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És a nossa Fé!

A democracia sportinguista, a ditadura portista

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O Jogo não tem andado a acertar com as capas.

A capa de hoje é inacreditável, "corredor direito", "ditadura espanhola" e "Jamor" numa notícia sobre futebol ou é desconhecimento histórico ou é má fé ou então é só estupidez.

Recordo que tanto Pablo Sarabia como Pedro Porro nasceram em plena democracia espanhola, o presidente e o capitão do Sporting, também.

Mais a norte é que não,  Pinto da Costa nasceu em 1937, a ditadura durou até 1974, o próprio capitão do Porto, Pepe, nasceu sob ditadura.

Portanto um recado para a malta d' O Jogo se há alguém que percebe de ditadura (e não estou a falar de ditadura política) é Pinto da Costa e os camisas azuis que o rodeiam.

É impressão minha ou o FC Porto e os acólitos estão a ficar demasiado nervosos com a aproximação do dia 11?

Subscrevo por inteiro

«O que aconteceu não foi um jogo de futebol, foi uma farsa que envergonha o futebol português, mancha o campeonato e fere a integridade das competições. Que o Belenenses tenha feito questão de participar dela, ao nem sequer solicitar o adiamento do jogo ou, no limite, a assumir a falta de comparência que pouparia aqueles nove homens àquela humilhação pública, é inacreditável. Que o Benfica não tenha resistido a aproveitar a oportunidade, aceitando a mancha que semelhante espectáculo deixa na indiscutível grandeza do clube, é só triste. Que a Liga tenha assobiado para o lado, escudando-se nas decisões das autoridades sanitárias e nos regulamentos para não fazer o que lhe compete - proteger a integridade das competições - é perturbador. Depois ainda há a falta de esclarecimentos das tais autoridades sanitárias para o facto de terem permitido que o jogo avançasse nas condições em que avançou, mas essa é uma questão extra-futebol, que deveria preocupar o Governo se houvesse um. O que é do futebol é que o Belenenses-Benfica pode ter mexido de forma decisiva com a história do campeonato ao influenciar, desde logo, os critérios de desempate - os encarnados passaram a ter o melhor ataque com uma vantagem confortável sobre os rivais - ou a luta pelo titulo de melhor marcador. Uma vergonha como não há memória no futebol português.»

Jorge Maia, hoje, no diário O Jogo

Excesso de paixão clubística

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Bem sei que O Jogo, incapaz de marcar distâncias em relação ao FC Porto, torce desesperadamente pelo emblema azul e branco. Mas por vezes vai com demasiada sede ao pote, pecando por excesso de zelo.

Foi o que aconteceu em destaque de primeira página publicado na edição de ontem. Reparem neste título que adultera o quadro real: «Segundo despiste seguido deixa leões de Amorim a seis pontos do segundo classificado».

Para O Jogo, portanto, um empate é um «despiste». Bela lógica. Hei-de reparar, daqui por diante, como adjectivam cada empate da equipa que lhes faz acelerar a pulsação.

 

Mas o mais curioso é verificar como eles invertem a classificação do campeonato. Se o Sporting estivesse «a seis pontos do segundo», como eles titulam, teria apenas 54 pontos - já que o segundo classificado, que é o FCP, soma agora 60.

Fiquem sabendo os senhores d' O Jogo que o Sporting não está «a seis pontos»: é exactamente ao contrário. Temos mais seis pontos do que o segundo classificado. Nada a ver, portanto, com o que ali se escreveu.

Mas a gente até perdoa que a língua portuguesa sofra ali tratos de polé. São coisas que se explicam por excesso de paixão clubística. E a paixão por vezes cega.

A voz do leitor

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«“Frango na pensão estrelinha”, eis o título com que o jornal O Jogo noticia a vitória do Sporting em Barcelos. Mais do que uma mal disfarçada azia, o título em questão demonstra a falência de um jornalismo voluntariamente obediente ao clube de que é órgão oficioso não assumido. Devemos-lhe, pois, mais uma demonstração de que não tem pudor quem não tem memória e toma os leitores por amnésicos, julgando-os esquecidos do tempo em que certo clube fez sua especialidade a oferta de cama e de sobremesa de fruta ou chocolate.»

 

Francisco Ribeiro, neste texto do Luís Lisboa

O FC Porto levado ao colo

Como escrevi aqui, o árbitro Nuno Almeida e o vídeo-árbitro André Narciso funcionaram ontem como 12.º e 13.º jogadores do FC Porto. Não evitando, mesmo assim, a derrota dos portistas frente ao Paços de Ferreira.

A coisa foi tão evidente e tão escandalosa que os especialistas de arbitragem - deixando por uma vez de lado os corporativismos reinantes no sector - deixaram de reconhecer. Incluindo os mais conotados com os azuis-e-brancos.

Aqui ficam as opiniões hoje publicadas no jornal O Jogo (a azul) e no jornal A Bola (a vermelho).

 

Sobre a expulsão a que foi poupado Uribe, por agressão a Luther Singh (minuto 15):

Fortunato Azevedo - «Uribe, de forma ostensiva, atingiu com o cotovelo a cara de Bruno Costa. Falta grosseira merecedora de cartão vermelho.»

Jorge Coroado - «O movimento do braço de Uribe não foi para ajudar a elevação. Foi para afastar o adversário. Conduta violenta merecedora de cartão vermelho.»

José Leirós - «Não assinalou falta, era livre directo e cartão vermelho. Uribe atingiu deliberadamente o rosto do adversário.»

 

Sobre a invalidação de um golo ao Paços por hipotética falta de Dor Jan sobre Mbemba (minuto 37):

Fortunato Azevedo - «Dor Jan faz um corte de forma legal, só depois de tocar na bola é que se dá o contacto com Mbemba. O golo foi mal invalidado.»

José Leirós - «Surreal. Dor Jan chegou primeiro e claramente jogou a bola. O contacto é inevitável em futebol. O golo foi mal anulado. Não culpem o VAR.»

Duarte Gomes - «Dor Jan toca na bola e, de forma inevitável e natural, choca com Mbemba, lance que o VAR entenderia, muito mal, como falta, dessa forma invalidando golo legal ao Paços.»

 

Sobre um penálti favorável ao FCP por suposta mão de Eustáquio na bola (minuto 45+5):

Fortunato Azevedo - «Quando Eustáquio estava em queda e de costas, a bola bateu-lhe involuntariamente no braço. Penálti mal assinalado.»

Jorge Coroado - «Eustáquio, de costas para o lance e a fazer a recepção ao solo, viu a bola embater-lhe no braço. Não houve motivo para penálti, a lei é clara.»

José Leirós - «Eustáquio virou o corpo à bola e, quando ia em queda, a apoiar as mãos no relvado, a bola acertou-lhe no braço. Errou [o árbitro]. Não era penálti.»

Duarte Gomes - «No penálti a favor do FCP, a bola toca no braço direito de Eustáquio quando este está em apoio natural no solo. Lance legal, que devia ter merecido intervenção do VAR.»

 

Jornalismo à "portoguesa"

 

22 de Outubro, O Jogo:

SAD do Sporting deixou fugir mais 40% do passe de Matheus Nunes por 500 mil euros. Perdeu a oportunidade de reforçar os seus direitos com novo meio milhão de euros, neste caso por mais 40% do jogador e a vencer... em Setembro. Os leões não avançaram para a cláusula, estando a negociar com o Estoril o remanescente, operação que deverá sair mais cara do que esses 500 mil euros.

 

23 de Outubro, A Bola:

Matheus Nunes já é cem por cento Leão: o Sporting adquiriu os restantes 50% do passe que ainda estavam na posse do Estoril por 450 mil euros, verba inferior à que tinha pago na sua contratação, no mercado de Inverno de 2019 (500 mil euros).

23 de Outubro, Record:

Matheus Nunes é 100% Leão: SAD leonina chegou a acordo com o Estoril e tornou-se detentora dos direitos económicos do médio a troco de 450 mil euros.

 

Imprensa clubística

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A imagem é da capa do jornal O Jogo de hoje, 22 de Setembro. Creio que como eu, os sportinguistas lêem estas notícias sobre o Sporting de jornais afectos a outros clubes (neste caso o FC Porto) como quem lê um daqueles papéis que por vezes nos deixam no para-brisas do carro, anunciando o mau-olhado e azar, se não ligarmos para o professor Karamba (ou Mamadu ou equivalente). Muitas vezes, o objectivo é apenas criar intranquilidade e instabilidade no clube. Frequentemente funciona.

Em todo o caso, é um bom pretexto para desenvolver o tema: que futuro para Pontes? Pontes pegou num plantel desequilibrado, com carências evidentes, com pouquíssimo peso da formação (ao contrário do que a direcção anunciava). Talvez Keizer tivesse querido dar mais tempo aos jovens a desenvolver nos sub23 e ir lançando ao longo da época. Nunca saberemos. Mas o plantel deixado por Keizer é pobre, depois da saída de Bas Dost. O jogo paupérrimo. A imagem deixada frente ao Rio Ave (2-3, seu último jogo) demorará a passar. Pontes ficou com poucos dias para preparar com a totalidade do plantel o jogo com o Boavista (o tal em que o Padre Sousa "excomungou" Bruno Fernandes, o melhor jogador do campeonato, em mais um serviço à Liga portuguesa). Poucos dias depois o jogo com o PSV fora. Amanhã o jogo contra o Famalicão, 1o classificado. Depois, os também difíceis jogos que O Jogo refere.

Será justo, se está série for negativa, retirar Pontes? É claro que não. Se a direcção estiver a ser séria, irá continuar. Se apenas foi buscar Pontes para o "queimar" nesta difícil série de jogos, enquanto guarda melhor série para lançar novo treinador, será mais um tiro no pé. Aproximam - se a grande velocidade os jogos com FC Porto e SL Benfica. Será que teremos um terceiro treinador antes do final do ano? Quero crer que não.

É proibido dar-lhe nota dez?

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O jornal O Jogo, numa escala de zero a dez, dá hoje nota oito a Cristiano Ronaldo pela sua prestação na partida de ontem ao serviço da equipa das quinas. Num texto que começa da seguinte forma: «Mais uma noite de magia do melhor jogador do mundo.» E que termina assim: «Em suma, mais um recital de quem sabe e faz tudo com qualidade.»

São muito exigentes, lá no Porto. Não bastou a CR marcar três golos, um dos quais justifica a bem imaginada manchete do períódico tripeiro: Arte Trick (parabéns ao autor da ideia), acompanhada de fotografia a condizer. Nem lhe bastou estar envolvido nos cinco golos da selecção portuguesa frente às Ilhas Faroé. Nem sequer bastou protagonizar uma "noite de magia", fazendo "tudo com qualidade" no estádio do Bessa.

Caso para perguntar: o que deveria Ronaldo mostrar mais para merecer nota dez no mesmo jornal? Ou, ao menos, nota nove?

Dou voltas à cabeça sem encontrar resposta.

Marques não leu 'O Jogo'

O director de comunicação do FC Porto - que, para meu espanto, alguns sportinguistas têm transformado de há uns meses para cá numa espécie de herói do futebol português - não leu hoje o seu jornal favorito, que é O Jogo. Se o tivesse lido, talvez não debitasse este disparate, contestando um penálti claro cometido contra Bas Dost num desafio em que o árbitro Bruno Paixão fez vista grossa a outro, cometido contra Coates.

Francisco Marques ignorou o que sobre o mesmo tema observaram Jorge Coroado, José Leirós e Fortunato Azevedo no jornal mais conotado com o FC Porto. O Jogo, aliás, evidencia de forma clara em título de primeira página: "Tribunal unânime: penálti bem marcado e outro por marcar a favor do Sporting". Todos repararam nisto menos o baralhado Marques, que acabou assim por destilar ódio contra o Sporting em vez de se preocupar com a sua própria casa.

Mas do mal o menos: pode ser que a partir de agora os tais sportinguistas abram os olhos e deixem de o encarar como uma espécie de herói.

O jornal que detesta William

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Nunca consegui perceber a aversão que O Jogo tem a William Carvalho - bem patente nas pontuações em regra atribuídas pelo jornal ao nosso campeão europeu que destronou o portista Danilo como titular da selecção nacional.

Durante toda a Liga 2015/16 este foi o único periódico desportivo que omitiu o nosso n.º 14 do rol dos melhores em campo, na linha do que já acontecera na segunda volta da Liga 2014/15. Felizmente o seleccionador Fernando Santos não elabora os seus juízos com base no jornal mais conotado com o FC Porto.

 

E no entanto, mesmo sem o ritmo competitivo ideal por ter começado a integrar-se mais tarde nos treinos da equipa, William tem sido um dos mais influentes jogadores leoninos neste início do campeonato. Isso mesmo, de resto, foi sublinhado por diversos observadores na imprensa portuguesa.

Segundo o jornalista Vítor Almeida Gonçalves, que assinou ontem a crónica do jogo no Record, o nosso médio defensivo foi fundamental no desafio de Paços de Ferreira para "unir as pontas soltas" no corredor central, contribuindo para que o Sporting saísse invicto do estádio Capital do Móvel. Alexandre Carvalho, editor-adjunto do mesmo jornal, elogiou sem reticências o contributo de William neste confronto: "Nos movimentos defensivos a equipa reorganizava-se e promovia uma espécie de 'mutação táctica': William Carvalho mantinha o controlo absoluto da área imediatamente à frente do quarteto defensivo."

Carlos Xavier, ex-jogador convidado pelo Record para analisar o jogo, destacou o "acerto de William e Adrien no meio-campo". Na sua perspectiva, ambos "foram muito importantes na manobra da equipa e para que esta conseguisse chegar ao triunfo em Paços de Ferreira".

 

O Record atribui a William três pontos (em cinco) enquanto A Bola lhe dá seis (em dez). Mas O Jogo, fiel à sua máxima de desvalorizar o trabalho do campeão leonino, atribui-lhe apenas cinco pontos (em dez). A mesma pontuação - algo verdadeiramente espantoso - concedida a Carlos Mané (que esteve pouco mais de dez minutos em campo) e ao apagado Marvin (que não chegou a jogar meia hora).

"Falhou um número anormalmente alto de passes e recorreu muitas vezes à falta quando já tinha cartão amarelo, atitude que o colocou à beira de uma expulsão que podia ter comprometido a equipa. Redimiu-se nos minutos finais ao segurar bem a bola perante a pressão do adversário": foi esta a justificação dada pelo jornalista Duarte Tornesi para lhe atribuir a nota mais baixa.

 

Alguém imagina o Sporting a sair invicto e vitorioso de Paços de Ferreira com um William a actuar como O Jogo descreve e pontua?

A eficácia de William

William Carvalho teve uma excelente prestação no Portugal-Áustria, com um rendimento claramente superior ao de Danilo no jogo anterior, contra a Islândia. Os números comprovam isto: a sua eficácia de passe foi de 87% nesta sua partida de estreia no Euro 2016.

Qual a apreciação que o jornal O Jogo faz hoje da prestação do nosso médio defensivo? Esta: "Foi uma das novidades no onze inicial e começou bem o jogo, acabando até por ser ele, muitas vezes, a iniciar a construção com passes curtos e alguns longos. Se inicialmente mostrou um futebol prático, depois foi complicando numa ou noutra situação desnecessária, com erros ao nível do passe."

Para este jornal, talvez William deixe enfim de "errar passes" no dia em que revelar 100% de eficácia em campo...

Indignação muito selectiva

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Às vezes vale a pena observar com atenção as primeiras páginas do diário O Jogo. Hoje foi um desses esporádicos dias em que ali se praticou jornalismo enérgico e vigoroso, chamando as coisas pelos seus nomes, sem paninhos quentes. Só é pena que esses dias sejam tão raros no pacato jornal, que tem a fama de ser o periódico preferido de Jorge Nuno Pinto da Costa.

"Assim não dá!", gritava a manchete desta manhã. Sem dispensar o inestético e redundante ponto de exclamação. Um título que soava a murro na mesa, reforçado pelo destaque que o acompanhava: "Selecção nacional sofreu um golo ridículo, falhou oportunidades em série e o esquema não funcionou." Tudo isto, note-se, a propósito do jogo particular da equipa das quinas, em preparação para o Europeu de França, que terminou ontem à noite com a derrota portuguesa frente à selecção da Bulgária, por 0-1.

Confesso que li toda esta indignação estampada na capa d' O Jogo com um sorriso de ironia. Tanto o título como o destaque aplicavam-se que nem uma luva, e com muito mais sólidas razões, a diversos jogos do FC Porto nesta temporada. Mas, talvez por distração minha, nunca vi este diário fazer nada semelhante a propósito das paupérrimas exibições dos azuis e brancos.

Os critérios editoriais, ao que parece, oscilam em função da cor das camisolas. O que talvez ajude a explicar o motivo por que Pinto da Costa não dispensa a leitura deste jornal à hora em que toma o cafezinho da manhã.

A influência individual no colectivo

Não gosto de individualizar no futebol, gosto, sim, de analisar o jogo colectivo. De preferência quando esse colectivo é muito mais que a soma das individualidades. O que equivale a dizer que as individualidades contribuem positivamente para a melhoria colectiva, que os comportamentos das individualidades beneficiam o e do colectivo. Neste sentido, defenderei sempre os jogadores que mais e melhor contribuam para o colectivo e que por consequência o tornem mais forte, aproximando-o da vitória.

 

Jogadores como William, Nani, Montero e Martins serão sempre defendidos na minha forma de analisar o jogo, não só porque são os melhores jogadores do plantel, mas principalmente porque são aqueles cujas acções e comportamentos individuais mais aproximam a equipa do sucesso. Todos os processos da equipa melhoram com eles em campo.

 

Pelo que se ouviu e leu no início da época, parece que nem William é consensual no universo leonino, tais foram as loas de lentidão e displicência que lhe rogaram. Nani, idem, a julgar pelos constantes assobios ouvidos em Alvalade, principalmente quando temporiza para procurar a melhor opção para a equipa, quando a maioria dos adeptos preferiria uma correria para a linha e um cruzamento em que nem era preciso olhar para a área ou passar a bola para alguém que no momento seguinte ficaria numa situação difícil.

 

Montero e Martins não reúnem de todo consenso, aliás, no limite, reúnem no sentido de que não servem para o Sporting. Os argumentos são, normalmente, subjectivos e/ou perceptivos, por vezes até estatísticos (como se isso, por si só, dissesse alguma coisa) do que fundamentados naquilo que é o jogo jogado e a forma como as acções deles contribuem para aproximar a equipa do sucesso. Na realidade, jogadores com as características deles são mal interpretados pelo comum adepto, principalmente por estes últimos terem pouco conhecimento do jogo e da forma como um colectivo deve abordar os principais momentos do jogo de forma a estar mais próximo de ganhar.

 

Já o escrevi várias vezes neste espaço: a probabilidade de ganhar é tanto maior quanto melhor forem o conhecimento e os princípios de jogo. Consequentemente, a equipa terá melhor conhecimento e princípios de jogo quanto melhor for o seu treinador (é aqui que se ele tem maior influência na equipa) e quando mais os seus intérpretes os conseguirem aplicar em prol do colectivo.

 

É isto que tenho vindo a defender e tenho a consciência que não é propriamente o mais unânime. Até há quem apelide opiniões como a minha de “freitas-lobismo”. Seja lá isso o que for. Mas se o objectivo for adjectivar por comparação, devo dizer que é um perfeito disparate, porque Freitas Lobo é um fã de jogadores como Adrien, Slimani ou Paulo Oliveira. Nunca o será de jogadores como Martins, Montero ou Tobias, porque não percebe o que eles dão ao jogo. No fundo, o Freitas Lobo é apenas um comum adepto, mas mais bem-falante e com muitas horas de Football Manager, o que lhe permite conhecer o nome de mais jogadores que a maioria.

 

Não se trata de comparar Montero com Slimani, Martins com Adrien, Tobias com Oliveira individualmente. Até porque todos eles têm características individuais e colectivas importantes para estarem no plantel. Trata-se, isso sim, de comparar a qualidade do colectivo quando alguns destes jogadores estão em campo e quando não estão. A forma como as acções individuais contribuem para a melhoria do colectivo, ou como, no limite, fazem com que a equipa esteja mais perto da vitória é que determina os melhores jogadores. Messi é o melhor do mundo não só pelas fantásticas qualidades técnicas e físicas individuais, mas porque percebe como nenhum outro todos os momentos do jogo e coloca toda a sua qualidade ao serviço do colectivo. Com as acções dele a equipa estará sempre mais perto da vitória.

 

O futebol que admiro e que defendo para o Sporting não é o de Jardim nem o da maioria desta época (com excepção do início), baseado numa forma de construção de jogo demasiado lateralizada e cheia de cruzamentos sem nexo para a área (muito a darem golo, é certo), com princípios defensivos de fraca qualidade e com muito dificuldade nos momentos de transição, defensiva e ofensiva. Mesmo assim, cada vez que Marco Silva aposta nos melhores jogadores, o Sporting, como colectivo, aproxima-se mais daquilo que defendo. Não porque os princípios se alterem, mas porque os intérpretes contribuem mais para o colectivo.

 

P.s. Miguel Leal é um excelente treinador e a Liga portuguesa ficaria muito mais interessante com equipas orientadas como este Moreirense. Deve estar no Top 5 das equipas com melhores princípios de jogo do campeonato.

Monopólio vermelho

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Achei insólito ver o jornal mais "azul e branco" em Portugal mudar de cor, como sucede aos camaleões, por pressão de uma campanha publicitária. E surgir ontem nas bancas com uma tonalidade de fazer corar de fúria o próprio Pinto da Costa.

Os outros apareceram pintados da mesma cor. Mas a diferença foi nenhuma, pois já surgem diariamente assim.

Oito a um na formação

Puxando a brasa à sua dama, em dia de Sporting-Porto, O Jogo procurava ontem induzir nos leitores a ideia de que o clube formador por excelência em Portugal não é o nosso mas o deles. Por sinal com um título nada feliz: "Duelo de academias a cair para o Olival".

Deve estar, de facto, "a cair". Caso contrário os portistas não teriam terminado a partida de ontem sem um só jogador português em campo enquanto o Sporting tinha seis, todos oriundos da nossa formação: Rui Patrício, Cédric, William, João Mário, Nani e Carlos Mané.

No clássico de ontem jogou ainda Adrien, outro talento que resultou da nossa formação. Nas hostes portistas, antes das substituições, alinharam Ruben Neves (único da estufa do Olival) e Quaresma, também formado... em Alcochete.

Oito de uma escola, só um de outra. Talvez dê notícia numa das próximas edições d' O Jogo.

 

Leitura complementar: A gargalhada do dia: mito abalado, n' O Artista do Dia.

Podia ter sido mas não foi (5)

 

Há metáforas mais infelizes que outras. A equiparação de jogadores profissionais de futebol a presas de caça, feita por jornalistas preguiçosos ou sem imaginação para elaborar títulos, é uma das mais lamentáveis que li neste defeso, onde o mau gosto foi nota dominante.

Mas este até seria um problema menor se a informação fosse rigorosa. Ora nada disto sucedeu aqui: o jornal preferido do presidente do FC Porto, à falta de melhor notícia, entendeu estampar a 31 de Maio, em letras garrafais, nada menos que isto: "Leão caça na América do Sul". Podia ter sido no Levante, na Terra Nova, na Papuásia ou na Conchinchina: fica a ideia que apontaram para o primeiro lugar do globo para onde estavam virados no momento de fechar o jornal.

Dizia essa edição destinada a coleccionadores de peças raras da nossa imprensa que o Sporting iria "pescar" (mal por mal, prefiro este verbo) o colombiano Charles Monsalvo, o equatoriano Fidel Martínez e o venezuelano Josef Martínez. Três tiros na água: nenhum deles foi visto sequer nas imediações do aeroporto da Portela. O plantel do Sporting para 2014/15 tem 20 portugueses, quatro brasileiros, dois espanhóis, dois egípcios, dois franceses, um argentino, um búlgaro, um japonês, um caboverdiano, um escocês, um camaronês, um argelino e um peruano. E ainda um colombiano, sim - chamado Fredy Montero. O Jogo ficou off-side.

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