Rúben Amorim entendeu, e muito bem, numa semana marcada por duas saídas tremendamente complicadas â Polónia e ao Bessa, aproveitar esta eliminatória da Taça de Portugal com o Olivais e Moscavide, equipa dos distritais, para alargar o plantel e testar um sistema táctico alternativo, já aflorado na pré-temporada, o 4-2-3-1.
Assim, o Sporting entrou em campo com (S=Suplente pouco utilizado, L=Vindo de lesão):
Israel (S); Fresneda (S), St.Juste (L), Neto (S) e Matheus Reis; Essugo (S) e Bragança; Edwards, Trincáo (L) e Pedro Gonçalves; Paulinho.
O jogo começou e logo Fresneda fez um penálti de principiante, o que rapidamente tornou a equipa uma “galinha sem cabeça”. Corriam todos muito, metiam todos o pé, faziam tudo depressa, ninguém geria o ritmo de jogo, e tudo espremido era muito pouco para o resolver, muito por culpa também da novidade do sistema táctico.
Fresneda, Essugo, Trincão e Pedro Gonçalves foram na primeira parte os elementos mais fracos, pouco ou nada do que faziam saia bem. Foi preciso Edwards cavar um daqueles penáltis que ele consegue muito bem obter, furar em velocidade, adiantar-se ao defesa e sofrer a falta por entrada fora de tempo do mesmo.
Ao intervalo, empatados, a decisão óbvia para mim teria sido regressar ao 3-4-3, fazendo entrar Nuno Santos e retirando Pedro Gonçalves ou Trincão, mas Rúben resolveu insistir no 4-2-3-1, trocando o pior em campo, Fresneda, por Catamo.
Continuando no mesmo registo, deixando muito a desejar, não há dúvida que Catamo resolveu o jogo. Marcou o segundo e assistiu para o terceiro. Trata-se de alguém em quem Amorim e o seleccionador de Moçambique apostaram forte esta época, e não há dúvida que tem subido de desempenho de jogo para jogo.
Com o segundo golo, finalmente entrou Nuno Santos, voltámos a ter o 3-4-3 do costume, e as oportunidades foram aparecendo e sendo desperdiçadas em série. Já no período de descontos, Daniel Bragança lá marcou o golo que tanto tinha tentado e falhado.
Além do resultado e da exibição convincente de Catamo, o que ficou de mais assinalável desta ida à Reboleira?
O regresso auspicioso dum St.Juste que sem lesões a atrapalhar será sempre titular do Sporting, seja a defesa seja a ala pelo lado direito, à imagem de Matheus Nunes do outro lado.
Israel e Neto prontos para serem chamados se necessário. Claro que com Neto e St.Juste em condições, Quaresma fica sem espaço no plantel. O seu desempenho no jogo com o Arouca também nada ajudou.
Entre Hjulmand/Morita e Essugo/Bragança a diferença é enorme. Se calhar Essugo (que tem como empresário uma agência espanhola), com a idade que tem, deveria ir rodar para equipas da 1.ª Liga como foram Mateus Fernandes e Samuel Justo, e vir outro médio como Palhinha ou Ugarte.
Fresneda foi a terceira opção do Sporting para lateral direito. Talvez seja o melhor dos três, mas também é três ou quatro anos mais novo do que os outros dois considerados. Vai precisar de tempo.
Trincão a jogar atrás do ponta de lança é sinónimo de confusão. Impossível alguém saber o que vai sair dali, nem ele sabe, embala e logo se vê.
Continua a ser preocupante, até escabroso, o número de lances que se perdem com um extremo em velocidade a entrar na área e ninguém oportunamente desmarcado atrás da linha de defesas adversários para receber o passe e encostar para o golo.
E agora? Ganhar quinta-feira na Polónia, em 3-4-3 e com toda a carne no assador.
E sobre o árbitro? Sem o auxílio do VAR que poderia dar um penálti a favor do Sporting por mão na bola, envergonhou os colegas que apitam na 1.ª Liga, a deixar jogar e não permitir palhaçadas. Uma mão na cara casual passou sem amarelo, como deveria sempre acontecer. Estou para ver a nota que lhe vai dar o DDT APAF Duarte Gomes...
Daniel Bragança acaba de marcar o terceiro golo, confirmando vitória leonina na Taça
Foto. Rodrigo Antunes / Lusa
Gostei muito de Geny, o melhor jogador da terceira eliminatória da Taça de Portugal contra o Olivais e Moscavide que o Sporting foi hoje disputar ao estádio da Amadora. Após uma primeira parte medíocre, em que aquela equipa do quinto escalão do futebol português nos deu sempre boa réplica, o internacional moçambicano fez a diferença ao ser lançado por Rúben Amorim, para substituir Fresneda, logo no recomeço da partida. Uma troca que se impunha - e resultou sem a menor dúvida. Geny mexeu com o jogo, tornou enfim a nossa equipa dona e senhora do corredor direito. Domínio traduzido em golo aos 53': um grande remate de ressaca, indefensável, assinalando a estreia do jovem extremo como artilheiro da equipa A. E ainda foi ele a assistir no terceiro. Não custa prever que será uma das nossas estrelas da temporada em curso. Tem de jogar mais.
Gostei de ver o Sporting seguir em frente, para a eliminatória seguinte da Taça de Portugal: já estamos melhor do que há um ano, quando fomos varridos nesta fase pelo modesto Varzim, do terceiro escalão. Também gostei do penálti cavado por Edwards, que ele próprio converteu, empatando o jogo aos 44'. E de ver Daniel Bragança estrear-se como goleador esta época ao converter o terceiro, emendando à boca da baliza aos 90'+4 e fixando o resultado: 1-3. Trincão também merece destaque: jogou e fez jogar, servindo Edwards (63'), Geny (69') e Nuno Santos (72'). O terceiro golo começa a ser construído por ele. Gostei igualmente do Olivais e Moscavide, que disputa o campeonato distrital de Lisboa: equipa muito bem orientada por Ricardo Barão, assumido sportinguista e filho de Francisco Barão, antigo campeão nacional com as nossas cores.
Gostei pouco de ver tanto desperdício na zona de finalização. É inacreditável como a baliza parece crescer, em certos momentos, para a linha avançada leonina mesmo defrontando uma equipa não-profissional. Acertámos três vezes na barra - por Trincão (13'), Pedro Gonçalves (20') e Edwards (53'). Na segunda parte, o perdulário Paulinho destacou-se como rei dos golos falhados: apanhado em fora-de-jogo aos 80', cabeceando à figura do guarda-redes Ruben (85'), inutilizando um excelente centro de Geny (86'), incapaz de acertar na bola (89'). Fez-nos sentir saudades de Gyökeres, que desta vez permaneceu no banco de suplentes.
Não gostei de Fresneda: falhou por completo na missão que o técnico lhe confiou. Incapaz de acertar movimentos com Edwards, precipitado, desposicionou-se com facilidade, cometeu um penálti totalmente escusado que nos custou um golo do Olivais e Moscavide, marcado logo aos 8' pelo veterano Fabrício, motorista da Uber. Estivemos a perder até aos 44' e só aos 53' chegámos à vantagem mínima - ampliada no último minuto da partida. Amorim lançou no onze titular, já a pensar no jogo de quinta-feira para a Liga Europa na Polónia, sete jogadores que não têm actuado de início: Israel (no lugar de Adán), St. Juste (Diomande), Neto (Coates), Dário (Morten), Bragança (Morita) e Trincão (Gyökeres), além de Fresneda (que rendeu Esgaio). Alguns não corresponderam à confiança que neles depositou o treinador - com destaque para o jovem espanhol e para Dário, que acusa ainda muita inexperiência, apesar de ter vindo da selecção sub-21.
Não gostei nada que nesta fase da Taça de Portugal os jogos permaneçam sem vídeo-arbitragem. Só isto explica que tenha ficado por marcar um penálti claro cometido por João Varela por mão na bola, aos 36'. Percebe-se que o árbitro de campo e o assistente não tenham visto, mas impunha-se a tecnologia para preservar a verdade desportiva. Hoje é difícil compreender - e tolerar - que a chamada "prova rainha" do futebol português mantenha esta mácula, como se fosse algo imprestável. Isto tem de ser revisto com a máxima urgência. Para evitar que se repita no próximo ano.
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