Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

És a nossa Fé!

Uma excursão aos arredores do Colombo

Screenshot_2024-09-04-13-29-04-580-edit_com.androi

Dois pardais dentro do ninho, um coração, uma seta, os pardais somos nós dois, não te esqueças de mim.

33.jpeg

Esqueceu-se, Pedro.

Esqueceu-se de ti, aliás esqueceu-se de nós, sportinguistas. Levou o Gonçalo e eu, na altura, escrevi aqui aquilo que Gonçalo devia ter feito, "onde vai um, vão todos"; "onde não vão Quenda, Gonçalves e Trincão não vai nenhum irmão".

Gonçalo Inácio fez mal, tal como Rui Patrício, por exemplo, sabiam que não iam jogar, que seriam descartados, não aceitavam.

Deixavam a selecção para os Diogos, para os Pepes, para os espalha-brasas, para os Tóinos Silva, para os mini Neves, para os sauditas e para outros "felixardos".

Não o fizeram, aí em cima estão o nome dos fracassados na visita de estudo à Alemanha.

Screenshot_2024-09-04-10-38-36-817-edit_com.androi

Aqui estão o nome dos contemplados na próxima excursão.

Há um parque infantil, em Lisboa, que é conhecido como o parque do careca (uma croissanteria famosa em Belém/Restelo), foi desse parque que me lembrei quando saiu esta convocatória.

Um careca à porta do parque com um chupa-chupa a aliciar um menor, "podes vir comigo?", "posso? posso levar os meus amigos Gonçalo, Francisco e Pedro?" "podes, podem vir todos, o Gonçalo já foi comigo à Alemanha".

Parece uma conversa degradante, não é?

É tão degradante como estas convocatórias e, infelizmente, o Sporting Clube de Portugal não tomou nenhuma atitude firme e inequívoca sobre elas.

A Federação Portuguesa de Futebol e o senhor Roberto não podem andar à rédea solta, não podem fazer o que querem, sem contraditório, sem terem de justificar os erros que cometem.

Na convocatória para a Alemanha foram convocados seis jogadores do campeonato português, só um do Sporting. Agora com os mesmos seis provenientes do nosso campeonato, quatro são do clube que perdeu a Taça e a Supertaça, qual é o critério?

Quem cala, consente. O Sporting Clube de Portugal não devia calar nem consentir.

Banda sonora: "Visita de estudo", António Zambujo 

Primeira goleada, já no comando da Liga

Nacional, 1 - Sporting, 6

transferir.webp

Trincão, momentos após marcar o quarto golo, muito cumprimentado pelos companheiros

Foto: Homem de Gouveia / Lusa

 

Poucos previam que pudesse ser tão fácil. Muito mais do que em Janeiro de 2021, quando nos deslocámos à Choupana e arrancámos lá, a ferros, uma vitória esforçada mas mais do que merecida em inesquecível noite de vendaval. Depois o Nacional baixou de divisão, andou três épocas no escalão secundário. Regressa agora, com o estatuto de campeão da Liga 2 e sete reforços no plantel, o que não parece ter empolgado os seus adeptos: abundavam as clareiras no estádio onde o Sporting fez anteontem a sua primeira deslocação fora de portas neste campeonato.

Havia receios sobre a prestação leonina por parte dos pessimistas do costume. Eram infundados, como se viu. Numa primeira parte que dominámos sem discussão entre os minutos 5 e 35, tendo recuperado a supremacia após quatro minutos vacilantes. E sobretudo ao longo de todo o segundo tempo, em que marcámos quatro golos e podíamos ter concretizado outros tantos. Desfecho: primeira goleada da época, por 6-1. E já o comando da Liga 2024/2025, logo à segunda jornada.

 

Rúben Amorim, numa adaptação ao seu modelo habitual, deu instruções aos alas para actuarem sobretudo como extremos - Geny à esquerda, Quenda à direita. O que alargava a nossa frente de ataque, à semelhança dum rolo compressor. Com Gyökeres no meio do ataque enquanto Pedro Gonçalves e Trincão preenchiam os espaços, abrindo linhas de passe e desgastando o bloco defensivo adversário.

Neste modelo que anda a ser posto em prática com sucesso, Gonçalo Inácio acorria com frequência a dobrar o companheiro da ala esquerda e Eduardo Quaresma fazia o mesmo no flanco oposto, compensando os adiantamentos. No duelo do meio-campo, com Morten ausente por lesão, Morita e Daniel Bragança deram conta do recado. Com o internacional japonês a desdobrar-se também em movimentos de recuo, reforçando os companheiros da defesa.

 

Resultou. E de que maneira. 

Pedro Gonçalves, numa jogada individual que o confirma como o melhor português da actual equipa leonina, fez uma exibição fulgurante de virtuosismo técnico ao inventar o nosso primeiro golo. Estavam decorridos 16': o transmontano pegou nela, deixou cinco adversários pelo caminho e já em desequilíbrio ainda conseguiu dar-lhe o rumo certo, anichando-a no fundo das redes. Estava aberto o caminho para a vitória.

O Nacional tentou dar luta. E chegou a criar a ilusão de que isso seria possível quando empatou a partida num bom disparo a meia altura, aproveitando uma momentânea falha de cobertura do nosso corredor esquerdo. Mas os profetas da desgraça mal tiveram tempo de gritar «Eu não dizia?!» Pedro Gonçalves, novamente protagonista, criou um desequilíbrio e serviu Trincão: o minhoto estava marcado pelos centrais mas desembaraçou-se deles e fuzilou, em remate cruzado. Repondo a justiça no marcador e fixando o resultado ao intervalo: 2-1.

 

Depois só deu Sporting. Com Quenda a confirmar o seu talento muito acima da média: temos aqui um menino prodígio. Outro tesouro da Academia de Alcochete. Derrubado em falta quando fazia uma incursão para o centro, já dentro da área, possibilitou o nosso terceiro golo. Penálti concretizado aos 51' por Gyökeres: o craque sueco marcou-o de modo irrepreensível.

Adivinhava-se goleada. E aconteceu mesmo, em vertiginosa sucessão. Trincão finalizou sem problema, aos 57', após oferta de Geny. Daniel Bragança - com braçadeira de capitão - deu espectáculo ao receber de Pedro Gonçalves na meia-direita e serpentear entre a defesa contrária antes de fuzilar com nota artística aos 66'. E Gyökeres bisou também, aos 76', num disparo fortíssimo, isolado com passe vertical de Debast a merecer aplauso. O jovem defesa belga começa a dar nas vistas pelos melhores motivos.

 

Pela segunda época consecutiva, o Sporting emerge como vencedor nas duas jornadas inaugurais da Liga: é um bom auspício para o que vai seguir-se. Temos 12 golos marcados em três jogos oficiais - melhor marca ofensiva desde a temporada 1990/1991, mesmo sem termos contratado ainda o tal avançado grego que tanto se aguarda.

Rúben Amorim soma e segue: 216 jogos oficiais, 150 triunfos no seu currículo em Alvalade. O melhor do século, um dos melhores da história do nosso clube.

O Nacional, que vinha de 14 jogos sem perder, sofreu a maior derrota de sempre em casa. Talvez muitos dos seus adeptos adivinhassem, daí nem sequer terem optado por comparecer no estádio. Temos pena.

 

Breve análise dos jogadores:

Vladan - Boas defesas aos 31' e aos 47'. Talvez pudesse ter feito melhor no golo solitário que sofremos. 

Eduardo Quaresma - Atento e seguro: o melhor do trio de centrais. Espectacular corte de carrinho aos 30'.

Diomande - Algumas falhas de cobertura: não é Coates quem quer. Faltou-lhe velocidade no lance do golo.

Gonçalo Inácio - Central projectado na ala, influente na construção. Desposicionado no golo da turma madeirense.

Quenda - Excelente técnica, maturidade táctica. Cava o penálti que sentenciou o jogo. Quase marcou aos 24': bola roçou no poste.

Morita - Médio mais recuado, apoiou os centrais. Perdeu a bola aos 49': podia ter dado empate ao Nacional.

Daniel Bragança - Capitão, foi ele a gerir e organizar jogo no corredor central. Marcou um golaço - o nosso quinto.

Geny - Parece cada vez mais adaptado à ala esquerda. Recupera, domina e assiste no quarto golo leonino.

Trincão - Muito confiante. Estreia-se a marcar nesta nova época, e logo com um bis. Esteve quase a fazer outro golo, aos 74'.

Pedro Gonçalves - Marcou um, deu dois a marcar. Soma 80 golos e 54 assistências em quatro anos no Sporting. Cada vez mais influente, cada vez mais maduro. Melhor em campo.

Gyökeres - Também ele bisou. Primeiro de penálti, depois num fabuloso pontapé de meia distância. Em excelente forma.

Debast - Substituiu Eduardo aos 69'. Destacou-se ao assistir no sexto golo: pontapé vertical de 40 metros.

Dário - Entrou para o lugar de Morita aos 79'. Mostrou-se confortável no corredor central. Primeiros minutos da época.

Matheus Reis - Rendeu Geny aos 79'. Discreto, controlou ala esquerda. Sem sobressaltos.

Edwards - Substituiu Trincão aos 85'. Quase sem tempo para se mostrar: o resultado estava construído.

Fresneda - Entrou aos 85', rendendo Diomande, só para ganhar algum ritmo.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

Da goleada na Choupana. Segunda jornada da Liga 2024/2025, primeiro jogo do Sporting fora de casa. Contra o Nacional, mais de três anos depois. Não podia ter corrido melhor. Fomos lá vencer por 6-1, sem dar hipóteses ao adversário. Há cinco anos que, nesta condição de equipa visitante, não vencíamos no campeonato com pelo menos seis golos apontados - desde 5 de Maio de 2019, quando derrotámos B-SAD por 8-1.

 

Do nosso domínio indiscutível. Protagonizámos um festival de jogo ofensivo: a nossa equipa sempre confiante, motivada e com índices físicos dignos de registo contra o anterior campeão da Liga 2, que não perdia há 14 jogos e se reforçou com sete jogadores. Domínio absoluto registado mesmo sem Morten no onze, por lesão, e mesmo sem ter chegado ainda o anunciado reforço para a frente de ataque. 

 

De Pedro Gonçalves. Voltou a estar em foco: melhor em campo, justificadamente. Foi ele a marcar o primeiro golo, aos 16'. Grande golo, em que o trabalho foi todo dele, conduzindo sabiamente a bola, com súbitas alterações de velocidade e uma simulação, deixando cinco adversários pelo caminho. Fez ainda duas assistências. Para o segundo e o quinto. Atravessa um dos melhores períodos da sua carreira: quatro golos marcados em três jogos da temporada oficial. É imperdoável continuar fora das convocatórias da selecção.

 

De Gyökeres. Um dos obreiros desta goleada leonina. Incansável, sempre de olhos fitos na baliza. Marcou por duas vezes - aos 51', convertendo um penálti, e aos 76', fechando a contagem, numa bomba disparada pelo seu pé-canhão após fantástica arrancada com assistência milimétrica de Debast. Esteve a centímetros do tri, aos 87', quando recuperou a bola e rematou ao ferro. Pode festejar também por este motivo: foi a sua estreia como artilheiro na Madeira. Tem números galácticos, à nossa escala: já marcou 46 golos em 53 partidas de Leão ao peito.

 

De Quenda. Confirma-se: temos craque. Grande exibição como ala direito, encarregado sobretudo de missões ofensivas mas fechando sempre também o seu corredor em despique vitorioso com o lateral esquerdo adversário. Com pleno domínio técnico e notável maturidade táctica para um jovem de apenas 17 anos. Aos 49' protagonizou um lance dentro da grande área em que foi derrubado com toque ostensivo no pé de apoio. Daqui nasceria o nosso terceiro golo.

 

De Daniel Bragança. Com Morten ausente, coube-lhe ser o capitão e gerir a manobra ofensiva do Sporting. Sobretudo na primeira parte quase toda a acção atacante passou por ele, organizando, distribuindo com critério, promovendo variações de flanco. Cereja em cima do bolo: o espectacular golo que marcou. Foi o nosso quinto, aos 66': num espaço curto, conseguiu mudar duas vezes de pé e fazer uma decisiva finta de corpo sem se atemorizar com os três defesas que tinha pela frente, rematando com colocação e força. Golaço que premiou o seu excelente desempenho.

 

De Trincão. Inicialmente muito vigiado ao actuar nas costas de Gyökeres, foi-se libertando da marcação cerrada até exibir toda a qualidade do seu futebol. Estreou-se como artilheiro neste campeonato, e logo a bisar: o segundo golo, aos 40', num remate cruzado sem hipóteses para o guarda-redes, e o quarto, aos 57', encaminhando-a para as redes em posição frontal, saíram do seu pé canhoto. Com preciosas ajudas de Pedro Gonçalves e Geny, em qualquer dos casos. É assim que queremos vê-lo, de pé quente e com boa pontaria no remate. 

 

De ver quatro da nossa formação no onze inicial. Para alguns adeptos, isto nada conta. Não é o meu caso. Gostei que Rúben Amorim apostasse em Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Bragança e Quenda. E ainda entrou Dário, aos 79', quando o resultado já estava construído.

 

Da arbitragem. Boa actuação de Luís Godinho, adoptando o chamado critério largo que há muito devia vigorar no primeiro escalão do futebol português. Uma espécie de inverso de Fábio Veríssimo, que continua a protagonizar autênticos festivais de apito sem perceber que só árbitros sem nível procedem assim.

 

De ver o Sporting marcar há 44 jogos seguidos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde a Liga 2022/2023. Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.

 

De termos disputado 23 partidas consecutivas sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, disputada em Guimarães, a 9 de Dezembro.

 

 

Não gostei

 

Do golo sofrido. Único falhanço defensivo do Sporting, com Gonçalo fora de posição a dobrar Geny e Diomande também muito adiantado, incapaz de interceptar o passe de ruptura para Thomas, aos 36'. O remate saiu a meia altura e sem força excessiva: ficou a sensação de que Vladan podia ter feito melhor. Já sofreu seis golos em três jogos oficiais na temporada, há motivos para questionarmos o seu desempenho entre os postes.

 

Da ausência de Morten. O internacional dinamarquês ficou fora da convocatória devido a uma lesão que não é grave. Medida de precaução compreensível: vêm aí desafios muito mais complicados do que este. De qualquer modo, mal se sentiu a sua ausência: Daniel Bragança, chamado a substituí-lo, deu boa conta do recado.

 

Do 2-1 registado ao intervalo. Sabia a pouco.

 

Do cartão amarelo exibido a Gonçalo Inácio a segundos do fim. Absolutamente desnecessário. Mesmo a ganhar 6-1, é fundamental que os jogadores percebam isto: toda a desconcentração deve ser evitada, do princípio ao fim.

O dia seguinte

Antes de falar sobre o jogo de há pouco, uma confissão. Tinha pensado aproveitar para ir à Madeira, tinha até acolhimento de familiares, se tivesse ido teria como de costume deixado o carro no parking do Prior Velho, e gostaria de ter ido à "taberna da poncha" na Serra de Água. Mas as "férias" da Galiza deixaram-me com vontade de ficar por casa antes das novas "férias" no Algarve onde conto estar na sexta-feira para não perder o próximo jogo no Estádio do Algarve.

Assim não fiquei com o carro irremediavelmente queimado, nem sem vontade para passear na Madeira com o incêndio. Restou-me apenas o prazer de ver no sofá, pela Sport TV, o Sporting esmagar o Nacional naquele espectacular, pela geografia do local, estádio da Choupana. 

 

Sobre o jogo, o início parecia confirmar os meus piores receios. Foram três bolas que sairam bem perto do poste direito da baliza guardada por Kovacevic, como entrou mais tarde um remate que teria de ser defendido por um guarda-redes do Sporting.

Depois o futebol do Sporting assentou- Começou a circular a bola com critério, cansando o adversário e causando desequilíbrios que causaram mossa na defesa adversária.

De qualquer maneira, toda a primeira parte ficou marcada pela falta de pressão e incapacidade de ganhar os lances no eixo central. Os principais culpados foram os dois médios, Morita e Bragança, mas todo o trio avançado foi também muito responsável, até porque o balanceamento ofensivo do Nacional começava nos centrais.

O 2-1 a favor do Sporting ao intervalo de alguma forma era lisonjeiro. Os golos resultaram de lances de inspiração individual, cada canto contra era um susto, o melhor da equipa nessa altura eram mesmo os dois alas, sempre a saber como e quando arriscar, muito poucas vezes perdendo a bola.

 

Na 2.ª parte o desgaste físico do Nacional ditou leis, a começar pelo ex-Porto Bruno Costa, e quando cometeu um penálti mais que evidente sobre um Quenda que está cada vez mais um belíssimo jogador, e Gyokeres marcou, o jogo terminou. E logo saíram três jogadores completamente de rastos.

Depois, o Sporting passou a defrontar um Nacional em regime de "galinha sem pescoço" e as oportunidades foram surgindo umas atrás das outras. Acabou em 6-1 apenas porque o sueco, apesar do míssil com que marcou, não estava nos seus dias. Com ele ao nível da época passada seriam 9 ou 10.

De qualquer maneira, quem do jogo se limite a ver os golos, tem material de primeira com que se regalar. Todos de nota máxima, mas o primeiro do Pedro Gonçalves é (mais uma) obra-prima do (globalmente) melhor futebolista do Sporting desde que cá chegou. Só mesmo Martínez pode explicar como é que um jogador assim não é titular da selecção de Portugal. 

 

Entraram já na recta final Debast e Fresneda para a defesa, Matheus Reis para a ala esquerda, Essugo para médio e Edwards para o ataque. Rúben Amorim explicou que Mateus Fernandes está de saída do Sporting, soube-se depois por 15+3M€ para o Southampton. Cá por mim, sem entrar em considerações sobre o valor futebolístico de cada um, acho que este plantel do Sporting precisa bem mais do Essugo do que do Mateus, e não se pode dar ao luxo de ter no banco, como quarta opção, um jogador que para outro clube vale 18M€.

Sobre a arbitragem nada a dizer. Deixou jogar dentro dum critério uniforme, desta vez o culpado pelo cartão amarelo foi mesmo Inácio, que já tem idade para não embarcar em cenas daquelas. 

 

Melhor em campo? Pedro Gonçalves pelo primeiro golo e as duas assistências, mas Quenda está a tornar-se um jogador fabuloso. Sempre em movimento, defende com eficácia, ataca com critério, raramente falha um passe, remata com intenção. Estou mesmo impressionado. Incrível a transformação desde a época passada que Amorim conseguiu E dura os 90 minutos a correr acima e abaixo. Como é que vai sair do onze titular? Assim não vai, de certeza, mas a época é longa e são precisos quase sempre quatro alas por jogo.

Preocupação maior? Kovacevic... Aquele golo do Nacional... Israel vai voltar à titularidade? De resto Diomande pareceu-me pouco confiante, se vai com tudo é golo, se não vai é golo também, querem que faça o quê exactamente?

E agora? Corrida aos bilhetes para o estádio do Algarve. Pelo menos para os "croquetes de camarote" como eu que pagam quotas, gameboxes, gasóleo e hotéis e não aqueles "puros" tasqueiros que se enjoam com as camisolas e vêem os jogos aos saltos na "TV Inácio" mais próxima. 

SL

1. Sorriso, penalties, expulsões e bom futebol

111.jpeg

O mês de Agosto tinha o número de Viktor nas costas, quando começou o campeonato. Começou bem.

Screenshot_2024-08-12-14-05-52-292-edit_com.androi

Quatro golos de bola corrida [o contrário de bola parada, expressão em futebolês utilizada para penalties, livres, cantos e lançamentos da linha lateral. Em boa verdade, não há golos de bola parada, tem de existir movimento para a bola entrar na baliza] um jogo sem casos, se excluirmos os agarrões e a pancada que jogo após jogo vitima o sueco, sem isso teria sido uma arbitragem perfeita sem faltas nem faltinhas, a deixar jogar. Da noite no Alvalade temos de sublinhar o segundo golo de Pedro Gonçalves, parece fácil, imagino o Roberto Martinez a dizer: "isso até eu fazia". "Fazias, fazias, Roberto".

Logo no dia seguinte voltaram as arbitragens a que estamos habituados, as duas equipas da cidade do Porto beneficiaram de três penalties e da expulsão de um adversário, as equipas de arbitragem que apitaram FC Porto e Boavista mostraram boa forma e um entrosamento notável. No mesmo dia, na Vila das Aves a equipa de Vila Franca de Xira empatou com o Nacional da Madeira.

O domingo seria sorridente, Sorriso alegrou todos os desportistas excepto os benfiquistas. Em Famalicão houve ainda outro motivo para sorrir, dois sorrisos a zero, portanto. No Estoril a única equipa dos Açores goleou embora, a exemplo das equipas da cidade do Macaco, tenha beneficiado de um penalty. Farense e Braga seriam as grandes desilusões da jornada, os algarvios foram derrotados, vítimas de uma bola parada, apesar do Moreirense ter jogado com menos um quase toda a segunda parte. O Benfica do Minho começa o campeonato a empatar e a despedir o treinador (o Benfica de Benfica não deve demorar a fazer o mesmo, dispensar o "mister").

Ontem foi jogado o Arouca com o Vitória e aí aconteceu a grande surpresa da jornada e, provavelmente, do campeonato, o "ex-futuro melhor avançado português de sempre", Nélson Oliveira, marcou um golo.

Doze golos para os visitados, onze golos para os visitantes, dois penalties e uma expulsão a beneficiar o FC Porto e dois sorrisos que apagaram a Luz, eis o resumo desta jornada.

Pedro e Viktor, obreiros da primeira vitória

Sporting, 3 - Rio Ave, 1

descarregar.webp

Enquanto colegas festejam golo inicial, Pedro Gonçalves parece já com vontade de marcar outro

Foto: Rodrigo Antunes / Lusa

 

É muito importante começar com o pé direito. Foi assim que iniciámos há três dias, na sexta-feira, a nossa participação na Liga 2024/2025: com uma vitória clara, inequívoca, sobre o Rio Ave - equipa bem arrumada e bem orientada, com alguns talentos individuais, mas que foi incapaz de fazer frente ao onze leonino.

Sobretudo na primeira parte, o Sporting dominou por completo. Num futebol vertiginoso, veloz, de olhos na baliza. Boas movimentações, com bola e sem ela. Aqui imperou Pedro Gonçalves, que manteve a tradição de se estrear como marcador inicial dum campeonato: tem sido assim em três dos últimos cinco, todos de Leão ao peito.

Com ele, tudo parece mais fácil. Aconteceu logo aos 6', ao receber um passe teleguiado de Gyökeres a que só precisou de dar o melhor caminho à gorduchinha. Voltou a ser assim aos 26', ao interceptar uma bola muito mal reposta em jogo por Jhonatan, guardião rioavista, encaminhando-a para o fundo das redes com um toque de habilidade: finalização de classe. Dispôs de mais duas ocasiões de golo, aos 21' (novamente a passe do craque sueco) e aos 61' (muito bem servido por Geny). Foi quanto bastou para ser o melhor em campo, sem discussão.

 

Ao intervalo, 2-0. Mais de 35 mil adeptos nas bancadas ao início duma noite de Verão, ainda com resto de sol em Alvalade. O público estava satisfeito, ninguém previa a repetição do descalabro da partida anterior, quando deixámos fugir a Supertaça perdendo por 3-4 após confortável vantagem por 3-0.

Rúben Amorim tirou lições desse desaire, tão doloroso para a massa adepta. Deixou Debast no banco, trocando-o por Diomande: assim deu sinal ao central belga, apontando-o como principal responsável por aquele troféu nos ter fugido. A nossa defesa ficou mais sólida, com óbvia voz de comando: o marfinense não é Coates, claro, mas ninguém mais do que ele se aproxima desse estatuto neste Sporting 2024/2025.

Os corredores externos continuaram entregues a Geny (esquerdo) e Quenda (direito), ambos com boa dinâmica ofensiva. O miúdo de 17 anos, em estreia absoluta como titular em jogos de equipa adulta, deu excelente conta do recado. Não marcou, mas deu a marcar: é dele o magnífico passe de ruptura a desmarcar Gyökeres no lance do primeiro golo. Com uma maturidade táctica e um desenho técnico muito acima do que é habitual para a sua idade.

Foi um dos heróis do jogo.

Outro foi o próprio Viktor, que pôde enfim matar a fome de golos. Após assistir Pedro no primeiro, fez ele o gosto ao pé, apontando o terceiro que desfez as últimas dúvidas no estádio sobre o destino dos três pontos. Após remate inicial de Trincão, que sofreu um desvio, a bola sobrou para o sueco, que lhe deu o melhor caminho, com alguma colaboração do guarda-redes. E ainda mandou uma bola à trave, logo a abrir a segunda parte.

Destaque ainda para a formação leonina - que andaria a ser desprezada, na opinião de alguns. Terminámos com seis jogadores formados em Alcochete: Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Quenda, Mateus Fernandes, Daniel Bragança e Rodrigo Ribeiro. Fica tudo dito sobre o tema.

 

Estava o resultado quase feito. E teria soado a perfeição se não fosse o golo consentido mesmo ao cair do pano, no minuto 90. Única oportunidade para a turma forasteira no desafio: com a nossa equipa adiantada no terreno, abriu-se uma avenida que Clayton aproveitou para a meter lá dentro. Haveria deslocação se Diomande tivesse prestado atenção à linha de fora-de-jogo, como lhe competia. E lá encaixou Vladan mais um golo: incapaz de fazer a mancha, limitou-se a vê-la passar.

Já são cinco sofridos em apenas duas partidas oficiais da temporada.

 

Nada é hoje mais prioritário no Sporting do que garantir a estabilidade defensiva. É verdade que ainda nos falta contratar outro avançado-centro, mas nenhuma equipa pode sonhar ser campeã a sofrer tantos golos.

E nós sonhamos com o bicampeonato, que nos foge há 70 anos. É isso que nos anima, acima de tudo o resto. Acreditamos que vamos conseguir.

Eu, pelo menos, acredito. E vocês?

 

Breve análise dos jogadores:

Vladan - Teve muito pouco trabalho. Só tocou na bola ao minuto 28'. E agarrou-a aos 83'. No golo, teria sido difícil - mas não impossível - fazer melhor.

Eduardo Quaresma - Está mais maduro, gere melhor o esforço, domina melhor o tempo de intervenção. Quer ser titular e trabalha para isso.

Diomande - Voltou ao onze, após a Supertaça. Imperou no jogo aéreo. Impôs bem o físico. Só falhou no lance do golo sofrido: pôs Clayton em jogo.

Gonçalo Inácio - Certinho, controlou o lado esquerdo do bloco defensivo, acorrendo às dobras de Geny sempre que foi necessário. Bom no passe longo.

Quenda - É um caso sério, como já se viu. Agarrou titularidade aos 17 anos, relegou Geny para ala oposta. Desequilibrador nato. Fez magnífica pré-assistência no primeiro golo.

Morten - Capitão desde a partida de Coates, impôs autoridade no meio do terreno, recuperando e distribuindo jogo. Trabalho desgastante: cumpriu com zelo.

Morita - Mantém parceria perfeita com o dinamarquês. Correu para trás quando foi preciso reforçar defesa. E quase marcou, de ângulo apertado, aos 18'.

Geny - Com Nuno Santos ausente por lesão, adaptou-se bem à ala esquerda, servindo Gyökeres (21') e Pedro Gonçalves (61'). Falta-lhe afinar pontaria à baliza.

Trincão - No seu centésimo jogo pelo Sporting, exibição muito positiva. Inicia primeiro golo ao tocar para Quenda e é dele o remate inicial no terceiro. Quase marcou, em arco, aos 67'.

Pedro Gonçalves - Dois golos, plenos de oportunidade. Finaliza bem no primeiro, recupera e coloca-a no ninho da águia no segundo. Especialista a trabalhar entre linhas.

Gyökeres - Marcou o terceiro golo: justo prémio para o seu trabalho incessante. Assistiu no primeiro, mandou bola à trave aos 46', arrancou um amarelo aos 35'. Fôlego impressionante.

Mateus Fernandes - Substituiu Pedro Gonçalves aos 65'. É, sobretudo, um transportador de bola: bons apontamentos no corredor central.

Edwards - Entrou para o lugar de Trincão aos 76'. Disputou bem uma bola, mas depois não soube o que fazer com ela: centrar ou rematar? Nem uma coisa nem outra.

Daniel Bragança - Substituiu Morten aos 76', recebendo braçadeira de capitão. Bem servido por Quenda, quase marcou num tiro aos 89'.

Matheus Reis - Rendeu Geny aos 76'. Discreto, controlou ala esquerda. Sem sobressaltos.

Rodrigo Ribeiro - Substituiu Morita aos 90'. Pouco mais do que três minutos em campo - o suficiente para mandar uma bola à trave (90'+3). Merece manter-se no plantel.

 

Pódio: Pedro Gonçalves, Gyökeres, Quenda

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-Rio Ave (3-1) por quatro diários desportivos:

 

Pedro Gonçalves: 28

Gyökeres: 27

Quenda: 25

Morten: 23

Trincão: 23

Morita: 23

Geny: 21

Eduardo Quaresma: 21

Diomande: 21

Gonçalo Inácio: 21

Daniel Bragança: 19

Mateus Fernandes: 18

Vladan: 18

Edwards: 16

Matheus Reis: 16

Rodrigo Ribeiro: 14

 

Os quatro jornais elegeram Pedro Gonçalves como melhor em campo.

 

ADENDA: a partir deste campeonato, e seguindo de bom grado a sugestão de um leitor, passo a incluir as classificações do diário digital desportivo ZeroZero, que também atribui notas de 0 a 10. Só o Record persiste, teimosamente, em manter uma grelha de avaliação muito reduzida, com notas de 1 a 5 - que, na prática, oscilam quase sempre apenas entre 2 e 4. Discordo deste critério, como várias vezes já anotei aqui.

Rescaldo do jogo de ontem

Gostei

 

De começar o campeonato com o pé direito. Estreia absoluta do Sporting a abrir a Liga 2024/2025. Em casa, com excelente ambiente, com mais de 38 mil sócios e adeptos demonstrando toda a confiança na equipa sob o competente comando de Rúben Amorim. Resultado muito positivo: vencemos o Rio Ave por 3-1 e demos espectáculo, sobretudo num primeiro tempo de elevadíssima qualidade. Temos equipa.

 

De Gyökeres. Começa a nova época com o mesmo fulgor revelado no início da anterior, conquistando a massa adepta leonina logo aos primeiros toques. Foi o dínamo da equipa. Assiste para Pedro Gonçalves brilhar no primeiro golo e aos 63' marca o terceiro concluindo o que Trincão iniciara num remate desviado pela defesa rioavista. Aos 46', mal soara o apito para o recomeço, fez a bola bater na trave. Esteve muito perto de bisar aos 73'.

 

De Pedro Gonçalves. Pela terceira vez nos últimos cinco campeonatos foi dele o golo inaugural da prova máxima do futebol português. Fez o gosto ao pé logo aos 6', concluindo com irrepreensível técnica um belo lance ofensivo com assistência de Gyökeres. Podia ter repetido a dose aos 21', também com o sueco a servi-lo. Aos 26', atento, recupera a bola após oferta desastrada do guardião Jhonatan e dá-lhe grande finalização num remate em arco para a gaveta. Não foi chapéu, foi cartola: assim surgia o 2-0. Está imparável. acaba de conseguir o 17.º bis da sua carreira. Melhor em campo.

 

De Quenda. Estreia em casa, num jogo oficial da equipa A, da atracção máxima da formação leonina - arma já não secreta do treinador para a época agora em curso. Rúben confiou-lhe a ala direita e fez muito bem: o rapaz, com apenas 17 anos, deu boa conta do recado. No plano defensivo, já com eficaz leitura de jogo, mas sobretudo a atacar: é dele o milimétrico passe de ruptura que faz a diferença na construção do primeiro golo: magnífica linha de 30 metros desenhada a pensar no golo. Funcionou como pré-assistência. Temos craque. 

 

Do nosso meio-campo. Maturidade plena do duo composto por Morten e Morita: combinam na perfeição. Dominaram por completo o corredor central, forçando a turma de Vila do Conde a esgueirar-se para as alas, onde também eles acorriam sempre que necessário para fazer dobras. Com Morita igualmente activo no apoio à defesa, recuando para compensar o adiantamento dos alas, e também procurando o golo, que quase conseguiu aos 18'. Merecem aplauso.

 

Da troca de Debast por Diomande. Depois da péssima estreia do central belga na Supertaça, fez muito bem o treinador leonino em deixá-lo no banco com Diomande a entrar para o onze - e logo com a missão de desempenhar a missão anteriormente atribuída a Coates. O marfinense cumpriu no essencial, dominando o jogo aéreo, recuperando bolas, construindo com critério. E ainda tentou o golo, por duas vezes, na sequência de cantos. Pena a desconcentração final, permitindo a desmarcação de Clayton no solitário golo do Rio Ave.

 

De toda a nossa primeira parte. Jogo de sentido único. Excelente exibição do Sporting, encostando a equipa adversária às cordas, com bola ao primeiro toque, súbitas variações de flanco e exploração do ataque na profundidade. Vimos os três lá da frente em contínuas desmarcações - Trincão menos exuberante do que os colegas mas igualmente com nota positiva. Com 2-0 ao intervalo, o ritmo abrandou no segundo tempo, mas sem perdermos o domínio da partida. E aos 90'+3 ainda mandámos uma segunda bola ao poste, por Rodrigo Ribeiro, que entrara quatro minutos antes para render Morita.

 

De Rúben Amorim. Mereceu justas críticas na Supertaça, merece agora elogios. Rectificou o que se impunha, manteve os criativos Geny e Quenda nos flancos externos, motivou os jogadores para ultrapassarem o desaire da perda do troféu, incutiu-lhes ânimo de colectivo vencedor. E foi fazendo as trocas que se impunham à medida que ia notando situações de maior desgaste físico fazendo entrar Mateus Fernandes, Edwards, Matheus Reis, Daniel Bragança e Rodrigo.

 

De terminarmos o jogo com seis da formação. Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Quenda, Mateus Fernandes, Daniel Bragança e Rodrigo Ribeiro. Fica o registo, para mais tarde recordar.

 

Da arbitragem. Boa actuação de João Gonçalves, impondo o chamado critério largo que imperou no Europeu 2024. Deixa jogar, sem protagonizar nenhum festival de apito. Devia ser sempre assim.

 

De ver o Sporting marcar há 43 jogos consecutivos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde a Liga 2022/2023. Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.

 

Da nossa 18.ª vitória consecutiva em casa. Todo o campeonato anterior, mais esta ronda inaugural da Liga 2024/2025. Há 70 anos que não nos acontecia algo semelhante. Saldo destas 18 partidas em golos: 60 marcados e 12 sofridos.

 

De continuar a ver o Sporting sem perder em casa. Acontece há ano e meio, desde Fevereiro de 2023, quando o FCP nos derrotou então. Não voltou a acontecer. São já 25 partidas sem derrotas no Estádio José Alvalade.

 

De termos disputado 22 jogos consecutivos sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, disputada em Guimarães, a 9 de Dezembro.

 

 

Não gostei

 

Do golo sofrido. Na única ocasião de que o Rio Ave dispôs, aos 90', também único momento em que a defesa leonina perdeu um duelo nesta jornada inaugural do campeonato. Diomande deixou escapar Clayton, colocando-o em jogo e o avançado vilacondista desferiu um remate que Vladan - sem conseguir fazer a mancha, apanhado a meio caminho já fora dos postes - foi incapaz de defender.

 

Da ausência de Coates. É certo que desta vez o bloco defensivo cumpriu, mas não deixou de se fazer sentir a falta do capitão uruguaio, melhor central do Sporting neste século XXI. Comandou a nossa defesa durante oito temporadas. Merece registo. E ovação grata.

 

De iniciarmos o campeonato ainda com uma importante lacuna na equipa. Será muito complicado encontrar um substituto para Paulinho? Um segundo avançado é assim tão difícil de encontrar? Já não há paciência para o folhetim do grego que faz-que-vem-mas-nunca-mais-chega. 

O dia seguinte

Grande primeira parte do Sporting há umas horas em Alvalade. Num 3-4-3 clássico, com os dois alas sempre preocupados em defender o corredor e a manter os alinhamentos na linha de 5 defensiva, com uma pressão homem a homem que muito complicava a vida à construção de jogo do adversário, o Sporting foi acumulando oportunidades de golo sem permitir nenhuma ao Rio Ave. Pedro Gonçalves marcou dois golos, um pleno de oportunidade num lançamento brilhante de Quenda para a arrancada de Gyokeres, e o outro pleno de genialidade a fazer um chapéu incrível aproveitando a falha do guarda-redes. De assinalar também dois lances de cabeça perigosos de Diomande na área contrária na sequência de cantos.

A segunda parte foi diferente. O desgaste foi acontecendo e os erros também, a pressão sobre o portador da bola não foi a mesma. O Rio Ave, sem nada a perder, procurou o golo que o faria entrar no jogo. Os contra-ataques do Sporting eram desperdiçados pelo excesso de individualismo dos atacantes, como poderia ter sido o caso dum raide de Trincão cujo remate prensado resultou num golo improvável de Gyokeres. 

 

Depois vieram as substituições, que pouco ou nada acrescentaram, e o Sporting foi decaindo de rendimento até consentir um golo no final, lance em que Quaresma, Diomande e Kovacevic não conseguiram anular a iniciativa do ponta de lança contrário.

Mateus Fernandes, Bragança, Mateus Reis, Ribeiro e Edwards não fizeram esquecer aqueles que foram substituir.

Sendo assim, o grande desafio para as próximas jornadas será transportar para os 90 minutos o que se fez agora em 45. Porque esses 45 minutos foram mesmo excelentes.

Kovacevic continua a ser uma incógnita. Com quase nada para fazer falhou um passe e sofreu um golo. 

Grande jogo dos dois alas. Catamo muito focado e competente a defender do seu lado "natural", a pecar apenas nos cruzamentos, Quenda a fazer enorme exibição, personalizado, sempre a decidir bem, excelente passe no primeiro e tem outro parecido na 2ª parte, a correr para atacar e para defender.

Temos ali um novo Nuno Mendes. Vale ouro.

 

Diomande no melhor e no pior. Grande presença no centro da defesa, forte na marcação, imperial no jogo aéreo, faltoso em excesso, perdeu discernimento no final do jogo. 

Inácio nem se deu por ele, pelo Quaresma deu-se bem. No melhor e no pior como Diomande.

Hjulmand e Morita excelentes no meio campo enquanto "têm  pilhas". O problema é que duram 60 minutos.

Trincão corre, luta, mas agarra-se por demais à bola. Gyokeres e Pedro Gonçalves são as estrelas da companhia, com pormenores de grande classe. É  mesmo um prazer vê-los jogar.

Melhor em campo? Pedro Gonçalves pelos golos, mas nos 90 minutos foi Quenda.

Arbitragem? Impecável, critério largo para ambos os lados estilo Champions, assertivo sem espalhafato, envergonha o Pinheiro.

E agora? O Nacional. Estas equipas que vem da 2.ª Liga com o plantel estruturado costumam surpreender nos jogos iníciais e a Choupana também não costuma ser fácil.

SL

Balanço (19)

NINTCHDBPICT000633957388.jpg

 

O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre PEDRO GONÇALVES:

 

- José Navarro de Andrade: «A linguagem corporal de Pote é deplorável e cada jogo que passa fica mais distante dos tempos em que lhe bastava meia oportunidade para marcar golo. Agora o jogo não vai ter com ele, nem ele o agarra, é como uma estação de caminho de ferro muito vistosa, numa linha desactivada.» (5 de Dezembro)

Luís Lisboa: «Foi e continua a ser o melhor jogador - ou pelo menos o jogador mais importante - desta equipa. No apoio aos médios a defender e a construir, no passe curto e longo, nos centros com precisão e nos golos, que nesta altura por falta de confiança ou de sorte têm escasseado.» (8 de Dezembro)

- Edmundo Gonçalves: «Há jogadores que não estão a render o que valem, caso gritante de Pedro Gonçalves.» (9 de Dezembro)

Eu: «12 golos e 9 assistências até agora, nesta temporada. Quem é incapaz de ver a enorme influência que ele tem na nossa equipa percebe pouco de futebol. Muito pouco.» (9 de Fevereiro)

A voz do leitor

«Falar de Pedro Gonçalves é lembrar o futebol na sua pura essência, aquele futebol que se vê nas ruas das cidades, vilas e vielas mais recônditas deste país, onde a quietude dos lugares consegue, ainda, resistir ao bulício das sociedades modernas. Aquele futebol praticado de forma informal e geralmente não regulamentada. É nessas ruas, praças e pracetas, terrenos baldios e outros espaços, iguamente disponíveis, que despontam aqueles que nasceram para o futebol, aqueles a quem chamamos predestinados e cujo talento inesgotável vai muito além dos métodos padronizados das academias.»

 

António Goes de Andrade, neste meu texto

Triunfo folgado em jeito de vingança

Sporting, 3 - V. Guimarães, 0

descarregar.webp

Gyökeres e Pedro Gonçalves celebram com alegria um dos golos em Alvalade ao V. Guimarães

Foto: Manuel de Almeida / Lusa

 

Há lances que demonstram a saúde anímica de uma equipa. O Sporting protagonizou um deles no final do primeiro tempo, na partida em casa contra o V. Guimarães. Era já o terceiro minuto desse período extra quando oito jogadores leoninos protagonizaram um baile cheio de classe, com a bola a ser transportada de pé para pé.

Nuno Santos, Gonçalo Inácio, Morten, Daniel Bragança, Trincão, Geny, Pedro Gonçalves e Gyökeres: eis, por ordem de entrada em cena, os artistas desta jogada de antologia. Para mais tarde recordar.

Um total de 48 segundos de exibição superlativa no relvado: 23 toques que culminaram no disparo fulminante do craque sueco, a fuzilar as redes à guarda de Bruno Varela.

Era o segundo golo do Sporting nesta recepção à turma minhota. Era também o regresso do melhor ponta-de-lança da Liga portuguesa aos golos após cinco partidas em jejum. Mais de 45 mil pessoas nas bancadas explodiram de alegria: íamos para o intervalo a vencer 2-0, os vitorianos foram incapazes de levar perigo à nossa baliza, abria-se uma avenida para novo triunfo das nossas cores. O 15.º em 15 jogos disputados em nossa casa na Liga 2023/2024 - algo inédito na história deste estádio, inaugurado há 21 anos. 

 

O desafio começou com o V. Guimarães muito fechado lá atrás, apresentando duas linhas defensivas muito compactas, procurando fechar as vias de acesso dos nossos jogadores à linha de tiro. Esta estratégia própria de equipa pequena, que desiste de discutir o jogo para estacionar o autocarro, não faz jus aos pergaminhos dos minhotos. Merecia castigo por delito de lesa-espectáculo. 

O que acabou por acontecer.

A primeira brecha na muralha vitoriana ocorreu aos 21', quando Geny esteve a um passo de marcar: foi impedido in extremis pelo croata Borevkovic, melhor elemento da equipa visitante, mesmo à boca da baliza. Era o aperitivo para o que sucederia nove minutos depois: num remate cruzado, Pedro Gonçalves não perdoou. Varela foi buscá-la lá dentro.

 

A partida ficou sentenciada quatro minutos após o recomeço, quando Gyökeres bisou, correspondendo da melhor maneira ao trabalho iniciado por Pedro Gonçalves a picar a bola da meia-esquerda para a grande área e prosseguido numa espectacular recepção orientada de Trincão, que serviu de bandeja ao sueco.

Atingia-se a excelência em Alvalade onde a equipa estreou equipamento, todo branco, em homenagem à triunfal campanha da Taça das Taças de 1964, irá fazer em breve 60 anos. O resultado ficava fixado naquele instante. Com eficácia máxima: quatro remates enquadrados, três golos. Difícil exigir melhor.

Ficava também consumada a vingança face à mesma equipa que nos havia derrotado 2-3 no desafio da primeira volta, em Guimarães. Nossa última derrota até agora, já lá vão mais de quatro meses.

Consequencia imediata: o título de campeão nacional passou a ser uma hipótese cada vez mais provável. É convicção dominante, mesmo junto dos nossos rivais: já não nos irá fugir.

Faltam quatro jornadas, há 12 pontos em disputa, lideramos com sete de vantagem sobre o Benfica, segundo na tabela classificativa. Cenário que muitos adeptos do Sporting julgariam impensável no início da época. 

O que nos falta?

Ir ao Dragão, no domingo que vem. Depois recebemos o Portimonense, vamos ao Estoril, recebemos o Chaves.

 

Enquanto não erguemos o caneco, celebramos as exibições. E os números já alcançados. Oitenta pontos na Liga à 30.ª jornada: ainda podemos conquistar 92, estabelecendo recorde nacional absoluto.

E que mais?

Há 50 anos, desde aquele inesquecível Título da Liberdade (com Yazalde) que não marcávamos acima de 85 golos no campeonato: vamos com 87 e sempre a somar.

No conjunto das provas, temos agora 131 golos em 49 jogos disputados em todas as provas. Média: 2,6 golos por jogo. Desde os memoráveis Cinco Violinos, em 1946/1947, não ultrapassávamos a marca dos 130 golos. Batido um máximo com 77 anos.

É obra.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel - Encaixou um bom remate de Kaio César (17'). Aos 32', saiu muito mal da baliza, correndo o risco de cometer penálti. Ponto mais positivo: há três jogos seguidos que não sofre golos.

St. Juste - Notável precisão de passe. Venceu quase todos os duelos, sobretudo ao accionar a sua principal virtude: a velocidade. Diomande estava ausente por castigo, mas não se notou a falta.

Coates - Segurança, maturidade, enorme capacidade de temporizar o jogo e de motivar os colegas com a sua capacidade de liderança a partir do centro da defesa. Uma vez mais.

Gonçalo Inácio - Destacou-se nos passes longos, tentando esticar o jogo para servir Gyökeres logo aos 4' e aos 7'. Intervém na inesquecível jogada colectiva de que resultou o segundo golo.

Geny - Quase marcou aos 21', confirmando o seu virtuosismo com bola dentro da área. Intervenção activa nos dois primeiros golos. Ala com propensão ofensiva, cada vez mais maduro.

Morten - Mal o Vitória lhe concedeu espaço, mostrou toda a qualidade do seu futebol. Quase marcou, de cabeça, após um canto (26'). Teve intervenção decisiva no segundo golo.

Daniel Bragança - Cada vez mais influente. No passe, no transporte, na capacidade de variar flancos e distribuir jogo. Nunca se esconde: pelo contrário, participou nos três golos do Sporting.

Nuno Santos - Esforçado, nem sempre as acções ofensivas lhe correram bem. Ou centrava sem ninguém para receber na área ou optava com demasiada frequência pelo passe à retaguarda. 

Pedro Gonçalves - Melhor em campo. Iguala Paulinho como segundo artilheiro da equipa. Desta vez marcou o primeiro, assistiu no segundo e fez a pré-assistência no terceiro.

Trincão - Mantém excelente forma, como se verificou no segundo golo, em que participa, e sobretudo na espectactular assistência que fez para o terceiro. Outra grande exibição.

Gyökeres - Regressou aos golos - e logo a bisar - após cinco jogos sem a meter lá dentro. Para óbvia alegria dele. E para imensa alegria de todos nós. Todo o estádio gritou o seu nome.

Edwards - Substituiu Pedro Gonçalves aos 78'. Ainda não foi desta que voltou a brilhar. Marcou aos 80', mas estava fora-de-jogo. Podia ter marcado aos 82', mas não conseguiu.

Morita - Entrou aos 78', rendendo Daniel Bragança. Ajudou a equilibrar o meio-campo, em eficaz parceria com Morten.

Paulinho - Rendeu Trincão aos 78'. Conduziu bem um contra-ataque aos 80', tirando partido da sua frescura física. E ajudou a segurar a bola.

Eduardo Quaresma - Entrou para o lugar de St. Juste aos 82'. Muito atento, concentrado, dinâmico. Ninguém passou por ele.

Fresneda - Substituiu Geny aos 86'. Chegou a tempo de protagonizar duas intervenções, numa das quais perdendo a bola.

Pódio: Pedro Gonçalves, Gyökeres, Trincão

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-V. Guimarães pelos três diários desportivos:

 

Pedro Gonçalves: 21

Gyökeres: 20

Trincão: 19

Daniel Bragança: 18

Morten: 17

Nuno Santos: 17

St. Juste: 16

Geny: 16

Coates: 16

Gonçalo Inácio: 16

Israel: 14

Edwards: 12

Morita: 12

Paulinho: 12

Eduardo Quaresma: 6

Fresneda: 6

 

O Record e O Jogo elegeram Pedro Gonçalves como melhor em campo. A Bola optou por Gyökeres.

O dia seguinte

Com esta difícil (muito mais do que o resultado possa parecer) vitória em casa de ontem contra aquela equipa que nos tinha derrotado em Guimarães, onde contou com a ajuda do tal Pinheiro, o Sporting pôs uma mão no caneco de campeão nacional.

Para pôr a outra, mesmo perdendo no Dragão, só tem de ganhar os dois jogos que terá em casa contra equipas em luta pela despromoção. Ou ganhar um deles e ir ganhar ao Estoril. Isso supondo que o Benfica ganha em Faro, ganha ao Braga em casa e ganha todos os jogos até final. Enfim, estamos quase mas... falta o quase.

 

A 1.ª parte foi um exercício de cansar o adversário, aborrecido para quem via no estádio ou pela TV. A bola rodava por fora da estrutura defensiva adversária dum lado ao outro do campo, eles corriam para a direita, fechavam; corriam para a esquerda, fechavam; voltavam a correr para a direita, fechavam, etc...

Bragança e Hjulmand eram os engodos plantados nessa estrutura defensiva que obrigava os adversários a pensar antes de correr para os lados.

Neste encaixe do 3-4-3 do Sporting com o 5-3-2 do V. Guimarães o talento dos jogadores do Sporting levou a melhor. De três oportunidades marcou dois golos e a sincronização defensiva impediu um possível golo por penálti do adversário. Entretanto Hjulmand fazia um trabalho de sapa incrível, quase sozinho a defender à frente da linha de cinco.

 

Na 2.ª parte ou o Sporting marcava o terceiro e resolvia o encontro ou sujeitava-se a dissabores. O V. Guimarães ameaçava voltar ao jogo e complicar as coisas. E dum lance de génio de Pedro Gonçalves, que já tinha marcado o primeiro e assistido para o segundo, logo marcou o terceiro.

O jogo acabou aí, a vitória estava assegurada, o adversário estava esgotado. O resto foram sendo oportunidades desperdiçadas para aumentar a conta.

 

Melhor em campo? Pedro Gonçalves, mas Hjulmand e Catamo deram mais uma demonstração da evolução incrível de qualidade que tiveram ao longo da época. De resto todos muito bem, excepto o Israel, com mais um falhanço embaraçoso a sair dos postes naquele lance que podia ter dado penálti.

Arbitragem? Cláudio Pereira impecável, na calha para ser o melhor árbitro português, e muito eu o insultei nos primeiros jogos que o vi dirigir o Sporting. Que continue assim e não aceite o que os mais velhos aceitaram.

E agora? Ir ganhar ao Dragão, com Pinto da Costa a dormitar na cadeira e o Koelher a vender tudo a pataco aos amigos. Os empresários já fazem bicha no Citius para receber o deles enquanto existe.

 

PS: Comentários da sardinhada pirata esperta seguem directamente para o balde do lixo.

SL

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

Da vingança em Alvalade. Recebemos o V. Guimarães, que nos tinha vencido (injustamente) no desafio da primeira volta do campeonato. Triunfo concludente da nossa equipa, por 3-0: repetimos a dose da época anterior. Excelente exibição num óptimo relvado com incessante apoio das bancadas, com a segunda maior enchente da época até agora (46.101 lugares preenchidos) e onde os adeptos nunca se cansaram de incentivar a equipa. Vimos um Sporting consistente, cheio de maturidade, muito superior à turma minhota. E com grau máximo de eficácia: ao intervalo, com apenas três remates enquadrados, tínhamos já dois golos à nossa conta.

 

De Gyökeres. O craque sueco regressou aos golos, pondo fim a mais de um mês de jejum. E logo a bisar. Foi dele o segundo, no último lance da primeira parte (45'+3), culminando belíssimo ataque posicional que justifica destaque autónomo nesta rubrica. E também o terceiro, aos 49', com espectacular assistência de Trincão. Tem 24 golos marcados neste campeonato. É um dos grandes obreiros desta fabulosa corrida para o título.

 

De Pedro Gonçalves. Destaco-o como melhor em campo. Fácil explicar porquê: marcou um golo (foi dele o primeiro, aos 30', num remate cruzado sem hipóteses para Bruno Varela), assistiu Gyökeres no segundo com um passe rasteiro a romper a defesa e esteve também no terceiro, picando a bola com categoria em pré-assistência para Trincão. Sem dúvida o melhor jogador português do plantel leonino. Já soma 11 golos na Liga.

 

De Daniel Bragança. Após a meia hora inicial, em que a bola mal circulou no nosso corredor central, tornou-se um dos mais influentes elementos desta recepção ao Vitória minhoto. Interveio nos nossos três golos, demonstrando todas as suas qualidades como médio ofensivo. No primeiro, com uma preciosa recepção orientada dentro da grande área após desmarcação oportuníssima, fazendo a bola sobrar para Pedro Gonçalves. No segundo, com uma tabelinha digna de aplauso com Pedro Gonçalves. No terceiro, é ele quem serve o n.º 8 antes da pré-assistência para Trincão. É já um dos pilares da equipa. 

 

Do golaço ao cair o pano da primeira parte. Exemplo soberbo de futebol colectivo: 23 passes, de pé para pé, com trocas de bola muito rápidas, sempre ao primeiro toque, durante 48 segundos cheios de classe. Deu gosto ver no estádio. Dará muito gosto rever nas imagens filmadas, uma vez e outra.

 

Do árbitro. Boa actuação de Cláudio Pereira, aplicando o chamado critério largo, sem interromper continuamente o jogo para atender a faltas e faltinhas.

 

Das faixas de apoio em Alvalade. Numa lia-se «Fica, Amorim». Noutra - da Juventude Leonina - era possível ler-se: «Eu quero ser campeão outra vez». Esta irá cumprir-se. Resta ver se o mesmo acontecerá com a primeira.

 

Da regularidade leonina. Não perdemos na Liga desde 9 de Dezembro - precisamente a data da derrota no estádio D. Afonso Henriques. De então para cá, 16 vitórias e um empate. Uma série espantosa, digna de prolongado aplauso. No total, até agora, em 30 desafios vencemos 26. Um dos nossos melhores registos de todos os tempos.

 

De já termos marcado 131 golos em 2023/2024. Destes, 86 foram na Liga. Há precisamente meio século, desde a época 1973/1974, que não fazíamos tantos golos num campeonato. Temos agora mais 22 do que o Benfica e mais 32 do que o FC Porto. Diferença impressionante. Melhor ainda: há 77 anos (desde os Cinco Violinos) que não marcávamos tantos golos numa temporada.

 

Dos 80 pontos já conquistados. Ainda podemos obter 92 - marca absolutamente inédita no futebol português. Vamos agora com mais 18 do que os portistas e mais dez, à condição, do que os encarnados. A quatro jornadas do fim. Faltam-nos duas vitórias nestas quatro rondas para levantarmos o caneco mais cobiçado do futebol português.

 

De ver o Sporting sempre a fazer golos. Cumprimos o 17.º desafio consecutivo sem perder na Liga 2023/2024, com oito triunfos seguidos. 

 

Da nossa 25.ª vitória consecutiva em casa na Liga. Alvalade é talismã para a equipa desde a época passada. Fizemos o pleno no campeonato em curso, até agora com folha limpa. E registamos 15 triunfos nos 15 desafios disputados como anfitriões na Liga 2023/2024. Nunca tinha acontecido nada semelhante desde que o nosso actual estádio foi inaugurado, em 2003.

 

 

Não gostei

 

De termos demorado desta vez meia hora para marcar. Já não estávamos habituados a tanta espera. 

 

Da fraca réplica do V. Guimarães. O treinador Álvaro Pacheco montou a equipa num hiperdefensivo sistema 5-4-1 que permitiu trancar as vias de acesso à sua baliza durante 30 minutos. Mas quando a muralha ruiu o treinador foi incapaz de um golpe de asa que lhe permitisse contrariar a óbvia superioridade do Sporting. Nem parecia a mesma equipa que venceu o FCP fora (1-2) e empatou com o Benfica em casa (2-2). Também nada ajudou o facto de ter mantido fora do onze, até ao minuto 59, o seu melhor jogador, Jota Silva. Não me importaria nada de o ver de Leão ao peito na próxima época.

 

Da ausência de Diomande, a cumprir castigo. Mas St. Juste deu conta do recado, com actuação irrepreensível como central à direita, atento às dobras a Geny, que actuou quase sempre como extremo. Comprovando assim que este Sporting tem várias soluções no banco.

 

Do descuido de Israel. Manteve as redes intactas neste seu oitavo jogo a titular no campeonato. Mas saiu muito mal da baliza aos 32', abalroando Afonso Freitas em lance que poderia ter valido um penálti à equipa visitantes. Felizmente o ala vitoriano estava fora-de-jogo, forçando a anulação de toda a jogada.

Os tomates Di Maria

1.jpeg

Todos sabemos que tomates em castelhano são "huevos".

Di Maria pode ter ovos mas tem pouca pontaria, é-lhe mais fácil acertar com o punho direito no rosto de Pedro Gonçalves, que a onze metros de um buraco que tem 2,44 metros de altura e 7.32 metros de comprimento, colocar a bola lá dentro.

Foi a incompetência de Di Maria (e de António Silva) que colocou o Benfica fora da Europa.

Di Maria não é um tomateiro é um "bad egg".

Valeu a pena esperar mais de dois meses

Famalicão, 0 - Sporting, 1

descarregar.webp

Daniel Bragança felicita Pedro Gonçalves mal o transmontano marcou o golo que valeu a vitória

Foto: Estela Silva / Lusa

 

Mais vale tarde que nunca. Na terça-feira lá se realizou enfim o Famalicão-Sporting, referente à 20.ª jornada desta Liga que já teve 29 rondas completas. Um desafio que devia ter ocorrido a 3 de Fevereiro mas ficou adiado para 16 de Abril devido a falta de policiamento. 

Valeu a pena esperar? Sim. Porque vencemos. Com alguma dificuldade, convém reconhecer, mas sem a menor dúvida quanto ao desfecho. Porque o Sporting foi superior, dominou sempre, teve três oportunidades de golo contra nenhuma da turma anfitriã e confirmou - para quem tivesse dúvidas - que é a melhor equipa a competir nesta Liga 2023/2024.

 

Vitória construída bem cedo, logo aos 20'. Por aquele que foi o herói leonino da conquista do título em 2021: Pedro Gonçalves, superiormente servido por Trincão, num golo marcado bem ao seu estilo, mais em jeito do que em força, desfeiteando o guarda-redes Luiz Júnior, um dos melhores que actuam nos estádios portugueses. Marcou sem festejar, gesto bonito: não esquece que jogou pelo Famalicão antes de rumar a Alvalade.

Foi quanto bastou. Com este desfecho tão positivo para as nossas cores, chegamos aos 77 pontos quando ainda faltam disputar cinco rondas do campeonato. O melhor registo de sempre no Sporting. Desde que os triunfos passaram a valer três pontos, só duas vezes atingimos a liderança isolada, com dois ou mais pontos de vantagem sobre o segundo da tabela. Anteriormente havia ocorrido também sob a batuta de Rúben Amorim, em 2020/2021: tínhamos 73 pontos à 29.ª jornada.

 

Única marca digna de registo? Não. Há outra, tanto ou mais significativa: nunca o Sporting tinha obtido 25 vitórias em 29 jogos da principal prova oficial do futebol português. Número assombroso, impressionante. Tornado possível porque vencemos 15 dos 16 desafios mais recentes que disputámos.

O golo madrugador de Pedro Gonçalves confirmou o que já se esperava: temos acesso garantido à próxima Liga dos Campeões. Seja por entrada directa na fase de grupos, seja por ingresso na pré-eliminatória da prova máxima do desporto-rei a nível de clubes. O FC Porto, num distante terceiro posto, deixou de ter hipótese de lá chegar.

Como haveria de ter se até agora apenas conseguiu marcar 53 golos no campeonato? Menos 31 do que o Sporting, algo que não tem sido devidamente valorizado pelos adeptos leoninos. Mas devia: com 128 já apontados no conjunto das competições, ocupamos agora o segundo lugar entre as equipas que participam nos principais campeonatos europeus. À frente do Liverpool (127) e só atrás do Fenerbahce (132).

 

Rúben Amorim, enfrentando a mesma equipa que dias antes impusera um empate (2-2) ao FC Porto no estádio do Dragão, arriscou - e viu-se recompensado. Apostou em dois alas com características muito ofensivas em simultâneo: Nuno Santos à esquerda, com Matheus Reis ausente por lesão, e Geny à direita, quase sem nunca recuar da linha do meio-campo. O moçambicano actuou praticamente como um extremo. 

Resultou, claro. Sem margem para dúvidas. O Sporting dominou por completo o desafio na primeira parte e mesmo quando recuou um pouco no terreno na etapa complementar, concedendo alguma iniciativa atacante ao adversário, nunca perdeu o controlo das operações. Bem posicionado em campo, exibindo superiores argumentos técnicos e tácticos. 

 

Em suma: mandámos no jogo.

E o Famalicão obedeceu, verdadeiramente sem uma oportunidade de golo. Nem parecia a mesma equipa que tinha silenciado o FCP no Dragão. Nem parecia o emblema que segue em oitavo no campeonato, mais próximo da liderança do que dos lugares de descida.

Dois dos nossos três jogadores amarelados nesta partida, Diomande e Esgaio, falharão o jogo seguinte, contra o Guimarães. É quase irrelevante. Porque nesta equipa treinada por Rúben Amorim o todo é sempre mais vasto do que a mera soma das partes.

A superioridade do Sporting também se mede nisto. Para alegria de todos nós.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel - Sem uma defesa digna desse nome em toda a primeira parte. Saiu muito bem da baliza, aos 86', anulando um lance ofensivo perigoso. Segundo jogo seguido sem sofrer golos.

Diomande - Elo mais fraco da defesa. Viu o amarelo aos 41', por uma falta absolutamente escusada. Logo a seguir fez outra que lhe poderia ter valido expulsão. Não regressou do intervalo.

Coates - Com o brilhantismo habitual, venceu quase todos os duelos com Cádiz, o artilheiro do Famalicão. Imperou no jogo aéreo. Precioso corte aos 90', anulando ataque de Nathan.

Gonçalo Inácio - Competente na dobra a Nuno Santos, permitindo-lhe avançar na ala. Mas atravessa um período com menos brilhantismo. Acontece aos melhores. 

Geny - Voltou a criar desequilíbrios lá na frente: o treinador mandou-o actuar como extremo direito. Ele foi mantendo a defesa em sentido. Desta vez longe das suas melhores exibições.

Morten - Regressou ao onze após ausência por castigo. Incansável na pressão ao portador da bola, nunca deu descanso ao Famalicão. Oito recuperações, quatro desarmes.

Daniel Bragança - Momentos de brilhantismo a ligar sectores. Esteve a centímetros de marcar grande golo, aos 13': a bola embateu na barra. Bom também nos momentos defensivos.

Nuno Santos - Tal como Gonçalo, também não atravessa o seu melhor período. Incapaz de fazer a diferença no capítulo do passe avançado. Atirou muito ao lado (67') e muito por cima (70').

Pedro Gonçalves - Para mim, o melhor em campo. Sem o golo que marcou aos 20', não teríamos conquistado os três pontos. Carregado em falta na grande área aos 24': devia ter sido penálti.

Trincão - Protagonizou alguns dos melhores momentos da nossa equipa. Assistiu Pedro Gonçalves no golo. Grandes lances individuais aos 40', 73' e 81'. 

Gyökeres - Quinto jogo seguido sem marcar: nem parece ele. Mas tentou bastante, mesmo policiado por Riccieli. E foi ele a iniciar o lance colectivo de que resultou o golo do Sporting. 

Eduardo Quaresma - Fez toda a segunda parte, substituindo Diomande. Sem comprometer a segurança defensiva. Corte perfeito aos 55', anulando Chiquinho.

Morita - Entrou aos 68', rendendo Daniel Bragança. Evidenciou segurança de passe, como nos vem habituando. Esteve muito perto de marcar, aos 73', a passe de Trincão.

Paulinho - Rendeu Pedro Gonçalves aos 68'. Demasiado discreto, quando a equipa já se preocupava sobretudo em segurar a bola. Falhou emenda a cruzamento de Nuno Santos (81').

Esgaio - Em campo desde o minuto 68, quando rendeu Geny, consolidando uma linha de quatro lá atrás. Primeiro à direita, depois à esquerda. Viu amarelo por cotovelada aos 74'.

Fresneda - Substituiu Nuno Santos aos 86'. Ainda chegou a tempo de protagonizar um corte importante.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

De nova vitória. Desta vez ao Famalicão, no estádio minhoto, quatro noites após o triunfo anterior, em Barcelos. Vencemos pela margem mínima, apenas 1-0. Mas foi quanto bastou para arrecadarmos três preciosos pontos e consolidar a liderança isolada, quando estamos a cinco jornadas do fim do campeonato. Vale a pena acentuar: em 29 jogos, vencemos 25. Números dignos de registo. Números extraordinários - de uma das nossas melhores épocas futebolísticas de sempre, que já começa a suscitar saudades.

 

De Trincão. Voltou a fazer um grande jogo, com inegável brilhantismo. Excelente primeira parte: foi ele a conduzir quase todas as acções ofensivas mais perigosas, como aconteceu aos 40', 52' e 73'. Aliando o requinte técnico à inteligência táctica. Ponto alto: a assistência para o nosso golo. Mais uma, a oitava da temporada.

 

De Pedro Gonçalves. Destaco-o como melhor em campo, embora quatro outros companheiros também pudessem figurar no topo desta lista. O nosso n.º 8 fez a diferença ao marcar o golo, naquele seu jeito muito especial de parecer que mal causa perigo frente à baliza, recebendo a bola com um pé e rematando com o outro. Estavam decorridos 20 minutos: era quanto bastava para garantir a vitória leonina. Pedro mereceu este golo: como de costume, trabalhou bem para a equipa, sempre muito útil entre linhas. E ainda foi alvo de um penálti, não assinalado, ao minuto 26.

 

De Daniel Bragança. Exibição de inegável classe do nosso médio criativo, que oscilou entre as posições 8 e 10 neste jogo em que o primeiro sinal de perigo partiu do seu poderoso pé esquerdo. Aconteceu aos 13'', com a bola a bater estrondosamente na barra. Criativo, com grande visão de jogo, exímio no passe, foi essencial para ligar o meio-campo ao ataque. Muito útil também nos momentos defensivos.

 

De Morten.  Sem ele, o nosso meio-campo não teria a mesma qualidade. E talvez o Sporting nem estivesse na excelente posição em que está. O internacional dinamarquês funcionou, uma vez mais, como verdadeiro pêndulo do nosso meio-campo, onde brilhou com oito recuperações e quatro desarmes. Aos 13', ao desmarcar Daniel Bragança, assinou passe para golo: a bola esteve a centímetros de entrar.

 

De Coates. Um gigante no nosso reduto defensivo. O capitão defendeu tudo quanto havia para defender, impondo o seu toque de maturidade num sector que sem ele nunca actua de forma tão ligada e tão eficiente. Ganhou despiques com Cádiz, pondo em sentido o artilheiro anfitrião, segundo jogador com mais golos de cabeça na Liga. Precioso corte aos 89', absolutamente decisivo.

 

Do nosso desempenho. Sobretudo na primeira parte, em que estivemos sempre por cima, soubemos tapar os caminhos para a nossa baliza (Israel quase não chegou a fazer uma defesa com grau mínimo de dificuldade), revelámos boa reacção à perda de bola e soubemos apostar em Geny e Nuno Santos como extremos clássicos, ambos sem grandes preocupações no plano defensivo. Compensou: levamos 84 golos marcados - mais 19 do que o Benfica, mais 31 do que o FC Porto. 

 

De já termos marcado 128 golos em 2023/2024. É o sexto melhor registo de sempre na história leonina. E o melhor desde os longínquos tempos de Peyroteo, na época 1946/1947.

 

Dos 77 pontos já conquistados. Superámos a pontuação de todo o campeonato anterior quando ainda nos faltam cinco partidas. Ainda podemos conquistar 92 - marca absolutamente inédita no futebol português.

 

De ver o Sporting sempre a fazer golos. Cumprimos o 16.º desafio consecutivo sem perder na Liga 2023/2024, com sete triunfos consecutivos. Na segunda volta, até agora, ainda só perdemos dois pontos - no empate em Vila do Conde.

 

De estarmos cada vez mais perto do título. Sete pontos de avanço sobre o Benfica, 18 pontos acima do FC Porto e do Braga: só precisamos de três vitórias nos cinco jogos por cumprir. E já garantimos de antemão um lugar na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, inacessível aos portistas.

 

 

Não gostei

 

Deste jogo ter sido disputado com 77 dias de atraso. Diferença enorme, quando esteve previsto para a tarde do dia 3 de Fevereiro. Por caprichos do calendário, sempre muito preenchido, só ontem pudemos disputar este desafio. Mais vale tarde que nunca. Tudo visto e somado, o balanço é positivo frente à competente equipa que ocupa o 8.º lugar na Liga. 

 

De ver Gyökeres ainda em branco. Pelo quinto jogo consecutivo, desta vez bem policiado por Riccieli. Mas o internacional sueco arrastou marcações, mostrou-se sempre inconformado e foi dos pés dele que teve início o lance que decidiu o jogo. 

 

Da falta de golos no segundo tempo. Ficou tudo resolvido ao minuto 20. Contra uma equipa que há poucos dias tinha imposto um empate ao FC Porto, no estádio do Dragão. Havia 0-1 ao intervalo, manteve-se este resultado até ao apito final.

 

De mais um remate à barra. Começo a perder-lhes a conta: são uns atrás dos outros. Desta vez o "culpado" foi Daniel Bragança, logo aos 13'. A bola bateu no ferro e acabou por não entrar. 

 

De ver Morten, Diomande e Esgaio amarelados. Por faltas desnecessárias, nos dois primeiros casos.  O internacional marfinense e o ala formado em Alcochete irão falhar, por acumulação de cartões, a recepção ao V. Guimarães no próximo domingo.

{ Blogue fundado em 2012. }

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D