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És a nossa Fé!

Os nossos jogadores (20): o 12º jogador

Depois do desfile do nosso surpreendente plantel, a série “Os Nossos Jogadores” não ficaria completa sem uma palavra sobre quem também faz parte deste espectáculo. Os mais incautos podem pensar que irei falar sobre o árbitro ou sobre a equipa adversária que, semanalmente, desafia a nossa a superar-se e a ser melhor do que todos nós queremos que esta seja.

Servem estas linhas, por isso, para vos falar do 12º jogador, essa massa anónima e militante que vai ao Estádio apoiar os nossos jogadores, que, às vezes até, com enorme sacrifício pessoal, abandona tudo e tudos para acompanhar o Sporting, nessa paixão irracional que é a bola.

O 12º jogador é parte integrante da Equipa. Sem nós, os nossos ídolos jogariam para uma bancada vazia. Sem nós, não haveria a animação constante que os 90 minutos nos proporcionam. E todos somos importantes. Fazemos falta. Claro que podemos ficar em casa e ver o jogo pela televisão ou ouvir o relato pela rádio. Adaptando a frase de um conhecido operador, poder, até podíamos, mas não era a mesma coisa.

Nestas minhas décadas de vida, são igualmente muitos os anos que acompanho o Sporting. Aprendi a respeitar a bola e a ver o jogo com olhos de ver, à medida que a idade passa. Como 12º jogador, já tive alegrias (muitas), tristezas (mais do que muitas). Ganhei amigos, consolidei amizades, alarguei horizontes. Insultei inúmeros árbitros, aprendi palavrões que só uso no Estádio e orgulho-me de, mesmo nos momentos mais dramáticos da história do nosso Clube, nunca ter queimado um cartão, um cachecol ou uma bandeira.

Tive a sorte, num passado recente, de escrever semanalmente no nosso grande Jornal, uma oportunidade que muito me honrou e onde pude desfiar as memórias do meu Sporting do passado.

Hoje em dia, não vou ao Estádio tantas vezes quanto gostaria. Mas da última vez que fui, já nesta época, notei uma diferença abissal que aqui registo, enquanto sócio e adepto, em relação à época anterior.

Agora nós ficamos até ao fim dos 90 minutos, não saímos antes do jogo acabar, torcemos pela Equipa e vibramos com a prestação do nosso 11. Estamos unidos e coesos, contentes com a nossa Equipa e orgulhosos pela estabilidade que sentimos. O Sporting voltou a ser garra, a ser respeitado e temido. A época ainda não acabou, é verdade, mas talvez precisássemos de bater no fundo como batemos para percebermos que, unidos, somos sempre mais fortes.

O 12º jogador somos todos nós. Começa no nosso Presidente e acaba com a criança que nasceu hoje e cujo pai, orgulhoso, acabou de a registar como membro desta nossa grandiosa família. O “Sporting é nosso”!

 

Os nossos jogadores (19): Slimani

Nunca disse que Slimani me deixa em ânsias, pois se o dissesse estaria a mentir, mas há ali qualquer coisa naquele 1,90 m de jogador que me deixa intrigado. Não sei dizer isto melhor, mas Slimani tem sido o meu suplente preferido. Não apenas pelos golos que tem marcado. Não apenas pelos pontos que nos tem dado. Sim, de acordo, isso também, mas gosto principalmente da forma como tem resolvido jogos: com a persistência de um abre-latas. Evitei dizer arte para dizer persistência porque as coreografias de Slimani têm sido mais movidas com a energia de um operário metalúrgico soviético do que com a leveza de um bailarino do Bolshoi. Sou capaz de já ter dito que o homem é mais um abre-latas do que artista do golo, mas isto é fácil de dizer. Difícil é interpretar aquele jeito desajeitado de Slimani. É isso mesmo. Não me faz lembrar a elegância do Jordão, nem revejo o instinto assassino de Jardel, mas Slimani tem para ali um jeito sem jeito que tem dado golos e golos que libertam. O primeiro lugar em que estamos é também feito com os golos de Slimani. O primeiro lugar em que estamos é feito com golos de abre-latas que rebentaram com equipas que se tinham fechado como sardinhas em lata.  Não sou eu que vou esticar o dedo biblíco para a baliza, mas se Deus não levar a mal, eu começo a achar que muitos guarda-redes ainda vão sentir a passarinha a tremer quando aquele gigante de jeito desajeitado apontar à baliza.

Os nossos jogadores (18): Carlos Mané

 

Alguns futebolistas nascem para lançar pânico entre os defesas. E não necessariamente no instante antes de desviarem a bola para as redes, dando uso à cabeça, ou ao pé 'que tinham mais à mão'. Quando se é um extremo capaz de causar esse tipo de pânico, os laterais começam a tremer longe da baliza, logo no instante em que alguém se lembra de fazer o passe para quem os irá desinquietar dentro de instantes, valendo-se de rapidez e habilidade para os reduzir a versões de carne e osso dos pinos usados nos treinos.

Carlos Mané já provou pertencer a tão especial casta de futebolista, como os antecessores Bruma, Nani, Cristiano Ronaldo ou Ricardo Quaresma. De todos estes, o jovem que Leonardo Jardim tem feito debutar na equipa principal parece sobretudo uma versão de Bruma com melhor coordenação de movimentos e capacidade de luta, mesmo quando em confronto com defesas que têm mais um palmo de altura do que o franzino luso-guineense.

Falta-lhe ainda descobrir o caminho terrestre para a baliza adversária e a confiança para apostar no um-contra-um à entrada da grande área. Quando isso acontecer, Carlos Mané será a flecha do futuro, capaz de provocar explosões de alegria nas bancadas.

Os nossos jogadores (17): Ricardo Esgaio

 

Já quanto a Welder (…) os leões não devem ir ao mercado para colmatar (…)uma vez que para a posição de lateral direito, além de Cédric Soares e Peris há Esgaio in A Bola de 2013-11-27, p. 19

 

Ricardo Sousa Esgaio nasceu na Nazaré a 16 de Maio de 1993 mas a luta de Ricardo não é em ondas gigantes de água salgada, é em campos verdes, sem prancha, com bola.

Chegou ao nosso Sporting na época de 2004/2005, foi campeão nacional de iniciados (juniores C) em 2007/2008 e de juniores (juniores A) em 2011/2012, conquistou, também, como juvenil (juniores B) o campeonato regional de Lisboa em 2008/2009. Já esta época, venceu a Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa.

Como futebolista compararia Ricardo Esgaio com Dani Alves.

A mesma altura, 1,73 m, o mesmo signo força e terra (Dani nasceu a 6 de Maio), a mesma vontade de vencer. Tal como o brasileiro do Barcelona, Ricardo sente-se à vontade em todo o corredor direito, muito concentrado a defender, utiliza a velocidade e a técnica que possui para ir algumas vezes até à linha de fundo de onde “saca” cruzamentos que são meio golo, noutras vezes opta por procurar zonas mais centrais onde se encarrega de finalizar (trifinalizar, às vezes) utilizando, preferencialmente, o pé direito.

Recordo um jogo que vi em Belém (frente ao Atlético). Esgaio tinha acabado de fazer 19 anos e dava os primeiros passos na equipa principal, o que não impediu de ser ele a corrigir posicionamentos e a dar indicações a colegas, nomeadamente a Diego Rubio.

Por tudo o que já nos deu mas, principalmente, pelo muito que nos pode dar, Ricardo Esgaio, o miúdo da Nazaré, nove épocas de leão ao peito e titulado em todos os escalões de formação, foi a minha escolha para Os nossos jogadores.

Os nosssos jogadores (16): Vítor Silva

Chegou esta época ao Sporting, mesmo a fechar o prazo de inscrições e sem ninguém esperar. Nunca foi falado como possível reforço, não apareceu nas primeiras páginas dos jornais desportivos como pretendido por algum clube. Não lemos dele grandes entrevistas com o discurso habitual. A discrição é a sua imagem de marca e infelizmente nos dias que correm talvez tenha sido esse o motivo por ter demorado tanto tempo a chegar a um clube à sua medida. É um jogador dos tempos modernos, capaz de ocupar qualquer lugar no meio campo, com uma técnica bem acima da média. Como ele próprio diz, "não tenho tatuagens, não pinto o cabelo, nem uso alcunhas". É assim de facto. Olhando para Vítor Silva, vemos tudo menos um vulgar jogador de futebol, a sua simplicidade natural reflecte-se no modo como aborda o jogo. A sua forma de jogar, que apenas a sua excelente técnica o permite, transforma o difícil em fácil e o complicado em simples. Joga de cabeça levantada, antes de receber a bola já sabe onde a vai colocar. Entrou ao de leve, e foi logo rotulado como um bom substituto de André Martins, apenas isso. Não se intimidou e aos poucos foi ganhando o seu espaço dentro do grupo. Foi com naturalidade que o vimos jogar cada vez com mais assiduidade, demonstrando no campo o porquê de ter sido contratado pelo nosso Sporting. Tenho a certeza que será um jogador fundamental, com a sorte de ausência de lesões, nesta temporada. Já com várias épocas de futebol é um elemento que acrescenta além do seu valor, experiência. Aos vinte e nove anos é o jogador mais velho do plantel. Vai com toda a certeza deixar a sua marca no Sporting.

Os nossos jogadores (15): Rui Patrício

 

Os dois recentes erros graves cometidos nos jogos com Israel pela Selecção e no derby pelo Sporting são a excepção à regra que caracteriza um guarda-redes de qualidades invulgares como Rui Patrício. Graves erros só acontecem aos guarda-redes de classe, com presença assídua em grandes palcos onde, destacados pelos holofotes, se confrontam com enormes desafios de superação individual. 
Promovido à equipa principal do Sporting por Paulo Bento que o conhecia bem dos escalões juniores em que fora seu treinador, Rui Patrício estreou-se em Novembro de 2006 com apenas 18 anos contra o Marítimo com a defesa de um penalti que garantiu a vitória à equipa. Era o culminar dum percurso iniciado aos doze anos quando, transferido de Marrazes, do concelho de Leiria, de onde é natural, veio para Alvalade ganhar uns trocos. 
De origens humildes, Rui Patrício desde cedo ostenta uma estatura física e de carácter muito acima do vulgar, e vem demonstrando ao longo da sua carreira uma enorme capacidade de trabalho aliada a uma invulgar perseverança; qualidades que, a par do seu inegável talento com os pés e nas alturas, nos levam a acreditar que continuará a destacar-se por muitos e bons anos entre os seus congéneres nacionais. Não fosse o seu nome distinto por ser o de de um herói ímpar do cristianismo, do apóstolo da Irlanda, missionário da Grã Bretanha, Patrício é um nome que cai como uma luva ao defensor das redes da equipa Pátria, lugar que no onze contém uma mística excepcional só comparável à do jogador do outro extremo que marca os golos. Não só por isso um orgulho para os sportinguistas que se reconhecem no coração de Leão que lhe bate ao peito e transparece da camisola das quinas, e tão obscuros sentimentos inflama nos adeptos das equipas rivais. 

Ora acontece que a eternidade do Olimpo é privilégio de poucos, só acessível a quem pela fidelidade a uma divisa, a um emblema, logrou conquistar o coração às suas gentes; uma utopia pouco em voga por estes dias em que a lógica mercantilista é preponderante na gestão das carreiras desportivas. Não será esse o caso do Rui Patrício que soube sofrer, crescer e afirmar-se na baliza do Sporting onde sem dúvida por estes dias já deixou marca no coração dos adeptos leoninos e um lugar na história do clube. Onde só falta um “bocadinho assim” até ao Céu: a consumação de um final feliz, que é o título de Campeão Nacional. 

 

Imagem daqui

Os nossos jogadores (14): Fito Rinaudo

(tirei esta fotografia no jogo a que me refiro no post, peço desculpa pela qualidade, tentei melhorá-la. No segundo a seguir a este momento foi golo do Sporting, quase o perdia) (Rinaudo dentro das linhas: adoro)

 

Ao desafio de "Os nossos jogadores" não hesitei: "Rinaudo". Não é titular, mas impossível deixá-lo de fora, é um dos nossos sem dúvida. 

Um destes dias, em jogo em casa, Capel, Dier e Rinaudo foram aquecer para a bancada Norte, e eu contente da vida, que do lugar onde estava nunca vejo aquecer de perto e gosto de os observar nessa altura.

 

O jogo decorria mas perdi alguns minutos (e praticamente um golo) a ver Fito Rinaudo. Gosto muito da postura, dentro e fora de campo. Rinaudo aquecia e incentivava os colegas suplentes, mas parava para seguir jogadas, acompanhar lances, celebrar golos. Tal como em campo, quer estar em todo o lado também fora dele. 
A certa altura, todos corriam para lá e sprintavam para cá. Rinaudo regressava por dentro da linha do campo. Isto pode não ser nada, para mim é o atrevimento e o arrojo de Rinaudo. Sou uma romântica que se há-de fazer? 

 

Esta época há - e ainda bem - alternativa melhor para trinco, mas não estou nada com aqueles que apoiam uma saída de Rinaudo. Se acontece alguma coisa a William de Carvalho - e bato na madeira - pode bem entrar. Pode perder-se em técnica, mas não se perde tudo em eficácia. William de Carvalho é uma lufada de ar fresco entre trincos, Rinaudo é o clássico. 
Não me esqueço de como foi adorado até à sua lesão com o Vaslui - raios te quebrem, Roménia, não há uma memória decente - e hoje em dia oiço e leio coisas sobre ele em que não posso crer. Adiante. É claro que William merece a titularidade, mas não se tratam de opostos em qualidade, como já tenho visto dizer. 
Rinaudo é menos harmonioso, menos perfeito e perfeccionista, tem a seu favor a vontade e a força. O querer fazer tudo por todos e isso às vezes sair-lhe caro. É um jogador faltoso duro, esforçado, voluntarioso persistente e, digamos, viril. Podem não ser qualidades consensuais, mas eu ainda gosto muito de Rinaudo.   
Tem poucos golos, mas os Rinaudos não se querem para marcar os golos, querem-se a acompanhar a bola e jogadas, de forma que a equipa possa estar sempre a jogar e sejam os primeiros a defender. Por mim está bem assim. 
Ah, e aprovo muito um capitão Rinaudo. Muito. Vê-se que é um líder. 

Os nossos jogadores (13): Eric Dier

 

Eric Jeremy Edgar Dier, jogador inglês, internacional sub-21 pela selecção do seu país de origem, formado, desde os iniciados, na Academia de Alcochete (com uma passagem pelo Everton), tem feito um percurso de assinalável sucesso (em função da sua idade) desde a passagem ao escalão sénior tendo feito, até à data, vários jogos, quer pela equipa A, quer pela equipa B.

A compleição física (1,88 m), fundamental para um jogador que actua, sobretudo, como defesa central, a idade (ainda com 19 anos) bem como uma capacidade técnica acima da média, concretizada na visão de jogo e capacidade de passe e recepção (para um jogador de características defensivas), e o forte remate são os predicados que fazem de Eric Dier uma das maiores promessas do futebol leonino da actualidade.

Eric Dier é um jogador completo. Embora actue preferencialmente como central já o vimos jogar no lado direito da defesa (todos nos recordamos da sua estreia na equipa principal contra o Sporting de Braga) bem como na posição 6 de trinco (onde cumpre embora não deslumbre como William Carvalho). Não sendo especialmente rápido (como por exemplo Rúben Semedo) é um jogador fisicamente muito forte e, porque é tecnicamente muito evoluído, capaz de sair a jogar e distribuir o jogo quando os jogadores das posições 6 e 8 não conseguem recuar para o fazer.

Ademais, Eric Dier é um exemplo de entrega e profissionalismo e mesmo que nem em todos os jogos as coisas corram como o desejado sabemos que deu o que tinha, que se empenhou e que procurará fazer mais e melhor na partida seguinte.

Escolhi Eric Dier para esta rubrica por ter sido ele o responsável de escrever neste blogue. Ademais, o jogador inglês é fruto da formação do Sporting e um exemplo de que a Academia de Alcochete será, porventura, neste momento, a melhor escola de formação de jogadores de futebol do mundo, não apenas porque os jovens recrutados são de um enorme talento (como é o caso do Eric Dier entre tantos outros) mas também porque os técnicos que com eles trabalham e a política de clube permitem que o talento tenha correspondência dentro de campo.

De Eric Dier espero apenas a confirmação para breve do seu potencial. Creio que podemos estar perante mais uma estrela da nossa formação. Talvez na próxima semana possa substituir o Rojo no jogo em Guimarães. Esperemos que se encontre ao seu melhor nível!

Os nossos jogadores (12): Marcelo Boeck

Quando surgiu o desafio de escrever sobre os nossos jogadores, Marcelo Boeck foi a minha primeira escolha.

 

Qual a razão? Para mim, a resposta é simples.

Marcelo Boeck é um grande atleta, conhecedor do Sporting de Portugal, jogador de equipa, humilde, trabalhador, esforçado, dedicado ao Sporting Clube de Portugal.

Este jogador de nacionalidade brasileira tem 28 anos, 1,91m, foi formado no Internacional, passou pelo Marítimo e representa o Sporting Clube de Portugal desde 2011.

 

Não é fácil representar o Sporting Clube de Portugal e disputar o lugar com o “monstro Rui Patrício” mas Marcelo Boeck demonstra qualidade sempre que lhe é dada a oportunidade.

Para além da qualidade técnica, demonstra diariamente o que deve ser um jogador do Sporting Clube de Portugal através da sua enorme devoção e espirito de equipa, conforme ficou comprovado no jogo contra o Marítimo, com Slimani a festejar com ele o golo da vitória, e no jogo contra o Atlético de Bilbau.

 

Mais do que palavras, as imagens falam por si:

 

Os nossos jogadores (8): André Martins

 

André Martins, d’ ”Os nossos jogadores”, é o meu jogador.

Continuaria a sê-lo mesmo que outro colega de blogue se antecipasse a escrever sobre ele, mas duvido, perdoem-se a falta de modéstia, que algum deles descrevesse André Martins com a mesma eloquência.

 

Não há paixão que não seja alimentada por sonhos, desejos, idealismos, utopias e crenças. É próprio desse sentimento. O futebol é uma paixão, e é um jogo de paixões. Poder-se-á desta forma justificar, por exemplo, a fidelidade clubística, ou as preferências por jogadores.

 

Quanto mais alimentada for a paixão, maior tenderá a ser. O contrário também se verifica. Quando maior for a paixão, maior tenderá a ser a procura de alimentação para ela. Será sempre uma fórmula circular.

 

André Martins é um dos jogadores que me alimentam a paixão pelo jogo. Estou sempre à espera que me realize um sonho (um daqueles passes, um daqueles cortes, uma daquelas movimentações, aquele posicionamento perfeito). O idealismo é permanente cada vez que o vejo em campo, simplesmente porque tenho a certeza que a qualquer momento posso ter um momento de felicidade.

 

Para mim, e já o tenho dito várias vezes, um jogador de futebol é tanto melhor quanto mais inteligente for, porque percebe melhor o que pede o jogo. Não desleixo características como a garra e a capacidade física, mas não tenho dúvidas que numa série longa a inteligência terá muito mais impacto como factor decisivo. Não é possível equilibrar uma equipa sem jogadores que percebam o jogo tacticamente, que interpretem as necessidades do jogo e que tomem as melhores decisões colectivas e individuais. Estas acções, realizadas em conjunto e de forma sistemática, só estão ao alcance de jogadores com um nível intelectual elevado.

 

André Martins é um desses jogadores. Não há nele uma acção que seja displicente (ao contrário do que muitas vezes se quer fazer crer), uma movimentação que seja inconsequente, um passe que não tenha uma intenção clara (normalmente até leva logo uma segunda intenção, muitas vezes não percepcionada pelos colegas).

 

É ele (e Wilson Eduardo) quem equilibra esta equipa do Sporting. A capacidade de pressão que este Sporting consegue ter, está em grande parte assente na forma inteligente como André Martins se entrega a essa missão.

 

Tudo em André Martins tem a inteligência como essência. Por isso é, e será sempre, em parte, um incompreendido. Mas, convenhamos, não é assim com a maioria das pessoas que têm uma inteligência muito acima da média? Se nalguns casos esta incompreensão é completamente inconsequente (comentadores, jornalistas, bloggers), noutros casos pode tornar-se prejudicial (companheiros de equipa, treinadores, dirigentes) para o próprio e para a equipa em que está inserido. Sinto-me tantas vezes desiludido com as análises “pela rama” que são feitas sobre André Martins por gente que percebe tão pouco de futebol.

 

Acredito que, neste momento, André Martins, terá encontrado, finalmente, um treinador capaz de o entender (não obstante a forma errada como o retirou da equipa após o jogo do Dragão, não percebendo que foi a sua saída que desequilibrou a equipa). Facto a que não será alheio a própria capacidade intelectual de Leonardo Jardim.

 

O futebol para mim é uma paixão, o André também. É o jogador português que mais aprecio e é-o também no seio do meu (nosso) Sporting. É bom saber que continuamos a formar jogadores de futebol e não apenas atletas. Espero continuar a vê-lo crescer como titular e elemento fundamental na evolução deste Sporting, porque, não tenho dúvidas, a equipa é muito melhor quando ele está em campo.

Os nossos jogadores (7): Adrien Silva

E ao sétimo ano da crisálida desabrochou a borboleta, quando já não se esperava por ela.

Ao cabo de 15 jogos na 1ª equipa do Sporting durante a época 2007/08, 19 na época seguinte e 24 em 2009/10, Adrien Silva não se retirara da banalidade e dele nenhum esplendor se esperaria. Seguiram-se dois anos de luto na Académica, com irrelevante passagem por Tel Aviv, em que sensibilizou a lúgubre assistência do Calhabé, saudosa das glórias de 60, quando o salazaro-benfiquismo lhes cortou as asas de corvo. O maior feito de Adrien perpetrado com tal camisola terá sido enrodilhar-se com Polga logo aos 4´da Final da Taça, facilitando o golo da vitória da Académica contra o Sporting.

Foi pois de nariz torcido que os sportinguistas o viram de regresso ao clube, para mais empurrado pelo rumor de que o coiso lá do norte andava atrás dele. Sabe-se lá se não foram malhas que o Mendes teceu para enrolar o Godinho – o trivial por aqueles dias.

Estávamos à bica da época 2012/13, o inverno mais longo e penoso da história do Sporting. Adrien tornou-se efetivo num meio-campo com Elias e Gélson ou Pranjíc (Schaars e Rinaudo lesionados). Aquilo era um Cerbérus desdentado ou três Górgonas cegas; de qualquer modo, um bicho feito no inferno para nos apoquentar. Nos pés de Adrien a bola desanimava, o jogo entaramelava-se, o tempo escoava-se e dali saía ou um passe enroscado ou um corte mesquinho. Foram justos os assobios que escutou, o meu entre eles, que perdi muito a paciência o ano passado.

Prometera-nos o prof. Jesualdo que 2013/14 seria um annus horribilis (estando ele a vivê-lo de verdade, mas no arcebispado). Que Adrien constasse no plantel, só poderia confirmar tão maligna profecia. Por mim confesso: paguei às cegas o lugar de época, disposto a apertar o cinto – a hell of a bumpy ride…

Porém…

 

O porém é que este ano nos saiu um Adrien vintage como nunca antes apreciáramos, menos ainda conceberíamos. Adrien é a boca-do-lobo das jogadas adversárias (já repararam que ele tem mesmo boca de lobo?), o macho-alfa da alcateia sportinguista, capaz de varar o território de caça atrás da bola. Ter-lhe-ão decerto acrescentado um pulmão para correr assim o jogo inteiro e despertado uma lucidez antes hibernada em pele de cordeiro.

Ainda há muito pão para comer até ao final do campeonato, e pão que o diabo amassou. Está visto que se lembraram de tirar da caixa as bolinhas de Natal de há 15 anos, em que nos inventavam uma série de 3 a 5 jogos com arbitragens à medida, de modo a converter a Consoada numa Última Ceia. Não haja uma sarrafada cirúrgica ou um punhado de cartões canários exibidos com insolência e teremos muitas alegrias a recolher deste renascido Adrien.

Os nossos jogadores (6): Fredy Montero

Fredy Montero é um Matador, não frio e calculista ao estilo dos estereótipos germânicos e nórdicos, mas um Matador com arte, com alma, com “salero” e com “ganas”.

Fredy Montero nasceu numa pequena aldeia da Colômbia onde aprendeu a jogar futebol na rua, onde um dia alguém disse ao seu pai que o filho era um “fenómeno”. E o pai acreditou... e nós acreditamos agora também!

O pai de Fredy, ex-jogador de futebol, um polícia de profissão que tinha licença de treinador, dedicou-se apaixonadamente à carreira do filho, treinando-o como um profissional desde os seis anos, levando-o a diversas academias, horas de viagens e horas de treino diárias.

Este menino não ostentava apenas o mesmo nome do pai, Fredy Montero, era também o porta-estandarte de todos os sonhos da família, ser um jogador profissional de futebol.

Nesta fase da carreira, o menino Montero era sempre acompanhado por toda a família em todos os jogos. Uma festa permanente na caravana Montero, pai e mãe, irmãos, tios e primos.

Numa destas academias de futebol, a Toto Rubio, a terceira onde Fredy esteve inscrito, foi descoberto, aos 14 anos, por um olheiro que o recomendou ao Deportivo de Cali. O clube soube que Fredy ia jogar em Cali, num torneio inter-escolas, e ficou de enviar um olheiro para observar o jovem. Este olheiro chegou atrasado ao torneio e não viu o jogo. Nada que atemorizasse ou fizesse desistir o jovem Fredy que agarrou num táxi, convenceu dois amigos, foi ao treino do Deportivo de Cali, mostrou-se… e agradou.

Acabou por ficar no Deportivo de Cali, tornando-se profissional, crescendo e evoluindo, tendo jogado também no Atlético de Huila, emprestado para rodar.

O seu instinto para o golo, a par da sua serenidade em campo, a sua maturidade muito acima da idade, deram-lhe uma imagem de “Matador”, calmo, concentrado, focado e eficaz.

Melhorou sempre a cada ano que jogou na Colômbia, realizando melhores partidas, marcando mais golos, demonstrando qualidade, agilidade, técnica e uma vontade indomável de fazer mais e melhor.

Foi duas vezes melhor marcador da Colômbia, estreando-se rapidamente pela sua seleção nacional e chamando a atenção de clubes estrangeiros.

Foi emprestado ao Seattle Sounders onde teve uma espantosa época de estreia, jogou e encantou, foi considerado o melhor jogador latino da MLS e foi o quarto jogador a vender mais camisolas nos EUA.

Venceu duas Taças em terras do Tio Sam e foi nomeado para o prémio MVP, jogador mais valioso do campeonato. Entretanto o clube de Seattle adquiriu os direitos desportivos de Fredy ao Cali.

O reduzido mediatismo da Liga norte-americana e uma acentuada quebra de forma retiraram-lhe o lugar da seleção nacional e, mais tarde, levaram-no a um empréstimo ao Club Deportivo Los Millonarios, na Colômbia.

Este empréstimo não trouxe uma melhoria acentuada na forma e resultados do jogador mas serviu para algo que iria mudar a sua vida. Chamou a atenção do Departamento de Futebol do SCP e, especialmente, do Presidente Bruno de Carvalho, de quem se diz ser este jogador uma "aposta pessoal".

É assim que Fredy Montero, “profissional” desde os 6 anos, um homem religioso e dedicado à família, amante da pesca e dos amigos, um “Matador” tranquilo, chega ao SCP.

E que chegada... velocidade, mobilidade, agilidade, concentração, serenidade, instinto, inteligência, maturidade.

Se parece que foi "ainda ontem que chegou", foi mesmo… ainda há muito Montero para ver, mais e melhor para crescer e evoluir, tal como o nosso Sporting Clube de Portugal.

Com o Matador Sereno não vamos voltar a um qualquer passado, de glória esquecida ou esbatida, a preto e branco ou technicolor.

Com o Matador Sereno vamos caminhar rumo a uma nova fase do nosso Clube, que é curiosamente o verdadeiro regresso às origens. Vamos cumprir o nosso desígnio, não apenas limpar o pó das prateleiras do nosso Museu mas todos os anos acrescentando troféus e títulos a um Museu bem vivo e com uma fome insaciável... uma fome igual ao Clube, BRUTAL!

 

“Queremos que este Clube seja um grande clube, tão grande como os maiores da Europa.”


Os nossos jogadores (5): André Carrillo

 

Chegou como um jovem para ver crescer. Num tempo de instabilidade, mal tocou na bola e todos percebemos: era craque. E que perfume sente o nosso jogo quando este peruano está em campo e no campo. O que tem em talento, falta-lhe em garra. Aquela garra de cerrar os dentes e ir para cima dos defesas. Será falta de confiança? Será falta de motivação? Quem trabalha todos os dias com Carrillo saberá. Certo é que é um talento puro. Daqueles que nos fazem levantar da cadeira e empolgar. Cada jogada que serpenteia, ou não fosse a sua alcunha importada do Peru de La Culebra, faz-nos imaginar que temos ali Quaresma, Ronaldo ou Nani. Faz-nos acreditar que está ali um Ala dos antigos e dos que nós tanto gostamos.

 

Tem tudo à sua frente para ser o melhor da Liga Portuguesa. Qualidade, talento, força, aceleração, falta-lhe o factor 200%. Um talento destes precisa de se superar a cada jogo.

 

A conjuntura não foi a melhor, nisso todos concordamos. Muita instabilidade e muitos treinadores, cada um com a sua filosofia, com a sua táctica, com os seus conselhos. Para além disso a idade, a saída de um país que era o seu para outro que é diferente. Até a língua não ajuda.

Mas está na hora de Carrillo. Está na hora de nos pôr a sonhar. Está na hora de partir os defesas laterais, sentá-los, levantar a cabeça e pôr a bola redondinha no nosso Montero. Está na hora de assumir que é o melhor desta liga. Eu acredito que tem tudo e está no clube certo. Que lhe chegue a garra leonina e expluda! 

Os nossos jogadores (4): Wilson Eduardo

Hoje, vou contar-vos uma história. E, como todas as histórias, começa assim:

 

Era uma vez um jogador do Sporting, aí formado, e que estava emprestado. Um dia, foi a Alvalade jogar contra o Sporting e marcou. O Sporting não venceu esse jogo.

 

Ahhh??? Não gostaram deste começo? Bom, vou então tentar outro.

 

Era uma vez um jogador do Sporting, aí formado, que fez a pré-época no Sporting mas acabou por ser emprestado. Um dia, jogou contra o Sporting e marcou. O Sporting não venceu esse jogo.

 

Como??? Também não gostam deste início? Caramba, à terceira tem que ser!

 

Era uma vez um jogador do Sporting, aí formado, que fez a pré-época no Sporting e ficou no plantel. Um dia, no primeiro jogo do campeonato, em Alvalade, o Sporting venceu e ele… marcou!

 

Já gostam? Ok, continuemos então.

 

 

Wilson Eduardo, 23 anos apenas. O menino que face ao seu histórico nas camadas jovens do Sporting, e também nas selecções, prometia muito mas tardava em encontrar o seu lugar à noite (obrigado Sporttv!) de Alvalade.

Se nem a crise de soluções atacantes na pré-temporada com Sá Pinto ao leme lhe valeu a confiança para ficar no plantel, então jamais Wilson iria ter a oportunidade de marcar golos de leão ao peito. 99,99% dos sportinguistas terá, assim, pensado. Já o restante 0,01% dos sportinguistas, que é o adepto Leonardo Jardim, não se terá convencido disso.

Em 2013/2014, Wilson Eduardo voltou a fazer a pré-época no Sporting e não só assegurou o seu lugar no plantel como neste primeiro terço do campeonato se assume como uma das principais referências da equipa leonina.

Gosto muito de Wilson Eduardo. Para além de marcar, e dar a marcar, golos nota-se que tem mesmo imensa vontade e prazer em jogar de leão ao peito.

Em Wilson Eduardo observo o esforço e dedicação de quem fez pela vida para chegar ao plantel principal de um Grande. Muitos miúdos, muitos estrangeiros, chegam a Alvalade e ao plantel principal do Sporting e desperdiçam a oportunidade que lhes é dada. Nuns casos, por manifesta falta de humildade, noutros casos por clara falta de qualidade. Entre uns e outros muitas vezes se perdem bons jogadores que, caso lhes fosse dada a mesma oportunidade, não a teriam certamente deixado fugir. E depois é vê-los brilharem noutras cores e pensarmos por que é que o Sporting não aproveitou este jogador.

Temia que com Wilson Eduardo a história se pudesse repetir. Felizmente não foi esse o caso.

Wilson Eduardo merece este bom começo da sua 1ª época no Sporting, e desejo, sinceramente, que saiba e faça por aproveitar bem os restantes 2/3 do campeonato. Nada é garantido, e Wilson tem bons exemplos perto de si de colegas que ainda ontem eram intocáveis no 11 do Sporting e hoje vêem os jogos ao lado do presidente Bruno de Carvalho. 

Termino com a evocação de um sonho. Que o Sporting possa vir a ter em breve uma grande dupla familiar no seu 11, como a selecção da Dinamarca teve com os manos Laudrup, ou o Ajax com os manos De Boer. Os manos Wilson e João Mário. 

Os nossos jogadores (3): Jefferson

 

Foi uma das figuras do último campeonato. Por ter marcado um golo decisivo, no empate cedido pelo Benfica na Luz frente ao Estoril, travando o passo à progressão dos encarnados na conquista do título, que seria do FC Porto. Jefferson, eleito homem do jogo nessa memorável partida realizada a 6 de Maio de 2013, negou ainda o golo a Maxi Pereira com um corte cirúrgico no momento certo.

Estas duas jogadas - a do golo e a do corte - num desafio em que o Estoril enfrentou sem receio a turma de Jorge Jesus definem muito da personalidade de Jefferson Nascimento, lateral esquerdo brasileiro de 25 anos agora ao serviço do Sporting.

Foi o primeiro reforço anunciado na presidência de Bruno de Carvalho, ainda em Maio. E as suas palavras iniciais aos sócios confirmavam os pergaminhos que o fizeram rumar a Alvalade: prometeu contribuir para a "grandeza" leonina, "colocando o clube no seu lugar" após a pior época de sempre.

 

Um verdadeiro Leão fala sempre assim, sem temer mostrar as garras. Mas Jefferson não se limita às palavras: já comprovou características de lutador no terreno de jogo. É um daqueles jogadores que revelam sempre vontade de ganhar. Em proporção inversa ao do baixo custo da sua contratação ao Estoril: custou apenas 700 mil euros ao Sporting. Basta comparar esta quantia com a de outro lateral esquerdo, também brasileiro: Alex Sandro custou ao FC Porto, no Verão de 2011, 9,6 milhões de euros.

Rezam as crónicas que o Benfica quis ter Jefferson nas suas fileiras. Mas Bruno de Carvalho antecipou-se. E fez bem, como o ex-estorilista tem vindo a demonstrar em campo enquanto titular quase indiscutível no onze-base definido por Leonardo Jardim. Só por lesão o brasileiro teve de ceder episodicamente o lugar ao paraguaio Piris. Mas retomou-o sem demora: o treinador acredita nele. E as bancadas de Alvalade também. Mesmo alguns resmungões - aqueles que dizem mal de tudo e de todos - já se renderam à tenacidade de Jefferson. Que defende bem e ataca melhor, com extrema rapidez. Os seus cruzamentos levam sempre o selo de perigo às defesas contrárias. E é um dos nossos melhores especialistas na marcação de cantos e livres.

 

Falta-lhe um golo pelo Sporting. Aposto que não precisaremos de esperar muito.

Jefferson é um daqueles futebolistas capazes de desequilibrar um desafio a qualquer momento. E, dada a sua idade, tem ainda uma larga margem de progressão. Oxalá o nosso clube saiba conservar nas suas fileiras este jogador que actua com o número 4 na camisola. Porque ele é, sem dúvida, um dos melhores laterais esquerdos a actuar nos estádios portugueses.

Os nossos jogadores (2): William Carvalho

É o homem do momento, o jogador de quem toda a gente fala e ainda por cima acaba de ser chamado à selecção nacional A para alinhar no play-off de apuramento para o Mundial2014, frente à Suécia. Finalmente, Paulo Bento viu o que todos já percebemos desde o início desta época: William Silva de Carvalho, nascido em Luanda (Angola), é o trinco que faz falta à selecção. Muito seguro, quer a defender, quer na transição para o ataque, William Carvalho impõe muito respeito em campo e dá tranquilidade ao 'miolo' do Sporting. Com ele em campo os centrais não andam na tremideira do costume e os outros médios têm tempo e cabeça para organizar o jogo da equipa leonina. Esta época, e depois de ter estado emprestado aos belgas do Cercle Brugge e ao Fátima, William Carvalho não largou mais o onze do Sporting - relegando o 'capitão' Fito Rinaudo para o banco - e Leonardo Jardim não abriu mais mão dele. Nem pode.

Com uma altura considerável para a posição (187cm), William Carvalho é um falso lento. Em duas ou três passadas, recupera a posição, ganha bolas que parecem impossíveis, sempre com uma facilidade impressionante. Para além disto, é um jogador correcto, que não exagera nas faltas (raro num trinco), e que, sobretudo, é de uma simplicidade e discrição que contrastam enormemente com o seu talento. Viu-se agora com a chamada à selecção e vê-se todas as semanas, seja num jogo a feijões ou num dérbi como o de hoje. Ele é sempre o mesmo e isso é coisa que não se vê muito entre os craques da bola.

William Carvalho estreou-se a marcar frente ao FC Porto e hoje esperamos todos, no mínimo, uma grande exibição frente ao Carnide. Hoje queremos que William Carvalho meta Matic 'no bolso' e mostre, mais uma vez, a razão para estar a despertar a cobiça de outros clubes grandes da Europa como a Juventus (a cláusula de rescisão é de 45 milhões de euros). William é grande e sabe que o Sporting é enorme, por isso recusou assinar com os encarnados quando era iniciado e estava no Mira Sintra. Acertou em cheio. Se tivesse assinado pelos nossos grandes rivais, hoje à noite não estaria certamente em campo porque no lugar dele entraria um qualquer estrangeirado, pago a peso de ouro. Felizmente no Sporting há uma Academia que produz jogadores deste calibre. Ontem, hoje e amanhã.

 

  

Os nossos jogadores (1): Diego Capel

 

 

Diego Capel é bem o tipo de jogador de futebol que eu gosto de ver no Sporting. Tal como disse há dias neste blogue, ele dá velocidade ao jogo, transmite entusiasmo aos colegas e empolga o público. Tudo isto porque reúne qualidades, psicológicas e técnicas, de carácter e de talento, que não é frequente vermos associadas num mesmo atleta.

 

É um jogador hábil, embora não excepcional deste ponto de vista, é muito rápido, a pensar e a executar, imprimindo normalmente grande rapidez aos ataques, cruza muito bem e, sobretudo, exibe um atributo que bem pode ser considerado uma sua marca distintiva, ele nunca desiste. É um gosto - que quase me cansa - ver a vontade com que corre com a bola, a aplicação, quando em atitude defensiva, com que persegue os adversários, a maneira entusiasmada e entusiasmante como festeja os golos, o modo, em suma, como se esforça por merecer cada um dos cêntimos que cada um dos sócios e o clube  lhe pagam. Diego Capel é, ainda por cima, um jogador correctíssimo, educado com os adversários e com o público, ao contrário do que a sua exuberância atlética - apesar de baixo, a energia que põe em todos os lances parece, muitas vezes, amarrotar outros aparentemente mais poderosos - poderia fazer supor.

 

Gosto mais de vê-lo jogar do lado direito, a sua capacidade de perfuração é aí, em minha opinião, mais evidente do que no lado esquerdo, embora depois, nas proximidades da linha final, tenha alguma dificuldade em concluir as jogadas. De qualquer maneira, se afinar a sua capacidade de remate, em que, é um facto, mostra algumas deficiências, poderá tornar-se um jogador temível jogando no lado direito. No jogo com o Marítimo, deu um seguro sinal disso.

 

Todas as equipas têm  jogadores que, embora reconhecidamente importantes ou, mesmo, decisivos no futebol por si praticado, são incapazes de arrastar um espectador que seja para os estádios. Só um masoquista pagaria bilhete para ver um jogador, por muito bom que seja, catalogado como carregador de piano. São jogadores como Capel, jogadores que sabem jogar à bola, que levam o público ao campo, que fazem mexer as equipas, são jogadores como Capel, que não poupam esforços, que respeitam os companheiros e as bancadas, que, não obstante muitos defeitos e carências técnicas e de outro tipo que possam apresentar, entusiasmam os adeptos e os fazem ter orgulho nos seus clubes.

 

Fica connosco muito tempo, Diego Capel, e continua a arrebatar-nos com o teu futebol! 

{ Blogue fundado em 2012. }

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