Porro (22, 1,76m, 25M€) / Ricardo Esgaio (29, 1,73m, 5M€)
Os alas são os corredores de fundo do modelo Amorim, descendo para cobrir o flanco, posicionando-se bem colados à linha para terem espaço e tempo para embalar e tabelar e cruzar. Por isso mesmo raramente o Sporting começa e acaba o jogo com os alas com que começou.
Aqui diria que poderíamos ter uma ala direita de luxo se não fosse a apetência de Porro pelas lesões e a dificuldade que Esgaio demonstra, talvez por não ter a continuidade de utilização necessária, de voltar ao nível que atingiu no Braga. Porro em forma é uma coisa, trata-se dum potencial titular da selecção espanhola, o resto é o resto.
Alas Esquerdos - Matheus Reis (26, 1,83m, 4M€) / Nuno Santos (26, 1,76m, 7M€) e... Nazinho (18, 1,80m, 0,5M€)
Depois do sucesso de Nuno Mendes e do fracasso de Rúben Vinagre, quer Matheus Reis quer Nuno Santos podem assegurar o lugar, com um a defender melhor e o outro a atacar melhor, dependerá do adversário jogar um ou outro. Mas curiosamente os dois combinam muito bem, e com Matheus Reis na defesa e Nuno Santos na ala existem movimentos e trocas de posição interessantes que desequilibram os adversários.
Quanto aos "estagiários", Fatawu parece não ser aposta de Amorim para o lugar e percebe-se porquê: ele quer mesmo é entrar e partir aquilo tudo Resta Nazinho, que também vi pela B muito concentrado na posição, no fundo bastante mais jogador do que era na época passada.
No modelo de Amorim os dois médios centros têm uma tarefa deveras exigente, estando quase sempre em desvantagem numérica na zona de terreno onde actuam. Têm como grandes preocupações desarmar sem falta o mais à frente possível, a progressão pelo centro com a bola dominada e a variação oportuna de flanco, solicitando o ala respectivo. Normalmente um deles é mais posicional, sendo o tal "6", outro mais projectado no terreno, o tal "8", mas podendo trocar de papéis durante o jogo caso as características de cada um o permitam.
Daniel Bragança, com toda a pena da nação Sportinguista, deve ter perdido a época, poderá até jogar aqui e ali, mas tem é de recuperar fisica e psicologicamente para a próxima.
Sotiris parece ser mais um projecto de jogador que um jogador feito como era Matheus Nunes. Pedro Gonçalves a médio é um desperdício. Os dois miúdos estão por demais "verdes", ficam Ugarte e Morita a aguentar o sector para toda uma época. Com isso, e com Ugarte a ver um amarelo por jogo, os problemas estão garantidos.
O plano básico de ataque de Amorim lembra o andebol. Dois alas projectados (pontas), dois interiores (laterais) e um ponta de lança (pivot), em que o ponta de lança arrasta os defesas e cria condições para os interiores rematarem ao golo. Assim, os interiores são avançados a jogar de pé contrário ocupando posições interiores para ter facilidade de inflectir para o centro e rematar. E são eles que mais golos marcam, qualquer que seja o ponta de lança de serviço. Na primeira época foi Pedro Gonçalves, na segunda Sarabia, nesta já estão o mesmo Pedro Gonçalves e Edwards à frente da lista dos melhores marcadores do Sporting. E agora, na lesão de Paulinho, Amorim colocou em prática o plano B, sem pivot, com um tridente ofensivo de interiores em permanente troca de posições.
Então estamos a falar basicamente de sete jogadores para duas ou três posições, já sem falar em Nuno Santos. Poderá parecer um exagero, mas é preciso recordar que em cada jogo cinco ou seis destes entram em campo, é talvez a posição mais desgastante, pelo que o número não se pode considerar exagerado, especialmente quando são jogadores de características bem diferentes uns dos outros, como é o caso.
No modelo de Amorim o ponta de lança tem de ser o tal "canivete suíço". Além de ter movimentos de ataque à bola de ponta de lança e do servço de arrasto para os interiores, tem de ser o primeiro defensor, recuando no terreno e impedindo a circulação da bola pelo trinco contrário. E ainda servir de referência no possível passe longo vindo do guarda-redes. Enfim, será tudo menos um Jardel.
Muitos jogadores Amorim já testou na posição sem sucesso, como Sporar, Jovane e Tiago Tomás. Por isso o veio Paulinho e o melhor futebol do Sporting na época passada foi com ele a fazer bem a função. Rodrigo Ribeiro está a aprender a função, mas... tem 17 anos.
Mas há jogos e momentos em que esta ideia de ponta de lança não é a mais adequada. É preciso alguém mais massacrante para os defesas e mortífero frente à baliza, forte no jogo aéreo para ser uma referência fácil para os centros dos alas e Paulinho decididamente não tem essas características, como tinha Slimani, por exemplo, ou como poderá vir a ter Chermiti. Quanto a Rodrigo, ainda não tenho ideia definida sobre o rapaz, talvez nem ele próprio saiba ainda onde poderá render mais de acordo com as suas características. Mas ponta de lança clássico não me parece.
Concluindo:
Na época passada, por esta altura, tínhamos perdido um titular importante, João Mário, ninguém sabia quem era Sarabia, Nuno Mendes já tinha ido também, Matheus Nunes pouco tinha jogado na época anterior, Bragança vinha duma exibição péssima na Luz, Ugarte era uma incógnita, Matheus Reis parecia uma barata tonta, Jovane e Tiago Tomás entraram muito mal na temporada. Depois foi o que se viu, o bom e o mau.
E agora?
Sem Palhinha e Slimani, começa por ser um plantel com deficit acentuado de peso e altura no eixo central, pelo menos no que aos titulares diz respeito. Porque quando olhamos aos mais novos, Marsà, Alcantar, Sotiris, Essugo, Chermiti, Rodrigo Ribeiro, pelo menos essa altura está assegurada.
Depois porque depende muitissimo de alguns jogadores muito experientes que obrigatoriamente acusam o peso dos anos, como Adán e Coates, mesmo Neto e Esgaio noutro patamar, não estão a ser o que já foram.
Além disso parece existir muita qualidade mas falta a tal qualidade-extra do meio campo para a frente, um ponta de lança que só por si resolva jogos, um comandante no meio-campo. Aquilo que transforma uma boa equipa numa grande equipa, aquilo que faz a diferença.
Podia a equipa ter-se reforçado com esse tipo de jogadores no mercado que agora findou? Podia.
E porque não fez isso?
Vendo de longe, e aguardando o momento de saber mais, não foi de todo pela vontade de Rúben Amorim, valores mais altos se levantaram e que como sócios temos de respeitar porque ter ao mesmo tempo sol na eira e chuva no nabal é coisa que apenas existe na mente dalguns pobres de espírito.
Nada menos de 34 jogadores saíram da folha de pagamentos do clube, apenas 7 reforços externos para a equipa A.
(Parágrafo corrigido de acordo com a fonte) Segundo A Bola de hoje, o Sporting registou em vendas 80M€, em compras 42M€. Mas 18,5€ são valores resultantes de alugueres com opção de compra de anos anteriores. Por isso, e no que neste mercado diz respeito, foram vendas 83,5 M€ e compras 23,5M€. O FCPorto registou em vendas 83,5M€ e compras 49,25M€, dos quais 13,5M€ referentes a alugueres anteriores. O Benfica vendas 128,3M€ e compras 63,3M€, tudo jogadores entrados agora.
Trata-se mesmo de um grande apertar do cinto no Sporting, seguramente com reflexo directo nas contas da SAD, que iremos conhecer a seu tempo.
Entradas para o plantel A:
1. Hidemasa Morita (27) - Sta Clara
2. Rochinha (27) - V.Guimarães
3. Eduardo Henrique (26) - Regressado de empréstimo
4. Jeremiah St Juste (25) - Mainz
5. Arthur Gomes (24) - Estoril
6. Jovane Cabral (23) - Regressado de emprestimo ao Lazio
7. Francisco Trincão (22) - Barcelona
8. Sotiris Alexandropoulos (20) - Panathinaikos
9. Fatawu Issahaku (18) - Gana
Entradas para os outros planteis:
1. Carlos Jatobá (26)
2. Marco Túlio (23)
3. Diogo Abreu (19) - Porto
4. Tiago Parente (19) - Estoril
5. Diogo Nascimento (18) - Alverca
6. Fatawu Issahaku (18) - Gana
7. Jesús Alcántar (18) - México
8. Francisco Canário (18) - V.Guimarães
9. Papuna Beruashvili (18) - Georgia
10. Joelson Fernandes (18) - Regressado do Basileia
11. Gabriel Tavares (17) - Estoril
12. Adam Arvelo (17) - Real Madrid
13. Lucas Taibo (16) - Desp. Corunha
14. Diogo Martins (15) - Benfica
Empréstimos sem opção de compra:
1. Tiago Ilori (28) - Paços de Ferreira
2. Idrissa Doumbia (23) - Analyasport
3. Geny Catamo (21) - V.Guimarães
4. Gonçalo Esteves (18) - Estoril
5. Alex Mendes (19) - Almeria
Empréstimos com opção de compra que podem conduzir a saídas definitivas:
No papel, as alterações introduzidas no plantel do Sporting foram previstas a tempo e horas.
Palhinha queria sair para o futebol inglês, onde já está a fazer boa carreira, com Marco Silva no Fulham. Teve oportunidade de passar o testemunho a Ugarte, novo titular da posição 6. Aliás alternaram ambos nesse lugar durante a época passada. Com elogios generalizados dos adeptos.
Até se escreveu aqui uma vez e outra, com evidente exagero, que o uruguaio era superior ao português.
Feddal saiu, mas chegou St. Juste. A tempo de ganhar rotinas para a nova época, o que só não aconteceu por súbita lesão.
Sarabia, que esteve por empréstimo, regressou ao Paris Saint-Germain. Ausência muito difícil de colmatar. Veio Trincão, o sucessor possível.
Paulinho viu chegar um concorrente directo, no início de Fevereiro. Era Slimani.
Sinal evidente de que a "estrutura" havia diagnosticado ali um problema.
Que Ugarte esteja agora sem substituto, que Morita ainda não pareça rotinado numa posição que o próprio Matheus só um ano depois de chegar ao Sporting assumiu como titular e que Slimani tenha entrado em ruptura com o treinador são questões relevantes, uma das quais imprevista, mas não retiram acerto ao planeamento leonino.
Algumas serão resolvidas com o tempo (Morita, creio, é mesmo reforço).
Outras exigem ida ao mercado. Foi o que justificou a vinda do jovem grego Sotiris Alexandropoulos, agora contratado, que preenche a ausência de Daniel Bragança, infeliz lesionado de longa duração. Pouco antes chegara Rochinha, capitão do V. Guimarães, para compensar a saída de Tabata, que rumou ao Palmeiras, onde tem um salário três vezes superior ao que recebia no Sporting.
Entretanto, há um dado factual que convém reter: todas as contratações continuam a ser indicadas ou avalizadas pelo treinador. Que também exerce um veto informal a possíveis jogadores sinalizados pela estrutura directiva que não sejam do seu agrado. Terá acontecido com André Almeida, que acaba de trocar o V. Guimarães pelo Valência, rendendo 7,5 milhões de euros ao clube minhoto.
Bom jogador? Sem dúvida.
Valeria a pena insistir nele sem o aval do técnico? Não.
Se Amorim não gosta deste ou daquele, ninguém deverá contrariá-lo. É algo que não faria sentido. Até porque terá recebido carta branca para escolher jogadores, dentro do tecto orçamental definido pelo administrador financeiro.
A excepção foi Slimani, precisamente. E correu mal.
Se o treinador prefere ter Paulinho como opção A e Coates como opção B, na posição de ponta-de-lança, aí talvez o cenário se complique. Porque esse é precisamente o lugar que mais temos urgência em preencher. Sem matador não há golos, sem golos não há vitórias, sem vitórias não há pontos, sem pontos não há títulos. E sem títulos quedamo-nos à porta da glória, impedidos de entrar.
Desde ontem faltam-nos dois reforços no meio-campo.
No fundo, Morita veio substituir Daniel Bragança, que só regressa à competição em 2023.
Trincão de algum modo substitui Sarabia.
Rochinha é uma alternativa a Tabata, também já fora de Alvalade.
Falta, portanto, ainda um sucessor para Palhinha como médio defensivo e agora outro para Matheus Nunes como médio de construção e desequilibrador nato numa zona crucial do terreno.
Estas duas vagas terão de ser colmatadas até ao fim do mês.
ADENDA: Um comentador muito próximo da SAD leonina, num canal de televisão, dava ontem à noite quase como certa a vinda de Musrati, adiantando que também Ricardo Horta pode chegar caso aborte a actual negociação entre o Braga e o Benfica.
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