Scouting
Se da bancada é fácil perceber os objectivos e como funciona o departamento de scouting dum clube como o Sporting, já é bem mais difícil avaliar o seu desempenho, porque entre os nomes descobertos e apontados e os reforços que chegam existem treinador, presidente, director-desportivo, empresários e muita coisa envolvida.
Sendo assim, talvez a melhor forma de avaliar o sucesso do tal departamento seja pelos jogadores que chegaram de clubes modestos e sem grande curriculum e que triunfaram desportiva e financeiramente, valendo hoje muito mais do que quando chegaram.
O primeiro mandato de Frederico Varandas ficou marcado pelo reforço das infraestruturas e de todo o staff técnico de suporte ao futebol, e é assim que surge uma unidade de scouting com profissionais da área, uma forma bem diferente de trabalhar dos tempos anteriores com Inácio/Jesus e Bruno de Carvalho, autocarros anuais de jogadores para a A e a B, uns deste, outros daquele, alguns nem calçavam porque o treinador não estava comprometido na contratação.
A verdade é que enquanto a máquina não ficou oleada, foram-se repetindo erros anteriores, como a contratação de jogadores pela mão do presidente ou do director desportivo que se revelaram grandes flops como Ilori, Camacho, Borja, Sporar e outros.
Com Rúben Amorim tudo mudou para melhor. Desde então houve algumas alterações de nomes no departamento mas se calhar o Rúben era a peça que faltava na máquina. Porque é antes de mais um tipo honesto com vergonha na cara, ganha muito bem e não precisa de andar em esquemas duvidosos, e é focado no trabalho e no espírito de grupo.
Com a recuperação financeira da SAD, muito devido às grandes vendas de jogadores valorizados pelo Rúben, veio também uma nova capacidade de investir em reforços, e assim chegaram jogadores como Diomande, Gyökeres, Hjulmand e Fresneda, que não enganam ninguém.
Mas antes deles tinham chegado Matheus Nunes, Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Ugarte, Morita e Edwards de clubes do meio ou fundo da tabela como Famalicão, Rio Ave e Santa Clara e V. Guimarães que ninguém diria que alguma vez chegassem onde chegaram pela mão do Rúben.
Nem tudo está bem, e há coisas que podem e devem ser melhoradas. Por algum motivo as "promessas" que têm vindo a ser contratadas nas idades 17-20 anos - e aqui o scouting é mesmo fundamental porque não é com certeza o Rúben que os conhece bem - não se têm conseguido impor. Esperava-se muito mais de nomes como Plata, Fatawu, Alcantar, Marsà, Sotiris, Tanlongo e os ex-Porto Gonçalo Esteves, Diogo Abreu, Marco Cruz. E também de alguns outros que foram ficando pelo caminho, para chegarem pelo menos ao patamar de Geny Catamo. Quais as razões, que diferem de caso para caso, não faço ideia, mas não posso deixar de estranhar.
Por último, parece-me que cada vez mais o scouting tem de olhar para a pessoa por detrás do jogador, empenhar-se em saber se para além da qualidade técnica como futebolista tem as qualidades necessárias de humildade, dedicação, disciplina, espírito de equipa, enfim o tal ADN Sporting. Porque no final serão as duas que ditarão o resultado.
Não é apenas no futebol. As nossas equipas de futsal e andebol são o melhor exemplo disso. As restantes também.
SL