Lamenta-se o Pedro Correia, no comentário que deixou, «não haver registo filmado desses golos».
Numa ida a uma biblioteca pública lembrei-me de solicitar a leitura de um jornal da época para ver o que sobre esse jogo foi escrito. Deixo aqui a transcrição.
Para a Alda e para o Pedro.
"No Lumiar
Os «Leões» esmagaram o adversário e fizeram goals para todos os paladares: Sporting, 14 – Leça, 0.
O sacrifício dos clubes de menos valor, ante o Sporting, continuou ontem com o Leça… 14 goals sem resposta – e é tudo quanto haveria a dizer do desnível entre algumas equipas que concorrem à prova e, mais concretamente, da diferença entre o Sporting e os de Leça da Palmeira.
Peyroteo o magnífico avançado-centro da equipa nacional, fêz só por si nove «goals» - para todos os gostos. Refastelou-se com o 2.º, 3.º, 4.º, 6.º, 7.º, 8.º, 9.º, 12.º e 14.º ou seja, quatro no primeiro tempo e cinco no segundo.
Que dizer, repetimos, desta avalanche de «goals»?
É na verdade difícil segurar os avançados leoninos, a jogar em campo largo, com os recursos técnicos de que dispõem e poder de remate que supera de longe os de qualquer outra equipa. É difícil, na verdade. Mas é incontroverso que o volume dos resultados conseguidos pelo Sporting ante certas equipas só é possível porque êsses mesmos adversários estão longíssimo de poderem corresponder ao esfôrço que lhes exige um prova dura como é o Campeonato Nacional, e longíssimo, também, do valor necessário a tal emprêsa.
O Leça e está precisamente nestes casos. É possível que a equipa valha alguma coisa no pequeno campo que possue na linda vila que lhe dá o nome e que suba mais ainda quando o grupo dos seus adeptos a acarinhe e ampare. Mas – só isso. A jogar fora de casa, contra as equipas mais qualificadas, há-de sofrer resultados esmagadores ou, quando não os sofra, terá que levantar as mãos aos Céus…
Equipa atlèticamente bem constituída – talvez a mais forte depois da dos campeões – joga, contudo, o futebol embrionário que fêz as delícias da nossa gente há uns bons vinte anos.
Em tôda a tarde, a equipa não desenhou um ataque em forma, qure [sic] dizer, nem uma única vez conseguiu fazer perigar as rêdes de Azevedo. Pode até dizer-se, sem faltar à verdae, que o resultado seria igual se Azevedo lá não estivesse.
Claro – desta forma o Sporting não teve a mais ligeira preocupação. Para tudo ainda ser mais fácil, fêz o seu primeiro «goal» ao primeiro minuto e levou a mesma vida descansada e a fazer «goals» até ao último minuto de jôgo. Peyroteo, como dissemos, fêz nove dos catorze tentos. Soeiro, fêz dois (o 1.º e o 5.º); Daniel, de recarga, também molhou a sôpa (10.º); Canário, fêz outro o (11.º) e, finalmente o defesa Cardoso, à falta de outro trabalho que lhe exigisse, fêz o penúltimo da série.
O ataque sportinguista foi, como não podia deixar de ser, a formação mais em evidência no terreno. Ante um adversário temeroso do seu grande nome, os dianteiros leoninos embrulharam constantemente a defesa dos visitantes sem que fôsse necessário grandes pressas e grande esfôrço. Jogaram com tôda a naturalidade – e bem. Mourão e Cruz foram, a nosso ver, os melhores, logo seguidos de Canário. Peyroteo fêz nove «goals» - muito mais, portanto, do que era sua obrigação.
Os médios acompanharam de perto o ataque e deram jôgo jogável, constantemente. Daniel vai-se afirmando dia a dia o jogador que a equipa precisava. Paciência e Marques, bem.
Os defesas e Azevedo – descansaram.
O Leça foi inferior – talvez, mesmo inferior a si próprio. Jaguaré, na balisa [sic], foi impontente para evitar a mais severa derrota que o grupo terá obtido até hoje.
Os restantes nada fizeram que mereça referência.
Os «teams» alinharam:
Sporting: Azevedo; Rui e Cardoso; Paciência, Daniel e Marques; Mourão, Soeiro, Peyroteo, Canário e Cruz.
Leça: Jaguaré; Godinho e Waldemar; Juca, Elísio e Rocha Lino; Chelas, Nini, Lúcio, Quecas e Joaquim.
Arbitrou o sr. Palma Soeiro – com pouca felicidade.”
In. STADIUM, n.º 513, 23 de Fevereiro de 1942. p. 5.
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Ilustra esta peça jornalística uma fotografia com a seguinte legenda: “SPORTING – LEÇA – Mais um «goal» do Sporting, o 6.º, obtido por Peyroteo sôbre passe de Cruz…”
Nesta foto podemos observar um jogador do Leça em plano de fundo vestido «à Sporting» enquanto Peyroteo, sendo a foto - naturalmente - a preto e branco, aparece com um camisola em tons de cinza - presumo verde, calções e meias pretas.
Foi a anterior vitória do Sporting antes da que registámos sábado passado no reduto portista. Já vão decorridos nove anos, na 22ª jornada do campeonato 2006/07. Um golo monumental, obtido de livre directo bem longe da grande área da equipa de azul e branco. Autor: o internacional chileno Rodrigo Tello, que jogava na posição de lateral-esquerdo, com o nº 11 na camisola, e custara 7,5 milhões de euros aos cofres de Alvalade, onde jogou sete épocas e venceu um campeonato, duas Taças de Portugal e uma Supertaça.
Iam decorridos 71 minutos e o resultado teimava em permanecer como estava quando soou o apito inicial. O árbitro, Pedro Henriques, não teve dúvida em assinalar falta a mais de 20 metros da baliza. Encarregado de cobrá-lo, Tello cumpriu a missão de forma exemplar. Do pé esquerdo dele saiu não um remate mas um autêntico míssil incapaz de ser travado pelo guardião Helton.
Foi uma partida muito disputada e muito suada, que devia ter terminado com mais golos. Só da nossa parte, Tello já tinha tentado abrir o marcador com um excelente remate aos 44'. O mesmo sucedera com Alecsandro e Romagnoli nesse desafio em que Nani brilhou. O nosso guarda-redes, Ricardo, também fez uma boa exibição, tal como o central Polga. Do meio-campo para a frente terminámos o jogo com seis jogadores formados em Alcochete: Miguel Veloso, João Moutinho, Custódio, Pereirinha, Nani e Djaló.
Hoje com 36 anos, Tello integra a equipa do Audax Italiano, que disputa o campeonato do seu país. Lembra-se certamente muito bem daquele grande golo que marcou ao FC Porto, que comandava a Liga com nove pontos de diferença em relação a nós. Os portistas viriam a sagrar-se campeões, mas só com mais um ponto do que o Sporting, nessa segunda época com Paulo Bento ao comando da equipa. Terminámos com 68 pontos, só menos um que eles, e garantindo a qualificação directa para a Liga dos Campeões.
São tempos que já nos fazem sentir saudades. Mas há que reconhecer: o rugido do Leão não se desvaneceu - fiel à tradição de sempre.
Foram muitos os golos bonitos que com a camisola deste nosso grandioso clube foram marcados, alguns aqui descritos. Destaco o de Manuel Negrete, jogador mexicano que no Mundial ’86 – de tão infelizes memórias para o futebol português – marcou o golo mais bonito desse torneio, apesar de outro - «a mão de Deus» -, ter ficado para a história.
«Quando Maradona ultrapassa Hoddle, Reid, Samson, Butcher, Fenwick e Shilton para fazer o 2-0 à Inglaterra, o golo de Negrete é relegado para segundo plano no Mundial-86. Aquele sensacional pontapé de moinho à Bulgária é o clique para João Rocha, presidente do Sporting, contratá-lo ao Pumas. Em Portugal, o mexicano até começa bem mas perde o gás, à medida que os relvados se tornam cada vez mais fustigados pelas chuvas.
Em apenas meio ano (depois Negrete assina pelo Sporting... Gijón), o mexicano dá nas vistas como autor do melhor golo da segunda jornada (2-2 vs Rio Ave, em Vila do Conde), quando passa a bola por cima de Santana e ainda de um outro vila-condense (Carlos Manuel), antes de rematar por entre as pernas de Figueiredo. Dessa vez, Maradona não se intromete (...).»
Como não consegui encontrar nenhum vídeo deste golo, em alternativa relembro, se me permitem, "o golo" que Maradona não conseguiu marcar ao Sporting.
Não só porque se trata de um grande golo, de um grande executante, que sem dúvida ficará na história como um dos melhores que formámos, mas também por ter sido marcado contra o nosso próximo adversário, numa das melhores exibições que realizámos esta época, aqui deixo mais um video.
Sei que é complicado garantir que um jogador com tamanha qualidade e inteligência permaneça por cá muito tempo. Sei também que, por toda a classe que tem, quando partir vai deixar muitas saudades.
Trata-se claramente de um atleta que por tudo o que já fez, como alguns dos seus colegas e muitos outros que por Alvalade passaram, merece o maior dos sucessos desportivos, sucesso esse que se espera que comece já este ano.
O que mais posso desejar é que, com os seus rasgos de inspiração e genialidade, continue a mostrar a grandeza do Sporting e da sua formação, seja por cá, no Verão em França, ou em outro local qualquer.
Foi a anterior vitória do Sporting antes da que registámos sábado passado no reduto portista. Já vão decorridos nove anos, na 22ª jornada do campeonato 2006/07. Um golo monumental, obtido de livre directo bem longe da grande área da equipa de azul e branco. Autor: o internacional chileno Rodrigo Tello, que jogava na posição de lateral-esquerdo, com o nº 11 na camisola, e custara 7,5 milhões de euros aos cofres de Alvalade, onde jogou sete épocas e venceu um campeonato, duas Taças de Portugal e uma Supertaça.
Iam decorridos 71 minutos e o resultado teimava em permanecer como estava quando soou o apito inicial. O árbitro, Pedro Henriques, não teve dúvida em assinalar falta a mais de 20 metros da baliza. Encarregado de cobrá-lo, Tello cumpriu a missão de forma exemplar. Do pé esquerdo dele saiu não um remate mas um autêntico míssil incapaz de ser travado pelo guardião Helton.
Foi uma partida muito disputada e muito suada, que devia ter terminado com mais golos. Só da nossa parte, Tello já tinha tentado abrir o marcador com um excelente remate aos 44'. O mesmo sucedera com Alecsandro e Romagnoli nesse desafio em que Nani brilhou. O nosso guarda-redes, Ricardo, também fez uma boa exibição, tal como o central Polga. Do meio-campo para a frente terminámos o jogo com seis jogadores formados em Alcochete: Miguel Veloso, João Moutinho, Custódio, Pereirinha, Nani e Djaló.
Hoje com 36 anos, Tello integra a equipa do Audax Italiano, que disputa o campeonato do seu país. Lembra-se certamente muito bem daquele grande golo que marcou ao FC Porto, que comandava a Liga com nove pontos de diferença em relação a nós. Os portistas viriam a sagrar-se campeões, mas só com mais um ponto do que o Sporting, nessa segunda época com Paulo Bento ao comando da equipa. Terminámos com 68 pontos, só menos um que eles, e garantindo a qualificação directa para a Liga dos Campeões.
São tempos que já nos fazem sentir saudades. Mas há que reconhecer: o rugido do Leão não se desvaneceu - fiel à tradição de sempre.
8 de Dezembro de 1995, Restelo, Campeonato Nacional
Todos nós somos do Sporting por algum motivo.
O meu é a família. Com Avô Sportinguista e Pai Sportinguista, as tentativas da minha mãe de me levar para o lado sul da Segunda Circular saíram sempre goradas, prevalecendo o Bem.
Muito embora, por questões de vizinhança, tenha assistido a todas as finais da Taça de Portugal entre 1986 e 2008 - o Bernardo Pires de Lima e o Duarte Fonseca já aqui abordaram os golos que marcaram os primeiros títulos da minha geração, pelo que o golo que aqui nos traz é outro -, as idas a outros estádios eram pouco frequentes e geralmente sob a forma de cerimónias grupais familiares nas quais o jogo em si perdia primazia para o convivio com os demais.
Com uma rara exceção: o Belenenses-Sporting de 1995, ao qual o meu Pai em boa hora me decidiu levar.
Foi um jogo sem grande história, jogámos bem (diga-se, em abono da verdade, que nestes últimos 25 anos temos tidos jogadores absolutamente extraordinários, cujas carreiras mereciam bem mais do que o que o "sistema" permitiu), mas marcámos apenas um golo, o suficiente para trazer a vitória e os 3 pontos, cuja implementação fora uma novidade dessa época, para Alvalade.
O golo do Sá, esse, nunca mais me saiu da cabeça e aqui fica para recordação coletiva.
Sporting-Penafiel, Campeonato Nacional, jornada 29
12 de Março de 1989, Estádio José Alvalade
Golo 61 e homenagem a um jogador que foi projectado em 1961, Oceano nasceria em 29 de Julho de 1962.
Foi jogador do Sporting durante onze épocas tendo realizado mais de quatro centenas de jogos com o leão rampante a embelezar-lhe a camisola.
O golo que escolhi é o terceiro golo do Sporting num jogo que terminaria 4-1, curiosamente, o Sporting esteve a perder 0-1, num excelente golo de Amâncio (seria o segundo melhor marcador do campeonato atrás dum tal Vata cuja especialidade era marcar golos com a mão).
No resumo do jogo temos, ainda, a oportunidade de ver uma grande jogada de Douglas que arranca atrás da linha que divide o campo, sempre com a bola controlada, parte em direcção à baliza e remata para uma excelente defesa do guarda-redes que viera das terras banhadas pelo Cavalum e pelo Sousa. Neste resumo (3'48") podemos ver uma jogada do mesmo género de Oceano mas que acaba em golo, um excelente golo.
Oceano que foi 4 mas, também, foi 7 um verdadeiro OCR7 (O de Oceano e CR de Cruz).
Termino com duas notas que ficarão ligadas à carreira de Oceano que não era conhecido por ser um grande goleador, foi dele o último golo no antigo estádio de Atocha num desafio em que a Real Sociedad de Oceano e Carlos Xavier derrotou o Tenerife por 3-1 tendo Oceano apontado dois golos, a partida disputou-se em 13 de Junho de 1993, depois Oceano regressou ao Sporting onde jogaria por mais quatro épocas para terminar a carreira em 1998/1999 no Toulose (França) com 35/36 anos Oceano ainda marcaria nessa época seis golos, tendo sido considerado o melhor jogador da equipa.
Oceano Andrade da Cruz, um exemplo vivo de sportinguismo.
Mais um do Super-Mário. Um dos melhores golos jamais marcados na principal liga portuguesa (desde que tenho memória... e tenho alguma!).
Em primeiro lugar porque é um golo do Sporting. E qualquer golo do Sporting (incluindo os auto-golos dos adversários) é sempre um grande golo.
Depois porque é um golo de elevado grau de execução técnica... concretizado por um dos avançados mais letais que passou pelo futebol nacional e pelo nosso Sporting.
Em terceiro lugar, porque Jardel era, por muitos, considerado um jogador apenas "oportunista", sem grandes qualidades técnicas (como se estar no sítio certo no momento certo não fosse sinónimo de superior capacidade de leitura do jogo).
A execução técnica deste golo desmente, categoricamente, essas interpretações. A forma como o avançado ultrapassa o defesa no "simples" gesto de dominar a bola com o peito e a segurança e intencionalidade como a coloca junto ao poste mais distante da baliza adversária, sem qualquer hipótese de defesa para o guarda-redes, é simplesmente... soberba.
Qualquer cinéfilo isento reconhece: O Leão da Estrela merece figurar entre os melhores filmes portugueses de todos os tempos. Refiro-me à longa-metragem que Arthur Duarte realizou em 1947 e se estreou a 25 de Novembro desse ano, não a uma pálida imitação que andou por aí há uns meses.
O filme original contava a história de um fervoroso sportinguista, o senhor Anastácio, que viajou com a família à Cidade Invicta só para assistir in loco ao clássico, nessa época ainda disputado no velho campo do Lima: o estádio das Antas não passava então de mera aspiração dos azuis-e-brancos.
Dá um violento pontapé na mesa, que se vira. A loiça quebra-se, a mulher acorre aflita, questionando o que se passa. Responde o visitante: "Foi o senhor Anastácio a meter um golo."
O filme alterna cenas rodadas nos estúdios da Tobis com imagens reais do FCP-Sporting da temporada 1946/47 em que o Sporting se sagrou bicampeão. A nossa equipa, treinada pelo técnico inglês Robert Kelly, assumiu a liderança à quarta jornada e não viria a largá-la. Foi um campeonato célebre por ter reunido pela primeira vez os famosos Cinco Violinos com a chegada de Travassos e Vasques, que se juntaram ao trio formado por Albano, Peyroteo e Jesus Correia.
Na longa-metragem - que tem o jogo de futebol como elemento central, entre os minutos 42 e 53 - o Sporting derrota o Porto por 2-1. Mas na realidade o triunfo foi mais amplo: derrotámos os tripeiros por 4-2, com golos de Jesus Correia (2), Albano e Peyroteo, consolidando a trajectória rumo ao título nacional. É precisamente um dos golos do jovem Jesus Correia (tinha 23 anos) que vemos num fugaz excerto - um dos raros registos filmados dessa equipa leonina que durante uma década manteve a hegemonia no futebol português.
Ignoro o motivo que levou Arthur Duarte a mudar os números do robusto triunfo do Sporting no relvado do Lima. E também desconheço por que razão o golo que vemos na imagem é atribuído a Travassos - precisamente o único dos "Violinos" que não marcou nesta partida. Importante é o fascínio intemporal que O Leão da Estrela continua a exercer nos espectadores. Refiro-me ao produto genuíno, não à imitação sem graça.
Já o vi inúmeras vezes. E continuo a rir com várias cenas. Como aquela em que, consumado o golo do triunfo, o grande António Silva - tão Leão na vida real como era na tela - mira o lugar vazio do seu vizinho de bancada, o portuense Barata que entretanto se pusera a milhas: "Desapareceu, o camaradinha? Raspou-se. Ainda bem. Morreu com o tiro do Travassos."
Aposto que Jesus Correia, autor do verdadeiro "tiro", terá rido tanto com esta cena como eu.
Um golo à Jordão, num belo mergulho, colocando a cabeça onde o defesa tem os pés, na sequência de um belo centro de Oliveira.
Há ainda dois belos golos de Manuel Fernandes, que poderiam figurar nesta colectânea dos melhores do Sporting.
Algumas curiosidades sobre este jogo:
A distância entre o público e os guarda-redes era tão escassa, que até deu para Meszaros trocar uns piropos com os ingleses que queriam que se despachasse a repor a bola. Ainda no que aos guarda-redes diz respeito, estes ainda podiam receber a bola do pé do companheiro e segurá-la com as mãos e alternar entre mãos e pés.
A obtenção do segundo golo dos ingleses veio demonstrar que Jesus muitos anos mais tarde tem toda a razão ao afirmar que "o fair-play é uma treta", já que um dos nossos está há imenso tempo no chão, lesionado, dentro da grande área e os homens do país precisamente do fair-play fazem tábua rasa da coisa e vai de continuar a jogada até conseguirem o golo.
A maior curiosidade é a de que este é o primeiro jogo em que uma equipa portuguesa vence em Inglaterra para as competições da UEFA. Na segunda mão em Lisboa o resultado seria um empate a zero, com o Sporting a controlar o jogo.
Trago aqui mais um golo de Nani. Este aos 35 minutos da primeira parte e que deixou meio estádio (nomeadamente os que estavam na parte norte) quase em estado de choque... e depois em delírio.
Após um livre marcado do lado direito por Cédric para Carlos Mané, este flectiu para a sua esquerda e vendo Nani desmarcado endossou-lhe a bola.
E é neste nosso atleta que tudo começa... e acaba!
Empolgante para uns, desesperante para outros, é dificil ficar-se indiferente a Maurício Pinilla. Uma coisa me parece certa: o chileno é um dos muitos jogadores que deixa a ideia de que podia ter alcançado mais.
Atualmente com 32 anos, aproxima-se do final de uma carreira, que à excepção de uma Copa América acaba por ser algo modesta. Mas no início desta prometeu muito, com golos como o segundo do Sporting, na vitória sobre os holandeses do AZ Alkmaar, no jogo da 1ª mão das meias-finais da Liga Europa, na época 2004/2005 (ver 00:35).
Numa eliminatória que fica na história, num ano que a equipa treinada por José Peseiro presenteou todos com o que Ruud Gullitt apelidou de "sexy football", apesar do desfecho, houve muitos bons momentos. Aqui fica um deles. Para lembrar sempre.
Mais um grande golo de um jogador que ficou conhecido pelo seu potente pontapé: Delfim.
Jogador português - chegou a ser internacional - Delfim jogava a trinco (na altura ao jogador da posição 6 chamava-se trinco) e era dos bons! A sua grande mais-valia estava no poderoso pé direito e no remate à baliza. Infelizmente, depois de sair campeão do Sporting, foi para o Marselha e lesionou-se gravemente tendo ficado afastado dos relvados mais de dois anos. Nunca mais voltou a ser o mesmo jogador.
O golo é fantástico. Um pontapé impressionante, de primeira, a mais de trinta metros da baliza colocado ao canto superior esquerdo. Ficou para sempre na minha memória!
26 de Novembro de 2006, Municipal José Bento Pessoa
Quem não se lembra de Ronny, aka, o pé-canhão? Jogador canhoto, passou brevemente pelo Sporting (felizmente!) andando, presentemente, a espalhar magia pelos relvados da bundesliga.
O golo que aqui trazemos é fruto da imagem de marca do jogador, conhecido, sobretudo pela potência do seu pontapé. O jogo, contra o Naval (como é possível que equipas como aquela tenham passado pela 1.ª divisão?!), ficou marcado por um golo monstruoso de Ronny sendo que, na altura, muito se escreveu sobre o mesmo, nomeadamente sobre a velocidade a que a bola pode ter entrado na baliza. Há quem fale em mais de 200 km/h (mais precisamente 222 km/h) embora não existam meios capazes de determinar com rigor se assim foi ou não.
Para a história ficou o grande golo que o jogador brasileiro marcou e os três pontos que garantiu já bem perto do final do jogo!
Quando se adivinha mais um jogo que, por vários motivos, pode ser complicado, para ajudar a ganhar confiança e dar inspiração, fui buscar ao baú das recordações um golo de belo efeito da autoria do brasileiro Mário Jardel.
Se foi do guaraná ou de outra coisa não sei, mas que este tento é de uma execução brilhante não há dúvida. É por lances destes que deixa saudades e ficamos com pena de ver o que se tornou um goleador referência do futebol português.
Porque acredito que o desfecho no final da época pode ser o mesmo, aqui deixo um dos 42 golos que Jardel marcou no ano em que fomos campeões pela última vez.
Ricardo Quaresma foi, nas últimas décadas, um dos grandes jogadores formados pelo Sporting. O seu talento inebriante e a velocidade alucinante do drible faziam deste um verdadeiro Mustang!
Quaresma tem feito uma carreira de grande nível mas muitos (onde me incluo) pensaram possível, pelo menos em determinada altura, que talvez o antigo jogador leonino pudesse aspirar a algo mais, quem sabe se não mesmo a uma Bola de Ouro. Faltou-lhe, penso, a capacidade de trabalho que caracteriza jogadores capazes de alcançar o Olimpo, porque o resto ele, indubitavelmente, tinha!
A imagem de marca do seu enorme talento é a trivela mas o golo que marcou ao Salgueiros em Novembro de 2001 (a ver a partir do minuto 2:00) foi ligeiramente diferente. Desmarcado a partir de um passe da defesa, apanha a bola no meio campo e corre com ela, velozmente e entre os defesas encarnados, e, já depois de entrar na área da equipa salgueirista, desfere um potente remate ao canto superior esquerdo da baliza. Golo de levantar o estádio e um dos primeiros que marcou com a camisola verde e branca.
Abel Ferreira. Foi daqueles jogadores de quem podemos dizer: "cumpriu". Nunca foi um lateral virtuoso, de técnica elevada e rasgos de genialidade. Mas era um jogador que cumpria. Na minha modesta opinião, tinha uma boa noção do terreno de jogo, da sua posição, assim como uma óptima noção táctica. As equipas são feitas também de jogadores como este. E neste caso... a história dos melhores golos do Sporting.
As derrotas muitas vezes traduzem-se por fraco desempenho da equipa, por vezes erros, superioridade da outra equipa (e, em casos mais estranhos à nossa percepção Sportinguista do jogo, por condicionalismos externos.) Neste jogo, claramente o Manchester United tinha melhor equipa, tanto que foi o vencedor da competição. E a juntar à festa tinham um produto nosso na sua falange ofensiva, Cristiano Ronaldo. Portanto não há vergonha nenhuma.
Contudo este jogo tinha algo guardado, ou pelo menos algo que guardei na memória. Tinham corrido os primeiros minutos do jogo. O Sporting tentava-se adaptar às marcações, fazer o seu jogo e tentar tirar um bom resultado. Eis que aos 20 minutos da primeira parte há uma abertura na lateral-direita da equipa da casa, e Abel galga uns quantos metros a partir do meio-campo, sem freios na sua corrida, recebendo a bola vinda da esquerda, domina com o pé direito sem particamente nunca abrandar, levanta a cabeça, olha, respira e dispara um tiraço fenomenal para dentro da baliza do Manchester United. A beleza deste golo, para além da distância, é a dificuldade de colocar a bola onde ela entrou, um ângulo fechadíssimo e um efeito monumental que o esférico fez. A minha memória guardou-o, e hoje quando penso em golos lembro-me deste. Podíamos ter ampliado a vitória, o Liedson marcou um golo que o árbitro invalidou, mas mal na minha opinião. Os Reds só viraram o jogo no final, com um golaço do nosso Cristiano Ronaldo.
O futebol é isto. Ganhamos, perdemos, empatamos. Mas acima de tudo vibramos com os momentos de magia que o nosso Sporting nos proporciona. Momentos em que sonhamos. O Abel sonhou e conseguiu um golo que para mim faz parte da Arte do Golo da nossa equipa, e no local próprio: o Teatro dos Sonhos.
Houve ainda quem pensasse que tinha sido um engano. Vê-se claramente a intenção neste golo. E que grande golo foi!
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