Mundial de sub-20
Convocatórias e equipas encomendadas, dá nisto...
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Convocatórias e equipas encomendadas, dá nisto...
Golo de JUSKOWIAK
Sporting-Boavista, 3-1
10 de Abril de 1994, Estádio José Alvalade
O golo que escolhi é um golo de bicicleta do Juskowiak, em abril de 1994, um golo perfeito que nunca esqueci.
Juskowiak fez parte da equipa onde jogavam Figo, Balakov, Peixe, Valckx e Iordanov. Uma equipa que ganhou muito pouco para a qualidade que tinha, é um facto. Ficam boas (outras menos boas) memórias, como este jogo com o Boavista - o golo que escolhi é o 2º, pelo minuto 3'47, mas os outros dois também valem a pena. O Sporting ganhou 3-1, e com essa vitória passou para primeiro.
O golo: a bola passa por Paulo Sousa, Balakov, Figo que centra de carrinho, e Juskowiak finaliza de forma perfeita. É ver e rever.
Nessa altura ia ao estádio com amigos, não me lembro quem mais estava nesse dia, sei que o P. estava comigo. E sei porque assim que Juskowiak marcou o golo, o ouvi gritar: "BICICLETA!". Nos golos a bancada abria uma clareira: eu, uma ou outra amiga e pouca gente mais, ficávamos sozinhas lá em cima, o resto corria à grade e voltava. O P. fazia o mesmo. Desapareceu a seguir ao grito e quando voltou vinha afónico, ainda a celebrar, em delírio: "Bicicleta...! Bicicleta...!"
(Só encontrei um video - de muito má qualidade - com o golo, por isso publico o resumo do jogo todo. Não invalida que se escolha um dos outros golos para futuro post.)
Vou cometer um crime de lesa-pátria sportinguista, mas sempre que (re)vejo o Figo lembro-me do Peixe. O primeiro tem a história que se sabe, o segundo tem uma história de que poucos se lembram.
Peixe ingressou no Sporting ainda como iniciado e cedo foi notado o seu talento. Foi campeão europeu de juvenis em 1989 e campeão mundial de juniores dois anos depois. Contemporâneo de Figo, o seu estilo de jogo era inconfundível: a sua rapidez e visão do jogo tornavam-no polivalente dentro das quatro linhas, podendo jogar como médio ou defesa.
Lembro-me de o ver a jogar no Estádio. Nos anos 90 fez história no Sporting, sendo considerado um jogador incontornável na equipa. Tudo parecia correr de feição a Peixe, mas erros de análise do seu empresário, que impediu a renovação do contrato com o Sporting, levaram-no a Espanha, onde jogaria apenas uns meses. Em 1995, regressa a Alvalade, mas por pouco tempo. Desentendimentos com a Direcção levam-no para o FC Porto. Desentende-se também a norte, passa ainda pelo Alverca, emprestado, SLB e União de Leiria, mas as lesões e as sucessivas incompatibilidades nos clubes onde se encontrava colocam um ponto final na sua carreira, aos 31 anos. Já ninguém se lembrava dele.
Inversamente, Figo foi construindo o seu percurso como jogador e fez-se um dos melhores do mundo. O Sporting não conseguiu segurá-lo e torna-se a nova coqueluche do Camp Nou, em 1995. Cinco anos mais tarde, o Barcelona não lhe perdoa a traição de ir para o Real Madrid. De Espanha ruma a Itália, terminando a sua brilhante carreira no Inter de Milão.
Figo e Peixe. Dois sportinguistas com percursos tão diferentes. Cada um à sua medida e proporção, duas faces da mesma moeda. Pesando cada uma das palavras que vou dizer a seguir, o que aconteceu ao Figo poderia ter sucedido ao Peixe. Ou vice-versa. A história é feita dos vencedores, mas também aqui, às vezes, é bom lembrar os vencidos, que em campo e com a nossa camisola verde e branca nos deram muitas alegrias. É, naturalmente, a ambos que dedico esta crónica.
* Artigo publicado na edição de hoje do Jornal do Sporting
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