Ricardo Horta: estreia de sonho como titular da selecção no Mundial
(Foto: EPA)
Não há três sem quatro. Aconteceu hoje à selecção portuguesa o que sucedeu às de França, de Espanha e do Brasil: perderam o último jogo da fase de grupos do Mundial, quando todas já tinham garantido o apuramento para a segunda fase. No nosso caso, ao contrário dos espanhóis, estava também assegurado o primeiro lugar do Grupo H.
Tudo muito diferente do cenário ocorrido em 2002, no Mundial da Coreia e do Japão, quando também fomos derrotados pelos coreanos (0-1), o que nos fez abandonar o certame precisamente na fase inicial, fazendo as malas mais cedo. E não era por falta de qualidade da equipa das quinas, que contava com vários jogadores que hoje treinam equipas e selecções: Paulo Bento, Sérgio Conceição, Rui Jorge e Petit. Além de Figo, Pauleta, Vítor Baía, Beto e João Vieira Pinto - este a figura mais destacada, mas pela negativa.
Desta vez com a qualificação garantida, após vencermos Gana e Uruguai, os profetas da desgraça estavam antecipadamente fora de combate: o ansiado dia, para eles, ainda não chegou. A nossa selecção continua em prova no Catar, ao contrário de várias outras já recambiadas para o local de origem: Alemanha, Dinamarca, México, Uruguai e Bélgica - esta que só por delírio a FIFA mantém no segundo posto da tabela classificativa ao nível de equipas nacionais.
Perdemos por alguma disciplicência, excessiva descontracção face aos objectivos já concretizados e à ausência de alguns dos melhores, poupados pelo seleccionador para os próximos confrontos. Com destaque para Bruno Fernandes, à bica com um amarelo e que teve de ser gerido a pensar no desafio de terça-feira, frente à Suíça.
E até entrámos muito bem contra os coreanos. Com um golo logo aos 5', na primeira oportunidade, muito bem concretizada por Ricardo Horta - o melhor dos nossos nesta sua estreia como titular pela selecção. Golo em ataque rápido, com apenas três toques: passe longo de Pepe, centro perfeito de Dalot, oportuna desmarcação do avançado braguista dentro da área, metendo-a lá dentro sem a deixar pousar na relva.
A Coreia não baixou os braços, empatando aos 27' na sequência de um canto, com a bola a embater caprichosamente nas costas de Cristiano Ronaldo enquanto João Cancelo (desta vez lateral esquerdo mas ainda sem mostrar qualidade para integrar o onze titular) era incapaz de reacção.
Na segunda parte Portugal reequilibrou a partida, com boas exibições de Pepe, Vitinha e (a espaços) Matheus Nunes. Por contraste, actuações apagadíssimas de Cristiano Ronaldo e João Mário. André Silva e Rafael Leão, que entraram aos 64' para render Matheus e CR7, não fizeram melhor, longe disso.
O golo da vitória coreana aconteceu aos 90', numa espécie de réplica do que teve a assinatura de Ricardo Horta: ataque rapidíssimo, aproveitando o desposicionamento de toda a nossa equipa junto à baliza adversária. Três dos nossos - Dalot, Palhinha e William - foram incapazes de acompanhar Son, que correu cerca de 70 metros e endossou a bola à vontade, com vistoso túnel a Dalot, enquanto Bernardo Silva punha em jogo Hwang, que não perdoou frente a Diogo Costa.
Ficou por vingar a derrota de há 20 anos. Mas agora com duas diferenças: Portugal transita para os oitavos e Paulo Bento, então jogador das quinas, treina agora os sul-coreanos. Há, portanto, dois portugueses entre os 16 seleccionadores ainda em prova neste controverso Campeonato do Mundo.
Bento, que orientou a selecção nacional antes de Fernando Santos, cessará contrato na Coreia após o Mundial. Poderá ser ele o sucessor de quem lhe sucedeu?
Nunca se sabe. A vida dá sempre muitas voltas. E o futebol também.
ADENDA: Há 20 anos que a selecção dos Camarões não vencia um jogo do Campeonato do Mundo. E há 17 jogos que o Brasil não perdia. Aconteceu hoje: Brasil, 0 - Camarões, 1.
Depois da humilhação da Argentina e da Alemanha, derrotas por um golo de diferença, podemos considerar o resultado de hoje uma humilhação?
Ou foi, apenas, um resultado normal em futebol?
Aproveito para destacar a actuação da equipa de Paulo Bento. É quando se treinam equipas pequenas que vemos a qualidade dos treinadores. Vencer uma Liga dos Campeões com o Porto do "apito dourado" é fácil, mérito teria sido conseguir isso com a União de Leiria.
Foi o que Paulo Bento fez hoje, qualificou a "União de Leiria" para os oitavos dum Mundial, está de parabéns.
Os dados estão lançados: a selecção portuguesa de futebol vai defrontar as da Coreia do Sul, Gana e Uruguai na fase de grupos do Campeonato do Mundo.
Com um aliciante suplementar: será um embate entre Fernando Santos e Paulo Bento, seu antecessor à frente da equipa nacional e actual seleccionador da Coreia do Sul. A coisa promete.
Paulo Bento treinou o Sporting durante 4 anos e meio, lugar a que ascendeu após conquistar dois títulos juniores, sempre queridos num clube que muito se identifica com o ecletismo desportivo e a ênfase no desporto jovem ("formação", passou a dizer-se). Os 4 primeiros anos na equipa sénior foram bons, com alguns títulos e, acima de tudo, qualificações sucessivas para a apetecida Liga dos Campões, fundamental para as finanças dos clubes de topo. Para além de apadrinhar jovens jogadores, a desejável marca d'água do clube. Faltou o título nacional, usual pecha no clube - numa das épocas em particular por razões um pouco alheias ao estrito jogo (...).
Depois Paulo Bento passou a seleccionador nacional durante 4 anos. No Europeu de 2012 levou a equipa até às meias-finais e perdeu no desempate por grandes penalidades com a Espanha, a grande selecção do futebol mundial nas últimas décadas e que então foi sucessivamente campeã mundial e bi-campeã europeia. Serve para comparar com a idolatria à selecção de 2016 que ganhou o Europeu, também com desempate por penalidades e jogando muito pior. Diferença vinda da "lotaria dos penalties". Após esse torneio Bento liderou a campanha ao Mundial de 2014, um falhanço rotundo no qual foi público o mal-estar de vários jogadores. Depois continuou o seu rumo com garbo: foi campeão grego, esteve na "árvore das patacas" do futebol chinês e há anos que exerce o prestigiado cargo de seleccionador sul-coreano.
A selecção estagiava em Óbidos e houve um jogador que fugiu da "equipa de todos nós".
Anos mais tarde, há um seleccionador, adepto da bandalheira, que foi pedir desculpas a esse jogador e pedir-lhe, por favor, para regressar à selecção.
Há episódios que definem o carácter de uma pessoa, o respeito, a disciplina que um líder impõe num grupo, infelizmente, neste caso, a cabeça não tem tem juízo mas o povo é que lhe paga, o vencimento milionário (segundo AHR) de 2.5 milhões de euros anuais.
O pior Sporting que alguma vez vi, pior até do que aquele em que ficamos em sétimo, foi o de Paulo Bento. Resultadista, monótono, Liedson-dependente e sobretudo liderado por um homem que nunca parecia em paz consigo e com o mundo. Ainda me lembro de defendermos um 2-1 em casa, contra uma equipa pequena, aos 60 minutos de jogo. Talvez algum jogador de então leia isto, quem sabe o próprio PB, e por isso quero acrescentar que o adepto (eu) é cruel, injusto e míope. Devemos a Paulo Bento troféus, vários “segundos lugares-Champions”, transferências, jogadores lançados. Mesmo assim, não consigo aplaudir, ainda que consiga dizer com todas as letras que o Sporting deve bastante à serenidade teimosa e agressiva de PB. Conseguimos muita coisa com uma equipa de tostões.
Mas houve coisas... Por exemplo, a aposta em Rui Patrício foi apenas e só teimosia contra a imprensa, comentadores e até o público, que nos fez levar golos evitáveis durante década a fio. Portugal deve-lhe o campeonato da Europa (para mim, foi o melhor em França), mas o Sporting (e na prática) beneficiou muito menos.
Há dois anos, vencemos dois troféus sem saber ler nem escrever. Equipas com grandes jogadores (Bruno F, Bas Dost, Mathieu), mas sem ligação, como uma feijoada mal apurada, apesar das carnes incríveis. Essas conquistas encadearam Frederico Varandas que quase foi apeado nos entretantos seguintes. Era uma equipa sem liderança, o que permitia a ascensão de Bruno Fernandes (não é por acaso que quanto melhor está o MU, menos influente é BF, um jogador que brilha muito mais no meio da falta de liderança do treinador), mas pouco mais.
O que o Sporting de Amorim nos trouxe é uma mistura da versão boa de Paulo Bento (“jogam os melhores, apesar da idade”) com inteligência emocional e a maturidade de um líder que, tendo 35 anos, parece ter uns 80. É teimoso e determinado, mas não se deixa engolir pelo seu ego ou abafar pelas suas inseguranças. Não agarra numa tocha e obriga a que todos os sigam.
Aproveita o melhor que a vida lhe dá. Talvez tivesse aproveitado Caicedo ou Stojkovic.
Por isso, e por exemplo, pediu um guarda-redes habituado a outras cavalgadas e um central de uma liga melhor que a nossa. Adán e Feddal não são os melhores do mundo, mas defrontaram habitualmente Messi, Benzema, Griezmann e essa malta toda, incluindo as claques e a imprensa. São duas ilustrações que atestam a inteligência do nosso treinador e um caminho que (digo eu) Paulo Bento não teria escolhido, porque teria apostado em Patrício e talvez em Ivanilson ou Quaresma.
O que a idade nos traz é isto: temos um caminho, uma rota, uma direção e também a noção muito nítida de que não vamos mudar o mundo apenas com as nossas teimosias.
Liderar não é dar murros na mesa. Liderar é lutar pelos objetivos, com os meus, os teus e os nossos.
Era um fim de semana solarengo de Junho de 2005, e com algum tempo livre “deu-me na cabeça” rumar a Odivelas. Aí, no relvado anexo ao velho estádio e meio empoleirado num prédio em construção, tive o prazer de ver o Sporting esmagar o Benfica por 4-1 e assegurar o título de Juniores dessa época.
Era uma equipa orientada por Paulo Bento e Leonel Pontes, comandada em campo por Miguel Veloso, e que contava com Nani e João Moutinho. Na mesma época, a equipa de Juvenis assegurava também o título da categoria, uma equipa orientada por João Couto, que contava com Rui Patrício, Adrien e Pereirinha. Cédric Soares estava nos iniciados, que falharam o triplo.
Dois anos antes Beto e José Fonte jogavam na equipa B, orientados por Jean Paul e Leonel Pontes, . Ronaldo e Quaresma por lá tinham passado pontualmente em épocas anteriores, e nessa altura já tinham rumado a outras paragens.
Onze anos depois, também rumei a Marselha para ver Portugal derrotar a Polónia e abrir caminho para a vitória final em Paris, com uma equipa que contava com todos aqueles jogadores já citados, com excepção de Miguel Veloso, que deu lugar ao também nosso William Carvalho, fazendo com que a formação do Sporting fosse predominante na selecção e fundamental para o título alcançado.
Depois de 2005 muita água passou por debaixo das pontes, Alcochete foi conhecendo um lento definhamento, feito de incúria e falta de visão estratégica, com Aurélio Pereira mais ou menos desconsiderado. Ainda conseguimos ter a melhor equipa B de sempre, que contava com João Mário, Esgaio, Bruma, Dier e alguns outros, mas depois disso foi sempre a descer, para cinco anos depois batermos no fundo, com a equipa B extinta e os expoentes da formação no plantel principal (Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Podence e Rafael Leão) em debandada, algum tempo depois de outros, como João Mário, Cédric e Adrien, terem sido vendidos.
Pelo meio surgiu em Alcochete uma cartilha na linha da frase idiota que continua mais ou menos vandalizada na estátua do leão, que parecia pretender transformar os jovens jogadores em aspirantes à bancada da Juveleo e que provocou a repulsa nos pais dos mesmos. Por onde andará essa coisa filha de pai incógnito?
Foi preciso então reconhecer o óbvio: Alcochete estava com falta de tudo, e não só de relvados e colchões em condições, mas também do capital humano que tinha fugido para alimentar o rival e duma cultura Sporting enraizada, que incluía jogadores a passear-se em Alcochete com camisolas doutros clubes. Depois disso, ainda se via assaltada por elementos da principal claque do clube, com os jogadores agredidos no seu local de trabalho.
Mais ou menos três anos depois, ou seja anteontem, e novamente em Paris, Alcochete estava reduzida ao Cristiano Ronaldo e aos dois ex-capitães fugitivos, enquanto o Seixal se podia gabar de Rúben Dias, Bernardo Silva, João Félix, Nelson Semedo e Renato Sanches. Nos suplentes estava lá apenas o Domingos Duarte, o novo José Fonte, que foi andando de empréstimo em empréstimo até à venda final.
Seria mesmo mau demais pensar nisto, se não soubéssemos que existe em Alcochete uma nova geração, que foi primeiro seleccionada e fidelizada, depois trabalhada na pré-época do ano anterior por Marcel Keizer e agora definitivamente lançada por Rúben Amorim, este claramente o novo Paulo Bento do Sporting.
Assim, olhando para o potencial de Luís Maximiano, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Tiago Tomás, Daniel Bragança, Matheus Nunes (que ainda andou pelos sub23 e um dia destes estará naturalizado), Jovane Cabral e Joelson Fernandes, mais um ou outro dos que estão a rodar na nova equipa B e nos sub23, não custa imaginar que, daqui a alguns anos, teremos uma selecção nacional mais uma vez dominada pela formação do Sporting.
E das coisas que mais me fascinam nesta nova geração de Alcochete, muito ao contrário do apregoado pelos ressabiados do costume, que falam em meninos ingratos e mimados, é ver que demonstram ter as ideias bem arrumadas, um discurso objectivo e assertivo, uma valorização da camisola que vestem e do clube que representam. No fundo, demonstram o seu ADN Sporting. Dizem que Tomaz Morais tem feito um trabalho notável em Alcochete na área da formação comportamental para o alto rendimento, que inclui valores e princípios de vida. Pode ser esse um factor essencial nesta situação.
Apenas como exemplo, disse o Nuno Mendes depois do golo genial em Portimão: “Cada lance é como se fosse o último e foi assim que o encarei. (...) É um orgulho jogar no Sporting, vou guardar este dia para sempre.(...) O meu trabalho é jogar dentro de campo, o que se passa fora não interessa.”
É mesmo isso, Nuno. Continua assim que vais bem longe. E a Selecção Nacional aguarda por ti.
«O Sporting tem um plantel muito fraco e só pode lutar pelo quarto, quinto lugar. O Braga vai ficar à frente do Sporting.»
Ex-treinador do Sporting em entrevista ao programa de Youtube O Espartano
«A pergunta que se coloca agora é: "vai para lá o treinador e não é milagreiro." Ok, mas tem que lhe dar jogadores para fazer uma equipa a sério. Será que o Sporting terá dinheiro? Houve gente que não gostou quando eu disse que o Braga tem melhor plantel que o Sporting. Não disse mal do Sporting. E é verdade.»
«O Sporting tem de lutar pelo terceiro lugar. No campo das hipóteses, e se o Sporting não conseguir apanhar o Braga? Que força, que imagem, que impacto terá o treinador que custou 10 milhões?»
«É uma loucura pagar esse valor por um treinador, mas é uma decisão de quem gere o clube e certamente tem mais informação do que eu para poder falar sobre a parte financeira.»
Ex-treinador do Sporting, em entrevista à rádio Observador
PAULO BENTO:
«É público aquilo que o Sporting significou, significa e significará para mim, em termos pessoais e profissionais. Foi um clube onde acabei uma carreira de 15 anos de jogador e iniciei outra de treinador. Primeiro na formação, depois na equipa principal.»
«Espero e desejo, por ser um clube que me diz muito, que o Rúben Amorim tenha essa estabilidade e essa pontinha de sorte que é preciso ter e que as pessoas de uma vez por todas tenham paciência para poder suportar um projecto a longo prazo. Por isso estarei eternamente grato a pessoas que trabalharam comigo e me deram essa estabilidade. Nada disso teria acontecido se o Carlos Freitas não se tivesse lembrado de mim para treinar a equipa do Sporting e não tivesse pessoas como Soares Franco e Ribeiro Telles. Pessoas que nos momentos em que as coisas não correram bem tiveram a capacidade de acreditar em mim. Sem isso não teria estado tanto tempo no Sporting.»
«Não será o facto de [Amorim] ter custado 10 milhões de euros que o vai segurar no Sporting. O que verdadeiramente o vai suportar será o trabalho que vai desenvolver e a capacidade e crença de quem manda. O que será decisivo é a coragem do presidente - que já demonstrou ter para lidar com outras coisas - para segurar um treinador de uma vez por todas.»
Ex-treinador do Sporting, em entrevista ao jornal Record
Disse Paulo Bento no programa 'Mais Futebol', da TVI24:
"Aquilo que fica à distância é que o Sporting é um clube desunido, partido, que está permanentemente numa guerra. Durante muitos anos, até antes de eu ser treinador, e depois também, era um sítio onde os treinadores aguentavam muito pouco; agora parece que é um sítio onde os presidentes aguentam muito pouco também. Isso é traumático (...) Se fico surpreendido [Ataque à Academia]? Não me surpreende. Apesar de achar que aquilo que sucedeu na Academia foi o momento mais negro da história do Sporting. Foi algo que veio em crescendo. Não queria ter razão, mas creio que em novembro de 2009, após a minha saída do Sporting, disse algo parecido com isto: enquanto não se pensar que 60 mil são mais importantes do que 6 mil, ou enquanto deixarem que 6 mil sejam mais importantes do que 60 mil, o Sporting vai ter problemas. E a verdade é que os teve. Deixou que uma minoria ruidosa pusesse o nome do Sporting na lama. Acho que isso é deplorável e triste. Não nasci sportinguista, mas tenho um carinho muito grande por aquela instituição e custa-me ver o Sporting no estado em que está. (....) Vivi momentos extremamente desagradáveis, não a este nível porque não calhou. Mas tive de meter as minhas filhas dentro do carro na garagem do Sporting para não verem certos episódios. Tive de ser escoltado até minha casa para não haver qualquer tipo de consequência; tivemos de estar com as famílias fechadas num balneário ao lado do balneário equipa da casa, para que estivessem um bocadinho mais tranquilas. Tive a seguir à famosa eliminatória, pela negativa, dos 12-1 uma espera na Academia onde parei para falar com as pessoas.... Estas são situações são como bola neve, crescem... (...) Quando se permite que haja poder no clube para destituir treinadores e fazer determinadas manifestações, isto está invertido. Não sou contra as claques, mas elas não podem ter direitos e não cumprirem os seus deveres. Estive num país [Grécia] onde os adeptos do clube visitante não podem ir ao estádio, acho que estamos a caminhar para isso. Já tivemos pedras a voar nas autoestradas quando as camionetas vão para cima ou para baixo, estamos a fechar os olhos até que aconteça mais alguma tragédia. O que estamos a fazer é tirar as famílias do futebol, a impedir que possam ir as crianças e a senhora e não apenas o homem. Estamos a subverter tudo isto, em vez de irmos para uma festa, parece que estamos a ir para um sítio de terror. Alguém tem de meter mão nisto", finalizou.
Não é preciso dizer mais nada, e eu não diria melhor.
Se se verifica que Silas não funciona, vejo apenas (sublinho apenas) três possibilidades:
Paulo Bento, casmurro o suficiente para não deixar que façam dele gato sapato. Sabe armar equipas em função dos recursos que tem e detesta vedetismo.
Carlos Queiroz, idem, com a nuance de ser mais atacante, mas também mais arisco com a media.
Abel Ferreira, idem, com a nuance de ser mais moderno e conhecer melhor a realidade do futebol português. Será o que tem mais anticorpos junto dos adeptos (mas todos têm).
Como opção extra, o filho do Manuel Fernandes, que tem sangue na guelra e parece ser competente. Não sei é se não se enfarilhará depressa com a direção (seja esta qual for)
O anúncio da despedida de Paulo Bento do Cruzeiro não apanhou ninguém de surpresa. Os sucessivos maus resultados apontavam a esse desfecho. Definitivamente, Brasil e Paulo Bento não combinam.
Apesar de já não fazer parte da vida activa do Sporting, não deixo de manter estima e apreço por Paulo Bento. Como jogador e técnico foi sempre de enorme dedicação e lealdade ao clube. Por isso, é com pena que vejo este falhanço na sua carreira.
Depois da saída sem glória da Selecção, pedia-se a Paulo Bento o tantas vezes necessário passo atrás para depois poder dar dois à frente. Sempre tive dúvidas sobre se o Cruzeiro seria a melhor aposta. Confirma-se, agora, que não foi.
Paulo Bento está num momento crítico da sua carreira. A próxima aposta terá que resultar, isto se ainda mantém aspirações de regressar à elite onde esteve durante os anos em que treinou o Sporting. Doutro modo, será mais um daqueles treinadores que vão parar à Grécia, Turquia, China e Arábias, sem nunca mais voltarem a atingir brilhantimo no futebol português.
P.S.: O Sporting troca de directores de comunicação como quem muda de camisa e os tiros nos pés mantêm-se. Não teria sido muito mais inteligente, no sábado passado, não apresentar os 3 campeões europeus, precisamente para não dar azo a quaisquer polémicas (como acabou por suceder)? Ou apresentavam-se todos ou então nada. Ainda por cima os jogadores estão de férias, para quê interromperem o descanso?
É impressão minha ou o Ricardo Quaresma agora proclamado "herói do Dragão" por ter marcado dois golos ao Bayern de Munique é o mesmo jogador que o ex-seleccionador Paulo Bento excluiu da convocatória do Mundial do Brasil, contrariando as mais naturais expectativas de quem se habituou a admirar este jogador desde os tempos da formação em Alcochete e em boa hora regressou à selecção pela mão de Fernando Santos?
Mais uma vez um comentário que se tornou demasiado extenso a este post do Pedro Correia e que foi promovido:
É claro que Paulo Bento não fez tudo mal, antes pelo contrário. Mas como em tudo na vida, há que saber ler os sinais e o homem não o soube fazer (ou não quis, ou não o deixaram).
Depois da vergonhosa prestação no mundial deste ano, tivesse Paulo Bento feito uma introspecção, superficial que fosse, e chegaria à fácil conclusão de que o seu tempo passara; é que esse combóio passa sempre a horas e Paulo Bento ter-se-á perdido algures no caminho.
Até se pode argumentar que Italia, Inglaterra e Espanha também não passaram da primeira fase. Mas, exceptuando talvez a Espanha, tenho pra mim que as outras duas, apesar dos resultados, praticaram um excelente futebol e dariam aos nossos, naquela altura, o mesmo "tratamento" que a Alemanha! e ao contrário de Paulo Bento, Del Bosque soube aprender com a adversidade. Pois...
O sistema de jogo e algumas convocatórias/não convocatórias sem nexo contribuiram também para a desorientação que o impediu de chegar à estação a tempo. O seu temperamento (e ainda há por aí quem diga que Manuel José é irascível...) também não terá contribuído; vide casos Adrien, Dani, Ricardo Carvalho ou mesmo Quaresma, e a "malapata" contra o Sporting e por aí fora, numa clara demonstração de intolerância sobreposta aos interesses da selecção.
Paulo Bento tem efectivamente um score manifestamente positivo à frente da selecção! Levou-a aos lugares cimeiros do ranking da FIFA, mas caramba, com o melhor do mundo nas suas fileiras não fez, digo eu, mais que a sua obrigação! Mas... e o apuramento para as fases finais? convém não esquecer as orações que todos nós, até os agnósticos como eu, fizeram aos seus santinhos (eu fiz a todos, não fosse algum deles falhar).
E convém não esquecer que a selecção foi ao Brasil "apenas" porque Cristiano Ronaldo, mesmo lesionado, não quis prescindir de estar presente e arrancou dois jogos para não mais esquecer, um deles talvez o seu melhor jogo de sempre, na Suécia!
Temos que lhe estar reconhecidos? admito que sim, mas repito, com o melhor do mundo na equipa, com alguns "craques" do Porto e do Benfica e estrelas dos melhores clubes da Europa, Paulo Bento esteve para a selecção um pouco como Mário Wilson esteve para o Benfica, ou Jesualdo e Vitor Pereira para o Porto ou qualquer dos que treinou os Cinco Violinos para o Sporting: estava condenado ao sucesso. E o que é facto é que, apesar dos números positivos, fica um sabor a pouco na sua passagem pela selecção! E não será pelos resultados, que esses, como disse, até são relevantes; será sim, pelas más exibições, pelo mau futebol praticado, pela falta de visão táctica, pela casmurrice em nunca admitir que se enganou, pelas injustiças nas convocatórias, por ter deixado, por vezes, os melhores de fora em favor de um suposto espírito de grupo que em bom rigor, nunca existiu!
Não vem ao caso, mas apenas duas linhas para o Paulo Bento treinador do Sporting: com a mesma casmurrice, conseguiu quatro apuramentos para a liga dos campeões e só não foi campeão pelos motivos que todos conhecemos; mas convenhamos (apesar de que o que fica para a história sejam os resultados), comparadas com as equipas do seu antecessor, José Peseiro, as suas não jogavam nadinha...
Em resumo, e a ser verdade que a iniciativa de sair partiu dele próprio (e que até prescindiu de grande parte da verba a que teria direito), obrigado Paulo Bento, vais, pelo menos, um jogo atrasado!
"Andebol, mão; futebol, pé" é uma expressão que eu uso quando dou aulas. E "trabalhar bem com tranquilidade" é "fundamentalmente" o que eu mais quero na vida.
Como é costume em Portugal, mal uma figura pública cai em desgraça logo se apressam os "corajosos" de turno, que nada disseram antes, a apedrejá-lo com fúria desmedida.
Apetece-me, portanto, remar em direcção contrária. Apesar de ter criticado no momento oportuno as opções do técnico no decepcionante Mundial do Brasil e de considerar que após a derrota contra a Albânia em casa ele deixara de reunir condições para se manter como seleccionador, este é o momento de expressar aqui uma palavra de apreço a Paulo Bento.
Os motivos são fáceis de enumerar.
O balanço da sua actuação, em quase quatro anos, é muito positivo: 47 jogos, 26 vitórias, 12 empates e apenas nove derrotas. É o terceiro seleccionador português com mais jogos disputados, o segundo com mais vitórias (62% de triunfos) e o terceiro com mais golos. Com ele ao leme da equipa nacional, Portugal ascendeu ao quarto lugar no ranking das selecções a nível mundial.
Iniciou funções já com a campanha de apuramento para o Campeonato da Europa em curso, quando tínhamos uma derrota contra a Noruega e um empate em casa (4-4) contra o modestíssimo Chipre. Apesar desses cinco pontos perdidos, conseguimos a qualificação e no Euro-2012 atingimos as meias-finais, tendo sido derrotados na marcação de penáltis - após prolongamento - frente à Espanha, que era campeã mundial em título e se sagraria campeã da Europa.
Uma das maiores proezas de sempre do futebol português a nível de selecções.
Depois conseguimos a qualificação para o Campeonato do Mundo de 2014. Só no Brasil a estrela de Paulo Bento começou a empalidecer, com a turma das quinas a tropeçar na fase de grupos. Tal como sucedeu com outras selecções muito prestigiadas - Itália, Inglaterra e Espanha, por exemplo.
Mas repito: não devemos pecar por ingratidão. Por mim, lembrarei os motivos de júbilo que a selecção treinada por Paulo Bento nos proporcionou. É isso que mais importa.
Como alguns de nós tínhamos antecipado - incluindo eu, há quatro dias - Paulo Bento deixou de ter condições para permanecer no comando técnico da selecção nacional de futebol, humilhada em casa frente à Albânia.
Era inevitável. A Federação Portuguesa de Futebol acaba de anunciar, em comunicado, o fim do contrato com o treinador que levou Portugal às meias-finais do Campeonato da Europa de 2012 mas tropeçou na fase de grupos do Mundial do Brasil, este Verão.