Titularíssimo na selecção nacional, João Palhinha - agora com 28 anos - prepara-se para se transferir do Fulham para o Bayern de Munique num negócio de cerca de 35M€, dos quais cerca de 4M€ virão parar ao Sporting.
Não foi nada fácil o trajecto dele. Chegou ao Sporting do Sacavenense para os sub19 em 2013, foi emprestado ao Moreirense e ao Belenenses, Jorge Jesus nunca lhe deu grandes hipóteses, tinha os Petrovics para lançar. Ainda ontem ouvi o Francisco Geraldes, convidado a falar sobre o seu amigo Palhinha, a contar uma história do Jesus em ar de gozo a dizer para ele à frente de outros que "ainda vou fazer de ti um grande central".
E saiu para o Sp. Braga com intenção de não voltar mesmo e um contrato de empréstimo que previa o não retorno, mas dois anos depois lá foi convencido por Hugo Viana e Rúben Amorim a dar mais uma oportunidade ao seu Sporting. Em boa hora o fez, foram duas épocas em que se afirmou como o melhor trinco português e ganhou títulos, entre eles o de campeão nacional, para depois ver o Sporting ir de encontro à sua vontade e facilitar a transferência para a Premier League. Onde teve o sucesso que lhe permite agora estar na rota do Bayern Munique.
João Palhinha, como Adrien ou William Carvalho, demonstram aos jovens de Alcochete que existem muitos caminhos para o sucesso. Cada um tem de perceber qual é o seu, recusar o facilitismo que vem com o dinheiro fácil e nunca desistir de lutar. E respeitar e ser respeitado pelo Sporting em todo esse trajecto.
Sendo ainda relativamente cedo para balanços da época, os três golos ontem sofridos contra o Casa Pia (4-3) mostram bem aquele que tem sido o grande problema da equipa esta época - uma defesa menos competente. É certo que Ruben Amorim optou por deixar no banco um titularíssimo (Gonçalo Inácio) e um habitual (St. Juste), mas isso não justifica por si só a facilidade (displicência, mesmo) com que o SCP encaixa 3 golos - sobretudo estando lá o mais titular dos centrais, Coates.
Com os 3 golos encaixados ontem, o SCP 2022-2023 tem em média quase um golo sofrido por jogo. E, a 7 jornadas do fim, tem mais 3 golos sofridos do que em toda a última época. Caso se mantenha esta média até final da temporada, estará praticamente ao nível de 2019-2020, uma das piores épocas da história do clube.
Na época do título, este quadro acima mostra bem, a defesa foi fundamental. Apenas 20 golos sofridos em 34 jogos (sem recorrer a calculadora, deve dar uma média de 0,58 golos por jogo). Uma única derrota em todo o campeonato. Na época passada, a defesa manteve a qualidade, mas as derrotas passaram a 3 (incluindo uma no Dragão, com uma expulsão absurda de Coates que nunca esqueceremos e que, feitas as contas, dá a vitória - e o título - ao FCP).
Com uma equipa rotinada, com processos consolidados e sem grandes alterações ao plantel, o que terá mudado das duas últimas épocas para esta, que nos leva a sofrer tantos golos? Na minha opinião, duas coisas.
Primeiro, a falta de Palhinha - um jogador único que funcionava como uma espécie de central à solta em todo o campo, ganhando bolas atrás de bolas (pelo ar, pelo chão...) e destruindo jogo adversário antes de chegar à nossa defesa. Será sempre, para mim, o jogador mais importante das duas últimas épocas. Ugarte é um bom recuperador de bolas - e um grande jogador - mas João Palhinha é um dos melhores jogadores do mundo nesse aspecto, combinando força física, inteligência e intensidade.
Segundo, Coates. Ele que foi decisivo nas duas últimas épocas - magistral na época do título, com sete golos marcados que terão rendido dezenas de pontos - está este ano em clara perda de rendimento. O que é normal num jogador de 32 anos. Os números demonstram-no - apenas 2 golos marcados - mas as grandes exibições também começam a escassear. Ontem terá sido dos piores jogos que já o vi fazer pelo SCP.
Estamos claramente numa fase de transição na defesa, em que Coates perde importância e Luís Neto, outro jogador importante no título de há duas épocas, se prepara para arrumar as chuteiras. As boas notícias são duas: Amorim está ciente disso e as contratações de Diomande e St. Juste prometem. Há muitos jovens defesas com potencial no plantel, outros a rodar (Quaresma, campeão nacional) e a equipa B está recheada de talentos que rapidamente darão o salto (Muniz parece-me o caso mais óbvio nesta fase).
Palhinha, repito, é insubstituível. Mas temos um jovem com características semelhantes que dentro de 2 anos acredito que estará ao seu nível - Dário Essugo. Caso Ugarte saia no final da época, deve ser aposta.
PS - Vi o 3o jogo do SLB esta época, contra o FCP(1-2). Havia visto outro jogo em que o SLB foi vulgarizado (contra o Braga, 0-3) e contra o SCP (2-2). Pertenço portanto a um grupo de pessoas restrito que não viu o SLB ganhar uma única vez esta época e assistiu a uma equipa vulgaríssima. Admito que só saiba da "missa" metade. Mas também admito que haja a habitual "missa" de adversários "acólitos" dóceis, árbitros simpáticos e jornais a fazer "coro" das maravilhas do treinador e de um jogador que vieram roubar ao SCP e marca os (muitos) penáltis ganhos. Posso estar a ser injusto, mas tendo visto os 3 jogos que vi, espanta-me que o SLB esteja em 1o.
Custou, mas algum dia havia de ser. No Verão passado, João Maria Alves Lobo Palhinha Gonçalves disse adeus ao Sporting. Ou, pelo menos, um "até sempre". Já tinha estado para acontecer um ano antes, mas a SAD conseguiu segurá-lo alegando que o jogador só sairia pela cláusula. Para conforto de Rúben Amorim, que o considerava um dos imprescindíveis do nosso plantel.
Desta vez partiu mesmo. Saiu em Julho, para cumprir um sonho já antigo de actuar na Premier League. Rumou ao Fulham e acabou por render aos cofres leoninos bastante menos do que chegara a ser equacionado: apenas 20 milhões de euros, acrescidos de dois milhões por objectivos fáceis de concretizar. Assegurando o Sporting ainda 10% da mais-valia de uma futura transferência do jogador, saído da cantera de Alcochete.
Não foi uma despedida fácil: a ligação de Palhinha aos adeptos e ao próprio clube que o formou era muito forte. Mas, aos 27 anos, tomou a decisão certa: era o momento ideal de dar um salto para o exigente campeonato inglês, principal montra do futebol à escala planetária. Não se tem dado mal por lá: o emblema orientado por Marco Silva está de momento em sétimo na classificação, em igualdade com o Liverpool e a escassos dois pontos do Tottenham.
Para este bom desempenho o seu contributo tem sido inestimável. Ainda há dias, com um golo de cabeça, contribuiu para a segunda vitória da agremiação londrina, cujo desempenho está a exceder todas as expectativas. Ao contrário do Wolverhampton, actual clube de Matheus Nunes, que permanece em penúltimo, com risco de descida. Palhinha, sendo médio defensivo, já leva três golos no futebol inglês. Sempre que marca, o Fulham vence.
Confirma, no fundo, os atributos que havia revelado no Sporting - onde contribuiu para a conquista do campeonato nacional na inesquecível época 2020/2021. Assegura consistência defensiva, acrescenta robustez física ao meio-campo e protagoniza o transporte ofensivo com critério e classe. Com a eficácia de sempre nas recuperações e nos desarmes. Um elemento nuclear nas acções de transição.
Deixou saudades entre os adeptos por cá. Merece toda a sorte do mundo.
João Palhinha já se notabilizou como o "rei dos desarmes" na Premier League. Em recentes declarações disse: "Aqui podes disputar a bola com maior intensidade, algo que sentia não ser possível em Portugal. Por vezes era extremamente difícil, pois ao mínimo toque vias cartão amarelo. Aqui é completamente diferentes."
À atenção dos bandalhos da arbitragem lusitana, como o parvalhão de ontem.
Gosto tanto deste jogador que na hora da despedida nada consegui dizer. Quando o consegui, já não (me) fazia sentido publicar o texto.
Hoje, marcou o seu primeiro golo vestido com as cores do novo clube. Diria que é impossível não gostar de João Palhinha e de não vibrar como se de um golo ao serviço do Sporting se tratasse. Gosto muito de vê-lo singrar (primeira semana e integra a equipa da jornada na Premier League!), sinto um orgulho extremo e uma alegria imensa quando percebo que os adeptos do seu novo clube o aplaudem e reconhecem.
Tudo de bom para si, querido João Palhinha, até um dia (ai de si que não!) e que este seu golo venha a revelar-se um bom prenúncio para o jogo de logo.
No caso de João Palhinha, como antes de Rui Patrício e Adrien Silva, compreendo as saídas: era naquele momento ou nunca. Era a oportunidade das suas carreiras para fazerem um contrato miionário, mesmo para um clube muito menor e que não ganha títulos. Ninguém os pode julgar. Nos casos de Nani e Bruno Fernandes, saíram para um grande e histórico clube europeu, que qualquer jogador gostaria de representar. Algo semelhante pode ser dito para Nuno Mendes e mesmo para João Mário. Parecia que o caso de Matheus Nunes seria diferente. Matheus Nunes parece-me um jogador com (muito boa) cabeça, sabe que é novo e que o melhor para ele seria esperar mais um ou dois anos e sair para um grande clube. Não é esse o caso. O fator decisivo parece ter sido só a questão salarial, e a influência de um - sempre o mesmo - empresário. Agradeço-lhe por tudo, é um jogador inesquecível, desejo-lhe obviamente tudo de bom, mas parece-me que esta transferência é um erro e não é o melhor passo na sua carreira. O Matheus é um jogador de topo que merece muito melhor. Do ponto de vista do Sporting, esta transferência parece a do Cristiano Ronaldo há 19 anos: antes do tempo ideal. Estarão as finanças do clube tão necessitadas, ou o clube não nega nada a Jorge Mendes? Esta saída é um problema. Inquestionavelmente a equipa fica mais fraca sem o Palhinha e sem o Matheus. Vamos ver como serão estas saídas colmatadas.
Há gestos nos nossos jogadores que guardamos para sempre.
Do João Palhinha guardarei dois gestos - um simbólico e outro físico.
O simbólico foi, no "verão quente" após a invasão de Alcochete, rejeitar o assédio para rescindir com o clube. Apesar do dinheiro com que lhe acenavam - e que tentou outros, como sabemos.
Poucos meses depois, Palhinha foi emprestado ao Braga por dois anos, num dos negócios mais sem-sentido de que me lembro o Sporting fazer.
Mas regressou, trabalhou muito e conquistou a posição. E tornou-se campeão nacional. E ganhou vários outros títulos.
E daí o segundo gesto.
Que foi, na época passada, quando ganhavamos por um golo a 10 minutos do fim, a forma como festejou um corte. Cerrou os punhos, encostou-os à cara e berrou. Por ter ganho uma bola. Festejou um corte como se tivesse marcado um golo. O bi-campeonato ainda era possível e naquele berro estava uma crença e uma garra de agarrar aquele troféu.
São esses gestos que definem os jogadores.
A marca do João Palhinha foi sempre uma grande entrega, que só é possível aos jogadores verdadeiramente humildes e dedicados à instituição que representam. Neste caso, o Sporting Clube de Portugal.
Tenho pena que Palhinha vá, mas acredito que irá voltar.
Porque esta, como mostrou nos últimos anos, é a sua casa.
Pela entrega nos bons e maus momentos - obrigado, João.
Ao longo dos tempos muitos jogadores emblemáticos sairam de Alvalade pela porta dos fundos, uns aliciados por outros emblemas, com mais ou menos respeito para com o clube que os formou, outros que foram mais ou menos empurrados sem a consideração merecida pelo seu passado no Sporting.
Sabe por isso muito bem ouvir as palavras de João Palhinha na sua despedida dum clube que o acolheu nove anos atrás, onde nem tudo foi fácil. Quatro desses anos foram passados em empréstimos a Moreirense, Belenenses e Sporting de Braga, por falta de aposta firme dos treinadores que foram passando pelo Sporting e outras coisas mais abaixo referidas, até finalmente encontrar um Rúben Amorim que lhe construiu um lugar à sua medida no modelo de jogo da equipa. O lugar do destruidor implacável do contra-jogo adversário e do "libero" nas duas áreas, com um assinalável jogo de cabeça e um poderoso remate de meia distância.
Sabe ainda melhor quando nos recordamos que ele esteve envolvido no dia mais negro da história do Sporting, como deu conta no respectivo julgamento,, o assalto a Alcochete por elementos mais ou menos ligados às claques, alguns deles ainda a cumprir penas de prisão, admitindo que ligou logo ao pai num estado de nervos a dizer "que queria ir embora, que ia recolher as minhas coisas, chuteiras e afins, porque nunca mais queria voltar à Academia depois daquilo", de ter tido pesadelos durante alguns dias com tudo aquilo que se passou no ataque à Academia e de ter deixado de se sentir seguro no clube.
A ida por empréstimo de dois anos para o Braga foi a forma que encontrou para, ao contrário doutros com mais anos de casa do que ele, se afastar de Alcochete de forma pacífica e discreta, se reencontrar com a profissão, e se projectar para outros voos no estrangeiro. Se calhar, isso esteve muito perto de acontecer.
Felizmente encontrou-se uma plataforma de confiança entre as partes, também muito devido a Rúben Amorim. O Sporting decidiu apostar de vez num jogador de crescimento lento mas sustentado, e Palhinha apostou num clube reerguido e pronto para ganhar no imediato.
O seu regresso concretizou-se numa 1.ª época tremenda recheada de títulos, e numa 2.ª onde o seu desempenho não foi o mesmo devido a uma lesão incómoda que lhe cortou o ritmo num momento crucial da temporada. O Sporting teve a preocupação de encontrar o seu sucessor na equipa facilitando a sua saída tranquila para o melhor campeonato do mundo e para outros patamares de rendimento financeiro.
A ideia que tenho de Palhinha como pessoa e como profissional é a melhor. Um rapaz impecável, um trabalhador incansável e perfeccionista. Muito forreta, dizem os colegas, mas isso não sei se é defeito ou virtude. Só não entendo porque não é já o titular indiscutível da selecção nacional na sua posição. Apenas a teimosia e o conservadorismo do Fernando Santos poderão explicar.
Sendo assim, só me resta, e penso que falo por todos nós, agradecer ao Palhinha toda a sua contribuição para os sucessos do Sporting Clube de Portugal, desejar-lhe o maior sucesso nesta nova etapa e lembrar-lhe que daqui a uns anitos muito gostariamos de o ver voltar a vestir a nossa camisola e terminar a carreira com ela vestida. Fica-lhe mesmo muito bem.
Se João Palhinha sair do Sporting por 20 milhões de euros, será a sexta transferência mais lucrativa de sempre de um futebolista formado na Academia de Alcochete.
Como se comprova pela lista que enumero aqui em baixo. Acima dessa quantia, saíram apenas Nuno Mendes, João Mário, Nani, Gelson Martins e Adrien.
Isto apesar de vários leitores já terem considerado tal preço inaceitável, por motivos que compreendo. Mas demasiados outros jogadores de igual valor deixaram o Sporting a preços muito inferiores. As coisas são o que são.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre PALHINHA:
- José da Xã: «Gostei de ver ao vivo Palhinha, Pedro Gonçalves, Paulinho ou Feddal, só para dar uns exemplos. Assim como o “mister” Amorim.» (7 de Agosto)
- Luís Lisboa: «Já não é o trinco defensivo: é o garante da consistência e do equilíbrio do conjunto.» (22 de Agosto)
- Paulo Guilherme Figueiredo: «Encontraram-se boas alternativas a Porro e Palhinha, mas continuamos sem alternativas ao nível de Coates e Feddal, nem nada que se pareça.» (16 de Setembro)
- Eu: «Se há exemplo de profissionalismo, é este. Digno de um craque. João Maria Lobo Alves Palhinha Gonçalves é craque mesmo.» (22 de Setembro)
- JPT: «Ir à Luz jogar sem Palhinha, dito por todos "insubstituível", e sem Coates, afectado pelo tal Covid da "narrativa" de Rui Costa & Jorge Jesus, e ver jogar Matheus Nunes e Ugarte e toda a defesa, esta sem dois centrais titulares (ainda para mais depois daquele descalabro do Ajax sem Coates), mostra bem a justeza do rumo na constituição do plantel.» (4 de Dezembro)
- João Gil: «Com uma década de formação no Sporting e que chegaram à equipa A com regularidade e solidez competitiva desde Rúben Amorim, temos Palhinha, Bragança, Inácio, Nazinho e Nuno Mendes.» (20 de Dezembro)
- Rui Silva: «Só pode ser brincadeira de mau gosto a noticia que está no mercado e ainda por cima pela ridícula quantia de 30 milhões. É certo que atravessa um momento de menos fulgor, mas é um jogador fantástico e um dos melhores 6 da Europa.» (31 de Janeiro)
- Edmundo Gonçalves: «Todos temíamos a saída de Palhinha ou Pedro Gonçalves, ou até o menos exuberante Tabata, mas saíram do núcleo duro "apenas" Tiago Tomás e Jovane Cabral, duas pérolas que por ora apresentavam um brilho mais baço, se me é permitido dizer isto assim.» (1 de Fevereiro)
- Zélia Parreira: «Entretanto, o Palhinha ficou a ver os outros todos a jogar.» (3 de Março)
Parece que é desta: Palhinha estará de saída, correspondendo a um desejo do próprio jogador. Ao que tudo indica, irá actuar na Premier League, orientado por Bruno Lage no Wolverhampton. Fala-se numa transferência de 20 milhões de euros mais 5 milhões por objectivos.
Isto suscita duas questões que vale a pena debater.
Primeira: o preço a pagar pelo clube inglês é justo, atendendo a que o médio formado na Academia leonina tem uma cláusula de 60 milhões?
Segunda: faz bem Palhinha em trocar o Sporting pelo Wolverhampton, que ficou em décimo no campeonato inglês, perdendo assim uma oportunidade de se destacar no palco da próxima Liga dos Campeões?
Claro que a criatividade envolve o Sporting, quem mais poderia ser, designadamente o lance que envolveu Paulinho e o guarda redes do Paços de Ferreira, no recente jogo em Alvalade e que culminou na marcação de grande penalidade. Uns artistas da TV e dos jornais e ainda a newsletter de um certo clube (não há pior dor que a dor de...aquela tal...), apesar de toda a evidência das imagens, do levantar da bandeirinha do fiscal de linha, da chamada de atenção do VAR e da revisão da decisão pelo árbitro, enveredaram pelo caminho da desvalorização da vitória leonina e de tentar enlamear o que foi limpinho, criando o "penalti tecnológico": penalti, pelo toque no pé direito do Paulinho que lhe provocou a queda. No dia seguinte jornais houve que, na capa, titularam o que nas páginas interiores não era sustentado pelas opiniões de profissionais da arbitragem que neles avaliam as decisões arbitrais. Ainda hoje, no Record, o antigo árbitro espanhol Iturralde Gonzalez reforçava as opiniões dos seus colegas, na coluna Tira-Teimas, e que passo a citar: "Neste...lance não há muito a dizer. O Paulinho dribla o guarda redes que, com a perna esquerda, contacta e derruba o avançado do Sporting, cometendo penalti. Falta bem assinalada e cartão amarelo bem exibido...". Que chatice para as virgens ofendidas e viúvas do velho sistema!
O VAR veio mudar muita coisa no futebol (estou convencido que só com o VAR o Sporting foi campeão e está na luta este ano), mas ainda tem um caminho a percorrer no sentido de ainda maior verdade desportiva. Pelo menos e para já, acabaram muitas das vergonhas que assistiamos nos campos pois agora alguns rapazes pensam duas vezes antes de saltarem o muro para ir à fruta ou de se sentarem à mesa para refeições grátis. Dá mais nas vistas a inclinação dos relvados... Mas como dizia, ainda há caminho, muito para percorrer (e os jogadores também têm de ajudar, quanto a disciplina e simulações, não são nadadores nem mimos). Veja-se o escândalo dos cartões amarelos ao nosso jogador Palhinha. Pelo menos 3 mal exibidos, dos 5 que o excluem do próximo jogo. A "field of play doctrine" não pode continuar a ser a vaca sagrada das leis do futebol, caso contrário transforma-se antes em reiterada doutrina de injustiça autoritária ou numa "reveange doctrine" como no caso Palhinha. Ainda que não se atualize as normas de intervenção corretora do VAR quanto a injustiças cometidas por um árbitro em campo (revertendo cartões amarelos manifestamente mal exibidos ou pontapés de canto mal assinalados e que podem resultar em golos, por exemplo), não há razão para que os diálogos entre os diversos intervenientes das equipas de arbritragem não sejam públicos. E que a justiça dos órgãos jurisdicionais competentes se demita de julgar e aplicar as leis de acordo com os factos subjacentes à realidade, preferindo continuar à sombra da bananeira da "field of play doctrine". Por uma questão de justiça e de verdade desportiva.
(fotografia Jornal Record)
PS- Para complementar e até porque foi referido num comentário a questão dos especialistas não serem unânimes, aqui ficam os recortes dos principais opinadores especialistas:
Em boa hora Palhinha foi convocado por Fernando Santos para a selecção nacional. Já fez esquecer todos os possíveis concorrentes para a mesma posição, incluindo Danilo, Rúben Neves e William Carvalho: o lugar é dele.
Basta ver os números do recente Portugal-Luxemburgo: Palhinha revelou 94% de eficácia de passe e protagonizou sete recuperações de bola neste desafio, que reforçou a nossa expectativa de apuramento directo para o Mundial do Catar: continuamos invictos, somamos 16 pontos - ainda um ponto abaixo da Sérvia, mas com menos um jogo disputado. Só dependemos de nós.
Mais importante ainda: nesta sua terceira internacionalização, Palhinha marcou um grande golo - o quarto da nossa goleada por 5-0 frente à selecção luxemburguesa. À ponta-de-lança, confirmando o que muitos já sabíamos: ele não se limita a destruir jogo alheio, também constrói, demonstrando virtuosismo técnico. Com treinadores capazes de lhe proporcionar o guião certo, consegue dar sempre o seu melhor.
Parabéns, João Palhinha. Sempre acreditei em ti, campeão. Tenho a certeza de que vais cada vez mais longe.
João Palhinha, melhor em campo no recente Estoril-Sporting. Confirmando que desempenha um papel essencial nesta temporada 2021/2022, à semelhança do que já fez na gloriosa época em que nos sagrámos campeões.
Números do seu desempenho neste desafio:
- 90% de eficácia de passe;
- 11 duelos travados (oito ganhos);
- 2 duelos aéreos (ambos ganhos);
- 3 intercepções;
- 3 desarmes;
- só uma falta cometida (e quatro sofridas)
Quem viu com atenção o jogo, lembra-se: já no tempo extra, em fase de pressão ofensiva do Estoril, Palhinha faz um corte lateral com sucesso. E celebra-o como se tivesse marcado um golo.
Se há exemplo de profissionalismo, é este. Digno de um craque.
João Maria Lobo Alves Palhinha Gonçalves é craque mesmo.
Do nosso regresso às vitórias. Após dois empates seguidos no campeonato, contra Famalicão e FC Porto, voltámos a amealhar três pontos. E num campo tradicionalmente difícil: o do Estoril, de onde saímos derrotados (0-2) no último confronto que lá travámos, para a Liga 2017/2018. Um triunfo ainda mais importante por ocorrer quatro dias após a goleada sofrida em Alvalade frente ao Ajax, para a Liga dos Campeões. Soubemos dar a volta e mostrar que estamos apostados, mais que nunca, em revalidar o título conquistado em Maio.
Do nosso domínio de jogo. Sem qualquer discussão, este nosso triunfo no Estoril, que só peca por ser escasso (vencemos 1-0). Muito maior volume ofensivo leonino durante quase toda a partida, controlo de jogo com posse de bola, segurança a defender e acutilância a atacar. Fomos forçando a equipa anfitriã - que vinha de três vitórias consecutivas - a recuar as linhas e até os nossos centrais passaram a linha divisória, envolvendo-se na manobra atacante.
De Palhinha. Melhor em campo. Um poço de energia: concentrado, com capacidade atlética e pleno domínio técnico. Foi dono e senhor do corredor central, abortando lances do Estoril e construindo jogo. Serviu Paulinho numa quase-assistência aos 29'. Excelentes recuperações aos 41', 57', 73', 74'. Cortes decisivos aos 31', 76' e 90'+6. Já no tempo extra, aos 90'+3, disparou um tiro com selo de golo, travado muito a custo pelo guardião do Estoril.
De Porro. Jogou como tem habituado os adeptos: entrega total à partida. Começou a fazer a diferença logo aos 2', com um magnífico passe a isolar Sarabia. Excelente centro para Paulinho, aos 28'. Belo lance individual, tirando vários adversários do caminho, aos 60'. E aos 67' foi ele a converter a grande penalidade que nos valeu três pontos. Sem hipóteses para Daniel Figueira. O primeiro golo do internacional espanhol nesta temporada. Ficamos a esperar por mais.
De Paulinho. Não marcou, mas esteve quase. E bem merecia, sobretudo naquele remate em arco aos 48' que fez a bola, sem defesa possível, embater no poste. Teve duas outras grandes oportunidades de inaugurar o marcador: aos 28', num disparo à meia-volta, a passe de Porro, e aos 29', num cabeceamento muito bem colocado - travados in extremis por Figueira e um defesa. Desforrou-se aos 65': foi ele a sofrer o penálti, cometido pelo guarda-redes, do qual resultaria o nosso golo da vitória.
De Neto. Exibição muito positiva do nosso central, regressando à titularidade colocado mais à direita (Matheus Reis estava à esquerda, com Coates ao centro). Muito atento, foi impecável no domínio da sua zona, revelou-se quase perfeito no passe e envolveu-se sem complexos no processo ofensivo. Podia ter marcado num remate rasteiro, em zona frontal, aos 61' - a bola só não entrou por desvio de Soria a dois metros da linha de golo.
De Adán. Mais discreto do que noutros jogos, foi ainda assim fundamental para impedir por duas vezes o golo do Estoril. Em lances sucessivos, logo aos 15'. A recente derrota frente ao Ajax não lhe parece ter deixado marcas.
Do apoio incondicional dos adeptos. Bancadas na Amoreira muito bem compostas de apoiantes leoninos, que não cessaram de incentivar os nossos jogadores com cânticos e aplausos do princípio ao fim.
Da arbitragem de Tiago Martins. Deixou jogar, não apitou por tudo e por nada, mostrou-se indiferente às fitas e queixinhas dos jogadores. Só mostrou o primeiro amarelo aos 65', pelo penálti que o guarda-redes cometeu. Actuação na linha do que costumamos ver na Premier League ou observámos no recente Europeu de futebol. Custará assim tanto outros árbitros portugueses procederem desta forma?
De termos subido ao terceiro lugar. Antes desta partida, o Estoril estava à nossa frente. Já não está: seguimos agora em igualdade pontual com o FC Porto, continuando a depender apenas de nós próprios, mesmo que o Benfica vença a partida ainda por disputar nesta jornada. E permanecemos invictos no campeonato.
Não gostei
Dos golos desperdiçados. Da nossa parte, foram cinco. Três por intervenção do guarda-redes ou dos defensores do Estoril (Paulinho por duas vezes e Neto), outro porque a bola foi embater no ferro (ainda Paulinho), outro ainda porque Nuno Santos, isolado por Paulinho aos 37', permitiu que a bola fosse desviada por Patrick Willliam. Nada disto fez esmorecer o caloroso apoio dos adeptos.
De Sarabia. Rúben Amorim concedeu-lhe a estreia como titular. Mas o internacional espanhol que nos foi emprestado pelo PSG continua a parecer um peixe fora de água no onze leonino. Mesmo tendo usufruído de bastante espaço de manobra no flanco ofensivo direito, raras vezes fez a diferença - excepto no passe vertical lançando Paulinho que culminaria no penálti. Importante, mas escasso para um futebolista com o seu currículo. Percebe-se que lhe falta ainda articulação com os colegas. Saiu aos 82', dando lugar a Tiago Tomás.
Das ausências de Gonçalo Inácio e Pedro Gonçalves. Dois titulares indiscutíveis que continuam fora da equipa por lesão. Mas desta vez fizeram menos falta do que se poderia supor.
Do resultado ao intervalo. Mantinha-se o nulo inicial apesar de várias oportunidades que já tínhamos construído. Sabia a pouco e causava alguma apreensão para o segundo tempo. Felizmente nenhum mau augúrio se confirmou.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-Belenenses SAD pelos três diários desportivos:
Palhinha: 19
Vinagre: 18
Matheus Nunes: 17
Gonçalo Inácio: 17
Nuno Santos: 16
Nuno Mendes: 15
Esgaio: 15
Pedro Gonçalves: 15
Coates: 15
Neto: 15
Porro: 14
Adán: 14
Jovane: 13
Paulinho: 13
Daniel Bragança: 6
Tiago Tomás: 6
Os três jornais elegeram Palhinha como melhor jogador em campo.
Ontem saí de Alvalade convicto de que tinha assistido a uma das melhores exibições de sempre do Sporting sob o comando de Rúben Amorim, muitos furos acima do início da época passada, mesmo considerando que o BSAD também não está como nessa altura.
Independentemente do que ganharam ou não, alguns bons treinadores passaram pelo Sporting nos últimos anos com ideias de jogo bem definidas que conduziram a equipa a momentos ou períodos de grande futebol. Mas nenhum passou por Alvalade conseguindo pôr o Sporting a jogar desta forma "avant-garde" a lembrar a Juventus de Allegri, que associa espectáculo a controlo do jogo, não dando qualquer hipótese ao adversário.
Tudo começa na segurança defensiva proporcionada por Adán e pelo tripé de defesas centrais, que não se limitam a defender, são os distribuidores de jogo da equipa. Depois um meio-campo de dois e meio, Palhinha, Matheus Nunes e Paulinho, que acelera pelo centro e solicita o ala sempre solto. E depois dois interiores sempre a trocar de posicionamentos de forma a confundir a defesa contrária e aproveitando o espaço criado pela atracção dos centrais contrários por Paulinho a chegar à posição de ponta de lança. Tudo isto com a bola a girar rápido, atraindo para atacar, com Paulinho a fazer de pivot de toda a manobra ofensiva e uma reacção pronta à perda de bola.
Futebol de nível Champions, obviamente que à dimensão dos intérpretes existentes. Apenas com o tal problema... de desperdício imenso frente à baliza. Paulinho foi mesmo confrangedor nesse aspecto, mas Pedro Gonçalves e Tiago Tomás também não fizeram melhor. Se calhar alguma maldição do Slimani...
Os destaques ontem foram Vinagre, com uma grande primeira parte, a fazer pensar que o Wolves terá os melhores defesas esquerdos da Premier League, Nuno Santos ao seu melhor nivel, Matheus Nunes (que classe em versão todo-o-terreno) e acima de todos Palhinha, que já não é o trinco defensivo: é o garante da consistência e do equilíbrio do conjunto.
Mais uma grande conferência de imprensa de Rúben Amorim explicando o porquê das entradas de Neto e Nuno Santos numa equipa que vinha de três vitórias. Diz ele que o segredo do bom ambiente existente é cada um saber que no próximo jogo pode ser titular, não existem terceiras ou quartas escolhas acomodadas nos treinos à espera de lesões ou castigos dos colegas. Por isso Tiago Tomás está a ser "Paulinizado" para em qualquer momento ser titular e Pedro Marques foi emprestado.
Segue-se o Famalicão, que foi a nossa "besta negra" do Campeonato do ano passado. Com Vinagre e Ugarte já do nosso lado, confio plenamente na vitória.
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